Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Paulo
(2014)
1
Orientador:
Prof. Dr. Paulo Roberto do Lago Helene.
São Paulo
(2014)
2
Área de Concentração:
Patologia das Estruturas
Orientador:
Prof. Dr. Paulo Roberto do Lago Helene.
São Paulo
(2014)
3
4
Dedico este trabalho a minha esposa Francini e a meus filhos Felipe e Pedro,
verdadeiras e absolutas fontes de inspiração amor e carinho em todas as
realizações de minha vida.
6
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Neste estudo será apresentada uma revisão bibliográfica sobre produtos, sistemas e
procedimentos de injeção em fissuras mortas ou passivas, assim como uma
abordagem sobre os mecanismos de formação de fissuras em estruturas de
concreto armado, as técnicas para um diagnóstico mais preciso em conformidade
com as recomendações da Norma Euro Code 1504, as recomendações das normas
NBR 6118: 2014 e ACI 224R-01 e uma descrição dos sistemas e técnicas para
recuperação das estruturas utilizando produtos como resina de poliuretano, resina
epóxi, gel de acrílico, metil metacrilato e microcimento, apresentando características
específicas de cada um desses produtos.
ABSTRACT
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE SÍMBOLOS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 19
3 DIAGNÓSTICO ...................................................................................... 58
4 NORMALIZAÇÃO .................................................................................. 65
INTRODUÇÃO
1.1 Conceitos
Com o passar do tempo tivemos a certeza de que o concreto, como material de construção,
é instável ao longo do tempo, alterando suas propriedades físicas e químicas em função das
características de seus componentes e das respostas destes às condicionantes do meio
ambiente. Às consequências desses processos de alteração que venham comprometer o
desempenho de uma estrutura, ou material, costuma-se chamar deterioração. Os elementos
agressores podem ser designados como agentes de deterioração. (SOUZA; RIPPER, 1998)
Por vida útil de um material entende-se o período durante o qual suas propriedades
permanecem acima dos limites mínimos especificados. O conhecimento da vida útil e da
curva de deterioração de cada material ou estrutura são fatores de fundamental importância
para a confecção de orçamentos reais para a obra, assim como programas de manutenção
adequados e realistas.
Como desempenho, entende-se o comportamento em serviço de cada produto ao longo da
vida útil, e a sua medida relativa espelhará sempre o resultado dos trabalhos desenvolvidos
nas etapas de projeto, construção e manutenção. (SOUZA; RIPPER, 1998)
A grande maioria das Normas e dos regulamentos que tratam do projeto e da execução de
concreto vigentes nas mais diferentes regiões do mundo, foram concebidas com as
preocupações dominantes de garantir a obtenção das mais adequadas resistências mecânicas
para as diversas peças estruturais.
As estruturas e materiais deterioram-se mesmo quando existe um programa de
manutenção bem definido, sendo esta deterioração, no limite, irreversível. O ponto em que
cada estrutura, em função da deterioração, atinge níveis de desempenho insatisfatórios varia
de acordo com o tipo de estrutura. Algumas delas, por falhas de projeto ou de execução, já
iniciaram suas vidas de forma insatisfatória, enquanto outros chegam ao final de suas vidas
úteis projetadas ainda mostrando um bom desempenho. (SOUZA; RIPPER, 1998)
Considerando o atual grau de conhecimento de processos e mecanismos destrutivos que
atuam sobre as estruturas e considerando a grande evolução tecnológica alcançada nos
últimos anos, com o desenvolvimento de técnicas e equipamentos de verificações nas
estruturas tornou-se possível identificar com eficiência a maioria dos problemas patológicos.
(HELENE, 2007)
Segundo Helene (2007) para estabelecer uma terminologia define-se Patologia como a
22
Para cada caso ou combinação de casos, as classes de exposição indicarão níveis de risco
ou parâmetros mínimos a serem observados como condição primeira para que se consiga uma
construção durável. Assim estarão definidos:
dosagem mínima de cimento;
fator água/cimento máximo;
classe de resistência mínima do concreto;
cobrimento mínimo das barras das armaduras;
método de cura.
24
DURABILIDADE
ÁGUA
Natureza e distribuição dos poros no concreto
Resistência Solidez
Estética
Segurança Servicibilidade
DESEMPENHO
A essência destes conceitos estará na execução de uma obra que apresente desempenho
satisfatório, por um período suficientemente longo e com custos de manutenção razoáveis.
Na eventualidade de que algum infortúnio possa ocorrer, afetando o desempenho da
estrutura tornando-o insatisfatório, os responsáveis deverão ser habilitados a tomar decisão
sobre como então proceder, adotando a opção mais conveniente, que respeite pontos de vista
técnicos, econômicos e socioambientais, como por exemplo, a observação e a interpretação do
disposto no quadro mostrado na figura 3. (SOUZA; RIPPER, 1998)
Figura 3 - Hipóteses para reconversão de estruturas com desempenho insatisfatório.
Estrutura
com
desempenho
satisfatório ?
SIM NÃO
Demolição
1.2 Sintomas
1.3 Mecanismo
7% 1. Degradação química
21% 10%
2. Flechas
3. Cavidades
20%
6. Manchas Superficiais
1.4 Origem
O processo de construção e uso pode ser dividido em cinco grandes etapas: planejamento,
projeto, fabricação de materiais e elementos fora da obra, execução da obra propriamente dita
e uso, sendo o uso a maior etapa de tempo, envolvendo a operação e manutenção das obras
conforme se mostra na figura 5. (HELENE, 2007)
Figura 5 – Etapas de produção e uso de obras civis.
= 50 ANOS
+ + = 2 ANOS
USO PRODUÇÃO
1.5 Causas
Falhas humanas
Causas Intrínsecas CAUSAS DOS
(inerentes às estruturas) PROBLEMAS DE Causas naturais próprias
DETERIORAÇÃO ao material concreto
Causas Extrínsecas DAS ESTRUTURAS
CAUSAS INTRÍNSECAS
Transporte
Lançamento
Deficiências de
Juntas de Concretagem
Concretagem
Adensamento
Cura
Inadequação de escoramentos e fôrmas
má interpretação dos projetos
insuficiência de armaduras
FALHA mau posicionamento das armaduras
HUMANA Deficiências nas cobrimento de concreto insuficiente
DURANTE A armaduras dobramento inadequado das barras
CONSTRUÇÃO deficiências nas ancoragens
deficiências nas emendas
má utilização de anticorrosivos
fck inferior ao especificado
Utilização aço diferente do especificado
incorreta dos solos com características diferentes
materiais de utilização de agregados reativos
construção utilização inadequada de aditivos
dosagem inadequada do concreto
Inexistência de controle de qualidade
FALHA HUMANA DURANTE A UTILIZAÇÃO (ausência de manutenção)
Causas próprias à estrutura porosa do concreto
reações internas ao concreto
expansibilidade de certos constituintes do
cimento
presença de cloretos
Causas químicas presença de sais e ácidos
CAUSAS presença de anidrido carbônico
NATURAIS presença de água
elevação da temperatura interna do concreto
variação de temperatura
Insolação
Causas físicas
Vento
Água
Causas biológicas
Fonte: Souza; Ripper (1998)
30
CAUSAS EXTRÍNSECAS
Modelização inadequada da estrutura
Má avaliação das cargas
FALHA
Detalhamento errado ou insuficiente
HUMANA
DURANTE O Inadequação ao ambiente
PROJETO Incorreção na interação solo-estrutura
Incorreção na consideração de juntas de
dilatação
FALHA Alterações estruturais
HUMANA Sobrecargas exageradas
DURANTE A Alteração das condições do terreno de
UTILIZAÇÃO fundação
Choques de veículos
AÇÕES
Recalque de fundações
MECÂNICAS
Acidentes (ações imprevisíveis)
Variação de temperatura
AÇÕES FÍSICAS Insolação
Atuação da água
AÇÕES QUÍMICAS
AÇÕES BIOLÓGICAS
Fonte: Souza; Ripper (1998)
causas mecânicas, sobrecargas e impactos para os quais a estrutura não havia sido
dimensionada, ou a acidentes, como sismos e incêndios, não são tão facilmente evitáveis, ao
contrário, na maioria das vezes estes agentes, podem causar consideráveis danos às estruturas.
(SOUZA; RIPPER, 1998)
O estudo da patologia nas construções de forma mais sistemática possibilitou, entre outras
coisas, fazer um associação entre a perda de desempenho e o aparecimento e desenvolvimento
de problemas nas construções. (FIGUEIREDO, 1989)
Como consequência de problemas como desgaste da edificação, incêndios, sobrecargas não
previstas, recalques diferenciados do terreno, reações químicas entre agregados e cimento entre
outros, aparecem problemas patológicos e o desempenho torna-se insatisfatório em muitas
estruturas.
Uma vez detectado o problema que atinge a edificação ou parte dela e ainda conhecendo
todos os fatores que envolvem a situação, pode-se, seguindo uma metodologia, intervir afim de
eliminar ou amenizar o problema patológico existente.
Nem sempre é fácil identificar a causa de uma fissura. Em muitos casos observa-se fissuras
originadas por uma série de causas com configurações diversas. Em alguns casos, o
diagnóstico correto só poderá ser elaborado a partir de consultas a especialistas, minuciosos
ensaios locais e de laboratório, revisão de projetos e mesmo instrumentação e
acompanhamento da obra.
No caso de não se conseguir chegar, através de levantamentos a um diagnóstico seguro,
medidas mais trabalhosas poderão ser tomadas, como a revisão de cálculos estruturais, análise
dos perfis de sondagem, tentativa de estimar recalques, etc. Medidas mais sofisticadas poderão
ser consideradas, como a instrumentação da obra com clinômetros, defletômetros,
fissurômetros, extensômetros mecânicos, pacômetros, indicador de umidade superficial, o
acompanhamento de recalques com base em referencial profundo instalado fora da zona de
influência das fundações, etc.
Quanto mais cedo forem as correções, mais duráveis, fáceis e muito mais baratas elas
serão.
O aparecimento de fissuras desempenha um papel importante na resposta do concreto
exposto aos carregamentos de tensão e compressão. A resposta de tensão-deformação do
concreto está intimamente associada com a formação de microfissuras que são consideradas as
principais causas de comportamento não linear à compressão. (ACI 224R-01, 2001)
Para saber em que consiste e para que se deve esta anormalidade, é fundamental que se
conheça todos os mecanismos que envolvem o problema.
Algumas fissuras, dependendo da abertura máxima e do ambiente a que são expostas, não
chegam a afetar a durabilidade e o desempenho estrutural do componente danificado.
33
De acordo com a Norma Brasileira ABNT NBR 6118 2014 – Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento, desempenho em serviço consiste na capacidade da estrutura manter-
se em condições plenas de utilização, não devendo apresentar danos que comprometam em
parte ou totalmente o uso para o qual foi projetada e a durabilidade consiste na capacidade da
estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do
projeto estrutural e o contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto.
Ainda segundo a NBR 6118: 2014, o cobrimento das armaduras e o controle da fissuração
minimizam problemas patológicos como despassivação por carbonatação e por ação de
cloretos.
A fissuração em elementos estruturais de concreto armado é inevitável, devido a grande
variabilidade e a baixa resistência do concreto a tração; mesmo sob as ações de serviço
(utilização), valores críticos de tensões de tração são atingidos. Visando obter bom
desempenho relacionado à proteção das armaduras quanto a corrosão e a aceitabilidade
sensorial dos usuários, busca-se controlar a abertura dessas fissuras. (NBR 6118, 2014)
Nas estruturas com armaduras ativas (concreto protendido) existe também, com menor
probabilidade, a possibilidade de aparecimento de fissuras. Nesse caso as fissuras podem ser
mais nocivas, pois existe a possibilidade de corrosão sobtensão das armaduras. (NBR 6118,
2014)
De maneira geral, a presença de fissuras com aberturas que respeitem os limites dados em
13.4.2 na NBR 6118: 2014, em estruturas bem projetadas, construídas e submetidas às cargas
previstas na normalização, não implicam em perda de durabilidade ou perda de segurança
quanto ao estado limite último, exceto a casos em que as estruturas estejam expostas a
ambientes agressivos.
As fissuras podem ainda ocorrer por outras causas, como retração plástica térmica ou
devido a reações químicas internas do concreto nas primeiras idades, devendo ser evitadas ou
limitadas por cuidados tecnológicos, especialmente na definição do traço e na cura do
concreto. (NBR 6118, 2014)
As fissuras que possuem uma atividade temporária, como as de retração por secagem, mas
que após certo tempo adquirem um caráter passivo são consideradas como fissuras ativas, uma
vez que é na fase ativa que ela deve receber o tratamento corretivo. (FIGUEIREDO, 1989)
34
Das fissuras originais devido a variações térmicas, apenas as decorrentes de mudanças nas
condições ambientais se enquadram na classificação de fissura ativa, as decorrentes do calor
de hidratação do cimento, que eleva a temperatura do concreto produzindo gradientes
térmicos entre as suas camadas, e as devido a incêndios, são classificadas como passivas,
depois de estabilizadas. (FIGUEIREDO, 1989)
A figura a seguir, casos a e b, mostram as fissurações térmicas em uma laje como no caso
“a” devido à expansão térmica das vigas de apoio e como no caso “b”, a fissuração devido a
expansão térmica em paredes com impedimento da fundação. (FIGUEIREDO, 1989)
Figura 6 - Fissuras causadas por variações térmicas do ambiente.
Outra situação típica é a que se dá nas coberturas, em particular as horizontais, muito mais
expostas aos gradientes térmicos naturais do que as peças verticais da estrutura, gerando, em
consequência movimentos diferenciados entre elementos verticais que, normalmente,
resultam em fissuração, agravada no caso de diferença de inércia como encontro lajes-vigas
ou de materiais resistentes como lajes mistas ou pré-fabricadas, no qual podemos observar na
figura a seguir: (SOUZA; RIPPER, 1998)
36
Estes três tipos de fissuras de origem química ou eletroquímica são consideradas ativas
progressivas. No entanto, as medidas corretivas para esses casos, não passam por técnicas de
correção das fissuras propriamente ditas, e sim por técnicas de reparo, uma vez que para suas
correções, quando possíveis, torna-se necessário o descascamento do concreto. Dependendo da
intensidade das reações, o concreto deve ser totalmente refeito. (SOUZA; RIPPER, 1998)
probabilidade em que ocorra o fenômeno, sendo que, quanto maior a relação superfície
livre/volume dos elementos, maiores as consequências da dessecação superficial. (DAL
MOLIN, 1988).
Figura 12 - Fissuração típica de dessecação superficial do concreto plástico.
resistência da superfície;
• Aplicar produtos de cura química (película de cura).
Os produtos agentes de cura química para concreto que agem com a finalidade de se evitar
a dessecação superficial e por consequência a formação de fissuras são compostos de
hidrocarbonetos parafínicos. Sua função é de proteger o concreto dos efeitos da desidratação
provocada pelo calor e pelo vento, proporcionando um processo de cura sem interrupção,
evitando fissuração e favorecendo o desenvolvimento de resistência mecânica.
Os agentes de cura para concreto formam uma camada (filme) protetora sobre o concreto,
sendo aplicados no momento em que a superfície apresenta um aspecto fosco.
As fissuras originadas por variação térmica que podem ser consideradas como passivas são
as produzidas por ação do fogo, no caso de incêndio, e as devido ao calor de hidratação do
cimento que eleva a temperatura do concreto, produzindo gradientes térmicos entre a camada
superficial e as camadas mais internas, e provocando com isso a separação das camadas.
(FIGUEIREDO, 1989).
As fissuras por cura térmica são resultantes do resfriamento relativamente brusco do
44
concreto após o processo de cura térmica, passando as temperaturas da ordem de 50ºC e 60ºC
até a temperatura ambiente em que, o concreto sofre uma contração térmica podendo induzir à
formação de fissuras facilitadas pela resistência relativamente pequena do material nas
primeiras idades. (THOMAZ, 1989).
geométricas da peça, das propriedades físicas e mecânicas dos materiais que as constituem e do
estágio da solicitação de carga. No caso de vigas deficientemente armadas ao cisalhamento, ou
mesmo no caso de ancoragem deficiente de armaduras, podem surgir inicialmente fissuras
inclinadas nas proximidades dos apoios. (THOMAZ, 1989).
Figura 20 - Fissuras de cisalhamento em viga solicitada à flexão.
Figura 22 - Fissuração na face superior devido à flexão por insuficiência de armadura para
os momentos negativos.
Figura 24 - Fissuração na face inferior por flexão, devida à influência de armadura para os
momentos positivos.
Figura 26 - Fissuração na face inferior da laje por deficiência de armaduras para combate
aos momentos volventes.
.
Fonte: Souza; Ripper (1998).
Figura 27– Fissuras na parte superior da laje devidas à ausência de armadura negativa.
Para a laje da figura 27, se essa fosse uma peça muito longa, ou seja, laje armada em uma
só direção, as fissuras ocorreriam apenas paralelamente ao lado de maior dimensão, posto que
a laje assume um comportamento de vigas paralelas à menor direção. (SOUZA; RIPPER,
1998)
A seguir demonstra-se o comportamento conjunto de vigas e pilares, em que o esforço de
torção existente nas vigas é transmitido ao pilar com flexão transversal, e no caso de pilar
49
e laje, com características fissuras por punsionamento desta última. (SOUZA; RIPPER,
1998).
Figura 28 - Fissuração por torção.
As fissuras de torção podem ocorrer em vigas de borda, junto aos cantos, por excessiva
deformabilidade de lajes ou de vigas que lhes são transversais, por atuação de cargas
excêntricas ou de recalques diferenciais nas fundações. Podem ocorrer também em vigas nas
quais se engastam marquises e que não estejam convenientemente armadas à torção.
(THOMAZ, 1989).
Figura 29 - Fissuração por puncionamento.
Figura 30 - Fissuras verticais em silos por efeito da tração tangencial por erro de projeto.
Podem manifestar-se também nos corpos dos pilares fissuras horizontais ou ligeiramente
inclinadas. Elas são suscetíveis de ocorrer quando os pilares são solicitados à
flexocompressão ou, num caso bem mais grave, podem ser indicativas da ocorrência de
flambagem. Na construção com componentes pré-moldados, as solicitações de
flexocompressão podem ser provocadas inclusive por deficiência de montagem da estrutura
(desaprumos, desalinhamentos, etc.). (THOMAZ, 1989).
As fissuras inclinadas ou lascamentos nas cabeças dos pilares pré-moldados, conforme
figura 35, são resultantes das concentrações de tensões normais e tangenciais nessa região do
pilar, no caso da existência de aparelho de apoio ou mesmo de sua parcial ineficácia.
Esse fenômeno foi devidamente considerado na NBR 9062:2006 Projeto e Execução de
Estruturas de Concreto Pré-Moldado, que em seu item 7.3, trata de ligações por meio de
consolos de concreto, prevendo-se a adição de uma armadura transversal complementar na
cabeça do pilar, em função inclusive
53
Os solos são constituídos basicamente por partículas sólidas, entremeadas por água, ar e
não raras vezes material orgânico. Sob a ação de cargas externas, todos os solos, em maior ou
menor proporção se deformam. No caso em que estas deformações sejam diferenciadas ao
longo do plano das fundações de uma obra, tensões de grande intensidade serão introduzidas à
estrutura, podendo gerar o aparecimento de fissuras. (DAL MOLIN, 1988)
Os recalques diferenciais podem ser gerados por incorreções várias na interação solo-
estrutura, que podem ocorrer tanto nas fases de projeto e execução, como na utilização.
De maneira geral, as fissuras provocadas por recalques diferenciados são inclinadas,
confundindo-se certas vezes com as fissuras provocadas por deflexão de componentes
estruturais. Com relação às primeiras, contudo, apresentam aberturas geralmente maiores,
54
De uma maneira geral, não é só a estrutura a ressentir-se deste efeito, mas também, as
alvenarias e os caixilhos. (SOUZA; RIPPER, 1998).
A figura 39 exemplifica um processo fissuratório surgido em uma viga em decorrência de
recalque de um de seus apoios. Deve-se referir que a prevenção contra este tipo de patologia
passará pelo adequado conhecimento do solo e das tensões e deformações. A recuperação ou
o reforço das estruturas danificadas por recalque de fundação são trabalhos extremamente
custosos.
Figura 39 - Fissura por cisalhamento, provocada por uma expansão diferencial da
fundação.
Como regra geral, as aberturas das fissuras provocadas por recalque serão diretamente
proporcionais à sua intensidade; a estruturação do edifício e todas as demais condições de
contorno, entretanto, têm influência também direta na dimensão da fissura e na extensão do
problema. (THOMAZ, 1989).
57
3 DIAGNÓSTICO
Ao se verificar que uma estrutura de concreto armado ou protendido esta “doente”, isto é,
que apresenta problemas patológicos, torna-se necessário efetuar uma vistoria detalhada e
cuidadosamente planejada para se determinar as reais condições da estrutura, de forma a
avaliar as anomalias existentes, suas causas, providências a serem tomadas e os métodos a
serem adotados para a recuperação ou o reforço. (SOUZA; RIPPER, 1998)
As principais ferramentas da Engenharia Diagnóstica são os procedimentos técnicos
investigativos, que podem ser classificados por sua progressividade e estão representados
pelas vitorias, inspeções, auditorias, perícias e consultorias. (GOMIDE et al, 2009)
Para se identificar as patologias primeiramente é necessário se fazer uma inspeção, ou
seja, uma vistoria realizada no local, utilizando testes simples e procurando obter o maior
número possível de informações, tais como identificar a ocorrência da patologia na edificação
através da observação, verificar a gravidade visando a segurança dos usuários, definindo as
medidas a serem tomadas, definindo a extensão do quadro patológico e a sequência da
vistoria, por meio da utilização dos cinco sentidos humanos, ou com a ajuda de testes e
instrumentos simples. (BRIK, 2013).
O levantamento da história evolutiva do problema, englobando desde a construção, a
utilização e a manutenção da edificação, é utilizado quando os dados obtidos na vistoria local
não são suficientes para diagnosticar a patologia. Devem ser utilizadas informações orais
recolhidas com usuários, projetistas, construtores, operários, fiscalização e vizinhos; esta
prática necessita de técnica, pois cada pessoa tem um interesse em relação à obra. Também
podem ser utilizadas as informações formalizadas, que são os projetos, memoriais de cálculos,
especificações de serviços e materiais, diários de obra, ensaios de recebimento de material,
notas fiscais e contratos de execução de serviços. (BRIK, 2013).
Se ainda assim não for possível identificar o problema, é necessária a elaboração de
exames complementares que possibilitem a obtenção de mais informações. Esses exames
podem ser físicos, químicos ou biológicos, executados em laboratório ou in loco, sendo
escolhidos de acordo com a patologia; porém, deve-se conhecer a capacidade de resolução e
possíveis erros de cada tipo de exame para que se possa fazer a análise coerente dos
resultados. (BRIK, 2013).
Os exames feitos em laboratório podem determinar as características mecânicas, tais como
resistência à compressão, resistência à tração, módulo de elasticidade, aderência, resistência à
abrasão e a impactos, propriedades físicas, tais como a densidade, permeabilidade,
59
Ensaios destrutivos:
• Extração de corpos de prova: determinação de resistências, módulo de elasticidade,
etc.;
• Ensaios de arrancamento: avaliação de aderência entre materiais e estimativas da
resistência.
Não
Histórico
Mapeamento de
anomalias
Identificação de
erros
Análise do Instrumentação
projeto e ensaios
laboratoriais
Novos Sim
dados Coleta de dados
?
Não
Análise de
dados
Não
Diagnóstico
?
Sim
Fim
4 NORMALIZAÇÃO
Buscando facilitar a compreensão quanto aos valores limites de fissuração, a seguir segue
a Quadro 5 com uma tentativa de correlacionar as normas ABNT NBR 6118:2014, First Draft
do Model Code 2010 e o ACI 224 das classes ambientais em relação ao limite de abertura de
fissuras. (CARMONA; CARMONA, 2013)
66
Ambiente Abertura
limite Wdlim
Model Code 2010 ACI 224 NBR 6118
(mm)
Ar seco ou
Sem risco de Corrosão protegido com Rural – CAA I
0,3
membranas
Corrosão por
Ambiente úmido Urbana – CAA II
carbonatação 0,2
Névoa Marinha –
Corrosão por cloretos Água do mar e CAA III
de origem marinha respingos de maré Respingos de
maré – CAA IV
Corrosão por cloretos 0,1
Quimicamente
de origem diferente à
Sais de degelo agressivo – CAA IV
marinha
Fonte: Carmona; Carmona (2013)
Neste trabalho serão descritas recomendações da norma, não incluindo fórmulas para
cálculos utilizados em projeto.
No item 13.3.2 são definidos os limites para fissuração e proteção das armaduras quanto à
durabilidade.
A abertura máxima característica das fissuras, desde que não exceda valores da ordem de
0,2 mm a 0,4 mm, (conforme Quadro 6) sob ação das combinações frequentes, não tem
importância significativa na corrosão das armaduras passivas.
Como para as armaduras ativas existe a possibilidade de corrosão sobtensão, esses limites
devem ser mais restritos em função direta da agressividade do ambiente, dada pela classe de
agressividade ambiental.
Na Tabela 13.4 da NBR 6118, neste trabalho denominado Quadro 6, são dados valores
limites da abertura característica (wk) das fissuras, assim como outras providências visando
garantir proteção adequada das armaduras quanto à corrosão. Entretanto, devido ao estágio
atual dos conhecimentos e da alta variabilidade das grandezas envolvidas, esses limites devem
ser vistos apenas como critérios para um projeto adequado de estruturas.
Embora as estimativas de abertura de fissuras feitas em 17.3.3.2 da NBR 6118 devam
respeitar esses limites, não se deve esperar que as aberturas de fissuras reais correspondam
estritamente aos valores estimados, isto é, fissuras reais podem eventualmente ultrapassar
67
esses limites.
A seguir segue o Quadro 6 com dados das exigências de durabilidade relacionadas à
fissuração e à proteção da armadura, em função das classes de agressividade ambiental
extraída da NBR 6118: 2014.
Concreto Combinação
Pré-tração com CAA I ou ELS-W w ≤ 0,2 mm
protendido nível 1 k
Pós-tração com CAA I e II frequente
(protensão parcial)
Documento Descrição
EN 1504 – 1 Descreve os ternos e definições compreendidos na norma
EN 1504 – 2 Fornece especificações para produtos/sistemas de proteção
superficial do concreto
EN 1504 - 3 Fornece especificações para reparação estrutural e não estrutural
EN 1504 - 4 Fornece especificações para colagem estrutural
EN 1504 – 5 Fornece especificações para injeção em concreto
EN 1504 – 6 Fornece especificações para ancoragem de armaduras
EN 1504 – 7 Fornece especificações para proteção da armadura contra corrosão
EN 1504 – 8 Descreve o controle de qualidade e avaliação de conformidade dos
fabricantes
ENV 1504 – 9 Define os princípios gerais para uso de produtos e sistemas de
reparo e proteção
EN 1504 - 10 Fornece informações sobre a aplicação e o controle de qualidade dos
trabalhos
Fonte: EN 1504 (2008)
O range de abertura de fissuras considerada na EN 1504 parte 5 varia entre 0.1 mm e 0.8
mm, medida na superfície.
Os objetivos de injeção no concreto, conforme a norma são:
• impermeabilizar e permitir a estanqueidade futura;
• evitar a penetração de agentes agressivos;
• reforçar a superfície através do reforço do concreto.
De acordo com a Norma EN 1504 – Parte 5, em geral, os produtos utilizados para injeção
em fissuras são:
• (D) Poliuretanos e acrílicos;
• (F) Resina se epóxi, poliéster e produtos cimentícios;
• (S) Poliuretanos e acrílicos.
Características de
Requisitos (Quadro 3.c da EN 1504 parte 5)
desempenho
Estanque a água a 2105 PA
Características de
Estanqueidade a água Estanque a água a 7105 PA (aplicações
base
especiais)
Expansão e razão de
expansão por imersão Valor declarado
Características de
em água
trabalhabilidade
Trabalhabilidade - ≤ 60 MPa - percentagem da fissura cheia > 95
Viscosidade %
Características de Tempo de
Valor declarado
reatividade trabalhabilidade
Sensibilidade à água:
razão de expansão A razão de expansão deve atingir um nível
causada por conservação constante durante a imersão em água
em água
Nenhuma alteração da razão de expansão após
Sensibilidade a ciclos de
a imersão em água e após os ciclos secagem-
secagem-moldagem
molhagem
Durabilidade As resistências em relação aos provetes
conservados em água não devem variar mais
de 20 %. As resistências são medidas
Compatibilidade com o aplicando uma carga de compressão à
concreto velocidade de 100 mm/min com uma punção
de 20 mm Ø munida de uma cabeça cônica
(ângulo 60°).
Registra-se a curva de carga-deformação.
Fonte: Basf (2009)
75
5 INJEÇÃO EM FISSURRAS
A seleção do sistema de reparo deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa da extensão
e causa da fissura, os processos podem ser selecionados para realizar um ou mais dos
seguintes objetivos: (ACI 224.1 R-07, 2001)
i. Restaurar ou aumentar a resistência;
ii. Restaurar ou aumentar a rigidez;
iii. Melhorar o desempenho funcional;
iv. Promover estanqueidade;
v. Melhorar o aspecto da superfície do elemento;
vi. Garantir durabilidade;
vii. Impedir o desenvolvimento de corrosão de armaduras.
A aplicação dos adesivos pode ser feita por gravidade, por injeção sob pressão ou por
capilaridade, conforme o caso.
O selamento das fissuras deve ser realizado nos casos em que a reparação estrutural não é
necessária. Este método envolve a abertura da fissura ao longo de sua face exposta e o
preenchimento com um selante apropriado.
Figura 48 - Reparação de fissura por roteamento e selagem.
Quanto mais baixa for à viscosidade, mais fina poderá ser a fissura a ser preenchida.
Para se obter melhor desempenho no preenchimento as fissuras deverão estar secas. O
composto aplicado sobre a superfície pode ser espalhado com vassoura, rolo ou rodo.
A utilização deste método em placas elevadas exigirá selagem das fendas na parte inferior,
para conter o material que irá vazar através da fissura. (ACI 224.1 R-07, 2001)
Este método é ineficiente em fissuras que contêm quantidades significativas de lama,
humidade ou outros contaminantes.
Tem como principal finalidade selar as fissuras, de modo a impedir agressões externas e
estancar infiltrações, inclusive com fluxo de água intenso.
As resinas de poliuretano apresentam baixa viscosidade, possuem excelente aderência,
grande durabilidade e se polimerizam com água sendo também impermeáveis.
As injeções com poliuretano devem ser executadas utilizando-se bombas de injeção de
alta pressão e através de bicos de injeção metálicos de perfuração, como os mostrados na
figura 49.
Figura 49 - Bomba de injeção de resinas de poliuretano e bicos de injeção.
.
ii. A instalação dos bicos deverá ser de tal forma que eles possam resistir à máxima
pressão de injeção, apertando-os com chave de boca;
iii. A válvula de retorno deve ser fixada no primeiro bico e o processo de injeção poderá
ser iniciado. Para injeções executadas em superfícies inclinadas ou verticais o
processo deverá ser iniciado pelos bicos posicionados mais abaixo:
80
iv. Para os casos com necessidade de estancamento de água deve ser aplicado o
poliuretano em forma de espuma e em seguida o gel de poliuretano.
5.3.4 Obras
82
As injeções com resina de gel acrílico têm como finalidade impermeabilizar as fissuras
das estruturas de concreto.
Através de perfuração na estrutura, até atingir a interface do sistema impermeabilizante
existente, pode-se injetar o gel acrílico polimérico que, ao curar, forma uma membrana
elástica impermeável, resistente, estável, durável e com boa adesão a substratos tanto secos
como úmidos. (MC-BAUCHEMIE, 2014)
A resina de gel acrílico apresenta características como: (PIRES, 2014)
• Baixa viscosidade - o que garante a injeção em fissuras a partir de 0,1 mm;
• Excelente aderência;
• Grande durabilidade;
• Flexibilidade – podendo ter alongamento maior do que 200%;
A resina de gel acrílico polimérico possui alta resistência mecânica e química não sendo
prejudicial ao meio ambiente. (MC-BAUCHEMIE, 2014).
A seguir segue imagem da bomba de alta pressão de injeção de 2 componentes utilizadas
para aplicação de gel acrílico polimérico.
86
Figura 66 - Bomba de alta pressão de injeção de bi-componente para gel acrílico – MC-I
700.
O método de fixação dos bicos é similar ao de injeção de fissuras com bicos tipo cortina
conforme item 6.3.3. O objetivo da aplicação deste produto é de formar uma membrana
impermeabilizante e, devido à sua baixa viscosidade, permite que esta percole facilmente na
interface solo/concreto.
5.4.1 Obra
Figura 67 - Infiltrações através de fissuras – Interligação Estação Luz – Metrô São Paulo.
Figura 68 - Tratamento das fissuras com injeção de gel acrílico polimérico – Interligação
Estação Luz – Metrô São Paulo.
Figura 69 - Selamento com gel acrílico polimérico – Interligação Estação Luz – Metrô
São Paulo.
Figura 70 - Aspecto após término do tratamento– Interligação Estação Luz – Metrô São
Paulo.
Trata-se de uma resina reativa para vedação de fissuras em lajes de concreto cujas
características principais são sua baixa viscosidade e cura rápida.
A resinas metil-metacrilato pertencem a família das resinas acrílicas, possuem baixa
viscosidade e podem ser utilizados em temperaturas entre -10 ºC e 40 ºC, sendo que quanto
mais se aproxima de 40 ºC, menor será o tempo de utilização do produto.
Possuem alto peso molecular e são usados como selantes sem solventes para concreto.
Estes adesivos geralmente partilham das mesmas características dos adesivos de poliéster.
Eles são mais comumente usados por mistura com agregado miúdo para formar uma
argamassa colante fluida. (ACI 503.5R-92, 2003)
A fluidez da argamassa pode ser controlada pela quantidade de agregado adicionado. A
argamassa pode ser usada como um adesivo para preencher fissuras e fornecer uma cura
rápida para o serviço entre 30 minutos e 2 horas em quase todos os casos. (ACI 503.5R-92,
2003)
A resina curada cria uma barreira que impede a passagem de água e que contaminantes
penetrem no substrato evitando a deterioração prematura da estrutura.
De maneira geral, este produto é aplicado por gravidade e são recomendados os seguintes
passos para sua aplicação: (DEGUSSA, 2004)
i. O substrato de concreto deve ser inspecionado antes da preparação, as fissuras
superficiais devem estar isentas de poeira, sujeira, óleo, nata de cimento, compostos de cura e
outros contaminantes. A parte inferior do elemento (laje) deve ser verificada para sinais de
vazamento devido a fissuras com profundidade total. O metacrilato deve ser aplicado em local
seco, portanto deve ser dada atenção a previsão do tempo, quando a aplicação se der em locais
abertos;
ii. O substrato deve estar livre de poeira e as fissuras devem estar expostas para aplicação
do produto;
iii. Após misturados os componentes devem ser utilizados rapidamente, principalmente
em locais com temperaturas ambiente acima de 25 ºC;
iv. O produto deve ser espalhado com rolos de pintura e trincha, trabalhando o material
sobre as fissuras.
v. Aguardar a cura
89
5.5.1 Obras
(A) (B)
(C) (D)
(E) (F)
Em fissuras com mais abertura, esta propriedade garante o completo preenchimento das
mesmas sem deixar vazios. (ALMEIDA, 2003)
Resinas epóxi normalmente são muito sensíveis à presença de água/umidade. A presença
de água/umidade pode causar o aparecimento de bolhas na matriz do produto. Estas bolhas
93
Essas fissuras são geralmente reparadas através da injeção de resinas epoxídicas de grande
fluidez. A seguir segue procedimento indicado:
i. preparar o substrato através de jateamento ou lixamento;
Se a fissura ocorrer dos dois lados do elemento estrutural (fissura passante), adotar os
procedimentos acima nas duas faces. Os furos das duas faces deverão ficar defasados e a
injeção ser alternada entre elas.
Essas fissuras são também, normalmente, reparadas com resinas epoxídicas de grande
fluidez, aplicadas por injeção ou, em algumas situações, por gravidade.
O método de aplicação depende da posição da fissura em relação ao elemento estrutural,
de sua abertura mínima e do fato dela ser, ou não passante.
penetração da resina e evitar perdas excessivas, pode-se confeccionar uma pequena canaleta
provisória (com gesso ou massa de vidro) envolvendo toda a fissura. A infiltração da resina
pode ser ainda mais favorecida pela execução prévia de furos ao longo da fissura pela face
superior do elemento tratado (ver Figura 78).
iii. A medida que a resina fluir por um suspiro, ele deverá ser vedado;
iv. Após o endurecimento da resina, demolir a canaleta e dar acabamento superficial com
lixadeira;
Como no caso de fissuras passantes, nas fissuras que ocorrem apenas na face superior do
elemento estrutural, é interessante a verificação inicial da possibilidade de aplicação da resina
por gravidade.
A verificação de tal possibilidade, neste caso, pode ser desenvolvida da seguinte maneira:
i. limpar toda a extensão da fissura, através de jato de ar comprimido e jato d’água. Em
função do tipo de material ou produto que tenha nela, porventura, penetrado, pode ser
necessária a utilização de desengordurantes ou solventes específicos, que, posteriormente,
deverão ser completamente eliminados através de lavagem;
ii. em ponto situado em um dos terços extremos da extensão da fissura, executar furo
com broca de vídea (diâmetro de 6 a 10 mm) que atravesse toda a espessura do elemento
estrutural, e proceder à sua limpeza com ar comprimido e escovação;
iii. a uma distância do furo igual a duas vezes a espessura do elemento, confeccionar
canaleta provisória com 10 cm de extensão;
iv. após a completa secagem do substrato, lançar a resina (preparada em pequena
quantidade) dentro da canaleta, e verificar se há, na face inferior do elemento estrutural,
extravasamento de resina pelo furo.
Um bom fluxo de resina extravasando será sinal de possibilidade de aplicação da resina
por gravidade. Caso contrário, a injeção por ar comprimido deverá ser utilizada.
5.6.5 Fissuras apenas na face inferior - Possibilidade de acesso somente pela face
inferior
Caso não seja possível a execução de furos que atinjam a face superior do elemento
estrutural, a injeção deverá ser feita pela face inferior.
Esta operação é bastante delicada e sem garantia de preenchimento total da fissura pela
resina.
A aplicação da resina pode ser feita através da sequência de procedimentos a seguir, desta
vez sendo exemplificada através de mangueiras de injeção. Este procedimento não é muito
utilizado atualmente, no qual são feitas injeções com bicos de adesão de superfície.
As diferenças e semelhanças entre o método de injeção através de bicos de adesão de
superfície e mangueiras plásticas podem ser observadas comparando os processos da
sequência a seguir com o item 5.6.1.5.
i. executar furos (φ = 12,5mm) para instalação dos suspiros (mangueiras φ = 8 mm) e
das mangueiras de injeção (φ = 10 mm), e verificar a intercomunicação entre eles;
ii. limpar toda a extensão da fissura e os furos, através de ar comprimido, escovação e, se
indispensável, através de jato d’água;
iii. com o substrato completamente seco, instalar mangueiras plásticas transparentes e
obturar completamente a fissura;
iv. aplicar a resina por uma das mangueiras de injeção, enquanto as outras ficam
obstruídas;
99
v. quando a resina começar a sair por um dos suspiros, parar a injeção, obstruí-lo, assim
como a mangueira por onde se executava a injeção e começar a injetar pela mangueira
seguinte;
vi. continuar a sequência até que a resina flua pelo último suspiro, que deve ser instalado
na extremidade final da fissura;
vii. após 24 horas, retirar as mangueiras plásticas por corte e broqueamento, obturar os
orifícios com o adesivo epóxi e dar acabamento por lixamento.
Fissuras de grande abertura são geralmente tratadas aplicando-se o material de reparo por
gravidade, desde que a fissura atinja a face superior do elemento estrutural, conforme mostra
a Figura 80. Quando a fissura afeta apenas faces laterais ou inferiores do elemento, o
tratamento é feito por injeção, segundo procedimentos.
.
Fonte: Piancastelli (1997)
100
A escolha do material de reparo é feita com base na abertura mínima da fissura e de sua
posição em relação à estrutura.
São, normalmente, utilizados:
• resina de base epoxídica de elevada fluidez e resistência, pura ou misturada com areia
sintética de grande finura. A mistura garante redução de custos e previne problemas de
expansão e retração térmicas, sendo que a relação areia/resina é, também, definida em função
da abertura da fissura;
• resinas epoxídica de média fluidez;
• argamassas, aditivadas com agentes compensadores de retração;
• argamassas “grout” de base mineral ou epoxídica.
5.6.7 Obras
5.7 Microcimento
5.7.1 Aplicações
5.7.1.1 Obras
.
Fonte: Granto (2009)
caminhos para a passagem da água. Quando não há água dentro da fissura, os cristai
permanecem dormentes, mas, assim que ela aparece, os cristais voltam a crescer protegendo o
concreto. (OURIVES, 2009)
106
6 COMENTÁRIOS E CONSIDERAÇÕES
O diagnóstico correto sobre as causas das patologias nas estruturas de concreto são
fundamentais para que se possa obter êxito na terapia.
A imprecisão na análise das causas das fissuras pode levar a um reparo inadequado,
mascarando o real problema e, portanto, dificultando e tornando mais cara a solução final.
Através desta revisão bibliográfica podemos constatar a importância das Normas em todas
as etapas de vida de uma estrutura, qualquer desvio nocivo durante o projeto, a construção e o
uso de uma estrutura, pode gerar grandes prejuízos.
No decorrer das pesquisas foi constatada certa deficiência em material de pesquisa
acadêmica como teses e dissertações mais atuais, sendo mais notória uma diferença nas
técnicas de aplicação de produtos, proporcionadas por componentes importados mais
modernos, constatada durante algumas entrevistas com profissionais do setor.
Seria de grande importância o desenvolvimento de uma norma brasileira com o enfoque
da Norma EN 1504, de modo que se possam padronizar procedimentos e boas práticas em
trabalhos de recuperação e reforço em estruturas.
107
REFERÊNCIAS
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Guide for the Selection of Polymer Ad hesives with
Concrete. ACI 503.5R-92, USA, 2003. 16p.
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Guide for the Application of Epoxy and Latex
Adhesives for Bonding Freshly Mixed and Hardened Concretes, ACI 548.11R-12. USA, 2012.
8p.
DEGUSSA CORPORATION. Methacrylate reactive resin for sealing cracks and concrete
slabs. USA, 2004. 3p.
GOMIDE, L. F. et al. Engenharia Diagnóstica em Edificações. São Paulo: Pini, 418p 2009.