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CURSO DE HABILITAÇÃO TÉCNICA NÍVEL III

ATLETISMO

MÓDULO FISIOTERAPIA: TÓPICOS DE PREVENÇÃO BASEADA EM


EVIDÊNCIA CIENTÍFICA

PROF. DR. MAURO AUGUSTO SCHREITER MELLONI


OBJETIVOS

Pequeno histórico do esporte paralímpico


Contextualizar a participação do atletismo brasileiro nas
competições paralímpicas internacionais recentes;

Abordar dados epidemiológicos do esporte paralímpico comparando


ao atletismo;

Caracterizar lesões micro/macro traumáticas no atletismo


paralímpico

Elencar possíveis condutas para prevenção de lesões no atletismo


• Screening
• Tomada de decisões a partir do “screening”
• Recovery
Histórico
• Stoke Mandeville Games – Inglaterra 1948 – Jogos
Mundiais de Cadeirantes e Amputados

• 16 participantes competiram no mesmo dia da abertura da


olimpíada de Londres
• Todos veteranos de guerra lesados
medulares
Dimensões alcançadas pelo
esporte paralimpico
Dimensões alcançadas pelo esporte
paralímpico
Histórico do atletismo
• Média de um terço das medalhas
conquistadas pelo atletismo nas
últimas competições
76 países medalhistas
Constatações
Deve haver diferença no planejamento e preparação
do atleta paralímpico comparado ao olímpico?
• Número expressivo de recordes quebrados

• Evolução física e técnica dos atletas


• Volume e intensidade de atletas profissionais
• Atletas deficientes x deficientes atletas
• Mais desequilíbrios para volumes e intensidades
equiparados
Competitividade

 ATLETA : REALIZA ATIVIDADES EM CONDIÇÕES


MÁXIMAS, DE CINCO A SEIS DIAS DA SEMANA,
NORMALMENTE COM JOGO NO SÉTIMO DIA

 Alta demanda física


 Lesão
10 atletas e 9 Guias
14 medalhas conquistadas (de 33 do atletismo)
9 SB e 7 PB
Medalhas por atleta Time SP - Rio 2016
2

1,5

0,5

0
TG SC RC ME VH LS DM AF YF LP
• Atualidades sobre lesão
músculoesquelética no esporte
paralímpico
• Observacional • Atletismo
epidemiológico:
Jogos paralímpicos • Futebol
de 2004 e 2008, e • Goalboll
jogos • Judô
parapanamericanos
do Rio 2007 • Natação
• 40 atletas brasileiros acompanhados
de 2004 a 2008
Prevalência de lesões no Centro de
treinamento Atletismo -CPB
LESÕES MACROTRAUMÁTICAS

LESÕES MICROTRAUMÁTICAS
Lesões Macrotraumáticas
• Ocorrem repentinamente, em
momento bem definido.
• Artes marciais;
• Futebol
• Basquete
• Futebol americano
• Esportes radicais
Fratura no atletismo
Principais lesões da prática esportiva
Entorse de tornozelo
• Compatimento lateral, ligamento TFA
Entorse de tornozelo
• Principal ligamento lesionado é o
talofibular anterior (movimento de
inversão), podendo acometer o TFP, ou
calcâneo fibular.
• Relacionado a fatores biomeânicos
• Maléolo medial mais alto e maior
capacidade de contenção de inversores
do que eversores.
Principais lesões
macrotraumáticas
• Entorse de joelho – lesão meniscal e
LCA
Ruptura do LCA

• Mais de 200.000 lesões de LCA por ano nos


Estados Unidos;
• 65% são tratados cirurgicamente
Lesões Microtraumáticas
• Esportes de repetição de gestos e altas
demandas físicas
• Corrida;
• Natação;
• Arremesso.
• 40 atletas brasileiros acompanhados
de 2004 a 2008
Joelho de corredor ou
SATIT
• Principais causas • Fricção contínua da
• Correr em terreno acidentado; banda ileotibial contra o
aumento ou início repentino epicondilo lateral do
de treino; fêmur durante a corrida
• Discrepância de mmii e
fraqueza de glúteo médio
SETM
• Definição; Acometimento doloroso da borda póstero
medial da tíbia

• Acometimento de tendões tibial posterior, sóleo e


suas fibras insercionais no osso (fibras de Sharpey,
considerando-se, por isso, uma periostite)
• Multifatorial

Frankliyn et al, 2008, Craig,2008, e Cosca e Navazio, 2007


SETM – Etiologia
Fatores Predisponentesmultifatorial

• Deformidades ósseas e
biomecânicas em geral (alteração
na pisada, discrepância no
comprimento dos mmii);

• Fatores antropométricos

• Fatores extrínsecos
(treinamento, overtraining)
SETM e distúrbio
biomecânico
Queixas Musculares
Classificação

• Grau 1 (leve), edema muscular, com ruptura pequena ou apenas


desalinhamento das fibras: dor localizada, pouco déficit funcional com dor leve
ao alongamento e contração, sem equimose e sem defeito palpável

• Grau 2 ( ruptura moderada e parcial das fibras): dor e edema consideráveis,


diminuição de força e ADM limitada pela dor. Sinal típico é a presença do
“gap”, defeito palpável e o aparecimento da equimose

• Grau 3 (severa): Ruptura completa, impotência funcional e defeito visível


Consenso Munich
Princípios do treinamento físico
• Individualidade biológica
• Sobrecarga
• Reversibilidade
• Especificidade
Potência de velocistas ou lançadores
• Quantidade de energia empregada
por um fonte a cada unidade de
tempo

• Força multiplicada pela velocidade


(Alonso, 1972)
Logo…
• Num programa de treinamento cujo
objetivo final seja aumentar a
potência, é natural que ambos os
componentes da fórmula sejam
trabalhados…
Componentes do ganho de
potência
• Força • Força rápida
Efeitos do treinamento de força após a
recuperação do microtrauma
• Potencializa o mecanismo excitatório do fnm.
• Inibe o mecanismo inibitório do otg.
• Promove ganho neuromuscular (mais unidades
motodas e sinergia)
• Potencializa a concentração dos macronutrients
• Potencializa a remoção dos substrates
• Hipertrofia e hiperplasia
Treinamento de força
O “efeito ressaca”
Treinamento de força excêntrico e
pliometria – força elástica FNM
Princípios do treinamento: sobrecarga

Microtrauma
adaptativo
Fatores responsáveis pelo período de
queda aguda do desempenho
• Neural
• Metabólicos: acúmulo de lactato, ions
hidrogênio, adp e fosfato inorgânico,
radicais livres, diminuição de
substratos
• Estrutural
Disparo da contração
• 1. Impulso nervoso atinge a extremidade do nervo
• 2. Neurotransmissor Acetilcolina é liberado e difunde-se pela
fenda sinaptica, ligando-se a receptores da placa motora.
• 3. Isso causa aumento da permeabilidade da membrana ao sódio
e gera despolarização.
• Despolarização conduzida até retículo sarcoplasmático
• Cálcio é liberado e se difunde
• Parte do Ca++ se liga às proteínas e produz mudanças de posição
Contração
• Liberação do cálcio a partir do retículo sarcoplasmático;
• Ca++ se liga à troponina e faz mudança de posição da
tropomiosina.
• Exposição dos sítios ativos da actina, permitindo ligação da
ponte cruzada.
• Quebra do ATP para energizar as pontes cruzadas e encurtar
o sarcômero
Como se instaura o microtrauma?

• Entendimento do processo de
instauração do Microtrauma depende:

• Fundamental entendimento do processo


de: dano causado ao tecido
muscular ocasionado por uma
sessão de treino Microtrauma
adaptativo
Modelo de resposta ao treinamento

Desvio da Homeostase

•Resposta aguda
•Resposta transitória
•Resposta de adaptação
Capacita o organismo a crônica
lidar com o estímulo
estressante de maneira
mais adequada
MTA- -INFLAMAÇÃO
MTA Inflamação

• Mecanismo elaborado e sincronizado, hormonal e


imunológico, com grande capacidade de amplificação
gerando diapedese (aumento de fluídos), que ocorre
após a quebra da homeostasia.

• Grau de inflamação depende do volume e intensidade


do treino
Inflamação
Resposta Imunológica
Treinamento excêntrico e pliometria – força elástica
FNM

• Recruta menor número de


unidades motoras
• Aumento da tensão passiva e
prolongamento da linha Z do
sarcômero
• Maior dano estrutural
• Treinamento do fnm
Resultados de salto pós
exercício de agachamento
Motivos de atendimento na aclimatação
e jogos Rio 2016
Condutas preventivas
• Prevenção de lesões
musculoesqueléticas
• Recuperação pós esforço
• Ansiedade
• Insônia
Aprendizado prático
• 6 voluntários
• Definir 1 Rm para exercício de supino
• Avaliar lactato e arremesso de medicine ball
(melhor de 3)
• Realizar 4 series de 10 rep (3 sujeitos con/3
sujeitos exc) – 2 seg por rep (tempo de
tensão=20/série)
• Reavaliar lactato e arremesso pós, 15 min e
uma hora após
Arremesso de medicine ball
Ação Con Con Con Exc Exc Exc

Voluntário
Arremesso
pré
Pós
15 min pós

1 hora pós

Perda após % % % % % %
1 hr
Ação Con Con Con Exc Exc Exc

Voluntário 1 2 3 4 5 6

Lactato
Pré
Pós
15 min
pós
1 hora
pós
diferença
após 1 hr
Proposta de prevenção adotada

• Monitoramento curto prazo: semanal


• Médio: seis em seis semanas
• Longo: duas vezes na temporada
(início e meio)
MONITORAMENTO CURTO PRAZO
(SEMANAL) Antes do treino de maior risco
Tríade do risco
• Queda de desempenho 2 FATORES =
• Queixa de dor muscular
• Bioquímica (CK, cortisol, lactato)
Monitoramento curto prazo
Teste de desempenho de rotina
Monitoramento curto prazo
• Escala visual analógica de dor
Monitoramento curto prazo
Bioquímica
• Considerar o histórico do atleta
Sistema de classificação dos atletas a
partir das avaliações funcionais
Problema em dois ou
mais testes
• Problema em um
teste

Sem problemas
funcionais
Monitoramento médio prazo
(seis em seis semanas)
• Dinamometria isocinética
As assimetrias dinâmicas e de função
muscular merecem atenção para um
trabalho preventivo?

• Em outras palavras: Assimetria é


preditiva de lesão
musculoesquelética??
• Longitudinal, follow up de um ano, 14 atletas avaliados em 3
momentos no ano
Trabalho com desequilíbrios musculares
• Cadeia aberta, unilateral,
monitorando o volume de séries
Monitoramento longo prazo (início e
meio de temporada)
Flexibilidade
Equilíbrio
Propriocepção
Hop test (propriocepção)

• Assimetria>10%=risco
Monitoramento longo prazo (início e
meio de temporada)
• Déficit de flexibilidade é preditivo?
Treino de flexibilidade
• “3s”
• Execução no leg press
Flexibilidade dinâmica
Estabilidade dinâmica “y test”
RECOVERY
Terapia com resfriamento corporal
Cold water immerssion
Devemos fazer?
2015
Compressão pneumática intermitente
• 10 homens praticantes de atividade física
Sem recuperação de desempenho
CK

• Conclusão: a CPI não otimizou a


recuperação muscular após exercício
extenuante (comparado ao repouso),
considerando os testes funcionais e
bioquímicos
Foam roller?
Efeito da liberação miofascial
Próximo passo
• 1. Sobre o monitoramento semanal das condições do atleta, visando a
prevenção em situações de risco de lesão, considere as alternativas abaixo e
assinale a alternativa correta:
• I A dosagem de lactato deve ser encorajada semanalmente, visando observar a
condição de micro dano ao tecido muscular, sendo este um importante
marcador para este fim.
• II Exercícios de força concêntricos devem elevar menos os níveis séricos de CK
que exercícios excêntricos.
• III O aumento da quantidade circulante no sangue de neutrófilos sinaliza para
risco minimizado de lesão, sendo que o tecido já está recuperado após o
treinamento.
• IV Na escala visual analógica de dor, quanto mais próximo da pontuação “10”,
maior é o nível de dor muscular sentida pelo atleta.
• A)Estão corretas as afirmativas I e II
• B)Estão corretas as afirmativas I e III
• C)Estão corretas as afirmativas II e IV
• D)Estão corretas as afirmativas III e IV
• E)Estão corretas as afirmativas I, III, e IV.
Obrigado(a)!
Mauro.Melloni@cpb.org.br

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