Você está na página 1de 2

O Ano no Sul

ASPECTOS
A progressão do ano no Hemisfério Sul (HS) tem seu dia mais curto em junho e o mais longo em
dezembro. Como conseqüência, as associações das estações aos meses do ano estão invertidas com
relação ao norte, onde foram criadas e são mantidas até agora.
Uma vez que a presença de Celtas, entre outras etnias, nas terras do sul é muito recente,
culturalmente ainda é difícil mudar as associações de maio com a primavera a um período distante
seis meses. Anunciantes em diversas mídias e lojas de departamentos ou shopping centres ainda
promovem as liquidações do tipo "Loucuras de Maio", por exemplo. Do mesmo modo, apesar das
temperaturas acima dos 30º C, decoramos nossas lojas com flocos de neve no Natal...
Grosso modo, talvez a mais bem sucedida reação na Austrália e na Nova Zelândia à inversão das
estações seja a celebração cada vez mais popular de um festival chamado "Natal em Julho", durante
o mês mais frio do ano, visando a devolver o Yule (que nada tem a ver com a Natividade) a sua
estação original. Com o surgimento de estilos de vida "alternativos", outra reação - bem menos
popular - partiu dos diversos grupos "pagãos", que se reúnem nos solstícios e demais festivais para
celebrar o evento em questão.
De um ponto de vista celta, os dias de festivais no Sul são opostos aos do Norte, pois as estações,
por assim dizer, estão invertidas.

OS DIAS DE FESTIVAIS
Eles ocorrem exatamente nos pontos intermediários entre os solstícios e equinócios, e são os
festivais que dão as boas vindas à próxima estação. Cada um desses dias tem, portanto,
características sazonais implícitas. Assim, no HS, do ponto de vista das estações, eles são opostos
aos do norte.
Os Celtas reconheciam tanto os dias quanto os anos como tendo início por sua parte escura, ou seja,
o dia começava a ser contado na véspera (mais exatamente, no crepúsculo, n. do T.), e o inverno
assinalava o início do Ano. Samhain, o festival do inverno, é o Fim do Ano e o Ano Novo. Situa-se no
início da metade obscura do ano. O Imbolc celebra a chegada da primavera, em especial a estação
de cruzamento (e lactação, de onde deriva seu nome, n. do T.) das ovelhas. O Beltaine celebra o
início do verão e da parte clara do ano. Lughnasadh celebra a estação da colheita e a aproximação
do outono.
Os festivais são mais conhecidos nas terras celtas, mas estavam presentes por toda a antiga Céltica
(designação fictícia que o AUTOR usa para falar da Europa, sem nenhum embasamento histórico, n.
do T.). Por exemplo, um registro do calendário solar/lunar criado na Gália (França) no século II
apresenta o festival de inverno como Samon (trata-se do Calendário de Coligny, n. do T.). Cada
festival é dedicado a / presenciado por uma deidade celta e os deuses de Beltaine e Lughnasadh,
Bilé e Lugh na Irlanda, são conhecidos no continente europeu como Belinus e Lug, e no País de
Gales como Bele e Lleu. A cidade de Lyon, na atual França era conhecida como Lugdunum, a
"fortaleza de Lug". O aspecto "luz" do nome Lugh e é registrado no gaélico Finn, no galês Gwynn e
no Gálico Uinn. Viena, na atual Áustria, foi nomeada em homenagem a Uinn (alemão Wien).
Por conta da associação dos festivais a santos cristãos nas terras celtas convertidas, a força dos elos
sazonais desses festivais foi de certa forma enfraquecida. Certamente, devido ao dogma central da
Luz, enquanto a escuridão é associada ao Mal, algumas das deidades celtas foram adaptadas como
demônios, e celebrar a chegada da metade escura do ano passou a ser um tabu. Assim, mesmo
quando celebram-se festivais de primavera e de colheita, especialmente nas áreas rurais, para
muitos celtas no sul o conceito dos festivais opostos é de difícil compreensão.
Mesmo assim, a base cultural celta dessas datas permanece em sua sazonalidade.

© Caer Australis, 1997.


© Tradução: Claudio Crow Quintino, 2000.

Você também pode gostar