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Prevenção e Controle de Riscos

em Máquinas, Equipamentos e Instalações

Prof. Jéferson Cabrelon

1ª Edição | Junho | 2014


Impressão em São Paulo / SP
Prevenção e Controle de Riscos
em Máquinas, Equipamentos e Instalações

Coordenação Geral Projeto Gráfico, Capa


Nelson Boni e Diagramação
Marilia Lopes
Coordenação de Projetos Revisão Ortográfica
Leandro Lousada Célia Ferreira Pinto

Professor Responsável 1a Edição: Junho de 2014


Jéferson Cabrelon Impressão em São Paulo/SP

Copyright © EaD KnowHow 2011


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qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353


Apresentação

As máquinas e equipamentos vieram para facili-


tar a vida do homem, agilizar tarefas, ganhar volume
de produtividade e dar mais conforto. Fazendo com
isso o tempo ser algo super importante, e o homem
na busca de produzir cada vez mais, em menor tem-
po, deparou-se com um inimigo, muitas vezes, mor-
tal: “o acidente de trabalho”.
Nesta busca constante de números cada vez maio-
res de ganho, as condições de segurança de máquinas e
equipamentos foram relegadas ao segundo plano.
A chegada na década de 40, da Revolução In-
dustrial no Brasil, fez com que demandasse mão de
obra mais qualificada.
Existia um ditado na década de 70, que o
Brasil era o “País do futuro”, devido à grande-
za de recursos naturais existentes, porém, nesta
mesma época, já estávamos começando a pagar o
custo pelo crescimento desordenado e sem gran-
des critérios definidos em relação às condições
de trabalho. E foi justamente em 1970, que o
Brasil ganhou o primeiro título negativo em re-
lação às condições de trabalho, o de Campeão
Mundial de Acidentes.
No decorrer dos nossos estudos, iremos deta-
lhar de forma mais criteriosa a evolução das condi-
ções de máquinas e equipamentos, após a implanta-
ção das Normas Regulamentadoras pelo Ministério
do Trabalho, em 1978.
Tivemos ao longo de mais de 70 anos, após a
Revolução Industrial, muitos programas, campanhas,
incentivos e até mudanças de legislações para poder
proteger o empregado em suas atividades laborais,
porém o que pode ser visto, que sem hierarquia para
definir ações efetivas, ficamos patinando em um la-
maçal de letras (normas), sem aplicações efetivas.
Com a chegada da nova redação da NR-12 – Se-
gurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos,
em 2010, foi dada uma nova perspectiva e definidos
os critérios claros na aplicação correta desta norma.
Em cada uma das 4 unidades, reforçamos a ne-
cessidade de aplicação da Gestão de Segurança em
Máquinas e Equipamentos. A vivência dos profis-
sionais de cada área é muito importante, e deve ser
levada em consideração para definirmos a melhor
estratégia para soluções dos problemas.
Nossa esperança é que ao final deste estudo, o
profissional sinta-se mais confiante para aplicar as
técnicas e saiba como conduzir as questões preventi-
vas dentro da sua atividade.
Sumário
Unidade 1 49
Evolução Das Máquinas
1.1. Conceituação E Importância
1.2. As Bombas E Motores
1.2.1. Bombas
1.2.2. Riscos Detectados
1.2.3. Sistemas De Segurança
1.2.4. Normas De Segurança
1.2.5. Proteção Pessoal
1.2.6. Legislação Afetada
1.3. Motores e Veículos Industriais
1.3.1. Motores
1.3.2. Veículos Industriais
1.4. A NR-11 Como Base
1.5. Cuidados Adicionais
1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar
Questões

Unidade 2 85
Máquinas e Equipamentos – Características
2.1. Caldeiras E Vasos De Pressão
2.1.1. Definição de Vasos se Pressão
2.2. Equipamentos Pneumáticos
2.3. Fornos
2.4. Sistema de Proteção Coletiva
2.5. EPI – Equipamento de Proteção Individual
2.6. Cor, Sinalização E Rotulagem
2.7. Manutenção Preventiva
2.8. Engenharia de Segurança do Trabalho
Questões

Unidade 3 103
Características do Ambiente De Máquinas
3.1. Localização Industrial
3.2. Riscos em Eletricidade
3.3. Sistema Externo de Proteção Contra Descargas Atmos-
féricas
3.4. NR-10 X NR-12
3.5. Dispositivos de Partida, Acionamento e Parada
3.6. Sistemas de Segurança em Máquinas e Equipamentos
3.7. Proteções Fixas
3.8. Proteções Móveis
Questões

Unidade 4 115
Avaliação de Riscos em Máquinas e Equipamentos
4.1. Laudo de Máquina
4.1.1. Categorias de Risco
4.1.2. Capa de Apresentação
4.1.3. Identificação da Empresa
4.1.4. Fotos de Apresentação da Máquina
4.1.5. Especificações Técnicas
4.1.6. Referências Normativas para Execução do Laudo
4.1.7. Definições Técnicas
4.7. Análise De Riscos
4.8. Avaliação das Proteções Existentes
4.9. Verificação do Monitoramento de Segurança da Máquina
4.10. Vevificação do Sistema de Parada de Emergência
4.11. Programa de Capacitação Profissional
4.12. Avaliação/Indicação dos Procedimentos de Segurança
4.13. Complementos/Relatório do Auditor
4.14. Laudos/Análises Adicionais
4.15. Anotações Gerais
4.16. Conclusão
4.17. Laudo Técnico de Vistoria e Responsabilidade
Questões

Bibliografia Básica
Unidade 1
Evolução das Máquinas

1.1. Conceituação e Importância

Quando estamos dispostos a falar sobre PRE-


VENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS EM MÁ-
QUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES,
devemos começar contando um pouco da história
da Revolução Industrial no mundo e, principalmen-
te, em nosso país.
As máquinas de Leonardo Da Vinci foram
importantes, intrigantes, desafiantes, mas a maioria
delas nunca saiu do papel. As máquinas-ferramenta
que se revelaram de fato decisivas para a industriali-
zação e a vida moderna, só começaram a surgir com
o inglês James Watt, no século XVIII. Em 1765,
Watt aperfeiçoou e, pode-se melhor dizer, criou a
máquina a vapor definitiva. Na verdade, a antiga in-
venção egípcia, já vinha sendo testada e modificada
por cientistas, pesquisadores e engenheiros militares
do século XVII, como o romano Giovanni Branca,
o francês Denis Papin, o capitão inglês Thomas Sa-
very e, por fim, Thomas Newcomen, que, em 1698,
desenvolveu uma máquina para drenar a água acu-
mulada nas minas de carvão, patenteada em 1705.
Mas, foi James Watt quem fez da máquina a vapor,
definitivamente, o motor do universo.

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A máquina por ele desenvolvida tinha potência
tão extraordinária que passou a movimentar navios,
fábricas de teares, máquinas de usinagem. A ideia
básica era colocar o carvão em brasa para aquecer a
água até que ela produzisse muito vapor. A máquina,
então, girava por causa da expansão e da contração
do vapor dentro de um cilindro de metal onde havia
um pistão. As máquinas a vapor passaram a ter mui-
tas utilidades. Tanto retiravam a água que inundava
minas subterrâneas de ferro e carvão, como movi-
mentavam os teares mecânicos na produção de teci-
dos. Era o início da Revolução Industrial, um tempo
de glória para os ingleses e de grande desenvolvi-
mento para toda a humanidade.

www.abimaq.org.br/.../Livro-A-historia-das-maquinas-70-anos-Abimaq....
FIGURA 1

50
A Revolução Industrial aconteceu na década de
40, pós-guerra. O Brasil começou a se transformar
de um país de essencialmente agrícola, para um país
que entrava na era dos maquinários.
As primeiras empresas a adotarem as máquinas
foram os Cotonifícios, com suas máquinas de tear.

https://www.google.com.br/search?newwindow=1&tbm=isch&sa=1&q=pri
meiras+maquinas+de+tear&oq=primeiras+maquinas+de+tear
FIGURA 2

Como as demandas de mão de obra na cidade


eram baixas, as empresas foram obrigadas a recru-
tar pessoas que trabalhavam no campo. É neste mo-
mento, que os aspectos de segurança começaram a
ser afetados.
As empresas em busca de mercado, e vendas
de seus produtos, relegaram por vários anos as

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condições de segurança de máquinas e equipa-
mentos, e estas pagariam um custo muito caro,
por esta displicência.
A legislação atual, através da NR-12, é muito
contestada pelas empresas. Algumas chegam a alegar
que a aplicação desta, engessa toda a cadeia produ-
tiva, porém devemos ressaltar que as empresas fica-
ram por muitos anos deitadas em “berço esplêndi-
do”, sem quase nenhum investimento nas melhorias
de suas máquinas. Fica bem claro, que a Legislação
tem um intuito único de fazer com que as empresas
entendam que não basta produzir a qualquer custo, e
sim estarem atentas, pois os acidentes geram um alto
preço a toda sociedade.
Os profissionais de segurança, que estão há
um bom tempo na ativa, perceberam a evolução das
normas e suas aplicações no contexto atual no país.
No transcorrer do nosso estudo, iremos notar
como este cenário afetou o desenvolvimento da área
de segurança no Brasil, e quais ações foram tomadas
pelos governantes para amenizar os seus impactos.
Para que possamos dar andamento aos estudos
são necessárias as definições técnicas e suas caracte-
rísticas, conforme, a seguir, detalhamos.
Definição de mecânica: parte da física que tem
por objetivo o estudo dos movimentos dos corpos,
das forças que produzem esses movimentos e do
equilíbrio das forças sobre o corpo em repouso.

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Máquinas e equipamentos: esta Norma Re-
gulamentadora e seus anexos definem referências
técnicas, princípios fundamentais e medidas de pro-
teção para garantirem a saúde e a integridade física
dos trabalhadores, e estabelecem requisitos mínimos
para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho,
nas fases de projeto e de utilização de máquinas e
equipamentos de todos os tipos, e, ainda, à sua fa-
bricação, importação, comercialização, exposição e
cessão a qualquer título, em todas as atividades eco-
nômicas, sem prejuízo da observância do disposto
nas demais Normas Regulamentadoras - NR apro-
vadas pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978,
nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omis-
são destas, nas normas internacionais aplicáveis.
Entende-se como fase de utilização a constru-
ção, transporte, montagem, instalação, ajuste, ope-
ração, limpeza, manutenção, inspeção, desativação e
desmonte da máquina ou equipamento.

ttps://www.google.com.br/search?newwindow=1&tbm=isch&sa=
FIGURA 3

53
MÁQUINA - aparelho ou instrumento próprio
para comunicar movimento ou para aproveitar e pôr
em ação um agente natural, qualquer utensílio ou
instrumento formado de peças móveis locomotivas.

EQUIPAMENTO – equipagem, vestuário e


apetrechos de um desportista; conjunto dos meios
mecânicos ou industriais existentes numa empresa.
Exemplo: a diferença é: equipamentos nos auxi-
liam em nosso objetivo, não substitui o martelo, por
exemplo, e máquinas fazem quase tudo não preci-
sam de tanto contato manual. Um exemplo é o li-
quidificador.
As máquinas e equipamentos fazem parte do
nosso dia a dia e sem os quais, algumas atividades e
trabalhos, seriam muito difíceis de serem executados.

1.2. As Bombas E Motores

São equipamentos utilizados nas maiorias das


máquinas e em alguns equipamentos. Para que pos-
samos entender a complexidade, devemos saber que
o intuito do profissional de segurança não é tornar-
-se um especialista, porém saber os mecanismos de
funcionamento, para que se possa detalhar os riscos
existentes no momento de construção, instalação,
manutenção e reparos.

54
1.2.1. Bombas

BOMBAS: são equipamentos destinados a mo-


vimentar líquidos.

PRINCIPAIS TIPOS:
• Rotativos
• Alternativos e
• Centrífugos
As bombas são equipamentos com a função de
deslocar fluídos líquidos para elevadas alturas ma-
nométricas com eficiência e desempenho, desde que
sejam devidamente projetadas, mantendo constante
pressão e vazão, levando em conta detalhes técnicos
que devem ser observados, tais como: profundida-
de máxima do reservatório, projeto hidráulico, vis-
cosidade do fluído bombeado e presença de sólidos
em suspensão. Existem vários tipos e modelos de
bombas, para variadas aplicações definidas pelas ca-
racterísticas do processo. Bombas centrífugas, bom-
bas peristálticas, dosadoras de pistão/diafragma,
bombas de engrenagens, bombas de rotor helicoi-
dal, bombas submersas e submersíveis, representam,
apenas, alguns exemplos.

55
FIGURA 4

1.2.2. Riscos Detectados

Riscos diretos
- O eixo é a união da bomba com o motor elé-
trico, e a união da bomba com a turbina constitui de
uma forma geral, o único ponto mecânico agressivo
de uma bomba em funcionamento. Por estar situ-
ado geralmente, internamente, entre a bomba e seu
sistema de acionamento, e em nível baixo, diminui a
potencialidade do risco. Torna-se muito importante
a manutenção, pois rebarbas ou parafusos de maior
comprimento deixados durante quaisquer serviços,
não são visíveis, quando o eixo estiver em movimento.
Os riscos de contato elétrico acidental são
acentuados geralmente, pois na maioria dos casos, as
bombas são instaladas em locais úmidos ou frequen-
temente molhados.

56
- Ruídos.

Riscos indiretos
• Bombas com motores elétricos.
Riscos elétricos e aterramento devem ser cui-
dadosamente instalados e,revisados periodicamente.
São derivados no local da instalação, ou pela
função da bomba.

• Bombas situadas em casas de máquinas.


A instalação, em geral, é compartilhada com ou-
tros tipos de equipamentos, e até mesmo fazendo par-
te dos mesmos, havendo, portanto muitos obstáculos,
vazamentos, que poderão provocar quedas, além dos
riscos de incêndio, quando tratarem de bombeamento
de fluídos voláteis e combustíveis. Devemos conside-
rar também a higiene, o calor e o ruído.

• Bombas situadas em poços ou submersas.


Riscos mecânicos na montagem da bomba e da
tubulação.
Frequentes emanações de gases tóxicos produ-
zidas no interior de poços fazem aparecer os riscos
de intoxicação para as pessoas que operam, ou fa-
zem manutenção nestas instalações.

• Bombas para transvasar líquidos.


Podem ser fixas ou portáteis. Nas bombas por-

57
táteis, considerar os riscos com os equipamentos
auxiliares. Geralmente, as tubulações são flexíveis e
os riscos mais prováveis são ocasionados pela dispo-
sição destes tubos, que podem provocar quedas ou
tropeções. Os cuidados mais indicados são a prote-
ção dos mesmos, com o isolamento da área.

• Bombas de caminhões transportadores.


Os riscos vão depender do produto transporta-
do. Riscos de intoxicação, e de explosão provenien-
tes de centelhas produzidas por cargas de eletricida-
de estática.

• Bombas com motor à explosão.


Os riscos observados são: os provenientes do
depósito de combustível do motor, e queimaduras
originadas por contato com as partes quentes etc.

- Bombas para concreto armado.


Risco com o tubo de descarga (trompa).
Em qualquer destes casos, levar sempre em
conta o processo em que está ou será instalada, a
fim de conhecer os riscos provenientes dos mesmos.
Quando se tratar de processos bem definidos,
devemos conhecer com segurança todos os seus
riscos. Para processos não definidos, como bombas
para materiais fecais, ou materiais químicos de di-
versas naturezas, devemos tomar cuidado, quanto ao

58
manuseio, à emanação e concentração de gases de
densidades maiores que a do ar.

1.2.3. Sistemas De Segurança

• Instrumentação de controle: instalação de vál-


vulas como de purga, retenção, de alívio etc.
• Eletricidade: proteção da fiação para evitar
contatos acidentais, aterramento do sistema e das
tubulações, eletrodutos e chaves à prova de umidade
e de explosão, quando se tratar de líquidos combus-
tíveis e explosivos.
• Contatos com partes móveis: devem ser prote-
gidas como está definido em proteções de máquinas.
• Riscos com escorregamentos: manutenção
frequente a fim de eliminarvazamentos e, em casos
especiais, as pessoas que trabalham neste ambiente-
devem ser providas de calçados antiderrapantes.
• Riscos de quedas: limpeza do ambiente, pro-
teção das tubulações, acessos como escadas protegi-
das e bem definidas, com aterramento em todas as
partes metálicas.
• Riscos de intoxicações: em ambientes fechados
ou em poços, cuidados devem ser tomados, para de-
terminar a existência de gases tóxicos, procedendo-se
ventilação eficaz se necessário. Nunca um operário
deve atuar só, sempre com cinto de segurança, a fim
de que possa ser retirado do local com facilidade.

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1.2.4. Normas De Segurança

• Gerais
Pessoal qualificado para operação e manutenção.
Usar sempre as instruções do equipamento.
Usar as instruções de segurança da empresa.
As operações de lubrificação e manutenção se-
rão efetuadas com as bombas desligadas.
Bloqueio das chaves elétricas. Pode ser utilizado
o sistema Lock-Out/Tag-Out.
Uso de ferramentas apropriadas.
Uso dos EPIs próprios, roupas justas e cômodas.
Manutenção preventiva.

1.2.5. Proteção Pessoal

• Viseiras para trabalhos com fluídos corrosivos.


• Roupas de trabalho ajustadas sem impedir os
movimentos.
• Máscaras respiratórias com filtros adequados.
• Botas ou calçados com solado antiderrapante.

1.2.6. Legislação Afetada

Apesar de não existir uma NR diretamente para


bombas, a atividade está relacionada com diversas
NRs. Devemos observar em particular: NR-6 - Equi-
pamento de Proteção Individual, NR-10 - Instala-

60
ções em serviços de eletricidade, NR-12 – Segurança
em Máquinas e Equipamentos, NR-15 - Atividades
e operações insalubres, NR-20 - Líquidos combustí-
veis e inflamáveis.

FIGURA 5

FIGURA 6
61
1.3. Motores e Veículos Industriais

1.3.1. Motores

Os motores são parte integrante de nossas vi-


das, sejam no uso de veículos particulares, máquinas
industriais, equipamentos caseiros e outros. No início
do desenvolvimento das máquinas a vapor – século
XIX, a tecnologia e os materiais de construção das
caldeiras de pressão eram defeituosos e provocavam
inúmeros acidentes graves com explosões desastro-
sas e, consequentemente, muitas vítimas mortais.
Com este panorama de um novo século, o
pastor escocês Robert Stirling e o seu irmão pro-
curaram desenvolver um mecanismo mais segu-
ro, ou seja, o motor que se aproximava dos mo-
tores de máquinas a vapor, mas que, ao funcionar
com pressões relativamente mais baixas, devido
ao uso interno de ar ou outros gases, proporcio-
nava uma maior segurança àqueles que trabalha-
vam com as máquinas.
Sendo assim, em 1818, o primeiro motor foi
construído para bombear água numa pedreira e, ao
longo dos anos, foi aperfeiçoado, sendo que 1843
utilizado para mover máquinas numa fundição.
A dinâmica simples e elegante do engenho de
Stirling foi explicada em 1850 e, em 1950, Rolf Mei-
jer batizou este motor como “Motor de Stirling”,

62
generalizando todos os engenhos regenerativos de
circuito e com aquecimento externo.
Além das vantagens, acima, citadas que a inven-
ção proporcionou, é também importante salientar
que este motor contém um regenerador ou econo-
mizador, que permite obter uma eficiência superior
ao dos motores de gasolina, diesel e máquinas a va-
por e, também, economizar energia.
A partir da invenção do motor que daria movi-
mentos a várias máquinas e equipamentos, começa-
mos a notar que os acidentes foram se multiplicando
com a mesma velocidade, que eram construídos.
As empresas conseguiam ao longo do tempo
intensificar sua produção, dando cada vez mais ve-
locidade as suas linhas, através de motores potentes
No ano de 1854, o primeiro projeto de um mo-
tor de combustão interna foi patenteado na Itália pe-
los engenheiros Eugênio Barsanti e Felice Matteucci.
O projeto consistia na utilização da energia de ex-
pansão de gases liberados pela combustão de uma
mistura explosiva de ar e hidrogênio, para movimen-
tar um pistão e transformar este movimento linear
em um movimento rotativo, com o uso de uma ár-
vore de manivela. Este motor nunca foi produzido
em quantidade.

63
http://autoentusiastas.blogspot.com.br/2013/03/motores-combustao-
interna-uma-breve.html
FIGURA 7

Outros conceitos de motores foram surgindo,


mas sempre com intuito de amenizar ou eliminar o
esforço físico, e gerar conforto aos seus usuários.
Em 1860, o belga Jean Joseph Etienne Lenoir
cria o motor de dois tempos.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f2/PSM_V18_D500_
An_american_internal_combustion_otto_engine.jpg
FIGURA 8

64
Em 1863, Lenoir criou uma carruagem motori-
zada de três rodas chamada Hippomobile.

www.abimaq.org.br/.../Livro-A-historia-das-maquinas-70-anos-Abimaq....
FIGURA 9

E a cada invenção, as condições de fabricação


modificava a ponto de o homem começar a imaginar
formas de agilizar a produção e seus conceitos.
A história do uso de motor em equipamentos
mistura-se muito com a história da era do automóvel.
As características de uso de diversos motores
e seus componentes em máquinas e equipamentos
fizeram com que as indústrias se modernizassem
em uma velocidade incomparável. O mesmo não se
pode dizer com as condições de trabalho, que eram
oferecidas aos trabalhadores destas indústrias.

1.3.2. Veículos Industriais

Em nosso dia a dia, é impossível imaginar


transporte de cargas sem ser realizado por veículos

65
de transporte. Os veículos industriais são de grande
importância e fazem diminuir o tempo no processo
de locomoção de cargas, agilizando a produtividade
e, consequentemente, dando um dinamismo maior e
lucratividade para as empresas.
Também é possível notar que com o decorrer
do tempo estes equipamentos apresentaram desgas-
tes maiores, devido à condição exigida na força para
transporte. É de extrema importância o controle e
vistoria das condições de segurança destes equipa-
mentos, visando à troca preventiva de peças desgas-
tadas e fadigas de suas estruturas. O equipamento
mais conhecido e, talvez, o mais utilizado de todos,
sejam as empilhadeiras.

https://www.google.com.br/search seguran%C3%A7a+em+veiculos+indu
striais
FIGURA 10

A necessidade de um gerenciamento para pre-


venção de acidentes destes equipamentos é de ex-

66
trema importância. Muitas dessas ações de gerencia-
mento se devem ao fato de envolver muitas pessoas
nos processos de interação com o maquinário, tais
como: operador de empilhadeira, mecânico de ma-
nutenção, lubrificador, sem contar as condições as
quais são colocados estes equipamentos, na má utili-
zação e por pessoas não autorizadas.
A prevenção de acidentes com este tipo de equi-
pamentos devem ser as preocupações básicas de qual-
quer programa de segurança do trabalho. Tal cuidado
deve ser planejado e mantido de forma integrada, ob-
servando não apenas cuidados com os equipamentos,
mas também com o operador, os meios a serem mo-
vimentados e as vias a serem utilizadas.
Na verdade por detrás do uso dos veículos indus-
triais, ocultam-se uma série de riscos que, muitas vezes,
passam sem ser notados nas atividades cotidianas. Em
muitos casos, providências só vão ser tomadas após a
ocorrência de um acidente – quase sempre muito gra-
ve. Um exemplo claro de situações deste tipo ocorre
com o número cada vez maior de estabelecimentos
atacadistas, que realizam também vendas no varejo (hi-
permercados), onde é comum observarmos a operação
de veículos industriais por pessoas que nitidamente não
têm preparo para este tipo de operação. Tais locais, pela
presença de pessoas (clientes) sem qualquer informa-
ção para o risco de acidentes, tornam-se cenários mais
do que propícios à ocorrência de acidentes.

67
Ao dirigir transportando cargas, já se torna uma
atividade por si merecedora de atenção. A variedade
de cargas e tipos de embalagens – mesmo que sobre
estrados – exige bastante treinamento e habilidade.
A isso, somamos a questão de problemas de lay out
– seja pela falta de espaço compatível com a necessi-
dade de manobras ou que possibilite a realização das
mesmas com certa margem de segurança, ou, ainda,
pela falta de organização, que acaba implicando ain-
da em maior redução do espaço, criando uma situa-
ção evidente de risco de acidente. Portanto, logo de
início, devemos ter em mente que prevenir acidentes
nas operações com veículos industriais é assunto que
para ser bem cuidado deve envolver muito mais do
que apenas preocupações com o veículo em si.

1.4. A NR-11 Como Base

A Norma Regulamentadora 11 – Transporte,


Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Ma-
teriais, deve ser tomada como referência para a ela-
boração de qualquer atividade preventiva ao uso de
veículos industriais, mas tal como todas as demais
normas regulamentadoras não esgota de forma al-
guma o assunto, havendo necessidade da atuação do
profissional especializado para o desenvolvimento
e detalhamento de um programa específico. Obvia-

68
mente, isso irá variar conforme o tamanho da em-
presa, sua atividade e, especialmente, quantidade e
variedade de veículos em uso.
Interessante, aqui, lembrar que parte do assun-
to também deve ter como referência a Norma Re-
gulamentadora 26 – Sinalização de Segurança, na
qual fica claro que os equipamentos de transporte
e manipulação de material, tais como empilhadei-
ras, tratores industriais, pontes-rolantes, reboques
etc., devem, para a prevenção de acidentes, estarem
pintados na cor amarela (NR- 26). Embora isso seja
legislação e no item 1.1., da mesma norma, fica claro
que esta “fixa as cores a serem usadas”. Muitos equi-
pamentos disponíveis para venda e locação no mer-
cado estão pintados de outras cores. Cumpre, aqui,
lembrar que a inobservância deste item, implica em
multa por parte do Órgão Fiscalizador – MTE.
Outra parte bastante interessante da NR-11
diz respeito ao item 1.3., onde fica definido que os
equipamentos utilizados na movimentação de ma-
teriais serão calculados e construídos de maneira
que ofereçam as necessárias garantias de resistência,
segurança e conservados em perfeitas condições de
trabalho. No que diz respeito a cálculos (dimensio-
namento) e construção é importante que o SESMT
busque conhecer, e se possível ter cópia dos memo-
riais ou processos de cálculo e aquisição. Uma úni-
ca talha mal instalada pode causar danos imensos e

69
acidentes fatais. O mesmo podendo ocorrer devido
a improvisações – estas tão comuns nas empresas
brasileiras. Vale lembrar, aqui, que a responsabilida-
de técnica pela orientação quanto ao cumprimento
do disposto nas NR é do SESMT (NR-4 - 12.d).
Ainda, com relação a este item, chamamos a atenção
para a última frase que menciona a conservação e
perfeitas condições para o trabalho. Mesmo que o
assunto esteja restrito a uma linha de palavras, sua
extensão é bastante grande e importante, e só pode
ser obtido e, principalmente, evidenciado pela inser-
ção de todos os veículos industriais em um plano
de manutenção preventiva, que no nosso entendi-
mento deve ser auditado periodicamente pelo SES-
MT e os possíveis desvios evidenciados através de
documentos. Importante, ainda, que este plano de
manutenção esteja baseado em procedimentos (es-
critos) básicos de verificação, garantindo, assim, que
todos os itens de segurança sejam sistematicamente
verificados. Isso em suma, quer dizer que os critérios
não devem ser deixados em aberto, a escolha do exe-
cutor e não podem deixar de conter os itens mencio-
nados em 1.3.1. (cabos de aço, cordas, correntes, rol-
danas, ganchos etc). Atenção especial deve ser dada
ao item 1.8., que define a substituição imediata de
peças defeituosas. Toda manutenção deve ser feita
sempre, apenas, por profissionais capacitados para
esta finalidade e devem gerar evidências documen-

70
tais, nas quais entre outras coisas seja possível, em
caso de necessidade, identificar o responsável pela
verificação e reparos. Por fim, recomenda-se, ainda,
que seja definida uma sistemática de verificação a ser
feita pelo próprio operador – ou seja, algo como um
check list básico a ser observado antes das operações
pelo usuário do veículo.
Uma dúvida muito comum com relação ao
assunto tratado no parágrafo acima, diz respeito à
frequência ou periodicidade das manutenções. A
decisão quanto à frequência terá como base o rigor
do uso e a atividade executada. Veículos industriais
utilizados em áreas com ambiente agressivo serão
submetidos à prevenção com maior frequência. O
mesmo devendo ocorrer com veículos, cuja possível
falha durante utilização implique em possibilidade
de danos maiores (locais mais populosos, locais com
equipamentos suscetíveis a danos e/ou que compro-
metam a continuidade das operações etc).
Outra exigência da NR-11 – está no item 1.3.2.
– diz respeito à obrigatoriedade de indicar em local
visível em todos os equipamentos deste tipo, a car-
ga máxima de trabalho permitida. Para muitos, tal
exigência trata-se apenas de uma mera burocracia e
estes, certamente, desconhecem a quantidade de aci-
dentes, que ocorrem devido ao uso de equipamentos
deste tipo, em condições acima de sua capacidade
de carga. Desconhecem, também, as consequências

71
advindas da inobservância de algo tão simples, que
vão desde a morte de pessoas, passando pelo esma-
gamento de membros e, invariavelmente, por perdas
do patrimônio e danos à produção. Todos os equi-
pamentos devem ser sinalizados, quanto à sua capa-
cidade, tal sinalização deve ser como diz o próprio
texto na NR – VISÍVEL. Infelizmente, ainda, en-
contramos em muitos locais de trabalho falhas, sem
identificação de carga, ou quando não é tão peque-
na, que quando perguntamos aos usuários, o quanto
aquele equipamento pode levantar, ouvimos diver-
sos números, totalmente, diversos, e na sequência,
diversas histórias que nos deixam assustados. Como
complemento deste assunto, devemos também estar
atentos para possíveis reduções de capacidade – que
ocorrem em alguns equipamentos depois de possí-
veis alterações, ou anos de uso. No caso específico
das empilhadeiras, existem testes padronizados pe-
los fabricantes para verificação da capacidade, e es-
tes são recomendados para um bom programa de se-
gurança relativo ao assunto. Detectadas as reduções
de capacidade estas devem ser alteradas e os usuá-
rios amplamente informados, visto que é comum, os
operadores identificarem as máquinas por seu tama-
nho. Importante também lembrar e orientar a todos
os usuários de equipamentos deste tipo, quanto às
alterações devido ao uso de extensores (capas de pa-
leta), correntes etc.

72
Atenção especial da NR-11 para os carros
manuais de transporte – que para muitos parecem
inofensivos – mas que são grandes causadores de
pequenos acidentes. Há alguns anos, acompanhei
o caso de um grande hospital, no interior de São
Paulo, onde o número de acidentes era muito alto,
tendo como partes atingidas, as mãos. Feita uma
análise mais detalhada, acabamos descobrindo que
era comum a prensagem por carrinhos manuais, e
macas de transportar pacientes, contra paredes e la-
terais de elevadores. Dentro das indústrias, acidentes
deste tipo, também, são muito comuns e podem ser
evitados com soluções simples e caseiras, que nada
mais são do que a instalação de protetores para as
mãos, nas alças de manipulação.
Com detalhes, a NR-11 descreve as condições
relativas ao Operador, iniciando no item 1.5., quan-
do menciona que o Operador deverá receber um
treinamento específico, que o habilitará nesta função.
Neste ponto, é importante estarmos atentos para al-
guns detalhes que podem fazer muita diferença, seja
na prevenção de acidentes, seja diante de possíveis
problemas causados por um acidente. O primeiro
diz respeito à pré-seleção do operador, o que pas-
sa obrigatoriamente por conhecimentos e requisitos
próprios da NR- 7. Portanto, antes de tudo, o Ope-
rador de Veículo Industrial deve ser uma pessoa apta
do ponto de vista médico para exercer e realizar este

73
tipo de trabalho. Isso pode dizer muita coisa, por
exemplo, necessidade de acuidade visual. Logo em
seguida, deparamo-nos com a citação: “treinamento
dado pela empresa”. É importante saber se há na
empresa profissional capaz de desenvolver este tipo
de treinamento e, ainda, se diante de um acidente, te-
remos como evidenciar tal capacidade. Deve-se en-
tender que a coisa não é tão simples como parece e,
tal entendimento pode ser obtido analisando o que
ocorreria no caso de um acidente com a morte de
alguém. Recomenda-se que tais treinamentos fiquem
a cargo de escolas especializadas e que estas emitam
certificados, e que sejam mantidos junto ao prontu-
ário do empregado. Mais do que isso, recomenda-se
que, periodicamente, seja feita uma reciclagem pelo
menos quanto aos princípios básicos da operação, e
sempre quanto às normas de segurança.
Com relação, ainda, ao treinamento chama-se
a atenção, neste ponto, para a variedade de veícu-
los industriais, hoje, em uso. O que, antigamente, era
restrito a uma ou duas variedades passou a ser, na
atualidade, muito diferente. Há por todas as partes,
paleteiras, rebocadores, guindastes, pontes rolantes
com operação no próprio equipamento ou a distân-
cia etc. Obviamente, cada um destes equipamentos
tem características diversas, embora muitos sejam si-
milares em suas bases. Portanto, há necessidade de
treinamentos específicos. Fica claro que entre uma

74
empilhadeira e uma paleteira, há grandes diferenças
no modo de operação e riscos de acidentes.
Uma dúvida, ainda, paira quanto à obrigato-
riedade da Carteira Nacional de Habilitação para
os operadores de veículos, como: empilhadeiras,
rebocadores e paleteiras. O Código Nacional de
Trânsito, em momento algum, é claro quanto à
obrigatoriedade da CNH para estes veículos. E,
realmente, seria muito estranho se o fosse, visto
que proveito teria para a prevenção e operação,
habilitarmos operadores treinados e aprovados,
em exames com veículos de passeio, ônibus ou
caminhões. São veículos de características e ope-
ração totalmente distintas dos veículos industriais
citados. Acreditamos que no caso dos veículos
que, por algum motivo, façam uso de vias públicas
– e, portanto, sejam emplacados – o assunto deva
ser analisado com detalhes, junto ao orgão regu-
lamentador de trânsito. No mais, para operações
dentro das empresas – conforme a própria NR -
cita o curso de habilitação e penso que seja a esta
habilitação, a que se refere o item 1.6.. Em termos
de cuidados preventivos, parece desejável que o
candidato tenha CNH (independente da catego-
ria) e, assim, ser conhecedor das regras básicas de
trânsito e sinalização.
Abaixo, figura com exemplo de carteirinha de
autorização para operador de empilhadeira.

75
Elaborado Pelo Autor.
FIGURA 11

No que diz respeito, ainda, ao operador, os


itens 1.6. e 1.7. citam a obrigatoriedade do cartão
de identificação, com nome e fotografia, utilizado
em local visível, durante toda a operação. Tal car-
tão tem a validade de um ano – salvo imprevistos
– e está associado à realização de exame de saúde
completo. No que diz respeito ao uso do cartão
conhecemos as dificuldades para o cumprimen-
to, visto que, muitas vezes, acaba implicando em
risco para o operador, que necessita, por exem-
plo, movimentar-se entre as cargas e este acaba se
enroscando. Portanto, formas devem ser encon-
tradas para que o uso não implique em riscos. O
uso do cartão facilita em muito – nas empresas de
maior porte, a identificação das pessoas e a coi-
bição de práticas inseguras – ou seja, a operação
por pessoas não habilitadas. Para facilitar mais,
ainda, a verificação, recomenda-se que no próprio
cartão exista o campo relativo ao exame médico
(com espaço para que o médico assine e coloque
o número do seu CRM).

76
Propositalmente, deixamos para tratar, qua-
se no final deste texto, a questão citada no item
1.7., onde fica definido que os equipamentos de
transporte motorizados devem possuir sinal de
advertência sonora (buzina). Obviamente como
em todo meio que se locomove, tal equipamen-
to é de importância. No entanto, preocupa-nos a
crescente tendência de veículos industriais – em
especial empilhadeiras, paleteiras e rebocadores -
que vêm equipados com tipos de sinais sonoras,
que permanecem acionados por todo tempo do
deslocamento ou, ainda, aqueles equipados com
“sirenes” ou equivalentes. Sem dúvida alguma
em prol da prevenção de acidentes os dispositi-
vos que sinalizam a marcha à ré são muito úteis.
No entanto, quando a sinalização tanto visual
como sonora vai, além disso, há necessidade de
analisarmos o quanto isso pode contribuir para a
dispersão da atenção das pessoas envolvidas nas
operações, e mesmo para o estresse dos empre-
gados. Se de fato, devido aos riscos de acidentes
(bem avaliados) há necessidade de definirmos al-
gum tipo de sinalização para os movimentos em
veículos que seja, preferencialmente, o uso de
pisca alerta em lanternas fixas, e sem parte sono-
ra. De forma alguma, algum meio definido para
a prevenção de acidentes deve colateralmente ser
a causa de incômodos ou danos aos empregados.

77
Encerrando a parte desta NR, que diz respeito
aos veículos industriais, fala-se da questão da con-
centração de poluentes no ambiente do trabalho.
Dentro desta preocupação devemos dar atenção es-
pecial à questão do ruído, o que faz parte de um
estudo mais amplo de engenharia, já na fase de ante-
cipação, quando possível.

1.5. Cuidados Adicionais

Na prática, concluindo este breve trabalho so-


bre veículos industriais, outras preocupações, que
não são mencionadas na legislação, devem ser ob-
jeto de atenção de quem tenciona realizar um bom
trabalho, quanto aos veículos industriais.
Jamais devemos esquecer de que veículos indus-
triais – em especial os movidos a óleo – com passar
do tempo começam a apresentar vazamentos, e que
estes são formadores de poças no piso, que, por sua
vez, acabam sendo a causa de quedas. Por esta e ou-
tras razões, todos os veículos devem ter previamente
definidos os locais onde serão estacionados, quando
não estiverem em uso (fora dos locais de passagem)
e, caso ocorram vazamentos, devem ser mantidos
sobre caixas de areia.
Outra situação importante é o uso por pessoas
não habilitadas. Para que isso não ocorra, também,
devemos ter definido um local para a guarda da chave

78
do veículo, quando não estiver em uso. Este local deve
ser fechado e estar sob o controle de um responsável.
Enfim, há muito mais a ser dito sobre o assun-
to. Tenho certeza de que despertado o interesse pela
elaboração de um programa de segurança para veí-
culos industriais, através da pesquisa e estudo, cada
profissional irá aperfeiçoar e moldar as ações, con-
forme sua realidade e necessidades.

1.6. Equipamentos de Guindar e Transportar

Existem vários tipos de equipamentos de guin-


dar e transporte, tanto para materiais como para pes-
soas. Cabe ao empregador definir suas necessidades
e características dos equipamentos, os quais possam
atendê-lo de forma mais adequado e com segurança,
para a finalidade do trabalho que irá executar.
Um dos equipamentos mais conhecidos de
guindar material são as gruas, que dependem mui-
to do treinamento adequado do seu usuário, pois se
trata de um equipamento, que demanda muito co-
nhecimento e riscos.

79
http://www.metalica.com.br/images/stories/Id4315/seguranca-da-grua-
Fig01.jpg
FIGURA 12

Acidente com Grua.

Em São Paulo, outro acidente com a grua divulgado no jornal Folha de São Paulo
de 29 de março de 2008, apresenta como causa o excesso de carda no transporte.
A notícia mostra que um carrinho com aproximadamente 40Kg despencou de uma
altura de 92 metros do prédio em obras na Avenida Paulista em 1999, atingindo uma
estudante que passava pela calçada fora da obra. O objeto era transportado irregular-
mente, desobedecendo às normas de segurança, pois o caminho havia sido colocado
sobre outros objetos, para economizar uma nova viagem de uma caçamba erguida
pela grua. O Marido da estudante será indenizado pela construtora e pela locadora
da grua. A intenção da notícia apresentada pela Folha de S. Paulo é mostrar que, só
depois de três anos, o marido receberá uma indenização pela morte da esposa, o
qual avalia que os 150 mil é uma quantia imisória em relação ao poder aquisitivo da
empresa. Apesar do foco da reportagem não ser a falta de segurança na utilização da
grua, a imprudência na utilização e operação deste equipamento fica evidenciada.
80
Também existem guindastes para içamento de
cargas instáveis, de tal forma que demanda um es-
tudo prévio para elevação, raio de alcance, áreas de
risco, isolamento de áreas, e profissionais habilitados
para operar este tipo de equipamento.

http://www.rigger.com.br/wp-content/uploads/2010/08/Plano-de-rigging.jpg
FIGURA 13

81
Já, nos equipamentos de elevação de pessoas,
demanda maiorias cuidados, pois estaremos expon-
do a pessoa em locais desconfortáveis, com pouco
recurso de ações rápidas, o que acaba levando o pro-
fissional a fazer uma análise de riscos bem aprofun-
dada. Com a chegada das plataformas elevatórias, o
número de acidentes por quedas diminuiu, sensivel-
mente, já que a montagem dos antigos andaimes ou
mesmo escadas precárias, nem sempre era feito de
forma correta e por pessoal que adotava critérios
de uso destes equipamentos. No entanto, com es-
tas plataformas elevatórias articuladas os acidentes
acontecem, muitas vezes, por imprudência ao exigir
esforços excessivos ou, então, posicionar as mesmas,
em locais instáveis ou com inclinação inadequada,
ocasionando a queda deste equipamento.

82
http://www.rollinmaq.com.br/plataforma-elevatoria/plataforma-elevatoria.
php
FIGURA 14

83
Questões

1. Defina o que são máquinas e equipamentos?

2. Quem foi o primeiro homem a usar um motor?

3. Qual a Norma Regulamentadora dispõe so-


bre os assuntos de Segurança no Trabalho em Má-
quinas e Equipamentos?

4.Qual o tempo de validade da credencial para


operar empilhadeira?

5. Cite o nome de dois tipos de equipamentos


para transporte de cargas e/ou pessoas?

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