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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

MARCIO DE OLIVEIRA ROQUE

SISTEMAS FIXOS DE COMBATE A INCÊNDIOS

São Paulo
2007
ii

MARCIO DE OLIVEIRA ROQUE

SISTEMAS FIXOS DE COMBATE A INCÊNDIOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial
para a obtenção de título de Graduação
do Curso de Engenharia Civil da
Universidade Anhembi Morumbi

Orientador: Prof. MSc. José Carlos de Melo Bernardino

São Paulo
2007
iii

MARCIO DE OLIVEIRA ROQUE

SISTEMAS FIXOS DE COMBATE A INCÊNDIOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como exigência parcial para a obtenção do título
de Graduação do Curso de Engenharia Civil da
Universidade Anhembi Morumbi

Trabalho ___________________ em: ______ de ___________________de 2007.

___________________________________________

Prof. MSc. José Carlos de Melo Bernardino

___________________________________________

Prof. Eng. Carlos Armando Chofhi

Comentários: ________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________
iv

Dedico esta pesquisa a minha esposa, pois sua


contribuição foi fundamental, mesmo que
indiretamente, tendo paciência e me incentivando
a não desistir nunca, mesmo quando tudo parecia
perdido.
v

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, professor José Carlos de Melo Bernardino, por ter tido paciência,
por ter acreditado e ter apoiado em todos os momentos da pesquisa, sendo de
importância fundamental para a conclusão do trabalho.

A todos os professores do curso de Engenharia Civil, que me prepararam desde o


início para a realização e conclusão com êxito desta pesquisa.

Ao Bombeiro Profissional Civil Raffael Quadrado Maronez e aos demais funcionários


da Indústria Gráfica NI, que me cederam o espaço e materiais necessários para a
realização do estudo de caso.

Aos colegas de classe, amigos e a todos os que colaboraram para a realização da


pesquisa, seja de forma direta ou indireta, sempre incentivando e acreditando no
resultado do trabalho.

E, principalmente, a Deus, por ter me dado energia suficiente para continuar sempre
em frente, passando por cima de todos os obstáculos e a serenidade necessária
para me manter sempre no caminho correto.

Muito obrigado a todos.


vi

Prometo que, no cumprimento do meu dever de


engenheiro, não me deixarei cegar pelo brilho
excessivo da tecnologia, não esquecendo de que
trabalho para o bem da humanidade e não da
máquina. (Juramento do Engenheiro)
vii

RESUMO

Este trabalho trata das teorias de combate a incêndio conhecidas atualmente,


demonstrando como surge o fogo e como ele se propaga, quais as diferentes
classes de materiais inflamáveis existentes e as formas de combate a incêndio
aplicadas em cada classe. Explica quais os extintores de incêndio atualmente
empregados, os sistemas fixos de combate a incêndio mais conhecidos e alguns
sistemas mais específicos, encontrados principalmente em indústrias. Por fim, é
apresentado um estudo de caso de uma instalação industrial de combate a incêndio
composta por dois sistemas fixos, cada qual adequado à proteção de um tipo
específico de material utilizado na indústria, e um sistema móvel, para proteção de
tanques subterrâneos.

Palavras-chave: Incêndio, combate, sistemas fixos, indústria gráfica.


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ABSTRACT

This work deals with theories fire fighting currently known, demonstrating how the fire
arose and how it spread, what the different classes of flammable materials exist and
ways to combat the fire applied in each class. Explains which currently employees of
fire extinguishers, the systems fixed fire fighting best known and some systems more
specific, found mainly in industries. Finally, it is submitted to the case study of an
industrial plant Fire Fighting comprising two systems fixed, each appropriate to the
protection of a specific type of material used in industry, and a mobile system for
protection of underground tanks.

Keywords: Fire, fight, fixed systems, graphic industry.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 5.1 – Tetraedro do fogo (CBPMESP, 2001) .....................................................7


Figura 5.2 – Transmissão do calor por condução (CBPMESP, 1997).........................9
Figura 5.3 – Transmissão do calor por convecção (CBPMESP, 1997) .......................9
Figura 5.4 – Transmissão do calor por radiação (CBPMESP, 1997) ........................10
Figura 5.5 – Incêndio classe A (CBPMESP, 1997) ...................................................10
Figura 5.6 – Incêndio classe B (CBPMESP, 1997) ...................................................11
Figura 5.7 – Incêndio classe C (CBPMESP, 1997) ...................................................11
Figura 5.8 – Incêndio classe D (CBPMESP, 1997) ...................................................12
Figura 5.9 – Extintor de AP .......................................................................................13
Figura 5.10 – Extintor de CO2 ...................................................................................14
Figura 5.11 – Extintor de PQS...................................................................................14
Figura 5.12 – Utilização de pó especial em magnésio (CBPMESP, 1997) ...............15
Figura 6.1 – Hidrante público do tipo coluna (MARTINS, 2005)................................17
Figura 6.2 – Hidrante de coluna ................................................................................18
Figura 6.3 – Hidrante de parede................................................................................18
Figura 6.4 – Abrigo de hidrante com seus equipamentos .........................................19
Figura 6.5 – Esquema de um registro de recalque (MARTINS, 2005) ......................20
Figura 6.6 – Chuveiro automático (CBPMESP, 1997)...............................................21
Figura 6.7 – Sistema de chuveiros automáticos (CBPMESP, 1997). ........................22
Figura 6.8 – Diversos tipos de chuveiros automáticos (MARTINS, 2005) .................23
Figura 6.9 – Incêndio em refinaria (CBPMESP, 2001) ..............................................24
Figura 6.10 – Cilindros de gás FM-200 (MOLOSSI et al, 2004) ................................25
Figura 6.11 – Inundação do gás FM-200 (MOLOSSI et al, 2004) .............................25
Figura 6.12 – Cilindros de CO2 (SERREAL, 2007)....................................................26
Figura 6.13 – Difusores do sistema de CO2 (NAVI, 2007).........................................26
Figura 6.14 – Treinamento prático de brigada de incêndio (ECOFIRE, 2007) ..........28
Figura 6.15 – Procedimento de emergência da brigada (CBPMESP, 2001) .............29
Figura 7.1 – Cerutti....................................................................................................32
Figura 7.2 – Tanque de recuperação de toluol..........................................................33
Figura 7.3 – Cilindros de CO2 ...................................................................................35
x

Figura 7.4 – Detalhe de um difusor instalado em uma Cerutti ..................................36


Figura 7.5 – Painel de Comando da Cerutti V ...........................................................38
Figura 7.6 – Chaminé e válvula de bloqueio .............................................................39
Figura 7.7 – Tubulação de abastecimento de toluol e válvula de bloqueio ...............39
Figura 7.8 – Baterias de nitrogênio ...........................................................................40
Figura 7.9 – Manômetro e válvulas de liberação.......................................................41
Figura 7.10 – Válvulas de liberação de nitrogênio e de água....................................41
Figura 7.11 – Reservatório elevado ..........................................................................42
Figura 7.12 – Bomba Jockey.....................................................................................43
Figura 7.13 – Bomba elétrica ....................................................................................43
Figura 7.14 – Bomba a diesel....................................................................................43
Figura 7.15 – Programa para controle da retirada e recuperação do toluol ..............44
Figura 7.16 – Carretas de LGE .................................................................................46
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LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 – Quadro Resumo de Extintores .............................................................15


Tabela 6.1 – Limites de temperatura e cores dos chuveiros automáticos.................22
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AB Auto-Bomba
ABE Auto-Bomba Escada
AP Água Pressurizada
ART Anotação de Responsabilidade Técnica
CBPMESP Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São
Paulo
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CO2 Dióxido de Carbono
FISPQ Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico
GLP Gás Liquefeito de Petróleo
GNV Gás Natural Veicular
IT Instrução Técnica
LGE Líquido Gerador de Espuma
NBR Norma Brasileira
NFPA National Fire Protection Association
NR Norma Regulamentadora
PQS Pó Químico Seco
VR Vazão Regulável
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................1

2. OBJETIVO ...........................................................................................................3

2.1 Objetivo Geral ...............................................................................................3

2.2 Objetivo Específico .......................................................................................3

3. MÉTODO DE TRABALHO ...................................................................................4

4. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................5

5. TEORIA DE INCÊNDIO .......................................................................................6

5.1 Fogo..............................................................................................................6

5.2 Tetraedro do Fogo ........................................................................................6

5.3 Pontos de Temperatura ................................................................................8

5.4 Propagação do Calor ....................................................................................8

5.5 Classes de Incêndio....................................................................................10

5.6 Métodos de Extinção...................................................................................12

5.7 Extintores de Incêndio.................................................................................13

6. SISTEMAS FIXOS DE COMBATE A INCÊNDIO...............................................16

6.1 Hidrantes.....................................................................................................16

6.1.1 Hidrantes Públicos ...............................................................................17

6.1.2 Hidrantes particulares ..........................................................................18

6.1.3 Registro de Recalque ..........................................................................19

6.2 Mangotinhos ...............................................................................................20


xiv

6.3 Chuveiros Automáticos ...............................................................................21

6.4 Sistemas Fixos de Espuma.........................................................................23

6.5 Sistema Inundante por Gás FM 200 ...........................................................24

6.6 Sistemas Fixos de CO2 ...............................................................................26

6.7 Outros Sistemas Fixos de Gases................................................................27

6.8 Brigada de Incêndio ....................................................................................27

7. ESTUDO DE CASO ...........................................................................................30

7.1 Localização da Empresa.............................................................................30

7.2 Toluol ..........................................................................................................30

7.3 Indústria Gráfica NI – Instalações ...............................................................31

7.3.1 Ceruttis ................................................................................................32

7.3.2 Recúperos ...........................................................................................32

7.3.3 Tanques de armazenamento ...............................................................34

7.4 Sistemas Fixos de Combate a Incêndios Internos ......................................34

7.4.1 Sistema fixo de CO2 (Ceruttis) ............................................................34

7.4.2 Sistema fixo de água e nitrogênio (Recúperos) ...................................38

8. ANÁLISE CRÍTICA.............................................................................................47

9. CONCLUSÕES ..................................................................................................49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................51

ANEXO A ..................................................................................................................53
1. INTRODUÇÃO

A descoberta e o domínio do fogo foram algumas das maiores conquistas da


humanidade. Controlando o fogo o homem consegue preparar seus alimentos, se
aquecer, construir materiais e ferramentas importantes para seu cotidiano.

Mas quando o fogo foge do controle, o homem volta a agir como seus antepassados
primitivos e foge com medo. E quando não consegue fugir, morre.

Para evitar que o fogo fuja do controle do homem e se transforme em uma tragédia,
o profissional de Engenharia Civil desempenha um papel importante, projetando
edificações mais seguras, sistemas de combate a incêndios mais eficientes e rotas
de fuga adequadas para o melhor abandono da edificação.

A Engenharia Civil é uma das profissões que possui condições de evitar tragédias
como as que ocorreram nos edifícios Andraus e Joelma, em São Paulo, edifícios que
foram consumidos pelas chamas por não possuírem sistemas de retardo ou
equipamentos de combate a incêndios mais eficientes.

Como a tecnologia está em constante aperfeiçoamento e os processos industriais


cada vez mais automatizados, é importante que os sistemas de prevenção, retardo e
combate a incêndios estejam sempre evoluindo.

Este trabalho é desenvolvido justamente para alertar os Engenheiros Civis o quão


importante é o conhecimento deste assunto, abordando as teorias envolvidas desde
o simples conhecimento do que é o fogo até como ele é extinto, demonstrando
inclusive como ele se propaga e quais são as possíveis classes de incêndio.

Esta pesquisa apresenta também alguns sistemas de combate a incêndios mais


conhecidos, como os hidrantes e “sprinklers”, assim como sistemas menos comuns
e mais complexos.
2

O estudo de caso abordará dois sistemas fixos de combate a incêndios diferentes,


cada um deles aplicado em um processo industrial distinto.

O primeiro sistema já é conhecido pelos Engenheiros Civis e possui uma legislação


específica definindo os parâmetros necessários para o projeto.

Já o segundo sistema é diferenciado, justamente por ter sido projetado


exclusivamente para o combate a incêndio em um processo industrial específico,
tornando-o desconhecido para grande parte dos Engenheiros Civis.
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2. OBJETIVO

O constante surgimento de indústrias dos mais variados processos produtivos, com


riscos cada vez maiores e diferentes, tem exigido dos profissionais de Engenharia a
constante preocupação com o desenvolvimento e aplicação de sistemas de proteção
contra incêndio, diminuindo assim os riscos de acidentes.

2.1 Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é apresentar os sistemas de combate a incêndios


existentes, sejam eles móveis ou fixos, demonstrando as suas características e
finalidades, incluindo as diferenças e aplicações de cada sistema.

2.2 Objetivo Específico

Apresentar, com o estudo de caso, a aplicação de um sistema fixo de combate a


incêndios em tanques de armazenamento de toluol, produto químico utilizado como
solvente de tintas em uma indústria gráfica, demonstrando a importância do
Engenheiro Civil em escolher e/ou projetar um sistema de combate a incêndio mais
adequado para o material a ser protegido.
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3. MÉTODO DE TRABALHO

Este trabalho de conclusão de curso foi desenvolvido inicialmente a partir de


consultas a diferentes tipos de referências bibliografias, tais como: livros técnicos,
manuais, normas e legislação vigente, assim como a catálogos e materiais técnicos
de empresas especializadas em prevenção e combate a incêndio (em geral,
disponibilizados na “Internet”).

Para o estudo de caso, foi escolhida uma empresa que possui um sistema fixo de
combate a incêndio. Neste caso, o método de trabalho baseou-se em visitas ao
local, para conhecimento mais detalhado do sistema, coleta de dados e registro
fotográfico. Todas estas visitas foram realizadas com a autorização do Engenheiro
de Segurança e com o acompanhamento do Bombeiro Profissional Civil.

Vale destacar também que foram realizadas consultas às legislações vigentes


pertinentes aos sistemas fixos de combate a incêndios, com intuito de verificar se o
sistema adotado pela empresa estava em acordo com todas as determinações
legais.
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4. JUSTIFICATIVA

A escolha do tema está baseada na insuficiência de material específico que auxilie o


Engenheiro Civil na escolha do sistema fixo de combate a incêndio mais adequado
ao ambiente ou material que se queira proteger.

Além da insuficiência de material didático, é possível citar o fato de que os sistemas


de prevenção e combate a incêndio ainda não têm a devida atenção dos
profissionais, sendo instalados apenas por cumprimento de norma ou para obter
descontos no seguro da obra.

Este trabalho de conclusão de curso visa apresentar a todos os profissionais de


Engenharia Civil, e demais interessados, qual a importância de se ter conhecimento
em prevenção e combate a incêndio.

No primeiro momento tem a intenção de mostrar todas as características do fogo,


como ele surge e como se propaga, quais são os tipos de materiais combustíveis,
como dividi-los em classes, quais os métodos utilizados para se combater um
incêndio e conhecer também os extintores de incêndio portáteis mais utilizados.

Em uma segunda etapa, o presente trabalho visa mostrar os sistemas fixos de


combate a incêndio atualmente existentes, suas características, vantagens e,
aplicações.

A última parte deste trabalho tem a intenção de apresentar um estudo de caso,


mostrando na prática a aplicação de um sistema fixo de combate a incêndio de
acordo com o material a ser protegido.

Não é intenção deste trabalho formar profissionais especializados em combate a


incêndio e salvamento. A idéia central é apresentar aos profissionais de Engenharia
Civil este assunto por muitos esquecido e que pode representar a diferença entre a
perda ou não de vidas e de patrimônios, bem como pode salvar uma obra ou
empreendimento de ser embargado.
6

5. TEORIA DE INCÊNDIO

Para se estudar os sistemas fixos de combate a incêndios, precisa-se primeiramente


conhecer o fogo, como ele surge, como se propaga e como combatê-lo. Somente
assim pode-se saber como preveni-lo e qual o sistema de combate correto para
cada tipo de fogo.

O incêndio acontece onde a prevenção falha, por isso deve-se realizar um ótimo
trabalho na prevenção contra incêndios (PROFIQUA, 1995 e CIPA, 1992 apud
HIRATA e MANCINI FILHO, 2002).

5.1 Fogo

Segundo o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo


(CBPMESP, 2001), fogo é um fenômeno físico-químico com a presença de calor e,
normalmente, de luz, denominado combustão. É necessário saber distinguir fogo de
incêndio. O fogo é passivo de controle, ou seja, pode ser apagado. O incêndio é
incontrolável, não pode ser apagado.

5.2 Tetraedro do Fogo

Para que ocorra o fenômeno do fogo, é necessária a presença de quatro elementos:

• Combustível;
• Comburente;
• Calor;
• Reação em cadeia.

Os quatro elementos são dispostos de tal maneira que formam um tetraedro, de


forma que nenhum destes elementos pode ficar de fora como pode ser visto na
Figura 5.1.
7

Figura 5.1 – Tetraedro do fogo (CBPMESP, 2001)

O combustível pode ser definido como qualquer substância que tem a propriedade
de queimar, que pode entrar em combustão. O combustível pode ser sólido
(madeira, papel, etc.), líquido (gasolina, querosene, etc.) ou gasoso (gás liquefeito
de petróleo – GLP, gás natural veicular – GNV, etc.).

Comburente é o elemento que alimenta a reação química, sendo mais comum o


oxigênio presente no ar, cuja concentração percentual é de 21%. Quando a
porcentagem do oxigênio do ar do ambiente passa de 21% para a faixa
compreendida entre 15% e 8%, a queima torna-se mais lenta, notam-se brasas e
não mais chamas. Quando o oxigênio contido no ar do ambiente atinge
concentração menor que 8%, não há combustão.

O calor é definido como uma fonte de energia que se transfere de um sistema para
outro, por diferença de temperaturas. O calor pode ter como fonte a energia elétrica,
o cigarro aceso, o atrito entre objetos e até mesmo a concentração de luz do sol
através de uma lente.

A reação em cadeia é uma seqüência que ocorre no incêndio. Um combustível, ao


se aquecer, libera vapores combustíveis que, em contato com uma fonte externa de
calor, entram em combustão. A combustão aquece mais o combustível, liberando
mais vapores combustíveis, gerando assim uma combustão maior. Essa reação em
8

cadeia continuará, até que não haja mais vapores combustíveis para serem
liberados do material combustível (CBPMESP, 2001).

5.3 Pontos de Temperatura

Todos os materiais combustíveis possuem três pontos de temperatura para o caso


de um incêndio. Essas temperaturas estão definidas, respectivamente da menor
para a maior, como ponto de fulgor, ponto de combustão e ponto de ignição, e são
importantes para o estudo do incêndio.

Ponto de fulgor é a temperatura mínima na qual os materiais liberam vapores


combustíveis que, ao entrarem em contato com uma fonte externa de calor, se
inflamam. Devido à pequena quantidade de vapores combustíveis, as chamas não
se mantêm, apagando-se imediatamente.

Ponto de combustão é a temperatura mínima na qual os materiais liberam vapores


combustíveis que, ao entrarem em contato com uma fonte externa de calor, se
inflamam. Devido à quantidade maior de vapores combustíveis e ao fato de a
temperatura já estar mais alta, ao se retirar a fonte externa de calor, as chamas se
mantêm.

Ponto de ignição é a temperatura mínima na qual os materiais liberam vapores


combustíveis que, simplesmente ao entrarem em contato com o comburente, se
inflamam, não sendo necessária a presença de uma fonte externa de calor
(CBPMESP, 1997).

5.4 Propagação do Calor

Em um incêndio o calor é propagado de um local para outro por meio de três formas
distintas: condução, convecção e radiação.
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Na condução o calor é transmitido através das moléculas dos materiais, por


exemplo, através das estruturas metálicas de um edifício. Havendo a presença de
fogo em uma ponta da estrutura, o calor se transmitirá pela estrutura, até atingir
algum combustível de fácil ignição, conforme mostra a Figura 5.2.

Figura 5.2 – Transmissão do calor por condução (CBPMESP, 1997)

Na convecção o calor é transmitido através do ar. Como o ar quente é mais leve,


tem a propriedade de subir. Em um edifício, esse ar quente irá até o topo através de
passagens, como por exemplo, os túneis dos elevadores e, não encontrando uma
saída fácil, se acumulará no local, aquecendo os combustíveis que ali se encontram,
até que um deles entre em ignição, conforme mostra a Figura 5.3.

Figura 5.3 – Transmissão do calor por convecção (CBPMESP, 1997)


10

Na radiação o calor é transmitido através de ondas caloríficas radiantes em todas as


direções. Se um combustível estiver em chamas, transmitirá o calor em forma de
ondas aos combustíveis que se encontrem ao redor, até que um dos combustíveis
também entre em ignição. Como exemplo, pode-se citar uma residência em chamas,
que transmitirá seu calor às residências que estão ao seu redor, conforme mostra a
Figura 5.4 (CBPMESP, 1997).

Figura 5.4 – Transmissão do calor por radiação (CBPMESP, 1997)

5.5 Classes de Incêndio

Os incêndios são divididos em quatro classes, A, B, C e D, de acordo com as


características dos materiais que estão queimando (PROFIQUA, 1995 e CIPA, 1992
apud HIRATA e MANCINI FILHO, 2002).

A classe A compreende os materiais fibrosos normais, conforme mostra a Figura 5.5,


que queimam em superfície e profundidade e deixam resíduos. Exemplos: madeira,
papel, tecido, etc.

Figura 5.5 – Incêndio classe A (CBPMESP, 1997)


11

A classe B compreende os líquidos inflamáveis, conforme mostra a Figura 5.6, e


gases sobre pressão, que queimam somente em superfície e não deixam resíduos.
Exemplos: gasolina, querosene, álcool, tintas, etc.

Figura 5.6 – Incêndio classe B (CBPMESP, 1997)

A classe C compreende os materiais elétricos energizados, conforme mostra a


Figura 5.7. Se for cortado o fornecimento de energia, estes materiais poderiam ser
classificados como classe A, porém deve-se ter cuidado, pois alguns materiais
podem acumular energia. Exemplos: motores elétricos, quadros de força,
computadores, etc.

Figura 5.7 – Incêndio classe C (CBPMESP, 1997)


12

A classe D compreende os metais combustíveis pirofóricos, conforme mostra a


Figura 5.8, que queimam em altas temperaturas. Exemplos: sódio, magnésio,
alumínio em pó, titânio, etc. (CBPMESP, 1997).

Figura 5.8 – Incêndio classe D (CBPMESP, 1997)

5.6 Métodos de Extinção

Para se definir o melhor sistema de combate a um incêndio, deve-se primeiramente


conhecer os três métodos de combate a incêndios existentes atualmente: o
abafamento, o resfriamento e a retirada do material.

O abafamento consiste em eliminar o comburente do local, ou reduzi-lo a uma


concentração percentual menor ou igual a 15%.

O resfriamento consiste em eliminar o calor do combustível, diminuindo assim a


reação em cadeia.

A retirada do material consiste em retirar o material que está queimando ou o


material que ainda não queimou, evitando assim a transmissão do calor (CBPMESP,
1997).
13

5.7 Extintores de Incêndio

Os extintores são equipamentos destinados a combater apenas princípios de


incêndio, devido à limitação de quantidade de agente extintor, e podem ser portáteis
ou sobre rodas.

Os extintores mais comumente encontrados são: Água Pressurizada (AP), Gás


Carbônico (CO2) e Pó Químico Seco (PQS), porém existem outros tipos.

Os extintores de AP são utilizados para incêndios da classe A e apagam o fogo por


resfriamento. Não devem nunca ser usados para incêndios das outras classes.
Conforme a Figura 5.9, pode-se observar um extintor de AP.

Figura 5.9 – Extintor de AP

Os extintores de CO2 são utilizados para incêndios das classes B e C, podendo


também ser utilizados na classe A, porém com pouca eficiência. Apagam o fogo por
abafamento e resfriamento. Conforme a Figura 5.10, pode-se observar um extintor
de CO2.
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Figura 5.10 – Extintor de CO2

Os extintores de PQS são utilizados para incêndios da classe B e C, apagando o


fogo por abafamento. Podem ser utilizados também para as classes A, porém com
pouca eficiência. Conforme a Figura 5.11, pode-se observar um extintor de PQS.

Figura 5.11 – Extintor de PQS

Pode-se notar que não foi especificado um extintor para a classe D. Isso ocorre
porque para combate a incêndio nesta classe é necessário um agente extintor
15

especial que se funda em contato com o metal combustível, formando uma espécie
de capa que o isola do ar atmosférico, interrompendo a combustão pelo princípio de
abafamento. Os pós especiais são compostos dos seguintes materiais: cloreto de
sódio, cloreto de bário, monofosfato de amônia, grafite seco. Conforme a Figura
5.12, pode-se observar a aplicação de pó especial em uma roda de magnésio
(CBPMESP, 1997).

Figura 5.12 – Utilização de pó especial em magnésio (CBPMESP, 1997)

Conforme a Tabela 5.1, Quadro Resumo de Extintores, pode-se verificar os


extintores apropriados para cada classe de incêndio.

Tabela 5.1 – Quadro Resumo de Extintores

Quadro Resumo de Extintores


Agente Extintor
Incêndio
Água PQS CO2
Classe “A” Eficiente Pouco eficiente Pouco eficiente
Classe “B” Não Eficiente Eficiente
Classe “C” Não Eficiente Eficiente
Classe “D” Não PQS especial Não

Fonte: CBPMESP, 1997


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6. SISTEMAS FIXOS DE COMBATE A INCÊNDIO

Os sistemas fixos de combate a incêndio são destinados a substituir os extintores de


incêndio nos casos em que estes não tenham uma boa finalidade, como por
exemplo, quando o fogo está atingindo grandes proporções.

Outra vantagem dos sistemas fixos é que em alguns casos podem ser acionados
automaticamente, propiciando assim um início de combate mais rápido. Contudo, se
torna necessário uma equipe de Brigada de Incêndio para a verificação das
condições do incêndio, para operar ou desligar os sistemas fixos após a extinção,
para o manuseio de extintores e hidrantes e para a realização do abandono dos
ocupantes da edificação.

Os sistemas fixos de combate a incêndio podem ser do tipo hidrantes, mangotinhos,


chuveiros automáticos, sistemas fixos de espumas, sistema inundante por gás FM
200 que será melhor estudado no item 6.5, sistemas fixos de CO2, entre outros
sistemas que podem ser projetados para combate a incêndios em produtos
específicos.

A instalação de sistemas fixos de combate a incêndios não pode substituir


totalmente a utilização dos extintores, isto é, independente do tipo de sistema fixo
projetado, deve-se também prever a instalação dos extintores corretos (CBPMESP,
2001).

6.1 Hidrantes

Segundo a NBR-13714 (ABNT, 2003a), os hidrantes são pontos de tomadas de


água com saídas simples ou duplas, com válvulas angulares com seus respectivos
equipamentos.
17

Os hidrantes são considerados equipamentos de combate a incêndios e devem ser


utilizados quando o emprego do extintor não for suficiente. São classificados em
hidrantes públicos e particulares (CBPMESP, 2001).

6.1.1 Hidrantes Públicos

São os hidrantes que ficam ligados à rede de abastecimento pública e devem ser
utilizados pelos Bombeiros para que possam captar água em grande quantidade
para o abastecimento dos sistemas de combate a incêndio, principalmente as
viaturas Auto-Bomba (AB) e Auto-Bomba Escada (ABE). Os hidrantes públicos
podem ser do tipo coluna ou subterrâneos. Na Figura 6.1 pode-se observar o
formato de um hidrante público do tipo coluna.

Figura 6.1 – Hidrante público do tipo coluna (MARTINS, 2005)

Os hidrantes de coluna permitem uma captação maior de volume de água e ainda


possibilitam uma fácil localização e, com isso, não são facilmente obstruídos,
tornando-se estas qualidades, vantagens sobre o hidrante subterrâneo.
18

Os hidrantes subterrâneos ficam acomodados dentro de uma caixa de alvenaria com


uma tampa metálica. São os hidrantes comumente encontrados na cidade de São
Paulo e são facilmente obstruídos por sujeiras e de difícil localização (CBPMESP,
1997).

6.1.2 Hidrantes particulares

Os hidrantes particulares ficam localizados nas edificações, podendo ser de coluna,


instalados sobre o piso, conforme a Figura 6.2, ou de parede, instalados dentro dos
abrigos ou projetados para fora da parede, conforme a Figura 6.3.

Figura 6.2 – Hidrante de coluna

Figura 6.3 – Hidrante de parede


19

Sua finalidade é a de proporcionar aos ocupantes um sistema para combate a


incêndios até que os Bombeiros cheguem ao local. Assim que os Bombeiros
chegam ao local, estes podem utilizar os hidrantes no auxílio ao combate a incêndio.

Os hidrantes particulares são compostos por abrigos, lances de mangueiras,


esguichos Agulheta ou Vazão Regulável (VR) e chaves de mangueira, conforme
podem ser vistos na Figura 6.4. Os hidrantes, lances de mangueira e esguichos
Agulheta e VR deverão ser dotados de uniões de engate rápido, cuja finalidade é a
de facilitar e agilizar as conexões (CBPMESP, 1997).

Figura 6.4 – Abrigo de hidrante com seus equipamentos

6.1.3 Registro de Recalque

Instalado na mesma rede de combate a incêndio, normalmente em uma caixa de


alvenaria fechada com uma tampa metálica e localizada no passeio, em frente à
edificação, deverá haver um registro de recalque, cuja finalidade é a de ser usada
pelos Bombeiros para abastecer o sistema de combate a incêndio da edificação para
uso dos hidrantes particulares.

O sistema de recalque pode ser substituído por um hidrante, desde que o mesmo
esteja localizado na frente da edificação e que permita um fácil acesso das viaturas
20

do Corpo de Bombeiros. Na Figura 6.5 pode-se observar o esquema de um registro


de recalque (MARTINS, 2005).

Figura 6.5 – Esquema de um registro de recalque (MARTINS, 2005)

6.2 Mangotinhos

Segundo o Manual de Fundamentos Básicos de Bombeiros (CBPMESP, 1997), “Os


mangotinhos são tubos flexíveis de borracha, reforçados para resistir a pressões
elevadas e dotados de esguichos próprios”.

A vantagem dos mangotinhos sobre os hidrantes é que não é necessário manobras,


pois o mangotinho já fica com uma das extremidades acoplada à tubulação
enquanto que na outra extremidade já fica acoplado um esguicho.

Os mangotinhos são acondicionados enrolados em um carretel de alimentação axial,


permitindo que possa ser desenrolado e enrolado com facilidade. Permite também
que seja usado enrolado.

Segundo a IT-02 (CBPMESP, 2001), “os mangotinhos são recomendados pelos


Bombeiros, principalmente nos locais onde o manuseio do sistema é executado por
pessoas não habilitadas (Ex.: uma dona de casa em um edifício residencial)”.
21

6.3 Chuveiros Automáticos

Os chuveiros automáticos ou sprinklers, como são conhecidos, são sistemas fixos de


combate a incêndios com uma grande vantagem sobre extintores e hidrantes, eles
fazem o combate ao incêndio logo no seu início e sem necessitar a presença de um
operador.

Os chuveiros automáticos são ligados em uma rede hidráulica sobre pressão e


possuem uma ampola (bulbo quartzoid) com um líquido termo-sensível que se
rompe com o calor proveniente de um incêndio. O líquido termo-sensível é um
produto feito à base de mercúrio misturado com outros componentes que são
considerados como segredo industrial.

No caso de ocorrer um incêndio a temperatura do ambiente tende a aumentar,


fazendo com que o líquido termo-sensível sofra uma dilatação, quebrando o bulbo
quartzoid e liberando a passagem da água.

Pode-se observar na Figura 6.6 o corpo de um chuveiro automático com suas


partes. Na Figura 6.7 pode-se observar todos os componentes de um sistema de
chuveiros automáticos (CBPMESP, 1997).

Figura 6.6 – Chuveiro automático (CBPMESP, 1997).


22

Figura 6.7 – Sistema de chuveiros automáticos (CBPMESP, 1997).

Pode-se verificar na Tabela 6.1 abaixo as cores das ampolas referentes às


temperaturas de acionamento dos chuveiros automáticos, indicadas na NBR-10897
(ABNT, 2003).

Tabela 6.1 – Limites de temperatura e cores dos chuveiros automáticos

Máxima Temperatura (ºC) Classificação da Temperatura Cor do Líquido do Bulbo


38 Ordinário Vermelho ou Laranja
66 Intermediário Amarelo ou Verde
107 Alto Azul
149 Extra Alto Roxo
191 Extra Extra Alto Preto
246 Ultra Alto Preto
329 Ultra Alto Preto

Fonte: ABNT, 2003a

De acordo com a CBPMESP (2001) “Pode-se dizer que, via de regra, o sistema de
chuveiros automáticos é a medida de proteção contra incêndio mais eficaz quando a
água for o agente extintor mais adequado”.

Pode-se observar na Figura 6.8 que existem vários modelos diferentes de chuveiros
automáticos, cabe ao projetista escolher o modelo mais adequado conforme o local
a se proteger.
23

Figura 6.8 – Diversos tipos de chuveiros automáticos (MARTINS, 2005)

6.4 Sistemas Fixos de Espuma

De acordo com a CBPMESP (1997), a espuma é destinada ao combate a incêndio


em combustíveis líquidos e é uma das formas de aplicação da água, formada por
bolhas de ar ou de gás, em solução aquosa, que flutua sobre os combustíveis
devido a sua baixa densidade.

O método de combate a incêndio principal é o abafamento, pois a espuma vai formar


uma camada sobre o combustível líquido, isolando-o do contato com o ar. Como a
espuma é formada por água, atua secundariamente no resfriamento do combustível.

A espuma pode ser formada através de uma reação química ou de um processo


mecânico, formando assim a espuma química e espuma mecânica, respectivamente.

A espuma química é formada por soluções aquosas de bicarbonato de sódio e


sulfato de alumínio, que ao se misturarem e entrarem em contato com o oxigênio,
sofrem uma reação química, formando a espuma. Esse tipo de espuma está cada
vez mais obsoleta, pois a espuma mecânica é mais econômica e de fácil utilização
no combate a incêndio.

A espuma mecânica é formada pela mistura de água, um Líquido Gerador de


Espuma (LGE) e ar. O LGE é misturado à água através de um proporcionador,
sendo dosado de 1% a 6%, dependendo do tipo de fogo e do tipo de espuma que se
quer criar.
24

Conforme pode-se ver na Figura 6.9, o sistema de espuma é destinado a combate a


incêndio em parques de combustíveis, como refinarias e distribuidoras.

Figura 6.9 – Incêndio em refinaria (CBPMESP, 2001)

6.5 Sistema Inundante por Gás FM 200

O gás FM 200 não é nocivo à camada de ozônio e nem ao ser humano. Por ser um
gás de baixa pressão pode ser usado em ambientes com forro falso ou piso elevado
e em escritórios com equipamentos sensíveis.

O combate ao incêndio é feito por inundação total do ambiente, e o sistema é


composto por difusores interligados a cilindros de baixa pressão através de
tubulações de aço. Pode-se observar na Figura 6.10 os cilindros de FM-200 e, na
Figura 6.11, pode-se observar o gás FM-200 sendo descarregado.
25

Figura 6.10 – Cilindros de gás FM-200 (MOLOSSI et al, 2004)

Figura 6.11 – Inundação do gás FM-200 (MOLOSSI et al, 2004)

O sistema é composto também por detectores de fumaça interligados a uma central


de alarme. Assim que um dos detectores acusa a presença de fumaça, é enviado
um sinal à central, que fará disparar um alarme intermitente, avisando aos
ocupantes do local para iniciarem o abandono.

Assim que um segundo detector acusar a presença de fumaça, envia o sinal para a
central. Automaticamente é cessado o primeiro alarme e iniciando o alarme de
abandono total do local, pois o acionamento do gás é intermitente. Todo o processo,
desde o primeiro alarme até a extinção total do incêndio, deve ser acompanhado por
uma equipe de brigada (PANASTAR, 2007).
26

6.6 Sistemas Fixos de CO2

O sistema fixo de combate a incêndio por CO2 consiste em um conjunto de cilindros


de CO2 interligados a tubulações, válvulas, e difusores direcionados ao local onde se
pretende fazer a proteção.

Pode-se observar na Figura 6.12 e na Figura 6.13, respectivamente, os cilindros de


CO2 e os difusores responsáveis pelo direcionamento do jato no local desejado.

Figura 6.12 – Cilindros de CO2 (SERREAL, 2007)

Figura 6.13 – Difusores do sistema de CO2 (NAVI, 2007)

Seu emprego é destinado a locais onde não pode ser feito o combate por água ou
locais que possuam equipamentos sensíveis e que não podem ser danificados, o
que poderia ocorrer com outros sistemas de combate.

Sua eficácia é comprovada em incêndios das classes B e C, em recintos fechados,


onde o CO2 agirá por inundação total do ambiente, ou em recintos abertos, sendo o
gás direcionado ao local específico por meio dos difusores.

Os cilindros devem ser locados próximo ao local onde se quer realizar a proteção
para evitar perdas de carga, pois a pressurização do sistema será feita somente pela
pressão dos cilindros (CBPMESP, 1997).
27

6.7 Outros Sistemas Fixos de Gases

Para o dimensionamento de um sistema fixo de combate a incêndio deve ser


apresentado um projeto junto ao CBPMESP, apresentando a norma adequada
referente ao sistema, forma de acionamento, localização das botoeiras de
acionamento e de desligamento do sistema, tempo de retardo para a evacuação
total do local, localização da central de alarmes e dos cilindros do sistema fixo.

Devem ser apresentados também os laudos de funcionamento do sistema fixo, a


Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do responsável técnico e os laudos
técnicos do agente extintor que declare que o mesmo não é prejudicial à saúde
humana ou ao meio ambiente.

O sistema passará por uma avaliação da CBPMESP, que verificará se todas as


informações prestadas com o projeto estão de acordo, se o sistema foi
eficientemente implantado, dando total proteção ao combustível e se no local
existem pessoas habilitadas para a operação dos sistemas.

Os sistemas fixos de combate a incêndio, mesmo sendo aplicados nas situações


onde o emprego da água é desaconselhável, não deve substituir completamente os
sistemas hidráulicos (CBPMESP, 2001).

6.8 Brigada de Incêndio

Segundo a IT-17 (CBPMESP, 2001a), a brigada de incêndio é uma equipe formada


por ocupantes de uma edificação, cuja função é a de prevenção e combate a
incêndio e salvamento e também acompanhar os Bombeiros quando estes
chegarem ao local, passando as informações importantes, como por exemplo: se há
vítimas no local, o material que está queimando, os equipamentos de combate a
28

incêndios existentes, entre outras. Na Figura 6.14 pode-se observar uma parte do
treinamento prático dos brigadistas.

Figura 6.14 – Treinamento prático de brigada de incêndio (ECOFIRE, 2007)

Cabe também aos brigadistas a checagem dos equipamentos de combate a


incêndio e salvamento, quanto à sua localização, desobstrução e seu
funcionamento.

Pode-se observar na Figura 6.15, de acordo com a CBPMESP (2001), quais os


procedimentos de emergência recomendados.
29

INÍCIO

ALERTA

Análise da situação.

não

emergência?

sim Acionamento do
Corpo de Bombeiros
e apoio externo
Procedimentos
necessários.

não não
Há vítimas? Há incêndio?

sim
sim

Há Há
Há Há
não Há não necessidade não não não necessidade não Há
necessidade necessidade
necessidade de cortar a de necessidade
de abandono de isolamento
de socorro? energia confinamento de combate?
de área? de área?
elétrica? da área?

sim sim sim sim sim sim

PRIMEIROS CORTE DE ABANDONO DE ISOLAMENTO DE CONFINAMENTO DA COMBATE AO


SOCORROS ENERGIA ÁREA ÁREA ÁREA INCÊNDIO

não Há
necessidade
de remoção?

sim não
O sinistro foi
controlado?
Socorro especializado

sim
INVESTIGAÇÃO

Cópia para os setores


responsáveis
Elaboração de relatório

Cópia para arquivo Fim

Figura 6.15 – Procedimento de emergência da brigada (CBPMESP, 2001)


30

7. ESTUDO DE CASO

Para o desenvolvimento do estudo de caso demonstrando um sistema fixo de


combate a incêndio que fosse diferenciado dos sistemas normais (hidrantes e
chuveiros automáticos), exigindo do engenheiro civil o conhecimento das técnicas de
prevenção e combate a incêndio, foi necessário escolher uma grande empresa que
manipulasse algum produto que não fosse comumente encontrado.

7.1 Localização da Empresa

A empresa escolhida para o estudo de caso é uma grande indústria gráfica que será
citada apenas como Indústria Gráfica NI, pois foi solicitado que seu nome não fosse
divulgado.

A Indústria Gráfica NI localiza-se no município de São Paulo, em uma área com mais
de 50 mil m2.

7.2 Toluol

O toluol, também conhecido como tolueno, é a matéria-prima a partir da qual se


obtém derivados do benzeno, caprolactama, sacarina, medicamentos, corantes,
perfumes e detergente.

É adicionado aos combustíveis como antidetonante e como solvente para pinturas,


revestimentos, borrachas, resinas e diluente em adesivos.

O toluol é um líquido incolor com um odor característico. Ocorre na forma natural no


petróleo e na árvore tolú. Também é produzido durante a manufatura da gasolina e
de outros combustíveis a partir do petróleo crú e na manufatura do coque a partir do
carvão (WIKIPÉDIA, 2007).
31

Suas principais aplicações são:

• Tintas e vernizes: devido a sua alta pureza aromática, elevado poder de solvência
e volatilidade moderada, é amplamente utilizado como solvente ativo ou diluente
para grande número de resinas. Assim, ele é empregado como solvente de
Etilcelulose, Abietato de Benzina, Cumarona, Poliestireno, Copolímetro de
Acetato de Vinila, Acrilato e Metacrilato, sendo amplamente utilizado também,
pelos fabricantes de Thinners e redutores. Também é utilizado nas formulações
de lacas, na fabricação de esmaltes sintéticos, tintas de fundo (Primers) e tintas
de acabamento de secagem rápida.

• Repintura de botijões: é utilizado nas formulações de adesivos à base de


borracha. O toluol é usado como solvente nas tintas à base de alumínio para
repintura de botijões de gás.

• Outras aplicações: também é utilizado para a produção de secantes, aditivos,


desinfetantes, ácido benzóico, explosivos, entre outros (PETROBRÁS, 2007).

O toluol pode afetar o sistema nervoso. Níveis baixos ou moderados podem produzir
cansaço, confusão mental, debilidade, perda da memória, náusea, perda do apetite
e perda da visão e audição. Estes sintomas geralmente desaparecem quando a
exposição termina. Inalar níveis altos de toluol pode produzir sonolência, perda de
consciência, e até mesmo a morte (WIKIPÉDIA, 2007).

7.3 Indústria Gráfica NI – Instalações

Como qualquer grande indústria gráfica, a Indústria Gráfica NI possui diversos


setores com suas mais variadas instalações e equipamentos necessários para o seu
perfeito funcionamento, porém os equipamentos mais importantes para este estudo
são os que utilizam ou armazenam o toluol: as Ceruttis, os Recúperos e os tanques
de armazenamento.
32

7.3.1 Ceruttis

As Ceruttis são as máquinas de rotogravura, equipamentos utilizados para


impressões de revistas, encartes entre outros materiais. A Indústria Gráfica NI
possui 04 Ceruttis, numeradas de III a VI, e são elas as primeiras máquinas por
onde passa o toluol, incorporado como solvente nas tintas utilizadas para as
impressões. Na Figura 7.1 pode-se observar ao fundo uma das Ceruttis.

Figura 7.1 – Cerutti

Nestes equipamentos temos a presença de três classes de incêndio principais, a


classe A, representada pelo papel onde será impresso o material, a classe B,
representada pelas tintas e a classe C, pois as Ceruttis são equipamentos elétricos.
Devido a esta junção de classes diferentes, foi adotado para o combate a incêndio o
sistema fixo automático de CO2, que será explicado mais adiante.

7.3.2 Recúperos

A Indústria Gráfica NI possui dois conjuntos de tanques de recuperação de toluol


denominados como Recúpero I, composto por cinco tanques com volume unitário de
33

45 m3 cada, totalizando 225 m3 e Recúpero II, composto por três tanques com 98 m3
cada, totalizando 294 m3. Na Figura 7.2 pode-se observar um tanque de
recuperação de toluol.

Figura 7.2 – Tanque de recuperação de toluol

O toluol é utilizado como solvente das tintas no processo de impressão. Após a sua
utilização, o toluol é retirado na forma de vapor por um sistema de exaustão e
encaminhado aos Recúperos para posterior regeneração.

Nos Recúperos, o toluol é absorvido por uma camada espessa de carvão ativado. A
regeneração é feita através de injeção de vapor nos tanques, obtendo-se toluol e
água, que são separados posteriormente por densidade, recuperando-se todo o
toluol que é encaminhado novamente para o processo industrial ou é armazenado
em tanques subterrâneos até ser retirado por caminhões tanques.

Neste processo estão envolvidas classes de incêndio A (devido ao carvão) e a


classe B (devido ao toluol). Como este sistema de recuperação do toluol foi
importado da Alemanha em 1988, foram adotados os mesmos sistemas de combate
a incêndios utilizados naquele país, composto por água e nitrogênio, que serão
explicados mais adiante.
34

7.3.3 Tanques de armazenamento

A Indústria Gráfica NI possui 02 tanques subterrâneos de armazenamento de toluol


com volume de 30.000 litros cada. O toluol permanece nestes tanques até ser
retirado por caminhões-tanque, devidamente identificado quanto aos seus graus de
risco.

Nestes tanques de armazenamento a classe de incêndio principalmente encontrada


é a classe B devido ao toluol estar na forma líquida. Neste caso foram adotadas
carretas de espuma com capacidade para 130 l de LGE (veja item 6.4 para maiores
detalhes). O sistema completo será explicado mais adiante.

7.4 Sistemas Fixos de Combate a Incêndios Internos

A Indústria Gráfica NI possui dois diferentes sistemas fixos de combate a incêndio


para os equipamentos envolvidos na utilização e recuperação do toluol: um sistema
automático de CO2 e um sistema composto por água e nitrogênio.

7.4.1 Sistema fixo de CO2 (Ceruttis)

Nas Ceruttis não é possível utilizar um sistema de combate a incêndio cujo agente
extintor seja a água, pois tratam-se de equipamentos elétricos, restando assim os
sistemas de PQS (veja item 5.7 para maiores detalhes) e CO2, que poderiam ser
utilizados nas três classes de incêndio envolvidas.

O PQS normalmente é um composto à base de bicarbonato de sódio, podendo ser


usado também o bicarbonato de potássio. Esses pós possuem grãos muito finos que
penetram no interior dos motores e máquinas, obrigando a desmontagem e limpeza
completa dos equipamentos para evitar danos ou corrosão.
35

Como as Ceruttis são equipamentos de última geração, importados e com alto valor
agregado, foi escolhido então o sistema automático de CO2, que é capaz de
combater o incêndio nas três classes e não deixa resíduo, evitando assim danos aos
equipamentos.

O sistema fixo de CO2 é composto por 50 cilindros com carga de 45 kg de gás cada,
sendo distribuído da seguinte forma: a Cerutti III possui 08 cilindros principais, não
possui reserva; a Cerutti IV possui 08 cilindros principais, também não possui
reserva; a Cerutti V possui 08 cilindros principais e 08 cilindros reservas e a Cerutti
VI possui 09 cilindros principais e 09 cilindros reservas. O acionamento de cada
sistema se dá de forma individual, assim sendo só é acionado o sistema na máquina
que estiver em chamas.

Os cilindros de CO2 ficam localizados em um compartimento construído ao lado da


Sala de Controle, onde fica a Central de Incêndio que controla o acionamento dos
cilindros. Na figura 7.3 abaixo pode-se verificar os cilindros de CO2.

Figura 7.3 – Cilindros de CO2

Porém, o sistema fixo de CO2 não protege a máquina inteira, pois foi projetado
apenas para o combate a incêndio nas tintas, sendo assim só é aplicado nos
elementos das máquinas. Os elementos são os conjuntos formados por um cilindro
36

de impressão e um reservatório de tinta. Cada máquina possui 08 elementos,


portanto 08 cilindros de impressão e 08 reservatórios de tinta.

O gás CO2 é direcionado aos elementos através de tubulações de aço galvanizado


ligados a difusores localizados nos elementos das Cerutti’s. Cada um dos 08
cilindros de impressão possui 04 difusores instalados e cada reservatório de tinta
possui 01 difusor instalado, totalizando 05 difusores por elemento e 40 difusores por
Cerutti. Na figura 7.4 pode-se verificar um difusor instalado em uma das Ceruttis.

Figura 7.4 – Detalhe de um difusor instalado em uma Cerutti

Os cilindros de CO2 possuem sensores instalados nas suas bases que são
responsáveis de enviar um sinal para a Central de Incêndio caso ocorra algum
vazamento.

O acionamento do sistema pode ser feito de três formas: acionamento automático,


acionamento manual elétrico e acionamento manual mecânico.

O principal tipo de acionamento é o automático, onde o sistema funciona em


condições de incêndio sem a necessidade de intervenção humana. Com a detecção
do incêndio, a central aciona um alarme sonoro para que os funcionários iniciem o
abandono do local. Após 5 segundos do acionamento do alarme, inicia-se a
descarga automática dos cilindros principais de CO2. Durante este processo a
37

Brigada de Incêndio é acionada e se dirige ao local, aguardando em segurança a


descarga total do CO2.

Caso o incêndio assuma grandes proporções e a bateria principal não consiga


efetuar a extinção, existe o acionamento manual elétrico dos cilindros reservas, que
é feito pelos Bombeiros Profissionais ou pelos Brigadistas através do Painel de
Comando. Quando é realizado o acionamento manual elétrico, os circuitos de
detecção do sistema são ativados e o sistema funciona da mesma forma que o
acionamento automático.

Caso ocorra uma falha no sistema elétrico da Central de Incêndio pode ser feito o
acionamento manual mecânico pelos Bombeiros Profissionais ou pelos Brigadistas.
O acionamento é feito nos cilindros de CO2 das baterias principais ou reservas.

As Ceruttis III, IV e V possuem 08 sensores térmicos instalados, sendo 01 sensor em


cada um dos seus elementos, enquanto que a Cerutti VI possui 16 sensores, sendo
02 sensores em cada elemento.

Os sensores são responsáveis pelo acionamento do alarme geral da indústria e pelo


acionamento automático do sistema de CO2, caso a temperatura ultrapasse 87,8 ºC.
É enviado também um sinal sonoro para a Central de Incêndio para que os
Bombeiros Profissionais Civis da indústria possam verificar se o aumento da
temperatura ocorreu devido a um incêndio ou algum outro problema qualquer.

Através da Central de Incêndio pode ser feito também o bloqueio do sistema, caso
seja verificado que não há um princípio de incêndio. Na figura 7.5 pode-se verificar o
painel de comando da Cerutti V.
38

Figura 7.5 – Painel de Comando da Cerutti V

7.4.2 Sistema fixo de água e nitrogênio (Recúperos)

O sistema de combate a incêndio nos Recúperos I e II deve atender às classes A e


B, já que estes equipamentos trabalham simultaneamente com material fibroso
comum (carvão) e líquido inflamável (toluol). Desta forma, foi necessária a instalação
de um sistema que fosse capaz de combater incêndios de três formas: por
abafamento, por resfriamento e por retirada do combustível.

Como o sistema de recuperação de toluol foi importado da Alemanha em 1988, e por


não haver nenhum sistema equivalente no Brasil, foi trazido também o sistema fixo
de combate a incêndio utilizado originalmente, composto por água e nitrogênio, além
de uma válvula de bloqueio da passagem do ar.

Os tanques de recuperação de toluol possuem em sua parte superior uma chaminé


para a liberação da pressão interna, evitando que a mesma se eleve. Porém essa
chaminé permite a entrada de oxigênio, o que no caso de um incêndio, alimentaria
as chamas.
39

Cada uma das chaminés, bem como a tubulação que conduz o toluol para dentro do
tanque, possui um sistema hidráulico que bloqueia a passagem do ar e o
fornecimento de toluol, eliminando assim o combustível e o comburente. Com esse
procedimento é realizado o abafamento e a retirada do material. Nas Figuras 7.6 e
7.7 pode-se verificar, respectivamente, uma chaminé e sua respectiva válvula de
bloqueio, que impede a passagem do ar e a tubulação de alimentação de toluol
também com sua respectiva válvula de bloqueio.

Figura 7.6 – Chaminé e válvula de bloqueio

Figura 7.7 – Tubulação de abastecimento de toluol e válvula de bloqueio


40

O sistema de nitrogênio é composto por 36 cilindros com capacidade de 50 litros


cada, divididos em 03 baterias de 12 cilindros, sendo 01 bateria principal e 02
baterias reservas.

As três baterias estão ligadas entre si de forma que, caso a bateria principal se
esgote, as reservas possam entrar em operação em seguida. As baterias estão
ligadas aos tanques de recuperação do toluol com entradas independentes para
cada tanque, de forma que o combate ao incêndio possa ser localizado. Na Figura
7.8 pode-se verificar as três baterias de nitrogênio.

Figura 7.8 – Baterias de nitrogênio

O nitrogênio atua diretamente no combate ao incêndio realizando a purga do toluol


que se encontra dentro do tanque, realizando o combate ao incêndio através da
retirada do material.

O acionamento do nitrogênio para o combate ao incêndio é realizado manualmente


em dois cilindros da bateria principal que estiverem com a válvula bloqueadora
aberta em direção à válvula reguladora.

Após a abertura dos dois cilindros, é verificada se a pressão no manômetro é de 1,5


kgf/cm2 e realizada a abertura da válvula geral para a vazão do nitrogênio para a
linha dos tanques. Na Figura 7.9 pode-se observar o manômetro ao centro, nos
lados direito e esquerdo as válvulas de liberação das baterias principal e reservas e
41

ao fundo a válvula geral que libera a passagem do nitrogênio para as linhas dos
tanques.

Figura 7.9 – Manômetro e válvulas de liberação

Após a liberação da passagem do nitrogênio para a linha dos tanques, deve ser
aberta a válvula próxima ao tanque para a entrada do nitrogênio. Cada tanque de
recuperação possui a sua válvula, que fica fechada para evitar a entrada de
nitrogênio e água inadvertidamente. Pode-se observar a válvula de nitrogênio
(tubulação amarela) ao lado de uma válvula do sistema de água de um dos tanques
na Figura 7.10.

Figura 7.10 – Válvulas de liberação de nitrogênio e de água


42

Paralelo ao sistema de nitrogênio existe o sistema fixo de combate a incêndio por


água, também efetuado no lado interno dos Recúperos.

O sistema de água é abastecido pela reserva de incêndio da edificação, responsável


pelo fornecimento de água para o combate a incêndio pelos hidrantes e chuveiros
automáticos, com capacidade de 390 m3, situada no reservatório elevado da
edificação, conforme pode-se observar na Figura 7.11.

Figura 7.11 – Reservatório elevado

O sistema de água é necessário para que possa ser feito o combate ao incêndio
reduzindo a temperatura do carvão ativado através do processo de resfriamento. A
pressurização da linha é feita inicialmente por gravidade. Caso a pressão caia para
8kgf/cm2 automaticamente entra em funcionamento uma bomba Jockey para
pressurizar a rede, sendo que a mesma desliga quando a pressão atingir 8,5kgf/cm2.
Caso a pressão caia para 7,5kgf/cm2 entra em funcionamento uma bomba principal
elétrica, que só é desligada no painel de controle.

Caso ocorra uma pane na bomba elétrica impossibilitando o seu funcionamento ou


queda de energia, existe uma bomba reserva a diesel que entra em funcionamento
quando a pressão cair para 4,5kgf/cm2. Nas Figuras 7.12, 7.13 e 7.14,
respectivamente, pode-se verificar as bombas Jockey, elétrica e a diesel.
43

Figura 7.12 – Bomba Jockey

Figura 7.13 – Bomba elétrica

Figura 7.14 – Bomba a diesel


44

O sistema de água é acionado unicamente através das válvulas localizadas nos


tanques de recuperação, pois o sistema é pressurizado automaticamente.

Os sistemas de combate a incêndio dos Recúperos, bem como todo o processo


envolvendo o toluol, desde sua utilização nas Ceruttis até sua recuperação nos
Recúperos, são controlados através de um programa de computador criado
especialmente para esse serviço.

Um funcionário da empresa acompanha através do monitor do computador o


funcionamento de todos os equipamentos, bem como os problemas que se
apresentarem no processo de recuperação do toluol. Na Figura 7.15 pode-se
observar uma das telas do programa exibindo no extremo direito da tela as Ceruttis
e na metade esquerda os Recúperos.

Figura 7.15 – Programa para controle da retirada e recuperação do toluol

É através deste programa que o operador pode verificar se há algum problema nas
Ceruttis ou nos Recúperos, podendo desligar o equipamento em questão e até
mesmo iniciar o combate ao incêndio, como no caso dos Recúperos, onde o
acionamento das válvulas de bloqueio é feito caso a temperatura chegue próximo
aos 200º C.
45

7.5 Sistema Fixo de Combate a Incêndio Externo

Na área externa da edificação estão localizados os dois tanques subterrâneos que


armazenam 30.000 litros de toluol cada, até que ele seja retirado por caminhões-
tanque.

A retirada do toluol é feita semanalmente, sendo que são retirados apenas 15.000
litros, restando armazenado nos tanques o total de 45.000 litros.

Como o toluol é mantido na forma líquida dentro dos tanques, foram adotadas duas
formas de combate a incêndio: duas carretas de 50 kg de PQS cada e duas carretas
de 130 litros de LGE.

As carretas de PQS são utilizadas diretamente no combate ao incêndio da mesma


forma que os extintores, enquanto que as carretas de LGE são utilizadas no
combate ao incêndio com os hidrantes.

As carretas de LGE possuem uma mangueira de incêndio de 2½” x 30 metros cada,


com uma das extremidades conectada em um proporcionador e a outra extremidade
conectada no batedor de espuma.

O proporcionador possui uma das extremidades conectada na mangueira da carreta


enquanto que a outra extremidade fica livre, para que seja conectada na mangueira
do hidrante, além de possuir uma mangueira ligada no interior da carreta. Tem a
finalidade de misturar a água proveniente do hidrante com o LGE. A mistura é feita
por sucção, uma vez que a água passa pelo misturador com pressão, arrastando o
LGE.

O batedor de espuma, que fica conectado a uma das extremidades da mangueira da


carreta possui aberturas em sua base, de forma que quando a mistura água/LGE
passa, arrasta o ar por sucção. Essa mistura de água, LGE e ar é que forma a
espuma mecânica estudada anteriormente.
46

Pode-se observar na Figura 7.16 as duas carretas de LGE com os proporcionadores


na parte superior e com os batedores de espuma conectados nas mangueiras.

Figura 7.16 – Carretas de LGE

O combate ao incêndio é feito por intermédio de um anteparo, de forma que a


espuma bata neste anteparo e escorra sobre o toluol, apagando o incêndio por
abafamento e resfriamento. O combate não pode ser feito diretamente contra o fogo
devido ao risco de espalhar o toluol, pois ele está na forma líquida.
47

8. ANÁLISE CRÍTICA

Quando o sistema fixo de combate a incêndio por água e nitrogênio foi instalado nos
Recúperos da Indústria Gráfica NI, não havia no Brasil nenhuma legislação que
tratasse sobre o caso específico, sendo adotado como referência para o projeto uma
norma internacional da National Fire Protection Association (NFPA), a NFPA-325.

O uso de uma norma internacional foi possível devido ao fato do Decreto Estadual
Nº 38.069, de 14 de dezembro de 1993 (atualmente substituído pelo Decreto
Estadual Nº 46.076, de 31 de agosto de 2001), possibilitar ao interessado o projeto e
a instalação de outros tipos de sistemas de proteção contra incêndio, de acordo com
os seguintes itens:

• “6.6.10. Quando for desaconselhável o emprego de água na ocupação a ser


protegida, o local deverá ser dotado de proteção adequada, sugerida pelo
interessado e avaliado pelo Corpo de Bombeiros”;

• “6.6.13. Outros tipos de proteção contra incêndios, em decorrência das inovações


tecnológicas, serão considerados desde que comprovadamente atendam aos
objetivos estabelecidos nestas Especificações e com projetos submetidos
previamente à análise do Corpo de Bombeiros”.

Atualmente a IT-26 (CBPMESP, 2001b) permite o projeto e instalação de sistemas


fixos de gases para combate a incêndio informando os procedimentos que devem
ser seguidos e de forma que atenda ao Decreto Estadual Nº 46.076, que define no
artigo 23, item XXI, como uma das medidas de segurança contra incêndio o uso de
sistemas fixos de gases limpos.

De acordo com a IT-03 (CBPMESP, 2001c) gases limpos são “agentes extintores na
forma de gás que não degradam a natureza e não afetam a camada de ozônio. São
inodoros, incolores, maus condutores de eletricidade e não corrosivos”.
48

O nitrogênio pode ser utilizado como agente extintor justamente por ser considerado
um gás limpo, obtido por meio da destilação do ar, portanto sua utilização no
sistema fixo está amparada pela legislação vigente.

A utilização de água no combate a incêndio em líquidos inflamáveis não é


recomendada pelo Corpo de Bombeiros devido ao fato de poder aumentar a área
em combustão, porém de acordo com a NR-23 (Norma Regulamentadora) a água
pode ser utilizada nos incêndios em líquidos inflamáveis quando for aplicada em
forma de neblina.

Como no interior dos tanques há a presença de material fibroso comum (carvão) e o


toluol se encontra impregnado nele, é necessário um agente extintor capaz de
penetrar no material, extinguindo então o fogo em profundidade, sendo escolhida a
água para executar esta função.

Conforme pode ser observado no Anexo A, a Ficha de Informações de Segurança


de Produto Químico (FISPQ) da Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (CETESB), que é utilizada pela Indústria Gráfica NI, indica como métodos
de combate a incêndio ao toluol, o PQS, a espuma ou o CO2, pois trata o toluol
como produto isolado.

Não foram encontradas legislações vigentes que tratem do líquido inflamável


combinado com outros tipos de materiais combustíveis, como no caso da Indústria
Gráfica NI, o material fibroso, ficando então de responsabilidade do engenheiro
projetar o sistema dentro da boa prática de engenharia e submetendo o projeto à
aprovação pelo Corpo de Bombeiros.

Apesar de não haver nenhuma norma vigente específica, o sistema fixo de combate
a incêndios nos Recúperos foi avaliado e aprovado pelo Corpo de Bombeiros, o que
leva a crer que foi projetado de forma correta, atendendo às classes de incêndio
presentes no processo.
49

9. CONCLUSÕES

Com este trabalho é possível conhecer grande parte da teoria que envolve o estudo
das técnicas de prevenção e combate a incêndio, as características do fogo e
principalmente os sistemas de combate a incêndios existentes, sejam eles móveis
ou fixos.

Este trabalho realiza um estudo sobre as principais legislações e normas que tratam
do assunto, demonstrando os aspectos mais relevantes para a realização de um
projeto de combate a incêndios.

Fica nítido que todo o conhecimento da teoria e das legislações vigentes é vital para
a escolha ou projeto de um sistema de combate a incêndio, não se levando em
consideração apenas os requisitos mínimos que a legislação exige. É necessário
mais do que isso, que se tenha a consciência de que um projeto de combate a
incêndio bem realizado estará protegendo não apenas os bens materiais, mas
também o meio ambiente e, principalmente, a vida.

A principal dificuldade encontrada, não somente na realização deste estudo, mas


também na escolha do projeto ideal, é a falta de legislações mais específicas, pois
atualmente o que encontramos são legislações que tratam das classes de incêndio
isoladamente, sem levar em consideração que em muitos casos há a combinação de
diversas classes, cada uma com suas características e riscos específicos.

Outro problema encontrado é o fato de a maioria das legislações vigentes serem


provenientes de outros países, onde existem sistemas mais sofisticados para o
combate a incêndios.

Analisando o funcionamento do sistema fixo de combate a incêndio nos Recúperos


da Indústria Gráfica NI, é possível perceber que possui uma vantagem, que é
justamente a presença de válvulas de bloqueio que atuam na prevenção do
incêndio, uma vez que são acionadas imediatamente após a constatação do
aumento da temperatura, cortando o fornecimento de toluol e de oxigênio.
50

A aplicação do sistema também tem a sua eficácia comprovada, pois está de acordo
com as classes de incêndio envolvidas no processo, utilizando agentes extintores
eficientes para o combate ao incêndio.

Embora a operação do sistema seja totalmente manual, é de fácil acionamento, pois


pode ser realizado por uma única pessoa com a abertura e fechamento de apenas
duas válvulas, a primeira nas baterias de nitrogênio para liberar a passagem do gás
para a tubulação e a segunda para a liberação da entrada do nitrogênio e da água
nos tanques.

Devido ao fato deste acionamento ser todo manual acaba por tomar certo tempo que
pode ser crucial para o aumento das chamas, o que poderia ser evitado tornando o
sistema automático, aproveitando os sensores de controle de temperatura existentes
nos tanques, ou tornando o sistema semi-automático, aproveitando o programa
existente para o controle do funcionamento dos Recúperos.

Outro ponto que poderia ser melhor observado seria a instalação de chuveiros
automáticos protegendo a superfície externa dos tanques, evitando ou diminuindo
assim a transmissão do calor de um tanque sinistrado para os demais tanques por
meio da radiação.

Infelizmente, como foi dito anteriormente, não existem leis e/ou normas que
propiciem ao Engenheiro Civil os parâmetros e diretrizes necessárias para o projeto
de sistemas diferenciados como o aplicado na Indústria Gráfica NI.

Porém isso pode ser modificado com a criação de grupos de especialistas na área,
como Engenheiros Civis, Elétricos, Mecânicos, Engenheiros de Segurança, Oficiais
do Corpo de Bombeiros e com a participação de Políticos, dentre outros entendidos,
que possam estudar este e outros sistemas mais a fundo e, com resultados
comprovados na teoria e na prática, possam sugerir modificações nas legislações
vigentes ou a criação de novas leis e normas.
51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-10897: Proteção


Contra Incêndio por Chuveiro Automático. Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR-13714: Sistemas de Hidrantes e de Mangotinhos para Combate a


Incêndio. Rio de Janeiro, 2003a.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO –


CBPMESP. IT-02: Conceitos Básicos de Proteção Contra Incêndio. São Paulo,
2001.

______. IT-17: Brigada de Incêndio. São Paulo, 2001a.

______. IT-26: Sistema Fixo de Gases para Combate a Incêndio. São Paulo, 2001b.

______. IT-03: Terminologia de Proteção Contra Incêndio. São Paulo, 2001c.

______. Manual de Fundamentos Básicos de Bombeiros. São Paulo, 1997.

ECOFIRE – Rochácara Centro de Treinamento. Disponível em:


<http://www.rochacara.ecofire.com.br/fotos.htm>. Acesso em 23 abr. 2007.

HIRATA, M. H. e MANCINI FILHO, J. Manual de biossegurança. 1. ed. Barueri:


Manole, 2002.

MARTINS, J. R. S. Notas de Aula. Instalações de Combate a Incêndios. São Paulo,


2005.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO – MTE. NR-23: Proteção Contra


Incêndios. Brasília, 1978.
52

MOLOSSI, M. et al. Trabalho desenvolvido para a Universidade Federal de Santa


Catarina, 2004. Incêndios e arquitetura. Disponível em:
<http://www.arq.ufsc.br/labcon/arq5661/trabalhos_2004-1/incendios/>. Acesso em:
30 abr. 2007.

NAVI – Consultoria e Engenharia Ltda. Sistema Fixo de CO2. Disponível em:


<http://www.navi-engenharia.com.br/co2.htm>. Acesso em : 30 abr. 2007.

PANASTAR – Tecnologia em Segurança e Automação. Sistema de detecção e


combate a incêndio. Disponível em: <http://www.panastar.com/ince_home.htm>.
Acesso em 23 abr. 2007.

PETROBRÁS – Distribuidora S. A. Solventes Aromáticos. Disponível em:


<http://www.br.com.br/portalbr/calandra.nsf#http://www.br.com.br/portalbr/calandra.n
sf/0/88AD0B3000DC157E03256AD3006BC2ED?OpenDocument&SProdutos+Espec
iais>. Acesso em 30 abr. 2007.

SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 38.069, de 14 de dezembro de 1993. Aprova as


Especificações para instalações de proteção contra incêndios e dá providências
correlatas. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br/staticfile/integra_ddilei/decreto/19
93/decreto%20n.38.069,%20de%2014.12.1993.html>. Acesso em 28 set. 2007.

______. Decreto nº 46.076, de 31 de agosto de 2001. Institui o Regulamento de


Segurança contra Incêndio das edificações e áreas de risco para os fins da Lei nº
684, de 30 de setembro de 1975, e estabelece outras providências. Disponível em:
<http://www.polmil.sp.gov.br/ccb/pagina15.html>. Acesso em 28 set. 2007.

SERREAL – Engenharia de Segurança. Produtos. Disponível em:


<http://www.serreal.com.br/serreal_produtos.htm>. Acesso em 23 abr. 2007.

WIKIPÉDIA – A Enciclopédia Livre. Tolueno. Disponível em:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Tolueno>. Acesso em 30 abr. 2007.
ANEXO A
54

Manual de Produtos Químicos Perigosos


Ficha de Informação de Produto Químico

IDENTIFICAÇÃO
Número
Nome do produto Rótulo de risco
ONU

1294 TOLUENO

Número de risco Classe / Subclasse


33 3
Sinônimos
METILBENZENO; METILBENZOL; TOLUOL
Aparência
LÍQUIDO AQUOSO; SEM COLORAÇÃO; ODOR AGRADÁVEL; FLUTUA NA ÁGUA; PRODUZ VAPOR IRRITANTE E
INFLAMÁVEL.
Fórmula molecular Família química
C7 H8 HIDROCARBONETO AROMÁTICO
Fabricantes
Para informações atualizadas recomenda-se a consulta às seguintes instituições ou referências:
ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria Química: Fone 0800-118270
ANDEF - Associação Nacional de Defesa Vegetal: Fone (11) 3081-5033
Revista Química e Derivados - Guia geral de produtos químicos, Editora QD: Fone (11) 3826-6899
Programa Agrofit - Ministério da Agricultura

MEDIDAS DE SEGURANÇA

Medidas preventivas imediatas


EVITAR CONTATO COM O LÍQUIDO E O VAPOR. MANTER AS PESSOAS AFASTADAS. CHAMAR OS BOMBEIROS.
PARAR O VAZAMENTO SE POSSÍVEL. ISOLAR E REMOVER O MATERIAL DERRAMADO. DESLIGAR AS FONTES DE
IGNIÇÃO. FICAR CONTRA O VENTO E USAR NEBLINA D'ÁGUA PARA BAIXAR O VAPOR.
Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
USAR LUVAS, BOTAS E ROUPAS DE VITON E MÁSCARA FACIAL PANORAMA, COM FILTRO CONTRA VAPORES
ORGÂNICOS.

RISCOS AO FOGO

Ações a serem tomadas quando o produto entra em combustão


EXTINGUIR COM PÓ QUÍMICO SECO, ESPUMA OU DIÓXIDO DE CARBONO. O VAPOR PODE EXPLODIR SE A
IGNIÇÃO FOR EM ÁREA FECHADA. ESFRIAR OS RECIPIENTES EXPOSTOS, COM ÁGUA.
Comportamento do produto no fogo
O VAPOR É MAIS PESADO QUE O AR. ESTE VAPOR PODE SE DESLOCAR A UMA DISTÂNCIA CONSIDERÁVEL E,
CASO HAJA CONTATO COM UMA FONTE DE IGNIÇÃO QUALQUER, PODERÁ OCORRER O RETROCESSO DA
CHAMA.
Produtos perigosos da reação de combustão
NÃO PERTINENTE.
Agentes de extinção que não podem ser usados
A ÁGUA PODE SER INEFICAZ.
Limites de inflamabilidade no ar
55

Limite Superior: 7 %
Limite Inferior: 1,27%
Ponto de fulgor
4,4°C (V.FECHADO);12,8°C (V.ABERTO)
Temperatura de ignição
536,5 °C
Taxa de queima
5,7 mm/min
Taxa de evaporação (éter=1)
4,5
NFPA (National Fire Protection Association)
Perigo de Saúde (Azul): 2
Inflamabilidade (Vermelho): 3
Reatividade (Amarelo): 0

PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS E AMBIENTAIS

Peso molecular Ponto de ebulição (°C) Ponto de fusão (°C)


92,14 110,6 -95
Temperatura crítica (°C) Pressão crítica (atm) Densidade relativa do vapor
318,6 40,55 NÃO PERTINENTE
Densidade relativa do líquido (ou Pressão de vapor Calor latente de vaporização
sólido) 40 mm Hg A 31,8 °C (cal/g)
0,867 A 20 °C (LÍQUIDO) 86,1
Calor de combustão (cal/g) Viscosidade (cP)
-9.686 0,58
Solubilidade na água pH
0,05 g/100 mL DE ÁGUA A 20 °C NÃO PERT.
Reatividade química com água
NÃO REAGE.
Reatividade química com materiais comuns
NÃO REAGE.
Polimerização
NÃO OCORRE.
Reatividade química com outros materiais
INCOMPATÍVEL COM OXIDANTES FORTES.
Degradabilidade
BIODEGRADÁVEL (100% DE REMOÇÃO APÓS 192 HORAS EM ÁGUA SUBTERRÂNEA NATURAL A 13°C).
Potencial de concentração na cadeia alimentar
NENHUM.
Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)
0%5 DIAS;38%(TEOR),8DIAS.
Neutralização e disposição final
QUEIMAR EM UM INCINERADOR QUÍMICO EQUIPADO COM PÓS-QUEIMADOR E LAVADOR DE GASES. TOMAR
OS DEVIDOS CUIDADOS NA IGNIÇÃO, POIS O PRODUTO É ALTAMENTE INFLAMÁVEL. RECOMENDA-SE O
ACOMPANHAMENTO POR UM ESPECIALISTA DO ÓRGÃO AMBIENTAL.

INFORMAÇÕES ECOTOXICOLÓGICAS

Toxicidade - limites e padrões


L.P.O.: 0,17 ppm
P.P.: 0,17 mg/L
IDLH: 500 ppm
LT: Brasil - Valor Médio 48h: 78 ppm
LT: Brasil - Valor Teto: 117 ppm
LT: EUA - TWA: 50 ppm (PELE)
LT: EUA - STEL: NÃO ESTABELECIDO
56

Toxicidade ao homem e animais superiores (vertebrados)


M.D.T.: DADO NÃO DISPONÍVEL (OBS. 1.)
M.C.T.: SER HUMANO: TCLo = 200 ppm; HOMEM: TCLo = 100 ppm
Toxicidade: Espécie: RATO
Via Respiração (CL50): LCLo (4 h) = 4.000 ppm
Via Oral (DL 50): 5.000 mg/kg
Via Cutânea (DL 50): LDLo = 800 mg/kg (INTRAP.)
Toxicidade: Espécie: CAMUNDONGO
Via Respiração (CL50): (8 h) = 5.320 ppm Via Cutânea (DL 50): 1.120 ug/kg (INTRAP.)
Toxicidade: Espécie: OUTROS
Via Cutânea (DL 50): COELHO: 14 g/kg
Toxicidade aos organismos aquáticos: PEIXES : Espécie
CARASSIUS AURATUS: DL50 (24 h) = 58 mg/L; TLm (24 - 96 h) =57,7 mg/L; CL50 (96 h) = 22,8 ppm;
LEPOMIS MACROCHIRUS: TLm (24-96 h) = 24,0 mg/L; POECILIA RETICULATA: CL50 (14 DIAS) = 68 ppm
(OBS.2).
Toxicidade aos organismos aquáticos: CRUSTÁCEOS : Espécie
PALAEMONETES PUGIO: CL50 (96 h) = 9,5 ppm; CANCER MAGISTER (LARVA DE CARANGUEJO - ESTÁGIO I):
CL50 (96 h) = 28 ppm; CRANGON FRANCISCORUM (CAMARÃO): CL50 (96 h) = 4,3 ppm; DAPHNIA sp: DLo =
60 mg/L.
Toxicidade aos organismos aquáticos: ALGAS : Espécie
L.tox T.I.M.C. MICROCYSTIS AERUGINOSA = 105 mg/L; SCENEDESMUS QUADRICAUDA= > 400 mg/L (ALGA
VERDE); SCENEDESMUS sp: DLo = 120 mg/L; MACROCYSTIS ANGUSTIFOLIA: 75% DE REDUÇÃO NA
FOTOSSÍNTESE (96 h) = 10 ppm
Toxicidade a outros organismos: BACTÉRIAS
E.COLI: DLo = 200 mg/L; L.tox T.I.M.C. PSEUDOMONAS PUTIDA = 29 mg/L
Toxicidade a outros organismos: MUTAGENICIDADE
E.COLI: "dns" = 1 pph; SACCHAROMYCES CEREVISIAE: "cyt" = 2.400 umol/TUBO (OBS.3);
Toxicidade a outros organismos: OUTROS
PROTOZOÁRIOS: L.tox T.I.M.C. ENTOSIPHON SULCATUM = 456 mg/L; URONEMA PARDUCZI (CHATTON
LWOFF) = > 450 mg/L (OBS.4).
Informações sobre intoxicação humana
EVITAR CONTATO COM O LÍQUIDO E O VAPOR. MANTER AS PESSOAS AFASTADAS. CHAMAR OS BOMBEIROS.
PARAR O VAZAMENTO SE POSSÍVEL. ISOLAR E REMOVER O MATERIAL DERRAMADO. DESLIGAR AS FONTES DE
IGNIÇÃO. FICAR CONTRA O VENTO E USAR NEBLINA D'ÁGUA PARA BAIXAR O VAPOR.
Tipo de contato Síndrome tóxica Tratamento
VAPOR IRRITANTE PARA OS OLHOS, NARIZ MOVER PARA O AR FRESCO. SE A
E GARGANTA. SE INALADO CAUSARÁ RESPIRAÇÃO FOR DIFICULTADA OU
NÁUSEA, VÔMITO, DOR DE CABEÇA, PARAR, DAR OXIGÊNIO OU FAZER
TONTURA, DIFICULDADE RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL.
RESPIRATÓRIA OU PERDA DA
CONSCIÊNCIA.
Tipo de contato Síndrome tóxica Tratamento
LÍQUIDO IRRITANTE PARA A PELE. IRRITANTE REMOVER ROUPAS E SAPATOS
PARA OS OLHOS. SE INGERIDO CONTAMINADOS E ENXAGUAR COM
CAUSARÁ NÁUSEA, VÔMITO OU MUITA ÁGUA. MANTER AS PÁLPEBRAS
PERDA DA CONSCIÊNCIA. ABERTAS E ENXAGUAR COM MUITA
ÁGUA. NÃO PROVOCAR O VÔMITO.

DADOS GERAIS

Temperatura e armazenamento
AMBIENTE.
Ventilação para transporte
ABERTA OU PRESSÃO A VÁCUO.
Estabilidade durante o transporte
ESTÁVEL.
Usos
GASOLINA DE AVIAÇÃO E AGENTE DE ELEVAÇÃO DA OCTANAGEM; MATÉRIA-PRIMA PARA BENZENO, FENOL E
CAPROLACTAMA; SOLVENTE PARA TINTAS E REVESTIMENTOS; GOMAS, RESINAS; BORRACHAS; DILUENTE E
SOLVENTE PARA LACAS A BASE DE NITROCELULOSE.
57

Grau de pureza
PESQUISA, REAGENTE, NITRAÇÃO:98%; INDUSTRIAL:94% .
Radioatividade
NÃO TEM.
Método de coleta
MÉTODO 5.
Código NAS (National Academy of Sciences)

FOGO SAÚDE POLUIÇÃO DAS ÁGUAS REATIVIDADE


Fogo: 3 Vapor Irritante: 1 Toxicidade humana: 1 Outros Produtos Químicos: 1
Líquido/Sólido Irritante: 1 Toxicidade aquática: 3 Água: 0
Venenos: 2 Efeito estético: 2 Auto reação: 0

OBSERVAÇÕES

1) IRRITAÇÃO AO OLHO HUMANO: 300 ppm; HOMEM: EFEITOS TÓXICOS SEVEROS: 1.000 ppm = 3.830
mg/m³, 60 min; SINTOMAS DE MAL ESTAR: 300 ppm = 1.149 mg/m³ INSATISFATÓRIO: > 100 ppm = 383
mg/m³. 2) LEPOMIS HUMILIS: TLm (96 h) = 1.180 mg/L - ÁGUA CONTINENTAL GAMBUSIA AFFINIS : TLm (24
- 96 h) = 1.340 - 1.280 mg/L - ÁGUAS TURVAS OKLAHOMA; LEBISTES sp: TLm (24 - 96 h) = 63 - 59 mg/L. 3)
MUTAGÊNICOS: RATO: "dnd" = 30 umol/L (FÍGADO) "cyt" = 12 g/kg/12 DIAS (SUBCUT.EXPOSIÇÃO
INTERMITANTE) "cyt" = 610 mg/m³/16 SEMANAS (INALAÇÃO, EXPOSIÇÃO INTERMITENTE). 4) OUTROS:
PROTOZOÁRIOS: TETRAHYMENA PYRIFORMIS: CL100 (24 h) = 5,97 mmol/L. TAXA DE TOXICIDADE AOS
ORGANISMOS AQUÁTICOS: TLm (96 h) = 10 ppm - 100 ppm POTENCIAL DE IONIZAÇÃO (PI) = 8,82 eV

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