Este relatório descreve as observações de um estagiário em um colégio técnico. Ele acompanhou um professor de filosofia em três turmas e analisou o ambiente físico das salas de aula, a dinâmica de ensino-aprendizagem e o método didático do professor. Apesar das limitações das salas, o professor conseguiu ensinar de forma efetiva usando apenas recursos como quadro e giz. O estagiário aprendeu sobre a realidade do ensino médio e como adaptar a didática de acordo com cada turma.
Este relatório descreve as observações de um estagiário em um colégio técnico. Ele acompanhou um professor de filosofia em três turmas e analisou o ambiente físico das salas de aula, a dinâmica de ensino-aprendizagem e o método didático do professor. Apesar das limitações das salas, o professor conseguiu ensinar de forma efetiva usando apenas recursos como quadro e giz. O estagiário aprendeu sobre a realidade do ensino médio e como adaptar a didática de acordo com cada turma.
Este relatório descreve as observações de um estagiário em um colégio técnico. Ele acompanhou um professor de filosofia em três turmas e analisou o ambiente físico das salas de aula, a dinâmica de ensino-aprendizagem e o método didático do professor. Apesar das limitações das salas, o professor conseguiu ensinar de forma efetiva usando apenas recursos como quadro e giz. O estagiário aprendeu sobre a realidade do ensino médio e como adaptar a didática de acordo com cada turma.
O presente relatório tem como objetivo apresentar, parcialmente, as experiencias
em sala de aula que eu, Douglas Giovani Ezequiel, tive durante o mês de setembro e início de outubro de 2018. As observações nele contidas privilegiam a visão docente, isto é, tendem a analisar o ambiente escolar com olhos de alguém que se prepara para um dia, como professor de Filosofia, assumir a responsabilidade de uma sala de aula. Depois de três anos de graduação, anos em que a grade curricular do curso de Filosofia da Universidade Estadual de Londrina praticamente volta-se a pesquisa, para balancear a relação entre ensino-aprendizado, chegam finalmente as disciplinas voltadas à didática e ao estágio. O presente relatório surge como proposta avaliativa da disciplina 6EST110, Estágio Curricular Supervisionado II: Ensino, na qual os alunos da graduação possuem a rica oportunidade de entrarem em contato com o público para quem estarão aptos a ensinar: os alunos do Ensino Médio. Sem dúvida, a jornada de um professor do Ensino Médio não é a das mais fáceis. São inúmeras turmas, muitas vezes em mais de um colégio, com enorme abrangência de conteúdos. No entanto, as recompensas também são importantes. O professor de Filosofia, talvez mais do que em outras disciplinas, é responsável pela formação cidadã dos alunos. Isso porque ele é capaz de preparar o aluno, através da reflexão crítica sobre o próprio ato de conhecer o mundo, para a vida pública, a vida em comunidade. A experiencia de estágio visa oferecer a chance de nós, alunos de graduação, explorar e contribuir com o espaço de tempo em que muitos alunos do Ensino Médio se preparam para a vida adulta, ao mesmo tempo em que nós completamos nossa formação com a prática docente. Escolhi o Colégio Albino Feijó Sanches, localizado na Rua Jacarezinho, 80 — Parque das Industrias, Londrina- PR —, o local onde eu faria o estágio. O motivo da escolha é simples: estudei aqui durante quatro anos, do 8° ano do fundamental ao 3°ano do Ensino Médio. Voltar ao Colégio depois de alguns anos é muito gratificante. Ainda mais quando o objetivo do retorno é colaborar com o aperfeiçoamento da educação pública. Até o presente momento, passei 20 horas em companhia de um dos professores de Filosofia do Colégio, durante as quartas-feiras de manhã. As qualidades docentes dele são invejáveis. Preciso confessar que, num primeiro momento, fiquei horrorizado em como ele lidava com os alunos. Depois do choque inicial, compreendi a dinâmica da coisa. Para quem não tinha contato com o Ensino Médio há cinco anos (quando lá me formei), somado ao fato de o Ensino Superior ser diferente, a decepção foi grande ao ver aquele cenário. A sala de aula possui suas regras, cada uma tem as suas peculiaridades e o que funciona para uma pode trazer o caos a outra. Porém, a experiencia de estágio tem como objetivo apresentar a realidade escolar tal como ela é. Sem idealizações. O docente em preparação precisa saber com o que ele irá lidar depois de formado. O professor de Filosofia do Colégio, meu orientador de campo, ajudou-me e muito no entendimento de como as coisas funcionam o Ensino Médio. Sempre atrelado ao conteúdo filosófico da aula está associado o ensino de como bem se comportar. Pode ser que os alunos não lembrem de nada depois de saírem da escola, mas uma coisa é certa: o professor de Filosofia preencherá os seus imaginários. Ele se torna uma referência do saber. A principal lição é ter em mente que nem todos os alunos são atraídos pelo saber, que não se pode cobrar deles interesse e que o professor precisa ser maleável — um camaleão. Assim o processo de ensino-aprendizagem sofre menos atritos. Os alunos aprendem sem se darem conta. Na conclusão do relatório apresentarei a qualidade didática que pretendo aplicar em sala de aula, aprendida com o professor orientador do Colégio. O primeiro dado que salta aos olhos de quem se depara com a sala de aula é a pluralidade. São muitos os interesses. As vezes conflituosos, às vezes empolgantes, ora para cima, ora para baixo, não sabemos o que esperar destes seres, os alunos. Eles estão passando pela fase decisiva à vida: a adolescência. Os professores, assim como os pais, devem ser bastante delicados no modo de trata-los, pois seus objetivos ainda estão em aberto. Para alguns, a sala de aula cumpre apenas função burocrática, nada significativa. Se pudessem escolher, sem dúvida a escola seria descartável. A internet, segundo muitos, imagino, é capaz de ensinar. Para outros alunos, o futuro é determinado pelos conteúdos aprendidos em sala de aula. Não é preciso fazer enquete ou entrevista-los. O comportamento em sala de aula serve como indicativo. Alguns se sentam moles na cadeira, com fone de ouvido, copiam mecanicamente o conteúdo do quadro enquanto conversam com o colega ao lado. Outros se sentam eretos, postura altiva, olhos voltados para o professor. O raciocínio ligeiro sugere que nenhuma parte da explicação foi perdida. E o professor é o intermediador desses dois universos antagônicos. O período de permanência foi de 20 horas, nas quais eu acompanhei o professor orientador em três turmas do ensino técnico, as únicas turmas em que ele tinha aulas seguidas no Colégio. As observações abaixo se referem à relação entre professor (as técnicas didáticas), os alunos (o modo como se comportaram) e sala de aula (estrutura física do colégio). Atentei-me principalmente à forma como o professor conduz uma aula, como ele procede na distribuição do tempo e como ele cadencia os conteúdos apresentados. “No ambiente de sala de aula acontece mais coisas que a vã Filosofia pode imaginar” — Douglas Giovani
I – DADOS DAS TURMAS
4° ano do curso Técnico em Química, turno da manhã, formada por,
aproximadamente, 6 alunos. São poucos alunos porque, segundo o professor, eles desistem durante o curso especial técnico. 3° ano do curso técnico em Meio Ambiente, turno da manhã, formada, em média, por 13 alunos, na maioria meninas. 2° ano do curso técnico em Meio Ambiente, turno da manhã, formada por, aproximadamente, 16 alunos, na maioria meninos.
II – AMBIENTE FÍSICO
A sala do 4° ano do curso técnico em Química possui condições físicas
razoáveis. As carteiras estão em bom estado, apesar de serem desconfortáveis à permanência de um período inteiro e estarem bastante descascadas (nada que prejudique o aprendizado). O piso de madeira possui partes faltando, mas está limpo. A lousa está em perfeito estado. Aparenta ter sido trocada a pouco tempo. Há uma TV laranja no canto de 20 polegadas. Há um ar-condicionado e dois ventiladores, um acima da lousa e outro no teto no centro da sala. Como a janela está exposta ao sol, existe três cortinas brancas com rasgos discretos. No fundo da sala há um armário muito, mas muito desgastado e sem uso. A tinta das paredes está toda manchada de esburacada, marcada pela falta de reparo a anos. A iluminação é boa e as lâmpadas estão funcionando. As salas do 3° ano do curso técnico em Meio Ambiente possui condições físicas semelhantes, com a diferença de a mesa do professor ser de metal. Todas as salas são equipadas com câmera de segurança. Existem três aparelhos na sala: uma TV, dois ventiladores e um ar condicionado, todos em perfeito estado de conservação. As paredes do 2° ano do curso técnico em Meio Ambiente estavam um pouco sujas. A condição física da sala parece não interferir no ensino. A aula do dia 12/09 foi sobre os contratualistas modernos, Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau. Embora o professor não tenha recorrido a recursos mais sofisticados que a lousa e o giz, conseguiu explicar o assunto proposto sem dificuldades. Contou com a colaboração dos alunos, boa interação, além de cumprir a proposta do conteúdo programático. Como o período da manha é fresco e estamos numa época fria, o uso do ar condicionado e dos ventiladores não foi necessário. Os alunos permanecem quietos nas carteiras, sem se remexerem ou mostrar desconforto, o que demonstra que já estão adaptados ao assento duro. A segunda aula do dia 12/09, no 3° ano do curso técnico em Meio Ambiente, foi sobre “cultura e arte”. Embora o professo tenha se detido em esclarecer os preparativos para a comemoração de 40 anos do colégio, a comunicação entre ele e os alunos foi tranquila. Por haverem muitas carteiras na sala de aula, os alunos do 2°ano do curso técnico em Meio Ambiente se dão a liberdade de se sentarem em grupos. Isso prejudica a aula na medida em que as conversas paralelas são intensas. Não há interferência prejudicial dos equipamentos, pois o professor de Filosofia segue o modelo tradicional de aulas: lousa, giz e anotações no caderno pessoal. Um aspecto físico da escola que favorece o ensino é a estrutura aberta do colégio. Com o layout bem distribuído e bem espaçoso. Este é um ponto a benéfico, pois os alunos possuem espaço de convívio favorável à interação. Talvez porque as salas do 3° e 2° ano do curso em Meio Ambiente ser no segundo andar, subindo uma escadaria, possibilitando uma boa visão do colégio, o que dá aos alunos maior sensação de liberdade (mais o fato de a sala conter mais alunos que o 4°ano, os alunos são mais falantes. Demorou um bom tempo até o professor conseguir entrar nos temas das aulas do dia 19 e 26 de setembro. Na turma do 2° técnico em Meio Ambiente os métodos do professor não funcionam 100%. A disposição das muitas carteiras (os alunos em grupo) facilita a conturbação do ambiente. Se não houvesse tantas carteiras, se houvesse melhor distribuição do espaço da sala, talvez a aula fluísse mais a favor do professor. Fora isso, os equipamentos não prejudicam em mais nada.
III – AMBIENTE ENSINO-APRENDIZAGEM
A relação do professor com os alunos, no 4° ano técnico em Química, é muito
boa. Há um clima de camaradagem ao longo da aula. O professor dá abertura para os alunos conversarem, quando ele não está passando conteúdo. Por outro lado, os alunos respeitam o professor. O método de evitar a postura autoritária funciona bem, já que os alunos estão quatro anos juntos (característico do curso técnico). No 2° ano do curso técnico em Meio Ambiente a relação também é ótima. Os alunos desta turma abusam das conversas, principalmente os meninos. O professor parece ter estabelecido um sistema de funcionamento ao longo do ano. Como a aula precisa ser dada e os alunos não abrem mão das conversas paralelas, o professor Reginaldo permite que eles falem o quanto quiserem, menos quando ele fala. Quando ele explica, os alunos ouvem. Mais uma vez a técnica do diálogo consegue obter o respeito dos alunos. O professor considera, sempre que possível, a dimensão subjetiva. Os alunos se sentem confortáveis para falar sobre assuntos pessoais em sala de aula, pois sabem que o professor é acolhedor. Em vários momentos ele para e ouve, atenciosamente, o que os alunos falam e, para responde-los, o professor usa referências culturais conhecidas. Acontecimentos recentes para explicar o conteúdo. Durante as aulas, o professor Reginaldo consegue ser um camaleão: habita o universo dos alunos sem ser notado. Consegue contornar as opiniões políticas “radicais” dos alunos com bom humor fora de sala de aula. Ele dá conselhos até sobre namora às alunas. Claro, tudo isso em tom descontraído. Acontece de o assunto desviar-se a histórias pessoais que possuem alguma relação com o tema. Isso é muito positivo. Significa que os alunos estão conseguindo internalizar o conteúdo. O bom humor é dominante, quase todos participam, sem inibições, sem temor de sofrer algum tipo de repressão por parte do professor Reginaldo. Os alunos usam aparelhos eletrônicos na sala de aula sem problemas. No entanto, eles preferem, ao que tudo indica, conversarem entre si. Em alguns casos, eles preferem tirar uma foto do conteúdo na lousa à copiar. A finalidade parecer ser despertar o bom senso e o senso de responsabilidade pessoal. Como o professor tem como característica a liberdade dada aos alunos, deixá-los ficar com o celular é uma medida simples que pode se tornar um ponto de negociação. Caso eles não colaborem, o professor pode retirar o celular. O professor Reginaldo me disse que é feito um “acordo” semelhante a este no começo de cada ano letivo. O professor evita chamar a atenção dos alunos. No geral, eles se comportam bem (talvez por serem alunos do 4° do curso técnico em Química). Não adotam comportamentos que prejudiquem a aula. Quando a turma foge do controle, o professor tenta reconduzi-la à aula sutilmente. A principal medida é deixa-los conversar (e conversar junto com eles) quando o conteúdo não é passado. Os resultados obtidos são bons. Já no 3° ano do curso técnico em Meio Ambiente os alunos falam o tempo todo. O professor contorna o mau comportamento através do diálogo. Uma de suas maiores qualidades didáticas é ser hiper comunicativo. O professor Reginaldo consegue falar mais que os alunos com facilidade. Sobra assunto Como os alunos do 4° ano técnico em Química, do 3° e 2° ano técnico em Meio Ambiente são alunos que anos juntos, de modo que não existem conflitos em sala de aula. Portanto, a colaboração dos alunos é facilmente mantida na maioria dos casos. A relação do professor com os alunos e de camaradagem. Os meios adotados mais beneficiam o processo de aprendizagem que prejudica, pois, os alunos mostram mais interesse nas aulas, colaboram, não sofrem reprimendas por conversarem, além de o conteúdo proposto ao dia ser passado eficazmente. A grande desvantagem talvez seja o não funcionamento desta técnica (a permissividade) em outras turmas. Em algumas funcionam. Outras não. O professor Reginaldo disse que, com o primeiro ano, dificilmente ele consegue colaboração sendo camarada. No 2° ano do curso técnico em Meio Ambiente a permissividade prejudica o processo de ensino aprendizagem, uma vez que os alunos conversam mais que prestam a atenção. As aulas são expositivas, sem o uso de livro didático, com a participação dos alunos. Na aula do dia 19/09, professor trouxe tabelas comparativas entre os três principais filósofos contratualistas e as distribui aos alunos. A metodologia funcionou bem, pois cada um deles tentou responder ao questionário após ler a folha. Depois, todos prestaram a atenção na explicação. Os resultados foram bons, uma vez que funciona: o conteúdo proposto foi passado com eficiência. Durante o período de observação, o único recurso didático usado além do giz e da lousa foi a tabela comparativa acima mencionada. O professor compensa isso com o uso de esquemas e diagramas explicativos. No 4° ano do curso técnico em química (formada por, em média, 8 alunos) aproximadamente 80% dos alunos participam. Como a turma é pequena a interação é boa qualitativamente. Os alunos participam, tiram suas dúvidas e copiam quietos. Notei que esta foi a única turma que o professor Reginaldo consegue usar os 50 minutos de aula expondo conteúdo. Os alunos têm fome de saber e a colaboração é ótima. Ao meu ver, este é a quantidade ideal de alunos por turma. Assim, o professor consegue conter melhor os ânimos calorosos dos alunos, as conversas paralelas, além do espirito de fraternidade do ambiente. No 3° ano técnico em Meio Ambiente, de 16 alunos na sala, 14 interagem. Eles são bastante desinibidos. Conversam, levantam e participam. Portanto, 87,5% dos alunos interagem. O problema é que a interação não tem tanta qualidade. Poderia ser melhor. O professor disse que a partir do próximo ano do curso a turma diminui e a interação melhora. Na aula do dia 19/09, metade do tempo foi dedicado à discussão e acertos da semana cultural do Colégio. Os alunos se animaram, pois, as propostas envolvem atividades extraescolares (como, por exemplo, entrevistarem pessoas conhecidas da região sul) e valem pontos. Logo, a interação não teve conteúdo filosófico, o que, na minha opinião, não é negativo. Os alunos estão interessados em fazerem coisas gratificantes, nada incomum à fase da vida em que estão. O planejamento de ensino é contínuo e bem cadenciado. O professor segue a matriz curricular a risca. Todas as teorias filosóficas são apresentadas. No entanto, ele prefere fazer comparativos entre os filósofos frequentemente. As aulas, muitas vezes, são repetitivas, o que é positivo à fixação do conteúdo (retoma parte do conteúdo da aula anterior no início da aula presente). Como o professor já possui longa experiencia com o Ensino Médio — são 12 anos — o planejamento anual é bem selecionado. Suas aulas são estruturadas num caderno brochura. No início de cada aula ele pergunta onde parou, para garantir que nenhum conteúdo seja pulado. Durante o período de observação o professor Reginaldo não usou material didático em sala de aula. No entanto, ele comentou em sala de aula que no mês que vêm os alunos do 2 ° do curso técnico em Meio Ambiente iriam fazer leituras de trechos de O Príncipe, de Nicola Maquiavel. O objetivo era identificar numa obra filosófica as principais características de um bom governante (o módulo que a turma estudava era política) O professor dá as suas aulas com um material pré-preparado que ele sempre consulta. Tenta estar inserido no universo dos alunos, o que eles querem de novidade, o que não querem. O professor orientador disse que durante a hora atividade ele conversa com outros professores e tenta se inteirar sobre o que ocorre de novo com os jovens. A preparação das aulas ocorre todos os dias. Os critérios de avaliação seguidos por ele são os recomendados pelo PPP do Colégio. Utiliza as provas escritas, com a mescla de perguntas objetivas com dissertativas, e mais os seminários. Para o professor, a disciplina de Filosofia sozinha não leva a reprovação, assim como qualquer outra. Existe um sistema do Estado voltado para a reprovação. A reprovação ocorre quando o aluno tira a média inferior de 50 pontos em duas disciplinas. A Filosofia por si mesmo não leva a reprovação, mas, somada a outras sim. Para a maioria dos alunos do 4° do curso técnico em química, a disciplina de Filosofia ajuda na formação crítica dos alunos, algo que as outras disciplinas não oferecem (A pergunta foi elaborada de modo geral aos alunos, então, respondeu aqueles que se dispuseram). Este fator colabora no modo como os alunos se permitem a conhecer e prestar a atenção nas aulas. A maioria dos alunos desta turma não soube responder se a disciplina pode ou não levar à reprovação, pois, conforme comentado acima, a importância do conhecimento filosófico é reconhecida, de modo que a possibilidade de reprovação nem mesmo ser cogitado. Já os alunos do 3° ano do curso técnico em meio ambiente disseram que sim, é possível reprovar de ano caso o aluno não se dedique, pois, o professor tem poder para isso. No entanto, os alunos classificam a disciplina de Filosofia entre as três principais da grade curricular, junto com a disciplina de Sociologia e História, de modo que também estaria fora de cogitação não se dedicar a ela uma vez que sua importância é reconhecida. O acervo de Filosofia do Colégio é bom. São 79 obras ao total, sendo 57 títulos. Alguns clássicos possuem mais de dois volumes. A maioria são livros introdutórios, voltados à história da Filosofia ou ao seu ensino. Nela encontramos obras de autores clássicos, como Platão, modernos como Montesquieu e Kierkegaard, contemporâneos, como Nietzsche e Durkheim. Há também coletâneas de textos sobre ética e estética.
Em minhas aulas de regência imagino proceder da seguinte forma:
1 – Combinar com o professor Reginaldo um dia no mês de novembro para a regência
ser dada em cada uma das três turmas em que fiz observação.
2 – Planejar a aula sobre um filósofo ou um tema filosófico que envolva mais de um
pensador com uma semana de antecedência.
3 – Montar uma estrutura de tópicos em que a aula caminhará.
4 – Criar o Plano de Aula.
5 – No dia da regência, acima de tudo, promover a interação estimulando os alunos a
darem suas opiniões política e artísticas sem constrangimento.
6 – Definir os principais conceitos escritos na lousa e exemplifica-los.
7 – Usar diagramas ou mapas conceituais para relacionar as ideias apresentadas.
ENTREVISTA COM O PROFESSOR
I — DADOS DO PROFESSOR
— Idade? 33 anos.
— É concursado ou PSS? Quantos tempo em um ou outro?
Sou concursado desde 2015. Fui professor PSS durante três anos. Comecei a lecionar pelo estado a partir de 2012, mas já em 2007 eu dava aulas numa escola particular. Tenho alguns aninhos de experiencia.
— Há quantos anos atua no ensino de Filosofia no Ensino Médio?
Dou aula de Filosofia desde 2012, então atuo nesta disciplina há seis anos. Sou formado em administração também. Já atuei no Ensino Fundamental com a disciplina de Ensino Religioso.
— Possui pós-graduação? Qual?
Sim, tenho pós em Filosofa em Aspectos Éticos e Políticos, Filosofia Moderna e Contemporânea pela UEL
— Que metodologia de ensino o Sr. não adotaria e qual o motivo?
Não há nenhuma metodologia que eu não adotaria. Ás vezes temos que ser tradicionais, às vezes temos que ser progressistas, às vezes temos que ser o meio termo de tudo isso. Eu não gosto da rigidez do tradicional. Acho que isso não leva o aluno ao conhecimento. Como você notou, eu tenho bastante aproximação com os alunos. Então eu consigo ultrapassar os limites do ensino tradicional. A distancia entre professor e aluno é desnecessária. Existe a proximidade, mas há a troca de conhecimento.
— Que avaliação o Sr. faz do acervo de filosofia da biblioteca da escola?
A biblioteca do Colégio é uma das melhores que conheço em Londrina, apesar de haver poucas obras de Filosofia mesmo.
— Quais são as maiores dificuldades enfrentadas no trabalho?
Um dos meus principais desafios atualmente é vivencia tecnologia. Conciliar a tecnologia e o ensino. Os alunos, de modo geral, são atentos, mas o problema não é a atenção do aluno, e sim conseguir um foco de ensino. É através da proximidade que eles passam a ter um vínculo com a Filosofia. Outro aspecto é a falta de políticas públicas. Não temos muito tempo para preparar aulas, para ler e trazer coisa nova para sala de aula para os alunos. Ainda sim acredito que as coisas estão andando. Acredito que a remuneração também deveria ser melhor.
— Quais são as maiores satisfações que o trabalho lhe propicia?
Estou satisfeito com o aprendizado dos meus alunos. Ao meu ver, eles conseguem ouvir e entender sobre Filosofia. — Que avaliação o Sr. faz de seu próprio trabalho? Se alguém me perguntasse que metodologia especifica eu utilizo, não saberia dizer (risadas). Eu tento trabalhar conceitos em sala de aula. Não acho que sou um “ótimo” professor, mas me acho bom. Existem ótimos professore, existem bons e existem péssimos professores. Eu acho que me enquadro na segunda categoria. Os alunos “curtem” meu trabalho.
CONCLUSÃO
Depois de 20 horas de observações, o período de permanência no Colégio não
acabou. O estágio se prolongará até o inicio de dezembro, data em que os professores fazem concelho de classe e fecham as notas. No geral, os resultados do estágio são positivos. Como eu disse na introdução, minha primeira reação foi de espanto com o ambiente de sala de aula. No entanto, depois de algumas aulas de acompanhamento, percebi que não é nada difícil conduzir os alunos. Aliás, o ambiente é propício a isso. Aprendi muito sobre didática com o professor orientador. A principal contribuição que acompanhá-lo me trouxe foi reconhecer a importância do diálogo com os alunos. Não há nada que não possa ser resolvido através da conversa amigável. Nada que esclarecimentos prévios não resolvam. Refletindo sobre os problemas no ensino brasileiro, peguei-me levantando a seguinte hipótese: não seria este o fator que falta aos professores? Se os alunos saberem, desde o início, com quem estão lidando, a colaboração durante as explicações é imediata. E, em proporção inversa, se os professores saberem os anseios dos alunos (a inclinação à conversar sobre qualquer coisa), eles podem reverter esse quadro a seu favor e mantê-los discutindo sobre assuntos pertinentes ao momento, mesmo que não seja pautado exclusivamente no pensamento de um ou outro filósofo. O professor orientador também me ensinou, talvez sem saber, a ser maleável. Em sala de aula, de nada adianta adotar uma postura rígida, exigir que os alunos fiquem quietos, encher suas cabeças com uma infinidade de pensamentos que não são do interesse deles. Ser camaleão me parece mais adequado. Depois de algumas aulas, a agitação do ambiente escolar se torna quase que necessária. Você se acostuma a ela. Logo você precisa dela. Entendo porque professores iniciam suas carreiras ainda jovens e se aposentam no ensino. Estar rodeado de alunos — alguns dispostos a aprender, outros não — é bastante gratificante. Por fim, resta-me reconhecer a importância da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado II: Ensino. Com ela se consuma aquilo que o graduando vinha se preparando ao longo dos anos. Os conhecimentos adquiridos durante o curso têm finalmente a possibilidade de serem sistematizados e compartilhados. À medida que ensina, o graduando aprende sobre a realidade escolar. A oportunidade foi dada. Agora compete a nós transformar a experiencia de estágio em conhecimento filosófico.