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Pesquisa de Anticorpos anti-estreptolisina “O”

Introdução

O Streptococcus beta-hemolítico do grupo A de Lancefield é responsável por


provocar doenças imunológicas como a Febre Reumática. Quando a pessoa,
especialmente crianças, apresenta uma infecção da orofaringe pela referida bactéria o
organismo produz anticorpos contra a bactéria procurando eliminá-la.

Os sintomas da infecção aparecem após 10 a 14 dias e incluem:


comprometimento do tecido conjuntivo das articulações e do coração, resultante de uma
reação imunológica cruzada. Assim, parede celular do Streptococcus tem importância
fundamental na patogenia da doença já que a proteína M tem semelhança estrutural com
a tropomiosina do miocárdio. Há também semelhança estrutural da molécula da N-acetil
glucosamina da parede celular da bactéria com as glicoproteínas das válvulas, daí a
valvulite. A mucoproteína da parede celular é semelhante a componentes do tecido
conjuntivo da sinóvia, explicando a artrite. Alguns componentes da membrana
protoplasmática da bactéria fazem reação cruzada com componentes do sarcolema dos
vasos, explicando a vasculite.

Os antígenos liberados pelo Streptococcus são: estreptolisina O (ASLO), toxina


eritrogênica, estreptoquinase (SK), hialuronidase(H), proteinase, esterase, nicotinamida-
adenina-dinucleotidase (NADase), estreptolisina O (ASO), desoxirribonuclease
(DNAase).

O organismo infectado produz anticorpos específicos contra estas exotoxinas,


destacando-se entre elas a Anti-Estreptolisina “O”. A determinação do título de Anti-
Estreptolisina “O” no soro de um paciente, permitirá estabelecer o grau de infecção
devido ao estreptococo Beta-hemolítico.
O procedimento básico para a determinação do título de Anti-Estreptolisina “O”
se baseia no efeito inibitório que o soro de um paciente produz sobre o poder
hemolítico de uma Estreptolisina “O”previamente titulada e reduzida.
No entanto, a reação antígeno-anticorpo ocorre independentemente da
atividade hemolítica da Estreptolisina “O”, o que facilita o desenvolvimento de um
teste qualitativo para a determinação do título de Anti-Estreptolisina “O” por
aglutinação de partículas de látex em placa.
O reagente látex é uma suspensão de partículas de látex de poliestireno de
tamanho uniforme sensibilizadas com Estreptolisina “O”. As partículas de látex
permitem a visualização da reação antígeno-anticorpo.
Devido à presença de Anti-Estreptolisina “O” no soro, se desenvolve esta reação
e a suspensão de látex perde seu aspecto uniforme, tornando-se evidente uma clara
aglutinação. Isto se deve a Anti- Estreptolisina “O” presente no soro, que reage com a
Estreptolisina “O” aderida às partículas de látex.
Materiais e Métodos
Materiais: Reagente Látex, placa de leitura, bastonete de plástico.
 Em uma placa com área demarcada escura, colocar uma gota do soro a pesquisar
Ac.
 Em seguida, adicionar uma gota de reagente látex (antígeno adsorvido a partículas
de látex).
 Com um bastonete de plástico, homogeneizar a amostra e imprimir movimento
rotatório por 3 minutos.
 Observar a presença ou ausência de aglutinação.

Resultado e Discussão

Examinar macroscopicamente a presença ou ausência de aglutinação após 3


minutos. A presença de aglutinação indica um conteúdo de Anti-Estreptolisina “O” no
soro igual ou superior a 200 Ul/ml.
No entanto, podem aparecer falsas positividades em outras doenças distintas da
febre reumática e da glomerulonefrite, como a artrite reumatóide, escarlatina,
amigdalite e infecções estreptocócicas diversas. Também podem aparecer falsas
negatividades, em infecções precoces e em crianças com idades compreendidas
entre 6 meses e 2 anos.
Vale lembrar ainda que se as reações forem lidas muito tempo após 3 minutos da
adição da amostra de soro é possível haver falsos devido efeitos de secagem.

Conclusão
O método é eficiente para determinar a presença de anticorpos anti-estreptolisina
“O” e de acordo com o resultado é possível determinar a melhor conduta. Uma elevação
da dosagem do anticorpo anti-estreptolisina “O” é um achado indicativo que houve um
contato (nos últimos dois meses) com estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Os
anticorpos elevam-se a partir de 7 até 14 dias após o contato com a bactéria.
Para o resultado positivo deve-se considerar que essa bactéria está envolvida no
aparecimento de certas doenças, como a amigalite, faringite, escarlatina, erisipela.
Certas doenças de caráter imunológico podem ser desencadeadas pela ação do
estreptococo, como é o caso da febre reumática e da glomerulonefrite aguda, contudo,
cerca de 20% dos pacientes com febre reumática não apresentam níveis elevados de
anticorpos anti-estreptolisina “O” .
Algumas doenças como a tuberculose podem elevar os anticorpos anti-
estreptolisina “O” sem que tenha havido algum contato com o estreptococo.

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