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O conceito Arquitectónico

Através de um concurso internacional para o qual foram convidados arquitectos de renome


mundial, foi escolhida a 'ideia' apresentada pelo arquitecto Rem Koolhaas e pelos
engenheiros da Ove Arup / Afassociados.
O projecto de Engenharia - Passar da ideia à obra
O desafio posto aos Engenheiros, de passar para a prática a referida 'ideia', revelava-se de
grande complexidade. Contribuíam para este facto :
• a forma exterior única e
perfeitamente inédita do
edifício;
• a vontade expressa do
Arquitecto de que a envolvente
exterior constituísse um
elemento estrutural fundamental
• a estrutura é o elemento
arquitectónico fundamental
• a diversidade da organização do espaço interior
• o nível de exigências técnicas

• o pouco tempo disponível


• edifício em betão branco
Superar estas dificuldades e levar a cabo o desafio posto aos
projectistas só foi possível com um grande esforço individual das
especialidades, integrando-se de forma inequívoca, como parte de
um todo cujo objectivo principal era fazer um projecto da mais alta
qualidade que contivesse o conceito e a lógica arquitectónicas.

Esta interdisciplinaridade no trabalho foi desde o primeiro


momento evidente no caso da Arquitectura e das Estruturas.
O conceito de que o edifício deveria resultar de um 'objecto' sólido
de geometria facetada irregular, o qual era 'esculpido'
interiormente de modo a daí resultarem os espaços habitáveis, e,
ainda, a vontade de que o referido sólido, ou o que dele restasse,
devia constituir a própria estrutura, não deixavam outra alternativa
senão o percurso em paralelo da Arquitectura e da Engenharia.
O Projecto

Empreendimento Casa da Música:


Edifício dos Auditórios
Parque de Estacionamento

Rampa de Acesso pela Av. da Boavista

Alguns números relevantes:

Área de construção do edifício dos auditórios: 20136 m2


Volume de betão branco: 20900 m3
Área de cofragem para betão aparente: 29570 m2
Área total de cofragem: 69120m2
Cofragem/Área de construção 3.43m2/m3
Auditório Principal 1300 pessoas
Auditório Pequeno 300 pessoas

Estacionamento
Área de construção 20136 m2
Volume de betão cinzento 13100 m3
Nº de lugares: 662

Rampa 1200 m2
Breve Descrição do Edifício dos Auditórios
Dimensões
Dimensões em planta:
Ao nível das fundações - 30x50 m2
Ao nível dos arr. Envolventes - 52x60m2
Máximas - 70x80m2
Altura total - 55m ( 40m acima do solo)
Nº de pisos - 13 pisos, sendo 3 em cave

Corte Transversal

O 'sólido' limitado pelos painéis de paredes


exteriores é vazado no sentido Nascente
Poente pelo Auditório principal.
Perpendicularmente a este, do lado Sul e a
uma cota mais elevada, situa-se o Auditório
pequeno
Lateral e longitudinalmente ao Auditório
principal, existem duas grandes paredes
verticais que "cortam" completamente o
edifício em três zonas: o lado Norte, a zona
Corte Longitudinal
central e o lado Sul.
Zona Sul

Átrio de entrada
Auditório Pequeno

Na zona superior Sul, envolvente do


Auditório pequeno, o objecto é
totalmente oco, dando lugar ao
espaço situado sobre a escadaria
principal de acesso ao Auditório
principal e que funciona como um
grande átrio.
Zona Central

Auditório Principal

Auditório Principal com a forma de


caixa de sapatas acusticamente
isolado da estrutura.
Abaixo do Auditório
Zonas Técnicas
Piso 1 - Acesso publico
Abaixo do piso1 – Serviços e
instalações para o pessoal,
instalações de apoio ao publico
zonas técnicas, salas de Gravação
e Armazenamento
Acima do Auditório
Restaurante e algumas zonas
técnicas.
Zona Norte

Densamente "povoado" por


construção, existindo, além
dos pisos, uma profusão de
entrepisos, escadas,
rampas, etc. Nela situam-se
áreas técnicas, zonas de
apoio, acessos diversos,
sala de cybermúsica, salas
educacionais, etc.
Planta do Piso 4

N
A Estrutura do edifício dos Auditórios

Elementos Estruturais Principais

Casca formada pelos painéis de parede


exterior com 0.40m de espessura
Duas grandes paredes Longitudinais
A parede do alinhamento. 7
Dois grandes “pés” inclinados
Duas vigas paredes do auditório
pequeno
Pilares da zona central que se
desenvolvem até ao anfiteatro
“Intervenções” - pilares inclinados
Estrutura metálica e mista da laje do
piso 8

Toda a estrutura é monolítica em betão armado


Os painéis das paredes exteriores do edifício funcionam como uma casca tridimensional com esforços de
membrana, contribuindo decisivamente para a estabilidade global do edifício e, de flexão, resultante da acção
do seu peso próprio e das acções transmitidas pelas lajes e paredes.
Perfis reconstituídos soldados
com funcionamento misto

Vigas Treliça

Tecto Acústico do Auditório – estrutura mista aço-betão


HEA700 + laje mista com 0.16m

Laje flutuante com


0.225m de espessura

Lajes maciças vigadas, espessuras até 0.375m

A Zona Central
Estrutura da Laje do piso 8 – Vão de 24.2m

Vigas Treliça

Perfis PRS
O lado Sul
Comportamento tridimensional
determinante

O efeito de cintagem horizontal


entre os painéis é significativo

EP1000-PAR2
EP1000-PAR6
EP200-P5
EP200-P7
EP250-elev1
EP250-elev2
EP250-elev3
EP250-parA
EP300-B1
EP300-B2
EP300-P0
EP300-P1
EP300-P2
EP300-P3
EP300-P4
EP300-P5
EP300-P6
EP300-P8
EP300-parB
EP350-par-al7
EP400-PAR1
EP400-PAR10
EP400-PAR11
EP400-PAR12
EP400-PAR13
EP400-PAR14
EP400-PAR16
EP400-PAR2
EP400-PAR3
EP400-PAR4
EP400-PAR5
EP400-PAR6
EP400-PAR7
EP400-PAR8

Z EP400-PAR9
EP400-elev6
EP400PAR15

Y
EP450-PARXX
P1-1000x1000
X P2-2000x2000
P3-D600

As vigas paredes do auditório pequeno


apoiam-se no painel exterior
conferindo-lhe simultaneamente
travamento horizontal
Os painéis de cobertura são igualmente
estabilizadores dos painéis
Necessidade de “ajudas” pontuais para EP1000-PAR2

a flexão dos painéis.


EP1000-PAR6
EP200-P5
EP200-P7
EP250-elev1
EP250-elev2
EP250-elev3
EP250-parA
EP300-B1
EP300-B2
EP300-P0
EP300-P1
EP300-P2
EP300-P3
EP300-P4
EP300-P5
EP300-P6
EP300-P8
EP300-parB
EP350-par-al7
EP400-PAR1
EP400-PAR10
EP400-PAR11
EP400-PAR13
EP400-PAR14
EP400-PAR16
EP400-PAR2
EP400-PAR3
EP400-PAR4

Z EP400-PAR5
EP400-PAR6
EP400-PAR7
EP400-PAR8
EP400-PAR9

XY
EP400-elev6
EP400PAR15
EP450-PARXX
P1-1000x1000
P2-2000x2000
P3-D600
O lado Sul
O lado Norte

Grande complexidade geométrica de lajes,


escadas e rampas, foram adoptados diversos tipos
de soluções estruturais.
•Elemento de transmissão directa de cargas às
fundações (elementos portantes)
painéis da casca exterior
parede longitudinal do alinhamento 2
caixas de elevador
1pilar inclinado
•Vigas ou paredes de transferência que se apoiam
nos elementos portantes ( elementos primários)
•Paredes secundárias que apoiam nos elementos
portantes e/ou primários
• Outras vigas e paredes
•Lajes apoiadas em todos os tipos de elementos
atrás referidos.
Betão branco
• Betão da classe de resistência C40/50
• Cimento branco Br1 da classe 42.5 – dosagem de 380 kg/m3
• Inerte Gráudo – Calcáreo
• Areia Fina Siliciosa
• Areia Fina Granítica
• Fíler de origem calcária muito branco
• Razão água/cimento máxima 0.42

Curva de Endurecimento do Betão Branco (S4)

70
Tensão Característica de

61,41
60 58,00
53,52
50 48,97
Rotura

40 38,22 Betão Branco S4

30 Curva do
REBAPE
20
16
10
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

Idade
Projecto de estruturas – Planta de fundações
Projecto de estruturas – Planta do piso 2
Projecto de estruturas – Planta do piso 7
Projecto de estruturas – Planta da cobertura
Projecto de estruturas – Parede Pa1
Projecto de estruturas – Painéis 12,13 e 14
Projecto de estruturas – Escada EE1-3
Projecto de estruturas – Armaduras do Painel 13

Painéis exteriores com 0.40m de espessura

Critério de dimensionamento em ELS –


largura de fendas de 0.2mm
Projecto de estruturas – Armaduras da parede Pa1
A Estrutura - Modelação
Vista exterior do modelo de elementos finitos
Vista do interior do modelo de elementos finitos
Análise estrutural – determinação de esforços na casca exterior
A Estrutura do Parque de Estacionamento
• Lajes maciças fungiformes apoiadas numa malha quadrada de pilares
com 7,8x7,8m2
• Pilares circulares com 60 cm de diâmetro com capiteis tronco-cónicos
• Ausências de juntas de dilatação, no entanto, as lajes do parque estão
separadas do edifício dos auditórios.

• Lajes dos pisos B1 e B2


» Espessura da laje 0.25 m
» Altura dos capiteis 0.50 m
» Diâmetro dos capiteis 2.00 m
• Lajes do piso P0 - Plaza
» Espessura da laje 0.35 m
» Altura dos capiteis 0.70 m
» Diâmetro dos capiteis 3.00 m
Construção do Parque de Estacionamento
Geotecnia

• Reconhecimento Geológico – Geotécnico


• Contenção periférica Parede moldada
• Fundações do Parque de Estacionamento Sapatas
• Edifício dos Auditórios Estacas
Prospecção Geotécnica para Fundações

• sondagens à percussão e rotação com SPT


• complementadas com DPSH para as fundações directas (parque)
• furação destrutiva na zona das estacas para identificação do “bed-rock”

• conclusões:
terreno muito heterogéneo apresentando intercalações de estratos de rocha
dura com saibro.

Fundações Directas - Estacionamento

• Para o dimensionamento das fundações directas foi feito um zonamento


do terreno em termos de deformabilidade (possança e características do
estrato de saibro acima da rocha)
• Utilizou-se um modelo de cálculo onde foi considerado o comportamento
global do estrato de saibro solicitado pelas cargas localizadas das
sapatas ( interacção entre sapatas )
• O critério de dimensionamento preponderante foi a limitação de
assentamentos.
Fundações Indirectas

• Utilizaram-se estacas Ø800 e Ø1300 moldadas


no terreno com o furo estabilizado
provisoriamente com lamas bentoníticas.
A escavação das estacas foi feita com recurso a
trado (solo) e/ou carotadora/trado de rocha e
limpadeira (solos muito compactos e rocha
branda).

• As estacas foram dimensionadas para as


reacções de apoio rígido do modelo 3D
Posteriormente, no caso de estacas que não
cumpriam os critérios de conformidade (ensaios
sónicos, carotes de fundo de estaca, velocidades
de penetração) foram verificadas como apoios
elásticos no modelo estrutural, tendo sido
avaliada capacidade de redistribuição dos
maciços de encabeçamento e da estrutura.

As estacas foram consideradas a funcionar
exclusivamente de ponta.
Ensaios nas estacas

Realizaram-se 2 ensaios de carga em estacas:


• avaliação da carga última (2x carga de serviço numa estaca Ø800)
• avaliação de comportamento em serviço (1.5x carga de serviço numa estaca
Ø1300)
• Os resultados dos ensaios de carga confirmaram as condições de execução das
estacas.
• Os ensaios de carga foram realizados já com a obra em andamento (não foram
ensaios prévios).
Foram ainda realizados:

• ensaios sónicos correntes em todas as estacas para verificação da


integridade do betão das estacas
• ensaios sónicos cross - hole e carotagens de fundo de estaca para
avaliação das condições do pé das estacas nas estacas mais
carregadas e naquelas em que os registos da furação indicavam
que poderia haver anomalias
Critério de paragem de estacas

• Devido às cargas suportadas e aos assentamentos admissíveis, as estacas foram


fundadas em rocha com grau de alteração W3 (ou maior) e RQD ≥ 50%.

• Inicialmente foram feitos furos nos locais de cada grupo de estacas com uma máquina de
furação a água para determinar a cota de pé de estaca (a velocidade de furação desta
máquina tinha sido calibrada com a execução de furos prévios junto a sondagens). No
entanto este equipamento foi incapaz de atravessar estratos duros que se encontravam a
pequenas profundidades e as velocidades de penetração não eram sempre coerente com
a velocidade de penetração da máquina de estacas, pelo que este método foi
abandonado.

• O método que se revelou mais fiável para a paragem das estacas foi a análise da
velocidade de penetração da máquina de estacas, tendo sido realizadas algumas
sondagens complementares para garantir que não se estaria a fundar num estrato duro
sobrejacente a um estrato de solo.

• Os critérios adoptados para a determinação das cotas de fundo de estaca foram:


- comprimento mínimo definido pelos dados da prospecção geotécnica e furos prévios,
- paragem da furação (abaixo do comprimento mínimo) quando se regista uma
velocidade de penetração inferior a 0.50m/h medidos num período de meia hora.
- excepcionalmente algumas estacas tiveram comprimento inferior ao mínimo devido a
“nega” da máquina de estacas (geralmente penetração inferior a 1m em 2 horas).
Controlo de qualidade das estacas

• Para além da necessidade de se assegurar que a estaca estava fundada


em terreno competente, foi necessário ter particular cuidado nas
condições do fundo da estaca, pois um fundo de estaca “mole”
provocaria assentamentos mesmo estando a estaca fundada no terreno
de fundação previsto. Assim, tomaram-se as seguintes medidas:

- Reduzido tempo entre a abertura do furo e a betonagem da estaca,

- Apertado controlo das características das lamas bentoníticas,

- Processos de limpeza do fundo do furo.

• Nas estacas mais carregadas ou em que havia suspeitas de


contaminação do fundo dos furos (tempo elevado entre furação e
betonagem ou resultados dos ensaios sónicos correntes inconclusivos)
foram realizados ensaios sónicos cross-hole até à base da estaca; se
ainda subsistissem dúvidas realizavam-se carotagens de pé de estaca
(com 2m de comprimento, 1m na estaca e 1m no terreno).
Ainda assim, houve estacas para as quais se teve que considerar uma
rigidez carga - deformação reduzida e verificar o comportamento
estrutural
Projecto de Escoramento
Foram estudadas várias hipóteses de escoramento dos painéis inclinados e a
sua sustentação quer por meios temporários, quer através da sua ligação às
lajes, tendo em conta os condicionalismos construtivos resultantes da
estereotomia inclinada dos painéis de cofragem
Foi estudado o módulo tipo de
cofragem – a unidade elementar
do escoramento
Faseamento Construtivo resultado do trabalho em conjunto com o Consórcio
construtor onde se tentou simultaneamente minimizar as necessidades de pós-
escoramento e atender às necessidades da execução prática dos trabalhos.
Faseamento Construtivo
Projecto de Escoramento

Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 24


Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 32
Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 37
Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 41
Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 44
Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 60
Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 62
Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 66
Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 70
Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 76
Estudo da estabilidade das fases construtivas – modelo de cálculo da fase 77
TIRANTE ESTABILIZADOR PARA PAINEL INCLINADO EM FASE CONSTRUTIVA E
LIGAÇÃO DOS TIRANTES ANTI – ESCORREGAMENTO AOS PAINEIS

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