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Material De Estudo -

Minicurso
Novos Espaços e Tempos de
Aprendizagem: como organizar a rotina para
potencializar o aprendizado?
A sala de aula precisa ser um espaço oportuno ao conhecimento, que ofereça desafios e estimule a
autonomia dos sujeitos aprendentes, que crie expectativa e desejo do novo. No entanto, por mais que os
professores se esforcem, a educação oferecida em sala de aula continua sendo retrógrada, desatualizada,
pautadas na mera transmissão de conhecimentos. Na prática, necessita-se de profissionais que sejam capazes
de dinamizar o espaço e tempo pedagógico, afim de propiciar atividades favoráveis à aprendizagem
significativa.
Para tanto, estudos sobre a gestão do tempo em sala de aula irão otimizar os minutos tão preciosos da
sala de aula, que devem ser aproveitados de maneira importante e objetiva.
O fazer pedagógico tão deve estar pautado na intenção educativa da sensibilidade enxergando o
estudante em sua singularidade. Nesse caso, quando a escola não se restringe ao espaço físico da sala de
aula, tão delimitante e opaco, e utiliza de demais espaços escolares e não escolares, a educação ganha
significado, e aprendizagem acontece de forma espontânea, como resultado de ação intencional sistemática,
do profissional que observou não tão e somente o resultado final, mas que valorizou todo o processo.

Nesse material de estudo, você é convidado a refletir sobre:


 Relatos e entrevista sobre a gestão do tempo pedagógico,
 Olhar educativo, novos espaços e novos horizontes
 Aprendizagem significativa
Ao final de cada bloco, há uma lista de questões para enriquecer seus conhecimentos. Bons Estudos!
Liliane Nascimento

O professor brasileiro gasta, em média, 20% de seu tempo em sala de aula disciplinando seus alunos.
Um pedido de silêncio aqui, uma bronca pela bagunça ali, mais o tempo gasto com tarefas burocráticas,
como fazer a chamada, e lá se vão minutos preciosos que poderiam estar sendo usados para... ensinar. Em
comparação com sistemas educacionais avançados, o Brasil tem péssimo desempenho em gestão de tempo
em sala de aula, de acordo com uma pesquisa da OCDE, divulgada em junho, em 32
países. Na Finlândia, 81% do tempo de aula é usado para ensinar. No Brasil, 67%. O
antropólogo e especialista em qualidade de educação chileno Sergio Martinic, vice-
diretor da Faculdade de Educação da Universidade Católica do Chile, é um dos
poucos estudiosos latinoamericanos do assunto. “Há uma relação importante entre a
gestão do tempo de aula e o aprendizado dos alunos”, diz ele. Em seu mais recente
estudo, ele percebeu que os professores mais bem avaliados da rede pública chilena
têm a habilidade de controlar o tempo e entregar o básico: uma aula com começo,
meio e fim.

Sergio Martinic: os minutos de aula são preciosos, por isso tudo precisa ser planejado (Foto: Luis
Hidalgo/ Editora Globo)

ÉPOCA – Por que é importante analisar a gestão que os professores fazem do tempo em sala de
aula?

Sergio Martinic - Diversos estudos mostram que a gestão do tempo tem relação com a aprendizagem. Não é
uma relação direta. Não significa que mais tempo automaticamente melhora a qualidade do aprendizado.
Mas uma boa administração dos minutos de uma aula, aliada a práticas pedagógicas e lições bem planejadas
e bem organizada, produz melhor aprendizagem. Os estudos também mostram que existem diversos tipos de
perda de tempo no ambiente escolar. Os dias de um ano letivo, por exemplo. Boa parte das vezes eles não
são todos cumpridos. Os professores faltam, há muito eventos sociais que substituem o tempo que deveria
ser usado para ensinar. E há o tempo das aulas efetivamente. Aqueles 45 minutos em que o professor precisa
ensinar uma lição de determinada disciplina. Esses minutos também não são usados integralmente para
instruir os alunos. Gasta-se muito tempo com coisas como disciplinar os alunos ou outras atividades não
vinculadas com o processo de ensino e aprendizagem. A questão da gestão do tempo afeta principalmente a
escola dos setores mais pobres. É onde temos mais problemas com professores faltosos, com falta de
treinamento desses professores e com a disciplina. O problema deve ser levado em consideração quando se
fala em melhorar a qualidade da educação dos menos favorecidos.
ÉPOCA – É uma habilidade, então, desejável em todo professor?
Martinic - Um bom professor tem que saber fazer uma boa gestão do tempo. Aqui no Chile, temos um
ditado que diz “fui salvo pela campanhia” (“salvo pelo gongo”, em português).  O que acontece muitas
vezes é que o professor dedica muito tempo colocando a classe em ordem, disciplinando os alunos, depois
gasta alguns minutos fazendo introdução do conteúdo da disciplina e o tempo de aula acaba antes que ele
consiga fazer uma síntese ou um resumo – um recurso pedagógico importante para ensinar. A aula é
interrompida, não há um fecho adequado. Isso é um problema de gestão de tempo. O professor pode não ter
planejado bem a sua aula, de acordo com os minutos que tinha disponível, ou não conseguiu administrar
imprevistos que surgiram ao longo da aula. E temos que assumir que sempre haverá imprevistos. Eles
precisam ser dominados pelo professor e integrados ao espaço pedagógico, de forma que ele consiga
cumprir seu objetivo no tempo adequado.
ÉPOCA – Isso é válido para qualquer tipo de disciplina ou série?
Martinic - Há algumas diferenças, especialmente entre as aulas de matemática e linguagem. O professor de
matemática faz uma gestão de tempo da aula mais estruturada. Há o tempo das instruções para os alunos e
depois os alunos trabalham em exercícios passados pelos professores. O tempo é organizado e segue uma
sequência mais adequada. Já nas aulas de linguagem, há mais trabalhos práticos, os alunos participam mais
oralmente das aulas, intervêm mais.  A aula tem uma dinâmica diferente, com muitos falando ao mesmo
tempo ou em grupos.  Isso pode significar uma gestão de tempo mais complicada.  O tamanho das turmas
também interfere na forma de administrar os minutos. Turmas maiores tendem a dar mais trabalho.
ÉPOCA – No Chile, os professores de escola pública são obrigados a passar por uma avaliação.
Ela inclui a gestão de tempo?
Martinic - Não. A aula dada pelo professor é avaliada em diversos aspectos de sua estrutura. Se a aula tem,
por exemplo, três etapas: introdução do conteúdo, desenvolvimento das ideias e práticas e um encerramento,
que é uma síntese do que foi ensinado. Uma aula bem planejada e executada tem que passar pelas três fases.
O tempo, em si, não é avaliado. É difícil medir isso, essa gestão pode ser feita de formas diferentes e muito
particulares, não há como avaliar isso com um critério comum.
ÉPOCA – Quais são os critérios da avaliação e como se chegou a eles?
Martinic - O sistema de avaliação docente no Chile existe desde 2003 e seus critérios foram elaborados em
conjunto entre o ministério da educação, o sindicato dos professores, os gestores municipais e equipes
técnicas de pesquisadores. Eles surgiram a partir do Marco para la Buena Enseñanza (Marco do Ensino de
Qualidade, em tradução livre para o português), que reúne 30 critérios para dizer se o professor está bem ou
não. Fizemos uma lei para respaldar esse Marco. Ficou definido ali, por exemplo, como o professor deve
planejar aula, se ele tem domínio da estrutura da aula, se ela tem começo, meio e fim; é avaliado também se
o docente tem domínio da turma, como ele interage com os alunos e com o ambiente pedagógico, se elabora
provas adequadas para avaliar o aprendizado dos alunos. O professor passa por essa avaliação
periodicamente e sempre de acordo com as referências do Marco. É importante dizer que o sistema de
avaliação docente chileno surgiu no contexto da reforma educacional dos ensinos básico e médio. Existem
muitas mudanças importantes, geradas pela reforma educacional nos níveis básico e médio, levando a
mudanças curriculares, que demandam um outro tipo de professor, mais bem preparado. Por isso, existe
também uma mudança na formação universitária.
ÉPOCA – Como e por quem isso é feito?
Martinic - Isso é feito de diversas formas. O próprio professor monta seu portfólio e responde a
perguntas que os fazem pensar sobre sua prática; suas aulas são gravadas e depois assistidas pelos
avaliadores; e há também avaliações por outros professores e por seus superiores. O resultado disso
classifica o professor em quatro categorias de desempenho: destacado, competente, básico e insatisfatório.
Essas categorias estão relacionadas aos indicadores de avaliação, que estão definidos no Marco. As pessoas
conhecem as categorias e os indicadores, tudo está explícito. Quem avalia é o ministério da educação, que
contrata equipes técnicas das universidades para executar a avaliação.

Questões
1. Cite ao menos três atividades ou situações mais propensas a gerar indisciplina na sala de aula.

2. A sala X, do quarto ano é muito barulhenta durante as explicações na aula de história e geografia.
Já nas atividades de português, quando a professora coloca pra copiar um texto, os alunos ficam
mais calmos. Cite três fatores que podem desencadear essa situação. Proponha três atitudes/ações
que podem diminuir a indisciplina na sala de aula.

OLHAR EDUCATIVO, NOVOS ESPAÇOS E NOVOS HORIZONTES


O imperativo de um novo pensar sobre a educação tem sido levantado nas últimas décadas. Construir
um pensamento crítico constitui a sagacidade teórica da educação. A sociedade encontra-se na era da
informação e do conhecimento, onde se apresentam os mais diversos recursos e meios de comunicação, que
de maneira geral transforma a vida social, psicológica e interacional das pessoas. Por este motivo, cabe à
escola proporcionar à população escolar, oportunidades para a construção de um conjunto de saberes e
habilidades, através de novas estratégias que incluam os meios de comunicação na aprendizagem, a fim de
integrar as técnicas cognitivas e emocionais dos educandos motivados pelo tempo digital, e vincular os
professores ao mundo dos alunos.
Busca-se hoje, através do ensino aprendizagem, que os alunos adquiram uma atitude de protagonista da ação
educativa, ativa, participativa e reflexiva, diante do conhecimento histórico, e que se atrevam a declarar
posturas diante das contradições que se lhes apresentam; enfim, que sejam críticos.
Um trabalho sério em educação tem de dialogar diretamente com seus professores em interação com
os estudantes. Por isso a educação necessita desenvolver projetos educacionais tornando os recursos
tecnológicos e audiovisuais ambientes abertos para crianças e jovens, permitindo que contribuam e
participem criticamente das informações recebidas. A educação também se transforma em uma atmosfera de
intercâmbio de experiências de comunicação e educação. Devemos aprender a repensar um novo espaço e
uma nova perspectiva educativa. Uma das principais características do mundo atual consiste no fato de que
diferentes espaços se complementam e se interagem.
Assim, os recursos tecnológicos e audiovisuais na escola significam, não apenas mais um dos expedientes
pedagógicos, mas, principalmente novas alternativas educativas de estabelecer essa escola no mundo,
abrindo novos espaços e novos horizontes ainda não totalmente explorados. Praticamente todos os temas
podem ser abordados pelos recursos tecnológicos e audiovisuais, que passam a ser constituídos pelos
espaços do conhecimento humano. É principalmente por meio das imagens e de sons, que podem ser
registrados por aparelhos tecnológicos e audiovisuais que se configura a sociedade globalizada.
Quando educamos com a interação dos recursos tecnológicos e audiovisuais, resgatamos o objeto de
estudo e oferecemos caminhos para interpretação, entendimento e análise critica, permitindo a inclusão do
processo da cultura tecnológica e audiovisual. Isso torna a aula criativa, participativa, prazerosa, saindo da
mesmice das atividades tradicionais, onde o aluno muitas vezes, por falta de motivação fica desinteressado e
conseqüentemente insubordinado.
Quando o professor constrói competência e habilidade para trabalhar com recursos tecnológicos e
audiovisuais, ao contextualizar suas ações didáticas, esses meios serão usados como instrumentos
pedagógicos enriquecedores da atividade educativa. No entanto, a escolha dos recursos tecnológicos e
audiovisuais deve ser consciente, estando relacionada com o planejamento educacional e as metas
estabelecidas, que desencadeiam as ações para se alcançar os objetivos propostos tanto da disciplina
específica, como da escola como um todo. Ter como alicerce o que povoa o imaginário de nossos alunos
pode facilitar nossa comunicação com eles e introduzir de forma agradável e prazerosa, novos conceitos e
idéias.

GADOTTI, M. A escola e a pluralidade dos meios.Amélia Hamze Profª FEB/CETEC


Fonte: https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/olhar-educativo-novos-espacos-
novos-horizontes.htm
Questões
1. Quais as vantagens dos recursos tecnológicos em sala de aula?

2. Com quais intenções os recursos tecnológicos não devem ser usados?

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Por teorias de aprendizagem podemos observar três modalidades gerais: cognitiva, afetiva e
psicomotora.
A primeira, cognitiva, pode ser entendida como aquela resultante do armazenamento organizado na
mente do ser que aprende. A segunda, afetiva, resulta de experiências e sinais internos, tais como, prazer,
satisfação, dor e ansiedade. Já a terceira, psicomotora, envolve respostas musculares adquiridas por meio de
treino e prática.
A teoria de David Ausubel foca a aprendizagem cognitiva e, como tal, propõe uma explicação teórica
do processo de aprendizagem.
Ausubel baseia-se na premissa de que existe uma estrutura na qual organização e integração de
aprendizagem se processam. Para ele, o fator que mais influencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já
sabe ou o que pode funcionar como ponto de ancoragem para as novas ideias.
A aprendizagem significativa, conceito central da teoria de Ausubel, envolve a interação da nova
informação com uma estrutura de conhecimento específica, a qual define como conceito subsunçor.
As informações no cérebro humano, segundo Ausubel, se organizam e formam uma hierarquia
conceitual, na qual os elementos mais específicos de conhecimento são ligados e assimilados a conceitos
mais gerais.
Uma hierarquia de conceitos representativos de experiências sensoriais de um indivíduo significa, para
ele, uma estrutura cognitiva.
Ausubel considera que a assimilação de conhecimentos ocorre sempre que uma nova informação
interage com outra existente na estrutura cognitiva, mas não com ela como um todo; o processo contínuo da
aprendizagem significativa acontece apenas com a integração de conceitos relevantes.
Para contrapor essa teoria, Piaget não considera o progresso cognitivo consequência da soma de
pequenas aprendizagens pontuais, mas sim um processo de equilibração desses conhecimentos. Assim, a
aprendizagem seria produzida quando ocorresse um desequilíbrio ou um conflito cognitivo.
No entanto, Piaget não enfatiza o conceito de aprendizagem. Sua teoria é de desenvolvimento
cognitivo, não de aprendizagem. Nesta perspectiva, Piaget considera que só há aprendizagem (aumento de
conhecimento) quando o esquema de assimilação sofre acomodação.
A aprendizagem significativa desenvolvida por Ausubel propõe-se a explicar o processo de
assimilação que ocorre com a criança na construção do conhecimento a partir do seu conhecimento prévio.
Dessa forma, para que ocorra uma aprendizagem significativa é necessário: disposição do sujeito para
relacionar o conhecimento; material a ser assimilado com “potencial significativo”; e existência de um
conteúdo mínimo na estrutura cognitiva do indivíduo, com subsunçores em suficiência para suprir as
necessidades relacionadas.
Na teoria de Ausubel, o processo de assimilação é fundamental para a compreensão do processo de
aquisição e organização de significados na estrutura cognitiva.
Basta o educador primeiramente sondar o repertório do aluno para provocar na criança uma
aprendizagem significativa. As assimilações podem ser simples, como dosar os ingredientes para fazer um
bolo e utilizar essa mesma experiência com os conceitos de cálculos, grandezas e medidas da matemática.
Com isso, os modos de ensinar desconectados dos alunos podem ser modificados para a articulação de
seus conhecimentos, no uso de linguagens diferenciadas, significativas, com a finalidade de compreender e
relacionar os fenômenos estudados.
Eliane da Costa Bruini
Colaboradora Brasil Escola/Graduada em Pedagogia Pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo
– UNISAL https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/aprendizagem-significativa.htm

Com base na pirâmide e na acima e no texto sobre aprendizagem significativa, construa um mapa
conceitual e represente-o em forma de diagrama, elencando as palavras chaves mais relevantes do material
de estudo.

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