Você está na página 1de 3

Apreensão, Mastigação e Deglutição

A ingestão dos alimentos obedece a diversos fatores bioquímicos que agem sobre o sistema
nervoso (hipotálamo) promovendo a fome ou à saciedade.
Inicialmente o alimento é capturado pela boca do cão onde esse alimento permanece na
cavidade bucal por um período variável que é necessário à sua trituração e eventualmente
digestão parcial (mecânica). A cavidade bucal está recoberta por uma mucosa de epitélio plano
estratificado. A boca contém quatro grupos acessórios:
- Lábios - servem de órgãos de sucção e toque.
- Língua - mistura, deglutição, sentido do gosto e obtenção de líquidos.
- Dentes - apreensão e mastigação.
- Glândulas salivares - possuindo quatro pares de glândulas que secretam a saliva.
No cão, os lábios se afastam dos dentes somente em casos de ameaça, não se
movimentando, no entanto, quando abocanha o alimento. Os dentes são divididos por incisivos,
caninos, pré-molares e molares, cada um estabelece uma função, os incisivos cortam, os
caninos apreendem e rasgam, os pré-molares e molares rasgam e prensam o alimento. Este
alimento processado (mastigado) pelos dentes e misturado pela língua é denominado bolo
alimentar. A saliva tem a função de manter a mucosa oral úmida, lubrificar a passagem do bolo
alimentar durante a deglutição.
Em cães, a saliva representa a secreção de quatro pares de glândulas, liberada na cavidade
bucal, as glândulas Parótidas localizadas logo à frente de cada uma das orelhas,
glândulas Mandibulares ou submaxilares, localizadas de cada lado e atrás do maxilar inferior,
- Glândulas Sublinguais, localizadas abaixo da língua e
- Glândulas Zigomáticas, localizadas logo abaixo dos olhos.
as glândulas menores, produtoras de uma secreção serosa, encontram-se em grande número
na mucosa dos lábios, das bochechas, da língua, das gengivas e na região pré-frenular do
assoalho da cavidade oral. Nos cães e gatos também ocorrem um grupo de glândulas na parte
superior da boca denominadas de zigomáticas, encontradas somente nos carnívoros.
A maior produção de saliva ocorre pelas glândulas maiores (parótida, mandibular e sublingual
monostomática e polistomática), cujas secreções são do tipo seromucoso. Entretanto, o tipo de
alimento e o teor de umidade afetam o volume e a composição de saliva produzida.
As secreções das glândulas poderão ser do tipo seroso, mucoso ou misto. A glândula Parótida
secreta um fluído do tipo seroso. Por sua vez as glândulas parótidas secretam um fluído mais
mucoso.
Uma secreção serosa é um fluído claro e aquoso quando comparado ao muco, que é um
material pegajoso e viscoso. Os principais compostos inorgânicos na saliva são: Sódio,
Potássio e Cloro, derivados do plasma, e o bicarbonato secretado pelas células glandulares.
Além deste componentes estão presentes na saliva cálcio, fósforo inorgânico, tiocianato e
fluoreto. Deve-se salientar que a água representa 99,5% do volume.
Em condições de alta produção de saliva em cães e gatos a osmolaridade e a relação Na:K é
similar à do sangue. Contudo, nesta condição, a relação bicarbonato: Cloro e o pH na saliva
são maiores do que no sangue. O pH médio da saliva dos cães é de 7,56, com variação de
7,34 a 7,80. Tanto o cão como gatos não têm presente nestas secreções a α- amilase salivar.
Portanto, sua função no processo de digestão está restrita ao controle de pH do alimento
ingerido, umedecimento e lubrificação do alimento formando o bolo alimentar facilitando a
deglutição, permite que os receptores do paladar sejam estimulados pelos diferentes
compostos encontrados nos alimentos.
Na deglutição, os alimentos sólidos e líquidos são empurrados da boca para o estomago. Neste
transporte participam, além da língua e dos músculos da faringe, a parede do esôfago.
O processo de deglutição ocorre em duas fases, uma voluntária e outra involuntária. A primeira
fase, voluntária, corresponde a passagem do alimento até ultrapassar o istmo das fauces. Para
isto o alimento é transportado até a parte posterior da língua, na posição de deglutição, com
auxilia da musculatura da própria língua. A seguir, com a boca fechada, a ponta e o dorso da
língua são pressionados contra o palato duro num movimento progressivo, da frente para trás,
seguindo-se a projeção da base da língua para trás e para cima, lançando o bolo alimentar com
muita força até a faringe.
A segunda fase, reflexa, é bastante curta e corresponde a passagem do bolo alimentar pela
faringe. Nesta fase o bolo alimentar é impedido de retorna a boca, em virtude da manutenção
da contração dos músculos da faringe e da elevação da base da língua, que fecha a passagem
para a cavidade oral. Nesta fase a epiglote bloqueia a entrada da laringe, com consequente
bloqueio respiratório, o palato mole é elevado e os músculos constritores da faringe contraem-
se rapidamente em uma onda no sentido rosto caudal. A entrada do alimento no esôfago é
facilitada pelo relaxamento prévio da musculatura da faringe. Após o término do ato da
deglutição, a respiração é restabelecida.
Sem o auxílio da salivação não há a deglutição.
Referencias:

REECE, William O. (Edt.). Dukes fisiologia dos animais domésticos. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017

KLEIN BG. Cunningham Tratado de Fisiologia Veterinária, 5ª ed., Rio de Janeiro: Elsevier,
2014.

Você também pode gostar