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Conta outro!
Primeira edição
São Paulo
2020
À Dona Graça e a seu Nestor que sempre me ensinaram
como ouvir e como lidar com as histórias que a vida ensina...
“não sei, só sei que foi assim”
Chicó
– O auto da Compadecida -
SUMÁRIO
Apresentação 09
Ler 11
Adilson: o bancário 17
E se... 26
Ou pior 32
A lotação de seu Mané 38
A Mar... 45
O maior Leitor do mundo 54
Trágico ou Cômico? 67
Conversa de menino 71
Um pedaço? 74
Zé brincalhão 82
Receita de família 87
Ninguém é de ferro 93
Amém! 98
Estranho 108
Apresentação
O autor.
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Conta outro
Ler
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Nestor Pinheiro
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papel uma única vez! Ela lia e lia, passava a página e não
estava nem aí para o movimento que acontecia ao seu
redor. Por vezes eu até acho que vi um leve riso em seus
lábios, deveria ser algum momento especial da história...
Fui a casa naquele dia, determinado a iniciar minha
jornada como leitor proficiente. Eu já lera algumas coisas,
claro, mas nada com a paixão ou determinação que havia
visto naquela atendente. Apesar de já estar na faculdade eu
ainda escolhia os livros pelo número de páginas que eles
possuíam...
Comecei a pôr em prática o meu plano disciplinar de
auto instruir-me a mim mesmo! Todos os dias eu lia um
capítulo de um livro. Às vezes chegava tarde, entrava em
casa cansado e pensava em nem pegar nos livros, mas aí
vinha a imagem da atendente e do sorriso que ela esboçava,
eu também queria passar por aquela experiência! Segui meu
plano com determinação. Por vezes, passava pela minha
cabeça a vontade de não ler mais nada. Naqueles dias, eu
até duplicava a quantidade de páginas que tinha para ler, só
para que tais pensamentos me abandonassem.
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Adilson: o bancário
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E se...
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Ou pior
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A Mar...
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de Mar, por várias vezes, nunca revelou nada sobre ela, nem
com a possibilidade de ganhar um extra. Da mesma forma
ele fazia. Protegia-se pedindo a um tio do primo do
conhecido do cunhado do seu vizinho que fizesse as
entregas, pois não sabia se teria a mesma sorte de encontrar
um motoboy tão incorruptível como o de Mar. Ele ainda não
revelara tudo sobre si porque precisava de poder de
barganha para, ao menos, tentar descobrir o nome daquela
pessoa tão atenciosa, tão gentil, tão cheia de alegria e de
atenção para com ele.
Na escola ele não ia bem. Foi levado por Letícia,
diversas vezes, à diretoria e nutria por ela um sentimento
ruim, algo parecido com ódio, se ódio ele já tivesse sentido.
Não tinha boas notas e só não estava mais desesperado
porque fizera alguns trabalhos em grupo. João confidenciava
aos colegas que não tinha mais a mínima paciência para
aquelas aulas e muito menos para aquela professora.
Estava tão absorto na realidade quase ficcional que
existia com Mar que, em vários momentos, dava por si
pensado ter ouvido, durante seus “sonhos acordados” nas
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Trágico ou Cômico?
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Conversa de menino
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Um pedaço?
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— Já almoçou?
— Já!
— Quer que eu leve um biscoito ou algo assim pra
você comer no caminho?
— Não!
— Então, pronto. Nada de ficar pedindo comida. Isso
é muito feio, é falta de educação e, além do mais, você não é
nenhuma criancinha, ou é?
— Não, mamãe!
— Pois bem, vou amarrar seus sapatos e a gente já
vai...
Ao chegarem, todos se cumprimentaram e foram
trocadas as devidas saudações.
— Boa tarde, como vocês estão? Este? Este é o meu
filhão... já está um rapaz, estão vendo?
— Blá, blá, blá...
— Blá, blá, blá...
...
— Blá, blá, blá...
— Blá, blá, blá...
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Conta outro
...
Lá pelas tantas, depois de muita conversa, os
anfitriões depositam na mesa de centro bandejas e mais
bandejas com cada petisco inimaginável. Cada coisa gostosa
que parece ter sido cozinhada em outro planeta. E os
cheiros... e as formas... e...
— Vocês sirvam-se à vontade! — Anunciaram os
anfitriões.
— Na verdade eu estou cheia. — Agradece a mãe.
— E ele? Pode pegar à vontade, viu?! Vocês não
façam cerimônia!
— Na verdade ele também está cheio. Comeu demais
hoje. Eu até perguntei se ele queria um biscoitinho pra
comer na vinda, ele recusou.
— Mas já faz tempo que vocês estão aqui. Olhe,
menino, fique à vontade, faça de conta que você está em
casa. Pegue o que quiser e se não gostar nem precisa
terminar de comer. Experimenta, vai!
O menino, morrendo de vontade de comer tudo de
uma só vez, olhava para a mãe na esperança de um sinal, de
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ver se era verdade e não pôde acreditar no que sua visão lhe
informava. Sua mãe esticara o braço e pegara uma das
guloseimas que esperavam ser devoradas. Ela deu uma
mordida tão pequena que até mesmo a menor formiga faria
um estrago maior. Ainda sem acreditar, foi chamado de
volta à realidade quando sua mãe perguntou:
— Quer? Pode pegar!
Ele não sabia se isso era algum tipo de armadilha,
porque ela havia dito para ele não comer nada. Pode ser que
fosse um teste, ou algo parecido. Ao que a mãe insistiu:
— Pode pegar, filho. Escolha qual você quer!
E ele, ainda desconfiado, quando ouviu outra voz
juntar-se a de sua mãe...
— É isso mesmo, pegue, deixe de coisa...
— Pegue, filho, pode pegar...
Ele olhava para a mãe tentando desvendar se podia
ou não ultrapassar aquela barreira, a única coisa de que
tinha certeza era da conversa que tiveram antes de ele sair
de casa, mas agora a própria mãe estava oferecendo-lhe as
guloseimas.
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Zé brincalhão
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Receita de família
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Ninguém é de ferro
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— Sim, filho...
— Fiz isso o dia todo e como ninguém é de ferro,
então, agora... a senhora sabe, né? Vou dormir um
pouquinho pra descansar!
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Amém!
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— O emprego é seu!
— Então até à noite!
Miquéias saiu aos pulos e muito rapidamente estava
de volta a sua casa. Tomou banho cantarolando, dava
pulinhos de alegria e fazia trejeitos com a boca e com o
rosto, sempre como sinal de felicidade por, finalmente, estar
empregado. A sensação era tão boa que ele até se beliscou
algumas vezes para ver se estava sonhando.
Às 18h30 ele estava de volta à igreja. Impecável.
Penteado, arrumado e usando um perfume bastante
discreto.
— Chegou antes da hora! Muito bem! — Exclamou
Felipe.
Depois ele foi direcionado a um quarto com ar
condicionado. Lá havia uma bandeja com lanche, suco e
água. Havia também uma TV e um computador.
— Sua sala! — Explicou Felipe. — Todos os dias você
virá para cá, pode comer, descansar um pouco, se julgar
necessário e depois se trocar.
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Sobre o autor
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