Antes da década de 30, as constelações eram definidas
como agrupamentos de estrelas na esfera celeste que, imaginariamente, formavam figuras de personagens como pessoas, animais, objetos ou seres mitológicos. Este conceito passou a ser inconveniente para o progresso científico do século XX. Em 1930, Eugène J. Delporte propôs um novo conceito de constelação. Este foi adotado pela IAU (International Astronomical Union - União Astronômica Internacional) e continua em vigor até hoje, o qual determina que constelação é a divisão da esfera celeste, em 88 regiões ou partes. De maneira que, olhando para o céu de dentro da esfera celeste, qualquer objeto celeste que estiver na região de uma constelação, além das estrelas da mesma, é considerado parte da constelação. ORIGEM DAS CONSTELAÇÕES O ser humano desde a antiguidade possui curiosidade a respeito do céu estrelado. O céu era visto com certo espanto, receio, admiração e respeito. O desconhecimento das causas científicas dos fenômenos astronômicos instigava o ser humano a destinar valores divinos aos astros celestes. As constelações foram inventadas pelo ser humano e cada povo e tribo possuíam suas próprias constelações. Às vezes, coincidia que quase o mesmo conjunto de estrelas tinha nome e significado diferentes para povos diferentes. Guardar a forma ou a localização dessas figuras no céu não era um trabalho fácil, e assim, criavam mitos e histórias sobre as constelações. ORIGEM DAS CONSTELAÇÕES Atualmente, as constelações não possuem a mesma importância da antiguidade. Mas ainda são úteis para os estudos astronômicos, como por exemplo, indicar direções no Universo e tornar mais fácil a identificação de astros no céu. Existem estrelas que são utilizadas para direcionar equipamentos de navegação espacial, como a Canopus, da constelação Carina, a Formalhaut, do Peixe austral, e Sírius, do Cão maior. Os povos perceberam que as constelações podiam ser úteis, era possível identificar os períodos de caça, agricultura e pesca. Serviam para determinar a passagem do tempo, as estações do ano e o clima. BOREAL E AUSTRAL Os hemisférios são divididos em sul e norte. Na astronomia chamamos: Hemisfério Norte: Hemisfério Boreal Hemisfério Sul: Hemisfério Austral
Algumas constelações só podem ser vistas
completamente por alguém que se encontra num hemisfério terrestre. Por exemplo, a Ursa Menor, por quem está no Hemisfério Boreal, e o Octante, por quem está no Hemisfério Austral. QUANTAS CONSTELAÇÕES EXISTEM? Das 88 constelações reconhecidas pela União Astronômica Internacional hoje, mais da metade foram descritas primeiramente pelos gregos antigos. Cláudio Ptolomeu (127-145 d.C.), baseando-se provavelmente no catálogo de estrelas do astrônomo grego Hiparco (século II a.C.), atualizou o mesmo e organizou as estrelas em 48 constelações, registradas em seu livro Almagesto. Entre o século XVI e XVII d.C., astrônomos europeus, navegantes e cartógrafos celestes, adicionaram novas constelações às de Ptolomeu, principalmente feitas pelos europeus que primeiro exploraram o Hemisfério Sul: o astrônomo Johannes Hevelius, os holandeses, Frederick de Houtman, Pieter Dirkszoon Keyser e Gerard Mercator, o astrônomo francês Nicolas Louis de Lacaille, e outros. Abaixo, estão seus nomes em latim e sua tradução para o português: Andromeda, Andrômeda (mit.) Antlia, Bomba de Ar Apus, Ave do Paraíso Aquarius, Aquário Aquila, Águia Ara, Altar Aries, Áries (Carneiro) Auriga, Cocheiro Boötes, Pastor Caelum, Buril de Escultor Camelopardalis, Girafa Cancer, Câncer (Caranguejo) Canes Venatici, Cães de Caça Canis Major, Cão Maior Canis Minor, Cão Menor Capricornus, Capricórnio Carina, Quilha (do Navio) Cassiopeia, Cassiopéia (mit.) Cetus, Baleia Chamaeleon, Camaleão Circinus, Compasso Columba, Pomba Coma Berenices, Cabeleira Corona Australis, Coroa Austral Corona Borealis, Coroa Boreal Corvus, Corvo Crater, Taça Crux, Cruzeiro do Sul Cygnus, Cisne Delphinus, Delfim Dorado, Dourado (Peixe) Draco, Dragão Equuleus, Cabeça de Cavalo Eridanus, Eridano Fornax, Forno Gemini, Gêmeos Grus, Grou (tipo de ave) Hercules, Hércules Horologium, Relógio Hydra, Cobra Fêmea Hydrus, Cobra Macho Indus, Índio Lacerta, Lagarto Leo Minor, Leão Menor Lepus, Lebre Libra, Libra (Balança) Lupus, Lobo Lynx, Lince Lyra, Lira Mensa, Montanha da Mesa Microscopium, Microscópio Monoceros, Unicórnio Musca, Mosca Norma, Régua Octans, Octante ou Oitante Ophiuchus, Caçador de Serpentes Orion, Órion (Caçador) Pavo, Pavão Pegasus, Pégaso (Cavalo Alado) Perseus, Perseu (mit.) Phoenix, Fênix Pictor, Cavalete do Pintor Pisces, Peixes Piscis Austrinus, Peixe Austral Puppis, Popa (do Navio) Pyxis, Bússola Reticulum, Retículo Sagitta, Flecha Sagittarius, Sagitário Scorpius, Escorpião Sculptor, Escultor Scutum, Escudo Serpens, Serpente Sextans, Sextante Taurus, Touro Triangulum, Telescópio Tucana, Tucano Ursa Major, Ursa Maior Ursa Minor, Ursa Menor Vela, Vela (do Navio) Virgo, Virgem Volans, Peixe Voador Vulpecula, Raposa Triangulum Australe, Triângulo Austral IDENTIFICANDO ALGUMAS CONSTELAÇÕES Das 88 constelações ocidentais, algumas são mais fáceis de identificar no céu noturno por causa de suas estrelas de Representa a figura mitológica de um caçador ou de um guerreiro gigante em companhia de seus dois cães de caça (representados pelas constelações Cão Maior e Cão Menor). Na mitologia grega, Órion foi perseguido e ferido mortalmente por um escorpião enviado para matá-lo. Esses dois personagens, Órion e Escorpião, tornaram-se constelações, e foram postos no céu em oposição: quando Órion está se pondo no oeste, Escorpião está nascendo no leste. Para encontrar Órion, o observador pode procurar no céu um conjunto de três estrelas próximas de brilho parecido e enfileiradas, conhecidas como “Três Marias” (seus nomes verdadeiros são: Alnilam, Alnitak e Mintaka). Estas fazem parte de Órion, sendo seu cinto ou cinturão. Próximo ao cinturão é possível ver quatro estrelas brilhantes, duas acima e duas abaixo do cinturão, formando uma figura que lembra asas de borboleta. IDENTIFICAÇÃO DAS ESTRELAS Numa constelação, a estrela mais brilhante recebe o nome de alfa; a segunda mais brilhante recebe o nome de beta; a terceira mais brilhante recebe o nome de gama, e assim por diante, sempre de acordo com a ordem alfabética do alfabeto grego. Temos assim: alfa crux, beta crux, alfa leonis, beta leonis e ect. CONSTELAÇÕES DA BANDEIRA
O céu representado na nossa bandeira corresponde ao céu da cidade do Rio
de Janeiro no dia e hora da Proclamação da República, que aconteceu no dia 15 de novembro de 1889, às 08h30min. CRUZEIRO DO SUL (Cru) Esta constelação é importante e famosa no Hemisfério Sul. Apesar de ser pequena, é bem reconhecível por suas estrelas de brilho considerável. O Cruzeiro do Sul, para os gregos antigos, pertencia à constelação do Centauro. Os navegantes europeus no século XVI transformaram essa parte do Centauro em outra constelação e a chamaram de Cruzeiro do Sul. Por sua vez, o cruzeiro ajudava nas rotas dos navegantes, pois o eixo maior da cruz aponta aproximadamente para o pólo Sul celeste. Basta tomarmos o tamanho do eixo maior da cruz e o prolongarmos em linha reta cerca de quatro vezes e meia. Um dos objetos celestes interessantes no Cruzeiro do Sul é o Aglomerado Aberto de estrelas chamado Caixa de Jóias ou NGC 4755. Pode ser visto a olho nu, próximo a beta crux, como uma pequena mancha. Tem o nome de Caixa de Jóias, pois nos dá a impressão de estarmos vendo jóias brilhantes ao telescópio. Na nossa bandeira, as estrelas do Cruzeiro do Sul representam os estados do sudeste do país e o estado da Bahia. Temos os estados, em ordem de brilho das estrelas: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. ESCORPIÃO (Sco) Constelação facilmente reconhecível. Podemos vê- la do lado esquerdo do Cruzeiro do Sul na direção leste. A “cauda” curva, sugerindo uma interrogação de ponta cabeça é muito aparente no céu. Faz parte do zodíaco, e se localiza entre as constelações da Libra e de Sagitário. Na mitologia grega, foi o animal que matou Órion com sua picada. A estrela de maior brilho aparente desta constelação é a supergigante vermelha Antares, e é centenas de vezes maior que o Sol. É conhecida também como o “coração do Escorpião”. Na nossa bandeira, representa os estados do nordeste, em ordem de brilho das estrelas: Piauí, Maranhão, Ceará, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco. CÃO MAIOR (CMa) Cão Maior é a constelação que contém a estrela mais brilhante do céu noturno, Sírius. Para os gregos antigos, este cão era um dos que seguiam o caçador mitológico Órion em suas caçadas. Sírius é bastante semelhante ao Sol em tamanho e luminescência. Está a cerca de 8,7 anos luz de distância. As histórias sobre os cães de Órion não são de proporções míticas, mas os gregos tinham várias crenças interessantes sobre Sírius, Alpha Canis Majoris. O nome Sírius talvez tenha vindo do grego, que significa "ardente". O Ano Novo ateniense começava com o aparecimento desta estrela. Na bandeira, representa os seguintes estados, em ordem de brilho das estrelas: Mato Grosso, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins. CÃO MENOR (Cmi) Representa o menor dos cães de caça de Órion. O único ponto de interesse é a sua alfa, Procyon. O nome significa em grego "antes do cão", referindo-se ao fato de que esta estrela aparece no céu, do Hemisfério Norte, um pouco antes de Sírius nascer. Está a cerca de 11,4 anos- luz de distância, e está quase tão perto de nós quanto Sírius. Na nossa bandeira, esta constelação é representada pela estrela Procyon, uma estrela sozinha, no lado esquerdo e debaixo da faixa “Ordem e Progresso”. Representa o estado do Amazonas. TRIÂNGULO AUSTRAL (TrA) "O Triângulo do Sul" é uma constelação que também não é difícil de ser identificada, pois é uma das poucas que possui uma figura óbvia. Localiza-se próximo ao Cruzeiro do Sul e da constelação do Centauro. Na bandeira, representa os estados do sul do país. Em ordem de brilho aparente das estrelas, temos: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. VIRGEM (Vir) Esta é a segunda maior constelação do céu e a maior do Zodíaco. Virgem possui uma série de antigos mitos e contos. Para os antigos romanos, era a deusa Ceres do crescimento das plantas alimentares e das colheitas, e particularmente do milho. Alpha Virginis é conhecida como Spica: a orelha "de trigo" que a deusa carrega. Spica é um binário eclipsante azul- branco com um período de pouco mais de quatro dias. A estrela é o dobro do tamanho do Sol, mas com uma luminosidade de cerca de duas mil vezes a do sol. Está a 260 anos-luz de distância. Há um aglomerado de galáxias chamado Aglomerado de Virgem. Este aglomerado fica localizado no “ombro” da Virgem. Acima, está representado pelos pequenos círculos vermelhos no alto da figura. Na bandeira, a estrela Spica representa o estado do Pará, sendo a única estrela acima da faixa “Ordem e Progresso”. CARINA (Car) Esta constelação não é fácil de identificar no céu. Carina significa a quilha (peça estrutural básica de uma embarcação) do navio mitológico Argo. Fazia parte da figura do Navio mitológico, que representa a nau dos argonautas, e foi dividida em três partes no século XVIII: Carina, Popa e Vela. Carina é o lar da estrela Canopus (alpha Carinae), a segunda estrela mais brilhante do céu noturno. Localiza-se a cerca de 310 anos-luz de nós. Na bandeira, a estrela Canopus representa o estado de Goiás. HIDRA (Hya) Hidra é a maior constelação da esfera celeste. Estende-se por mais de um quarto do céu, passando perto de constelações como, a Balança, o Centauro, o Corvo, a Taça, o Sextante e Câncer. É difícil de ver no céu, pois suas estrelas em geral têm pouco brilho, e é uma constelação muito extensa. O que mais chama a atenção nesta constelação é a região da cabeça, formada por seis estrelas de brilho modesto. Na mitologia grega, Hidra era um monstro de muitas cabeças morto por Hércules em um de seus doze trabalhos. Mas no céu é representada como uma cobra d’água de uma só cabeça. Na bandeira, a Hidra aparece por apenas duas estrelas, e representam os estados do Acre e Mato Grosso do Sul. OCTANTE (Oct) Representa um instrumento náutico chamado de Octante ou Oitante, que serve para dividir um círculo em oito partes, o que facilita a tomada de medidas angulares na astronomia e navegação. A maioria das estrelas do Octante tem pouco brilho aparente, incluindo sigma(σ) octantis, a estrela do pólo Sul (que na verdade está a um grau a partir do pólo sul verdadeiro atualmente). Por seu brilho tão ínfimo, é difícil vê-la a olho nu. Por isso, não temos no hemisfério sul uma estrela brilhante para demarcar um local próximo ao pólo assim como a estrela polar Norte, Polaris (Ursa Menor). Mas podemos encontrar o local aproximado do pólo Sul celeste usando a constelação do Cruzeiro do Sul. Na bandeira, esta constelação aparece somente pela estrela sigma octantis, e representa o Distrito Federal. Pode parecer estranho que tenha sido escolhida uma das estrelas menos brilhantes no céu para representar a capital do nosso país. Mas o motivo disso é o seguinte: é a estrela mais próxima do pólo Sul celeste, e por isso, as estrelas das outras constelações giram ao redor da sigma octantis, ou seja, todos os estados do Brasil “giram” ao redor do Distrito Federal. CONSTELAÇÕES IMPORTANTES Assim, as principais constelações seriam: • Andrômeda; • Cruzeiro do Sul; • Cão Maior; • Cão Menor; • Constelação de Órion; • Fênix; • Ursa Maior; • Ursa Menor; Antes de observar as principais constelações, é fundamental estabelecer o local geográfico em que se está. Variando de localização, as constelações não podem ser observadas, ou ainda podem apresentar diferentes disposições. 4 CONSTELAÇÕES QUE PODEM SER VISTAS NO BRASIL O céu do Brasil é privilegiado. Algumas das principais constelações austrais podem ser vistas quase que de todo o território. Veja como identificá-las: A Constelação de Órion: encontrando as “três marias” fica mais simples de enxergar a constelação. Esta faz parte da formação do Cinturão de Órion. Hidra: fácil de ser encontrada entre os meses de março e abril. Não são tão brilhante como tantas outras, por apresentarem corpos celestes opacos. Contudo, pode ser vista do hemisfério celestial sul. Escorpião: no mês de agosto fica fácil de encontrar a formação. Ao observar os céus e perceber uma estrela em tom avermelhado, lá estará a constelação. Coroa Austral: parte de uma das principais constelações: a de escorpião. Basta apenas encontrar o “rabo” do animal que a pequena formação estará lá. AS PRINCIPAIS CONSTELAÇÕES DA ASTRONOMIA E DA ASTROLOGIA Quando se fala das principais constelações, é sempre primordial separar astronomia de astrologia. Isso porque são dois campos distintos, apesar de sutilmente interligados. Enquanto a astronomia coloca as constelações supracitadas anteriormente entre as principais, a astrologia coloca outro conceito; e nomes. Dessa forma, as doze principais constelações da astrologia seriam: Aries (Áries) Taurus (Touro) Gemini (Gêmeos) Cancer (Câncer) Leo (Leão) Virgo (Virgem) Libra (Libra) Scorpius (Escorpião) Sagittarius (Sagitário) Capricorn (Capricórnio) Aquarius (Aquário) Pisces (Peixes) ZODÍACO Além das constelações austrais (do hemisfério sul), boreais (do norte) e também as astrológicas, há ainda as equatoriais. Próximas à linha do Equador – considerado Equador Celeste – há a constelação de Órion. Ali, também são percebidas as constelações zodiacais (astrológicas), na linha de divisa entre sul e norte. São poucas as principais constelações vistas dos dois hemisférios. Uma delas é a de Scorpius e a Constelação de Órion. Esta última, por exemplo, é muito chamada popularmente por “três marias”. Uma formação que está inserida na constelação de Órion. ARIES (ÁRIES) TAURUS (TOURO) GEMINI (GÊMEOS) CANCER (CÂNCER) LEO (LEÃO) VIRGO (VIRGEM) LIBRA (LIBRA) SCORPIUS (ESCORPIÃO) SAGITTARIUS (SAGITÁRIO) CAPRICORN (CAPRICÓRNIO) AQUARIUS (AQUÁRIO) PISCES (PEIXES)