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em Portugal. O sobreiro faz parte das áreas mediterrânicas há séculos, embora não haja
consenso sobre a origem (APCOR,2012).
Mesmo com a evolução positiva do setor industrial e com o aumento das exportações de
cortiça, até a Primeira Guerra Mundial, as principais exportações do país ainda eram de
cortiça bruta e semi manufaturada. No início da década de 1930, Portugal era um dos
países menos desenvolvidos da Europa e essa situação económica e social mantém-se
até a década de 1960. Em 1931, com a implementação de uma nova política de
condicionamento industrial do governo (“Novo Estado”), foi iniciada e isso resultou na
substituição da indústria manufatureira nacional pela agricultura e comércio. Isso
originou uma indústria de fabricação menos competitiva, sem novos investimentos.
Também durante a década de 1930, um conjunto de leis regulatórias corporativas foi
desenvolvido. Em 1936, foi criada a Junta Nacional de Cortiça. Esta agência
governamental foi criada com funções nas áreas de orientação, investigação, supervisão
e promoção do setor da cortiça portuguesa.
Pela importância que a cortiça começa a assumir para Portugal, nasce, em 1956, a
Associação Portuguesa da Cortiça, mas sob o nome de Grémio Regional dos Industriais
de Cortiça do Norte. De acordo com Pestana e Tinoco (2009), na década de 1960 houve
uma mudança substancial em nível nacional na indústria de transformação de cortiça,
causada pelo aumento dos custos de mão-de-obra nos países industrializados e também
pelo aumento dos custos de transporte. Países como Portugal e Espanha começaram a
ganhar novas indústrias que saíam de países industrializados e começaram a produzir
produtos com maior valor agregado.
Com a Revolução dos Cravos, em abril de 1974, o regime político mudou para um
sistema democrático. Os primeiros anos foram preocupados com ocupações,
desapropriações, nacionalizações e várias reivindicações. Isso originou uma ruptura
com o modelo anterior de desenvolvimento e causou grande instabilidade política. Esta
instabilidade, associada à segunda crise do petróleo de 1979 e às duas intervenções da
Fundação Monetária Internacional, encontrada em 1977 e 1983, teve sérias
consequências no setor da cortiça, sobretudo na produção florestal.
Desde o início dos anos 80, com a banalização da electrónica nos processos produtivos
e a introdução de trabalhadores mais qualificados, observamos um aumento na
introdução de tecnologias. Essas mudanças permitiram um salto de qualidade no setor.
Nos anos 90, a estrutura da indústria de cortiça sofreu alterações durante este período,
com a indústria de processamento ganhando mais importância em relação à indústria de
preparação de cortiça em bruto. A adesão ao mercado europeu também permitiu à
indústria de processamento portuguesa obter acesso a novas fontes de cortiça em bruto
que hoje são importadas e transformadas em Portugal para criar produtos orientados
para a exportação.
Nas últimas décadas, o setor português da cortiça tornou-se uma das atividades agrícolas mais
importantes em Portugal. Atualmente é o maior país produtor e exportador de produtos de
cortiça. Este relatório procura oferecer uma análise comparativa do setor de cortiça português
no ano de 2004 e 2013, quanto à estrutura de mercado, mas também à dinâmica competitiva -
aos esforços de inovação e diferenciação realizados no setor. Constatamos que o existe levado
concentração e pouca integração das atividades no setor em Portugal. A Investigação e
Desenvolvimento (I&D) deve continuar a representar um investimento importante para o pais
manter a sua posição pioneira a nível mundial no setor. Para a construção de uma análise
crítica sustentada, as evidências foram recolhidas primordialmente da análise de informações
públicas disponíveis online, como o quadro do setor disponibilizado pelo Banco de Portugal,
INE (Instituto Nacional de Estatística) ou APCOR (Associação portuguesa de cortiça).
INTRODUÇÃO
Após estabelecido que a análise a realizar seria setorial, a seleção do setor da cortiça
português para realizar o trabalho em causa tornou-se clara. Portugal, apesar da sua pequena
dimensão geográfica e económica, tornou-se nas últimas décadas o maior produtor e
exportador de produtos e derivados de cortiça (APCOR,2018). Embora fosse da nossa
preferência analisar a indústria em 2008 e 2018, comparando-a nestes dois anos, devido à
falta de dados para os mesmos, optámos por selecionar 2004 e 2012.
O presente trabalho, através de estatísticas diversas, procura assim oferecer uma análise
comparativa do setor de cortiça português no ano de 2004 e 2012, quanto à estrutura de
mercado, mas também à dinâmica competitiva - aos esforços de inovação e diferenciação
realizados no setor.
É neste sentido que além da Introdução, o trabalho apresentado está dividido em mais quatro
partes. No capítulo dois, apresentaremos uma breve abordagem histórica, identificando os
principais marcos em termos da evolução do setor da cortiça, como analisaremos alguns dados
sobre a importância desse setor tradicional para a economia portuguesa e sobre a evolução do
setor de transformação industrial a ele associado.
k
por C k =∑ Si , onde Si é a quota de mercado da empresa i, onde as empresas são numeradas
i=1
por ordem decrescente da quota de mercado. O valor de C k varia entre k/n , onde n é o
número total de empresas (situação de concentração mínima) e 1 (situação de concentração
máxima). Para estarmos numa situação de concentração mínima todas as empresas têm de ter
a mesma quota de mercado.
n
2
O índice de Herfindahl – Hirshman) é determinado por H=∑ S i , onde Si também é a quota
i=1
Na análise comparativa dos anos em causa optou-se por utilizar os índices anteriormente
apresentados para medir a concentração horizontal. Sendo que no índice discreto de
concentração apenas consideramos as 4 maiores empresas do setor (C 4). A lista de nomes das
40 principais empresas do setor, no ano de 2004 e 2012, e os respetivos volume de negócios e
número de empregados pode ser observada no anexo x.
Após a realização dos cálculos necessários, pode-se observar que, em 2004 e 2012 em média,
cada uma das 40 empresas faturou respetivamente 19 889 632€ e 23 071 108€ . É de se
salientar que a média é menor que o desvio-padrão em ambos os anos. Isto significa que esta
média não é simétrica (valida), existe um elevado número de empresas afastadas do valor
médio. Por isto, vamos considerar para cada ano a média das 4 primeiras empresas e dividir
pela média global (Ano 2004: 130 805 697/19 889 632 ≈ 6,58 e Ano 2012: 160 290 654/23
071 108 =6,95), ou seja, a relação entre a média das 4 primeiros empresas e a média global é
aproximadamente 6,58 e 6,95 vezes mais. Esta comparação permite substituir o desvio padrão
do ponto de vista económico.
Não é raro encontrar mercados em que uma das empresas detêm uma quota superior a 50% e
um conjunto de pequenas empresas que repartem entre si o restante mercado, o setor da
cortiça em Portugal é um desses casos. Podemos observar (anexo x), como já espectado, que a
Corticeira Amorim, S.G.P.S., S.A apresenta a maior cota de mercado nos dois anos em análise e
inclusive que se registou um aumento. Também podemos constatar que o índice HH apresenta
valores elevados sugerindo potencialidade para a prática de poder de mercado ou de uma
posição dominante. As restantes empresas oscilam um pouco de ano para ano, mas mantêm
uma trajectória estável.
Nas tabelas apresentadas é possível observar que os índices C 4 e H diferem quanto ao grau de
concentração da indústria nos dois anos em causa. O motivo da diferença recai sobre as
limitações técnicas do C4, uma vez que este agrega apenas a participação das quatro maiores
firmas do setor. Já o HH sintetiza de forma mais correta a evolução da concentração nesse
mercado.
Ou seja, podemos cosiderar que em 2004 mercado era moderadamente concentrado (0,15
HH=0,22 0,25), mas em 2012 altamente concentrado (HH=0,35 0,25). O aumento no índice
Herfindahl indica uma diminuição da concorrência e um aumento do poder de mercado.
HISTORIA
A produção de cortiça tem uma longa tradição e é uma das
atividades mais relevantes em Portugal. O sobreiro faz
parte das áreas mediterrânicas há séculos, embora não
haja consenso sobre a origem das espécies.
.
Portugal pode orgulhar-se de ter sido pioneiro na legislação ambiental, tendo sido
promulgadas as primeiras leis agrárias que protegem as florestas de cortiça no início do século
XIII, em 1209.
Os sobreiros são ecossistemas delicadamente
equilibrados, muito específicos que persistem apenas
na região mediterrânica (Argélia e Marrocos) e
particularmente no sul da Europa como em Portugal,
onde é a maior área de sobreiro (cerca de 730 mil
hectares, representando 33% de toda a cortiça do
mundo).
Consideradas património nacional, as florestas de
sobreiro estão legalmente protegidas há séculos
(Decreto-Lei 169/2001). As árvores podem não ser
cortadas e existem incentivos para a plantação e
exploração de florestas de sobreiro. Esta iniciativa,
pioneira em Portugal, foi claramente uma boa decisão,
uma vez que a colheita de cortiça tornou-se uma
indústria de grande importância económica e Portugal
tornou-se o principal exportador internacional de
cortiça.
Em Portugal, as florestas de sobreiro representam cerca
de 21% da área florestal total e são responsáveis pela
produção de mais de 50% da cortiça consumida em
todo o mundo. Estas florestas têm espécies designadas
pela Quercus (Associação Nacional Quercus para
Conservação da Natureza) - grandes áreas de azinheira
(Quercus rotundifolia), pequenas áreas de carvalho
pirenaico (Quercus pyrenaica) e, acima de tudo,
sobreiros (Quercus suber L). De toda a flora das
florestas de sobreiro, o sobreiro é a espécie mais
numerosa e pode ser encontrada em todo o país, desde
o Minho, no norte, até o Algarve, no sul, exceto nas
áreas mais severas de Trás-os-Montes e no colinas e
encostas mais frias do norte de Portugal. No entanto, os
sobreiros são mais comumente associados à paisagem
do Alentejo, onde realmente crescem em grande
escala.
Apesar dos muitos desafios enfrentados pelo setor, este apresenta boas perspectivas
de sucesso nos próximos anos, principalmente devido aos importantes avanços
tecnológicos que o setor alcançou recentemente.
Porém, no final do século, com o forte crescimento da floresta na Península Ibérica, reduziu a
sua participação para apenas 34% da área total do mundo (Barreira et al., 2010). A distribuição
de sobreiros em todo o mundo é tradicionalmente confinada à região do Mediterrâneo, com
expressão em sete países apresentada na Tabela x.
Os sobreiros são muito importantes em Portugal e são a terceira espécie de árvore mais comum
(o número um é o pinheiro e o número dois é o eucalipto), representando cerca de 22,5% das
árvores, de acordo com o último inventário nacional relativo ao ano de 2010. A maior parte da
floresta de sobreiro (84%) está localizada no sul do país, na região do Alentejo (Barreira et al.,
2010).
Observando os níveis de produção de cortiça nesses países e em outros (Tabela x), observamos
que cada país mantém as posições anteriores para que países com mais área florestal produzam
mais cortiça, conforme o esperado Preparação.
País Produção anual Percentagem
Tabela x- (toneladas) Produção de
cortiça por país Portugal 100,000 48% (Ton). e
Espanha 61,504 31%
respetivas importâncias
Marrocos 11,686 6%
relativas (%) (Fonte: Boletim
Argélia 9,915 5%
Estatístico 2013, Tunísia 6,962 4% APCOR)
Itália 6,161 3%
Podemos França 5,200 3%
também
observar que Total 201,428 100%Portugal é
responsável por 48% do
total de produção de
cortiça, com apenas 34% da floresta mundial de sobreiro, o que indica melhores níveis de
produtividade do que nos outros países. No lado oposto, temos o caso de Marrocos, que
representa 18% da área total de cortiça, mas produz apenas 5,8% da produção total de cortiça.
Podemos constatar que o número de empresas da indústria da cortiça aumentou de 2011 para
2012, na ordem dos nove por cento, contrariando a tendência registada nos últimos anos.
A tabela x e o gráfico x mostram que a produção total do setor pode ser dividida em três
componentes principais: a indústria de preparação de cortiça, a produção de rolhas e a
produção de outros produtos.
Tabela x – Número de empresas por atividade Fonte: INE | Sistema de Contas Integradas das Empresas.
Grafico x – Número de empresas por atividade Fonte: INE | Sistema de Contas Integradas das Empresas.
Gráfico x – Distribuição geográfica das empresas (Fonte: APCOR - Boletim Estatístico 2014)
Como podemos observar no gráfico x, Portugal enfrentou uma diminuição no valor das
exportações de cortiça em 2012 face a 2004 e destaca-se uma queda acentuada em 2009 como
reflexo da crise financeira e económica global. A partir de 2010 o setor demonstra alguma
recuperação. APCOR (2015) estudou o impacto da crise económica e financeira no setor da
cortiça portuguesa e identificou a diminuição do poder de compra nos nossos principais países
de destino (França, Estados Unidos e Espanha) como a principal causa da diminuição registada.
Essa queda repercutiu nos níveis de produção e emprego do setor.
Cubos,placas,folhas,tiras,etc. 1%
Pavimentos,Isolamnetos,Revestimentos,etc 24%
Gráfico x- Estrutura das vendas (exportações) de cortiça por tipo de produtos em valor – 2012
Como podemos observar, os produtos de cortiça mais importantes exportados são as rolhas de
cortiça natural, que representam mais de 40 %. Uma vez que o principal sector de destino dos
produtos de cortiça é a indústria vinícola que absorve 68,4 por cento de tudo o que é
produzido. (APCOR,2013).
A cortiça em bruto tem uma diminuta importância no total das exportações, devido a
mudanças importantes que ocorreram ao longo do século passado no setor, transferindo o
país de exportador de cortiça em bruto para exportador de produtos transformados. Também
outras aplicações de cortiça começam a ganhar importância em termos de exportação, ao
mesmo tempo em que novos usos e produtos começam a surgir.
O IVCR, também conhecido como Índice de Balassa, é uma medida de comparação para dados
de exportação de um determinado país. A ideia consiste em “revelar” os setores sólidos de um
país através da análise das exportações reais. É um marcador das estruturas de exportação de
um país ao longo do tempo e pesa as exportações de um determinado setor nas exportações
mundiais desse setor. O que permite medir o peso das exportações de um país em particular
nas exportações mundiais de um setor específico.
As análises do GEE (Tabela X) permitem concluir que os produtos de cortiça e cortiça são as
exportações portuguesas com maior IVCR, com um valor de 155,.29 em 2012. Como podemos
observar, os produtos de cortiça são de longe a classe de produtos com maior índice na
economia portuguesa, ocupando o segundo lugar as exportações de produtos cerâmicos que
apresentaram um IVCR de 6,00 em 2012. Esta é uma prova da vitalidade do setor da cortiça
portuguesa nos mercados internacionais. O setor manteve sua importância na última década,
uma consequência dos importantes investimentos feitos em inovação, como veremos no
capítulo quatro.
Merger Guidelines, 2010. 2010 Horizontal Merger Guidelines. US Department of Justice and
Trade Federal Comission.
https://www.researchgate.net/profile/Enika_Gregoric/publication/288962948_Crop_producti
on_and_drought_in_Serbia_in_light_of_climate_change/links/5a37bd9ca6fdccdd41fdb584/Cr
op-production-and-drought-in-Serbia-in-light-of-climate-change.pdf#page=319
Barreiras
https://docplayer.com.br/5440620-Concentracao-industrial-e-competitividade-uma-analise-
do-setor-de-cervejas-do-brasil-1997-2012.html
Entre as diversas definições presentes na literatura, segundo Bain (1968) as barreiras à entrada
refletem a capacidade das firmas estabelecidas poderem elevar os preços no longo prazo
acima dos seus custos mínimos de produção e distribuição, sem atrair potenciais entrantes.
Stigler (1983) defende que as barreiras à entrada refletem o custo de produção para dados
níveis de outpout que um potencial entrante tem que suportar, mas que não existem para a
empresa já estabelecida no mercado, o que lhes dá uma vantagem competitiva. Estes custos
são normalmente designados por “sunkcosts” ou seja custos que não podem ser revertidos,
como por exemplo, os estudos de mercado, e custos com publicidade e equipamentos.
Podemos dizer que barreiras à entrada são obstáculos que inibem as empresas que se
encontram fora do mercado de entrar e concorrerem com as empresas já instaladas
(incumbentes) num determinado mercado. Estas dependem das características estruturais do
mercado e do comportamento estratégico das empresas já instaladas. São portanto as
condições que não são controladas pelas empresas incumbentes.
Segundo Porter (1986), existem seis fontes principais de barreiras: economia de escala;
necessidade absoluta de capital; diferenciação do produto; custos de mudança; acesso aos
canais de distribuição e desvantagens de custo em detrimento da escala.
As barreiras de cariz financeiro à entrada de novos operadores são da maior relevância. Como
exemplo, o ciclo de exploração do sobreiro é muito longo, 43 anos até à primeira extração e
ciclos de extração de 9 em 9 anos, o que obriga a uma elevada imobilização de capital por um
longo período.
…..
…..
Diz-se que se verificam barreiras à saída quando uma empresa instalada tem de incorrer,
direta ou indiretamente, num custo suplementar para sair do mercado. Como é sobejamente
conhecido na literatura económica, as barreiras à saída de uma actividade económica acabam
por desencorajar a entrada nessa mesma actividade funcionando, embora de forma indireta,
como barreiras à entrada.
As principais fontes de barreiras à saída são: ativos especializados (com baixo valor de
liquidação ou elevados custos de conversão ou transferência); custos fixos de saída (incluem,
por exemplo, indemnizações); relações estratégicas (com outros negócios da empresa, em
termos de imagem, marketing, acesso ao mercado de capitais); barreiras emocionais
(identificação com o negócio, lealdade, medo, orgulho); restrições de ordem social ou
governamental.
O nosso principal objetivo neste estudo foi desenvolver uma análise comparativa do setor de
cortiça português no ano de 2004 e 2012, quanto à estrutura de mercado, mas também ao
papel na dinâmica competitiva dos esforços de inovação e diferenciação realizados no setor.
Tentamos fornecer uma visão geral do setor de cortiça, mas não podemos esquecer que,
devido à extensão do setor e aos vários tipos de aplicações da matéria-prima, encontramos
várias realidades diferentes e não conseguimos reproduzir todas elas.
Portugal tornou-se o maior produtor mundial de cortiça e, mais importante, conseguiu passar
de uma posição de produtor e exportador de matérias-primas para uma posição de um dos
principais importadores de cortiça em bruto com o objetivo de processar este material e
transformá-lo em produtos de maior valor agregado que podem ser exportados.
Verificamos que o setor sofreu um efeito negativo com a introdução de novos materiais
competitivos no mercado rolheiro, embora este ainda seja a principal utilidade da cortiça e
representa a maior fatia da produção do setor. Apesar desses efeitos, as empresas desse setor
conseguiram introduzir produtos e sistemas de produção de maior qualidade, ao mesmo
tempo em que a I&D ganhava mais importância na descoberta de novos campos em termos de
usos da cortiça. Novos produtos transversais tem sido desenvolvidos na tentativa de introduzir
mais dinâmica no setor. Segundo o Compete 2020, vários são os projetos inovadores
apresentados neste setor. O desenvolvimento de materiais de alta tecnologia para a indústria
aeroespacial, polímeros compostos para o setor dos transportes, equipamento desportivo de
alta competição, obras de arquitetura e design de referência são alguns dos exemplos
apresentados.
Mesmo acreditando na importância que a inovação pode ter para reinventar o setor, muitos
desafios precisam ser superados. A concorrência de materiais alternativos nas rolhas de
cortiça, questões ambientais, melhoria da qualidade e certificação e o aumento da
concorrência entre empresas são alguns dos desafios importantes no setor de cortiça que
devem ser enfrentados no futuro.
Finalmente, uma questão para futuras pesquisas que julgamos relevantes é o estudo do
impacto das mudanças ambientais no montado e suas consequências económicas para o setor
de cortiça e uma análise mais profunda dos efeitos da falta de concorrência no setor de
cortiça.