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Lula ataca Moro e pede calma sobre impeachment de

Bolsonaro

PT decidiu que não vai apresentar pedido de impeachment do


presidente sem apoio de outros partidos de oposição e sociedade
civil
Ricardo Galhardo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegeu o ex-ministro
Sérgio Moro, seu algoz, e não o presidente Jair Bolsonaro como
alvo principal na crise causada pela demissão do titular da Justiça.
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Lula usou as redes sociais


- em vídeo e texto - para criticar Bolsonaro Foto: EPA / Ansa
Em reunião com a executiva nacional e representantes das
bancadas do PT na Câmara e no Senado, sexta-feira à noite, Lula
usou a maior parte de sua fala para atacar Moro. Segundo
participantes da reunião, o ex-presidente decidiu falar no começo da
conversa e não no final, como é de costume. Lula fez um aparte
durante a manifestação da presidente do partido, Gleisi Hoffmann,
primeira a falar e imediatamente partiu para o ataque contra Moro.
De acordo com relatos, aos palavrões, Lula passou a enumerar atos
de Moro contra ele próprio e o PT desde o início da Lava Jato. Em
certo momento, o ex-presidente disse que Moro tinha ligações com
o governo dos EUA quando era juiz mas não chegou a vincular
essas ligações com a forma belicosa como o ex-juiz deixou o
governo.
Em sua conta no Twitter, na manhã deste sábado, 25, Lula disse
que Bolsonaro é "cria" de Moro e não o contrário.
"Não pode haver inversão da história. O Bolsonaro é filho do Moro,
e não o Moro cria do Bolsonaro. Nessa disputa toda, os dois são
bandidos, mas é o Bolsonaro que é a cria e não o contrário. E os
dois são filhos das mentiras inventadas pela Globo", postou o ex-
presidente.
Moro foi o responsável pela condenação de Lula a nove anos e seis
meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no
caso do tríplex do Guarujá, em 2017. A pena foi aumentada pelo
Tribunal Regional Federal da 4a Região (TRF-4) para 12 anos e
depois reduzida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para oito
anos e dez meses.
A condenação levou Lula a ficar preso por um ano e meio na
carceragem da Polícia Federal em Curitiba e impediu o petista de
disputar a eleição presidencial de 2018, quando era líder nas
pesquisas Lula sempre negou irregularidades no caso do tríplex e
alega que Moro forçou a condenação para tirá-lo da disputa
eleitoral, o que abriu caminho para a vitória de Bolsonaro.
Segundo fontes do PT, isso explica o fato de Lula ter pedido cautela
ao partido horas antes, em conversa com Gleisi, Aloisio Mercadante
e Fernando Haddad, ainda sob o calor do pronunciamento de Moro.
Na reunião de sexta-feira à noite o PT decidiu que não vai
apresentar um pedido de impeachment de Bolsonaro de forma
isolada. Se o fizer, será junto com outros partidos de oposição e
entidades da sociedade civil. Mas também não vai se posicionar
contra o afastamento do presidente e caso a Câmara dê início ao
processo, o partido votará a favor do impeachment.
Em outra frente o PT designou enviados para procurar o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e tentar destravar a tramitação
das propostas de emenda à Constituição (PECs) que alteram a
forma de sucessão presidencial em caso de impeachment.
Hoje existem duas PECs sobre o tema no Congresso. A primeira,
do ex-deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), já passou Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A segunda, dos deputados
Paulo Teixeira (PT-SP) e Henrique Fontana (PT-RS), é mais
detalhada mas ainda não foi analisada pela comissão. A ideia é
convencer Maia a juntar as duas PECs.
"Temos que nos aprofundar nas investigações sobre o uso de fake
news na eleição de Bolsonaro porque houve fraude. Com a
aprovação da PEC não teríamos que nos preocupar com (Hamilton)
Mourão (vice-presidente)", disse Paulo Teixeira.
As PECs prevêem a realização de novas eleições em caso de
vacância na Presidência da República até seis meses antes do
término do mandato. Hoje, em caso de impeachment assume o
vice.

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