Você está na página 1de 3

BIOQUÍMICA CLÍNICA

9. FÍGADO E MARCADORES DA FUNÇÃO HEPÁTICA

– O fígado desempenha um papel importante na homeostase de proteínas, carboidratos e lipídeos.


Células hepáticas metabolizam, detoxificam e excretam componentes endógenos e exógenos. A
excreção de produtos solúveis finais do metabolismo de nutrientes e toxinas, e de auxiliares
digestivos como os ácidos biliares.
– Funções do Fígado: Metabolismo dos Carboidratos (glicogênese, glicogenólise, gliconeogênese);
Metabolismo das Proteínas (transaminação e desaminação), síntese e degradação de proteínas;
Metabolismo dos Lipídios (síntese de triglicerídios, colesterol e lipoproteínas); Armazenamento e
ativação das vitaminas (lipossolúveis, zinco, ferro, cobre, magnésio e vitamina B12); Formação e
excreção da bile; Ciclo da uréia.
– Marcadores da função hepática:
• Bilirrubina: É derivada do heme, uma protoporfirina que contém ferroe é encontrada
principalmente na hemoglobina. A bilirrubina é captada pelas células hepáticas e conjugada,
na qual é excretada na bile. Se o trato biliar ficar bloqueado, a bilirrubina não será excretada
e sua concentração sérica aumentará.
• Aminotransferases (AST/TGO e ALT/TGP): As atividades de duas aminotransferases,
AST e ALT, são índices sensíveis, embora não específico, de dano agudo aos hepatócitos.
Causas de dano hepático incluem hepatites, ingestão excessiva de drogas (overdose) e
álcool.
• Fosfatase Alcalina: O aumento na atividade de fosfatase alcalina na doença hepática é
resultado da maior síntese da enzima pelas células que revestem os canalículos biliares,
usualmente em resposta à colestase (cálculos biliares), a qual pode ser intra ou extra-
hepática.
• Gama-glutamiltranspeptidase (γGT): A γGT é uma enzima microssomal amplamente
distribuída nos tecidos, incluindo o fígado e os túbulos renais. A atividade da γGT é
observada sempre que há colestase, sendo um índice muito sensível de doença hepática. A
atividade da γGT também é afetada pela ingestão de álcool, mesmo que não haja doença
hepática reconhecida.
• Proteínas plasmáticas: A albumina é o principal produto do fígado. Ela tem meia-vida
longa no plasma (aproximadamente 20 dias), e, portanto, quedas nas concentrações de
albumina demoram a ocorrer quando há redução súbita da síntese. A hipoalbuminemia é
uma característica de doença hepática crônica avançada, podendo também ocorrer em dano
hepático agudo grave.
10. DISLIPIDEMIA

– Os lipídios são substâncias de origem biológica, insolúveis em água, porém solúveis em solventes
apolares. Atuam como hormônios ou precursores hormonais, reserva energética, componentes
estruturais e funcionais das biomembranas e isolantes na condução nervosa.
– Os Lipídeos podem ser: Ácidos graxos (Cadeias saturadas, mono ou poli-insaturadas);
Triglicerídeos (Forma de armazenamento); Fosfolipídios (Constituintes estruturais de membrana);
Colesterol (Precursor de hormônios esteróides, ácidos biliares, vitamina D)
– Apolipoproteínas: São os componentes proteicos das lipoproteínas, e são importantes nas
seguintes situações: Manutenção da integridade estrutural das lipoproteínas; Regulação de certas
enzimas que atuam nas lipoproteínas; Reconhecimento de receptores.
– Lipoproteínas: São complexos que tem função de transporte de gorduras no corpo em um
ambiente aquoso como o do plasma. Uma lipoproteína é uma estrutura esférica complexa que tem
um núcleo hidrofóbico envolvido em um revestimento hidrofílico. As quatro principais classes de
lipoproteínas e suas funções são:

Lipoproteína Função

LDL Chamada de Lipoproteína de baixa densidade, gerada a partir das VLDLs na


circulação. Principal transportador de colesterol (do Fígado para o tecido).

HDL Chamada de Lipoproteína de alta densidade, é a menor lipoproteína. Função protetora.


Transporta o colesterol de tecidos extra-hepáticos até o fígado para excreção

VLDL Chamada de Lipoproteína de densidade muito baixa, é sintetizada no fígado. Principal


transportador de triglicerídeos endógenos

Quilomícron Maior lipoproteína. Sintetizada pelo intestino após uma refeição. Ausente no plasma
normal em jejum. Principal transportador de triglicerídeos ingeridos na dieta

10.1 Fisiopatologia das Dislipidemias

– A dislipidemia é definida como distúrbio que altera os níveis séricos dos lipídeos (gorduras). As
alterações do perfil lipídico podem incluir colesterol total alto (CT) , triglicerídeos (TG) alto,
colesterol de lipoproteína de alta densidade baixo (HDL-c) e níveis elevados de colesterol de
lipoproteína de baixa densidade (LDL-c).
– Fatores que alteram o HDL: Na elevação da concentração - Estrôngenio; Exercícios; Álcool;
Fármacos como ácido nicótico, fibratos e estatinas. Na diminuição da concentração - Progesterona;
Fumo; Obesidade; Dietas pobres em gorduras; Fatores genéticos.

– Classificação laboratorial das dislipidemias:


✔ Hipercolesterolemia isolada: Tem elevação isolada do CT, geralmente aumento do LDL-C;
✔ Hipertrigliceridemia isolada: Elevação isolada dos TG, por aumento do VLDL e/ou
Quilimicron;
✔ Hiperlipidemia Mista: Valores aumentados de CT e TG
✔ HDL-C Baixo: Pode ocorrer com presença ou ausência no aumento de LDL ou TG.

– Classificação Etiológica das dislipidemias: Dislipidemias primárias, com causas genéticas;


Dislipidemias Secundárias, que apresenta causa secundária, que pode ser relacionadas a
medicamentosos, hábitos inadequados de vidas e doenças.
As Dislipidemias Secundárias pode ser divido em três grupos:
✔ Relacionados a doença: Diabetes (↑ TG / ↓ HDL-c); Hipotiroidismo (↑ CT / ↑TG / ↓ HDL-
c); Síndrome nefrótica (↑ CT/ ↑ TG); Obesidade (↑ CT / ↑ TG / ↓ HDL-c); etc.
✔ Relacionados a medicamentos: Diuréticos (↑ TG / ↓ HDLC-c); Corticoesteroides (↑ CT / ↑
TG); Ciclosporina (↑ CT / ↑ TG / ↑ HDL-c); Anabolizantes (↑ CT / ↓ HDL-c); etc.
✔ Relacionados a hábitos inadequados de vida: Tabagismo (↓ HDL-c); Etilismo (↑ TG / ↑
HDL-c); etc.

10.1 Determinações Laboratoriais das Dislipidemias

- Exames laboratoriais como perfil lipídico, que abrange: Colesterol Total (CT); Triglicerídeos
(TG); HDL-C; LDL-C. Com os seguintes valores de referências:

ÍNDICE SIGLA VALORES (mg/dL) RESULTADO

Colesterol Total CT Menor que 200 Ótimo


Entre 200 e 239 Limítrofe
Maior que 200 Alto

Triglicerídeos TG Menor que 150 Ótimo


Entre 150 e 200 Limítrofe
Entre 201 e 499 Alta
Maior que 500 Muito Alto
Lipoproteína de baixa densidade LDL-C Menor que 100 Ótimo
– Colesterol Entre 100 e 129 Desejável
Entre 130 e 159 Limítrofe
Entre 160 e 189 Alto
Maior que 190 Muito Alto

Lipoproteína de alta densidade – HDL-C Menor que 40 Baixo


Colesterol Maior que 60 Alto

– Cálculo do LDL-c através da fórmula de Friedewald, e essa não pode ser utilizada se os TG for
maior de 400 mg/dL.
✔ Fórmula: LDL-c = CT – (HDL-c +TG /5).

– Outras determinações laboratoriais:


• Lipoproteína(a) – Lp(a): Associada à ocorrência de eventos cardiovasculares; Não há
provas de que a diminuição dos níveis diminui o risco de aterosclerose.
• Homocisteína (HCY) – Aminoácido formado do metabolismo da metionina; Elevações
associadas à disfunção endotelial, trombose e maior gravidade de aterosclerose ; Não há
evidências de que níveis elevados sejam fator de risco isolado.
• Proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-as): Marcador do processo inflamatório em
indivíduos sadio; Não se aplica a fumantes, diabéticos, portadores de osteoartrose, mulheres
sob TRH, no uso de AINES ou em infecções.

Você também pode gostar