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CONSTITUCIONALISMO
Sumário:
1.
Noções
Gerais
1.1.
Alocação
do
Direito
Constitucional
1.2.
Conceito
de
Constitucionalismo
2.
Fases
históricas
do
Constitucionalismo
2.1.
CONSTITUCIONALISMO
ANTIGO
2.2
CONSTITUCIONALISMO
MEDIEVAL
2.3
CONSTITUCIONALISMO
MODERNO
2.3.1
CONSTITUCIONALISMO
CLÁSSICO
OU
LIBERAL
2.3.1.1
As
principais
idéias
que
aproveitamos
dos
Constitucionalismos
2.3.1.2.
Estado
de
Direito
ou
Estado
Liberal
2.3.1.3.
Experiências
do
Estado
de
Direito
ou
Estado
Liberal
2.3.2
CONSTITUCIONALISMO
MODERNO
SOCIAL
2.3.2.
Estado
Social
2.4.
CONSTITUCIONALISMO
CONTEMPORÂNEO/NEOCONSTITUCIONALISMO
2.4.1.
Características
do
Neoconstitucionalismo
2.4.2.
Marcos
fundamentais
para
se
chegar
ao
neoconstitucionalismo
2.4.3.
Pós-‐positivismo
2.4.4.
Dimensões
dos
Direitos
Fundamentais
2.4.5.
Estado
Democrático
de
Direito
2.5.
CONSTITUCIONALISMO
DO
FUTURO
1.
Noções
Gerais
1.1.
Alocação
do
Direito
Constitucional
O
Direito
é
uno
e
indivisível,
devendo
ser
estudado
como
um
grande
sistema.
A
divisão
que
conhecemos
entre
ramos
de
direito
público
e
privado
foi
uma
opção
didática,
desenvolvida
por
Jean
Domat.
O
Direito
Constitucional
seria
de
direito
público.
A
idéia
de
codificação
civil
como
reguladora
das
relações
privadas
foi
fortalecida
com
o
liberalismo
clássico,
do
Estado
Liberal
ou
de
Direito,
a
partir
da
criação
dos
direitos
de
primeira
dimensão
(fundados
no
valor
liberdade).
O
Estado
de
Direito
foi
seguido
pelo
Estado
Social
(fundado
em
direitos
de
segunda
dimensão,
com
base
no
valor
igualdade,
em
sua
acepção
material),
e
pelo
Estado
Democrático
de
Direito
(fundado
em
direitos
de
terceira
dimensão,
fundados
nos
valores
solidariedade
e
fraternidade).
Hoje,
apesar
da
suposta
utilidade
didática
da
dicotomia
entre
direito
público
e
privado,
não
é
mais
adequado
falar
em
ramos
do
direito,
mas
em
um
verdadeiro
escalonamento
verticalizado
e
hierárquico
de
normas,
apresentando-‐se
a
Constituição
como
norma
de
validade
de
todo
o
sistema
(inclusive
do
direito
civil,
para
passa
por
um
processo
de
descodificação
–
com
a
criação
de
microssistemas
–
e
despatrimonialização,
em
razão
da
eficácia
horizontal
dos
direitos
fundamentais
nas
relações
privadas),
situação
essa
decorrente
do
princípio
da
unidade
do
ordenamento
e
da
supremacia
da
Constituição
(força
normativa
da
Constituição,
de
Konrad
Hesse).
1.2.
Conceito
de
Constitucionalismo
Constitucionalismo
é
a
evolução
histórica
do
Direito
Constitucional.
Ele
gravita
em
torno
das
seguintes
idéias
básicas:
i. Separação
de
poderes
ii. Garantia
de
direitos
iii. Princípio
do
governo
limitado
1
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
1
Nas
palavras
de
Kildare
Gonçalves
Carvalho,
citado
por
Pedro
Lenza,
o
constitucionalismo
“em
termos
jurídicos,
reporta-‐se
a
um
sistema
normativo,
enfeixado
pela
Constituição,
e
que
se
encontra
acima
dos
detentores
do
poder;
sociologicamente,
representa
um
movimento
social
que
dá
sustentação
à
limitação
do
poder,
inviabilizando
que
os
governantes
possam
fazer
prevalecer
seus
interesses
e
regras
na
condução
do
Estado”.
2
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
3
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
pensamento,
tem-‐se
que
um
Estado
que
não
respeita
os
direitos
humanos
ou,
até
mesmo,
não
se
pauta
na
democracia
pode
muito
bem
existir
sem
o
princípio
"rule
of
law".
Todavia,
trata-‐se
de
preceito
considerado
pressuposto
lógico
da
Democracia,
que
se
revela
como
verdadeira
garantia
contra
o
despotismo
ao
se
firmar
como
suporte
legal
ao
Estado
Democrático
de
Direito.
2.3.
CONSTITUCIONALISMO
MODERNO
Inaugura-‐se
a
partir
do
surgimento
da
Constituições
escritas.
2.3.1
CLÁSSICO
OU
LIBERAL
Começa
no
final
do
séc.
XVIII,
com
as
revoluções
liberais
(francesa
e
norte-‐americana),
e
vai
até
a
Primeira
Guerra
Mundial
(1914).
Até
então,
não
existia
Constituição
escrita,
mas
simplesmente
baseada
nos
costumes.
A
primeira
Constituição
escrita
que
existiu
foi
dos
EUA,
em
1787,
seguida
da
Constituição
francesa
de
17912.
Com
a
Constituição
escrita
surge
a
rigidez
constitucional
(processo
mais
solene,
com
dificuldade
de
alteração
de
suas
normas).
A
Constituição
rígida,
por
sua
vez,
é
caracterizada
pela
supremacia,
surgindo
a
idéia
de
supremacia
da
Constituição.
Escrita
!
Rigidez
!
Supremacia
Muitos
autores
entendem
que
o
Constitucionalismo
só
surgiu
nessa
fase,
com
a
Constituição
rígida
e
suprema.
Nessa
fase
do
Constitucionalismo
surgiram
os
direitos
de
primeira
dimensão3:
direitos
fundamentais
relacionados
com
o
valor
liberdade4,
elegendo-‐se
o
povo
como
o
titular
legítimo
do
poder
(pela
Revolução
Francesa).
A
primeira
dimensão
de
direitos
é
formada
por
direitos
civis
ou
políticos5.
2.3.1.1.
As
principais
idéias
que
aproveitamos
dos
Constitucionalismos
A)
Norte-‐americano
i. Supremacia
da
Constituição
#
o
jogo
político
é
protagonizado
pelos
Poderes
Legislativo,
Judiciário
e
Executivo
e
organizado
pela
Constituição.
Os
norte-‐
americanos
perceberam
que,
para
a
Constituição
efetivamente
determinar
as
regras
do
jogo
entre
os
Poderes,
teria
que
estar
acima
deles.
Daí
surgiu
a
idéia
de
Poder
Constituinte,
que
se
refere
à
Constituição,
e
Poderes
Constituídos,
que
são
os
Poderes
Legislativo,
Executivo
e
Judiciário;
2
A
Constituição
francesa
não
foi
a
primeira
constituição
escrita
na
Europa,
mas
a
Constituição
polonesa,
que
surgiu
um
pouquinho
antes.
3
Não
se
utiliza
mais
a
expressão
“geração”,
para
manter
a
idéia
de
que
as
dimensões
coexistem.
4
Pois
esse
era
o
interesse
da
luta
da
burguesia,
que
buscava
proteger
os
direitos
à
liberdade
e
propriedade,
contra
a
arbitrariedade
do
monarca.
5
Para
ilustrar,
a
Constituição
americana,
que
data
de
1787,
época
do
Constitucionalismo
clássico
ou
liberal,
quando
surgiu,
somente
consagrava
direitos
civis,
razão
porque
chamam
os
direitos
constitucionais
de
civil
rights
lá.
5
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
ii. Garantia
Jurisdicional
#
define
que
o
Poder
Judiciário
será
responsável
por
garantir
a
supremacia
da
Constituição.
Os
norte-‐americanos
escolheram
o
Poder
Judiciário
para
defesa
da
Constituição
porque
era
o
Poder
mais
neutro,
do
ponto
de
vista
político,
em
comparação
com
os
Poderes
Executivo
e
Legislativo.
O
controle
de
constitucionalidade
surgiu
aqui,
em
função
da
garantia
jurisdicional
(controle
difuso
feito
pelo
juiz
Jonh
Marshall,
em
1803).
iii. Federalismo,
República
como
forma
de
governo,
Etc.
B)
Francês
i. Garantia
de
Direitos
ii. Separação
de
Poderes
Essas
ideias
estão
muito
claras
no
art.
16
da
Declaração
Universal
dos
Direitos
do
Homem
e
do
Cidadão
(a
declaração
da
revolução
francesa,
de
1789):
Art.
16.º
A
sociedade
em
que
não
esteja
assegurada
a
garantia
dos
direitos
nem
estabelecida
a
separação
dos
poderes
não
tem
Constituição.
2.3.1.2.
Estado
de
Direito
ou
Estado
Liberal
O
Estado
de
Direito
surge
até
um
pouco
antes
do
constitucionalismo
clássico,
no
Rule
of
Law
inglês,
mas
é
nessa
época
que
ela
fica
institucionalizado.
A
partir
do
constitucionalismo
clássico,
começa
a
haver
predomínio
do
positivismo
jurídico
sobre
o
jusnaturalismo,
surgindo
a
idéia
de
Estado
de
Direito.
O
Estado
de
Direito
substituiu
o
modelo
de
Estado
anterior,
absolutista,
chamado
de
Estado
de
Polícia.
O
Estado
de
Direito
está
ligado
à
idéia
de
“império
da
lei”,
opondo-‐se
ao
império
dos
homens.
6
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
iv. O
Estado
se
limita
à
defesa
da
ordem
e
segurança
públicas
–
isso
porque
o
Estado
liberal
é
abstencionista.
No
campo
econômico,
o
Estado
de
Direito
é
mínimo6.
2.3.1.3.
Experiências
do
Estado
de
Direito
ou
Estado
Liberal
O
Estado
de
Direito
teve
três
concretizações/experiências
importantes:
A. Experiência
da
Rule
of
Law
–
foi
um
Estado
de
Direito
que
aconteceu
na
Inglaterra,
na
Idade
Média.
Foi
“o
Governo
das
Leis”,
em
substituição
ao
“Governo
dos
Homens”.
Característica
principal:
desenvolvimento
do
devido
processo
legal
em
sua
dimensão
substantiva
(noção
de
que
o
processo
tem
que
ser
justo
e
adequado).
B. Experiência
do
Rechtsstaat
–
ocorreu
na
Prússia,
no
séc.
XVIII.
(trad.
literal
é
Estado
de
Direito).
Característica
principal:
impessoalidade
do
poder
(ou
seja,
dentro
do
Estado,
todos
estão
limitados
pelo
que
a
lei
determina).
C. Experiência
do
État
Légal
–
ocorreu
na
França,
depois
da
Revolução
Burguesa.
Característica
principal:
estabelecimento
de
normas
por
legisladores
eleitos
democraticamente.
Apenas
na
França
o
direito
tinha
que
ser
criado
por
legisladores
eleitos,
na
Alemanha
não
havia
essa
previsão.
O
État
Légal
corresponde
ao
Estado
de
Direito.
Nessa
época
vigia
o
positivismo
jurídico
da
Escola
da
Exegese.
Os
revolucionários
franceses
não
confiavam
nos
juízes,
razão
porque
a
hermenêutica
seria
de
subsunção.
A
função
do
juiz
era
meramente
revelar
aquilo
que
a
lei
dizia.
O
juiz
só
podia
interpretar
literalmente,
e
não
aplicando
uma
interpretação
conforme
a
Constituição.
OBS:
Experiência
do
État
du
Droit
–
ocorreu
na
França,
após
o
État
Legal.
Ele
corresponde
ao
que
chamam
na
Alemanha
de
Verfassungsstaat
(Estado
Constitucional)
e
não
ao
Estado
de
Direito,
como
pode
parecer.
QUESTÃO: Trate do devido processo legal no Rule of Law, no État Legal e Rechtsstaat.
2.3.2
CONSTITUCIONALISMO
MODERNO
OU
SOCIAL7
Teve
uma
duração
curta,
existindo
no
período
entre-‐guerras
(1918-‐1945).
Esse
novo
Constitucionalismo
surgiu
em
razão
da
crise
econômica
e
financeira
pela
qual
o
mundo
passava,
em
decorrência
do
esgotamento
fático
do
Constitucionalismo
Liberal,
incapaz
de
atender
as
demandas
por
direitos
sociais.
O
Estado
abstencionista
é,
assim,
substituído
pelo
Estado
intervencionista.
Nessa
fase
do
Constitucionalismo,
o
rol
de
direitos
fundamentais
é
aumentado,
surgindo
a
segunda
dimensão
de
direitos
fundamentais,
ligados
ao
valor
“igualdade”.
Essa
é
a
igualdade
material,
pois
a
igualdade
formal
já
existia
na
época
do
Constitucionalismo
Clássico.
6
Teoria
da
mão
invisível,
de
Adam
Smith,
principal
teórico
do
campo
econômico
do
Estado
Liberal.
Na
visão
de
Adam
Smith,
o
Estado
deve
ter
apenas
três
deveres:
(i)
proteger
a
sociedade
contra
a
violência
e
a
invasão
externa;
(ii)
estabelecer
uma
adequada
administração
da
Justiça;
(iii)
erigir
e
manter
obras
e
instituições
que
não
sejam
objeto
de
interesse
privado.
7
O
Constitucionalismo
Moderno
(denominação
de
Marcelo
Novelino)
também
é
chamado
por
Pedro
Lenza
e
Uadi
Lammêgo
de
Constitucionalismo
Moderno.
Esses
autores
não
distinguem
a
fase
do
Constitucionalismo
Moderno
entre
os
Estados
de
Direito/Liberal
e
Social,
como
faz
Marcelo
Novelino,
que
trata
desses
Estados
como
fazendo
parte,
respectivamente,
das
fases
do
Constitucionalismo
Clássico
e
Moderno.
Para
Pedro
Lenza
e
Uadi
Lammêgo,
tanto
o
Estado
de
Direito
quanto
o
Estado
Social
estão
insertos
na
fase
do
Constitucionalismo
Moderno.
7
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
8
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
2.4.1.
Características
do
Neoconstitucionalismo
Segundo
Walber
de
Moura
Agra,
dentre
as
principais
características
do
neoconstitucionalismo
podem
ser
mencionadas:
a) Positivação
e
concretização
de
um
catálogo
de
direitos
fundamentais
b) Onipresença
dos
princípios
e
das
regras
c) Inovações
hermenêuticas
d) Densificação
da
força
normativa
do
Estado
e) Desenvolvimento
da
justiça
distributiva
(eficácia
de
direitos
sociais)
i. Normatividade
da
Constituição
(Konrad
Hesse)
–
Define
que
a
norma
constitucional
tem
status
de
norma
jurídica,
sendo
dotada
de
imperatividade.
os
EUA
já
aceitavam
a
normatividade
da
Constituição
desde
sua
Constituição
de
1978,
mas
na
Europa
não
havia
essa
preocupação,
pois
para
os
europeus
os
direitos
fundamentais
eram
apenas
diretrizes,
às
quais
o
Parlamento
não
estaria
vinculado9.
Hoje,
a
normatividade
é
indiscutível.
ii. Supremacia
Constitucional
–
essa
característica
também
já
existia
desde
as
primeiras
constituições
escritas.
Para
ter
supremacia
formal,
a
Constituição
tem
que
ser
rígida
e,
para
ser
rígida,
tem
que
ser
escrita.
iii. Centralidade
da
Constituição
–
essa
característica
também
é
denominada
de
Unipresença,
Imperatividade,
Superioridade,
Ubiqüidade
Constitucional.
A
Constituição
passa
a
ser
o
centro
do
sistema
jurídico,
marcada
por
intensa
carga
valorativa.
A
centralidade
da
Constituição
se
reflete
no
fenômeno
da
Constitucionalização
dos
ramos
específicos
do
Direito
(ex:
constitucionalização
do
direito
civil).
Expressões
da
centralidade
da
Constituição:
a. Eficácia
Horizontal
dos
Direitos
Fundamentais:
quando
os
direitos
fundamentais
de
primeira
dimensão
surgiram,
tinham
apenas
eficácia
vertical
(somente
o
Estado
era
sujeito
passivo).
Os
juristas
começaram
a
perceber,
no
entanto,
que
a
violação
dos
direitos
fundamentais
não
ocorria
somente
na
relação
subordinada
entre
Estado
e
cidadãos,
mas
também
na
relação
de
coordenação,
entre
8
No
constitucionalismo
moderno
a
diferença
entre
normas
constitucionais
e
infraconstitucionais
era
apenas
de
grau,
no
neoconstitucionalismo
a
diferença
é
também
axiológica.
9
Pois
os
europeus
confiavam
em
seus
parlamentares
para
defesa
de
seus
direitos.
9
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
10
Nossa
Constituição,
por
exemplo,
é
tão
prolixa
porque
posterior
à
ditadura.
11
Normas
programáticas
são
metas
a
serem
atingidas
pelo
Estado,
programas
de
governo.
12
Essa
concepção
de
dirigismo
estatal
(de
o
texto
fixar
regras
para
dirigir
as
ações
governamentais)
tende
a
evoluir
para
o
que
André
Ramos
Tavares
chama
de
dirigismo
comunitário
do
constitucionalismo
globalizado,
que
busca
difundir
a
idéia
da
proteçãoaos
direitos
humanos
e
propagação
para
todas
as
nações.
10
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
No
positivismo
jurídico,
por
sua
vez,
dois
elementos
estão
sempre
presentes
nos
conceitos
de
Direito
desenvolvidos
por
seus
teóricos:
validade
formal
e
eficácia
social.
A
preocupação
dos
positivistas
era
com
a
segurança
jurídica.
Para
composição
de
seu
conceito
de
Direito,
os
pós-‐positivistas
conjugam
os
três
elementos
mencionados
pelo
jusnaturalismo
e
juspositivismo:
correção
substancial
(justiça
em
seu
conteúdo);
validade
formal
e
eficácia
social.
13
Robert
Alexy
é
muito
citado
na
jurisprudência
do
STF,
a
partir
de
2003,
por
sua
obra:
Teoria
dos
Direitos
Fundamentais.
Ler!
11
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Por
isso
diz-‐se
que,
enquanto
no
positivismo
o
principal
protagonista
era
o
legislador,
no
pós-‐positivismo
o
principal
protagonista
é
o
juiz,
que
aplicará
os
princípios
com
base
em
métodos
hermenêuticos
de
ponderação
de
valores,
extremamente
subjetivos.
2.4.2.
Dimensões
dos
Direitos
Fundamentais
No
Constitucionalismo
Contemporâneo
surgem
os
direitos
de
terceira
dimensão,
ligados
à
fraternidade
ou
solidariedade.
Hoje
já
se
fala
em
direitos
que
quarta
e
quinta
geração,
mas
a
partir
da
terceira
dimensão,
há
divergência
da
doutrina
na
classificação
dos
direitos.
Classificação
de
Paulo
Bonavides
(rol
exemplificativo
dos
direitos):
o Primeira
dimensão:
direitos
civis
ou
políticos,
individuais,
ligados
aos
valores
burgueses
da
propriedade
e,
principalmente,
da
liberdade.
o Segunda
dimensão:
direitos
coletivos
sociais,
econômicos
ou
culturais,
fundados
no
valor
da
igualdade
material.
o Terceira
dimensão:
direitos
ligados
ao
valor
fraternidade,
solidariedade.
Ex:
direito
ao
meio
ambiente;
autodeterminação
dos
povos,
direito
ao
progresso
ou
desenvolvimento;
direito
de
comunicação,
etc.
São
direitos
transindividuais.
DICA:
Notar
que
as
dimensões
dos
direitos
constitucionais
seguem
a
ordem
da
luta
burguesa:
“liberdade,
igualdade
e
fraternidade”.
O
Estado
Democrático
de
Direito
procura
sintetizar
as
conquistas
dos
Estados
Liberal
e
Social.
Marcelo
Novelino
prefere
utilizar
a
expressão
“Estado
Constitucional
Democrático”
no
lugar
de
“Estado
Democrático
de
Direito”
em
razão
da
análise
da
idéia
em
torno
da
qual
gira
o
Estado
na
Fase
do
Neoconstitucionalismo,
já
que
o
paradigma
do
império
da
lei
(do
Estado
de
Direito)
mudou
para
força
normativa
da
Constituição.
12
DIREITO
CONSTITUCIONAL
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
ii. O
direito
deve
ser
exercido
e
organizado
em
termos
democráticos:
No
Brasil,
temos
mecanismos
de
democracia
direta
e
indireta
(participação
popular).
iii. O
legislador
passa
a
ter,
além
das
limitações
formais,
limitações
materiais:
o
legislador
não
está
limitado
apenas
em
relação
ao
processo
como
elabora
a
lei,
mas
também
ao
conteúdo,
a
substância,
das
normas
que
cria.
iv. A
democracia
não
é
apenas
a
democracia
formal
(vontade
da
maioria
e
eleições
periódicas).
Hoje,
a
democracia
é
vista
em
um
sentido
substancial.
Além
das
acepções
tradicionais
da
democracia,
entra
um
componente
novo:
a
garantia
de
direitos
fundamentais
para
todos,
inclusive
para
as
minorias.
2.5.
CONSTITUCIONALISMO
DO
FUTURO
Os
autores
já
estão
falando
no
Constitucionalismo
do
futuro,
que
ainda
não
chegou,
mas
pode
vir
a
ser.
A
idéia
do
constitucionalismo
do
futuro
surgir
há
algumas
décadas,
quando
foi
realizado
um
congresso
na
América
Latina
em
que
foram
discutidas
as
metas
para
o
constitucionalismo
no
futuro.
Alguns
participantes
escreveram
artigos
com
base
nessas
discussões.
O
autor
argentino
José
Roberto
Dromi
tem
sido
citado
em
concurso.