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Casa das Canoas, 1952

Rio de Janeiro - São Conrado

Análise Residencial Everton Luiz Dias


Fábia Abatti Pamplona
Marcus Paulino Teixeira
Mayckon Francisco
Simone Ricardo Martins

Laguna SC
2012
1 Contexto Sobre o Arquiteto e sua residência

Oscar Niemeyer Soares Filho (15/12/1907),


Rio de Janeiro – RJ.
Formação: Academia de Belas Artes do RJ.

Fonte: Revista AU, Dez, 2004.


Imagem 1: Oscar Niemeyer
Há alguns anos Niemeyer deixou de habitar a
Casa das Canoas, devido à insegurança que
cresce no Rio de Janeiro, ainda por cima num
local tão isolado.

Atualmente a casa pertence à Fundação Oscar


Niemeyer e está aberta ao público
para visitas.

A casa das Canoas foi tombada pelo IPHAN no


ano de 2007, juntamente com mais 34 obras do
arquiteto em homenagem ao seu centenário.

Imagem 2: Niemeyer em Brasília


Fonte: http://www.niemeyer.org.br/
1 Análise Gráfica Análise

Fonte: Fundação Oscar Niemeyer


Projeto: Oscar Niemeyer;
Ano do Projeto: 1952;
Período de construção: 1953-1954;
Projetos compl. / especiais: Joaquim Cardozo - engenharia estrutural;
Projeto paisagístico: Roberto Burle Marx;
Executores: Construtora Guanabara – construção;
Endereço: Estrada das Canoas, 2310 / São Conrado / Rio de Janeiro;
Áreas: pavimento inferior: 95,8m² pavimento superior 112,5 m².

• Forma orgânica;
• Forte relação da residência com seu entorno;
• Presença predominante da natureza;
• Representante da arquitetura moderna brasileira;
• Simbiose ARQUITETURA x PAISAGEM;
• A relação com o amigo pessoal Roberto Burle Marx teve
forte influencia sobre o projeto.
1 Análise Gráfica Análise

Pavimento Inferior
Térreo.

Corte e Fachada
Fonte: Elaborado a mão pela equipe com base no desenho do livro de Richard, 2011.
2 Elementos Acessos / entradas principais e secundárias

• Acesso é feito através da Rua das Canoas, estaciona-se o


carro em um ponto mais elevado do terreno e segue
descendo por um caminho calçado pelo meio da mata, até
chegar na área onde se vê a piscina;

• Existem duas grandes entradas principais na área


envidraçada com acesso a área social, também outras duas
entradas menores de serviço e um acesso externo direto a
área íntima;

• A casa não tem uma definição clara de frente ou laterais


devido a sua forma orgânica e a marcação das entradas é
moderada nas principais e pouco marcada nas demais.
2 Elementos Acessos / entradas principais e secundárias

Imagem 3: Esquema de acessos e entradas


Fonte: Raquel Ferrari da Veiga, Relatório Final de atividades UFSC
2 Elementos Circulação
• De acordo com o que a imagem abaixo, a circulação é predominantemente
horizontal;
• Internamente existe apenas uma escada que dá acesso à área íntima da
casa localizada na parte inferior da residência.

Imagem 4: Sala de Estar Imagem 5: Escada


Fonte: http://www.niemeyer.org.br/ Fonte: http://www.niemeyer.org.br/
2 Elementos Circulação
Na parte superior da casa (coletivas) nota-se uma fluidez dos espaços como
é o caso das paredes curvas, exigindo assim uma mesa redonda.
As áreas de circulação são difusas, ou seja, sem uma direção determinada.

- circulação interna;
- circulação externa.

Imagem 6: Pavimento inferior.


Fonte: Adaptado do livro – Casas onde Morei Imagem 7: Pavimento térreo
Fonte: Adaptado do livro – Casas onde Morei
2 Elementos Volume / Massa

Fonte: http://www.niemeyer.org.br/
Não há uma forma específica para a
casa, pois o arquiteto optou pela

Imagem 9: Parte Interna.


forma orgânica seguindo os
desníveis do terreno, não queria
uma caixa retangular.

Observando a residência em diversos


ângulos, nota-se as curvas que o
arquiteto tanto presa.

Há uma rocha no terreno que não


foi retirada, Niemeyer unificou-a com
a construção, ou seja, ‘acomodou’ a

Imagem 8: Vista Externa


casa em cima da pedra fazendo com

Fonte: Flickr.hideki.
que metade dela fica-se dentro e
outra fora.
2 Elementos Volume / Massa
Cheios e Vazios
Por ser uma casa de forma orgânica e cheia de curvas sinuosas fica
complicado separá-la em fachadas, mas pode-se afirmar que sua
predominância é de vazios na parte superior para possibilitar as vistas para o
mar, porem na parte inferior, para privacidade da área intima, a predominância
é de cheios. A residência possui uma assimetria nos ritmos.
Oscar Niemeyer articulou nessa casa o concreto armado e vidros.

Imagem 10: Vista dos Fundos. Imagem 11: Vista interna da sala, com abertura em vidro.
Fonte: Flickr Arq. Liane Fonte: Flickr.hideki.
2 Elementos Definição de Espaços

Fonte: http://www.niemeyer.org.br/
Imagem 12: Detalhe para lareira.

Fonte: Raquel Ferrari Veiga.


Imagem 13: Biblioteca.
Os espaços do pavimento superior são definidos pelas paredes curvas
externas (muitas delas de vidro), com ambientes integrados e amplos abertos
como é o caso da sala de estar e jantar sendo separados apenas pelo
mobiliário. Possui ainda uma área de serviço constituída de cozinha e lavabo
localizados lateralmente.
No pavimento inferior os cômodos são modulados até por se tratarem de
quartos e banheiros, porem ainda existe uma sala íntima / biblioteca,
considerada singular dentro da casa, e faz com que os cômodos inferiores
tenham ligação, (ver imagem acima).
2 Elementos Definição de Espaços

A pedra no terreno é um dos elementos


mais marcantes da obra, e parece ter
conformado os espaços de acordo com a
vontade da sua presença nestes.
Mas há outros como os móveis (desenhado

Imagem 15: Pedra interna próxima a escada.


pelo próprio arquiteto), as esculturas pelo
terreno (Alfredo Ceschiatti), a diferenciação
de materiais para revestimento (madeira,
vidro, carpete, mármore) que definem os
espaços.

Fonte: Flickr Arq. Liane.


Mármore Pedra Madeira
Imagem 14: Materiais da residência.
Fonte: Flickr Arq. Liane.
Estrutura e técnicas construtivas
2 Elementos

• A estrutura é independente e em concreto


armado que tem como função a sustentação da
casa, sendo a laje também usada como cobertura
da parte externa.

• Na parte coberta que tem contato com o exterior a


sustentação é feita por pilotis cilíndricos de
concreto armado pintados de preto, pilotis estes
que estão escondidos na parte interior pela
vedação de alvenaria rebocada.

• Na área da sala de estar e jantar que tem contato


com o pátio e a piscina parte da vedação é feita por
grandes portas de vidro, que maximizam a
iluminação dos ambientes e as paredes em
alvenaria são revestidas por madeira.

• Interessante destacar que parte da estrutura foi


erguida sobre uma pedra que já estava no terreno.

Imagem 16 e 17: Imagens sobre a estrutura.


Fonte: Projeto blog.com.br
2 Elementos Zoneamento Funcional

Fonte: Raquel Ferrari da Veiga, Relatório Final de atividades UFSC


Imagem 18: Piso Superior, adaptação
• A forma diferenciada dos dois pavimentos demonstrando a diferença de usos;
• A parte superior abriga a zona social e de serviço;
2 Elementos Zoneamento Funcional

• Já a parte inferior, de forma


mais discreta e menos
assimétrica, abriga a zona intima;

• Esta diferença formal, aliada a


um posicionamento menos
destacado no terreno, dão a área
intima um ar mais discreto
proporcionando maior
privacidade.

Imagem 19: Planta Térreo, ilustração adaptada.


Fonte: Raquel Ferrari da Veiga, Relatório Final de atividades UFSC
2 Elementos Conforto Ambiental
Na parte superior, a sala de estar e jantar ficaram com suas fachadas orientadas para norte oeste
e leste, garantindo boa insolação durante todo ano, sendo a incidência direta do sol amenizada
pela grande laje sinuosa e a piscina recebendo o sol praticamente o dia inteiro.

A cozinha tem sua fachada entre o leste e o sul, o garante boa iluminação e uma insolação mais
incidente no período da manhã, garantindo conforto térmico.

No lado oeste da cozinha uma parede entre a escada e a cozinha impede a incidência direta do sol
durante a tarde.

Já a o pavimento inferior, as fachadas ficam viradas para sudoeste e sudeste , garantindo uma
insolação menos direta e incidente e boa iluminação nos quartos da fachada sudeste e embora a
Sudoeste seja mais escura devido a pouca presença de aberturas.

A parte superior é praticamente toda aberta ao exterior através de janelas, paredes e portas de
vidro, permitindo uma ótima iluminação bem como ventilação cruzada em todos os sentidos, o que
nos transmite uma atmosfera clara e muito bem arejada.

Já no piso inferior a pouca existência de grandes aberturas e portas, confere um aspecto mais
enclausurado e pouco arejado.
Nestes aspectos é possível perceber uma valorização maior da área social com relação a íntima.

Destaque para as aberturas circulares, alinhadas próxima ao teto e a janela na biblioteca que
devido ao formato e dimensão só permitem que se veja de dentro para fora enquadrando parte da
vista, o que garante privacidade.
2 Elementos Conforto Ambiental

Imagem 20: Grupo de imagens referente ventilação e iluminação.


Fonte: Flickr hideki.
2 Relações Edifício X Entorno

Imagem 21: Vegetação do entorno.


Fonte: Luana-dantas.blogspot.com
• A casa eleva-se, no topo do morro
de São Conrado, sendo privilegiada
com uma vista abrangente da baía
do Rio;

• Hoje em dia, a vegetação ao redor


é abundante, obstruindo um pouco a
visão. (ver imagem 21);

Imagem 22: Levantamento Topográfico.


• Ao lado da residência há um curso
d’água, que continua fazendo seu

Fonte: Raquel Ferrari da Veiga.


caminho sem ser prejudicado.
2 Relações Interior X Exterior

Imagem 23: Grupo de imagens referente ventilação e iluminação.


Fonte: Flickr Arq. Liane.
2 Relações Hierarquias espaciais

Público: A área pública se dá na parte externa, ao qual tem


acesso os visitantes que percorrem o entorno da residência,
sem ter acesso ao interior (privado), área esta, sim, delimita
para as pessoas convidadas pelo dono.

Privado: localiza-se na parte inferior onde está à área intima


(quartos e banheiros), resguardando o interior do exterior.
2 Relações Hierarquias espaciais

Semi-público e semi-privado: o semi-público trata-se da sala intima/


biblioteca, onde somente as pessoas convidadas tem acesso. O semi-
privado da casa situa-se na parte superior por ser uma área de
convivência, onde se recebe os convidados.

Importância dada aos espaços: Cada espaço tem sua importancia, pois
mesmo a parte intima da casa estando no subsolo, Niemeyer conseguiu
manter a vista desta área para o exterior, onde continuam desfrutando da
vista da mata, enquanto que a parte alta esta reservada aos cômodos de
estar, que ficavam no mesmo nível do jardim e do terraço colocado em
cima dos quartos. A casa ficou com amplos espaços integrados, com os
imensos panos de vidro que valorizam a vista.
3 Ordem de idéias Simetria / Assimetria

A casa possui uma planta livre e orgânica, tornando-se assimétrica, isso


é mais evidente no pavimento superior, o qual não possui nenhum eixo
de simetria. A parte inferior possui mais regularidades, mas mesmo
assim, não é simétrica, pois teve como partido aproveitar os desníveis do
terreno sem realizar trabalhos de terraplanagem, etc.

Equilíbrio entre os elementos, ponto/contraponto, correspondências: a


residência aparenta estar equilibrada nos seus elementos de composição
mais marcantes: a pedra, a piscina e a laje, que contrapõem sua
estrutura e harmonizam a forma com o meio ambiente em que a casa foi
implantada.
3 Ordem de idéias Traçados reguladores

Regras de composição de plantas e fachadas: retículas, módulos:

Foi utilizada uma relação com linhas livres, orgânicas inspirada nas
curvas da mulher brasileira, nos desenhos que as montanhas do Rio de
Janeiro fazem no horizonte.

A planta inferior possui ângulos mais retos, o que pela localização menos
privilegiada não influencia na forma.

Regras de composição de volume: prismas geradores, módulos, etc.

O pavimento superior é composto de paredes curvilíneas, assim como sua


laje, que apresenta curvatura semelhante ao contorno da praia que se
avista da casa.

A horizontalidade predomina sobre a verticalidade, o que é ainda


ressaltada pela laje com grandes beirais.
4 Partido Partido
“Minha preocupação foi projetar essa residência com inteira liberdade,
adaptando-a aos desníveis do terreno, sem o modificar, fazendo-a em
curvas, de forma a permitir que a vegetação nelas penetre, sem a separação
ostensiva da linha reta”. O arquiteto aproveitou, então, o desnível do terreno
para implantar, no nível de menor cota, o andar inferior, e num nível mais
elevado o andar superior e a zona da piscina.

Há uma tentativa de fazer com que a natureza


proporcione uma força alimentadora, A vista para o
mar e a preocupação com o declive acentuado do
terreno foram pontos para o pensamento da
composição arquitetônica da obra.

“...foi essa casa que permitiu uma simbiose entre a


arquitetura e a paisagem (...), levada a um grau
raramente alcançado...”
Imagen 24: Croqui da residência, Niemeyer.
Fonte: http://www.niemeyer.org.br/
Semântica e Conceito

Imagen 25: Teoria das Necessidade de Maslow.


Fonte: FRANCISCO, Ambiente e Pessoas, pag. 36.
Semântica e Conceito
A pirâmide de
Maslow como vetor
do raciocínio

Elaboramos uma
releitura

Para apresentar a:

Imagen 26: Jardim, pedra e piscina..


Semântica e
Conceito

Fonte: Flickr Arq. LIane.


Da
Semântica e Conceito

Perenidade

Reconhecimento
Sinuosidade,
Horizontalidade e
Integração
Estética e Harmonia

Fluidez e Simbiose
Relações (usos)

Aconchego e Privacidade
Conforto

Solidez e Leveza
Estrutura

Imagen 27: Esquema Semântica e Conceito.


Fonte: Adaptado de FRANCISCO, Ambiente e Pessoas, pag. 36.
Semântica e Conceito
• Solidez: Forte e duradouro, não se destrói facilmente;
• Leveza: Característica dependente da relação entre forma x matéria,
transmitindo sutileza;

• Aconchego: Um abrigo, cômodo e confortável;


• Privacidade: Capacidade da obra de garantir a intimidade dos moradores e
a não exposição;

• Fluidez: Transição dinâmica entre espaços articulados;


• Simbiose: Relação em comum, entre duas ou mais fatores, na arquitetura
avaliação a simbiose entre fatos, acontecimentos, meios, funções, etc;

• Sinuosidade: Qualidade das formas que são curvilíneas;


• Horizontalidade: Forma horizontal de aspecto longilíneo devido ao seu
tamanho relativo;
• Integração: Combinação de partes isoladas que trabalham separadamente
e formam um conjunto.

• Perenidade: Caráter do que dura muito tempo ou para sempre, assim como
os sentimentos relacionados a arquitetura relacionado a uma obra;
Maquete

Materiais

• Base em madeira;
• Planta escala 1/100;
• Isopor placa La Pluma;
• Placa Poliestireno;
• Palitos de churrasco;
• Tintas;
• Papel cartão preto;
• Cianoacrilato;
• Lamina de retroprojetor.

Imagens 28: Maquete da Residência analisada.


Fonte: Acervo equipe.
Referências
Raquel Ferrari da Veiga, Relatório Final de atividades UFSC. Disponível em:
<http://www.soniaa.arq.prof.ufsc.br/sonia/Pesquisa/Relatorios/raquel_ferrari_da_veiga.pdf>, Acesso
em: 17 mar. 2012.

Imagens da Residência.http://luana-dantas.blogspot.com.br/2010/09/casa-das-canoas.html

Imagens da Residência. http://www.flickr.com/photos/_hideki

Galeria de Arq LianeF http://www.flickr.com/photos/26282841@N02/

Blog sobre arquitetura, http://www.projetoblog.com.br/2011/casa-do-arquiteto-004/

Site Oscar Niemeyer, Disponível em: <http://www.niemeyer.org.br/>, Acesso em 17 mar. 2012.

WESON, Richard. As importantes edificações do século XX: plantas, cortes e elevações – 2 ed.
Porto Alegre: Bookmann, 2011. (Pág. 112).

NIEMEYER, Oscar. Casas onde morei. Rio de Janeiro: Revan, 2005.

FRANCISCO, Mayckon. Ambiente e Pessoas, Um estudo de caso sobre a estrutura física,


atividade e as pessoas do setor de cadastro da empresa Unimed Litoral SC. Disponível em:
<www4.ifes.com.br/biblioteca/repbib/000000/000000BA.pdf>, Acesso em: 19 mar. 2012.

REVISTA A&U. Entrevista com Arquiteto Oscar Niemeyer, Dezembro, 2004.

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