Você está na página 1de 6

PROFISSIONAL E O MUNDO DO TRABALHO

REFLEXÕES SOBRE UMA NOVA PROPOSTA FRENTE A UM NOVO CENÁRIO

- No Brasil, a orientação profissional não é uma área exclusiva de um especialista;


- Em sua história, constituiu-se como um modelo aplicado por psicólogos e educadores;
- Pela sua história, sua constituição se deu ora ou outra de forma mecânica e também determinista;
- Portanto, devemos compreender que sua história também não está ausente de erros atualmente.
- A autora apresenta as contribuições de Marx para compreender o mundo do trabalho;
- Sendo uma atividade que dispendia determinada força física e mental;
- Necessária para a transformação da natureza;
- Necessária para a produção de determinada mercadoria;
- Necessária – principalmente – para a produção e reprodução de toda a vida social.

AS TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO


- Século XX;
- Henri Ford;
- Modelo de Produção em Série (conhecido como fordismo e utilizado até os dias de hoje nas grandes e
pequenas fábricas);
- Exigência pouca formação por base do trabalhador
- Exigência de pouco tempo de treinamento por base do trabalhador;
- Ciclos operatórios curtos.

- Século XX;
- Frederick Taylor;
- Dissociação do processo de trabalho;
- Ou seja, não existe um conhecimento completo do processo de trabalho, nem da produção
completa;
- Estranhamento e alienação do trabalho humano, não sabemos o que produzimos.
- Monopólio sobre o conhecimento;
- Trabalho Manual Vs. Trabalho Intelectual.

- Século XX;
- Toyotismo;
- A apreensão da subjetividade do trabalhador;
- Terceirização de funcionários;
- Perca da identidade no local de trabalho (o famoso colaborador);
- Devem contribuir para o crescimento e o lucro da empresa.

- No Brasil, o cenário que modificou totalmente o mundo do trabalho é apresentado pela autora a partir da
década de 1980, com o enfrentamento de uma crise;
-1990: crescimento do que denominamos como emprego informal;
- Nesse momento inicia-se uma questão ligada ao que denominamos como flexibilização do
emprego;
- Trabalhador polivalente;
- Desemprego de fato (produzindo o crescimento dos “bicos”);
- Produção constante do trabalho informal.

1) Trata-se de um problema internacional. Isto é um engano, na medida em que Japão, Estados Unidos e
Europa vêm-se recuperando economicamente nos últimos anos.
2) A responsabilidade é essencialmente do mercado de trabalho, isto é, a pessoa é responsável pelo
desemprego; ela deve carregar consigo o sentimento de culpa e de vergonha de estar fora do mercado formal
de trabalho.
- 3) A responsabilidade é dos avanços tecnológicos, principalmente da automação. Podemos constatar que as
inovações tecnológicas vêm de muito tempo e já foram, em muitos momentos da história, mais impactantes
do que hoje.

1
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL FRENTE AO PROCESSO ATUAL

- Desde sempre enfrentamos as mudanças e transformações referentes ao mundo do trabalho;


- Neste sentido, a orientação profissional deve atender e garantir ao menos três necessidades básicas no
mundo do trabalho:
1 – Escolha Profissional;
2 – Direcionamento;
3 – Garantia de uma satisfação individual;

- Todavia, atualmente a orientação profissional é um trabalho que alcança poucas pessoas na sociedade;
- Assim, a maioria que recebe um trabalho de orientação profissional são:
1 – Jovens de Região Urbana;
2 – Jovens de Classe média e média alta;
3 – Alunos de Escolas Particulares (com exceções de grupos de estágios das disciplinas de orientação
profissional que realizam um trabalho nas escolas públicas);
4 – Com nível superior (que buscam uma reorientação profissional e uma relocação no mercado de
trabalho);
5 – Passou por uma universidade.

ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ENQUANTO UM COMPROMISSO SOCIAL

- Reflexões acerca de um jovem na escolha de sua profissão;


- A orientação profissional, neste sentido, não deve jamais ser encarada como uma atuação
determinante, mas sim, como um processo em constante transformação e desenvolvimento;
- Tal como o desenvolvimento individual e social de cada ser humano;
- Para, além disso, a orientação profissional deve ser uma prática que apresente a parcelas da
sociedade, alternativas para seu desenvolvimento pessoal e realização no mundo
- Neste sentido, o orientador profissional deve atuar como um agente de transformação social, com grande
comprometimento social para acabar com toda e qualquer forma de preconceito e determinação presente no
mundo do trabalho;
-Somos sujeitos que nos modificamos ao longo de nossas relações com o mundo, portanto, essa
modificação pode também estar presente no mundo do trabalho.
- A Orientação Profissional, então, não está a serviço da escolha de carreiras, mas, muito mais do que
isso, da construção de carreiras. Constitui-se de fundamental importância revisar o papel da Orientação
Profissional, vislumbrando a questão da aprendizagem permanente.
- Para isso, faz-se necessário que:
1. Bases jurídicas sejam buscadas por meio da aprovação de leis que comprometam a Orientação
Profissional enquanto um procedimento social relevante;
2. Financiamentos sejam obtidos.
- Necessitamos trabalhar a orientação profissional nos seguintes âmbitos:
1. Governamental: assumido por órgãos representativos da área, no sentido da busca de
estabelecimento da regulamentação da profissão de orientador profissional enquanto área específica
do conhecimento, vinculada a outras áreas determinadas como, em princípio, a psicologia.
2. Pedagógico: assumido pelos orientadores profissionais responsáveis pela formação de
profissionais da área, no sentido de rever os currículos dos cursos superiores que formam
orientadores.
3. Pelos profissionais enquanto orientadores profissionais: havendo maior engajamento na questão
sócio-político-econômica do seu país

REFERÊNCIAS
LISBOA, M. D. Orientação profissional e mundo do trabalho: reflexões sobre uma nova proposta frente a
um novo cenário. In: LEVENFUS, R. S.; SOARES, H. P. Orientação vocacional ocupacional: novos achados
teóricos, técnicos e instrumentais para a clínica, a escola e a empresa. Porto Alegra: Artmed, 2002.

2
PRINCIPAIS TEMAS ABORDADOS POR JOVENS CENTRADOS NA ESCOLHA PROFISSIONAL

O jovem e a orientação profissional

Alguns determinantes prévios para a orientação profissional com jovens:


- Questões Econômicas;
- Questões Familiares;
- Questões Referentes ao mundo do trabalho;
- Questões Referentes ao desenvolvimento da personalidade.

Gosto
Referem o que gostam em termos de ocupação, referendando a ideia de que, nesse momento,
o jovem está definindo sua identidade: quem ele quer ser e quem não quer ser, considerando a
futura escolha profissional a partir de seus interesses, daquilo que gosta e que pensa que pode
realizar. (LEVENFUS; NUNES, 2002, p. 62).
Aqui encontramos as indecisões do mundo dos jovens acerca de sua futura profissão.
- O que farão?
- O que gostam de fazer?
- Porque gostam de determinadas coisas?

1. Nomear X não nomear uma profissão;


2. Ter interesses em determinadas áreas;
3. Ter sonhos sobre o futuro;
4. Resgatar os gostos pessoais da infância;
5. Não gostar de determinadas coisas na vida;
6. Descartar o que não quer;
7. Cursos que o atrai X Cursos que não o atrai;
8. Visão Negativa.

Em relação aos gostos pessoais, essas são as questões mais levantadas pelo jovem no
momento da escolha de uma profissão.

Dúvida
Os jovens apresentaram tendência à impulsividade, sentimentos de pânico e depressão, além de
formas imaturas e irresponsáveis na tomada de decisão, tais como relegar a escolha à sorte, ou aos
outros, ou mesmo não decidindo por uma, ficando com as duas. (LEVENFUS; NUNES, 2002, p. 63).
É geralmente nesses momentos da dúvida acerca da escolha de uma profissão que os jovens buscam
o auxílio de um orientador profissional.
1 – Dúvidas entre as possibilidades dos cursos;
Duas ou mais possibilidades de cursos superiores;
2 - Dúvida total ou indecisão sobre o futuro;
Não saber o que fará profissionalmente.

Decisão
Em raras ocasiões houve verbalizações nas quais os sujeitos declararam estar decididos
quanto à profissão. Como esses jovens buscaram Orientação Vocacional por declararem-se
indecisos, propomos pensar que as verbalizações sinalizadoras de certeza quanto à de cisão podem
significar que esses jovens ainda não consolidaram a escolha, mas fazem experimentos no

3
sentido de assumir determinados papéis. Podem ser também tentativas de reafirmar determinadas
escolhas para sair do estado de ambivalência. (LEVENFUS; NUNES, 2002, p. 63-64).
A decisão aparece aqui ao mesmo tempo como decisão e indecisão.

Para fazer uma escolha ajustada, pressupomos que exista capacidade de adaptação,
interpretação e juízo da realidade, de discriminação, de hierarquização dos objetos e, em especial,
capacidade para esclarecer a ambiguidade e tolerar a ambivalência nas relações de objeto.
(LEVENFUS; NUNES, 2002, p. 64).
- Neste sentido, escolher uma profissão torna-se uma difícil tarefa para o jovem;
- Cabe ao orientador profissional, mediar essa relação;
- Apresentar outras possibilidades postas.

1 – A questão da dificuldade de escolher uma profissão;


2 – A questão de achar que ainda é muito cedo para realizar essa escolha;
3 – Pensamentos com base no vestibular;
- Devo prestar uma faculdade pública ou privada?
- Devo fazer um curso superior ou um curso técnico?
- Quais as diferenças entre as grades de determinadas faculdades?
4 – Medo de escolher errado;
5 – Medo de ter que mudar determinadas coisas em sua vida;
6 – O medo da eternidade em determinada profissão.

Interferência financeira
A posição socioeconómica da família influi diretamente no desenvolvimento vocacional do
jovem, no sentido de oferecer maiores ou menores possibilidades educacionais. Nos extratos
sociais mais favorecidos, nos quais já existe um asseguramento financeiro, é possível uma maior
preocupação com a realização ou com o desenvolvimento pessoal. Em contrapartida, na classe
média, observa-se um direcionamento para a satisfação pessoa l e uma preocupação com o
padrão financeiro. (LEVENFUS; NUNES, 2002, p. 66).
- Fazer o que gosta X Fazer o que da dinheiro.

1. Ter de passar em uma Universidade Pública;


- Questionamentos de classes médias;
2. Universidade que tenha uma mensalidade mais em conta;
Questionamentos de uma classe média baixa, ou camadas mais populares da sociedade.
3. Não querer gastar dinheiro com mensalidade.

A Universidade
A entrada na universidade adquire um carácter de tarefa evolutiva por si só, em detrimento à
tarefa da adolescência relativa à escolha de uma profissão ou de uma profissionalização. O
adolescente, ao escolher sua profissão, estará pautando sua ação na representação social de
adulto. É uma exigência familiar, uma continuidade natural dos estudos, sem a qual o adolescente
estaria alheio ao próprio grupo de pares. Isso acarreta para ele, muitas vezes, escolhas pela
facilidade de ingresso na universidade, geralmente profissões de segundo escalão e das quais
pouco conhecimento possui. Para esses pesquisadores, o prestígio de cursar uma universidade é
maior do que o status social da profissão. É visto como um fator de promoção pessoal. ( LEVENFUS;
NUNES, 2002, p. 66).
1. Liberdade por não depender tanto financeiramente da família;
2. Universidade X, ou, Universidade Y?
3. A melhor universidade para ter uma formação acadêmica ou praticista;
4. Informações sobre as diferentes teorias e possibilidades de trabalho;

4
5. Provas e avaliações do MEC.

Mercado
Este é um importante item a ser considerado na escolha, desde que não apareça como
fenômeno imutável, isolado, cristalizado e sem movimento. É importante que o jovem possa
compreender o mercado dentro da conjuntura em que vive e em uma perspectiva dinâmica.
(LEVENFUS; NUNES, 2002, p. 66).

- Construímos até o presente momento o que é o trabalho e sua importância no mundo atual;
→ Entretanto, devemos principalmente compreender que o mercado de trabalho se modifica;
→ Assim, determinadas profissões deixam de existir.

As contradições do mercado de trabalho;


1 – Exigência de um desempenho individual e racional;
- Ao mesmo tempo pedidos de coletividade;
- Contribuição para a empresa, delatar colegas etc.
2 – Perfil comportamental condizente com os pedidos da empresa;
3 – Atuação profissional que traga resultados;
- Nem tanto individuais;
- Nem tanto para a coletividade social;
- Para a empresa.

Influências
É muito comum que os orientandos façam referência a sentirem influências sobre sua
escolha. As influências, sejam elas explícitas ou sutis, existem e devem ser considerada s. É
importante que sejam conscientes [...] (LEVENFUS; NUNES, 2002, p. 69).

Não podemos negar a influência que uma pessoa exerce sobre um jovem;
- Familiares;
- Professores;
- “Heróis”;
- Orientador Profissional em si.

A ideologia familiar sobre os valores e conceitos ocupacionais, inclusive pela


determinação da própria identidade profissional e da autoestima, fatores-chave na escolha da
carreira e na administração da vida profissional. (LEVENFUS; NUNES, 2002, p. 70).

- A forma que a família se relaciona com o mundo do trabalho será de extrema importância;
→ O trabalho é uma necessidade financeira apenas?
→ O trabalho está vinculado com uma questão voltada a identidade profissional?
→ Existe necessidade rápida de remuneração?
→ Não existe a necessidade de um rápido retorno financeiro?

A influência dos pais


O conteúdo predominante apresentado pelos jovens quando à influência refere essa atitude
por parte dos pais. Neste, em grande parte, são sentidos pelo jovem como uma in fluência ativa,
na qual os pais falam abertamente ou ditam suas preferências. Os pais, em muitas falas dos
orientandos, mais do que enumerar profissões, sonham com que o filho trabalhe em grandes
empresas brasileiras ou multinacionais e apresentam o desejo de que o filho desfrute de

5
estabilidade. Em menor proporção, encontramos verbalizações que apontam os pais como neutros,
os quais procuram não interferir e reforçam a liberdade que o filho tem para escolher.
Nas classes médias a criança é vista como um investimento financeiro para o futuro;
A escolha profissional perpassa por essa questão.
1 – Sonham com grandes empresas;
2 – Influência ativa e obrigações na escolha de uma profissão;
3 – Querem que o filho tenha sucesso na profissão;
4 – Cobranças;
5 – Desejos pessoais dos pais, querendo realizar um sonho do passado na vida dos filhos;
6 – Levantamento de dúvidas;
7 – Desaprovações;
8 – Imposições sobre o curso que fará ou não fará.
9 – Indiferenças sobre o que fazer ou não.

Autoconceito
A tradução do autoconceito em vocação, que ocorre na adolescência, envolve aspectos tais
como identificação com um adulto significativo, maior ou menor êxito no desempenho de papéis,
consciência da relação entre as características que o indivíduo possui, seus atributo s e satisfação,
e realização no exercício de determinado conjunto de papéis ocupacionais. Mais tarde, ocorre o
processo de implementação do autoconceito, com a entrada no mundo do trabalho. O
ajustamento vocacional do indivíduo, com estabilidade e satisfação estaria relacionado diretamente
a uma tradução adequada do autoconceito no mundo ocupacional.

Digamos que é um momento de desenvolvimento superior de auto-consciência;


1 – Ser muito falante/ bom com as palavras;
2 – Gosto de ter dinheiro;
3 – Gosto de enfrentar as dificuldades da vida;

Vestibular
Em nosso País, não podemos pensar em escolha profissional com vistas à entrada na
universidade, sem que isso envolva a questão do vestibular. Os jovens se preocupam especialmente com a
grande concorrência e citam tentativas fracassadas de aprovação. Manifestam também o desejo de passar de
primeira e o quanto se sentem cobrados a serem aprovados logo.

Você também pode gostar