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GD

Copyright © 2020 por Antonio Fagundes Todos os direitos


reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou
reproduzida por quaisquer meios existentes sem autorização
por escrito dos editores.

Créditos dos poemas: p. 125: O retirante explica ao leitor


quem é e a que vai – In: Morte e Vida Severina, de João Cabral
de Melo Neto, Alfaguara, Rio de Janeiro © by herdeiros de
João Cabral de Melo Neto; p. 125: Pre ro linhas tortas... – In:
Meu quintal é maior do que o mundo, de Manoel de Barros,
Alfaguara, Rio de Janeiro © by herdeiros de Manoel de
Barros; p. 126: Dedicatória – In: A cor do invisível, de Mario
Quintana, Alfaguara, Rio de Janeiro © by herdeiros de Mario
Quintana.

edição: Nana Vaz de Castro revisão: Juliana Souza e Luis Américo


Costa capa, projeto gráfico e diag amação: Juliana Montenegro
indexação: Gabriella Russano foto de capa e da página 8: João Paulo
Co a imagens de miolo: iStockphoto e-book: Marcelo Morais

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
F141t
Fagundes, Antonio, 1949-Tem um livro aqui que você vai gostar [recurso
eletrônico]/ Antonio Fagundes.
recurso digital
Formato: ePub
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide
Web
ISBN 978-65-5564-102-8 (recurso eletrônico) 1. Livros e leitura. 2.
Interesses na leitura. 3. Incentivo à leitura. 4. Livros eletrônicos. I. Título.
20-66340 CDD: 028.9
CDU: 028.01
Camila Donis Hartmann - Bibliotecária - CRB-7/6472

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www.sextante.com.br
Pa a Dinah, Antonio, Diana e Bruno.
Pa a Alexand a.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO

1. PARA COMEÇAR A GOSTAR DE LER


Reserve um tempo para a leitura

Encontre um assunto do seu interesse

Ler é um hábito adquirido

Leia no seu próprio tempo

Desligue o celular

2. LITERATURA BRASILEIRA
Autores clássicos

Autores contemporâneos

Autores citados

3. LUGAR CATIVO NA ESTANTE


Clássicos

Histórias de amor

Autores citados
4. ROENDOAS UNHAS
Mistério

Suspense

Thrillers

Autores brasileiros

Autores citados

5. UNIVERSOS FASCINANTES
Distopias

Terror

Ficção científica

Autores citados

6. POESIA
Autores citados

7. FAVORITOS DA CRÍTICA E DO PÚBLICO


Best-sellers

Prêmio Nobel

Prêmio Jabuti

Autores citados
8. LITERATURA INFANTO-JUVENIL
Autores citados

9. A VIDA COMO ELA É (OU FOI)


História

Biografias

Autores citados

10. REFLETINDO SOBRE O NOSSO TEMPO


Ciência, sociedade e os desafios da nossa época

Feminismo

Drogas, justiça e crime organizado

Autores citados

11. PÁGINAS DE AUTOCONHECIMENTO


Autoajuda

Reflexões e relacionamentos

Autores citados

ANTES DE IR EMBORA...

ÍNDICE DE AUTORES E TÍTULOS


INTRODUÇÃO

u tive sorte.
E Quando criança, com uns 6 ou 7 anos
de idade, tive mononucleose, uma anemia
profunda. O tratamento para essa doença não
era com remédios, e sim com repouso absoluto
e uma alimentação especial. Portanto, quei
de cama, deitado, descansando, e
naturalmente não tinha nada pra fazer.
Comecei então a ler gibis.
Naquela época, ler gibi era considerado
uma coisa horrível. Muitos pais não gostavam
que os lhos lessem gibis, assim como hoje em
dia existem pais que não gostam que os lhos
assistam a televisão ou naveguem na internet.
Mas foi através dos gibis que eu comecei a
gostar de ler.
Com o tempo, os gibis deixaram de ser
su cientes para mim. Passei a querer histórias
mais profundas e fui lendo, lendo, lendo, e
ainda não parei de ler, graças a Deus.
Nem todo mundo tem essa sorte. Mas, de
qualquer forma, dá para entender que eu fui
criado cultivando o hábito da leitura de uma
forma que as pessoas não fazem mais. E essa é
uma questão importante, que precisamos
abordar quando vamos falar sobre leitura ou
quando queremos recomendar um livro.

Em 2019, fui escalado para interpretar o


personagem Alberto na novela Bom Sucesso, de
Rosane Svartman e Paulo Halm. Para um leitor
apaixonado como eu, poder viver um editor de
livros foi um verdadeiro presente. As cenas em
que Alberto conversava sobre livros e leitura
com sua neta So a, interpretada por Valentina
Vieira, ou com a personagem Paloma, vivida
por Grazi Massafera, caíram no gosto do
público e contribuíram para fazer da novela
um enorme sucesso.
Foi muito grati cante perceber que as dicas
de leitura e as conversas sobre o fascínio
exercido pela literatura tiveram uma recepção
tão positiva. Fiquei sabendo que as vendas dos
livros citados na novela até aumentaram. Com
isso, a equipe do GShow propôs a criação de
um podcast. A ideia me encantou, e assim
nasceu o “Clube do Livro do Fagundes”, no
qual, em curtos episódios de dez minutos de
duração, eu falava sobre este assunto que tanto
me fascina: os livros e a leitura.
Mais uma vez a resposta do público foi
acima das minhas expectativas e percebi como
as dicas de leitura podem ajudar as pessoas a
se orientarem no meio dessa oferta tão grande
de livros disponíveis. Por isso a ideia de
publicar este livro, trazendo sugestões e ainda
algumas histórias minhas relacionadas ao
mundo da leitura.
É importante ressaltar que já li os títulos
que cito aqui e gosto de todos eles, e portanto
me sinto à vontade para fazer as indicações. É
uma seleção totalmente pessoal, baseada
apenas na minha experiência e no meu gosto.
Não pretendo aqui listar “os livros mais
importantes” de qualquer gênero. Apenas
alguns poucos daqueles inúmeros que mais
me tocaram.
Espero que essas sugestões ajudem você a
ler mais livros e descobrir (ou redescobrir) o
prazer de viajar com a leitura.
Boa viagem!
Bom Sucesso conquistou o público com seu
enredo que falava sobre livros, literatura,
editoras, autores, leitores. Mas, acima de tudo,
era uma história que falava sobre
relacionamentos autênticos, mesmo entre
pessoas aparentemente muito diferentes. Foi
uma experiência deliciosa viver o editor
Alberto e passar boa parte das gravações
rodeado de livros e mais livros. (Foto: Acervo /
TV Globo)
o entrar numa livraria, não que
A paralisado diante dos milhares de livros.
Sem nenhuma indicação, é di cil
escolher mesmo. Mas vá com calma e explore a
seção do gênero que mais lhe interessa. Dê um
tempo a si, pegue um livro, leia a orelha e a
quarta capa, que são ótimas para informar
sobre de que trata aquela obra e contar um
pouco da história. Se você se interessar, já é um
ótimo começo.
Rese ve um tempo pa a a leitu a
Uma coisa que eu recomendo para quem
quer começar a ler com alguma constância é:
separe um tempinho só para a leitura. Pegue
um dia de folga e reserve de duas a três horas.
Nesse dia, você vai deslanchar o livro. Procure
um lugar onde possa estar em silêncio, onde
ninguém atrapalhe, para que você possa
descobrir a sua concentração, o seu foco.
Com esse tempo que vai reservar para si,
você vai entrar na história. Senão, o livro não
deslancha. Se você começa, lê uma página ou
duas num dia, no dia seguinte lê mais uma ou
duas páginas, no terceiro dia você já se
esqueceu das duas primeiras páginas que leu.
Portanto, dê a si mesmo um tempo para curtir
o livro.
E depois, se você conseguir reservar algum
tempo por dia para ler, conseguirá terminar
um livro em cerca de uma a duas semanas. E
com concentração, que é mais importante. Ou
seja, vai aproveitar sua leitura, se identi car
com os personagens, curtir, chorar, rir, se
angustiar com os problemas deles.
Eu estou sempre com um livro na mão.
Aonde quer que eu vá, levo um livro e leio
onde der, entre uma cena e outra, num
intervalo de gravação. Certa vez, durante a
gravação de uma cena da novela Bom Sucesso
em que meu personagem batia a cabeça e caía,
desmaiado, quei deitado no chão enquanto
ensaiavam o resto da cena. Enquanto estava ali
deitado, esperando o ensaio terminar, pensei:
“Isso vai durar uma meia hora... eu desmaiado
aqui, o que vou car fazendo?” Resultado:
peguei meu livro e quei lendo, deitadinho ali
no chão.
Faço isso normalmente, é algo que me dá
prazer. Cada dez minutinhos livres que
aparecem, eu aproveito para ler. É por isso que
consigo ler dois ou três livros por semana. O
que não me impede, claro, de bater papo com
meus colegas, me alimentar, en m, viver. Mas,
quando tem aquele buraco – e às vezes temos
um monte de pequenos buracos em nosso dia
–, podemos preenchê-lo com uma boa leitura,
o que faz muito bem.
Encontre um assunto do seu interesse
Quero contar aqui uma história que
aconteceu comigo quando eu era jovem e fazia
cursinho. No intervalo das aulas, todo mundo
saía para tomar um lanche ou um café, e eu
gostava de car sozinho na sala lendo jornal.
Mas tinha um colega que todo dia chegava e
me pedia para ler os classi cados. Eu,
naturalmente, dava para ele aquela parte do
jornal, que ele folheava, folheava e depois me
devolvia. Isso acontecia todos os dias, e eu
achava muito intrigante.
Certo dia ele me perguntou se poderia
rasgar a página dos classi cados para pegar um
anúncio, um quadradinho minúsculo. Em
seguida, me pediu uma cha telefônica
(naquela época não existia telefone celular,
claro), e eu dei. Ele saiu correndo e eu, curioso,
quei observando pela janela enquanto meu
colega ia até o orelhão e falava ao telefone.
A ligação demorou alguns minutos e, da
janela, vi que ele conversava animadamente,
feliz da vida. Quando ele voltou, eu não me
aguentei e pedi para ver o que estava escrito no
pedacinho do jornal. Ele me mostrou um
anúncio muito pequenino onde estava escrito
“Fut. de Bot.” seguido de um número de
telefone. Perguntei o que signi cava e ele me
respondeu: “Futebol de botão.” Em suma: ele
era louco por futebol de botão e tinha acabado
de comprar, com aquela ligação, um time
completo incrível, de madrepérola e não sei
mais o quê.
Essa história cou na minha cabeça pelo
resto da vida. Porque mostra como essa palavra
mágica, “interesse”, pode mudar a vida de uma
pessoa. Se eu lesse aquele mesmo anúncio,
jamais saberia do que se tratava. Mas o meu
colega tinha tanto interesse por futebol de
botão que só de passar o olho já sabia que era
aquilo que ele queria. “Interessante” é uma
palavra que você vai ler muito nas próximas
páginas.
Interesse é tudo na vida. Se você se
interessa pelo que quer que seja, vai ser muito
feliz, porque sempre vai ter coisas para ler,
conversar, discutir.
No meu caso, posso dizer que tudo me
interessa. Se for bom, me interessa. Eu tenho
uma enorme curiosidade, o que é uma
vantagem para quem quer começar a ler. Se
você for curioso, já é um primeiro grande passo
para se tornar um leitor.
Um amigo me disse outro dia: “Eu ouvi o
seu podcast e acho que é fácil recomendar
livros para quem já gosta de ler. Mas, e pessoas
como eu, que entram numa livraria e cam
paralisadas, sem saber por onde começar?”
Diferentemente do que meu amigo pensa,
recomendar livros não é nada fácil. Fazer isso
para quem nem conhecemos, então, é mais
di cil ainda. Para que qualquer recomendação
tenha chance de funcionar, é fundamental que
você descubra quais são seus interesses. Que
tema você acha fascinante? Histórias de amor?
Suspense? Distopias? Ficção cientí ca? Terror?
História? Biogra as? São tantos gêneros
disponíveis que cada pessoa precisa, antes de
tudo, identi car aquilo de que gosta.
Para quem quer cultivar o hábito da leitura,
eu recomendo que comece por um livro que
tenha dado origem a um lme, uma novela ou
um seriado a que tenha assistido. Existem
muitas produções audiovisuais, brasileiras e
estrangeiras, que foram baseadas em livros. Ao
longo das próximas páginas vou citar vários
deles. Portanto, para quem está começando,
pode ser uma boa ideia buscar algo que já viu
ou de que já ouviu falar, porque dá para vencer
mais facilmente, digamos assim, essa barreira.
Vale lembrar que tudo que você ainda não
leu é uma novidade para você, como me
ensinou um livreiro que marcou muito a
minha vida, o saudoso José Sanz, dono de uma
livraria e editora em Ipanema, no Rio de
Janeiro.
Um dia ele me disse:
– Veja que gozado. Eu estou aqui há anos, e
há anos uma senhora entra na livraria toda
semana e pergunta: “O que tem de novo?” E eu
respondo: “Tudo que a senhora não leu. Já leu
Dostoiévski?” Ela diz que não. E então eu
retruco: “Então é novo para a senhora!” Ela
morre de rir... e leva um best-seller.
Eu sempre me lembro dessa lição do
querido José Sanz: tudo que você ainda não leu
é novo para você, independentemente da época
em que foi escrito ou publicado.

Ler é um hábito adquirido


Há pouco tempo eu li um livro
extraordinário chamado O cérebro no mundo
digital. A autora, Maryanne Wolf, é uma
neurocientista que diz, muito resumidamente,
que o mundo digital cria uma distração. O
livro nos obriga a focar, e o foco não é algo
natural do ser humano. Nós não fomos criados
para sermos focados. Portanto, ler não é uma
coisa natural, mas sim um hábito adquirido
depois de muitos anos de prática.
Quando nosso cérebro começou a ser
formado, há algumas centenas de milhares de
anos, nós éramos caça, vivíamos prestes a ser
comidos por bichos maiores, o que nos
obrigava a prestar muita atenção em tudo que
acontecia à nossa volta. Mas, ao mesmo tempo,
éramos caçadores, porque precisávamos correr
atrás da nossa comida. Isso fez com que
cássemos dispersos – ou melhor: focados em
muitas coisas ao mesmo tempo.
Vivemos, então, dispersos, com atenção
espalhada, durante milhares de anos, até que
tivemos acesso a um livro. Esse acesso só foi
possível porque um cara chamado Johannes
Gutenberg, por volta de 1450, conseguiu
adaptar a prensa móvel para que os livros
pudessem ser reproduzidos facilmente. Antes,
os livros já existiam, mas estavam nas mãos
apenas de monges em mosteiros ou de pessoas
muito ricas, porque cada exemplar tinha que
ser escrito à mão e podia levar um ou dois anos
para ser feito. Tudo era caríssimo: o papel, a
tinta, os próprios livros. A partir de Gutenberg,
começamos a ter mais acesso aos livros e a
criar o hábito da leitura.
Ler não é fácil nem natural. Desenvolvemos
o foco, a capacidade de entrar na história
escrita naquelas páginas. Esse foco durou mais
de 500 anos. E durante esse período camos
tão focados que inventamos muitas coisas,
resolvemos um monte de problemas,
discutimos uma porção de soluções e
chegamos até a inventar o computador, a
internet, o celular. E o que essas coisas estão
fazendo conosco? Estão tirando o nosso foco,
dispersando nossa atenção.

Leia no seu próprio tempo


Essa perda de foco di culta a nossa
concentração, e às vezes o fato de não
conseguir ler rápido deixa as pessoas
angustiadas. Não se angustie com isso. A
velocidade de leitura é o que menos interessa.
O que importa é você ler e gostar dos livros.
Aquilo que chamamos de “leitura
silenciosa” é relativamente recente. Foi só a
partir do surgimento da imprensa, que
permitiu que muito mais gente tivesse acesso a
livros, que essa modalidade de leitura se
popularizou.
Antes, era preciso ler o livro em voz alta
porque só havia um único exemplar para cada
grupo de várias pessoas que queriam saber o
que havia nele. Mas, com a popularização das
edições, cada um passou a poder ter seu
exemplar e, assim, a possibilidade de ler no
próprio tempo. Não seria mais necessário
depender do tempo de outra pessoa que estaria
lendo para você.
Portanto, leia no tempo que você tem, no
tempo que descobrir para si mesmo. Você pode
ler, reler, voltar no parágrafo, voltar no
capítulo, pular páginas, en m, a sua
velocidade de leitura é você que vai descobrir.
O importante é terminar o livro de forma
prazerosa.
O livro A ansiedade da informação, de
Richard Saul Wurman, diz uma coisa
interessante: uma edição de domingo do jornal
e New York Times contém mais informação
do que um homem do século XVI poderia ter
ao longo de toda a vida. Uma grande biblioteca
no século XVI possuía em torno de 150
volumes. Hoje, é possível, para quem queira,
ter uma biblioteca de mais de mil volumes até
dentro de casa, sem falar na possibilidade do
livro digital. Imagine o poder que temos, ao ter
acesso a toda essa informação. Veja que coisa
linda é a possibilidade de ter em casa o livro e a
informação que se quiser. Mas muita gente não
aproveita.
O brasileiro lê em média entre 1 e 2 livros
por ano, o que é muito pouco. Nesse ritmo,
pode levar mais de 30 anos para ler somente a
obra de um único autor como Jorge Amado,
por exemplo. A gente tem essa felicidade de ter,
à mão, a informação que quiser, o prazer que
quiser, o mundo que a gente quiser conhecer –
e não usa. Não desperdice o privilégio que é
poder ler no mundo de hoje.
Desligue o celular
Eu sou um “analfabyte”, pouco entendo
desses assuntos de tecnologia. Mas sei que,
hoje em dia, não é incomum uma pessoa
passar de 3 a 4 horas por dia só limpando o
próprio smartphone. E limpando bobagens,
pois na verdade no WhatsApp só vem
bobagem. E, quando vem uma ou outra coisa
séria, ela vem no meio de tanta bobagem que
você não presta atenção.
Se durante essas mesmas 3 ou 4 horas
diárias você focasse sua atenção lendo um
livro, leria facilmente de 2 a 3 livros por
semana. Isso mudaria a sua vida, porque a
leitura é cumulativa, possibilita que você
acumule conhecimento. Eu já tenho o foco
treinado para ler qualquer tipo de livro, mas
acho que sempre se pode começar.
E, para início de conversa, preste atenção no
que você faz todos os dias com esse
aparelhinho que causa até dor no pescoço, de
tanto car olhando pra baixo. Se pararmos de
mexer nele um pouquinho, vai sobrar um
tempinho – para começar a ler, para se dedicar
à leitura. Vale a pena a tentativa. Tem muita
coisa boa pra ler.
O livro que mencionei, O cérebro no mundo
digital, diz que a era digital já está aí, não
temos como escapar dela, e não devemos jogar
fora todas as conquistas que ela nos deu. Mas
precisamos aprender a lidar com os dois
veículos, o livro e o mundo digital, que são
duas formas distintas de adquirir informação.
Principalmente se estamos falando de crianças
e adolescentes, porque hoje em dia há o risco
de que eles foquem somente no digital,
deixando a leitura de lado e perdendo o foco.
Essa perda de foco é sica, pois mexe no
cérebro. Chega a um ponto em que a pessoa
não consegue mais se concentrar em nada. Por
isso vemos tantos ataques de ansiedade,
pessoas deprimidas, achando que a vida ca
muito chata se não for tão rápida quanto é na
internet.
E a vida não é chata, não. Ela é legal, no
tempinho dela.
m um universo tão vasto como a literatura
E brasileira, é impossível imaginar quantos
bons livros e autores poderíamos indicar.
Vou tentar fazer uma seleção de gêneros
diferentes de autores brasileiros para você ver
com qual se identi ca mais. Todos esses livros
que eu recomendo são de autores, épocas e
estilos diferentes. Mas é importante que você
pare para pensar qual é o seu gosto e se dê um
tempinho.

á
Autores clássicos
Um livro que eu adoro, de um autor pouco
lido, e di cil de achar, é Livro de uma sog a, de
Aluísio Azevedo. Irmão do teatrólogo Artur
Azevedo, esse autor é considerado o primeiro
escritor naturalista brasileiro. Aluísio escreveu
livros extraordinários, mas esse em especial eu
considero moderníssimo e delicioso. Não vou
adiantar muito sobre a história, mas posso
garantir que quem ler vai dar boas risadas. Ele
levanta temas que até hoje são modernos;
imagine no século XIX, quando foi escrito.
Em um gênero bem diferente, Campos de
Ca valho é outro autor maravilhoso, que
escreveu histórias na linha do absurdo. Pelos
títulos já se pode imaginar como elas são: Vaca
de nariz sutil, A lua vem da Ásia, O púcaro búlgaro.
Ele teve poucos livros publicados, mas mesmo
assim marcou época com sua literatura.
Eu também gosto muito da literatura
regional, e de regiões diferentes do Brasil. Por
exemplo, G aciliano Ramos é um autor
imperdível, todo mundo tem que ler qualquer
coisa dele. Para começar, recomendo Vidas
secas, que inclusive foi adaptado para o cinema
em um lme belíssimo de Nelson Pereira dos
Santos. E é um livro ninho, ideal para quem
se assusta com livros muitos grossos. Pequeno,
mas apenas no número de páginas.
Outro regional que recomendo é Chapadão
do bugre, do autor mineiro Mário Palmério. É
um livro extraordinário que aborda um
período de transição da Revolução de 1930. E
tem um grande personagem, um matador
chamado José de Arimateia. É uma história
belíssima.
Rachel de Queiroz escreveu aos 20 anos o
livro O quinze, que tem esse título porque se
passa no ano de 1915, no Ceará, quando
aconteceu a maior seca naquele estado. Ela
conta essa história com muito coração, muita
paixão, e não é por acaso que o livro é um
clássico da literatura brasileira. Rachel foi uma
grande pioneira: a primeira mulher a entrar na
Academia Brasileira de Letras e a primeira
escritora a ganhar o Prêmio Camões.
E, claro, um grande clássico da literatura
brasileira, Gabriela, c avo e canela, que foi não
apenas uma série de TV, mas também uma
novela de mais de cem capítulos – e teve duas
versões. O livro é de Jorge Amado, autor de
uma grande e maravilhosa obra; qualquer
livro dele é interessante de se ler.
Para adaptar o romance em uma novela tão
extensa, naturalmente os roteiristas usaram
tudo que estava no livro e inventaram mais um
tanto. A publicação original do livro foi em
1958, e a novela teve duas versões: uma em
1975 (escrita por Walter George Dürst) e outra
em 2012 (escrita por Walcyr Carrasco), na qual
atuei no papel do Coronel Ramiro Bastos. Se
você assistiu, talvez se lembre da história e
possa rever a novela lendo o livro.
Autores contemporâneos Como falei nas
páginas anteriores, uma forma boa de
começar a ler e descobrir do que a gente
gosta é pegar livros de histórias que já
vimos na TV, no cinema ou no teatro. Ao
ler um livro que já foi adaptado, é
interessante obse var a adaptação. Por
ser outro veículo, o autor da adaptação
(que nem sempre é o autor do livro) é
obrigado a fazer algumas coisas que não
estão na ob a original.
Ao ler o livro já tendo visto a adaptação, e
portanto já conhecendo a história – e é por isso
que eu insisto nessa possibilidade –, você vai
ter muitas surpresas. Vai reparar em coisas que
estão no livro e não foram incluídas na série, e
vice-versa, e assim pode ter outro tipo de
aproximação com essa história.
Eu mesmo já tive o prazer de atuar em
adaptações para a TV de livros muito bons de
autores brasileiros contemporâneos, com
histórias muito fortes.
O primeiro que vou citar é Dois irmãos, de
Milton Hatoum. O livro é de 2000 e a série é de
2016 (brilhantemente adaptada por Maria
Camargo). A história se passa no Amazonas e
gira em torno de uma família – formada por
pai, mãe, uma lha e dois lhos gêmeos
idênticos – na qual a mãe tem nítida
preferência por um dos gêmeos.
Não vou contar aqui a história de Dois
irmãos, para não dar nenhum spoiler a quem
não tiver assistido à série. Se você viu, já
conhece basicamente o enredo, mas aí vai
encontrar outra coisa interessante na leitura: o
jeito do autor de contar essa história. Ou seja, a
mesma história pode car diferente se for
contada por dois autores diferentes.
Se eu fechar os o hos ago a, de Edney Silvestre,
é um livro de 2009 que virou série em 2019.
Além de atuar na adaptação, eu z a narração
do audiolivro desse título. Ouvir o livro é mais
uma forma de se aproximar da leitura. Outros
atores como José Wilker e Paulo Be i também
já narraram audiolivros, vale a pena conhecer
esse formato.
A adaptação de Se eu fechar os olhos agora
para a TV foi feita por Ricardo Linhares, que
acrescentou coisas na história de alguns
personagens, mudou desfechos, etc. Dá para
descobrir boas diferenças entre livro e série.
Por exemplo, tem mais assassinatos na série do
que no livro.

Uma escritora brasileira contemporânea


por quem ando apaixonado é a Ana Paula Maia.
Ela é autora de 7 livros e já ganhou vários
prêmios. Acho muito interessante o tipo de
literatura que ela faz e o tipo de personagem
que aborda. São guras marginalizadas da
nossa sociedade – um lixeiro, um abatedor de
gado num matadouro, um limpador de fossas,
um operário que trabalha com brita no asfalto.
E ela escreve com uma linguagem crua, seca,
fascinante. Gosto muito dos títulos que ela
escolhe para seus livros: De gados e homens,
Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos, Ca vão
animal. Uma autora brasileira que me agrada
muito e eu recomendo.
Outra autora contemporânea que me
conquistou foi a Ma tha Batalha. Seu livro A
vida invisível de Eurídice Gusmão foi adaptado
para o cinema em 2019, com direção de Karim
Aïnouz e Fernanda Montenegro no elenco. É
um livro extraordinário. E logo depois a
Martha lançou Nunca houve um castelo, uma
história ótima, que para os cariocas em
especial é um presente, porque conta a história
de Ipanema através dos olhos de uma família
que veio da Suécia para o Brasil e construiu um
castelo na praia de Ipanema.
Também recomendo os livros do autor
gaúcho Michel Laub. Li recentemente O tribunal
da quinta-fei a, uma história muito interessante
e moderna que fala dos problemas que a
internet causa na relação entre as pessoas de
uma forma que você não vai conseguir parar
de ler, se tiver duas ou três horinhas de
concentração para entrar na história. Juro que
você não consegue largar esse livro antes de
terminar.
Livro de uma sog a Vaca de nariz sutil A lua vem da Ásia
Aluísio Azevedo Campos de Carvalho Campos de Carvalho

255 páginas 96 páginas 176 páginas


Editora Casa da Editora Editora
Palavra Autêntica Autêntica

O púcaro búlgaro Vidas secas Chapadão do bugre


Campos de Carvalho Graciliano Ramos Mário Palmério

112 páginas 176 páginas 406 páginas


Editora José Editora Record Editora José
Olympio Olympio

O quinze Gabriela, c avo e canela Jorge Dois irmãos


Rachel de Queiroz Amado Milton Hatoum

208 páginas 336 páginas 200 páginas


Editora José Editora Editora
Olympio Companhia Companhia
das Letras de Bolso
Se eu fechar os o hos ago a De gados e homens Entre rinhas de cachorros e
Edney Silvestre Ana Paula Maia porcos abatidos Ana Paula Maia

304 páginas 128 páginas 160 páginas


Editora Record Editora Record Editora Record

Ca vão animal A vida invisível Nunca houve um castelo


Ana Paula Maia de Eurídice Gusmão Ma tha Martha Batalha
Bata ha

160 páginas 192 páginas 256 páginas


Editora Record
Editora Editora
Companhia Companhia
das Letras das Letras

O tribunal
da quinta-fei a Michel Laub

184 páginas
Editora
Companhia
das Letras
AUTORES
CITADOS

LUÍSIO AZEVEDO (1857-1913) foi um


A caricaturista, jornalista, romancista e
diplomata nascido em São Luís (MA). Em
1876 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde já
se encontrava o irmão mais velho, Artur. A
morte do pai, em 1878, obrigou-o a voltar a São
Luís para tomar conta da família. Ali começou
a carreira de escritor, com a publicação, em
1879, do romance Uma lágrima de mulher. Em
1881 lançou O mulato, romance que causou
escândalo entre a sociedade maranhense pela
crua linguagem naturalista e pelo assunto
tratado: o preconceito racial. O romance teve
grande sucesso, foi bem recebido na Corte
como exemplo de Naturalismo e Aluísio pôde
retornar ao Rio de Janeiro, decidido a ganhar a
vida como escritor. De sua observação e sua
análise dos agrupamentos humanos
resultaram duas de suas obras mais famosas:
Casa de pensão (1884) e O cor ço (1890).
Escreveu romances, contos e crônicas, além de
peças de teatro. Em 1895 ingressou na
diplomacia, tendo servido na Espanha, no
Japão, na Argentina, na Inglaterra e na Itália.
Buenos Aires foi seu último posto. Ali faleceu,
aos 56 anos.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES Uma lágrima de mulher (1879) • O mulato (1881) •
Mistérios da Tijuca (reeditado com o título Girândola de amores)
(1882) • Memórias de um condenado (reeditado com o título A
condessa Vésper) (1882) • Casa de pensão (1884) • Filomena Borges
(1884) • O homem (1887) • O coruja (1890) • O cor ço (1890) • A
mortalha de Alzira (1894) • Livro de uma sogra (1895) TEATRO A or
de lis (1882) • Casa de orates (1882) • O caboclo (1886) • Fritzmac
(com Artur Azevedo) (1889) • A República (1890) • Um caso de
adultério (1891) • Em agrante (1891) CONTOS Demônios (1895) •
Pegadas (1897) NA PAULA MAIA (1977-) nasceu em Nova
A Iguaçu (RJ). Seu primeiro romance, O habitante das falhas
subterrâneas, foi publicado em 2003. É autora da trilogia A saga dos
brutos, iniciada com as novelas Entre rinhas de cachorros e porcos
aba dos e O trabalho sujo dos outros (publicadas em volume único)
e concluída com o romance Carvão animal. Temas como a relação
do homem com o trabalho, a moldagem do caráter pelas
atividades diárias e a inferiorização do homem pelo trabalho que
exerce são pontos importantes do universo da autora. Ganhou em
2018 o Prêmio São Paulo de Literatura, na categoria Melhor
Romance do Ano, por Assim na terra como embaixo da terra.

PRINCIPAIS OBRAS
O habitante das falhas subterrâneas (2003) • A guerra dos bastardos
(2007) • Entre rinhas de cachorros e porcos aba dos (2009) • Carvão
animal (2011) • De gados e homens (2013) • Assim na terra como
embaixo da terra (2017) • Enterre seus mortos (2018) AMPOS DE
C CARVALHO (1916-1998) formou-se em direito em 1938, tendo
se aposentado como procurador do estado de São Paulo. Sua vida
sempre esteve ligada à literatura. Publicou Banda forra (ensaios
humorísticos) em 1941 e Tribo (romance) em 1954. Mais tarde,
escreveu os romances A lua vem da Ásia (1956), Vaca de nariz su l
(1961), A chuva imóvel (1963) e O púcaro búlgaro (1964), hoje
considerados verdadeiros marcos da literatura brasileira. Também
colaborou com O Pasquim e trabalhou no jornal O Estado de S.
Paulo, no período de 1968 a 1978.

PRINCIPAIS OBRAS
Banda forra (1941) • Tribo (1954) • A lua vem da Ásia (1956) • Vaca
de nariz su l (1961) • A chuva imóvel (1963) • O púcaro búlgaro
(1964) DNEY SILVESTRE (1950-) é jornalista e escritor. Nascido
E em Valença (RJ), foi correspondente internacional do jornal O
Globo e da TV Globo em Nova York. Seu trabalho jornalístico está
vastamente publicado em vários livros e ele foi considerado um
dos 100 brasileiros mais in uentes de acordo com a revista Época.
Seu premiado romance Se eu fechar os olhos agora, traduzido em 7
países, foi adaptado para uma minissérie pela TV Globo.

PRINCIPAIS OBRAS
Se eu fechar os olhos agora (2009) • A felicidade é fácil (2011) • Vidas
provisórias (2013) • Boa noite a todos (2014) • Welcome to
Copacabana & outras histórias (2016) • O úl mo dia da inocência
(2019) RACILIANO RAMOS (1892-1953) foi escritor, jornalista e
G político. Nascido em Alagoas, numa família de classe média,
viveu os primeiros anos da infância migrando para diversas
cidades do Nordeste. Ao terminar os estudos em Maceió, foi para o
Rio de Janeiro, onde trabalhou como jornalista. Em 1915 regressou
para o Nordeste, depois de perder três irmãos e um sobrinho em
uma epidemia. Fixou-se na cidade de Palmeira dos Índios (AL),
onde se casou, e em 1927 foi eleito prefeito, cargo que exerceu por
dois anos. Publicou seu primeiro romance, Caetés, em 1933,
seguido por São Bernardo no ano seguinte. Foi preso na capital
alagoana em março de 1936, acusado de ser militante comunista.
Esse incidente o inspiraria a publicar duas de suas principais
obras: Angús a e o texto “Baleia”, que daria origem a Vidas secas
em 1938. Morreu aos 60 anos, no Rio de Janeiro. Suas obras
póstumas notáveis incluem Memórias do cárcere. Seu romance
modernista e regionalista Vidas secas é considerado um clássico da
literatura brasileira.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES Caetés (1933) • São Bernardo (1934) • Angús a (1936) •
Vidas secas (1938) • Brandão entre o mar e o amor (escrito com
Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de
Queiroz) (1942) • O estribo de prata (1984) CONTOS A terra dos
meninos pelados (1939) • Histórias de Alexandre (1944) • Dois dedos
(1945) • Histórias incompletas (1946) • Insônia (1947) • Alexandre e
outros heróis (1962) CRÔNICAS Viagem (1954) • Linhas tortas (1962)
• Viventes das Alagoas (1962) MEMÓRIAS Infância (1945) •
Memórias do cárcere (1953) CARTAS Cartas (1980) • Cartas de amor a
Heloísa (1992) TEXTOS INÉDITOS Garranchos (2012) ORGE AMADO
J (1912-2001) foi um autor baiano e um dos escritores brasileiros
mais famosos e traduzidos de todos os tempos. Nasceu em uma
fazenda na região de Ilhéus (BA) e passou a infância nessa área,
cenário de várias de suas obras. Nos anos 1930 mudou-se para o
Rio de Janeiro, onde estudou direito e passou a trabalhar como
jornalista. Também nessa época teve contato com o comunismo,
que abraçou politicamente. Em 1946 foi eleito deputado federal
pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) em São Paulo. A
militância política o obrigou a passar períodos no exílio, entre os
anos 1940 e 1950, na Argentina, no Uruguai, na França e na
Tchecoslováquia. Em 1956 desligou-se do PCB e dois anos depois
publicou um dos seus maiores sucessos, Gabriela, cravo e canela,
romance passado na Bahia e tendo como personagens tipos
populares tipicamente baianos. Publicou outros grandes sucessos,
como Dona Flor e seus dois maridos, A morte e a morte de Quincas
Berro d’Água, Tenda dos Milagres, Tieta do Agreste e Tereza Ba sta
cansada de guerra, muitos deles adaptados para o cinema e a
televisão. É considerado um expoente da literatura brasileira e seus
livros foram publicados em dezenas de países. Em 1994, o
conjunto de sua obra foi reconhecido com o Prêmio Camões.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES O país do Carnaval (1931) • Cacau (1933) • Suor (1934) •
Jubiabá (1935) • Mar morto (1936) • Capitães da areia (1937) • A
estrada do mar (1938) • Terras do Sem-Fim (1943) • São Jorge dos
Ilhéus (1944) • Seara vermelha (1946) • Os subterrâneos da liberdade
(1954) • Gabriela, cravo e canela (1958) • A morte e a morte de
Quincas Berro d’Água (1959) • Os velhos marinheiros ou o capitão-de-
longo-curso (1961) • Os pastores da noite (1964) • O compadre de
Ogum (1964) • Dona Flor e seus dois maridos (1966) • Tenda dos
milagres (1969) • Tereza Ba sta cansada de guerra (1972) • Tieta do
Agreste (1977) • Farda, fardão, camisola de dormir (1979) • Tocaia
grande (1984) • O sumiço da santa (1988) TEATRO O amor do soldado
(1947) CONTOS Do recente milagre dos pássaros (1979)
INFANTOJUVENIL O gato Malhado e a andorinha Sinhá (1976) • A
bola e o goleiro (1984) NÃO FICÇÃO ABC de Castro Alves (1941) • O
cavaleiro da esperança (1942) • Bahia de Todos os Santos (1944) • O
mundo da paz (1951) • O menino grapiúna (1981) ÁRIO
M PALMÉRIO (1916-1996) foi professor, educador, político e
romancista. Nascido em Monte Carmelo (MG), fez seus estudos em
Uberaba e mais tarde mudou-se para São Paulo, onde começou a
trabalhar como professor. Lecionou em diversas escolas paulistas,
até decidir voltar à sua região de origem, onde fundou o Liceu do
Triângulo Mineiro, ao qual seguiram-se outras instituições de
ensino, inclusive a Faculdade de Direito e a Faculdade de Medicina,
na década de 1950 e ambas no Triângulo Mineiro. Foi deputado
federal por Minas Gerais. Assim, suas atividades desdobraram-se
em dois setores importantes: o educacional e o político. Aos 40
anos publicou o primeiro livro, Vila dos Con ns. Nos anos 1960
passou uma temporada no Paraguai, como embaixador brasileiro.
De volta ao Brasil, retomou suas atividades literárias. Isolado em
uma fazenda sua no Mato Grosso, escreveu Chapadão do bugre.
Lançado em 1965, o romance teve várias reedições. Em 1968, foi
eleito para a cadeira no 2 da Academia Brasileira de Letras,
sucedendo a Guimarães Rosa. Durante vários anos viajou de barco
pelo rio Amazonas e seus a uentes, levantando dados sobre a
realidade sica, social e cultural da região. Em 1987 deixou de vez o
Amazonas e voltou a morar em Uberaba, como presidente das
Faculdades Integradas daquela cidade. Em 1988 criou a
Universidade de Uberaba, que atualmente conta com 40 cursos
superiores.

PRINCIPAIS OBRAS
Vila dos Con ns (1956) • Chapadão do bugre (1965) • O Morro das
Sete Voltas (por publicar) • Seleta (organização, estudo e notas de
Ivan Cavalcanti Proença) (1974) ARTHA BATALHA (1973-)
M nasceu em Recife (PE) e cresceu no Rio de Janeiro.
Trabalhou como repórter e criou a editora Desiderata. Mudou-se
em 2008 para Nova York, onde fez mestrado em Publishing na
NYU e atuou no mercado editorial. Seu romance de estreia, A vida
invisível de Eurídice Gusmão, foi nalista do Prêmio São Paulo de
Literatura e semi nalista do Oceanos, além de ter os direitos
vendidos para 11 países e para o cinema. Martha mora em Santa
Monica, na Califórnia.

PRINCIPAIS OBRAS
A vida invisível de Eurídice Gusmão (2016) • Nunca houve um castelo
(2018) ICHEL LAUB (1973-) é um escritor e jornalista, nascido
M em Porto Alegre (RS) e radicado em São Paulo. Como
jornalista, trabalhou em veículos como Folha de S.Paulo, O Globo,
Valor Econômico e revista Bravo. Considerado “um dos melhores
jovens escritores brasileiros” pela revista inglesa Granta, seus livros
já foram publicados em 13 países. Recebeu os prêmios JQ –
Wingate (Inglaterra, 2015), Transfuge (França, 2014), Jabuti
(segundo lugar, 2014), Copa de Literatura Brasileira (2013), Bravo
Prime (2011), Bienal de Brasília (2012) e Erico Verissimo (2001),
além de ter sido nalista dos prêmios Dublin International
Literary Award (Irlanda, 2016), Correntes de Escrita (Portugal,
2014), Jabuti (2007 e 2017), São Paulo de Literatura (2012, 2014 e
2017), Portugal Telecom (hoje Oceanos, 2005, 2007 e 2012), APCA
(2016) e Zaffari & Bourbon (2005 e 2011).

PRINCIPAIS OBRAS
Música anterior (2001) • Longe da água (2004) • O segundo tempo
(2006) • O gato diz adeus (2009) • Diário da queda (2011) • A maçã
envenenada (2013) • O tribunal da quinta-feira (2016) • Solução de
dois Estados (2020) ILTON HATOUM (1952-) nasceu em
M Manaus, em uma família de descendentes de libaneses.
Estudou arquitetura na USP e estreou na cção com Relato de um
certo Oriente, publicado em 1989 e vencedor do Prêmio Jabuti de
Melhor Romance do Ano. Seu segundo livro, Dois irmãos, de 2000,
mereceu outro Jabuti, foi traduzido para 12 idiomas e adaptado
para televisão, teatro e quadrinhos. Com Cinzas do Norte, de 2005,
Hatoum ganhou os prêmios Jabuti, Bravo!, APCA e Portugal
Telecom (hoje conhecido como Prêmio Oceanos). Em 2006, lançou
A cidade ilhada, uma reunião de contos breves. Em 2008, sua
novela Órfãos do Eldorado foi adaptada para o cinema, e em 2013
teve suas crônicas reunidas em Um solitário à espreita. Em 2017
iniciou a publicação da trilogia O Lugar Mais Sombrio com A noite
da espera, seguida por Pontos de fuga, em 2019.

PRINCIPAIS OBRAS
Relato de um certo Oriente (1989) • Dois irmãos (2000) • Cinzas do
Norte (2005) • Órfãos do Eldorado (2008) • A cidade ilhada (2009) •
A noite da espera (2017) • Pontos de fuga (2019) ACHEL DE
R QUEIROZ (1910-2003) foi escritora, jornalista e tradutora.
Nascida em Fortaleza, em 1915 teve que se mudar com a família
em virtude da forte seca que assolou o estado do Ceará naquele
ano. É desse fato que surge seu primeiro romance, O quinze (1930),
escrito às escondidas, à noite, enquanto passava um período de
repouso com suspeita de tuberculose. Nessa mesma época se
aproximou de movimentos sociais e políticos, e se ligou ao
comunismo, mudando-se para São Paulo e Maceió. Durante o
Estado Novo, viu seus livros serem acusados de subversivos e
queimados, ao lado de obras de Jorge Amado, Graciliano Ramos e
José Lins do Rego. Com o passar dos anos se afastou da política e
seguiu publicando livros, tornando-se uma escritora consagrada. A
partir dos anos 1940 atuou como tradutora, vertendo para o
português obras de Jane Austen, A. J. Cronin, Agatha Christie,
Balzac, Jack London, entre muitos outros. Foi a primeira mulher a
ser eleita para a Academia Brasileira de Letras, em 1977 – o que,
entre outras mudanças, levou à criação de um modelo feminino
para o tradicional fardão. Entre muitos outros prêmios, recebeu o
Jabuti (1969, categoria Infantil) e foi a primeira mulher a receber o
Camões (1993).

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES O quinze (1930) • João Miguel (1932) • Caminho de
pedras (1937) • As três Marias (1939) • O galo de ouro (1950) • Dôra,
Doralina (1975) • Memorial de Maria Moura (1992) CRÔNICAS A
donzela e a moura torta (1948) • Cem crônicas escolhidas (1958) • O
brasileiro perplexo (1964) • O caçador de tatu (1967) • As menininhas
e outras crônicas (1976) • O jogador de sinuca e mais historinhas
(1980) • As terras ásperas – 96 crônicas escolhidas (1993) • Um
alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas (1994) • O
homem e o tempo (1995) TEATRO Lampião (1953) • A beata Maria do
Egito (1958) • Teatro (1995) INFANTOJUVENIL O menino mágico
(1969) • Cafute e Pena-de-Prata (1986) • Xerimbabo (2002) • Andira
(2014) NÃO FICÇÃO O nosso Ceará (1996) (com Maria Luiza de
Queiroz Salek) • Tantos anos (1998) (com Maria Luiza de Queiroz
Salek) • O não me deixes: Suas histórias e sua cozinha (2000) (com
Maria Luiza de Queiroz Salek)
Tive o prazer de interpretar o papel de Halim Rahal, o pai
dos Dois irmãos, na adaptação para TV desse fantástico
romance de Milton Hatoum. A minissérie dirigida por Luiz
Fernando Carvalho foi um sucesso de público e conquistou
a crítica, com suas imagens exuberantes e fotogra a
belíssima. (Foto: Acervo / TV Globo)
Na minissérie Se eu fechar os olhos agora, dirigida por Carlos
Manga Jr., vivi o enigmático Ubiratan, um personagem que
ajuda a solucionar uma série de misteriosos assassinatos na
pequena cidade de São Miguel. Há boas diferenças entre o
livro e a série; vale conferir os dois. (Foto: Acervo / TV
Globo)
Clássicos
“Clássico” é uma de nição simples e ao
mesmo tempo complicada, porque implica
uma série de processos que fazem com que
certos livros alcancem esse status. É aquele
livro que, por uma razão ou outra, cou para o
resto da vida e que diversas gerações leram
com o mesmo interesse. Basicamente é isso.
Um livro que pode ser lido hoje, mesmo que
tenha sido escrito em 1300, e ainda assim
acrescentar algo à sua cultura – às vezes ajuda
até mesmo a formar a sua cultura.
Alguns clássicos da literatura são bem
conhecidos por muita gente. A Bíblia, por
exemplo, além de ser um livro religioso, é um
grande clássico da literatura. Serve a pelo
menos três grandes troncos de religiões, mas é,
antes de tudo, um clássico da literatura. Se
você quiser ler a Bíblia como um clássico, vai
encontrar um livro extraordinário, cheio de
histórias maravilhosas de amor, traição,
guerras, violência, terror. Tem tudo na Bíblia. É
por isso que continua fazendo sucesso, mesmo
depois de tantos anos.
Os clássicos às vezes perdem a sua “coroa” e
cam datados. Mas o verdadeiro clássico, o que
realmente importa, é aquele que forma a
cultura de um povo e que serve para todos os
povos. O grande autor russo Leon Tostói dizia
que se você quiser falar do mundo, fale da sua
aldeia. É uma ideia fantástica. Se você falar
com propriedade das coisas que conhece bem e
com as quais convive, estará falando do
mundo.
Quando comecei a ler, a primeira coisa em
que pensei foi: vou começar pelos clássicos e
depois corro atrás dos contemporâneos. Mas
eu fui mais espertinho ainda e decidi: vou
começar pelos clássicos dos quais todo mundo
fala mas ninguém leu.
Por exemplo, Dom Quixote, de Miguel de
Ce vantes. Todo mundo fala muito desse livro,
mas eu sei de poucos amigos que realmente o
leram. Não pelo fato de ser um livro grande
(muitas vezes editado em dois volumes), mas
porque as pessoas acham que conhecem a
história. Em geral, sabem apenas que Dom
Quixote é um cavaleiro magro que luta contra
moinhos de vento ao lado de seu escudeiro, o
gordo Sancho Pança. Ora, isso é apenas meia
página. Ao longo do livro há muitas outras
histórias fabulosas.
Cervantes criou uma forma diferenciada de
narrar, ágil e rápida, que praticamente
inaugurou o romance moderno. Ele colocava
histórias dentro de histórias. Por exemplo, um
personagem conta uma história sobre um
personagem que conta uma história, e por aí
vai. É muito interessante, porque isso faz com
que o leitor a toda hora “saia” da história
principal para “entrar” em outras histórias,
secundárias. No fundo, Dom Quixote não é um
livro só, são muitos livros, e todos eles muito
bons.
É claro que, se começarmos a falar aqui de
todos os clássicos que são interessantes, não
terminaremos nunca. Portanto, me perdoem
por aqueles que não serão citados, mas z esse
recorte dos livros que todo mundo acha que
conhece, mas quase ninguém leu.
Outro que se enquadra nessa categoria, e
que é um dos meus preferidos, é Robinson
Crusoé, do autor inglês Daniel Defoe. É uma
história fabulosa de aventura de que todo
mundo já ouviu falar, mas poucos leram. E, no
entanto, é um livro interessantíssimo que vale
a pena.
Outro clássico de que muito se fala mas
poucos leram é Viagens de Gul iver, de Jonathan
Swift. É um livro que pode ser considerado
literatura infantojuvenil, mas ao mesmo
tempo tem um segundo nível de leitura que
permite discussões sobre nossa relação com o
poder e com a cultura, e sobre o que fazemos
entre nós, dentro de uma sociedade.
Até hoje eu sigo perseguindo esse objetivo
de ler os clássicos de que todo mundo já ouviu
falar mas quase ninguém leu. Há pouco tempo,
por exemplo, li pela primeira vez A Dama das
Camé ias, de Alexandre Dumas Filho. Esse autor
era lho do escritor Alexandre Dumas (autor
de Os três mosqueteiros) e de uma costureira,
uma relação fora do casamento. No entanto,
Dumas (pai) resolveu assumir a paternidade
do lho sete anos depois que ele nasceu, o que
permitiu que eles tivessem uma relação
extraordinária, viajassem o mundo todo juntos
e, claro, que o lho também se tornasse um
grande autor.
Depois de publicar A Dama das Camélias,
Dumas Filho adaptou o romance para o teatro
e fez um sucesso estrondoso, e mais tarde o
compositor Giuseppe Verdi o adaptou para a
ópera, que recebeu o nome La Traviata.
É interessante ler o romance, porque ele
apresenta uma visão um pouco diferente da
peça e da ópera. No livro, a relação entre os
protagonistas Marguerite Gautier e Armand
Duval é mais aprofundada. En m, é uma
história de amor do século XIX, e alguns até
conhecem a história, mas (quase) ninguém
leu. Eu corri atrás.
A mesma coisa aconteceu com F ankenstein,
de Ma y Shelley. No verão de 1816, Mary
Shelley – então com 18-19 anos e grávida – e
seu marido Percy Shelley estavam em Genebra
com mais dois amigos, o famoso poeta Lord
Byron e John Polidori, o menos conhecido do
grupo. Num dia de chuva forte e tempestade
de raios, eles combinaram um desa o: cada
um tinha que escrever uma história de terror.
Byron começou a escrever sua história, mas
não foi adiante. Percy Shelley (que, como
Byron, também era poeta) nem chegou a
tentar. Mary Shelley levou a sério e se
debruçou sobre a tarefa. E Polidori pegou o
início do que Byron tinha escrito e
desenvolveu. Polidori não era um bom autor,
mas o que ele escreveu foi mais tarde usado
como base por outro autor mais talentoso,
Bram Stoker, e se tornou o clássico Drácula.
Já Mary Shelley, três meses depois do
desa o, exatamente 90 dias depois, deu à luz
Frankenstein – que até hoje é um romance
relativamente pouco lido, porque um dos
lmes feitos com base no livro (em 1931) cou
tão popular que todo mundo acha que conhece
a história. Mas na verdade o romance de Mary
Shelley é muito diferente e vale a pena ler. É
um clássico da literatura.
Na sequência dessa leitura, fui atrás de
outro livro sobre o assunto: F ankenstein: As
muitas faces de um monstro, de Susan Tyler
Hitchcock. Essa autora fez um trabalho
extraordinário. Primeiro, conta toda a história
da criação de Frankenstein por Mary Shelley
naquele verão, as relações entre os amigos
envolvidos no desa o, a época, etc. Depois, ela
faz uma análise do desenvolvimento do mito
de Frankenstein e suas consequências, analisa
e discute cada lme, fala de Boris Karloff (o
ator que fez o papel do monstro na famosa
adaptação cinematográ ca de 1931), das
maquiagens, da importância do mito, de como
esse mito mexeu com a cabeça das pessoas, de
como ele cou tão famoso quanto Mickey
Mouse. Frankenstein é um personagem que a
gente conhece, mas esse livro fala sobre as
consequências da criação de Mary Shelley.
E, claro, existem os “clássicos pessoais”,
aqueles livros que lemos e sabemos, na mesma
hora, que vão car conosco para sempre. Para
mim, um desses livros que eu adoro e
considero um clássico pessoal é A noite dos
tempos, do francês René Barjavel. Poucas
pessoas conhecem essa fantástica história de
amor e cção cientí ca. Esse livro, para mim,
não envelhece. Pode ser lido na adolescência,
relido mais tarde, e continua ótimo.
A história começa com um grande achado
arqueológico, mas que na verdade não é do
passado, e sim do futuro. Uma enorme nave
interplanetária é encontrada submersa no gelo
e descobre-se que lá dentro há três pessoas: um
homem mais velho, um homem mais jovem e
uma mulher. Fico arrepiado só de lembrar.
E não posso deixar de citar o primeiro
grande clássico que eu li, ainda muito
moleque, mas que mexeu muito com a minha
cabeça e mostrou que eu tinha acertado
quando resolvi começar pelos clássicos ao
iniciar minha grande aventura pelo mundo da
leitura.
Como já contei, quando criança eu adorava
ler gibis. Apesar de as pessoas naquela época
dizerem que os gibis eram ruins para a
formação das crianças, minha mãe não
acreditava nisso, comprava e me dava às
escondidas. É claro que ler gibis não me fez
nenhum mal. Pelo contrário: me estimulou na
leitura.
Foi graças aos gibis, por exemplo, que me
interessei em conhecer a biblioteca do Colégio
Rio Branco, em São Paulo, onde eu estudava.
Eu era pequeno, e a bibliotecária cou
encantada com aquele menininho interessado
em livros. Ela me perguntou o que eu gostava
de ler, e eu respondi que gostava de ler gibis e
que um deles contava a história do Tarzan. Foi
nosso ponto de partida.
Comecei a ler os livros da biblioteca.
Primeiro Tarzan, depois os livros de Rafael
Sabatini, como Scaramouche, ou Ivanhoé, de
Walter Sco , um monte de livros do Júlio
Verne. Todos eram livros que a bibliotecária
sugeria e me emprestava quando eu aparecia
por lá.
Até que um dia eu pedi para entrar e ver os
livros na biblioteca. Eu queria passar do
balcão, pesquisar e escolher sozinho qual seria
minha próxima leitura. A bibliotecária me
deixou entrar e, depois de explorar um pouco,
eu peguei um livro que me pareceu
interessante. Percebi que ela cou meio
desconfortável com a minha escolha. Por m,
ela me disse que eu não poderia levar aquele
livro, porque era “proibido para a minha
idade”.
Fiquei sem entender. Qual poderia ser o
problema? Era só um livro, que mal poderia
fazer? Ela hesitou, olhou para um lado, depois
para outro, e nalmente me olhou com
cumplicidade e disse: “Vai, vai, leva o livro.”
Era Os miseráveis, de Victor Hugo. Eu li e
quei alucinado. Na época eu devia ter no
máximo 12 anos de idade, talvez menos, e foi
ótimo para mim. Entre outras coisas, ampliou
muito o meu vocabulário (eu precisava
recorrer ao dicionário para buscar as palavras
que não conhecia) e o meu interesse pela
leitura.
É um livro realmente extraordinário, uma
história fantástica. Para quem gosta de ver
como são feitas as adaptações, existe um
famosíssimo musical, que já foi lmado, e há
algumas versões do romance direto para as
telas, todas sempre muito interessantes. Eu
gosto particularmente de uma versão francesa,
com Jean Gabin, que vi quando era jovem,
pouco depois de ter terminado a leitura.
En m, é um livro que vai te acompanhar para
o resto da vida.

E, para quem se interessar em ler clássicos


em edições primorosas, vale citar uma editora
novata, a Antofágica. Eu recomendo os livros
dessa editora por várias razões. Primeiro, eles
começaram editando clássicos, o que nos
possibilita ter acesso a um tipo de literatura
que às vezes é di cil de achar nas livrarias. Em
certos casos (inclusive alguns que cito aqui) é
preciso recorrer a sebos. Segundo, vale a pena
conferir a forma como estão reeditando. São
livros de capa dura, com artes fantásticas e
elaboradas, e ilustrações de grandes artistas,
como Portinari ou Lourenço Mutarelli. As
traduções são atualíssimas e uma delícia de ler.
O primeiro livro que editaram foi A
metamo fose, de F anz Kafka, que é um livrinho
que eu recomendo de todas as formas.
Também editaram Memórias póstumas de Brás
Cubas, de Machado de Assis, e A i ha do tesouro,
de Robe t Stevenson, que eu reli
apaixonadamente. Stevenson é um grande
autor de aventuras que inventou, entre outras
coisas, o famoso personagem do “pirata com a
perna de pau e papagaio no ombro”. Ele
também é muito conhecido por ter escrito o
clássico O médico e o monstro.
Outros lançamentos da Antofágica são O
a ienista, de Machado de Assis, e Um conto de
Natal, de Charles Dickens, um livro que, por
coincidência, foi citado pelo meu personagem
na novela Bom Sucesso.

Histórias de amor
Diversas histórias de amor marcaram a
minha vida. Não posso deixar de citar a
primeira, a grande, a sempre revisitada
história de amor trágico Romeu e Ju ieta, de
William Shakespeare.
Aproveito para falar um pouco de
Shakespeare, um daqueles autores de que todo
mundo fala ou já ouviu falar. Uma das frases
mais famosas da história da literatura, “Ser ou
não ser, eis a questão”, é de autoria dele (da
peça Hamlet) – e às vezes essa é a única frase de
Shakespeare que as pessoas conhecem.
A obra de Shakespeare é vastíssima. Ele
escreveu 37 peças, para todos os gostos:
comédias, tragédias, peças históricas. Suas
obras datam do período entre o nal do século
XVI e o início do XVII. É um verdadeiro clássico
e tem histórias de amor fantásticas. Uma delas
é Romeu e Julieta, a base das histórias de amor.
Quando se quer falar de amor, todos sempre se
lembram de Romeu e Julieta.
Embora a obra de Shakespeare tenha sido
republicada recentemente, nem sempre foi
fácil encontrar edições de suas peças. Durante
a minha formação inteira, eu tive grande
di culdade em achar obras de Shakespeare,
porque só havia uma edição das Ob as
completas, publicada pela Editora Aguilar, em
três volumes, que cou esgotada durante
décadas. Quem tinha tinha; quem não tinha
cava sem – e foi o meu caso: eu quei sem
por muitos anos.
Hoje em dia tenho várias edições das Ob as
completas de Shakespeare e já li pelo menos
três vezes cada uma das peças. Vale a pena. Não
é à toa que ele é considerado um autor perfeito,
completo. Escrevendo mais de 400 anos atrás,
ele se aprofundou sobre a alma humana.
Como escreveu o crítico e autor Harold Bloom,
Shakespeare “inventou o ser humano”. É
interessantíssimo de ler e muito bonito.
Romeu e Julieta é uma história linda, e ao
mesmo tempo é interessante observar como se
escreve uma peça de teatro. O autor dá
algumas indicações de ação – o personagem
que fala, entra, sai –, e o leitor tem que
imaginar todo o resto: o cenário, o rosto do
ator, a roupa que está vestindo… O autor não
descreve nada disso. A leitura é uma atividade
criativa em qualquer livro, porque você tem
que imaginar muita coisa, mas em teatro é
mais ainda, porque há menos indicações do
que num romance normal. Para quem gosta de
ler, vale a pena pegar uma peça de teatro.
É fácil perceber que poucas pessoas no
Brasil leem teatro: basta entrar numa livraria e
perguntar onde é a seção de teatro. Em geral
você encontra uma pequena estantezinha com
alguns títulos lá no rés do chão, perto do
banheiro.
Portanto, uma recomendação que eu faço
de uma linda história de amor, que por tabela
ainda vai fazer você conhecer uma peça de
teatro, é Romeu e Julieta, de William
Shakespeare.
Outro livro que me marcou muito foi O
amor nos tempos do cóle a, de um autor que eu
adoro e que conheci no boom da literatura
fantástica latino-americana: Gabriel García
Márquez. É um romance extraordinário, uma
história de amor realmente eterna. Foi feito
um lme com Javier Bardem, uma adaptação
lindíssima também, mas leia o livro.
García Márquez cou conhecido por ser um
dos fundadores do realismo fantástico, aquele
tipo de literatura em que coisas
extraordinárias acontecem de uma forma
natural. Outro livro dele que eu também
adoro, e que inclui algumas histórias de amor,
é Cem anos de so idão.
Eu tenho uma história engraçada sobre esse
livro. Certa vez, eu estava fazendo um trabalho
com o grande diretor de cinema Ruy Guerra, e
na mesma época ele iria para Cuba e lá
encontraria García Márquez, em um seminário
de literatura. Ele me perguntou se eu queria
alguma coisa de lá e eu respondi que sim,
queria um autógrafo do García Márquez.
Achei, claro, que ele não ia trazer, mas quando
voltou o Ruy me deu uma edição original de
Cien años de soledad, e quando eu abri tinha
uma dedicatória do Gabriel García Márquez:
“Para o maior ator do mundo, do maior autor do
mundo”.
Claro que ele brincou com a minha cara,
mas foi maravilhoso.

Tem outro romance que eu recomendo,


mas não sei se vai ser fácil de achar. Minha
mãe falava sempre desse livro, ela gostava
muito, dizia que era uma linda história de
amor. Tanto ela falou que eu comprei e li. Esta
pode ser outra boa maneira de escolher um
livro: entender por que alguém de quem você
gosta se interessou tanto por ele. Faz mais ou
menos 40-50 anos que eu li esse livro, e até
hoje me lembro de cada cena, de cada
momento, de algumas falas.
Esse livro me pegou, me emocionou de tal
forma que eu passei a comprar exemplares
sempre que encontrava, para dar de presente.
Até hoje não encontrei uma única pessoa que
tenha lido esse livro e não tenha se apaixonado
por ele e pela linda história de amor que ele
conta. O título é A cidadela, de A. J. Cronin, um
autor sobre o qual eu sabia muito pouco. A
cidadela é seu livro mais conhecido. Eu co
emocionado só de lembrar. Esse livro me
emocionou quando li e continua me
emocionando até hoje, pela beleza de sua
história de amor.
Outro livro que eu vivo dando de presente –
já devo ter comprado uns 40 exemplares – e
que encanta todas as pessoas que o ganham é O
leitor do trem das 6h27, do autor francês Jean-
Paul Didierlaurent. É uma pequena joia, um
livrinho pequeno que é um poema e, para
quem gosta de ler, um presente. Ele fala sobre
livros, mas de um jeito completamente
inusitado, e também sobre amor. A história é a
seguinte: o tal leitor do trem das 6h27 é um
cidadão que pega todo dia o trem desse horário
e começa a ler, em voz alta, uma página
qualquer de algum livro. E as pessoas cam
fascinadas ouvindo. Não vou contar mais
porque, além de ser pequeno, com poucas
páginas, ele é belo como um poema. Leia.
Quando falamos de histórias de amor não
podemos deixar de citar (mais uma vez) o
nosso grande Jorge Amado. Gabriela, cravo e
canela é a história de amor do Seu Nacib com
Gabriela. E tem também Dona Flor e seus dois
maridos, outro lindo romance picante e cheio
de humor. A obra de Jorge Amado é vasta, vale
a pena ser visitada, e também inclui belas
histórias de amor.

Dom Quixote Robinson Crusoé Viagens de Gul iver


de La Mancha Daniel Defoe Jonathan Swi
Miguel de Cervantes 408 páginas 448 páginas
Editora Penguin Editora Penguin
Companhia Companhia
1.248
páginas
Editora Nova
Fronteira

A Dama das Camé ias F ankenstein F ankenstein


Alexandre Dumas Filho Mary Shelley (Edição de luxo)
248 páginas 312 páginas Mary Shelley
Editora Martin Claret Editora Zahar 304 páginas
Editora Darkside

F ankenstein: A noite dos tempos Os miseráveis


As muitas faces René Barjavel
de um monstro Susan Tyler 294 páginas Victor Hugo
Hitchcock Círculo do Livro
352 páginas
Editora Lafonte 1.912
páginas
Editora Penguin
Companhia

A metamo fose Memórias póstumas A i ha do tesouro


Franz Ka a de Brás Cubas Machado de Assis R. L. Stevenson
232 páginas 480 páginas 368 páginas
Editora Antofágica Editora Antofágica Editora Antofágica

O a ienista Um conto de Natal Romeu e Ju ieta


Machado de Assis Charles Dickens William
304 páginas 312 páginas Shakespeare
Editora Antofágica Editora Antofágica 248 páginas
Editora Penguin
Companhia

Teatro completo O amor nos tempos Cem anos de so idão


William do cóle a Gabriel García Márquez
Shakespeare Gabriel García Márquez 448 páginas
432 páginas Editora Record
4.438 Editora Record

páginas
Editora Nova
Aguilar
A cidadela O leitor do trem Dona Flor e seus
A. J. Cronin das 6h27 dois maridos
532 páginas Jean-Paul Jorge Amado
Didierlaurent 488 páginas
Editora Best Bolso
176 páginas Editora Companhia
Editora Intrínseca das Letras
AUTORES
CITADOS

. J. CRONIN (1896-1981) foi médico e


A escritor escocês. Formado em medicina
pela Universidade de Glasgow, serviu como
médico da Marinha britânica na Primeira
Guerra Mundial. Depois da guerra, trabalhou
em hospitais em Glasgow e Dublin, e em
seguida montou seu consultório em uma
pequena cidade do País de Gales, onde a
principal atividade econômica era a mineração.
Em 1930 precisou car de repouso por vários
meses para se recuperar de uma úlcera, e nesse
período escreveu seu primeiro livro, O castelo do
homem sem alma. Publicado no ano seguinte, foi
um sucesso imediato, e com isso Cronin
abandonou a medicina para se dedicar à escrita.
Muitos de seus livros foram best-sellers
instantâneos, adaptados para cinema, rádio e
televisão e traduzidos em diversas línguas. Seu
romance mais conhecido, A cidadela (1937),
trata de um médico escocês em uma vila
mineira do País de Gales e aborda temas como o
equilíbrio entre integridade cientí ca e
obrigações sociais. O livro promoveu
controvérsias sobre ética médica e inspirou o
Serviço Nacional de Saúde Pública da
Inglaterra. Cronin morou por alguns anos nos
Estados Unidos e passou os últimos 25 anos de
vida na Suíça.

PRINCIPAIS OBRAS
O castelo do homem sem alma (1931) • Três amores (1932) •
Caleidoscópio (1933) • Encontro de amor (1933) • Woman of the Earth
(1933) • Médico de aldeia (1935) • Sob a luz das estrelas (1935) • A
cidadela (1937) • Vigília na noite (1939) • Os deuses riem (1940) •
Child of Compassion (1940) • A neve apaga tudo (1940) • A coragem
de resis r (1940) • As chaves do reino ( 1941) • Os gerânios tornam a
orir (1943) • Anos de ternura (1944) • e Man Who Couldn’t Spend
Money (1946) • Anos de tormenta (1948) • Uma estranha mulher
(1949) • Almas em con ito (1950) • Algemas par das (1950) •
Adventures in Two Worlds (1952) • Um erro judiciário (1953) •
Fugindo do medo (1954) • Mais forte que o amor (1956) • O farol do
norte (1958) • e Innkeeper’s Wife (1958) • e Cronin Omnibus
(1958) • O médico na vo (1959) • A gueira de Judas (1961) •
Sombras numa vida (1964) • A Pocketful of Rye (1969) • Desmonde / O
jovem trovador (1975) • Doctor Finlay of Tannochbrae (1978) • Dr
Finlay’s Casebook (2010) • Further Adventures of a Country Doctor
(2017) LEXANDRE DUMAS FILHO (1824-1985) foi um conhecido
A autor francês de livros e peças de teatro. Fruto de uma relação
extraconjugal entre o escritor Alexandre Dumas e a costureira
Marie-Catherine Labay, foi reconhecido legalmente pelo pai, que
lhe assegurou uma boa educação em colégios de prestígio. Além de
ilegítimo, Dumas Filho era descendente de negros do Haiti, o que
lhe causou diversos episódios de preconceito durante a infância e a
adolescência. Esse fato se re etiria em sua literatura, com foco em
personagens marginalizados ou hostilizados pela sociedade. Ao
longo da vida escreveu diversos romances e peças de teatro, sendo o
mais famoso A Dama das Camélias, que foi adaptado para o teatro
(com interpretação célebre da grande atriz Sarah Bernhardt) e para
a ópera (La Traviata, de Verdi, parte do repertório clássico do
gênero).

PRINCIPAIS OBRAS
Aventures de Quatre Femmes et d’un perroquet (1847) • Césarine
(1848) • A Dama das Camélias (1848) • Le Docteur Servans (1849) •
Antonine (1849) • Le Roman d’une Femme (1849) • Les Quatre
Restaura ons (1849-1851) • Tristan le Roux (1850) • Trois Hommes
Forts (1850) • Histoire de la Loterie des Lingots d’or (1851) • Diane de
Lys (1851) • Le Régent Mustel (1852) • Contes et Nouvelles (1853) • La
Dame aux Perles (1854) • L’Affaire Clémenceau, Mémoire de l’accusé
(1866) HARLES DICKENS (1812-1870) foi um escritor inglês.
C Nascido em uma família de classe média em Hampshire, ao
longo da infância testemunhou a decadência nanceira
desencadeada pelo comportamento perdulário do pai, que acabou
preso por dívidas. A família se mudou para Londres e aos 12 anos
Dickens já havia abandonado os estudos para trabalhar numa
fábrica, em jornadas de dez horas diárias. As más condições às quais
os trabalhadores eram submetidos, bem como o trabalho infantil,
viriam a ser temas recorrentes em sua obra. Em 1836 teve seu
primeiro sucesso literário, As aventuras do sr. Pickwik, publicado de
forma seriada, em periódicos. Muitos de seus grandes êxitos vieram
a público dessa forma, em capítulos, possibilitando ao autor receber
o retorno do público durante a criação da trama e adaptá-la de
acordo com o gosto dos leitores. Romances e novelas como David
Copper eld, Um conto de duas cidades, Um conto de Natal, Oliver Twist
e Grandes esperanças estão entre os grandes clássicos da literatura
inglesa vitoriana e são reconhecidos por retratar com ironia e
realismo as condições de vida das classes menos favorecidas na
Inglaterra do século XIX.

PRINCIPAIS OBRAS
As aventuras do sr. Pickwik (1836) • Oliver Twist (1837) • A vida e as
aventuras de Nicholas Nickleby (1838-1839) • A loja de an guidades
(1840-1841) • Barnaby Rudge (1841) • Um conto de Natal (1843) • Os
carrilhões (1844) • O grilo da lareira (1845) • e Ba le of Life (1846)
• e Haunted Man and the Ghost’s Bargain (1848) • Dombey and Son
(1846-1848) • David Copper eld (1849-1850) • A casa soturna (1852-
1853) • Tempos di ceis (1854) • A pequena Dorrit (1855-1857) • Um
conto de duas cidades (1859) • Grandes esperanças (1860-1861) • Our
Mutual Friend (1864-1865) ANIEL DEFOE (1660-1731) foi um
D escritor e jornalista inglês. Apesar de ter cado famoso por
seus romances (em especial Robinson Crusoé e Moll Flanders), teve
outros interesses e pro ssões. Foi comerciante, trabalhou com
manufaturas e seguros de navios, atuou como soldado e como
espião, entre outras coisas. Estima-se que tenha produzido mais de
500 textos sobre assuntos diversos, tais como política, religião,
psicologia, geogra a etc. Além dos romances, seu livro Um diário do
ano da peste também é reconhecido pela originalidade e pelo
realismo.

PRINCIPAIS OBRAS
e True-born Englishman (1701) • e History of the Ken sh Pe on
(1701) • e Shortest Way with the Dissenters (1702) • A Hymn to the
Pillory (1703) • e History of the Union of Great Britain (1709) • e
Family Instructor (1715) • Robinson Crusoé (1719) • Memoirs of a
Cavalier (1720) • Capitão Singleton (1720) • A vida amorosa de Moll
Flanders (1722) • Um diário do ano da peste (1722) • Coronel Jack
(1722) • Roxana (1724) • A Tour ro’ the Whole Island of Great Britain
(1724-1727) • Uma história dos piratas (1724-1728) • e Complete
English Tradesman (1725-1727) RANZ KAFKA (1883-1924) foi um
F escritor tcheco. Nascido em Praga, então parte do Império
Austro-Húngaro, sua família tinha o alemão como idioma
principal, e foi nessa língua que escreveu sua obra, uma das mais
in uentes da literatura do século XX. Depois de concluir seus
estudos de direito, trabalhou em uma companhia de seguros e
escrevia contos no seu tempo livre. Alguns deles foram publicados
em revistas literárias e em dois volumes de contos reunidos. A
maior e mais relevante parcela de sua obra não foi publicada em
vida. Ka a morreu aos 40 anos e deixou em seu testamento os
direitos de suas obras (inéditas e publicadas) ao amigo Max Brod,
que foi sempre muito próximo do autor. Brod ignorou o pedido
explícito de Ka a para que todos os seus escritos fossem destruídos
e publicou a obra do amigo entre 1925 e 1935. O estilo de Ka a é
muito original, e críticos já o colocaram em diversas escolas
literárias. A violência psicológica e os con itos entre pais e lhos são
temas muito presentes em seus escritos. Obras como A metamorfose
e O processo são consideradas clássicos da literatura universal. O
romance O processo, que narra a história de um homem perdido em
um labirinto burocrático, sem conseguir descobrir quem o está
processando ou o motivo, deu origem ao adjetivo “ka iano”,
sinônimo de situação estranha, sem lógica e sem solução.

PRINCIPAIS OBRAS
A metamorfose (1912) • O veredicto (1912) • O desaparecido (1912) • O
processo (1914) • Na colônia penal (1914) • A Grande Muralha da
China (1918) • Um médico rural (1919) • O castelo (1922) • Um ar sta
da fome (1922) • Carta ao pai (1919) • Narra vas do espólio (1931)
(1927-2014) foi um escritor,
G ABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ
jornalista, editor, ativista e político colombiano. Nascido na
cidade de Aracataca, viveu parte da infância em Barranquilla e mais
tarde estudou direito em Bogotá. Nos anos 1940, seu interesse pela
literatura se intensi cou. Ka a, Virginia Woolf e Faulkner foram
algumas de suas grandes in uências, assim como as histórias
mirabolantes contadas por sua avó, nas quais eventos fantásticos
ocorriam subitamente. A partir de 1948 passou a trabalhar como
jornalista, primeiro na Colômbia, mais tarde na Venezuela. Seu
primeiro livro, A revoada (O enterro do Diabo), foi publicado em
1955. Seu livro mais famoso, Cem anos de solidão, conta a história de
várias gerações da família Buendía na cidade ctícia de Macondo.
Considerado um dos autores mais importantes do século XX e
maior representante do que cou conhecido como “realismo
mágico” ou “realismo fantástico” na literatura latino-americana,
García Márquez, ou “Gabo”, é um dos escritores mais admirados e
traduzidos no mundo, com mais de 40 milhões de livros vendidos.
Foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1982 pelo
conjunto de sua obra. Viveu por muitos anos no México, onde
faleceu.

PRINCIPAIS OBRAS
A revoada (O enterro do Diabo) (La Hojarasca) (1955) • Relato de um
náufrago (1955) • Ninguém escreve ao coronel (1961) • Os funerais da
mamãe grande (1962) • A sesta de terça-feira (1962) • O veneno da
madrugada (a má hora) (1962) • Cem anos de solidão (1967) • A
úl ma viagem do navio fantasma (1968) • Um senhor muito velho com
umas asas enormes (1968) • A incrível e triste história de Cândida
Erêndira e sua avó desalmada (1972) • Olhos de cão azul (1972) • O
outono do patriarca (1975) • María dos prazeres (1979) • Crônica de
uma morte anunciada (1981) • Textos caribenhos (1948-1952) – Obra
jornalís ca – Volume 1 (1981) • Textos andinos (1954-1955) – Obra
jornalís ca – Volume 2 (1982) • Cheiro de goiaba (1982) • Da Europa e
da América (1955-1960) – Obra jornalís ca – Volume 3 (1983) •
Reportagens polí cas (1974-1995) – Obra jornalís ca – Volume 4 (1984)
• O amor nos tempos do cólera (1985) • O verão feliz da senhora Forbes
(1986) • A aventura de Miguel Li ín clandes no no Chile (1986) • O
general em seu labirinto (1989) • Crônicas (1961-1984) – Obra
jornalís ca – Volume 5 (1991) • Entre amigos (1990) • Doze contos
peregrinos (1992) • Do amor e outros demônios (1994) • Notícia de um
sequestro (1996) • Como contar um conto (1998) • Viver para contar
(2002) • Memória de minhas putas tristes (2004) • Eu não vim fazer
um discurso (2010) EAN-PAUL DIDIERLAURENT (1962-) é um
J escritor francês nascido em Vosges. Depois de ter contos
publicados em algumas coletâneas, em 2014 seu primeiro romance,
O leitor do trem das 6h27, foi um grande sucesso, tendo sido
publicado em 29 países.
PRINCIPAIS OBRAS
O leitor do trem das 6h27 (2014) • Le Reste de leur Vie (2016) • La
Fissure (2018) ONATHAN SWIFT (1667-1745) foi um escritor
J irlandês. Além de poeta e romancista, foi clérigo e reitor da
Catedral de São Patrício em Dublin, cidade onde nasceu e morreu.
Órfão de pai, criado por um tio, fez seus estudos no Trinity College e
mais tarde foi para o interior da Inglaterra, onde trabalhou como
secretário do escritor William Temple. Mais tarde estudou Teologia
em Oxford e conseguiu ocupar diversos cargos eclesiásticos. Em
1704 foram publicados seus primeiros livros, dentro de um estilo
bastante em voga na época, a sátira, da qual é um expoente. Passou
à posteridade principalmente graças ao romance Viagens de Gulliver,
romance satírico ambientado na ctícia ilha de Lilliput.

PRINCIPAIS OBRAS
História de um tonel (1704) • A batalha dos livros (1704) • Argumento
contra a abolição do cris anismo (1708) • Diário para Stella (1710-
1713) • e Conduct of the Allies (1711) • Viagens de Gulliver (1726) •
Uma modesta proposta (1729) • Instruções para os criados (1731) • A
conversação polida (1738) ORGE AMADO (1912-2001) foi um autor
J baiano e um dos escritores brasileiros mais famosos e traduzidos
de todos os tempos. Nasceu em uma fazenda na região de Ilhéus
(BA) e passou a infância nessa área, cenário de várias de suas obras.
Nos anos 1930 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou
direito e passou a trabalhar como jornalista. Também nessa época
teve contato com o comunismo, que abraçou politicamente. Em
1946 foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro
(PCB) em São Paulo. A militância política o obrigou a passar
períodos no exílio, entre os anos 1940 e 1950, na Argentina, no
Uruguai, na França e na Tchecoslováquia. Em 1956 desligou-se do
PCB e dois anos depois publicou um dos seus maiores sucessos,
Gabriela, cravo e canela, romance passado na Bahia e com
personagens que são tipos populares tipicamente baianos. Publicou
outros grandes sucessos, como Dona Flor e seus dois maridos, A morte
e a morte de Quincas Berro d’Água, Tenda dos Milagres, Tieta do Agreste
e Tereza Ba sta cansada de guerra, muitos deles adaptados para o
cinema e a televisão. É considerado um expoente da literatura
brasileira e seus livros foram publicados em dezenas de países. Em
1994, o conjunto de sua obra foi reconhecido com o Prêmio Camões.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES O país do Carnaval (1931) • Cacau (1933) • Suor (1934) •
Jubiabá (1935) • Mar morto (1936) • Capitães da areia (1937) • A
estrada do mar (1938) • Terras do Sem-Fim (1943) • São Jorge dos
Ilhéus (1944) • Seara vermelha (1946) • Os subterrâneos da liberdade
(1954) • Gabriela, cravo e canela (1958) • A morte e a morte de
Quincas Berro d’Água (1959) • Os velhos marinheiros ou o capitão-de-
longo-curso (1961) • Os pastores da noite (1964) • O compadre de
Ogum (1964) • Dona Flor e seus dois maridos (1966) • Tenda dos
milagres (1969) • Tereza Ba sta cansada de guerra (1972) • Tieta do
Agreste (1977) • Farda, fardão, camisola de dormir (1979) • Tocaia
grande (1984) • O sumiço da santa (1988) TEATRO O amor do soldado
(1947) CONTOS Do recente milagre dos pássaros (1979)
INFANTOJUVENIL O gato Malhado e a andorinha Sinhá (1976) • A bola
e o goleiro (1984) NÃO FICÇÃO ABC de Castro Alves (1941) • O cavaleiro
da esperança (1942) • Bahia de Todos os Santos (1944) • O mundo da
paz (1951) • O menino grapiúna (1981) ACHADO DE ASSIS
M (1839-1908) é considerado por muitos como o maior escritor
brasileiro de todos os tempos. Nascido no morro do Livramento, no
Rio de Janeiro, em uma família pobre, negro em uma sociedade
escravocrata, nunca foi à universidade, mas superou as
desvantagens educacionais estudando por conta própria, com a
ajuda de mestres e tutores informais. Frequentava o centro do Rio,
onde fez amizades em círculos intelectuais, e na década de 1850 teve
os primeiros poemas publicados em jornais e folhetins. Trabalhou
como jornalista nos anos 1860 e desde essa época promovia
reuniões e saraus literários. Sua vasta produção inclui poemas,
contos, peças teatrais e romances fundamentais da literatura
brasileira, como Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro.
Em 1897 foi um dos fundadores e o primeiro presidente da
Academia Brasileira de Letras, o que demonstra que foi bastante
reconhecido por seus pares ainda em vida. Sua obra retrata com
uma boa dose de ironia a sociedade brasileira da segunda metade do
século XIX, em especial o Rio de Janeiro, então capital do país.
PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES Ressurreição (1872) • A mão e a luva (1874) • Helena
(1876) • Iaiá Garcia (1878) • Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)
• Quincas Borba (1891) • Dom Casmurro (1899) • Esaú e Jacó (1904) •
Memorial de Aires (1908) POESIA Crisálidas (1864) • Falenas (1870) •
Ocidentais (1880) CONTOS Contos uminenses (1872) • Histórias da
meia-noite (1873) • Papéis avulsos (1882) • Histórias sem data (1884)
• Várias histórias (1896) • Páginas recolhidas (1899) • Relíquias da
casa velha (1906) ARY SHELLEY (1797-1851) foi uma escritora
M inglesa, lha do lósofo William Goodwin e da escritora
feminista Mary Wollstonecra , que morreu 10 dias após o
nascimento da lha. Mary e a irmã foram criadas pelo pai, que mais
tarde se casou novamente, e receberam uma educação rica e liberal
para os padrões da época. Ainda adolescente, Mary começou a se
relacionar com o poeta Percy Shelley, que era casado. Em 1816, após
o suicídio da primeira esposa de Shelley, os dois se casaram. Nesse
mesmo ano, em uma viagem com amigos para a Suíça, Mary
começa a desenvolver sua obra mais famosa, Frankenstein. Sua vida
pessoal é recheada de eventos trágicos, incluindo a morte
prematura de três dos quatro lhos que teve e a morte do marido,
afogado quando o barco em que estava afundou. Como escritora,
publicou outros livros, mas nunca com o mesmo sucesso, e
empenhou-se na divulgação da obra de seu marido.

PRINCIPAIS OBRAS
History of a Six Weeks’ Tour through a Part of France, Switzerland,
Germany, and Holland, with Le ers Descrip ve of a Sail round the Lake
of Geneva, and of the Glaciers of Chamouni (1817) • Frankenstein ou o
Prometeu moderno (1818) • Mathilda (1819) • Valperga: Vida e
aventuras de Castruccio, príncipe de Lucca (1823) • O úl mo homem
(1826) • e Fortunes of Perkin Warbeck (1830) • Lodore (1835) •
Falkner (1837) • Rambles in Germany and Italy in 1840, 1842, and
1843 (1844) IGUEL DE CERVANTES (1547-1616) foi um escritor
M espanhol, autor de Dom Quixote, muitas vezes considerado o
primeiro romance moderno e clássico incontestável da literatura
universal. Há registros de que tenha viajado por Lisboa, Argel e
Nápoles na juventude. De volta ao então reino de Castela, casou-se e
foi morar em La Mancha, região natal de sua esposa. Desde 1585 já
publicava livros, mas apenas em 1605 sai a primeira parte de O
engenhoso dalgo Dom Quixote de La Mancha, seguida, em 1615, pela
segunda parte, O engenhoso cavaleiro Dom Quixote de La Mancha.
Lançou outros livros durante a vida e entrou para a história como
um dos maiores nomes da literatura em língua espanhola, a ponto
de o principal prêmio literário nesse idioma ter o seu nome.

PRINCIPAIS OBRAS
A Galateia (1585) • La Casa de los Celos (1593) • O engenhoso dalgo
D. Quixote de La Mancha (1605) • Novelas exemplares (1613) • O
engenhoso cavaleiro D. Quixote de La Mancha (1615) ENÉ
R BARJAVEL (1911-1985) foi um escritor francês. Mais conhecido
como autor de cção cientí ca, sua obra aborda temas como viagens
no tempo, tecnocracias e guerras que levam ao colapso de
civilizações, mas também o amor e questões losó cas a ele
relacionadas. Autor prolí co, permaneceu na ativa por mais de 50
anos. Vários de seus livros foram traduzidos e publicados no Brasil.
Na cidade francesa de Lyon acontece anualmente um festival
literário em sua homenagem, dedicado ao gênero cção cientí ca.

PRINCIPAIS OBRAS
Cole e à la Découverte de l’Amour (1934) • Roland, le Chevalier plus
Fier que le Lion (1942) • Devastação (ou A volta à natureza) (1943) • Le
Voyageur Imprudent (1944) • Cinéma Total (1944) • Tarendol (1946)
• Que o diabo o carregue (1948) • Journal d’un Homme Simple (1951)
• Colomb de la Lune (1962) • A fome do gre (1966) • A noite dos
tempos (1968) • Os caminhos de Katmandu (1969) • Les Années de la
Lune (1972) • O grande segredo (1973) • As damas da Licorne (1974) •
Le Prince Blessé (1974) • Brigi e Bardot Amie des Animaux (1974) •
Les Années de la Liberté (1975) • Les Années de l’Homme (1976) • Si
j’Étais Dieu... (1976) • Les Jours du Monde (1977) • Les Fleurs, l’Amour,
la Vie... (1978) • Le re Ouverte aux Vivants qui Veulent le Rester (1978)
• Une Rose au Paradis (1981) • La Charre e Bleue (1981) • La Tempête
(1982) • L’Enchanteur (1984) • La Peau de César (1985) OBERT
R LOUIS STEVENSON (1850-1894) foi um escritor e poeta escocês.
Nascido e criado em Edimburgo, começou a ter os primeiros textos
publicados enquanto cursava a faculdade de direito. Depois de uma
breve estadia em Londres, viajou pela Europa e em 1876 partiu para
os Estados Unidos, onde se casou com uma americana que
conhecera na França. De saúde frágil, Stevenson passou boa parte da
vida em busca do ambiente ideal para sua saúde, o que fez com que
se tornasse também conhecido pelos relatos de viagens. Entre 1880
e 1887 morou em vários lugares, e foi nessa época que escreveu suas
obras mais célebres: A ilha do tesouro (1883), um romance de
aventura, incluindo tesouros enterrados e o famoso pirata com
perna de pau e papagaio no ombro; e O médico e o monstro (1886),
que popularizou o conceito de dupla personalidade numa época em
que estudos sobre a mente e o inconsciente se desenvolviam
rapidamente. No m da década de 1880 fez uma extensa viagem
com a família, partindo de San Francisco, na Califórnia, e visitando
diversas ilhas do Pací co, Havaí, Nova Zelândia, Austrália e as ilhas
Samoa, onde xou residência e viveu por 4 anos. Stevenson chegou
a adotar um nome nativo samoano e foi reconhecido como gura
in uente entre os habitantes do arquipélago. Ele morreu em
Samoa, aos 44 anos.

PRINCIPAIS OBRAS
An Inland Voyage (1878) • A ilha do tesouro (1883) • Prince O o
(1885) • O médico e o monstro (1886) • Raptado (1886) • e Black
Arrow (1888) • e Master of Ballantrae: A Winter’s Tale (1889) • e
Wrong Box (com Lloyd Osbourne) (1889) • e Wrecker (com Lloyd
Osbourne) (1892) • As aventuras de David Balfour (1893) • e Ebb-
Tide (com Lloyd Osbourne) (1894) • As novas Mil e uma noites (1882)
• More New Arabian Nights: e Dynamiter (com Fanny Van De Gri
Stevenson) (1885) • e Merry Men and Other Tales and Fables (1887)
• Island Nights’ Entertainments / South Sea Tales (1893) • Fábulas
(1896) • Tales and Fantasies (1905) USAN TYLER HITCHCOCK
S (1950-) é uma editora, escritora e professora americana
especializada em biogra as, temas políticos e culturais. Publicou em
1998 o relato da viagem de 9 meses que fez com o marido e os dois
lhos (então com 8 e 6 anos) de barco, pelo Caribe. Como editora,
trabalhou na National Geographic Society. Durante a época em que
foi professora da Universidade da Virginia, pesquisou a fundo o
mito em torno de Frankenstein e publicou um livro a respeito.

PRINCIPAIS OBRAS
Coming About: A Family Passage at Sea (1998) • Mad Mary Lamb:
Lunacy and Murder in Literary London (2005) • Frankenstein: As
muitas faces de um monstro (2007) ICTOR HUGO (1802-1885) é
V um dos autores franceses mais célebres de todos os tempos.
Autor de peças, poemas e romances, tornou-se notável como grande
nome do Romantismo e foi, em vida, um ativista de causas sociais,
o que se percebe também em seus livros mais famosos, Os miseráveis
e O corcunda de Notre-Dame, que têm como protagonistas
personagens das classes menos favorecidas, que vivem à margem do
glamour da vida parisiense do século XIX. Victor Hugo foi eleito
para a Academia Francesa de Letras em 1841 e, alguns anos mais
tarde, entrou na vida política ao se eleger para a Assembleia
Nacional da Segunda República. Embora inicialmente eleito pelo
Partido Conservador, rompeu com esse grupo para defender causas
como o sufrágio universal, a educação gratuita para todos e o m da
pena de morte. Por suas posições políticas, foi exilado pelo governo
de Napoleão III e viveu na ilha de Guernsey, no canal da Mancha,
entre 1855 e 1870. Nesse período escreveu obras-primas como Os
miseráveis e Os trabalhadores do mar. Com a proclamação da Terceira
República em 1870, voltou à França, onde foi aclamado como herói
nacional e eleito novamente para cargos legislativos. As
comemorações do seu 80o aniversário ocorreram em grande estilo
pelo país. Victor Hugo morreu de pneumonia aos 83 anos de idade,
causando consternação nacional. Mais de dois milhões de pessoas
acompanharam o cortejo fúnebre desde o Arco do Triunfo até o
Panteão, onde foi enterrado.

PRINCIPAIS OBRAS
Odes e poesias diversas (1822) • Han da Islândia (1823) • Novas odes
(1824) • Bug-Jargal (1826) • Odes e baladas (1826) • Cromwell (1827)
• As orientais (1829) • O úl mo dia de um condenado (1829) •
Hernani (1830) • Nossa Senhora de Paris (O corcunda de Notre-Dame)
(1831) • Marion De Lorme (1831) • As folhas do outono • O rei se
diverte (1832) • Lucrécia Borgia (1833) • Maria Tudor (1833) • Estudo
sobre Mirabeau (1834) • Literatura e loso a entremeadas (1834) •
Claude Gueux (1834) • Angelo (1835) • Os cantos do crepúsculo (1835)
• As vozes (1837) • Ruy Blas (1838) • Os raios e as sombras (1840) • O
Reno (1842) • Os Burgraves (1843) • Napoleão, o pequeno (1852) • Les
Châ ments (1853) • Cartas a Louis Bonaparte (1855) • As
contemplações (1856) • A lenda dos séculos (1859) • Os miseráveis
(1862) • William Shakespeare (1864) • Canções das ruas e dos bosques
(1865) • Os trabalhadores do mar (1866) • Paris (1867) • O homem
que ri (1869) • O ano terrível (1872) • Noventa e três (1874) • Meus
lhos (1874) • Atos e palavras: Antes do exílio (1875) • Atos e palavras:
Durante o exílio (1875) • Atos e palavras: Depois do exílio (1876) • A
lenda dos séculos – 2a série (1877) • A arte de ser avô (1877) • História
de um crime (1877-1878) • O papa (1878) • Vida ou morte (1875) •
Religião e religiões (1880) • O burro (1880) • Os quatro ventos do
espírito (1881) • Torquemada (1882) • A lenda dos séculos – 3a série
(1883) • O arquipélago da Mancha (1883)
W SHAKESPEARE (1564-1616) foi um poeta, dramaturgo e ator
ILLIAM

inglês, considerado universalmente como um dos maiores autores


de todos os tempos. Nasceu em Stratford-upon-Avon, e até hoje as
principais atrações turísticas dessa pequena cidade giram em torno
do autor. Shakespeare trabalhou como ator e escritor em Londres,
teve uma companhia de teatro e atuou com frequência no teatro e
Globe. Segundo os estudiosos, a maior parte de sua obra foi escrita
ente 1590 e 1613, mas muitas peças só foram publicadas anos mais
tarde. Conhecido como “O Bardo”, Shakespeare é até hoje o
dramaturgo mais popular da história. Escreveu tragédias, comédias
e dramas históricos, entre os quais alguns dos maiores clássicos da
literatura, como Romeu e Julieta, Hamlet, Macbeth e Rei Lear. Suas
peças foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e
são mais encenadas que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos
de seus textos e temas permanecem atuais até os nossos dias, sendo
revisitados com frequência, especialmente no teatro, na televisão,
no cinema e na literatura.

PRINCIPAIS OBRAS
Henrique VI (partes 1, 2 e 3) (1590) • Romeu e Julieta (1591-1596) •
Ricardo III (1592) • A comédia dos erros (1592) • Titus Andronicus
(1593) • A megera domada (1593) • Os dois cavalheiros de Verona
(1594) • Trabalhos de amor perdidos (1594) • Conto de inverno (1594-
1610) • Ricardo II (1595) • Sonho de uma noite de verão (1595) •
Eduardo III (1596) • Rei João (1596) • O mercador de Veneza (1596) •
Henrique IV (parte 1) (1597) • Henrique IV (parte 2) (1598) •
Henrique V (1599) • Júlio César (1599) • Muito barulho por nada
(1599) • As alegres comadres de Windsor (1599) • Como gostais (1599)
• Hamlet (1599-1600) • Noite de reis (1602) • Tróilo e Créssida (1602)
• Tudo bem quando termina bem (1603) • Otelo, o mouro de Veneza
(1603) • Rei Lear (1603-1606) • Macbeth (1603-1606) • Medida por
medida (1603) • Antônio e Cleópatra (1606) • Coriolano (1607) •
Timão de Atenas (1607) • Péricles, príncipe de Tiro (1608) • Cimbelino
(1609) • A tempestade (1613) • Henrique VIII (1612) • Cardenio (1612)
• Os dois nobres parentes (1612)
Shakespeare é um dos maiores autores da dramaturgia
mundial e sua obra é o sonho de muitos e muitos atores.
Guardo lembranças fabulosas desta montagem de uma de
suas peças mais célebres, Macbeth, dirigida por Ulysses Cruz
em 1992.
ou fanático por literatura policial, uma
S categoria muito abrangente, com uma
produção gigantesca de livros, há várias
décadas. Tem para todos os gostos. Muito por
alto, dá para dividir em três grandes
subcategorias: mistério, suspense e thriller. Os
três gêneros são muito próximos e têm mais
semelhanças do que diferenças. Em todos eles,
um personagem tenta descobrir a verdade ou
impedir que algo ruim aconteça.

é
Mistério
As histórias de mistério muitas vezes são
protagonizadas por detetives, e nelas ca
evidente o aspecto de enigma da trama. Ao
longo do livro o leitor vai descobrindo pistas, e,
se ligar as informações direitinho, vai
desenrolando o mistério junto com o
protagonista. O que a ora aqui é,
principalmente, a curiosidade.
Quando comecei a ler a literatura policial,
fui para os clássicos, e um dos grandes clássicos
da literatura policial é o famoso Sherlock
Ho mes, de A thur Conan Doyle. É um
personagem que todo mundo conhece, mas
nem todo mundo leu. Ler esses livros é algo
interessantíssimo. São poucos os romances*
com Sherlock Holmes, apenas quatro, mas há
uma quantidade enorme de contos. Vale
começar a leitura por eles porque, além de
Sherlock Holmes aparecer ali por inteiro, os
contos são histórias mais curtinhas, para
quem – ainda – tem preguiça de ler um livro
maior.
* Quando dizemos “romance”, muita gente acha que
estamos falando de uma “história de amor”. Não é isso.
Romance é uma forma de escrever uma história. Além do
romance, a história pode ser contada na forma de um conto,
um poema, etc. Os romances normalmente são histórias
maiores. Existem romances policiais, de terror, de cção
cientí ca e até de amor.

Assim como o Conan Doyle, muitos outros


autores famosos criaram grandes detetives,
que viraram sua marca registrada. Um
exemplo é Raymond Chandler, outro clássico
que gostamos de ler. Ele viveu nos Estados
Unidos e publicou a maioria dos seus livros nas
décadas de 1940 e 1950. Seu grande detetive é
Philip Marlowe, que foi levado ao cinema
muitas vezes, por atores famosos. Vale a pena
procurar. Seu livro O sono eterno virou um
lme estrelado por Humphrey Bogart,
chamado À beira do abismo. É uma
apresentação ótima do Marlowe, um detetive
cínico que se envolve com mulheres
misteriosas.
Outro americano muito famoso é Dashiell
Hammett, que escreveu o célebre O falcão
maltês, livro que também virou lme com
Bogart e fez muito sucesso – até hoje ainda faz,
é um clássico do cinema noir americano. O
protagonista de Hamme é Sam Spade, que
trabalha numa agência de detetives e é aquele
típico detetive que usa capa de chuva e chapéu.
Foi Hamme que despertou, digamos
assim, os literatos, a intelectualidade, para esse
gênero literário, porque começou a fazer seus
romances policiais com um toque social e
político, levando a literatura policial em
direção ao que é chamado de “grande
literatura”.
Normalmente, livros policiais, de cção
cientí ca ou terror costumam ser
menosprezados pela intelligentsia, por pessoas
que dizem que “isso não é literatura”. Não
concordo com elas. Se você ler um Dashiell
Hamme , vai ver que tem alta literatura ali.
Infelizmente, muitas vezes isso só é
reconhecido depois que o autor morre.

Suspense
Os livros de suspense são aqueles que nos
deixam grudados nas páginas, querendo ler “só
mais uma página, só mais um capítulo” para
saber o que vai acontecer. Aqui o leitor não está
tão preocupado em decifrar um enigma com
base em pistas, e muitas vezes ele até já sabe
quem cometeu o crime. A motivação é saber:
será que o vilão vai ser apanhado antes de
atacar mais uma vez?
Diferentemente dos livros de mistério, em
que leitor e protagonista vão descobrindo
coisas juntos, no suspense o leitor sabe de
coisas que o personagem ignora, o que provoca
aquela angústia que nos faz quase gritar com o
livro: “Não entre aí!!” É bastante comum que o
protagonista dos livros de suspense não seja
um detetive ou policial, e sim uma pessoa
ordinária que se vê diante de circunstâncias
extraordinárias.
James Ellroy é mais um autor americano,
contemporâneo, que escreveu romances
maravilhosos que se passam na Los Angeles
das décadas de 1940 e 1950. Um de seus livros
mais interessantes é O g ande dese to,
ambientado na época do macarthismo, aquele
período de caça aos comunistas nos Estados
Unidos comandada pelo senador McCarthy e
que prejudicou muita gente por lá. Dashiell
Hamme , a propósito, foi um dos presos pelo
Comitê de Atividades Antiamericanas porque
se recusou a denunciar seus colegas
comunistas. Essa prisão, inclusive, fez com que
ele desenvolvesse uma doença no pulmão, e ele
acabou morrendo por causa disso.
Mas a história pessoal de James Ellroy é
ainda mais curiosa. Ele cou órfão muito
jovem e aos 17 anos já estava preso. Era um
pequeno delinquente, roubava carros, etc.
Dentro da prisão, passou a se interessar por
livros e começou a escrever, tornando-se um
dos maiores autores policiais dos Estados
Unidos.
A mãe de James Ellroy foi vítima de um
crime bárbaro. Ela foi assassinada e
encontraram seu corpo cortado pela metade.
Uma coisa horrível. Muitos anos depois,
quando cou rico e conhecido, Ellroy foi atrás
do detetive responsável pelo caso da mãe, que
nunca havia sido esclarecido. O detetive já
estava aposentado, mas o escritor o contratou e
reabriu o caso.
Ellroy escreveu um livro sobre isso, Dá ia
Neg a. Escolheu esse título porque o
assassinato de sua mãe foi muito parecido com
um famoso caso americano conhecido como
“Dália Negra”. O livro conta a história da nova
investigação sobre o assassinato da mãe de
Ellroy e é muito interessante, porque é baseado
em fatos reais e inclui dados sobre a vida dele e
a do policial aposentado. Um livro que vale a
pena ler.

Thrillers
Nos thrillers, mais do que a racionalidade
de desvendar um enigma, o que move é a
excitação provocada pelo perigo. Nesses livros,
o protagonista corre riscos desde a primeira
página, e o que instiga o leitor é a emoção
intensa. São livros com muita ação, muitas
cenas de perseguição, violência e reviravoltas
dramáticas.
Tem uma história divertida sobre thrillers
que envolve a Editora Sextante (que publica
este livro). Ela foi fundada por um pai e dois de
seus lhos, e nos primeiros anos só editava
livros de não cção. Certo dia, o pai disse que
queria publicar um determinado livro pela
Sextante, mas os lhos estranharam, porque
não era da linha da editora. Mas ele tanto
insistiu que acabou vencendo a resistência e o
livro mudou a vida da editora: era o best-seller
O código Da Vinci, de Dan Brown. É um livro que
eu recomendo, uma leitura divertidíssima, e
Dan Brown é um autor muito interessante,
vale a pena procurar.
Autores b asileiros Tem muito autor
bom de romance policial no B asil.
Raphael Montes, por exemplo, é um
g ande escritor. Seus livros abordam
temáticas interessantíssimas e suas
histórias são ótimas, thrillers
psicológicos de suspense com toques de
terror. Eu li todos: Suicidas, Dias pe feitos,
Jantar secreto, Uma mu her no escuro. Ele é
um autor ext aordinário, já publicado
em vários países e que segu amente vai
fazer muito sucesso em todo o mundo.
Patrícia Melo é uma escritora que admiro
há muitos anos. Ela começou como a lhada (e
fã) do Rubem Fonseca, e rapidamente passou a
ser sua concorrente na linha policial e de
pesquisa da realidade brasileira. Seu livro mais
recente se passa no Acre, o estado brasileiro
com o maior número de feminicídios do país.
Não à toa, o título é Mu heres empi hadas. Na
busca pelos assassinos, na busca por justiça,
ela levanta problemas que as mulheres passam
hoje em dia não só no Brasil, mas no mundo.
Portanto, é um livro atualíssimo por sua
abordagem feminista, digamos assim, e a
Patrícia escreve muito bem.
Outros livros dela que eu recomendo são: O
matador, o primeiro que eu li dessa autora, que
conta a história de um matador – como ele é
criado e se torna o que é; e Inferno, que fez
muito sucesso e ganhou prêmios. Ela tem mais
de dez livros publicados, vale a pena ler
qualquer coisa da Patrícia Melo.
Tony Bellotto é outro autor já consagrado no
estilo policial brasileiro. Já tem uma carreira
estabelecida, mas seu livro mais recente, Dom,
é seguramente o melhor. Eu peguei esse livro
para ler num nzinho de tarde e, quando vi, o
sol já nascia no dia seguinte e eu estava
grudado no livro. Não consegui desgrudar até o
nal, é um livro delicioso sobre a luta de um
pai para tirar o lho do caminho do crime. O
pai, um ex-policial, o lho, um assaltante e
drogado, ambos de classe média.
E como é bom descobrir autores que você
nunca leu. Recentemente li um livro
maravilhoso da Eliana Alves Cruz, O crime do Cais
do Valongo. É um suspense, tem assassinato e é
história do Brasil na veia. Bem interessante.
Em 2020 perdemos dois grandes autores da
cção policial no Brasil, num intervalo de
apenas dois dias: Rubem Fonseca e Luiz Alfredo
Garcia-Roza. Rubem Fonseca foi um verdadeiro
mestre, escreveu livros que se tornaram
clássicos, como Fe iz ano novo e Agosto, entre
muitos outros, além de ter criado o
maravilhoso investigador Mandrake. E Garcia-
Roza criou e desenvolveu, ao longo de vários
livros, um ótimo personagem, o delegado
Espinosa, de Copacabana, que circula pelo Rio
de Janeiro solucionando os mais diversos
crimes.

Sherlock Ho mes – Ob a completa As aventu as de Sherlock O sono eterno


A thur Conan Doyle Ho mes A thur Conan Doyle Raymond Chandler 256
416 páginas páginas
Editora Zahar Editora Alfaguara
1.808 páginas
Editora
HarperCollins

O falcão maltês O g ande dese to Dá ia Neg a


Dashiell Hamme 296 páginas James Ellroy James Ellroy
Editora Companhia 528 páginas 448 páginas
das Letras Editora Record Editora BestBolso

O código Da Vinci Dan Brown Uma mu her no escuro Jantar secreto


432 páginas Raphael Montes Raphael Montes
256 páginas
Editora Arqueiro Editora Companhia 368 páginas
das Letras Editora Companhia
das Letras

Suicidas Dias pe feitos Mu heres empi hadas Patrícia


Raphael Montes Raphael Montes Melo
342 páginas 280 páginas 240 páginas
Editora Companhia Editora Companhia Editora Leya
das Letras das Letras

O matador Inferno Dom


Patrícia Melo Patrícia Melo Tony Bello o
240 páginas 392 páginas 344 páginas
Editora Rocco Editora Rocco Editora Companhia
das Letras
O crime do Cais do Valongo E iana Fe iz ano novo Agosto
Alves Cruz 202 páginas Rubem Fonseca Rubem Fonseca
Editora Malê 184 páginas 368 páginas
Editora Nova Fronteira Editora Nova Fronteira
AUTORES
CITADOS

RTHUR CONAN DOYLE (1859-1930) foi um


A escritor e médico britânico nascido na
Escócia. Estudou medicina na
Universidade de Edimburgo e ainda na
juventude teve seus primeiros textos
publicados em periódicos locais. Como médico
naval, esteve em viagens pelo Oceano Ártico e
pela África. Depois, manteve um consultório
em diferentes cidades e escrevia nas horas
vagas. Sua criação mais famosa, o detetive
Sherlock Holmes – observador, racional,
analítico, adepto da lógica dedutiva –,
apareceu pela primeira vez em 1887, em Um
estudo em vermelho. As aventuras de Holmes (e
seu amigo Watson) eram publicadas em
periódicos, de maneira seriada, o que se
provou um acerto: os leitores cavam ansiosos
para saber o desfecho dos mistérios. Em 1893,
Conan Doyle resolveu “matar” Holmes, em
uma luta no conto “O problema nal”. O
público cou tão revoltado que o autor voltou
atrás e “ressuscitou” o personagem. Além das
histórias do famoso detetive, Conan Doyle
escreveu obras de não cção sobre assuntos
relacionados principalmente ao espiritismo e à
guerra. Mas seu nome cou para a posteridade
graças a Sherlock Holmes, que aparece em 56
contos e 4 romances de sua autoria – e em
muitas participações e adaptações em obras de
outros.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES COM SHERLOCK HOLMES Um estudo em vermelho (1887)
• O signo dos quatro (1890) • O cão dos Baskervilles (1902) • O vale
do medo (1915) CONTOS COM SHERLOCK HOLMES As aventuras de
Sherlock Holmes (1892) • As memórias de Sherlock Holmes (1894) • A
volta de Sherlock Holmes (1905) • O úl mo adeus de Sherlock Holmes
(1917) • O arquivo secreto de Sherlock Holmes (1927) • e Complete
Sherlock Holmes Short Stories (1928) AN BROWN (1964-) é um
D romancista americano conhecido por seus thrillers de
sucesso. Filho de uma musicista e de um professor de matemática,
passou a infância na Nova Inglaterra com vasto acesso a livros e
outros produtos culturais e cientí cos. Durante seus estudos
acadêmicos, passou uma temporada na Europa, onde se
aprofundou em história da arte. Depois de uma breve carreira
como músico, publicou seu primeiro thriller em 1998, mas apenas
seu quarto livro, O código Da Vinci, fez grande sucesso, ao misturar
religião, simbologia e arte. Protagonizado pelo ctício professor de
simbologia Robert Langdon e lançado em 2003, mais de 100
milhões de exemplares desse livro foram vendidos ao redor do
mundo. Depois do enorme sucesso, Dan Brown continuou
publicando livros com o personagem Langdon, e muitos deles
foram adaptados para o cinema, tendo Tom Hanks no papel
principal.

PRINCIPAIS OBRAS
Fortaleza digital (1998) • Anjos e demônios (2000) • Ponto de impacto
(2001) • O código Da Vinci (2003) • O símbolo perdido (2009) •
Inferno (2013) • Origem (2017) • Sinfonia dos animais (infantil)
(2020) ASHIELL HAMMETT (1894-1961) foi um escritor
D americano e um dos grandes nomes do romance policial e da
literatura noir. Nascido em Maryland, abandonou os estudos aos
14 anos para ajudar no sustento da família. Prestou pequenos
serviços (mensageiro, entregador de jornal, estivador) até
conseguir um emprego em uma agência de detetives, aos 20 anos.
Depois de uma breve passagem pelo Exército no nal da Primeira
Guerra Mundial, teve tuberculose e esteve em diversos sanatórios
em busca de tratamento. Nos anos 1920 começou a ter seus contos
publicados em revistas literárias e a partir de então passou a se
dedicar à escrita. Seu livro mais famoso, O falcão maltês, é de 1930 e
foi adaptado para o cinema com sucesso em 1941, com direção de
John Houston e estrelando Humphrey Bogart no papel do detetive
Sam Spade, mais famosa criação de Hamme . Além de Spade,
criou outros personagens marcantes, como Nick e Nora Charles e o
Continental OP. Com o ilustrador Alex Raymond, criou a tirinha
de jornal Agente Secreto X-9. Publicou extensa obra, entre séries,
romances e contos. Em 1942, após o ataque a Pearl Harbor, alistou-
se novamente no Exército dos Estados Unidos. Veterano de ciente
da Primeira Guerra, vítima de tuberculose e comunista, teve de se
esforçar para ser admitido. Nos anos 1950, foi investigado pelo
Congresso norte-americano e se recusou a cooperar com o Comitê
de Atividades Antiamericanas. Foi preso e em consequência sua
saúde se deteriorou até sua morte em 1961, de câncer de pulmão.

PRINCIPAIS OBRAS
Tiros na noite (1924) • O grande golpe (1927) • Seara vermelha
(1929) • O falcão maltês (1930) • Maldição em família (1930) • A
chave de vidro (1931) • Uma mulher no escuro (1933) • O homem
magro (1934) • Con nental OP (1945) LIANA ALVES CRUZ é uma
E jornalista e escritora carioca. Seu livro O crime do Cais do
Valongo foi semi nalista do Prêmio Oceanos e já foi descrito como
um “romance histórico-policial” que se passa entre Moçambique e
o Rio de Janeiro da época de D. João VI. Seus outros romances
também são históricos e mostram uma faceta pouco abordada da
história do Brasil, a partir do olhar de personagens marginalizados
e escravizados. Eliana também lançou um livro infantil, A copa
frondosa da árvore, que aborda assuntos como memória e
ancestralidade.

PRINCIPAIS OBRAS
Água de barrela (2018) • O crime do Cais do Valongo (2018) • A copa
frondosa da árvore (2019) • Nada digo de , que em não veja
(2020) AMES ELLROY (1948-) é um escritor americano. Nascido
J em Los Angeles, sua infância foi marcada pelo assassinato
brutal de sua mãe quando ele tinha apenas 10 anos. O caso nunca
foi solucionado e Ellroy foi morar com o pai. Abandonou os
estudos e sua juventude foi errática, caracterizada por consumo
excessivo de álcool e drogas, e pela prática de pequenos delitos –
que acabaram por levá-lo à prisão. Na cadeia, contraiu
pneumonia, e quando foi solto arranjou trabalho como caddie em
campos de golfe, um emprego que lhe dava tempo su ciente para
dedicar-se à escrita de romances policiais. Seu estilo característico
é curto, telegrá co, com amplo uso de gírias e, no geral, de caráter
pessimista. Sua obra examina a fundo o tema da corrupção
policial, em especial na Los Angeles dos anos 1940. Entre suas
obras mais famosas estão os quatro romances que formam o
“Quarteto de Los Angeles”: Dália Negra, O grande deserto, Los
Angeles, cidade proibida e Jazz branco. Los Angeles, cidade proibida
teve uma adaptação bem-sucedida para o cinema em 1997, com
elenco estelar: Kim Basinger, Kevin Spacey, Russell Crowe, Guy
Pearce e Danny DeVito.
PRINCIPAIS OBRAS
Brown’s Requiem (1981) • Clandes ne (1982) • Killer on the Road
(1986) • Sangue na Lua (1984) • Por causa da noite (1984) • O morro
do suicídio (1985) • L.A. Noir (1998) • Dália Negra (1987) • O grande
deserto (1988) • Los Angeles, cidade proibida (1990) • Jazz branco
(1992) • Noturnos de Hollywood (1994) • Tabloide americano (1995)
• Meus lugares escuros (1996) • 6 mil em espécie (2001) • Sangue
errante (2009) UIZ ALFREDO GARCIA-ROZA (1936-2020) nasceu
L no Rio de Janeiro. Formado em loso a e psicologia, foi
professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
autor de oito livros sobre psicanálise e loso a. Deixou a vida
acadêmica para dedicar-se à cção policial e às investigações do
delegado Espinosa, personagem central de quase todas as suas
histórias. Seu romance de estreia, O silêncio da chuva, recebeu os
prêmios Nestlé de Literatura (1996) e Jabuti (1997), além de ter
sido traduzido para vários idiomas.

PRINCIPAIS OBRAS
O silêncio da chuva (1996) • Achados e perdidos (1998) • Vento
sudoeste (1999) • Uma janela em Copacabana (2001) • Perseguido
(2004) • Berenice procura (2005) • Espinosa sem saída (2006) • Na
mul dão (2007) • Céu de origamis (2009) • Fantasma (2012) • Um
lugar perigoso (2014) • A úl ma mulher (2019) ATRÍCIA MELO
P (1962-) é uma escritora, dramaturga e roteirista brasileira,
aclamada como uma das principais vozes contemporâneas da
cção urbana. Venceu o Prêmio Jabuti de Literatura em 2001 com
Inferno, além de ter sido contemplada em diversas premiações
internacionais. Em 1999, foi incluída pela revista Time entre os
cinco melhores autores latino-americanos do novo milênio. Suas
obras tiveram os direitos vendidos para diversos países.

PRINCIPAIS OBRAS
Acqua Toffana (1994) • O matador (1995) • Elogio da men ra (1998)
• Inferno (2000) • Valsa negra (2003) • Mundo perdido (2006) •
Jonas, o Copromanta (2008) • Ladrão de cadáveres (2010) •
Escrevendo no escuro (2011) • Fogo-fátuo (2014) • Gog Magog (2017)
• Mulheres empilhadas (2019) APHAEL MONTES (1990-) é um
R advogado e escritor carioca. Seu primeiro livro, o suspense
policial Suicidas, foi nalista do Prêmio Benvirá de Literatura 2010,
do Prêmio Machado de Assis 2012 da Biblioteca Nacional e do
prestigiado Prêmio São Paulo de Literatura 2013. Seu romance Dias
perfeitos teve os direitos de tradução vendidos para 22 países.

PRINCIPAIS OBRAS
Suicidas (2012) • Dias perfeitos (2014) • O vilarejo (2015) • Jantar
secreto (2016) • Bom dia, Verônica (2016/2019) • Uma mulher no
escuro (2019) AYMOND CHANDLER (1888-1959) foi um
R romancista e roteirista americano. Nascido em Chicago,
passou a infância e juventude na Irlanda e em Londres. Em 1912
retornou aos Estados Unidos e anos mais tarde participou de
batalhas na Primeira Guerra Mundial, em território francês. Após
o con ito, trabalhou numa empresa petrolífera americana, mas
sua carreira corporativa terminou com a Grande Depressão. Na
década de 1930 começou a ter suas histórias policiais publicadas
em revistas, e a primeira aparição de sua criação mais famosa, o
detetive Philip Marlowe, foi em 1939 no livro O sono eterno. Sua
in uência no gênero policial, especialmente no estilo da escrita, é
imensa. Vários de seus romances tiveram adaptações bem-
sucedidas para o cinema – Humphrey Bogart imortalizou Marlowe
e praticamente de niu o que até hoje entendemos como o jeito
característico do “detetive particular”, com capa de chuva e
chapéu. Como roteirista, Chandler trabalhou com famosos
diretores, como Billy Wilder e Alfred Hitchcock.

PRINCIPAIS OBRAS
O sono eterno (1939) • Adeus, minha adorada (1940) • Janela para a
morte (1942) • A dama do lago (1943) • A irmã mais nova (1949) • O
longo adeus (1954) • Para sempre ou nunca mais (1958) • Amor e
morte em Poodle Springs (1959) UBEM FONSECA (1925-2020) foi um
R escritor brasileiro expoente do gênero policial. Nascido em
Juiz de Fora (MG), radicou-se no Rio de Janeiro ainda na infância.
Formou-se na Faculdade de Direito da UFRJ e trabalhou por anos
como comissário de polícia, o que teve grande in uência em sua
escrita – urbana e muitas vezes violenta. Iniciou sua carreira
literária publicando contos nos anos 1960, e muitos deles se
tornaram clássicos do gênero, como A coleira do cão, Lúcia
McCartney, O cobrador e Feliz ano novo – o governo militar
censurou e proibiu de circular este último, publicado em 1976.
Além dos contos, publicou diversos romances ao longo da vida,
alguns protagonizados pelo personagem Mandrake, um detetive
carioca. Entre os romances destacaram-se A grande arte e Agosto,
que trata do suicídio de Getúlio Vargas e foi adaptado para a TV em
1993. Rubem Fonseca manteve-se ativo e escrevendo até pouco
antes de sua morte, em 2020.
PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES O caso Morel (1973) • A grande arte (1983) • Bufo &
Spallanzani (1986) • Vastas emoções e pensamentos imperfeitos
(1988) • Agosto (1990) • O selvagem da ópera (1994) • E do meio do
mundo pros tuto só amores guardei ao meu charuto (1997) • O doente
Molière (2000) • Diário de um fescenino (2003) • Mandrake: A Bíblia
e a bengala (2005) • O seminarista (2009) • José (2011) CONTOS Os
prisioneiros (1963) • A coleira do cão (1965) • Lúcia McCartney
(1969) • O homem de fevereiro ou março (1973) • Feliz ano novo
(1975) • O cobrador (1979) • Romance negro e outras histórias (1992)
• O buraco na parede (1995) • Histórias de amor (1997) • A confraria
dos espadas (1998) • Secreções, excreções e desa nos (2001) •
Pequenas criaturas (2002) • 64 contos de Rubem Fonseca (2004) • Ela
e outras mulheres (2006) • Axilas e outras histórias indecorosas
(2011) • Amálgama (2013) • Histórias curtas (2015) • Calibre 22
(2017) • Carne crua (2018) ONY BELLOTTO (1960-) é um
T músico e escritor paulistano. Guitarrista e um dos fundadores
da famosa banda de rock Titãs, lançou em 1995 seu romance de
estreia, Bellini e a es nge, primeiro de uma série protagonizada
pelo detetive Remo Bellini pelos submundos de São Paulo. Desde
então, segue publicando livros regularmente, a maioria deles
identi cada com o gênero policial.

PRINCIPAIS OBRAS
Bellini e a es nge (1995) • Bellini e o demônio (1997) • BR163: Duas
histórias na estrada (2001) • O livro do guitarrista (2001) • Bellini e
os espíritos (2005) • Os insones (2007) • No buraco (2010) • Machu
Picchu (2013) • Bellini e o labirinto (2014) • Família (2015) • Lô
(2018) • Dom (2020)
Distopias
Para falar sobre esse assunto, primeiro
temos que entender do que estamos falando. O
que é uma distopia? É o contrário de “Utopia”,
uma palavra criada por omas More que deu
título a um livro escrito por ele e publicado em
1516. A tradução literal da palavra é “lugar que
não existe”. Como a Utopia de omas More era
um lugar que não existia, mas onde as coisas
sempre davam certo, a palavra “utopia” passou
a ser associada a coisas boas. Por conseguinte,
“distopia” é o lugar que não existe, mas onde as
coisas sempre dão errado, e portanto a palavra
é associada a coisas ruins.
Nessa área há livros fabulosos para indicar.
Um deles é Admirável mundo novo, do autor
inglês Aldous Huxley, uma das distopias mais
conhecidas. Ele publicou esse livro em 1932 e,
25 anos depois, lançou Regresso ao admirável
mundo novo, em que comenta todos os acertos
de 25 anos antes. Em seu livro, Huxley fala de
coisas que até hoje são revolucionárias: bebê de
proveta, organização social limitada,
autoritarismo, etc. Escrito antes da Segunda
Guerra Mundial, o livro antecipa problemas
que ocorreriam mais tarde. Ele fala, por
exemplo, de uma energia monstruosa criada
pelo sistema descrito na história, algo
semelhante ao que depois vimos com a criação
da bomba atômica.
Outra distopia famosa e que foi adaptada
para o cinema, com Richard Burton no elenco,
é 1984, de George O well, mais um autor inglês.
Ele escreveu o livro em 1948 e quis que esse
ano fosse o título do livro, mas seu editor
achou que seria pesado demais, a nal Orwell
fazia ali uma denúncia muito séria. Assim,
1984 cou para sempre identi cado como “o
ano da distopia”. Infelizmente é um livro que
lemos assustados, pois muitas coisas que ele
levanta estão acontecendo ainda hoje. Vale a
pena ler, é uma história muito intrigante.
Recentemente, graças a uma série de TV,
outra distopia cou bastante conhecida entre o
grande público: O conto da aia, de Margaret
Atwood. É um livro escrito em 1985 e que levou
muito tempo para ser adaptado para as telas.
Dizem que a primeira temporada da série é
interessantíssima, porque é baseada
integralmente no livro. Depois, para outras
temporadas, os roteiristas criaram uma
história paralela que não existe na obra
original. É uma distopia assustadora pela sua
atualidade e um livro muito bem escrito.
Um livro distópico que gostei muito de ler é
o romance de estreia da linguista americana
Christina Dalcher, Vox. Foi lançado em 2019 e é
um livro assustador – algumas amigas minhas
não conseguiram ler até o m. (Eu nunca
entendo quem não consegue ler um livro até o
m porque se assusta com a história. Para
mim, esse incômodo todo é uma indicação de
que o livro é bom demais.) Vox conta a história
de uma sociedade em que as mulheres são
proibidas de falar mais de cem palavras por dia
– para dar uma noção, apenas este parágrafo
tem mais de cem palavras, então imagine o
que seria essa limitação para elas.
Outra distopia muito conhecida, e que eu
adoro, é Fahrenheit 451, de Ray B adbu y, um
grande autor americano de fantasia e cção
cientí ca. Esse livro também foi levado ao
cinema, num belíssimo lme de François
Truffaut. O título Fahrenheit 451 é uma
referência à temperatura em que os livros
pegam fogo (na escala Fahrenheit – na nossa
escala de graus Celsius, é algo em torno de
232ºC).
Essa distopia mostra uma sociedade em
que os bombeiros, em vez de apagar fogo, são
chamados para incendiar livros. É
impressionante pela atualidade do tema e
muito interessante porque mostra uma
sociedade bastante parecida com a de hoje em
dia – tem muita gente por aí que, se pudesse,
queimaria uma porção de livros.
La anja mecânica é mais uma distopia
famosa adaptada para o cinema, um ótimo
lme de Stanley Kubrick. O autor é Anthony
Burgess, outro inglês, inclusive contemporâneo
de George Orwell. Além de Laranja mecânica,
Burgess escreveu outra distopia chamada 1985,
que não cou tão famosa quanto o 1984 do
Orwell.
Laranja mecânica é um livro especialmente
diferente porque, além de ser uma distopia,
traz uma nova língua criada pelo autor,
chamada “nadsat”. Tem uma espécie de
dicionário, e é até divertido ler o livro e
procurar as palavras dessa língua inventada
nesse dicionário que ele mesmo criou.
Recentemente, li um livro do autor
americano Philip Roth, eterno candidato ao
Prêmio Nobel (não ganhou esse, mas levou
todos os outros prêmios literários nos Estados
Unidos). Esse livro, por coincidência, é mais
uma distopia: Complô cont a a América. (É uma
“distopia” entre aspas, porque o nal é mais ou
menos feliz.) É curioso como os americanos,
que até hoje para nós parecem ter as
instituições mais rmes e mais fortes da
democracia ocidental, se preocupam tanto
com isso.
Roth não foi o primeiro autor americano a
escrever distopias ambientadas nos Estados
Unidos. Antes dele, outros se preocuparam
com o que pode acontecer com as instituições
democráticas, como por exemplo Sinclair
Lewis, com Não vai acontecer aqui, ou Jack
London, em O tacão de ferro. Este último retrata
como seriam os Estados Unidos sob um regime
fascista.
Jack London, aliás, é um autor que eu
adoro e recomendo sempre, e sobre quem
tenho uma história curiosa. Quanto eu tinha
cerca de 14 anos, li uma biogra a do Lênin –
eu já era meio metido naquela época – escrita
por Louis Fisher. Ali eu soube que Lênin só
gostava de um único escritor americano: Jack
London. Fiquei com aquilo na cabeça e achei
que precisava conhecer esse autor.
Fui a uma livraria que existia, na época, na
Praça Roosevelt, e entrando lá encontrei um
senhorzinho sentado: era o livreiro. Fiquei
procurando, olhando as estantes, até que ele se
aproximou e perguntou se poderia me ajudar.
– O senhor tem livros de um autor
chamado Jack London? – perguntei.
Ele hesitou um pouco e perguntou, com ar
de curiosidade diante daquele adolescente: –
Por que você quer ler Jack London?
– Porque eu li uma biogra a do Lênin e vi
que ele gostava do Jack London – expliquei.
Ele me olhou, examinou e por m me
chamou para perto e disse: – Venha aqui, deixa
eu te mostrar uma coisa.
Fui até o outro lado do balcão, e ali havia
uma coleção inteira do Jack London, uns 30
volumes. Jack London morreu muito cedo,
com 40 e poucos anos, mas escreveu mais de
40 romances. O detalhe é que, naquela época,
esse autor não era publicado no Brasil. Aquela
era uma coleção de toda a obra do Jack
London, mas lançada por uma editora
portuguesa.
Empolgado, eu falei que ia levar a coleção
inteira. Mas, para minha surpresa, ele não quis
fazer essa venda.
– Eu vou te vender um livro do Jack London
– disse o livreiro. – Se você ler e gostar, volte
aqui e eu te vendo o segundo.
Bom, não preciso nem dizer que eu li os
trinta livros e tenho essa coleção até hoje,
graças a esse fantástico livreiro, chamado Tise.
Depois, conhecendo melhor o meu gosto,
Tise me indicou pelo menos 90% dos livros de
história que eu li naquela época. Eu tenho uma
dívida eterna de gratidão a esse livreiro e uma
imensa admiração por esses pro ssionais, tão
raros hoje em dia.

Terror
Eu às vezes faço uma la de livros. Se
começo a ler sobre um assunto, resolvo me
aprofundar no tema e vou en leirando os
livros relacionados. Mas essa la é
constantemente furada por outras las, por
vários motivos. Se um amigo fala que leu um
livro muito bom, eu já quero ler. Ou um
colunista num jornal ou numa revista
recomenda um título, eu já corro pra comprar.
Então a la vai se rami cando. Às vezes eu
volto para a la original. Outras vezes, a coisa
vai de tal jeito que nem me lembro mais por
que havia feito aquela la.
Por exemplo, há pouco tempo li A ascensão
de Atenas, de Anthony Everitt, um livro
delicioso de história, um assunto que adoro (e
sobre o qual falarei mais adiante). Sempre que
aparece uma pesquisa nova sobre história da
Grécia, lá estou eu lendo.
Com isso, nessa la de livros relacionados
ao assunto da Grécia, separei Vidas pa alelas, de
Plutarco, um autor que viveu no século I d.C. e
escreveu sobre heróis gregos e romanos. É
interessante, porque ele conta a vida de um
personagem importante da Grécia e faz um
paralelo com um personagem romano que teve
a mesma relevância na mesma época.
Mas tem um autor que sempre fura as
minhas las e acabou deixando Plutarco para
trás.
Esse autor, antes de car famoso, era
professor de inglês, escrevia contos e os
mandava para revistas, mas os contos sempre
eram recusados, devolvidos com cartinhas de
desculpas, e as revistas nunca publicavam
nada. Ele continuou escrevendo e chegou a
terminar um romance, mas acabou o jogando
no lixo, achando que não ia dar em nada. Sua
mulher, passando pelo lixo, viu aquele monte
de papel, pegou e levou para um editor. O livro
foi publicado e fez o maior sucesso. Seu título
era Carrie, a est anha. O autor: Stephen King.
Isso aconteceu há mais de 50 anos, e, de lá
pra cá, Stephen King vem nos brindando com
uma nova história de terror pelo menos uma
vez por ano.
Ele fura todas as minhas las – e acabou de
fazer isso aqui com O instituto, seu lançamento
de 2019, que já me disseram que é o “pior”
livro dele – no sentido de “mais aterrorizante”.
Stephen King é um dos autores mais
lmados da história do cinema americano.
Mais de 45 histórias suas já foram levadas às
telas, algumas com extraordinário sucesso,
como por exemplo It: A coisa. Já foram feitos
três lmes sobre esse livro. Um deles, se não
me engano, é o único lme de terror que bateu
a marca de 300 milhões de dólares na primeira
semana de exibição.
Nem todos os lmes baseados em obras de
Stephen King são bons – aliás, a maioria não é
tão boa quanto os livros. Ele chegou inclusive a
brigar com Stanley Kubrick por não concordar
com a adaptação desse diretor para seu livro O
iluminado – e, cá entre nós, eu concordo com
King. Apesar de ter feito um belo lme,
estrelado por Jack Nicholson, Kubrick destruiu
o romance original. Eu pre ro o livro.
Stephen King é um autor fantástico porque
não se limita a escrever apenas um tipo de
livro de terror. Não. Ele escreve todos os tipos
de terror, e até se aventura em outros gêneros:
já escreveu alguns livros de fantasia, como a
série Torre Negra, e também policiais, como os
livros protagonizados por Bill Hodges, um
detetive aposentado (Mr. Mercedes, Achados e
perdidos e Último turno).
Em Joyland, por exemplo, ele brinca com os
gêneros policial, terror e pulp c on (aqueles
livros publicados em papel barato, vendidos
em banca de jornal). A capa do livro é uma
imagem que remete às capas da década de
1950. Eu gostei muito, adoro quando ele tenta
alguma coisa diferente, porque ele sempre
consegue se sair bem. Stephen King é
extraordinário.
Eu tenho uma mania: como adoro Stephen
King e sei que ele publica pelo menos um livro
por ano, guardo a leitura dele para quando eu
viajo. Toda vez que vou viajar, tenho um livro
do Stephen King e já vou lendo no avião.
Quando estou começando a descansar, pego
um Stephen King para me dar um susto
durante o voo.
Para quem quer começar a ler esse autor,
recomendo Jogo perigoso. É um livro
aterrorizante, mas é outro tipo de terror. Esse é
um grande lance do King, ele pega qualquer
espécie de possibilidade de terror e aprofunda.
Se você acha que nascer uma espinha no dia do
primeiro encontro com a namorada é um
terror, ele pega isso e transforma num
verdadeiro terror.
Como não podia deixar de ser, outro autor
muito bom na linha do terror é Joe Hill. Não
por acaso, ele é lho do Stephen King, mas não
usa o sobrenome do pai, talvez para não car à
sua sombra. E não precisa mesmo, porque já
faz muito sucesso e emplacou vários livros.
Vale a pena conferir se ele seguiu mesmo a
trilha do pai.
Outro autor que eu adoro é Dean Koontz,
que, além de terror, também escreve policiais.
Um deles é Velocidade, um romance policial
daqueles que você não consegue parar de ler e
que dei de presente para muita gente. Mas
Koontz se especializou em livros de terror. Um
de seus personagens mais interessantes se
chama Odd e é um homem que consegue ver
os mortos e se comunicar com eles. Os mortos
o procuram para que Odd solucione os seus
assassinatos e eles possam ter paz. Uma
mistura de terror, policial e suspense.

Uma editora especializada em livros de


terror e suspense, que produz edições muito
caprichadas, é a Darkside. Essa editora lançou,
por exemplo, uma coletânea de um autor que
sempre recomendo para quem gosta de
clássicos de terror mais antigos: H. P. Lovec aft.
O livro pertence a uma coleção e o título é
Medo clássico: Volume 1.
Há pouco tempo peguei um ótimo livro
dessa editora, uma antologia de histórias de
terror de autores brasileiros que a gente jamais
imaginou que escrevessem terror, como por
exemplo Machado de Assis, Afonso Arinos,
Aluísio Azevedo, João do Rio, Coelho Neto e
outros. O livro se chama Medo imo tal e eles
batizaram o grupo de autores como “Academia
Sobrenatural Brasileira de Letras”, porque
inclui muitos membros da ABL. A edição da
Darkside é de capa dura, parece que o título é
impresso com ouro (lembra algumas edições
da Bíblia). É uma leitura fantástica, primeiro
pelo conteúdo e segundo por ser uma obra de
arte.
Isso remete à eterna questão do preconceito
literário. Todos esses autores são consagrados,
alguns são “imortais” da ABL, e por alguma
razão a “crítica” (com muitas aspas) rejeitou
esses contos maravilhosos, só por serem de um
gênero que considerava “menor”. Como assim?
Machado de Assis escrevendo sobre terror
nunca será “menor”. Um gênero nunca será
menor, a não ser que o autor seja menor. Mas,
nesse caso, ele pode escrever sobre qualquer
coisa e será ruim. Ou seja: se o autor é bom,
não existe gênero “menor”.

Ficção científica
Como já deve ter dado para perceber, eu
adoro ler qualquer coisa – se for boa. Ficção
cientí ca também está na minha lista.
Recentemente, li a biogra a de um grande
autor de cção cientí ca que eu recomendo de
olhos fechados: Philip K. Dick.
Você provavelmente já viu algum lme
baseado em alguma obra dele e talvez não
saiba. Dick começou a car famoso no ano de
sua morte, quando foi lmado o mais célebre
lme baseado em um livro seu: Blade Runner.
Outras adaptações famosas de suas obras são
Minority Repo t, O vingador do futuro e O homem
do castelo alto (série de TV).
Philip K. Dick era um louco muito criativo,
que tinha ideias maravilhosas. Em O vingador
do futuro (uma tradução infeliz do título
original, Total Recall), ele inventa uma
empresa, no futuro, que vende memórias de
viagens. Funciona da seguinte forma: quando
você viaja a turismo para qualquer parte do
mundo, depois que volta, o que ca? Alguma
lembrancinha que você comprou e, em grande
parte, a memória da sua viagem. Nesse livro,
então, a empresa faz o seguinte: você não
precisa mais viajar, basta procurar a rma e
eles implantam na sua cabeça a memória da
viagem que você gostaria de fazer. E entre os
destinos possíveis estão até outros planetas.
Essa é a premissa de Total Recall/O vingador
do futuro. Mas, naturalmente, o Philip K. Dick,
completamente louco, decide que um cara que
vai fazer um implante de memória descobre
que é, na verdade, um espião intergaláctico,
evoluindo numa trama mirabolante.
A biogra a de Philip K. Dick, escrita por
Emmanuel Carrère, é muito boa. O título já
mostra a loucura da cabeça dele: Eu estou vivo e
vocês estão mo tos.

Outro autor de cção cienti ca muito


importante, e que eu adoro, é o “bom doutor”
Isaac Asimov. Ele cou conhecido por ter criado
as “leis da robótica” que acabaram se tornando
tão relevantes que foram seguidas por outros
autores de cção cientí ca.
São três as leis da robótica:
. Um robô jamais pode machucar um ser
humano.
. Um robô tem que obedecer a um ser
humano, desde que não infrinja a primeira
lei.
. Um robô tem que se proteger, desde que
não infrinja as duas primeiras leis.

Essas leis da robótica criadas por Asimov


foram uma forma de tranquilizar as pessoas
nos primórdios da cção cientí ca, porque
naquela época estavam sendo publicados
muitos livros dizendo que as máquinas eram
perigosas, que os robôs iam dominar a
humanidade até causar sua extinção, etc. Ao
criar essas leis, Asimov quis dizer que, na
verdade, o robô podia ser controlado.
Um livro dele que eu recomendo é Eu, robô,
que inclui uma série de histórias de robôs que
entram em con ito por causa das três leis da
robótica. Uma delas deu origem ao lme de
mesmo título, com Will Smith. É muito
interessante, porque nesse livro Asimov
discute questões éticas e políticas através dessa
projeção para o futuro.
Embora não seja conhecido
especi camente como autor de cção
cientí ca, Michael Crichton é um autor muito
criativo, que escreveu sobre tudo. (Inclusive ele
é o autor da série de TV E. R. (Plantão Médico),
que se passa na emergência de um hospital e
que lançou George Clooney como o grande galã
que é até hoje. Gosto muito de seus livros,
alguns deles ambientados no futuro.) O livro
de Crichton de que mais gosto e que considero
mais ligado a cção cientí ca é Presa. É uma
história sobre nanotecnologia que se passa no
futuro, em uma época em que aparelhos
microscópicos são injetados nos seres
humanos e cam percorrendo o corpo todo,
consertando o que não está funcionando
perfeitamente. O problema é que os
nanoaparelhos acabam se reunindo, e aí já viu,
né?

Admirável mundo novo 1984 O conto da aia


Aldous Huxley George Orwell Margaret Atwood
312 páginas 416 páginas 368 páginas
Editora Biblioteca Azul Editora Companhia Editora Rocco
das Letras
Vox Fahrenheit 451 La anja mecânica
Christina Dalcher Ray Bradbury Anthony Burgess
320 páginas 216 páginas 288 páginas
Editora Arqueiro Editora Biblioteca Azul Editora Aleph

Complô cont a Não vai acontecer aqui O tacão de ferro


a América Sinclair Lewis Jack London
Philip Roth 408 páginas 270 páginas
440 páginas Editora Alfaguara Editora Boitempo
Editora Companhia
de Bolso
A ascensão de Atenas Alexandre e César (Vidas Carrie, a est anha
Anthony Everi pa alelas) Stephen King
488 páginas Plutarco 200 páginas
Editora Crítica 224 páginas Editora Suma
Editora Nova Fronteira

O instituto It: A coisa O iluminado


Stephen King Stephen King Stephen King
544 páginas 464 páginas
Editora Suma Editora Suma
1.104
páginas
Editora Suma
Mr. Mercedes Achados e perdidos Último turno
Stephen King Stephen King Stephen King
419 páginas 352 páginas 344 páginas
Editora Suma Editora Suma Editora Suma

Joyland Jogo perigoso Tempo est anho


Stephen King Stephen King Joe Hill
240 páginas 336 páginas 448 páginas
Editora Suma Editora Suma Editora HarperCollins
Velocidade Odd Thomas Medo clássico: Volume 1
Dean Koontz Dean Koontz H. P. Lovecra
384 páginas 448 páginas 384 páginas
Editora Nova Fronteira Editora Record Editora Darkside

Medo imo tal Boxe Essencial PKD: Blade Rea idades adaptadas: Os contos
Academia Sobrenatural Runner, de Phi ip K. Dick que inspi a am
Brasileira de Letras O homem do castelo alto e Ubik g andes sucessos do cinema
(Vários autores) 464 páginas Phi ip K. Dick Phi ip K. Dick
Editora Darkside 848 páginas 304 páginas
Editora Aleph Editora Aleph
Eu estou vivo e vocês estão Eu, robô Presa
mo tos Isaac Asimov Michael Crichton
Emmanuel Carrère 320 páginas 472 páginas
360 páginas Editora Aleph Editora Rocco
Editora Aleph
AUTORES
CITADOS

LDOUS HUXLEY (1894-1963) foi um


A escritor inglês. Mais conhecido pelos seus
romances, como Admirável mundo novo,
Huxley também foi editor da revista Oxford
Poetry e teve publicados contos, poesias,
literatura de viagem e roteiros de lmes.
Passou parte da sua vida nos Estados Unidos e
viveu em Los Angeles de 1937 até a sua morte.
Era humanista e paci sta, e se interessava por
loso a e misticismo ocidental e oriental. Em
As portas da percepção (1954), interpretou sua
própria experiência psicodélica com mescalina.
Em seu romance mais famoso, Admirável
mundo novo (1932), e em seu último romance,
A ilha (1962), apresentou sua visão de distopia
e utopia, respectivamente. No nal da vida,
Huxley foi amplamente reconhecido como um
dos principais intelectuais de sua época.
PRINCIPAIS OBRAS
Limbo (1920) • Férias em Crome (1921) • Ronda grotesca (1923) • O
chapéu mexicano (1924) • Folhas inúteis (1925) • Duas ou três graças
(1926) • Contraponto (1928) • Satânicos e visionários (1929) •
Admirável mundo novo (1932) • Contos escolhidos (1932) • Sem olhos
em Gaza (1936) • O despertar do mundo novo (1937) • Também o
cisne morre (1939) • Eminência parda (1941) • A arte de ver (1943) •
O tempo deve parar (1945) • A loso a perene (1946) • O macaco e a
essência (1949) • Os demônios de Loudun (1952) • As portas da
percepção (1954) • O gênio e a deusa (1955) • Céu e Inferno (1956) •
Regresso ao Admirável mundo novo (1959) • A ilha (1962) • A
situação humana (póstumo) (1978) NTHONY BURGESS (1917-
A 1993) nasceu em Manchester, Inglaterra. Formou-se em
Literatura Inglesa pela Universidade de Manchester, serviu no
Exército e, entre 1954 e 1960, trabalhou como professor junto ao
Serviço Colonial Britânico na Malásia. Ao retornar à terra natal,
recebeu a notícia de que tinha um tumor no cérebro.
Desenganado, Burgess passou a escrever intensamente para
garantir o sustento da esposa após sua morte. Foi nesse período
que concebeu Laranja mecânica (1962). Porém o diagnóstico estava
errado e o autor viveu até os 76 anos. Morreu em 1993 e deixou
uma grande obra em quantidade e qualidade, entre romances,
peças de teatro, estudos literários e roteiros de cinema e TV. A fusão
de linguagens e idiomas para a criação de novos dialetos também é
uma característica marcante de seu trabalho, sendo o “nadsat”
uma mescla de gírias de gangues inglesas e palavras do idioma
russo – um legado até hoje revisitado.

PRINCIPAIS OBRAS
Time for a Tiger (1956) (volume 1 da trilogia Malayan) • e Enemy
in the Blanket (1958) (volume 2 da trilogia Malayan) • Beds in the
East (1959) (volume 3 da trilogia Malayan) • e Right to an Answer
(1960) • e Doctor is Sick (1960) • e Worm and the Ring (1961) •
Devil of a State (1961) • One Hand Clapping (como Joseph Kell)
(1961) • Laranja mecânica (1962) • Sementes malditas (1962) • Mel
para os ursos (1963) • Enderby por dentro (como Joseph Kell) (1963)
(volume 1 do Quarteto Enderby) • e Eve of St. Venus (1964) •
Nada como o sol: Um romance sobre a vida amorosa de Shakespeare
(1964) • A Vision of Ba lements (1965) • Tremor of Intent: An
Eschatological Spy Novel (1966) • Enderby Outside (1968) (volume 2
do Quarteto Enderby) • M/F (1971) • A sinfonia Napoleão (1974) •
e Clockwork Testament, or Enderby’s End (1974) (volume 3 do
Quarteto Enderby) • Beard’s Roman Women (1976) • Abba Abba
(1977) • 1985 (1978) • O homem de Nazaré (1979) • Poderes terrenos
(1980) • As úl mas notícias do mundo (1982) • Enderby’s Dark Lady,
or No End to Enderby (1984) (volume 4 do Quarteto Enderby) • e
Kingdom of the Wicked (1985) • O tocador de piano (1986) • Qualquer
ferro velho (1988) • Mozart and the Wolf Gang (1991) • A Dead Man in
Deptford (1993) • Byrne (1995) NTHONY EVERITT (1940-) é um
acadêmico britânico que escreve regularmente para os jornais
A e Guardian e e Financial Times. Formado pela
Universidade de Cambridge, é professor na Universidade de
No ingham e teve vários livros sobre a cultura europeia
publicados, como e Rise of Rome (A ascensão de Roma), Cicero e
Augustus. Vive perto de Colchester, a primeira cidade inglesa,
fundada pelos romanos.

PRINCIPAIS OBRAS
Cicero: e Life and Times of Rome’s Greatest Poli cian (2001) •
Augustus: e Life of Rome’s First Emperor (2006) • Hadrian and the
Triumph of Rome (2009) • e Rise of Rome: e Making of the World’s
Greatest Empire (2012) • SPQR: A Roman Miscellany (2014) • A
ascensão de Atenas: A história da maior civilização do mundo (2016) •
Alexander the Great: His Life and His Mysterious Death (2019)
C HRISTINA DALCHER é linguista e professora universitária com
doutorado pela Universidade de Georgetown. Seus contos
guraram em mais de 100 publicações ao redor do mundo.
Ganhadora de diversos prêmios, foi nalista do Bath Flash Award e
indicada ao Pushcart Prize. Seu primeiro romance, Vox, foi
publicado em diversos países.

PRINCIPAIS OBRAS
Vox (2018) • Questão de classe (2020) EAN KOONTZ (1945-) é um

D autor americano conhecido por seus livros de suspense,


thriller, horror, fantasia e cção cientí ca. Muito prolí co,
Koontz já lançou mais de 100 romances e contos, utilizando-se de
vários pseudônimos. Em 2020, seu livro Os olhos da escuridão,
publicado quase 40 anos antes, conquistou súbita notoriedade
pelas semelhanças entre o enredo ( ctício) e a pandemia (real) do
vírus Sars-Cov-2.

PRINCIPAIS OBRAS
Os olhos da escuridão (1981) • Os caminhos escuros do coração (1994)
• Intensidade (1995) • Do fundo dos seus olhos (2000) • Odd omas
(2003) • A noite mais escura do ano (2007) • Frankenstein: Cidade
das trevas (2005) • Frankenstein: O lho pródigo (2005) • Velocidade
(2005) • Irmão Odd (2006) • O bom sujeito (2007) • Frankenstein:
Vida e morte (2009) MMANUEL CARRÈRE (1957-) é um escritor,
E roteirista e produtor francês. Nasceu em Paris e estudou no
Institute d’Études Politiques. A novela O bigode foi adaptada para o
cinema pelo próprio Carrère e A colônia de férias conquistou o
Prêmio Femina de 1995. Alguns de seus livros partem de episódios
reais (da vida pública, de sua história familiar e de sua vivência
pessoal) para compor romances que estendem os limites de um
gênero normalmente associado à pura cção.
PRINCIPAIS OBRAS
L’amie du jaguar (1983) • Bravoure (1984) • O bigode (1986) • Hors
d’a einte? (1988) • Eu estou vivo e vocês estão mortos: A vida de Philip
K. Dick (1993) • A colônia de férias (1995) • O adversário (1999) •
Um romance russo (2007) • Outras vidas que não a minha (2009) •
Limonov (2011) • O reino (2015) EORGE ORWELL é o
G pseudônimo de Eric Arthur Blair (1903-1950). Nascido na
Índia, onde seu pai trabalhava para o Império Britânico, estudou
em colégios tradicionais da Inglaterra e entrou para a Polícia
Imperial Britânica, pela qual serviu na Birmânia (atual Mianmar).
Voltou para a Inglaterra e, pouco depois, na primavera de 1928,
mudou-se para Paris, onde passou cerca de dois anos. Em 1932, já
em Londres, conseguiu um emprego como professor em uma
escola para meninos. Nesse mesmo ano, adotou o pseudônimo
George Orwell para a publicação de seu livro Na pior em Paris e
Londres, que saiu no início de 1933. Nos anos seguintes, viajou pela
Inglaterra, investigando as condições sociais da classe
trabalhadora, o que resultou no livro O caminho para Wigan Pier
(1937), em que também desenvolveu argumentos a respeito de
conscientização política e socialismo. Juntou-se à luta marxista
revolucionária na Guerra Civil Espanhola contra Franco e seus
aliados Mussolini e Hitler. Mais tarde escreveria o livro Lutando na
Espanha, em que relata sua experiência no con ito. Durante a
Segunda Guerra Mundial, trabalhou na BBC como radialista entre
1941 e 1943. No m desse ano terminou de escrever A revolução dos
bichos, que no entanto só viria a ser publicado dois anos depois, em
1945. Foi diagnosticado com tuberculose em 1947, mesmo ano em
que começou a trabalhar em seu livro mais célebre. 1984 foi
publicado em junho de 1949 e teve sucesso imediato de público e
crítica. Morreu de tuberculose em janeiro de 1950, aos 46 anos.

PRINCIPAIS OBRAS
Na pior em Paris e Londres (1933) • Dias na Birmânia (1934) • A lha
do reverendo (1935) • A or da Inglaterra (1936) • O caminho para
Wigan Pier (1937) • Lutando na Espanha (1938) • Um pouco de ar,
por favor (1939) • A revolução dos bichos (1945) • 1984 (1949) •
Dentro da baleia e outros ensaios (2005)• Como morrem os pobres e
outros ensaios (2011) • Uma vida em cartas (2013) • O que é fascismo?
e outros ensaios (2017) . P. LOVECRAFT (1890-1937) foi um
H escritor norte-americano de literatura de terror, horror e
fantasia. Embora tenha nascido em uma família rica em Rhode
Island, na Nova Inglaterra, foi um exemplo de descensão social,
tendo morrido praticamente na miséria. Autor prolí co, teve
publicados muitos contos, poemas, textos cientí cos e losó cos,
mas nunca conseguiu reconhecimento de crítica ou nanceiro. Em
vida, suas obras foram publicadas principalmente em revistas de
pulp c on; e sua consagração literária veio depois da morte. Hoje
em dia é considerado um autor clássico de histórias sobrenaturais
e de terror, e sua obra é tão in uente que dá nome a um subgênero,
o “horror lovecra iano”. Lovecra é citado como in uência
fundamental por autores como Stephen King, William Burroughs,
Neil Gaiman, entre muitos outros.

PRINCIPAIS OBRAS
Boxe H. P. Lovecra : Os melhores contos (3 volumes: O chamado de
Cthulhu, A cor que caiu do céu e Sussurros na escuridão) • Boxe H. P.
Lovecra : Os melhores contos II (3 volumes: O caso de Charles Dexter
Ward, A chave de prata e O navio branco) • O ciclo de Yig (contos) •
Medo clássico: Volume 1 • O chamado de Cthulhu e outros contos • Nas
montanhas da loucura: e outras histórias de terror SAAC ASIMOV
I (1920-1992) nasceu em uma pequena cidade da então União
Soviética, perto da atual fronteira entre a Federação Russa e a
Bielorússia (Belarus). Sua família emigrou para os Estados Unidos
em 1923, se estabelecendo no distrito nova-iorquino do Brooklyn,
onde moraria por toda a vida. Pós-graduado em bioquímica, seus
livros popularizaram conceitos cientí cos. Asimov é considerado
um dos grandes mestres da cção cientí ca. Dentre sua extensa
obra, destacam-se a Trilogia da Fundação e a série Robôs.
PRINCIPAIS OBRAS
Eu, robô (1950) • Pedra no céu (1950) • Trilogia da Fundação (1951-
1953) • Série dos Robôs 1: As cavernas de aço (1954) • O m da
eternidade (1955) • Série dos Robôs 2: O sol desvelado (1957) • Nós,
os marcianos (1955) • A Terra tem espaço (1957) • Nove amanhãs
(1959) • Os novos robôs (1964) • Mistérios (1968) • O cair da noite e
outras histórias (1969) • O futuro começou (1972) • Os próprios deuses
(1972) • Júpiter à venda (1975) • Nós, robôs (1982) • Os ventos da
mudança e outras histórias (1983) • Série dos Robôs 3: Os robôs da
alvorada (1983) • Sonhos de robô (1986) • Visões de robô (1990)
J ACK LONDON é o pseudônimo do escritor americano John
Gri th Chaney (1876-1916). Nascido em San Francisco, teve uma
juventude intensa e agitada no litoral da Califórnia. Em 1893,
partiu numa viagem marítima para caçar focas e chegou até o
Japão. Quatro anos depois, participou da corrida do ouro no
noroeste do Canadá. Em 1902 foi para Londres, onde se misturou à
população pobre do East End. Também fez viagens pelo mar do
Caribe e pelos mares do Sul, cobriu a Guerra Russo-Japonesa como
repórter e rodou o mundo em turnês de palestras. Escritor
prolí co, publicou muitos contos e romances, entre eles O chamado
selvagem (1903), O lobo do mar (1904), O jogo (1905), Caninos
brancos (1906) e O tacão de ferro (1908).

PRINCIPAIS OBRAS
e Cruise of the Dazzler (1902) • A lha da neve (1902) • O chamado
selvagem (1903) • e People of the Abyss (1903) • O lobo do mar
(1904) • O jogo (1905) • Caninos brancos (1906) • Before Adam
(1907) • A estrada (1907) • O tacão de ferro (1908) • Mar n Eden
(1909) • Burning Daylight (1910) • Lost Face (1910) • A aventureira
(1911) • South Sea Tales (1911) • A travessia do Snark (1911) • A
praga escarlate (1912) • A Son of the Sun (1912) • John Barleycorn
(1913) • e Abysmal Brute (1913) • e Valley of the Moon (1913) •
e Mu ny of the Elsinore (1914) • O andarilho das estrelas (1915) •
e Li le Lady of the Big House (1916) • Jerry of the Islands (1917) •
Michael, Brother of Jerry (1917) OE HILL é o pseudônimo literário
J de Joseph Hillström King (1972-). Ele é autor de romances,
contos e quadrinhos, e já ganhou vários prêmios literários,
incluindo dois Bram Stoker, o mais importante da literatura de
horror. Embora seja lho de Stephen King, usa um pseudônimo
para evitar comparações com o pai.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES A estrada da noite (2007) • O pacto (2010) • Nosferatu
(2013) • Mestre das chamas (2016) CONTOS Fantasmas do século XX
(2005) • A Li le Silver Book of Sharp Shiny Slivers (2017) • Tempo
estranho (2017) • Carrossel sombrio e outras histórias (2019)
QUADRINHOS Locke & Key (2008-2013) ARGARET ATWOOD
M (1939-) é uma autora canadense. Considerada uma das
maiores escritoras de língua inglesa, consagrou-se com alguns dos
mais importantes prêmios internacionais, como o Man Booker
Prize (2000) e o Príncipe de Astúrias (2008), pelo conjunto de sua
obra, além de ter sido agraciada com o título de Cavalheira de
L’Ordre des Arts et des Le res, na França. Tem livros publicados
em mais de 30 idiomas e reside em Toronto, depois de ter
lecionado Literatura Inglesa em diversas universidades do Canadá,
dos Estados Unidos e da Europa. Transita com igual talento entre
romance, conto, poesia e ensaio, e se destaca por suas incursões no
terreno da cção cientí ca. Seu livro de maior sucesso, O conto da
aia, publicado originalmente em 1985 com grande repercussão,
voltou à lista de mais vendidos em 2017 graças à série de TV
baseada no livro.
PRINCIPAIS OBRAS
A mulher comestível (1969) • O lago sagrado (1972) • Madame
Oráculo (1976) • A vida antes do homem (1979) • Lesão corporal
(1981) • O conto da aia (1985) • Olho de gato (1988) • A noiva ladra
(1993) • Vulgo Grace (1996) • O assassino cego (2000) • Oryx e Crake
(2003) • A odisseia de Penélope (2005) • O ano do dilúvio (2009) •
Maddadão (2013) • e Heart Goes Last (2015) • Semente de bruxa
(2016) • Os testamentos (2019) ICHAEL CRICHTON (1942-2008)
M foi um escritor e roteirista norte-americano. Seus livros já
venderam mais de 200 milhões de cópias em todo o mundo e
muitos foram adaptados para o cinema. Seus romances exploram a
tecnologia e as falhas humanas ao lidar com ela, em geral
resultando em catástrofes. O melhor exemplo é o blockbuster
Jurassic Park, ou Parque dos Dinossauros, livro de 1990 levado às
telas em 1994. Muitas de suas obras têm termos médicos ou
cientí cos, o que re ete sua formação em medicina pela Harvard
Medical School. Além de livros, Crichton obteve imenso sucesso
como autor e roteirista para TV, em especial com a série E. R.
(Plantão Médico), que cou no ar durante 15 temporadas. Faleceu
em 2008 por conta de um linfoma.

PRINCIPAIS OBRAS
Um caso de necessidade (como Jeffery Hudson) (1968) • O enigma
de Andrômeda (1969) • O homem terminal (1972) • O grande roubo
do trem (1975) • Devoradores de mortos (1976) • Congo (1980) •
Esfera (1987) • Jurassic Park (1990) • Sol nascente (1992) • Revelação
(1993) • O mundo perdido (1995) • Armadilha aérea (1996) • Twister
(com Anne-Marie Martin) (1996) • Linha do tempo (1999) • Presa
(2002) • Estado de medo (2004) • Next (2006) • La tudes piratas
(2009) • Micro (2011) • Dentes de dragão (2017) HILIP K. DICK
P (1928-1982), também conhecido pelas iniciais PKD, foi um
escritor norte-americano de cção cientí ca. Nascido em Illinois,
mudou-se para a Califórnia e começou a ter suas cções cientí cas
publicadas ainda nos anos 1950. Em 1962, seu livro O homem do
castelo alto foi aclamado pela crítica, ganhando inclusive o Prêmio
Hugo de Melhor Livro. Ao todo, Philip produziu 44 livros e cerca de
121 contos, a maioria deles publicada em revistas especializadas
ainda em vida. Sua obra alterou profundamente os rumos do
gênero literário da cção cientí ca, ao explorar temas políticos,
losó cos e sociais, autoritarismo, realidades alternativas e
estados alterados de consciência. Apesar de ter tido pouco
reconhecimento em vida, a adaptação de vários dos seus romances
para o cinema acabou por tornar a sua obra conhecida por um
vasto público, em especial: Blade Runner (1982 e 2017), O vingador
do futuro (1990 e 2012) e Minority Report (2002).

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES O homem do castelo alto (1962) • Os três es gmas de
Palmer Eldritch (1965) • A arma impossível (1967) • Androides
sonham com ovelhas elétricas? (mais tarde reeditado com o título
Blade Runner: O caçador de androides) (1968) • Ubik (1969) • O
labirinto da morte (1970) • Fluam, minhas lágrimas, disse o policial
(1974) • O homem duplo (1977) • Valis (1981) CONTOS A máquina
preservadora • O vingador do futuro • Minority Report – A nova lei •
Pago para esquecer • Realidades adaptadas (coletânea) HILIP
P ROTH (1933-2018) foi um romancista e contista. Nascido em
Nova Jersey, foi um dos mais consagrados e premiados autores
norte-americanos do século XX. Nos anos 1990, venceu
sucessivamente os quatro maiores prêmios literários dos Estados
Unidos: o National Book Critics Circle Award (1991), o
PEN/Faulkner Award (1993), o National Book Award (1995) e o
Prêmio Pulitzer de Ficção (1997). Em 2001, recebeu a maior
premiação da American Academy of Arts and Le ers, a Medalha de
Ouro em Ficção. Sua obra tem caráter autobiográ co e
frequentemente confunde os limites entre realidade e cção, ao
provocar re exões losó cas e existenciais sobre a identidade
americana.
PRINCIPAIS OBRAS
Adeus, Columbus (1959) • Quando ela era boa (1967) • O complexo de
Portnoy (1969) • O professor do desejo (1977) • Zuckerman
acorrentado (1981) • O avesso da vida (1986) • Os fatos (1988) •
Patrimônio (1991) • Operação Shylock: Uma con ssão (1993) • O
teatro de Sabbath (1995) • Pastoral americana (1997) • Casei com um
comunista (1998) • A marca humana (2000) • O animal agonizante
(2001) • Complô contra a América (2004) • Homem comum (2006) •
Fantasma sai de cena (2007) • Indignação (2008) • A humilhação
(2009) • Nêmesis (2010) AY BRADBURY (1920-2012) foi um
R escritor norte-americano, reconhecido como um dos
expoentes da literatura de cção cientí ca. Nascido em Illinois, sua
família se mudou para Los Angeles durante a sua adolescência. Foi
um leitor ávido desde a infância, frequentando bibliotecas para ler
livros de Edgar Allan Poe e Júlio Verne, entre outros. Seus
primeiros textos apareceram publicados em revistas literárias e em
1947 foi publicada sua primeira coletânea de contos, Dark Carnival.
Na mesma época, o conto “Homecoming” foi selecionado por um
jovem assistente editorial chamado Truman Capote da pilha de
manuscritos enviados à revista Mademoiselle e publicado em
seguida. Em 1950 foi publicado o volume As crônicas marcianas,
unindo vários contos numa mesma narrativa. Três anos depois
saiu seu livro mais célebre, a distopia Fahrenheit 451, desenvolvida
a partir da novela “O bombeiro”. Bradbury escreveu em diversos
gêneros além da cção cientí ca, inclusive peças teatrais, livros
infantis e não cção. É considerado uma referência para muitos
escritores e tido como um dos principais responsáveis por elevar a
cção cientí ca a um alto nível de reconhecimento literário.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES As crônicas marcianas (1950) • Fahrenheit 451 (1953) •
Licor de dente-de-leão (1957) • Algo sinistro vem por aí (1962) • A
árvore do Halloween (1972) • Morte é uma transação solitária (1985)
• Um cemitério para luná cos (1990) • Green Shadows, White Whale
(1992) • From the Dust Returned (2001) • Vamos todos matar
Constance (2002) • Farewell Summer (2006) CONTOS Dark Carnival
(1947) • Uma sombra passou por aqui (1951) • A bruxa de abril e
outros contos (1952) • Os frutos dourados do sol (1953) • F de foguete
(1962) • As máquinas do prazer (1964) • E de espaço (1966) • A
cidade perdida de Marte (1967) • Prazer em queimar (2010) NÃO
FICÇÃO O Zen e a arte da escrita (1990) INCLAIR LEWIS (1885-
S 1951) foi um escritor americano, conhecido por sua visão
crítica do capitalismo e do materialismo, especialmente no
período entreguerras. Nascido numa pequena cidade do estado de
Minnesota, estudou em Yale e iniciou a vida pro ssional
trabalhando em jornais e editoras. A partir de 1914 começou a ter
suas obras publicadas e em 1920 obteve grande sucesso com Rua
Principal. Outros êxitos seguiram-se a esse, como Babbi (1922) e
Doutor Arrowsmith (1925), que ganhou o Prêmio Pulitzer
(declinado pelo autor). Em 1930, tornou-se o primeiro escritor das
Américas a receber o Prêmio Nobel de Literatura. Entre suas obras
posteriores destaca-se Não vai acontecer aqui, um romance sobre a
eleição de um fascista para a presidência dos Estados Unidos.
PRINCIPAIS OBRAS
Our Mr. Wrenn: e Roman c Adventures of a Gentle Man (1914) •
e Trail of the Hawk: A Comedy of the Seriousness of Life (1915) • e
Job: An American Novel (1917) • e Innocents: A Story for Lovers
(1917) • Rua Principal (1920) • Babbi (1922) • Doutor Arrowsmith
(1925) • Elmer Gantry (1927) • e Man Who Knew Coolidge:
Introducing Lowell Schmaltz, Construc ve and Nordic Ci zen (1928) •
Dodsworth (1929) • Work of Art (1934) • Não vai acontecer aqui
(1935) • e Prodigal Parents (1938) • Bethel Merriday (1940) • O
gurão (1943) • O nobre senhor Kingsblood (1947) • e God-Seeker
(1949) • World So Wide (1951) TEPHEN KING (1947-) é um dos
S escritores americanos contemporâneos de maior sucesso em
todo o mundo. Estima-se que mais de 350 milhões de exemplares
de suas obras já tenham sido vendidos. Autor prolí co, embora
seja identi cado com o gênero terror, já escreveu livros de fantasia,
policiais e não cção. Muitos de seus livros foram adaptados para a
TV, o cinema e os quadrinhos. King recebeu diversos prêmios,
incluindo Bram Stoker Award, World Fantasy Award e British
Fantasy Society. Ele também recebeu prêmios por sua contribuição
para a literatura, como o World Fantasy Award em 2004 e o
Mystery Writers of America em 2007, e a Medalha Nacional das
Artes do National Endowment for the Arts.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES Carrie, a estranha (1974) • Salem (1975) • O iluminado
(1977) • Fúria (1977) • A dança da morte (1978) • A longa marcha
(1979) • A zona morta (1979) • A incendiária (1980) • A autoestrada
(1981) • Cujo (1981) • O concorrente (1982) • A Torre Negra I: O
pistoleiro (1982) • Chris ne (1983) • O cemitério (1983) • A hora do
lobisomem (1983) • O talismã (1984) • A maldição (1984) • It: A coisa
(1986) • Os olhos do dragão (1987) • A Torre Negra II: A escolha dos
três (1987) • Misery: Louca obsessão (1987) • Os estranhos (1987) • A
metade sombria (1989) • A Torre Negra III: As terrasdevastadas
(1991) • Trocas macabras (1991) • Jogo perigoso (1992) • Eclipse total
(1992) • Insônia (1994) • Rose Madder (1995) • À espera de um
milagre (1996) • Desespero (1996) • Os jus ceiros (1996) • A Torre
Negra IV: Mago e vidro (1997) • Saco de ossos (1998) • A garota que
adorava Tom Gordon (1999) • O apanhador de sonhos (2001) • A casa
negra (2001) • Buick 8 (2002) • A Torre Negra V: Lobos de Calla
(2003) • A Torre Negra VI: Canção de Susannah (2004) • A Torre
Negra VII: A torre negra (2004) • O rapaz do Colorado (2005) •
Celular (2006) • LOVE: A história de Lisey (2006) • Blaze (2007) •
Duma Key (2008) • Sob a redoma (2009) • Novembro de 63 (2011) •
A Torre Negra VIII: O vento pela fechadura (2012) • Joyland (2013) •
Doutor Sono (2013) • Mr. Mercedes (2014) • Revival (2014) • Achados
e perdidos (2015) • Úl mo turno (2016) • A pequena caixa de Gwendy
(2017) • Belas adormecidas (2017) • e Outsider (2018) • Ascensão
(2018) • O ins tuto (2019) CONTOS Sombras da noite (1978) • Quatro
estações (1982) • Tripulação de esqueletos (1985) • Os livros de
Bachman (1985) • Depois da meia-noite (1990) • Pesadelos e
paisagens noturnas I e II (1993) • Corações na Atlân da (1999) • Tudo
é eventual (2002) • Ao cair da noite (2008) • Escuridão total sem
estrelas (2010) • O bazar dos sonhos ruins (2015) • Com sangue
(2020) NÃO FICÇÃO Sobre a escrita: A arte em memórias (2000)
P LUTARCO (46-120) foi um historiador, biógrafo, ensaísta e
lósofo grego, conhecido principalmente por suas obras Vidas
paralelas e Moralia. Pertencente a uma família proeminente,
nasceu em Queroneia, na Beócia, cerca de 30 quilômetros a leste de
Delfos. Viajou pela Ásia e pelo Egito, viveu algum tempo em Roma
e foi sacerdote de Apolo em Delfos em 95. O seu enorme prestígio
valeu-lhe a obtenção de direitos de cidadão em Delfos, Atenas e até
Roma, passando a ser conhecido como Mestrius Plutarchus.
Plutarco morreu entre os anos 119 e 120 em Delfos.

PRINCIPAIS OBRAS
Vidas dos imperadores romanos • Vidas paralelas • Moralia
e normalmente já é di cil recomendar
S livros, imagine livros de poesia. Minha
sugestão para os iniciantes no mundo dos
versos é começar pela poesia de língua
portuguesa, que tem autores e autoras
maravilhosos.
Mas, antes, quero contar uma historinha
bonitinha.
Um poeta muito famoso, em sua juventude,
conheceu uma menina, jovenzinha como ele,
se apaixonou por ela – e ela morreu. Então ele
escreveu o que, para mim, é um dos sonetos
mais bonitos da literatura portuguesa.
Alma minha gentil
(Luís de Camões)

Alma minha gen l, que te par ste Tão cedo


desta vida descontente, Repousa lá no Céu
eternamente, E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento Etéreo, onde subiste, Memória
desta vida se consente, Não te esqueças daquele
amor ardente, Que já nos olhos meus tão puro
viste.
E se vires que pode merecer-te Algũa cousa a
dor que me cou Da mágoa, sem remédio, de
perder-te, Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Quão cedo de
meus olhos te levou.
Esse, por exemplo, é um soneto, um dos
tipos de poema. É composto por quatro
estrofes: dois quartetos (estrofes de 4 versos) e
dois tercetos (estrofes de 3 versos) cujas rimas
variam. Luís de Camões escreveu muitos
sonetos, mas sua grande obra é Os Lusíadas,
um grande poema épico contando as aventuras
de Vasco da Gama.
Começamos pela poesia de língua
portuguesa por uma razão muito simples: ela
não precisa de tradução. E a tradução, na
poesia, pode fazer toda a diferença. Se ela não
for muito boa, a poesia se perde. Por exemplo,
se você lê um poeta russo e o tradutor não fez
um bom trabalho, você vai achar aquele
poema ruim, aquele poeta menos interessante,
e às vezes a culpa não é do poeta, e sim do
tradutor.
Portanto, a poesia brasileira – e em língua
portuguesa como um todo – tem essa
vantagem: ela não tem intermediários.
Uma poetisa portuguesa maravilhosa, que
cometeu suicídio muito jovem e, por ser
mulher, não foi devidamente reconhecida na
época em que viveu, é Florbela Espanca.
Felizmente, hoje seu nome já é bastante
conhecido.
Leia este soneto dela:

Vaidade
(Florbela Espanca)

Sonho que sou a Poe sa eleita, Aquela que diz


tudo e tudo sabe, Que tem a inspiração pura e
perfeita, Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade Para
encher todo o mundo! E que deleita Mesmo
aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insa sfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo, Aos pés de
quem a Terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando, E
quando mais no alto ando voando, Acordo do
meu sonho... E não sou nada!...
Observe a questão da rima, nesse caso:
eleita / perfeita / deleita / insatisfeita
imensidade / claridade / saudade
mundo / profundo
sonhando / voando
curvada / sou nada

Partindo para os brasileiros, vamos


começar com o grande pernambucano João
Cab al de Melo Neto. Ele foi diplomata e é um
nome importantíssimo da poesia brasileira e
escreveu pelo menos um poema que todo
mundo conhece: Morte e vida severina.
Essa obra foi transformada em uma série
de TV dirigida por Walter Avancini em 1981 e
em uma peça de teatro musicada por ninguém
menos que Chico Buarque de Hollanda, que
fez muito sucesso na década de 1960.

Mo te e vida severina (trecho) (João Cabral


de Melo Neto)
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia

Outro poeta extraordinário que eu adoro:


Manoel de Barros.

Pre ro as linhas tortas, como Deus. Em


menino eu sonhava de ter uma perna mais curta
(Só pra poder andar torto). Eu via o velho
farmacêu co de tarde, a subir a ladeira do beco,
torto e deserto… toc ploc toc ploc. Ele era um
destaque.
Se eu vesse uma perna mais curta, todo
mundo haveria de olhar para mim: lá vai o
menino torto subindo a ladeira do beco toc ploc
toc ploc.

Eu seria um destaque. A própria sagração do


Eu.

Mario Quintana é outro poeta que amo. Sua


obra é de uma delicadeza enorme. Dá uma
coisinha no coração da gente.

Dedicatória (Mario Quintana)


Quem foi que disse que eu escrevo para as
elites?
Quem foi que disse que eu escrevo para o
basfond?
Eu escrevo para a Maria de Todo o Dia.
Eu escrevo para o João Cara de Pão.
Para você, que está com este jornal na mão…
E de súbito descobre que a única novidade é a
poesia, O resto não passa de crônica
policialsocialpolí ca.
E os jornais sempre proclamam que “a
situação é crí ca”!
Mas eu escrevo é para o João e a Maria, Que
quase sempre estão em situação crí ca!
E por isso as minhas palavras são co dianas
como o pão nosso de cada dia
E a minha poesia é natural e simples como a
água bebida na concha da mão.
Essas são algumas dicas para entrar no
universo da poesia.

Sonetos de Camões Antologia poética Mo te e vida severina


Luís de Camões Florbela Espanca João Cabral de Melo Neto

224 páginas 298 páginas 176 páginas


Editora Ateliê Editora Martin Editora
Editorial Claret Alfaguara
Meu quintal é Antologia poética
maior do que o mundo Manoel Mario Quintana
de Barros

168 páginas 208 páginas


Editora
Editora
Alfaguara
Alfaguara
AUTORES
CITADOS

LORBELA ESPANCA (1894-1930) é o nome


F artístico de Flor Bela Lobo. Nascida em
Vila Viçosa, no Alentejo, estudou no Liceu
de Évora, onde aprofundou suas leituras,
tomando contato com autores clássicos da
literatura ocidental. Sua primeira coletânea de
poemas foi reunida em 1916, mesmo ano em
que começou a trabalhar como jornalista. Mas
apenas em 1919 sua primeira obra foi
publicada, o livro de sonetos Livro de mágoas.
Sua vida pessoal foi conturbada – casou-se e
divorciou-se algumas vezes, e a morte trágica
de seu irmão em um acidente aéreo a abalou
profundamente. Em 1930 concluiu sua obra
mais celebrada, Charneca em or, mas não
chegou a ver a edição publicada. Florbela
cometeu suicídio poucos meses depois, por
ingestão de barbitúricos.
PRINCIPAIS OBRAS
Livro de mágoas (1919) • Livro de Sóror Saudade (1923) • Charneca
em or (1931) • Juvenília (1931) • Reliquiae (1934) • Sonetos
completos (1934) OÃO CABRAL DE MELO NETO (1920-1999) foi um
J poeta e diplomata pernambucano. Depois de passar infância e
adolescência em Pernambuco, mudou-se para o Rio de Janeiro aos
22 anos e publicou Pedra do Sono, seu primeiro livro de poemas.
Sua poesia é geralmente descrita como racional, crua, antilírica,
evitando o apelo emocional ou sentimental. A temática social é
bastante presente, inclusive em seus poemas mais famosos, O cão
sem plumas e Morte e vida severina. Foi amplamente reconhecido
como um dos maiores poetas brasileiros, tendo obtido vários
prêmios, como o Camões e o Jabuti, e sido eleito para a Academia
Brasileira de Letras, em 1968. Como diplomata, ocupou postos em
Barcelona, Londres, Madri, Marselha, Genebra, Berna, Assunção,
Dakar, Equador, Honduras e Porto.

PRINCIPAIS OBRAS
Pedra do Sono (1942) • Os três mal-amados (1943) • O engenheiro
(1945) • Psicologia da composição com a Fábula de An on e An ode
(1947) • O cão sem plumas (1950) • Poesia e composição (1952) • O
Rio ou relação da viagem que faz o Capibaribe de sua nascente à
cidade do Recife (1953) • Morte e vida severina (1955) • Uma faca só
lâmina (1955) • Dois parlamentos (1960) • Quaderna (1960) • A
educação pela pedra (1966) • Museu de tudo (1975) • A escola das
facas (1980) • Auto do frade (1984) • Agrestes (1985) • Crime na
Calle Relator (1987) • Primeiros poemas (1990) • Sevilha andando
(1990) UÍS DE CAMÕES (1524-1580) é considerado um dos
L maiores poetas de língua portuguesa de todos os tempos – a
tal ponto que o prêmio mais prestigioso da nossa língua, o Prêmio
Camões, leva o seu nome. Iniciou a sua carreira como poeta lírico
na corte de D. João III. Mais tarde, alistado como militar, viveu na
África, onde perdeu um olho em batalha. Voltou a Portugal e, em
seguida, partiu para o Oriente, onde viveu por vários anos, foi
preso, combateu ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua
obra mais conhecida, a epopeia Os Lusíadas. É um dos mais
importantes épicos da época moderna devido à sua grandeza e à
sua universalidade. A epopeia narra a história de Vasco da Gama e
dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa
Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. Camões
destacou-se também por seus sonetos, canções, elegias, cantigas,
trovas, etc.

PRINCIPAIS OBRAS
Os Lusíadas (1572) • Rimas (1595) ANOEL DE BARROS (1916-
M 2014) foi um poeta brasileiro que trouxe o Centro-Oeste do
país para o cenário da poesia. Nascido em Cuiabá (MT), mudou-se
para Corumbá (MS) e em seguida Campo Grande (MS). Foi para o
Rio de Janeiro estudar e se formou em direito. Mais tarde viveu na
Bolívia, no Peru e em Nova York, até retornar para Campo Grande
na década de 1960. Apesar de ter começado a escrever poesias
ainda na juventude, não frequentava os principais círculos
literários e sua obra só passou a ser mais conhecida nos anos 1980.
Ganhou diversos prêmios literários, inclusive o Jabuti, e
consagrou-se como um dos maiores poetas brasileiros.

PRINCIPAIS OBRAS
Poemas concebidos sem pecado (1937) • Face imóvel (1942) • Poesias
(1956) • Compêndio para uso dos pássaros (1960) • Gramá ca
exposi va do chão (1966) • Matéria de poesia (1974) • Arranjos para
assobio (1980) • Livro de pré-coisas (1985) • O guardador de águas
(1989) • Gramá ca exposi va do chão: Poesia quase toda (1990) •
Concerto a céu aberto para solos de ave (1993) • O livro das ignorãças
(1993) • Livro sobre nada (1996) • Retrato do ar sta quando coisa
(1998) • Ensaios fotográ cos (2000) • Exercícios de ser criança (2000)
• O fazedor de amanhecer (2001) • Tratado geral das grandezas do
ín mo (2001) • Águas (2001) • Para encontrar o azul eu uso pássaros
(2003) • Can gas por um passarinho à toa (2003) • Poemas
Rupestres (2004) • Memórias inventadas I (2005) • Memórias
inventadas II (2006) • Memórias inventadas III (2007) • Menino do
Mato (2010) • Poesia Completa (2010) • Escritos em verbal de ave
(2011) • Portas de Pedro Viana (2013) ARIO QUINTANA (1906-1994)
foi um poeta brasileiro nascido no Rio Grande do Sul.
M Trabalhou como jornalista e teve grande atuação como
tradutor, e em paralelo desenvolveu a carreira de poeta, tendo seu
primeiro livro publicado nos anos 1940. Além de poemas, também
escreveu vários livros infantis. Sua poesia é considerada bastante
popular e acessível, muitas vezes focada em elementos do
cotidiano. Ao longo da vida ganhou diversos prêmios, como o
Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, à qual se
candidatou três vezes mas não foi eleito.

PRINCIPAIS OBRAS
OBRAS POÉTICAS A Rua dos Cataventos (1940) • Canções (1946) •
Sapato orido (1948) • O aprendiz de fei ceiro (1950) • Espelho
mágico (1951) • Inéditos e esparsos (1953) • Poesias (1962) • Caderno
H (1973) • Apontamentos de história sobrenatural (1976) •
Quintanares (1976) • A vaca e o hipogrifo (1977) • Esconderijos do
tempo (1980) • Baú de espantos (1986) • Prepara vos de viagem
(1987) • Da preguiça como método de trabalho (1987) • Porta
giratória (1988) • A cor do invisível (1989) • Velório sem defunto
(1990) • Água (2011) LIVROS INFANTIS O batalhão das letras (1948) •
Pé de pilão (1968) • Lili inventa o mundo (1983) • Nariz de vidro
(1984) • Sapo amarelo (1984) • Sapato furado (1994) ANTOLOGIAS
Nova antologia poé ca (1966) • Prosa & Verso (1978) • Na volta da
esquina (1979) • Nova antologia poé ca (1981) • Melhores poemas de
Mario Quintana (1983) • Primavera cruza o Rio (1985) • 80 anos de
poesia (1986) • Trinta poemas (1990) • Ora bolas (1994) • Antologia
poé ca (1997) • Mario Quintana, poesia completa (2005) • Eu
passarinho (póstuma) (2006)
e você não tem ideia do que quer ler, o
S melhor sempre é descobrir, por si só, o
que te interessa. Outra opção, porém, é
caminhar pela lista dos mais vendidos. Se tem
muita gente lendo, isso signi ca que alguma
coisa esse livro trouxe para as pessoas. Quem
sabe não traz para você também? Os mais
vendidos – também conhecidos pelo nome em
inglês, best-sellers – mostram de maneira bem
concreta que determinado livro foi
reconhecido e aprovado pelo público leitor.
Já os prêmios literários são outro tipo de
reconhecimento, dado pela crítica literária
para os autores e obras que mais se destacam
dentro de um critério mais técnico, por assim
dizer. Os jurados são, em geral, grandes
especialistas: escritores, professores de
literatura e críticos literários. Muitas vezes os
livros premiados não fazem tanto sucesso em
vendas, mas isso não diminui a importância
do reconhecimento de pro ssionais que
devotam sua vida à literatura.

Best-sellers
Muitas pessoas me perguntam se devem
evitar os best-sellers. Pode acontecer de o seu
gosto não bater com o da maioria das pessoas,
mas não vá você pensar que, se esses são os
melhores, imagine os outros. Não: são os
melhores para aquele grupo. Best-seller
signi ca mais vendido, e, claro, nem sempre
serão os melhores para todo mundo, isso
depende do gosto de cada um. Mas às vezes o
fato de um livro ser mais vendido quer dizer
que ele é bom e agradou o maior número
possível de pessoas.
Uma das minhas histórias preferidas sobre
best-sellers é a do Umbe to Eco. Esse autor
italiano era semiólogo, um acadêmico que
estudava o signi cado mais profundo das
palavras. E em 90% de sua obra, de certa
forma, atacava os best-sellers. Resumindo
bastante, Eco achava que os best-sellers usam
fórmulas para atingir o público e que isso é
desonesto da parte dos autores.
Um belo dia, depois de publicar muitos
livros acadêmicos, Umberto Eco escreveu um
romance. Naturalmente, para que não fosse
um best-seller, escreveu as cem primeiras
páginas em la m. Esse romance foi lançado em
1980 com o título O nome da rosa e... foi o maior
best-seller! E como se não bastasse, alguns
anos depois o livro ainda foi adaptado e virou
um lme, com o grande Sean Connery no
papel principal, o que só serviu para
popularizar ainda mais a obra.
Não adianta: escreveu um livro bom, as
pessoas compraram, leram, gostaram, virou
best-seller. Umberto Eco teve que explicar
depois por que seu livro tinha feito tanto
sucesso. Não sei se depois disso ele conseguiu
fazer com que seus livros cassem mais chatos
ou se realmente não teve sorte, mas nenhum
outro foi tão bem-sucedido quanto O nome da
rosa. Resumo da ópera: não se sabe como fazer
um best-seller antes de ele virar um. Como
dizia Machado de Assis, “as coisas só são
previsíveis depois que aconteceram”.

Certa vez z uma viagem para a Índia e me


lembro de estar no aeroporto de Mumbai, um
lugar em que o chão era de terra. O meu voo,
como quase tudo na Índia, atrasou, e na falta
do que fazer naquele aeroporto com chão de
terra fui dar uma volta e vi, num canto, um
cavalete de madeira com alguns livros em
cima. Era uma espécie de “livraria” daquele
aeroporto.
Como adoro livro, não resisti e, claro, fui lá
olhar. Não era porque estava na Índia que não
poderia achar alguma coisa legal, quem sabe
em inglês. Cheguei perto desse cavalete e notei
que havia a obra completa de um autor.
Quando me aproximei mais e pude ver melhor,
constatei que o autor era Paulo Coelho. Ou seja,
a obra completa de Paulo Coelho estava à
venda sobre um cavalete no aeroporto de chão
de terra em Mumbai, na Índia.
Há muito preconceito contra os best-sellers:
só pelo fato de estar entre os mais vendidos as
pessoas começam a achar que a obra não vale a
pena. Lá na Índia, por exemplo, a obra do
Paulo Coelho é muito valorizada. Ele é um
autor celebrado internacionalmente, que até
recebeu uma comenda do governo francês por
serviços prestados à literatura.
Então vamos deixar de besteira: dê uma
chance aos nossos best-sellers. Paulo Coelho é
um dos que valem a pena.
Harold Bloom, autor americano e crítico
literário extraordinário, é outro exemplo
curioso de best-seller. Ele escreveu um livro
sobre literatura que cou muito famoso, O
cânone ocidental, em que elencou os livros e
autores que considerava os mais importantes
do mundo, aqueles que todos deveriam ler:
Shakespeare, Cervantes, Ka a, Joyce e outros.
Caíram de pau nele, porque escolheu apenas
homens brancos ocidentais. Ele respondeu às
críticas, cou muito conhecido por causa dessa
polêmica, e então o que aconteceu? Harold
Bloom virou um best-seller. Todos os seus
livros começaram a ser disputados a tapa.
Ele tem livros realmente maravilhosos. Um
que eu indico, relacionado à minha área, mas
que qualquer pessoa pode ler, é Shakespeare: A
invenção do humano, uma análise profunda de
todas as 37 peças de Shakespeare. Além de
encaminhar você para uma boa leitura de
Shakespeare, é uma boa leitura de Harold
Bloom.

Certa vez eu estava fazendo um espetáculo


em Manaus e soube que o escritor Mário
Palmério (autor de Chapadão do bugre, que
citei no capítulo sobre literatura brasileira)
estava na plateia. Ele morava num barco
maravilhoso, de dois andares, e eu fui visitá-lo.
Ele estava na biblioteca que havia dentro
daquele barco extraordinário e ao pé da sua
poltrona havia uma pilha enorme de livros. Eu
perguntei o que ele estava lendo e ele
respondeu: “Estou lendo James Michener.”
Eu me lembro de ter cado chocado,
porque naquela época eu era besta e não lia
best-sellers, e aquele autor era um que eu
evitava. Perguntei se ele gostava de Michener e
ele respondeu: “Estou aprendendo sobre
plantação de batatas com James Michener.” A
conversa continuou e foi uma revelação. É
claro que, quando saí de lá, comprei toda a
obra do James Michener, e li com o maior
prazer.
James Michener escreveu livros ótimos.
Talvez não sejam tão fáceis de encontrar hoje
em dia, mas se você topar com um livro de
James Michener, leia. Esse autor passava anos
em cada país pesquisando para escrever uma
história sobre aquela região. Ele tem livros
fantásticos, como por exemplo A saga do
Colo ado, que eu recomendo. Ele conta a
história do estado norte-americano do
Colorado desde os dinossauros. É muito
interessante.
Prêmio Nobel
Outro dia me perguntaram quem eu achava
que iria ganhar o próximo Prêmio Nobel.
Respondi que não fazia a menor ideia, porque
em geral, especialmente nos últimos anos, os
ganhadores são autores e autoras de quem nós
aqui no Brasil nunca ouvimos falar.
No entanto, nem sempre foi assim. Alguns
ganhadores do Nobel são muito conhecidos
nossos, autores de obras magní cas, como por
exemplo Thomas Mann (que levou o prêmio em
1929) e Hermann Hesse (1946). Deste último,
que tem diversos livros maravilhosos,
recomendo um em especial: Sida ta. É um livro
lindo, sobre a vida do Buda.
Outro vencedor do Nobel (do ano de 1956) é
Ernest Hemingway, que tem uma obra deliciosa
e é um autor bastante popular, de fácil leitura e
muito interessante de se ler. Ele tem um livro
bem ninho – para quem gosta de livrinhos
curtos* – que eu adoro: O ve ho e o mar. Uma
história fantástica, que foi transformada em
um lme estrelado por Spencer Tracy.
* Tem gente que fala: “Não vou ler esse livro porque é muito
grosso.” Não tem nada a ver uma coisa com a outra: se o livro
for bom, você vai querer que ele tenha o dobro da grossura.

Já a obra de omas Mann tem um


conteúdo mais pesado, digamos assim, mais
direcionado para a loso a e os pensamentos
profundos. Um de seus livros emblemáticos é A
montanha mágica, que eu li aos 18 anos de
idade, e sinto que daqui a uns dez anos vou ter
que ler novamente para ver se aproveito
melhor.
Autores da América Latina mais conhecidos
e vencedores do Nobel são o peruano Mario
Vargas Llosa (2010) e o colombiano Gabriel
García Márquez (1982), cujo livro Cem anos de
solidão é absolutamente emblemático, porque
foi um dos primeiros livros daquilo que se
convencionou chamar de “realismo
fantástico”. É poético e muito bonito. De Vargas
Llosa eu recomendo um livro engraçadíssimo:
Pantaleão e as visitado as.
O único escritor de língua portuguesa que
já ganhou o Nobel, em 1988, foi José Sa amago.
Toda a obra dele foi editada no Brasil e pode
ser encontrada com facilidade. Ele também
tem livros importantes, como por exemplo
Ensaio sobre a ceguei a, que virou lme nas
mãos do Fernando Meirelles. Um lme
belíssimo e um livro muito interessante.
Nenhum brasileiro ganhou o Nobel. Jorge
Amado era um eterno concorrente, mas não
levou. Mas quem sabe agora um dos nossos
brilhantes autores brasileiros chame a atenção
da Academia Sueca?
Autores mais identi cados com o teatro
também já ganharam o Nobel, a nal a
literatura engloba muita coisa: romance,
teatro, crônicas. Alguns dramaturgos
vencedores são Harold Pinter (2005), Eugene
O’Neill (1936), Luigi Pi andello (1934) e Dario Fo
(1997). Eu z uma peça do Dario Fo que cou 7
anos em cartaz: Mo te acidental de um
anarquista. E isso foi antes de ele ganhar o
Nobel. No campo da crônica, tem o exemplo do
Bob Dylan, vencedor em 2016, em especial por
sua obra de cronista.
Um livro lançado recentemente no Brasil,
em 2019, é Sobre os ossos dos mo tos, de Olga
Tokarczuk, autora premiada com o Prêmio
Nobel de Literatura de 2018 e até então pouco
conhecida por aqui (até ganhar o prêmio, Olga
só tinha tido um livro publicado no Brasil).
Sobre os ossos dos mortos pode ser descrito como
um policial instigante, que aborda
ambientalismo e relação com animais, e
também tem um humor muito ácido. Vale a
pena por todas essas razões.

Prêmio Jabuti
O Jabuti é o prêmio literário mais
tradicional do Brasil, existe desde 1959 e
premia livros publicados no ano anterior, em
categorias como Romance, Contos e Crônicas,
Poesia, Reportagem, Biogra a, etc.
O primeiro vencedor do Jabuti de Melhor
Romance foi justamente um dos meus livros
preferidos: Gabriela, c avo e canela, de Jorge
Amado. Gabriela é uma história deliciosa,
passada na Bahia, com personagens
fortíssimos e muito humor. Jorge Amado é um
autor que sempre podemos recomendar a
quem nunca leu. É uma leitura que dá muito
prazer, ele é sensual, tem cenas muito
engraçadas, os personagens são todos muito
vivos e próximos da gente.
Curiosamente, o vencedor do Jabuti de
2019 na categoria Biogra a, Documentário e
Reportagem foi Jorge Amado: Uma biog afia, de
Joselia Aguiar, para quem quiser saber mais
sobre a vida desse grande escritor brasileiro.
A partir dos anos 1990, além das
premiações por categoria, o Jabuti passou a
escolher, entre os premiados, um Livro do Ano,
que pode ser de qualquer categoria. Chico
Buarque, por exemplo, já venceu três vezes,
com os romances Esto vo, Budapeste e Leite
der amado. O livro-reportagem Estação
Ca andiru, do D auzio Varella, outro livro muito
importante, também já foi escolhido como
Livro do Ano (2000).
Como acontece com qualquer prêmio, as
escolhas feitas pelos jurados do Jabuti podem
ser polêmicas, mas é uma honraria que sem
dúvida pode ajudar a rmar carreiras no
mundo literário, como aconteceu com Luiz
Alfredo Garcia-Roza, que ganhou o prêmio com
seu romance de estreia, O silêncio da chuva, e
com Milton Hatoum, que foi premiado com seu
primeiro livro, Relato de um ce to Oriente, em
1990, depois novamente com o segundo livro,
Dois irmãos, em 2001, e levou o tricampeonato
em 2006 com Cinzas do No te.

O nome da rosa Hippie O cânone ocidental


Umberto Eco Paulo Coelho Harold Bloom

592 páginas 288 páginas 566 páginas


Editora Record Editora Paralela Editora Objetiva
Shakespeare: A A saga do Colo ado Sida ta
invenção do humano Harold James Michener Hermann Hesse
Bloom
Editora Círculo
do Livro
896 páginas 176 páginas
Editora Record
Editora Objetiva

O ve ho e o mar A montanha mágica Pantaleão e as visitado as


Ernest Hemingway omas Mann Mario Vargas Llosa

126 páginas 856 páginas 248 páginas


Editora Bertrand Editora Editora
Brasil Companhia Alfaguara
das Letras

Ensaio sobre a ceguei a Mo te acidental de Sobre os ossos dos mo tos


José Saramago um anarquista e out as Olga Tokarczuk
peças subversivas Dario Fo

312 páginas 145 páginas 256 páginas


Editora Editora Todavia
Editora
Alfaguara
Brasiliense
Jorge Amado: Esto vo Budapeste
Uma biog afia Chico Buarque Chico Buarque
Joselia Aguiar

160 páginas 176 páginas


640 páginas
Editora Editora
Editora Todavia Companhia Companhia
das Letras das Letras

Leite der amado Estação Ca andiru O silêncio da chuva


Chico Buarque Drauzio Varella Luiz Alfredo Garcia-Roza

200 páginas 368 páginas 268 páginas


Editora Editora Editora
Companhia Companhia Companhia
das Letras das Letras das Letras

Relato de um ce to Oriente Cinzas do No te


Milton Hatoum Milton Hatoum

152 páginas 240 páginas


Editora Editora
Companhia Companhia
de Bolso de Bolso
AUTORES
CITADOS

OB DYLAN é o nome artístico do


B compositor, cantor e escritor norte-
americano Robert Allen Zimmerman
(1941-). Nascido e criado no estado de
Minnesota, interessou-se desde cedo por
música e poesia. Foi um autodidata no piano e
no violão, e logo deixou explícito seu fascínio
pela música folk. Mais tarde, passou a compor
canções com forte temática político-social.
Dylan despontou para a fama nos anos 1960,
com o movimento da contracultura nos
Estados Unidos, que se opunha à Guerra do
Vietnã e apoiava o movimento dos direitos
civis. São dessa época grandes sucessos de sua
autoria, como “Blowin’ in the Wind” e “ e
Times ey Are A-Changing”. Ao longo de sua
carreira musical passeou por muitos estilos
diferentes, com graus variados de sucesso. Sua
obra literária é menos conhecida. Teve um
livro publicado no início dos anos 1970,
songbooks com suas canções e um volume
autobiográ co, Crônicas. A escolha de seu
nome para o Prêmio Nobel de Literatura em
2016 provocou surpresa e controvérsia.

PRINCIPAIS OBRAS
Tarântula (1971) • Letras (1961-1974) (2016) • Crônicas: Volume Um
(2016) HICO BUARQUE (1944-) é um escritor, cantor,
C compositor e dramaturgo brasileiro. Filho do sociólogo Sérgio
Buarque de Hollanda, estourou nacionalmente como cantor e
compositor em 1966, quando venceu o Festival de Música
Brasileira com a música “A banda”. Desde então, emplacou dezenas
de sucessos, tornando-se uma das guras mais icônicas da MPB.
Sempre teve forte ligação com o teatro, fazendo adaptações (Morte e
vida severina, Os sal mbancos) ou escrevendo obras próprias (Roda
viva, Ópera do malandro). Estreou na literatura em 1979 com o
infantil Chapeuzinho amarelo. Em 1992 publicou seu primeiro
romance, Estorvo, premiado com o Jabuti. A partir de então,
continuou publicando com regularidade, ao mesmo tempo que
segue com sua carreira bem-sucedida na música.

PRINCIPAIS OBRAS
Chapeuzinho Amarelo (1979) • Estorvo (1991) • Benjamim (1995) •
Budapeste (2003) • Leite derramado (2009) • O irmão alemão
(2014) • Essa gente (2019) ARIO FO (1926-2016) foi um
D escritor, diretor e dramaturgo italiano. Suas peças teatrais se
utilizam de bastante improviso e resgatam o antigo estilo italiano
da commedia dell’arte. Nascido no norte da Itália, depois da
Segunda Guerra Mundial estudou arquitetura, mas não chegou a
concluir o curso. Em seguida, começou a se interessar por pintura
e teatro. Trabalhou com radioteatro, no que foi muito bem-
sucedido. Logo começou a escrever monólogos cômicos para o
rádio e para o palco, e mais tarde fez parte de diversas companhias
teatrais. Nos anos 1960 e 1970 sua obra passou a ter caráter mais
político. São dessa época algumas de suas peças mais famosas,
Mistero Buffo e Morte acidental de um anarquista. Nas décadas
seguintes permaneceu na ativa. A decisão da Academia Sueca de
lhe conceder o Prêmio Nobel de Literatura em 1997 foi recebida
com surpresa por boa parte do establishment literário. Até o m
da vida expressou suas opiniões contestatórias e manteve-se uma
voz ativa na cultura europeia.

PRINCIPAIS OBRAS
Mistero Buffo (1969) • Manual mínimo do ator (1991) • Morte
acidental de um anarquista e outras peças subversivas (1970)
D RAUZIO VARELLA (1943-) é um médico, professor e escritor
brasileiro. Formado em medicina pela USP, especializou-se em
oncologia e foi diretor do Hospital do Câncer em São Paulo por 20
anos. Foi um dos fundadores do Curso Objetivo, onde lecionou
química durante muitos anos. Passou uma temporada nos Estados
Unidos, onde tratou da epidemia de aids, e na volta para o Brasil
desenvolveu um trabalho de prevenção de aids em presídios.
Trabalhou como médico voluntário no presídio Carandiru, e dessa
experiência nasceu o livro Estação Carandiru, publicado em 1999 e
vencedor do Prêmio Jabuti. O livro se tornou best-seller e foi
adaptado para o cinema em 2003. Desde os anos 1980 faz um
trabalho de esclarecimento cientí co em rádios, e sua
popularidade cresceu muito depois que passou a participar do
programa Fantás co, da TV Globo, com séries sobre corpo humano,
primeiros socorros, gravidez, combate ao tabagismo, planejamento
familiar, transplantes, entre outros temas. Na Amazônia, na região
do baixo rio Negro, dirige um projeto de bioprospecção de plantas
brasileiras com o intuito de obter extratos para testá-los
experimentalmente em células tumorais malignas e bactérias
resistentes aos antibióticos. Como escritor, continuou publicando
livros com sucesso, principalmente sobre saúde e medicina, mas
também infantis e um livro sobre corrida.
PRINCIPAIS OBRAS
Estação Carandiru (1999) • Nas ruas do Brás (infantil, 2000) • De
braços para o alto (infantil, 2002) • Por um o (2004) • Borboletas
da alma (2005) • O médico doente (2007) • A teoria das janelas
quebradas (2010) • Primeiros socorros (com Carlos Jardim) (2011) •
Carcereiros (2012) • A saúde dos planos de saúde (com Mauricio
Ceschin) (2014) • Prazer em conhecer: A aventura da ciência e da
educação (com Miguel Nicolelis) (2014) • Correr (2015) • Palavra
de médico (2016) • Nas águas do Rio Negro (2017) • Prisioneiras
(2017) RNEST HEMINGWAY (1899-1961) foi um dos grandes
E autores americanos do século XX. Jornalista e romancista,
trabalhou como correspondente e repórter em diversos lugares.
Esteve na Itália durante a Primeira Guerra, e nos anos 1920 viveu
em Paris com outros artistas e intelectuais expatriados, como F.
Sco Fitzgerald, Ezra Pound e Gertrude Stein. Também passou
alguns anos vivendo na Espanha, o que teria re exos em alguns de
seus livros (como Por quem os sinos dobram), e em Cuba, aonde ia
com frequência para realizar pescarias em alto-mar – tema de um
de seus livros mais famosos, O velho e o mar (1952). Até hoje os
lugares que Hemingway frequentava são pontos turísticos em
Havana. Casou-se e divorciou-se numerosas vezes, e foi sempre
passional e intenso. Ao longo da vida recebeu importantes prêmios
literários, como o Pulitzer (1953) e o Nobel (1954). Hemingway
cometeu suicídio aos 61 anos, no estado americano de Idaho.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES As torrentes da primavera (1925) • O sol também se
levanta (1926) • Adeus às armas (1929) • Ter e não ter (1937) • Por
quem os sinos dobram (1940) • Do outro lado do rio, entre as árvores
(1950) • O velho e o mar (1952) • Adventures of a Young Man (1962)
• As ilhas da corrente (1970) • O jardim do Éden (1986) • As neves do
Kilimanjaro e outros contos (2005) NÃO FICÇÃO Death in the
A ernoon (1932) • As verdes colinas de África (1935) • O verão
perigoso (1960) • Paris é uma festa (1964) • Verdade ao amanhecer
(1999) • Ernest Hemingway Selected Le ers 1917-1961 (2003)
E UGENE O’NEILL (1888-1953) foi um importante dramaturgo
norte-americano. Filho de um ator irlandês que emigrou para os
Estados Unidos, desde pequeno teve contato com o mundo do
teatro. Teve uma juventude errática, não concluiu a universidade e
mudava de emprego com frequência. Em 1909 foi para Honduras
em busca de minas de ouro e mais tarde viajou como marinheiro
pela América do Sul e pela África. Na Argentina, trabalhou, entre
outras atividades, como peão de boiadeiro e em um escritório das
máquinas de costura Singer. Entre 1912 e 1913 esteve em um
sanatório para tratamento de tuberculose, e ali tomou contato com
a obra de grandes autores como Ibsen, Strindberg e Dostoiévski.
Pouco tempo depois começou a escrever pequenas peças de um
ato, e seu primeiro grande drama, Além do horizonte (1920),
recebeu o Prêmio Pulitzer – o primeiro de vários que o autor
receberia ao longo da vida. Em 1936 recebeu o Prêmio Nobel de
Literatura, tendo sido o primeiro dramaturgo norte-americano
agraciado com a premiação. Muitas de suas obras – com destaque
para uma das mais célebres, Longa jornada noite adentro, escrita
em 1941 e encenada pela primeira vez apenas em 1956 – contam
com personagens amargurados, ressentidos e desgostosos com a
vida. Sua obra, amplamente divulgada e encenada, teve impacto e
repercussão em todo o mundo, inclusive no Brasil.
PRINCIPAIS OBRAS
Além do horizonte (1920) • O imperador Jones (1920) • e Straw
(1921) • Diff’rent (1921) • e First Man (1922) • Macaco peludo
(1922) • Anna Chris e (1922) • A fonte (1923) • e Spook Sonata
(1923) • Marco Millions (1923-1925) • Todos os lhos de Deus têm asas
(1924) • Welded (1924) • Desejo sob os ulmeiros (1925) • Lazarus
Laughed (1925-1926) • e Great God Brown (1926) • Estranho
interlúdio (1928) • Dynamo (1929) • Electra e os fantasmas (1931) •
A juventude não é tudo (1933) • Dias sem m (1933) • Piedade cruel
(1939) • Hughie (1941) • Longa jornada noite adentro (1941) • A
Moon for the Misbego en (1941-1943) • A Touch of the Poet (1942) •
More Stately Mansions (póstumo) • e Calms of Capricorn
(póstumo) ABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ (1927-2014) foi um
G escritor, jornalista, editor, ativista e político colombiano.
Nascido na cidade de Aracataca, viveu parte da infância em
Barranquilla e mais tarde estudou direito em Bogotá. Nos anos
1940, seu interesse pela literatura se intensi cou. Ka a, Virginia
Woolf e Faulkner foram algumas de suas grandes in uências,
assim como as histórias mirabolantes contadas por sua avó, nas
quais eventos fantásticos ocorriam subitamente. A partir de 1948
passou a trabalhar como jornalista, primeiro na Colômbia, mais
tarde na Venezuela. Seu primeiro livro, A revoada (O enterro do
Diabo), foi publicado em 1955. Seu livro mais famoso, Cem anos de
solidão, conta a história de várias gerações da família Buendía na
cidade ctícia de Macondo. Considerado um dos autores mais
importantes do século XX e maior representante do que cou
conhecido como “realismo mágico” ou “realismo fantástico” na
literatura latino-americana, García Márquez, ou “Gabo”, é um dos
escritores mais admirados e traduzidos no mundo, com mais de 40
milhões de livros vendidos. Foi laureado com o Prêmio Nobel de
Literatura de 1982 pelo conjunto de sua obra. Viveu por muitos
anos no México, onde faleceu.

PRINCIPAIS OBRAS
A revoada (O enterro do Diabo) (La Hojarasca) (1955) • Relato de um
náufrago (1955) • Ninguém escreve ao coronel (1961) • Os funerais da
mamãe grande (1962) • A sesta de terça-feira (1962) • O veneno da
madrugada (a má hora) (1962) • Cem anos de solidão (1967) • A
úl ma viagem do navio fantasma (1968) • Um senhor muito velho
com umas asas enormes (1968) • A incrível e triste história de
Cândida Erêndira e sua avó desalmada (1972) • Olhos de cão azul
(1972) • O outono do patriarca (1975) • María dos prazeres (1979) •
Crônica de uma morte anunciada (1981) • Textos caribenhos (1948-
1952) – Obra jornalís ca – Volume 1 (1981) • Textos andinos (1954-
1955) – Obra jornalís ca – Volume 2 (1982) • Cheiro de goiaba (1982)
• Da Europa e da América (1955-1960) – Obra jornalís ca – Volume 3
(1983) • Reportagens polí cas (1974-1995) – Obra jornalís ca –
Volume 4 (1984) • O amor nos tempos do cólera (1985) • O verão feliz
da senhora Forbes (1986) • A aventura de Miguel Li ín clandes no no
Chile (1986) • O general em seu labirinto (1989) • Crônicas (1961-
1984) – Obra jornalís ca – Volume 5 (1991) • Entre amigos (1990) •
Doze contos peregrinos (1992) • Do amor e outros demônios (1994) •
Notícia de um sequestro (1996) • Como contar um conto (1998) •
Viver para contar (2002) • Memória de minhas putas tristes (2004) •
Eu não vim fazer um discurso (2010) AROLD BLOOM (1930-
H 2019) foi um professor e crítico literário norte-americano.
Ocupou o cargo de Sterling Professor de Humanidades na
Universidade Yale. Desde a publicação de seu primeiro livro, em
1959, Bloom escreveu mais de 40 títulos, incluindo 20 de crítica
literária, vários sobre religião e um romance. Ele editou centenas
de antologias sobre numerosas guras literárias e losó cas.
Bloom foi autor de diversas teorias controversas sobre a in uência
da literatura, além de defensor ferrenho da literatura formalista (a
arte pela arte), em oposição a visões marxistas, historicistas, pós-
modernas, entre outras. Em Contos e poemas para crianças
extremamente inteligentes de todas as idades, coletânea de contos
organizada por Bloom, o autor a rmou que foi um menino
bastante solitário apesar de ter vivido rodeado por familiares
carinhosos e que continuou solitário depois de uma vida inteira
dedicada ao ensino, à leitura e à escrita.

PRINCIPAIS OBRAS
Um mapa da desleitura (1975) • Abaixo as verdades sagradas (1989)
• O cânone ocidental (1994) • Presságios do milênio: Anjos, sonhos e
imortalidade (1996) • Shakespeare: A invenção do humano (1998) •
Como e por que ler (2000) • Contos e poemas para crianças
extremamente inteligentes de todas as idades (org.) (2001) • Hamlet:
Poema ilimitado (2003) • Gênio: Os 100 autores mais cria vos da
história da literatura (2003) • Onde encontrar a sabedoria? (2004) •
Jesus e Javé: Os nomes divinos (2005) • Anjos caídos (2007) • A
anatomia da in uência: Literatura como modo de vida (2011) • O
cânone americano: O espírito cria vo e a grande literatura (David
Mickis, org.) (2019) AROLD PINTER (1930-2008) foi um
H escritor, ator e diretor inglês, considerado um dos mais
importantes dramaturgos do século XX. Sua longa carreira, de
mais de 50 anos, passou pelos palcos, pelo rádio, pela TV e pelo
cinema. Algumas de suas peças são consideradas parte do “teatro
do absurdo”, com forte in uência de Samuel Becke .

PRINCIPAIS OBRAS
e Room (1957) • A festa de aniversário (1957) • O monta-cargas
(1957) • Uma dor sem importância (1958) • Old Times (1970) • e
Hothouse (1958) • O inoportuno (1959) • A Night Out (1959) • Night
School (1960) • Os anões (1960) • e Collec on (1961) • e Lover
(1962) • Tea Party (1964) • A volta ao lar (1964) • e Basement
(1966) • Landscape (1967) • Silence (1968) • Monologue (1972) • No
Man’s Land (1974) • Traição (1978) • Family Voices (1980) • Other
Places (1982) • A Kind of Alaska (1982) • Victoria Sta on (1982) •
One For e Road (1984) • Mountain Language (1988) • e New
World Order (1991) • Party Time (1991) • Moonlight (1993) • Ashes to
Ashes (1996) • Celebração (1999) • Remembrance of ings Past
(2000) ERMANN HESSE (1877-1962) nasceu em Calw,
H Alemanha, lho de missionários protestantes. Logo entrou
em con ito com os pais e com o ambiente de sua criação, e se
mudou para a Suíça, adquirindo em 1923 a nacionalidade daquele
país. Revoltado com o meio burguês e as convenções sociais,
mudou-se para a Índia e conheceu o budismo, que o in uenciaria
pelo resto da vida. Após o início da Primeira Guerra Mundial, em
1914, engajou-se contra o militarismo alemão. Em 1919 publicou
Demian, in uenciado pelas ideias de Carl G. Jung, e em 1922
lançou Sidarta, sobre a vida do Buda. Sua obra mais biográ ca é O
lobo da estepe (1927). É considerado um dos maiores escritores do
século XX. Ganhador do Nobel de 1946, continua sendo lido e
publicado em todo o mundo.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES Peter Camenzind (1903) • Debaixo das rodas (1905) •
Gertrud (1910) • Knulp (1915) • Demian (1919) • Sidarta (1922) • O
lobo da estepe (1927) • Narciso e Goldmund (1930) • O jogo das contas
de vidro (1943) • Viagem ao Oriente (1958) BIOGRAFIAS Bocaccio
(1904) • Francisco de Assis (1904) AMES MICHENER (1907-1997) foi
um escritor americano. Ao longo da vida, publicou dezenas de
J livros, em especial grandes sagas familiares ambientadas em
regiões distintas do globo – Caribe, Alasca, Havaí, Texas, Polônia,
México, etc. Era conhecido por fazer pesquisas meticulosas para
seus livros. Michener não conheceu sua família biológica; foi
criado por uma família adotiva quaker, na Pensilvânia. Na
juventude, trabalhou como professor de inglês do ensino médio e
se formou em educação. Durante a Segunda Guerra Mundial,
alistou-se voluntariamente e serviu na Marinha. Suas viagens
dessa época pela região do Pací co Sul serviram de base para a
obra que fez sua carreira deslanchar: a coletânea de contos Amor e
guerra nos mares do sul (1947), que venceu o Prêmio Pulitzer e foi
adaptada para um musical da Broadway pela famosa dupla
Rodgers and Hammerstein, que intitulou o espetáculo de South
Paci c. Sua carreira de escritor foi muito bem-sucedida: estima-se
que mais de 75 milhões de seus livros tenham sido vendidos. No
m da vida tornou-se um grande lantropo, fazendo expressivas
doações para instituições educacionais e culturais.

PRINCIPAIS OBRAS
Amor e guerra nos mares do sul (1947) • Fogos da primavera (1949) •
Volta ao paraíso (1950) • As pontes de Toko-ri (1953) • Sayonara
(1954) • Hawaii (1959) • Caravanas (1963) • A fonte de Israel (1965)
• Os rebeldes (1971) • A saga do Colorado (1974) • Baía de
Chesapeake (1978) • e Watermen (1978) • A aliança (1980) • A
corrida para as estrelas (1982) • Polônia (1983) • Texas (1985) •
Legado de honra (1987) • Alasca (1988) • Caribe (1989) • Journey
(1989) • O romance (1991) • Mexico (1992) • Recessional (1994) •
Miracle in Seville (1995) ORGE AMADO (1912-2001) foi um autor
J baiano e um dos escritores brasileiros mais famosos e
traduzidos de todos os tempos. Nasceu em uma fazenda na região
de Ilhéus (BA) e passou a infância nessa área, cenário de várias de
suas obras. Nos anos 1930 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde
estudou direito e passou a trabalhar como jornalista. Também
nessa época teve contato com o comunismo, que abraçou
politicamente. Em 1946 foi eleito deputado federal pelo Partido
Comunista Brasileiro (PCB) em São Paulo. A militância política o
obrigou a passar períodos no exílio, entre os anos 1940 e 1950, na
Argentina, no Uruguai, na França e na Tchecoslováquia. Em 1956
desligou-se do PCB e dois anos depois publicou um dos seus
maiores sucessos, Gabriela, cravo e canela, romance passado na
Bahia e com personagens que são tipos populares tipicamente
baianos. Publicou outros grandes sucessos, como Dona Flor e seus
dois maridos, A morte e a morte de Quincas Berro d’Água, Tenda dos
Milagres, Tieta do Agreste e Tereza Ba sta cansada de guerra, muitos
deles adaptados para o cinema e a televisão. É considerado um
expoente da literatura brasileira e seus livros foram publicados em
dezenas de países. Em 1994, o conjunto de sua obra foi
reconhecido com o Prêmio Camões.
PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES O país do Carnaval (1931) • Cacau (1933) • Suor (1934) •
Jubiabá (1935) • Mar morto (1936) • Capitães da areia (1937) • A
estrada do mar (1938) • Terras do Sem-Fim (1943) • São Jorge dos
Ilhéus (1944) • Seara vermelha (1946) • Os subterrâneos da liberdade
(1954) • Gabriela, cravo e canela (1958) • A morte e a morte de
Quincas Berro d’Água (1959) • Os velhos marinheiros ou o capitão-de-
longo-curso (1961) • Os pastores da noite (1964) • O compadre de
Ogum (1964) • Dona Flor e seus dois maridos (1966) • Tenda dos
milagres (1969) • Tereza Ba sta cansada de guerra (1972) • Tieta do
Agreste (1977) • Farda, fardão, camisola de dormir (1979) • Tocaia
grande (1984) • O sumiço da santa (1988) TEATRO O amor do soldado
(1947) CONTOS Do recente milagre dos pássaros (1979)
INFANTOJUVENIL O gato Malhado e a andorinha Sinhá (1976) • A
bola e o goleiro (1984) NÃO FICÇÃO ABC de Castro Alves (1941) • O
cavaleiro da esperança (1942) • Bahia de Todos os Santos (1944) • O
mundo da paz (1951) • O menino grapiúna (1981) OSELIA AGUIAR
J (1978-) é baiana de Salvador. Jornalista, é mestre em história
pela Universidade de São Paulo. Serviu como correspondente em
Londres do jornal Folha de S.Paulo, além de ter assinado a coluna
sobre livros e mercado editorial no mesmo jornal. Esteve à frente
da edição da revista Entrelivros. Foi curadora da Flip (Festa
Literária Internacional de Parati) nas edições de 2017 e 2018.
PRINCIPAL OBRA
Jorge Amado: Uma biogra a (2018) OSÉ SARAMAGO (1922-2010)
J foi um escritor português, considerado um dos mais
importantes autores de língua portuguesa de todos os tempos e
vencedor do Prêmio Camões de 1995 e do Nobel de Literatura de
1998. Nasceu em uma família de agricultores mas passou boa parte
da vida em Lisboa. Trabalhou como serralheiro e funcionário
público e sempre foi interessado em livros e literatura. Teve seu
primeiro livro publicado (o romance Terra do pecado) em 1947, aos
25 anos. Depois disso, lançou alguns livros de poesia e fez
traduções. Atuou como jornalista até os anos 1970, quando os
militares passaram a interferir na imprensa, logo depois da
Revolução dos Cravos de 1974. A partir de então dedicou-se à
literatura, e no início dos anos 1980 começou a chamar atenção da
crítica literária com Levantado do chão (1980) e Memorial do
convento (1982). Durante a maior parte da vida foi um defensor do
comunismo e forte opositor da Igreja. Muitas de suas obras
misturam cção e história, e possuem um estilo literário
característico, com frases e períodos longos, e diálogos inseridos
nos parágrafos, sem interrupções.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES Terra do pecado (1947) • Manual de pintura e caligra a
(1977) • Levantado do chão (1980) • Memorial do convento (1982) •
O ano da morte de Ricardo Reis (1984) • A jangada de pedra (1986) •
História do cerco de Lisboa (1989) • O evangelho segundo Jesus Cristo
(1991) • Ensaio sobre a cegueira (1995) • Todos os nomes (1997) • A
caverna (2000) • O homem duplicado (2002) • Ensaio sobre a lucidez
(2004) • As intermitências da morte (2005) • A viagem do elefante
(2008) • Caim (2009) • Claraboia (2011) • Alabardas, alabardas,
espingardas, espingardas (2014) CRÔNICAS Deste mundo e do outro
(1971) • A bagagem do viajante (1973) • As opiniões que o DL teve
(1974) TEATRO A noite (1979) • Que farei com este livro? (1980) • A
segunda vida de Francisco de Assis (1987) • In Nomine Dei (1993) •
Don Giovanni ou O dissoluto absolvido (2005) CONTOS Objecto quase
(1978) • Poé ca dos cinco sen dos – O ouvido (1979) • O conto da ilha
desconhecida (1997) POESIA Os poemas possíveis (1966) •
Provavelmente alegria (1970) • O ano de 1993 (1975) DIÁRIO E
MEMÓRIAS Cadernos de Lanzarote (I-V) (1994) • As pequenas
memórias (2006) • Úl mo caderno de Lanzarote (2018) INFANTIL A
maior or do mundo (2001) • O silêncio da água (2011) VIAGENS
Viagem a Portugal (1983) UIGI PIRANDELLO (1867-1936) foi um
L poeta, escritor e dramaturgo italiano. Nascido em uma família
de classe alta da Sicília, desde cedo se interessou por histórias,
mitos e lendas, tendo escrito sua primeira peça aos 12 anos de
idade. Em 1887 mudou-se para Roma a m de continuar seus
estudos. Lá, passou a frequentar bastante o teatro, e em 1889 foi
publicado seu primeiro livro de poemas. Terminou os estudos em
Bonn, na Alemanha, onde viveu por dois anos. De volta à Itália,
continuou produzindo poemas, contos, novelas e romances. No
início do século XX, obras como O falecido Ma ia Pascal lhe
trouxeram fama e reconhecimento internacionais. Pirandello
manteve-se produtivo, tendo livros e artigos publicados e
escrevendo peças. Em 1921, seu texto Seis personagens em busca de
um autor foi um fracasso retumbante em sua estreia em Roma, a
ponto de o autor precisar sair do teatro por uma porta lateral para
evitar uma multidão enfurecida. No entanto, no ano seguinte a
mesma peça foi um sucesso estrondoso em Milão e logo em
seguida ganhou os palcos em Londres e Nova York. A partir da
década de 1920, a obra de Pirandello ganhou o mundo, e no Brasil,
país com grande população descendente de italianos, não foi
diferente. Já em 1924 a peça Assim é, se lhe parece era encenada no
Brasil, e em 1927 o próprio Pirandello esteve no Brasil como diretor
de companhia teatral e se apresentou em São Paulo e no Rio de
Janeiro. A consagração do Prêmio Nobel veio em 1934, dois anos
antes de sua morte.

PRINCIPAIS OBRAS
TEATRO Liolà (1916) • Assim é, se lhe parece (1917) • O prazer da
hones dade (1917) • Il gioco delle par (1918) • O homem, a besta e a
virtude (1919) • Seis personagens em busca de um autor (1921) •
Enrico IV (1922) • L’imbecille (1922) • Ves r os nus (1922) • O homem
da or na boca (1923) • O outro lho (1923) • La vita che diedi
(1923) • Ciascuno a suo modo (1924) • Sagra del Signore della Nave
(1924) • L’Amica delle Mogli (1926) • Bellavita (1926) • Diana e la
Tuda (1927) • O di Uno o di Nessuno (1929) • Come Tu Mi Vuoi (1929)
• Esta noite improvisa-se (1930) ROMANCES O turno (1902) • O
falecido Ma ia Pascal (1904) • A excluída (1908) • O marido dela
(1911) • Os velhos e os moços (1913) • Cadernos de Sera no Gubbio
Operador (1915) • Um, nenhum e cem mil (1926) CONTOS E NOVELAS
Novelas para um ano (15 volumes) (1922-1937) UIZ ALFREDO
L GARCIA-ROZA (1936-2020) nasceu no Rio de Janeiro. Formado
em loso a e psicologia, foi professor da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) e é autor de oito livros sobre psicanálise e
loso a. Deixou a vida acadêmica para dedicar-se à cção policial
e às investigações do delegado Espinosa, personagem central de
quase todas as suas histórias. Seu romance de estreia, O silêncio da
chuva, recebeu os prêmios Nestlé de Literatura (1996) e Jabuti
(1997), além de ter sido traduzido para vários idiomas.

PRINCIPAIS OBRAS
O silêncio da chuva (1996) • Achados e perdidos (1998) • Vento
sudoeste (1999) • Uma janela em Copacabana (2001) • Perseguido
(2004) • Berenice procura (2005) • Espinosa sem saída (2006) • Na
mul dão (2007) • Céu de origamis (2009) • Fantasma (2012) • Um
lugar perigoso (2014) • A úl ma mulher (2019) ARIO VARGAS
M LLOSA (1936-) é um escritor e político. Nascido no Peru,
passou a primeira infância na Bolívia, retornando ao país natal aos
10 anos. Estudou como interno no Colégio Militar, o que inspirou
seu livro Ba smo de fogo. Estudou letras e direito no Peru e mais
tarde completou os estudos na Espanha, passando em seguida
uma temporada na França. Muitos de seus livros têm forte teor
autobiográ co e abordam a realidade social peruana e latino-
americana. Integrou o que convencionou-se chamar “boom latino-
americano” dos anos 1960 e 1970, ao lado de outros grandes
escritores como o argentino Julio Cortázar, o mexicano Carlos
Fuentes e o colombiano Gabriel García Márquez, com obras
in uenciadas tanto pela literatura europeia quanto pelo
conturbado momento político que vivia a América Latina. Vargas
Llosa seguiu carreira política, sendo inclusive candidato à
presidência do Peru em 1990, mas foi derrotado por Alberto
Fujimori. Alguns anos mais tarde, deixou o país e xou residência
na Espanha. Sua obra ( cção, teatro, ensaios) é amplamente
consagrada e recebeu o Nobel de Literatura em 2010.

PRINCIPAIS OBRAS
Os chefes (1959) • Ba smo de fogo (1963) • A casa verde (1966) • Os
lhotes (1967) • Conversa no Catedral (1969) • Pantaleão e as
visitadoras (1973) • Tia Julia e o escrevinhador (1977) • A guerra do
m do mundo (1981) • História de Mayta (1984) • Quem matou
Palomino Molero? (1986) • O falador (1987) • Elogio da madrasta
(1988) • Lituma nos Andes (1993) • Os cadernos de don Rigoberto
(1997) • A festa do bode (2000) • O paraíso na outra esquina (2003)
• Travessuras da menina má (2006) • O sonho do celta (2010) • O
herói discreto (2013) • Cinco esquinas (2016) • Tiempos recios (2019)
• O chamado da tribo (2019) ILTON HATOUM (1952-) nasceu
M em Manaus, em uma família de descendentes de libaneses.
Estudou arquitetura na USP e estreou na cção com Relato de um
certo Oriente, publicado em 1989 e vencedor do Prêmio Jabuti de
Melhor Romance do Ano. Seu segundo livro, Dois irmãos, de 2000,
mereceu outro Jabuti, foi traduzido para 12 idiomas e adaptado
para televisão, teatro e quadrinhos. Com Cinzas do Norte, de 2005,
Hatoum ganhou os prêmios Jabuti, Bravo!, APCA e Portugal
Telecom (hoje conhecido como Prêmio Oceanos). Em 2006, lançou
A cidade ilhada, uma reunião de contos breves. Em 2008, sua
novela Órfãos do Eldorado foi adaptada para o cinema, e em 2013
teve suas crônicas reunidas em Um solitário à espreita. Em 2017
iniciou a publicação da trilogia O Lugar Mais Sombrio com A noite
da espera, seguida por Pontos de fuga, em 2019.
PRINCIPAIS OBRAS
Relato de um certo Oriente (1989) • Dois irmãos (2000) • Cinzas do
Norte (2005) • Órfãos do Eldorado (2008) • A cidade ilhada (2009) •
A noite da espera (2017) • Pontos de fuga (2019) LGA
O TOKARCZUK (1962-) é uma escritora polonesa. Nascida em
Sulechów, no oeste da Polônia, formou-se em psicologia em
Varsóvia e em seguida passou a trabalhar como terapeuta em
Wrocław. Seu primeiro livro publicado (em 1989) foi uma
coletânea de poemas, seguido por um romance em 1993. O
primeiro sucesso veio em 1996 com seu terceiro romance, Prawiek i
inne czasy, traduzido em vários idiomas. Com isso, Olga despontou
como um dos grandes nomes da literatura polonesa
contemporânea. Recebeu o Nike, o prêmio literário mais
importante da Polônia, o Brückepreis (Alemanha/Polônia), o
Kulturhuset (Suécia), o Man Booker Prize (Inglaterra), o Prix
Laure Bataillon (França) e nalmente o Nobel de Literatura de
2018.

PRINCIPAIS OBRAS
Miasta w lustrach (1989) • Podróż ludzi księgi (1993) • E.E. (1995) •
Prawiek i inne czasy (1996) • Szafa (1997) • Dom dzienny, dom nocny
(1998) • Opowieści wigilijne (2000) • Lalka i perła (2000) • Gra na
wielu bębenkach (2001) • Ostatnie historie (2004) • Anna w
grobowcach świata (2006) • Os vagantes (2007) • Sobre os ossos dos
mortos (2009) • Moment niedźwiedzia (2012) • Księgi Jakubowe
(2014) • Zgubiona dusza (2017) • Opowiadania bizarne (2018)
P AULO COELHO (1947-) é o escritor brasileiro mais bem-
sucedido internacionalmente de todos os tempos. Carioca, estudou
em colégios tradicionais e trabalhou como jornalista, ator e diretor
teatral. Nos anos 1970 conheceu o músico Raul Seixas, de quem se
tornou parceiro em obras de muito sucesso, como “Eu nasci há dez
mil anos atrás”, “Gita”, “Sociedade Alternativa” e “Como vovó já
dizia (óculos escuros)”, entre outras. Em 1986 fez a peregrinação
pelo Caminho de Santiago de Compostela, experiência que serviria
de base para seu livro O diário de um mago (1987). O lançamento
seguinte, O alquimista (1988), faz imenso sucesso no Brasil e no
exterior, é um dos maiores fenômenos literários do século XX e fez
de Paulo Coelho um dos autores mais traduzidos em todo o
mundo. Desde 2007 mora em Genebra, na Suíça.

PRINCIPAIS OBRAS
Manual prá co do vampirismo (1986) • O diário de um mago (1987)
• O alquimista (1988) • Brida (1990) • As Valkírias (1992) • Na
margem do rio Piedra eu sentei e chorei (1994) • O Monte Cinco (1996)
• Veronika decide morrer (1998) • O demônio e a Srta. Prym (2000)
• Onze minutos (2003) • O Zahir (2005) • A bruxa de Portobello
(2006) • O vencedor está só (2008) • Aleph (2010) • Manuscrito
encontrado em Accra (2012) • Adultério (2014) • A espiã (2016) •
Hippie (2018) HOMAS MANN (1875-1955) foi um dos grandes
T escritores alemães, autor de obras-primas como Os
Buddenbrook, A montanha mágica, Morte em Veneza e Doutor Fausto.
Nascido em uma família tradicional de Lübeck, lho de um
político e comerciante e de uma brasileira, Julia da Silva Bruhns,
seu irmão Heinrich também foi um escritor consagrado. Premiado
com o Nobel de Literatura em 1929, omas Mann manifestou-se
constantemente sobre as questões de seu tempo. Sua produção
ensaística é parte da turbulenta história política, social e cultural
da Alemanha. Adversário ferrenho do nazismo, deixou seu país em
1933, xando-se primeiro na Suíça e mais tarde nos Estados
Unidos. Após a Segunda Guerra Mundial, em 1952, voltou à Europa
e se estabeleceu novamente na Suíça, onde viveu até sua morte.

PRINCIPAIS OBRAS
Os Buddenbrook (1901) • Tonio Kröger (1903) • Sua Alteza Real
(1909) • Morte em Veneza (1912) • A montanha mágica (1924) •
Mário e o mágico (1930) • José e seus irmãos (1933-1943) • As
histórias de Jacó (1933) • O jovem José (1934) • José no Egito (1936) •
José, o provedor (1943) • As cabeças trocadas (1940) • Doutor Fausto
(1947) • O eleito (1951) • Con ssões do impostor Felix Krull (1954)
MBERTO ECO (1932-2016) foi um escritor, lósofo, semiólogo,
U linguista e biblió lo italiano de fama internacional. Foi
titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de
Ciências Humanas na Universidade de Bolonha. Colaborou em
diversos periódicos acadêmicos e foi colunista da revista semanal
italiana L’Espresso, abordando uma in nidade de temas. Eco foi,
ainda, notório escritor de romances, entre os quais O nome da rosa
e O pêndulo de Foucault. Junto com o escritor e roteirista Jean-
Claude Carrière, lançou em 2010 Não contem com o m do livro.

PRINCIPAIS OBRAS
ROMANCES O nome da rosa (1980) • O pêndulo de Foucault (1988) •
A ilha do dia anterior (1994) • Baudolino (2000) • A misteriosa
chama da rainha Loana (2004) • O cemitério de Praga (2011) •
Número zero (2015) ENSAIOS Obra aberta (1962) • Diário mínimo
(1963) • Apocalíp cos e integrados (1964) • A de nição da arte
(1968) • A estrutura ausente (1968) • As formas do conteúdo (1971) •
Men ras que parecem verdades (com Marisa Bonazzi) (1972) • O
super-homem de massa (1978) • Lector in fabula (1979) • Viagem na
irrealidade co diana (1983) • Conceito de texto (1984) • Semió ca e
loso a da linguagem (1984) • Sobre os espelhos e outros ensaios
(1985) • Arte e beleza na esté ca medieval (1987) • Os limites da
interpretação (1990) • O signo de três (com omas A. Sebeok)
(1991) • Segundo diário mínimo (1992) • Interpretação e
superinterpretação (1992) • Seis passeios pelos bosques da cção
(1994) • Como se faz uma tese (1995) • Kant e o ornitorrinco (1997) •
Cinco escritos morais (1997) • Entre a men ra e a ironia (1998) • Em
que creem os que não creem? (com Carlo Maria Martini) (1999) • A
busca da língua perfeita na cultura europeia (2001) • Sobre a
literatura (2002) • Quase a mesma coisa (2003) • História da beleza
(2004) • História da feiura (2007) • Da árvore ao labirinto (2007) •
A ver gem das listas (2009) • Não contem com o m do livro (com
Jean-Claude Carrière) (2010) • História das terras e lugares
lendários (2013) • Pape Satàn aleppe: Crônicas de uma sociedade
líquida (2017)
Nos anos 1980, atuei na montagem da peça Morte acidental
de um anarquista, do italiano Dario Fo, com a Companhia
Estável de Repertório, de que eu fazia parte. A direção era de
Antonio Abujamra e a peça cou 7 anos em cartaz. Esse
texto é considerado um dos clássicos da dramaturgia do
século XX. A partir de um episódio real, em que um
anarquista “comete suicídio” ao pular da janela de uma
delegacia durante um interrogatório, o autor faz uma crítica
cirúrgica à sociedade e à violência policial. (Foto: José
Antonio / Abril Comunicações S.A.)
O Coronel Ramiro Bastos é uma das muitas
criações maravilhosas de Jorge Amado.
Fazendeiro de cacau, típico coronel
nordestino, autoritário, violento e temido por
todos, ele manda e desmanda na região. Na
primeira versão da novela Gabriela, foi vivido
pelo grande Paulo Gracindo. Uma baita
responsabilidade interpretar esse papel depois
disso, na versão de 2012 dirigida por Mauro
Mendonça Filho. (Foto: Acervo / TV Globo)
uando eu era molequinho, com uns 10,
Q 12 anos, já era louco por cinema e meu
programa preferido era ir a um cinema
chamado Oásis, na Praça Júlio Mesquita, em
São Paulo. Antigamente, você entrava no
cinema e podia car lá dentro o tempo que
quisesse. Se sua vontade fosse assistir quatro
vezes ao mesmo lme, podia. Podia entrar no
meio da sessão e depois car para a outra e ver
o início do lme.
O Cine Oásis tinha uma particularidade:
exibia lmes diferentes ao longo do dia, e não o
mesmo lme em várias sessões. Então, o meu
grande programa era ir para a cidade, almoçar
com o dinheiro que a minha mãe me dava,
entrar no cinema ao meio-dia e sair à meia-
noite. Eu via 5, às vezes 6 lmes por dia,
porque as sessões eram regulares às 14h, 16h,
18h, 20h e 22h. Os lmes que passavam lá
eram diferentes, estranhos, com histórias
extraordinárias, de Hércules, Aquiles... Eu não
sabia o que era, mas gostava muito.
Na verdade, os lmes eram de péssima
qualidade, estrelados por aqueles atores
canastrões e fortões da época – eu me lembro
bem de um deles, chamado Steve Reeves. Era
um cara bonitão, fortão, uma espécie de
Schwarzenegger da década de 1960. Esse ator
era o protagonista de quase todos esses lmes,
e depois eu quei sabendo que essas produções
eram feitas às vezes em uma semana ou 15
dias. Ou seja, eram lmes bem vagabundinhos
mesmo, mas que marcaram a minha infância e
adolescência.
Conto aqui essa história toda para falar de
livros infantojuvenis, porque anos depois, eu,
que sempre gostei de ler, descobri ao ler
Homero que todos aqueles lmes se passavam
dentro desse universo da mitologia ou da
história greco-romana: A Guerra de Troia, Os
úl mos dias de Pompeia, Hércules e a Rainha da
Lídia, O gigante da Maratona, O lho de
Spartacus. Assim, descobri que eu já tinha me
aproximado da mitologia através daqueles
lminhos vagabundos que eu adorava assistir.
Quando o assunto são histórias
infantojuvenis, sempre me vem à cabeça a
mitologia grega. É um assunto delicioso, tem
livros muito bons, bem escritos, fáceis de ler, e
milhões de histórias fantásticas, inclusive
algumas divertidas, e que ensinam: por que o
eco se chama eco, quem é Cupido, de Afrodite,
deusa do amor, de Atena, de Zeus, um deus
incrível e poderosíssimo, mulherengo, sempre
fugindo do ciúme de Hera, sua mulher. São mil
histórias dentro da mitologia grega que eu
indicaria, de olhos fechados, como livros
infantojuvenis.
Um autor de que eu gosto particularmente
é Thomas Bulfinch, de O ivro de ouro da
mitologia. Nesse livro, ele conta histórias desde
o começo do mundo grego, a chamada
cosmogonia, até os heróis, os semi-heróis, os
deuses, os semideuses, e também fala de
Homero. A mitologia grega é tão interessante
que os romanos, quando invadiram a Grécia,
se apropriaram daqueles deuses. Só mudaram
os nomes, mas as histórias são as mesmas.
Se você se apaixonar por esse assunto e
quiser se aprofundar um pouquinho mais,
recomendo procurar um autor brasileiro,
Junito de Souza B andão. Ele é especialista em
mitologia e tem um livro referência, em três
volumes, chamado Mitologia grega. Junito
discute também a etimologia, a origem das
palavras e dos termos usados na mitologia
grega, e contextualiza aqueles deuses todos. É
um livro muito bom para aprofundar o
conhecimento.
E tem um autor americano, Rick Riordan,
que se baseou na mitologia grega para escrever
uma série de livros com um personagem
central chamado Percy Jackson, que faz muito
sucesso. É um personagem moderno, um
adolescente que descobre ser lho de um dos
deuses do Olimpo, e então as aventuras dele
começam dentro de uma terra especial onde
vivem todos os seres mitológicos. É bastante
engraçada a aproximação que o autor faz com a
nossa realidade.
Sabemos hoje em dia que não se pode mais
restringir um livro à categoria infantojuvenil.
Har y Potter nos mostrou que a juventude é
perfeitamente capaz de suportar uma
literatura mais pesada e profunda, porque a
série criada por J. K. Rowling tem livros
enormes, não tão fáceis de ler, e no entanto
vimos las e las no mundo todo para comprar
seus livros no dia do lançamento, muito antes
de terem sido adaptados para o cinema. Fica
então um grande agradecimento a essa
escritora, por ter feito esse favor à adolescência
mundial: escrever sete livros sobre um
personagem que encantou o mundo inteiro.

O ivro de ouro da mitologia Thomas Bulfinch Mitologia grega (boxe 3 volumes) Junito de Souza
B andão
360 páginas
Editora HarperCollins
1.240 páginas
Editora Vozes

O lad ão de aios Har y Potter e a ped a filosofal


(Percy Jackson e os o impianos #1) Rick Riordan (Har y Potter – Livro 1) J. K. Row ing
400 páginas 208 páginas
Editora Intrínseca Editora Rocco
AUTORES
CITADOS

. K. ROWLING é o pseudônimo usado pela


J escritora inglesa Joanne Rowling (1965-).
Nascida na região de Gloucestershire,
formou-se em estudos clássicos na
Universidade de Exeter e depois mudou-se
para Londres, onde trabalhou na Anistia
Internacional. Poucos anos depois, mudou-se
para Manchester e foi numa viagem de trem
entre Londres e Manchester, em 1990, que
surgiu a inspiração para a história de um
menino bruxo que frequenta uma escola de
magia. Algum tempo depois, mudou-se para o
Porto, em Portugal, onde se casou com um
português e teve uma lha. O casamento
terminou em ns de 1993 e Rowling mudou-se
para a Escócia com a lha. O manuscrito do
primeiro livro foi concluído em 1995 e
recusado por diversas editoras, até ser
publicado pela Bloomsbury em 1997. Harry
Po er e a pedra losofal recebeu vários prêmios
literários e teve seus direitos vendidos para
outros países. Os demais livros da série foram
publicados nos anos subsequentes, com
popularidade cada vez maior. Aos poucos, a
série se tornou um dos maiores fenômenos
editoriais mundiais da história, com las de
adolescentes e crianças na data de lançamento
dos livros em diversos países. A franquia Harry
Po er gerou lmes baseados nos livros,
produtos de toda natureza e até mesmo
parques temáticos. Em 2004, a revista Forbes
nomeou Rowling como a primeira pessoa a se
tornar bilionária somente escrevendo livros.
Depois de encerrada a série Harry Po er,
Rowling publicou outros livros, para adultos –
com seu próprio nome e com o pseudônimo
Robert Galbraith –, mas nunca alcançaram o
mesmo sucesso da série juvenil.

PRINCIPAIS OBRAS
Harry Po er e a pedra losofal (1997) • Harry Po er e a câmara
secreta (1998) • Harry Po er e o prisioneiro de Azkaban (1999) •
Harry Po er e o cálice de fogo (2000) • Animais fantás cos e onde
habitam (2001) • Quadribol através dos séculos (2001) • Harry Po er
e a ordem da fênix (2003) • Harry Po er e o enigma do príncipe
(2005) • Harry Po er e as relíquias da morte (2007) • Os contos de
Beedle, o Bardo (2008) • Morte súbita (2012) • O chamado do cuco
(como Robert Galbraith) (2013) • O bicho-da-seda (como Robert
Galbraith) (2014) • Vocação para o mal (como Robert Galbraith)
(2015) • Harry Po er e a criança amaldiçoada (2016) • Short Stories
from Hogwarts of Power, Poli cs and Pesky Poltergeists (2016) • Short
Stories from Hogwarts of Heroism, Hardship and Dangerous Hobbies
(2016) • Hogwarts: An Incomplete and Unreliable Guide (2016) •
Branco letal (como Robert Galbraith) (2018) • O Ickabog (2020) •
Troubled Blood (como Robert Galbraith) (2020) UNITO DE SOUZA
J BRANDÃO (1924-1995) foi um escritor, tradutor e professor
brasileiro, uma das maiores referências no país em mitologia grega
e latina. Formado em letras clássicas pela Universidade do Estado
da Guanabara, mais tarde graduou-se em arqueologia, epigra a e
história da Grécia na Universidade de Atenas. Foi professor no
Brasil por décadas, na PUC-Rio, na Uerj e em outras instituições.
Na PUC, criou a cátedra de Mitologia Grega e Latina, iniciativa
pioneira em universidades brasileiras. Como tradutor, verteu para
o português obras de clássicos gregos como Eurípides. Além do
clássico Mitologia grega (em 3 volumes), sua obra mais conhecida,
escreveu livros sobre teatro grego, dicionários e livros didáticos.
PRINCIPAIS OBRAS
Teatro grego: origem e evolução (1980) • Teatro grego: tragédia e
comédia (1984) • Mitologia grega (3 volumes) (1987) • Helena, o
eterno feminino (1989) Dicionário mí co-e mológico da mitologia
grega (1991-1992) • Dicionário mí co-e mológico da mitologia e da
religião romana (1993) ICK RIORDAN (1964-) é um escritor
R norte-americano conhecido por seus livros para leitores
jovens, que já foram traduzidos em 42 idiomas e venderam mais
de 30 milhões de exemplares apenas nos Estados Unidos. Nascido
em San Antonio, no Texas, formou-se em inglês e história e foi
professor de ensino médio dessas disciplinas por anos em San
Francisco, Califórnia. Seus primeiros livros publicados foram
volumes de uma série policial intitulada Tres Navarre. Mas a série
que o consagrou foi Percy Jackson e os Olimpianos, cujo enredo –
envolvendo mitologia grega e um protagonista de 12 anos – foi
concebido como uma história de ninar para um de seus lhos. As
aventuras de Percy Jackson se desenrolaram ao longo de vários
livros e foram adaptadas para o cinema. Riordan continuou
produzindo outras séries para o público infantojuvenil, como
Magnus Chase e As Crônicas dos Kane.

PRINCIPAIS OBRAS
Tres Navarre 1: Tequila vermelha (1997) • Tres Navarre 2: A dança
do viúvo (1998) • Tres Navarre 3: e Last King of Texas (2001) • Tres
Navarre 4: e Devil Went Down to Aus n (2002) • Tres Navarre 5:
Southtown (2004) • Tres Navarre 6: Mission Road (2005) • Percy
Jackson e os Olimpianos 1: O ladrão de raios (2005) • Percy
Jackson e os Olimpianos 2: O mar de monstros (2006) • Percy
Jackson e os Olimpianos 3: A maldição do tã (2007) • Percy
Jackson e os Olimpianos 4: A batalha do labirinto (2008) • Tres
Navarre 7: Rebel Island (2008) • Percy Jackson e os Olimpianos 5: O
úl mo olimpiano (2009) • Percy Jackson e os Olimpianos: Os
arquivos do semideus (2009) • Percy Jackson e os Olimpianos: O
guia de ni vo (2010) • As Crônicas dos Kane 1: A pirâmide
vermelha (2010) • Os Heróis do Olimpo 1: O herói perdido (2010) •
As Crônicas dos Kane 2: O trono de fogo (2011) • As Crônicas dos
Kane 3: A sombra da serpente (2012) • As Crônicas dos Kane: Guia
de sobrevivência (2012) • Os Heróis do Olimpo 2: O lho de Netuno
(2011) • Os Heróis do Olimpo 3: A marca de Atena (2012) • Os
Heróis do Olimpo 4: A casa de Hades (2013) • Semideuses e monstros
(2014) • Os Heróis do Olimpo 5: O sangue do Olimpo (2014) • Os
Heróis do Olimpo: Os diários do semideus (2013) • Percy Jackson e
os Olimpianos: Percy Jackson e os deuses gregos (2015) • Magnus
Chase e os Deuses de Asgard 1: A espada do verão (2015) • Magnus
Chase e os Deuses de Asgard 2: O martelo de or (2016) • As
Provações de Apolo 1: O oráculo oculto (2016) • Magnus Chase e os
Deuses de Asgard 3: O navio dos mortos (2017) • Hotel Valhala – Guia
dos mundos nórdicos (2017) • As Provações de Apolo 2: A profecia
das sombras (2017) • As Provações de Apolo 3: O labirinto de fogo
(2018) • Segredos do Acampamento Meio-Sangue. O verdadeiro guia
do acampamento para semideuses (2018) • As Provações de Apolo 4:
A tumba do rano (2019) • A torre de Nero (a ser lançado)
T HOMAS BULFINCH (1796-1867) foi um escritor norte-
americano. Nascido em uma família de comerciantes de
Massachuse s, cou conhecido por suas obras sobre mitologia, em
especial a edição lançada em 1881, reunindo três de suas obras
previamente publicadas: sobre deuses e heróis, sobre as lendas
arturianas e sobre lendas medievais.

PRINCIPAIS OBRAS
Mitologia geral: A idade da fábula (1855) • e Age of Chivalry, or
Legends of King Arthur (1858) • Legends of Charlemagne, or Romance
of the Middle Ages (1863) • O livro de ouro da mitologia: Histórias de
deuses e heróis (1881)
História
Os meus professores de história que me
perdoem, se é que eles se lembram de mim.
Mas eu me lembro deles, e aquelas aulas de
história eram muito chatas. Tinha um que
entrava na sala de aula e falava apenas:
“Escrevam.” Então você abria seu caderninho e
começava a escrever o que ele ditava, e
continuava assim até car com dor na mão.
Depois, na prova, ele fazia uma pergunta e a
resposta tinha que ser exatamente o que ele
tinha ditado.
Portanto, pela minha experiência, eu diria
que as aulas de história foram completamente
desperdiçadas, porque todos aqueles assuntos
maravilhosos foram abordados de uma forma
maçante.
E não tem coisa mais maravilhosa do que
história. Quando eu resolvi ler história, decidi
começar do começo. Fui lá para trás, para a
história do Egito antigo. Na verdade, eu peguei
um livro pelo qual me apaixonei: Deuses,
túmulos e sábios, de C. W. Ce am. Li esse livro
ainda moleque, e é como diz o subtítulo, “um
romance da arqueologia”. Nele, o autor conta
um monte de histórias fantásticas de
personagens extraordinários, pesquisando a
história através da arqueologia.
Uma das histórias citadas nesse livro é a de
Heinrich Schliemann, o descobridor de Troia.
Outro relato fabuloso é de como um francês
chamado Jean-François Champollion
conseguiu decifrar os primeiros hieróglifos,
depois de passar mais de 20 anos estudando o
assunto. E, é claro, depois dessa descoberta,
todos os livros de história publicados até então
tiveram de ser reescritos, porque entrou a
história do Egito, que ninguém conhecia, e
toda a história precisou ser reformulada a
partir daí.
Portanto, para mim foi assim. Eu comecei a
ler história desde lá de trás, peguei a história
do Egito, depois Grécia, Roma, e continuo até
hoje nessa busca por bons livros de história.
Pra quem não sabe, a palavra “história”
vem do grego e quer dizer “investigação”.
Quem escreveu o primeiro livro de história foi
Heródoto. O livro se chama, não por acaso,
História, e isso foi justamente o que ele fez:
uma investigação. No livro, ele escreveu o que
achamos que é história, ou seja, o que ele viu
pessoalmente, o que ouviu dizer em primeira
mão e o que ouviu em segunda mão também.
Mas misturou ali algumas mitologias, uns
seres que não existiam, histórias absurdas, etc.
Seja como for, livros de história são sempre
voltados para investigar alguma coisa: uma
época, um estadista, um aspecto da
humanidade. E, se é uma investigação, tem
muitos lados e muitas abordagens possíveis.
Eu recomendo os autores mais recentes,
porque trazem informações mais frescas,
tiveram mais tempo de pesquisa e
naturalmente possuem uma visão mais
moderna do que consideramos história.

E, claro, temos que falar também da


história do Brasil. Você pode começar por aí, se
quiser. Temos autores maravilhosos. Um deles
é o Laurentino Gomes, que lançou em 2019 um
livro importantíssimo, Esc avidão, primeiro de
três volumes sobre o tema. Seus livros fazem
muito sucesso pela forma gostosa como ele
conta a história do Brasil, uma escrita
relaxada, com anedotas, fatos engraçados e
pitorescos, sem deixar de ter uma pesquisa
aprofundada.
Seus primeiros livros de história de sucesso
foram 1808: Como uma ainha louca, um príncipe
medroso e uma co te corrupta engana am Napoleão
e muda am a História de Po tugal e do B asil, sobre
a vinda de D. João VI para o Brasil, 1822: Como
um homem sábio, uma princesa triste e um escocês
louco por dinheiro ajuda am dom Pedro a criar o
B asil – um país que tinha tudo pa a dar er ado,
sobre a Independência, e 1889: Como um
impe ador cansado, um marechal vaidoso e um
professor injustiçado contribuí am pa a o fim da
Monarquia e a Proclamação da Repúb ica no B asil,
sobre a Proclamação da República.
Algumas pessoas podem achar estranho e
pensar: “Ah, meu Deus, mas eu vou ler um
livro sobre a história da Independência?!?”
Pode ler, são livros deliciosos, você vai se
divertir e se livrar daquele ranço dos
professores chatos de história.
Outro livro de história que traz as
informações de uma forma muito gostosa é
1565: Enquanto o B asil nascia: A aventu a de
po tugueses, f anceses, índios e negros na fundação
do país, de Pedro Doria. Ele conta coisas
interessantíssimas sobre a fundação da cidade
do Rio de Janeiro. Por exemplo: um artilheiro
da Marinha que lidava com os canhões era
conhecido pelo apelido “Bota Fogo”. Ele era
dono de alguns terreninhos ali na praia, que
passou a se chamar Praia do Bota Fogo.
Tempos depois, vendeu as terras para um
padre chamado Clemente, que resolveu
construir uma capelinha no alto de um morro.
Como a mãe do padre se chamava Marta, ele
deu ao morro o nome Dona Marta, e em sua
própria homenagem passou a chamar a rua de
São Clemente – todos esses nomes
permanecem, ainda hoje, no bairro que se
chama Botafogo. São histórias deliciosas que
contam a formação do Rio de Janeiro. Pedro
Doria tem outro livro, 1789: A história de
Ti adentes, cont abandistas, assassinos e poetas
que sonha am a Independência do B asil, que fala
da Incon dência Mineira.
E, para seguir nos livros de história do
Brasil com títulos que são anos importantes,
recomendo ainda 1499: O B asil antes de Cab al,
de Reinaldo José Lopes. Eu adoro arqueologia, e
não sabia que a arqueologia brasileira estava
tão avançada. Fizeram descobertas fantásticas
da nossa história antes de o Brasil ser invadido
(e não descoberto) pelos portugueses. É muito
legal para quem gosta de história, para quem
gosta de arqueologia e para quem quer
aprender um pouco sobre o período antes de
os portugueses chegarem aqui.
Para quem quer saber mais sobre o
momento histórico atual, recomendo
entusiasticamente Sobre o autoritarismo
b asileiro, da Lilia Moritz Schwarcz. Ela lança
uma luz claríssima sobre as origens do nosso
autoritarismo, nós que sempre nos vimos
como uma democracia racial, como a terra do
“homem cordial”. A Lilia reanalisa essas visões
todas e nos faz entender por que chegamos a
esse ponto – nós e o mundo todo também, mas
o Brasil especialmente. Esse é um livro
imprescindível para quem quer entender não
só esse momento, mas o que fazer daqui pra
frente.

A história passou por diversas fases. Houve


um tempo em que só a história o cial
interessava, ou seja, a versão daqueles que
estavam no poder. E por isso dizem que “a
história foi escrita pelos vencedores”: você
sempre tinha o resultado de quem venceu.
Mas depois criaram vários outros tipos de
história. Um deles, que me interessa muito, é a
história das mentalidades, que coloca o foco
em pequenos acontecimentos. Por exemplo:
enquanto Napoleão estava invadindo o Egito,
no começo do século XIX, o que acontecia com
aquele sapateiro em Marselha? Por que houve
um massacre de gatos em Paris? Isso criou
outro tipo de visão muito interessante sobre a
história.
Se você começar a se interessar, vai ter um
universo fabuloso pela frente e vai se divertir
muito, além de saber o que aconteceu no
mundo. Lembrando a frase instigante: “Quem
não conhece a sua história está fadado a repeti-
la.”

Biog afias
Eu comecei a me interessar muito por esse
gênero quando li O tesouro grego, de I ving
Stone, uma biogra a de Heinrich Schliemann,
um personagem que citei antes e que pouca
gente conhece. Ele foi simplesmente o
arqueólogo que descobriu a cidade de Troia, e
essa descoberta lhe valeu o título de “Pai da
Arqueologia”. Schliemann era um alemão do
século XIX, uma gura interessantíssima, e eu,
sempre que vejo alguma coisa sobre ele,
procuro ler.
Meu fascínio pelas biogra as começou
assim e não parou mais.
Biogra as são interessantes porque juntam
a história do país onde o biografado viveu com
a possibilidade de aprofundar seu
conhecimento sobre uma pessoa ou um
determinado assunto. Isso porque os biógrafos
colocam a vida de seus biografados dentro de
um contexto maior, então camos sabendo
sobre o local onde eles viveram, que tipo de
educação tiveram, etc. Isso tudo vai
encaminhando você para outro tipo de leitura
deliciosa, os livros de história. Como dizia
Napoleão: a história é um romance que
aconteceu.
Ler biogra as de personagens que viveram
no passado e em outras culturas é maravilhoso,
mas, se você preferir, pode optar por guras
que estão vivas e são bem conhecidas de todos
nós, brasileiros. Por exemplo, eu recomendo
muito um livro que acabou de sair, em 2019: a
autobiogra a de Fernanda Montenegro, Prólogo,
ato, epílogo. Por favor, leia. Eu já li e é
maravilhoso, extraordinário, emocionante, e
ainda temos uma vantagem: Fernanda está aí,
viva e atuante, fazendo cinema, TV, teatro.
Tem ainda outro atrativo: ela fala de muitas
pessoas que a gente conhece, e mesmo aquelas
que a gente não conhece ca conhecendo
através dos comentários sempre lúcidos e
apaixonados da Fernanda. É uma biogra a
interessante para começar nesse gênero, de
uma personagem que você com certeza
conhece.
Outro que você certamente conhece muito
bem é o Jô Soares. Ele escreveu uma
autobiogra a deliciosa, O ivro de Jô, em dois
volumes e sempre com seu humor incrível. O
interessante de biogra as de autores
brasileiros é que eles falam de coisas de que
nós pelo menos já ouvimos falar, o que facilita
a aproximação com o personagem. E daí você
pode partir para qualquer outro tipo de
biogra a que queira.
Eu, por exemplo, gosto muito de artes
plásticas. Portanto, sugiro a biogra a do
Leonardo Da Vinci, escrita por Walter Isaacson,
um biógrafo de mão cheia. Ele escreveu
biogra as de Einstein, Benjamin Franklin e
Steve Jobs, além de outros livros. Essa
biogra a do Da Vinci é extraordinária.
Outro autor delicioso de ser lido e biógrafo
de talento é o Ruy Castro. Dele, posso
recomendar Carmen, a biogra a da Carmen
Miranda, que vai fazer você conhecer a vida de
uma das nossas maiores estrelas, pouco
conhecida no Brasil de hoje. E o humor e a
sabedoria do Ruy Castro só têm a acrescentar.
Ruy escreveu outras excelentes biogra as:
Estrela so itária, sobre o Garrincha, um livro
maravilhoso para quem gosta, entre outras
coisas, de futebol. Fala da relação do craque
com a Elza Soares, com a família, dos lhos
que teve, das aventuras durante a Copa do
Mundo, etc. E Ruy também é autor de O anjo
pornográfico, a biogra a de nitiva de Nelson
Rodrigues, um dos maiores autores do teatro
brasileiro.
Por falar em teatro, outra biogra a que li
faz pouco tempo é João Caetano, escrita nos
anos 1970 pelo grande crítico de teatro Décio de
Almeida P ado, já falecido. Eu sempre gosto de
ler obras relacionadas à minha pro ssão, e o
João Caetano é um nome muito importante no
teatro brasileiro. Muita gente conhece o teatro
que leva o nome dele, no Rio de Janeiro, mas
poucos sabem quem ele foi.
Fique à vontade para fazer a sua escolha. Eu
recomendo muitos livros, mas é claro que isso
não signi ca que precise ler todos. Mas, se eu
der alguma dica útil para você, siga o seu
caminho e boa leitura.

Deuses, túmulos História (boxe) Esc avidão:


e sábios C. W. Ce am Heródoto Volume 1
392 páginas 760 páginas Laurentino Gomes
Editora Melhoramentos Editora Nova Fronteira 504 páginas
Editora Globo
1808 1822 1889
Laurentino Gomes Laurentino Gomes Laurentino Gomes
384 páginas 376 páginas 416 páginas
Editora Globo Editora Globo Editora Globo

1565: Enquanto 1789


o B asil nascia Pedro Doria Pedro Doria 1499: O
272 páginas 320 páginas
Editora HarperCollins Editora HarperCollins Brasil antes
de Cabral
Reinaldo José
Lopes
248 páginas
Editora HarperCollins
Sobre o autoritarismo b asileiro O tesouro grego Prólogo, ato, epílogo Fernanda
Li ia Moritz Schwarcz 288 Irving Stone Montenegro
páginas
350 páginas 392 páginas
Editora Companhia Editora Companhia
das Letras Editora Artenova
das Letras

O ivro de Jô – Volumes 1 e 2: Uma autobiog afia desautorizada Jô Leonardo Da Vinci


Soares Walter Isaacson
480 / 384 páginas 640 páginas
Editora Companhia das Letras Editora Intrínseca
Carmen Estrela so itária O anjo pornográfico
Ruy Castro Ruy Castro Ruy Castro
632 páginas 536 páginas 464 páginas
Editora Companhia Editora Companhia Editora Companhia
das Letras das Letras das Letras

João Caetano
Décio de Almeida Prado 262
páginas
Editora Perspectiva
AUTORES
CITADOS

. W. CERAM é o pseudônimo do escritor


C alemão Kurt Wilhelm Marek (1915-1972).
Trabalhou com propaganda para o
governo nazista durante o Terceiro Reich e
adotou o pseudônimo mais tarde para evitar
ter de lidar com esse passado. Foi jornalista e
crítico, e um importante divulgador da
arqueologia.

PRINCIPAIS OBRAS
Wir hielten Narvik (1941) • Rote Spiegel: Überall am Feind. Von den
Kanonieren des Reichsmarschalls (1943) • Deuses, túmulos e sábios
(1949) • O segredo dos hi tas (1955) • Provokatorische No zen (1960)
• Eine archäologie des Kinos (1965) • Der erste Amerikaner (1972)
ÉCIO DE ALMEIDA PRADO (1917-2000) foi um dos mais
D importantes críticos brasileiros de teatro. Autor de diversos
ensaios de interpretação da história do teatro brasileiro, foi
professor emérito de várias escolas. Atuou como crítico teatral
desde meados da década de 1940 até ns dos anos 1960. Em 1966,
entrou para o Departamento de Letras da USP, onde realizou suas
mais expressivas pesquisas, traçando um painel histórico e
interpretando de forma de nitiva a cena teatral nacional.

PRINCIPAIS OBRAS
Apresentação do Teatro Brasileiro Moderno (1956) • Teatro em
progresso: Crí ca teatral, 1955-1964 (1964) • João Caetano: O ator, o
empresário, o repertório (1972) • João Caetano e a arte do autor
(1984) • Procópio Ferreira (1984) • Exercício ndo (1987) • Teatro de
Anchieta a Alencar (1993) • Peças, pessoas, personagens (1993) • O
drama român co brasileiro (1996) • Seres, coisas, lugares: Do teatro
ao futebol (1997) • História concisa do teatro brasileiro (1999)
F ERNANDA MONTENEGRO é o nome artístico da atriz Arle e
Pinheiro da Silva Torres (1929-). Nascida no Rio de Janeiro,
descendente de portugueses e italianos, começou a carreira
artística como locutora da Rádio MEC. Ainda na emissora, passou
a atuar como radioatriz. Estreou nos palcos em 1950, ao lado de
Fernando Torres, ator com quem viria a se casar em 1953. Em mais
de 70 anos de carreira, trabalhou em rádio, teatro, televisão e
cinema, e ganhou um imenso número de prêmios, sendo
frequentemente citada como a Grande Dama da dramaturgia do
Brasil. É a única brasileira a ter sido indicada ao Oscar de Melhor
Atriz pela atuação em Central do Brasil, de Walter Salles.
PRINCIPAIS OBRAS
Fernanda Montenegro: I nerário fotobiográ co (2018) • Prólogo, ato,
epílogo (2019) ERÓDOTO (485 a.C.-425 a.C.) foi um autor grego
H nascido em Halicarnasso (atual Budrum, na Turquia) e é
considerado “o pai da História”. Sua principal obra, chamada
simplesmente História e dividida em 9 livros, é a crônica da
invasão da Grécia pelos persas no século V a.C. Heródoto foi
exilado de Halicarnasso, baseando-se na ilha de Samos. É possível,
porém, que tenha viajado extensamente, pois em sua obra há
descrições de lugares como Egito, Babilônia, Itália, Sicília.

PRINCIPAL OBRA HISTÓRIA (ESCRITA PROVAVELMENTE ENTRE 450 E

I 430 A.C.) RVING STONE (1903-1989) FOI UM ESCRITOR NORTE-


AMERICANO ESPECIALIZADO EM ROMANCES BIOGRÁFICOS
UTILIZANDO GRANDES PERSONAGENS HISTÓRICOS COMO
PERSONAGENS. FORMADO PELA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA EM
BERKELEY, STONE TRABALHOU COMO PROFESSOR DE INGLÊS ANTES
DE PARTIR COM A ESPOSA PARA UMA LONGA TEMPORADA NA
EUROPA. ENTRE OUTRAS COISAS, LÁ APROFUNDOU SEUS ESTUDOS
SOBRE VAN GOGH. DE VOLTA AOS ESTADOS UNIDOS, TRABALHOU NA
REDAÇÃO DE SEDE DE VIVER: A VIDA TRÁGICA DE VAN GOGH, QUE,
DEPOIS DE SER REJEITADO POR DIVERSAS EDITORAS, FOI PUBLICADO
EM 1934, TORNOU-SE SEU PRIMEIRO SUCESSO COMO AUTOR E
CHEGOU A SER ADAPTADO PARA O CINEMA EM 1965, COM KIRK
DOUGLAS NO PAPEL PRINCIPAL. A ELE SEGUIRAM-SE ROMANCES
BIOGRÁFICOS BASEADOS NA VIDA DE JACK LONDON (MARINHEIRO A
CAVALO), MICHELANGELO (AGONIA E ÊXTASE, UM DE SEUS MAIORES
SUCESSOS, LEVADO ÀS TELONAS EM 1965 COM CHARLTON HESTON
COMO PROTAGONISTA), SIGMUND FREUD (AS PAIXÕES DA MENTE),
HEINRICH SCHLIEMANN (O TESOURO GREGO), CHARLES DARWIN (A
ORIGEM), ENTRE OUTROS.

PRINCIPAIS OBRAS
Sede de viver: A vida trágica de Van Gogh (1934) • Marinheiro a
cavalo: A vida errante de Jack London (1938) • Advogado da defesa
(1941) • Mulher imortal (1944) • Adversary in the House (1947) •
Earl Warren (1948) • Jornada de paixão (1949) • A primeira dama
(1951) • O amor é eterno (1954) • Men to Match My Mountains (1956)
• Agonia e êxtase: Um romance sobre Miguel Ângelo (1961) • Aqueles
que amam (1965) • As paixões da mente (1971) • O tesouro grego
(1975) • A origem (1980) • Depths of Glory (1985) Ô SOARES
J (1938-) nasceu no Rio de Janeiro, em uma família de políticos e
empresários. Estudou em colégios tradicionais no Brasil e na
Suíça, com o intuito de ser diplomata, mas logo enveredou pela
carreira artística, participando da companhia de teatro de Cacilda
Becker e Walmor Chagas, e atuando no cinema. Começou na TV
como roteirista de programas da TV Rio, mais tarde passando a
trabalhar na TV Record de São Paulo, onde rmou-se no humor.
Nos anos 1960 fez parte, como autor e ator, do programa Família
Trapo, de muito sucesso. Em 1983 estreou o próprio programa,
Viva o Gordo, da TV Globo. Em 1988 estreou no SBT o programa de
entrevistas Jô Soares Onze e Meia, o primeiro do gênero na TV
brasileira. Em 2000, voltou à Globo com o mesmo formato, dessa
vez com o nome de Programa do Jô, que permaneceu no ar até
2016. Estreou na literatura em 1995 com o romance O Xangô de
Baker Street, seguido de outros livros de cção de muito sucesso.
Em 2018 publicou sua autobiogra a, em dois volumes.

PRINCIPAIS OBRAS
O xangô de Baker Street (1995) • O homem que matou Getúlio Vargas
(1998) • Assassinatos na Academia Brasileira de Letras (2005) • As
esganadas (2011) • O livro de Jô – Volume 1: Uma autobiogra a
desautorizada (2018) • O livro de Jô – Volume 2: Uma autobiogra a
desautorizada (2018) AURENTINO GOMES (1956-) é um escritor
L brasileiro nascido em Maringá (PR). Jornalista formado pela
UFPR e pós-graduado pela USP, fez cursos na Inglaterra e nos
Estados Unidos. Como repórter e editor, trabalhou na revista Veja e
no jornal O Estado de S. Paulo. Conseguiu grande notoriedade em
2007 com seu livro 1808, que se destacou por levar a história do
Brasil para a lista de mais vendidos. O livro ganhou o Prêmio
Jabuti de Literatura na categoria de Livro-Reportagem e foi eleito
Livro do Ano da categoria de Não Ficção. Outros dois livros
completaram a trilogia da história do Brasil no século XIX: 1822,
sobre o ano da Independência do Brasil, e 1889, sobre a
Proclamação da República. Todos foram best-sellers. Em 2019
Laurentino lançou o primeiro livro de uma nova trilogia:
Escravidão: Volume 1.

PRINCIPAIS OBRAS
1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte
corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do
Brasil (2007) • 1808: Edição juvenil ilustrada (2008) • 1822: Como
um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro
ajudaram dom Pedro a criar o Brasil – um país que nha tudo para
dar errado (2010) • 1822: Edição juvenil ilustrada (2011) • 1889:
Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor
injus çado contribuíram para o m da Monarquia e a Proclamação
da República no Brasil (2014) • 1889: Edição juvenil ilustrada (2014)
• Escravidão: Volume 1 – Do primeiro leilão de ca vos em Portugal até
a morte de Zumbi dos Palmares (2019) ILIA MORITZ SCHWARCZ
L (1957-) é historiadora, antropóloga, professora e escritora.
Professora titular do Departamento de Antropologia da USP e
Global Scholar na Universidade de Princeton, publicou, entre
outros livros, O espetáculo das raças (1993), As barbas do imperador
(1998, Prêmio Jabuti de Livro do Ano), Brasil: Uma biogra a (com
Heloisa Murgel Starling) (2015) e Lima Barreto: Triste visionário
(2017, Prêmio Jabuti de Biogra a). É fundadora da editora
Companhia das Letras ao lado do marido, Luis Schwarcz.
PRINCIPAIS OBRAS
Retrato em branco e negro: Jornais, escravos e cidadãos em São Paulo
no nal do século XIX (1987) • O espetáculo das raças. Cien stas,
ins tuições e questão racial no Brasil: 1870-1930 (1993) • As barbas
do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos (1998) • O
Império em Procissão (2000) • A longa viagem da biblioteca dos reis:
Do terremoto de Lisboa à Independência do Brasil (2002) • O sol do
Brasil: Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos ar stas franceses
na corte de D. João 1816-1821 (2008) • D. João Carioca: A corte
portuguesa chega ao Brasil 1808-1821 (2008) • Um enigma chamado
Brasil (org. com André Botelho) (2009) • Agenda brasileira: Temas
de uma sociedade em mudança (org. com André Botelho) (2011) •
História do Brasil Nação Vol. 3: A abertura para o mundo 1889-1930
(org. do volume e diretora da coleção) (2012) • Nem preto nem
branco, muito pelo contrário (2012) • A batalha do Avaí: A beleza da
barbárie – A Guerra do Paraguai pintada por Pedro Américo (2013) •
Brasil: Uma biogra a (com Heloisa Murgel Starling) (2015) • Lima
Barreto: Triste visionário (2017) • Sobre o autoritarismo brasileiro
(2019) • A bailarina da morte: A gripe espanhola no Brasil (com
Heloisa Murgel Starling) (2020) EDRO DORIA (1974-) é
P jornalista e escritor. Escreveu para as revistas
Superinteressante, Trip, Playboy, Macworld Brasil, Revista da Folha,
entre outras. Já trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S.
Paulo. Foi um dos fundadores dos sites de notícias No. e
NoMínimo, e do Meio, newsle er diária de notícias. Nos anos 1990
teve seus primeiros livros publicados, sobre internet, mais tarde
enveredando para a publicação de livros de história do Brasil.

PRINCIPAIS OBRAS
Manual para a internet, uma visão brasileira (1995) • Utopia
eletrônica (1996) • Comunicação, dos fundamentos à internet (1999)
• Eu gosto de uma coisa errada (2006) • 1565: Enquanto o Brasil
nascia (2012) • 1789: A história de Tiradentes e dos contrabandistas,
assassinos e poetas que lutaram pela Independência do Brasil (2014) •
Tenentes: A guerra civil brasileira (2016) • Fascismo à brasileira:
Como o integralismo, maior movimento de extrema-direita da história
do país, se formou e o que ele ilumina sobre o bolsonarismo (2020)
EINALDO JOSÉ LOPES é jornalista formado pela ECA/USP.
R Possui um trabalho acadêmico concentrado na teoria da
tradução, tendo como objeto de estudo textos de J. R. R. Tolkien.
Foi editor de Ciência e Saúde, e repórter e colunista da Folha de
S.Paulo. É tradutor de Tolkien e autor de livros de divulgação
cientí ca e história.

PRINCIPAIS OBRAS
Além de Darwin: Evolução – o que sabemos sobre a história e o des no
da vida (2015) • 1499: O Brasil antes de Cabral (2017) • Darwin sem
frescura: Como a ciência evolu va ajuda a explicar algumas
polêmicas da atualidade (com Pirula) (2019) • Como os vírus e a
pandemia evoluem (com Pirula) (2020) UY CASTRO (1948-) é
R jornalista e escritor. Depois de passar por diversos veículos de
imprensa no Rio de Janeiro e em São Paulo, estreou no mundo dos
livros com o seminal Chega de saudade: A história e as histórias da
bossa-nova (1990). Depois disso rmou-se especialmente como
biógrafo e cronista, sempre com sucesso.

PRINCIPAIS OBRAS
Chega de saudade: A história e as histórias da bossa-nova (1990;
edição revista: 2016) • O anjo pornográ co: A vida de Nelson
Rodrigues (1992) • Saudades do século XX (1994; edição revista:
2018) • Estrela solitária: Um brasileiro chamado Garrincha (1995) •
Ela é carioca (1999) • Bilac vê estrelas (2000) • O pai que era mãe
(2001) • A onda que se ergueu no mar (2001) • Carnaval no fogo
(2003) • Flamengo: O vermelho e o negro (2004) • Amestrando
orgasmos (2004) • Carmen: Uma biogra a (2005) • Rio Bossa Nova
(2006) • Tempestade de ritmos (2007) • Era no tempo do rei: Um
romance da chegada da Corte (2007) • Terramarear (com Heloísa
Seixas) (2011) • Morrer de prazer: Crônicas da vida por um o (2013)
• Letra e música (2013) • A noite do meu bem: A história e as histórias
do samba-canção (2015) • A arte de querer bem (2018) • Metrópole à
beira-mar: O Rio moderno dos anos 20 (2019) • O carnaval da guerra
e da gripe (2020) ALTER ISAACSON (1952-) é um jornalista,
W professor e escritor norte-americano. Nascido em Nova
Orleans, Louisiana, trabalhou por anos como jornalista antes de se
dedicar aos livros. Já foi presidente e CEO do Instituto Aspen, da
CNN, e editor da revista Time. Seus escritos apareceram em várias
publicações, como o New Orleans Times-Picayune e o e Sunday
Times. Ao longo dos anos, escreveu várias biogra as, com destaque
para a de Steve Jobs, que, lançada um mês depois da morte do
biografado, vendeu milhões de exemplares no mundo todo.

PRINCIPAIS OBRAS
Wise Men: Six Friends and the World ey Made (1986) • Kissinger: A
Biography (1992) • Benjamin Franklin: Uma vida americana (2003)
• Einstein: Sua vida, seu universo (2007) • Steve Jobs (2011) • Os
inovadores: Uma biogra a da revolução digital (2014) • Leonardo Da
Vinci (2017)
u sou muito curioso. A meu ver, a
E curiosidade move o mundo. Foi a
curiosidade que criou a loso a, que
resolveu perguntar de onde viemos, para onde
vamos, por que estamos aqui. Essas perguntas
que a gente vive fazendo são típicas de quem
tem curiosidade de saber as coisas.
É interessante saber os diversos lados de
um problema. Como diz o ditado: “A verdade
tem três faces: um lado, outro lado e o que
realmente aconteceu.” De fato, as coisas não
são tão simples, nada é preto ou branco, são
tantas variantes dentro de um problema que
vale a pena se informar. Primeiro, para
satisfazer nossa curiosidade sobre os assuntos,
mas principalmente para sabermos do que
estamos falando.

Ciência, sociedade e os desafios da nossa


época Dentro desse gênero tão amplo,
selecionei alguns livros que eu li e de
que gostei muito. Aparentemente eles
não têm nada em comum, mas fazem
pa te desse nosso mundo ing ato e cheio
de problemas.
O primeiro é Os robôs e o futuro do emprego,
um livro que recomendo fortemente para
todos nós, que vivemos essa era de transição
em que o futuro chega cada vez mais rápido. O
autor é o americano Ma tin Ford, e nesse livro
ele faz uma análise fantástica sobre o
desenvolvimento tecnológico e coloca a gente
diante deste problema: qual será o futuro do
emprego diante da evolução constante da alta
tecnologia.
Vou falar sobre um livro que já citei antes, O
cérebro no mundo digital, da professora
Ma yanne Wolf. Esse livro é extraordinário. Foi
um dos poucos que li que não se limita a
simplesmente condenar ou exaltar a
tecnologia. A autora adota uma postura
bastante razoável: por um lado, não podemos
abrir mão da tecnologia, nem conseguiremos.
Mas, por outro, não podemos abrir mão do que
conquistamos até agora: o foco, os livros, a
concentração na leitura. Ela sugere que a gente
não abandone a tecnologia, mas não deixe de
pegar um livrinho de vez em quando. Ao
mesmo tempo, analisa o que acontece
sicamente com o nosso cérebro enquanto
estamos en ados nas maquinhas infernais.
Tenho muitos outros livros desse gênero
para recomendar, mas um me toca
particularmente neste momento que estamos
vivendo: Como as democ acias morrem, de Steven
Levitsky e Daniel Ziblatt. Eles escreveram esse
livro logo após a eleição de Donald Trump,
falando basicamente da política norte-
americana, mas, como é um estudo
abrangente, fala de perdas da democracia ao
redor do mundo, e portanto serve também
para nós, brasileiros.
Outro livro que estimula a re exão e está
há anos na lista de mais vendidos é Sapiens:
Uma breve história da humanidade, de Yuval Noah
Ha ari. Não é um livro para, digamos, se ler na
praia, o que só mostra que mesmo os livros
mais “densos” cabem numa lista de best-
sellers. Todos os livros desse autor israelense
fazem muito sucesso. Os outros são Homo Deus:
Uma breve história do amanhã e 21 ições pa a o
século 21.
Este último é composto, como o título
indica, de 21 ensaios sobre o século XXI. Entre
outros assuntos, o autor fala de fake news,
formas de governo, o futuro do trabalho, a
revolução tecnológica, a distopia tecnológica
que estamos vivendo agora. Algumas pessoas
acham que é um livro muito pessimista. Eu
particularmente não achei. Em determinado
capítulo, o autor diz “Nunca subestime a
estupidez humana”, e a humanidade
realmente tem sido muito estúpida neste
século XXI. Harari nos alerta sobre alguns
possíveis acontecimentos que se devem
justamente à estupidez humana. Eu gostei de
saber o ponto de vista dele. Se deixarmos de ser
estúpidos, talvez algumas coisas citadas no
livro possam ser consertadas.

Feminismo
Ler e se informar sobre o feminismo é
essencial para entender e abraçar essa
discussão cada vez mais necessária. Se você se
interessa por seres humanos,
independentemente do seu gênero, é
importantíssimo ler livros sobre isso.
Um livro que eu recomendo de cara,
bastante recente, é Ela disse, de Jodi Kantor e
Megan Twohey. Elas são duas jornalistas do e
New York Times que começaram investigando
histórias sobre um famoso produtor de
cinema, Harvey Weinstein, e ao longo da
investigação perceberam que ele era um
verdadeiro predador há décadas.
Esse livro aborda todo o processo de
pesquisa e busca de provas que marca a
seriedade do jornalismo do e New York Times
quando publica uma matéria dessa qualidade.
Você lê como se fosse um thriller. Uma frase
em especial me marcou. É um ensinamento
que o editor das autoras tem na mesa de
trabalho dele: “Se a sua mãe diz que te ama,
cheque essa informação.” Achei maravilhoso.
Eles vão atrás da verdade que vem através dos
fatos. Outra frase sobre isso de que eu gosto é
de John Maynard Keynes: “Se os fatos mudam,
eu mudo de opinião.” En m, a reportagem
dessas duas autoras foi o início do movimento
#MeToo, que gerou impacto no mundo inteiro
e continua atuando a favor das mulheres.
Outros livros que eu recomendo abordam
questões relacionadas às mulheres e ao
feminismo antes do #MeToo. Um deles é O mito
da beleza, da Naomi Wolf. É um livro
interessantíssimo que fala, entre outras coisas,
sobre a ditadura da beleza que é imposta à
mulher. A autora acha que uma das coisas
mais graves dessa ditadura é a questão
alimentar, que praticamente proíbe a mulher
de comer para que ela se encaixe nesse padrão
“ideal” de beleza feminina. Ela fala de muitos
outros assuntos e é muito esclarecedora.
Outro livro que eu recomendo é Backlash,
da Susan Faludi. A tradução de “backlash” seria
“re uxo”. Ela prova que, a cada pequeno
avanço de qualquer tipo de feminismo na
história da humanidade, houve um grande
re uxo por parte dos homens e do sistema
patriarcal. Esse re uxo são passos para trás,
que ela nos mostra nitidamente. É interessante
ver isso em funcionamento.
Esses três livros dão um painel bastante
amplo sobre o feminismo.

Drogas, justiça e crime organizado Falar


sobre drogas é algo polêmico que
sempre leva a g andes discussões.
Alguns livros são bastante informativos,
e eu os recomendaria pa a quem quer
começar a entender um pouco sobre o
que está acontecendo hoje.
O primeiro deles é bastante ilustrativo
sobre o tema, e brasileiro: O fim da guer a: A
maconha e a criação de um novo sistema pa a idar
com as drogas, de Denis Russo Burgierman. Ele
conta sobre alguns países que lidam melhor
com o problema das drogas, adotando políticas
que vão além da simples repressão, fala sobre a
possibilidade de legalização e discute essa
questão com bastante clareza e muita
informação.
Outro livro, ainda mais completo, é Na
fissu a: Uma história do f acasso no combate às
drogas, do autor escocês Johann Hari. Eu jamais
compraria um livro com esse nome, mas
quando fui ler a orelha* me surpreendi. Nesse
livro, o autor vai aos primórdios, desde a
proibição do álcool nos Estados Unidos, nos
anos 1920. Mas ele cita exemplos de pessoas
que tiveram problemas com drogas e conta
sobre a vida de algumas delas. É bem
abrangente e serve para entender por que essa
violência toda, por que tanta resistência em
legalizar as drogas, por que a sociedade inteira
está envolvida com o trá co. O livro conta
passo a passo como se deram as políticas
governamentais do mundo inteiro em relação
a isso.
* Ler a orelha dos livros é algo que sempre recomendo. A
capa pode não ser tão boa, o título pode não ser muito
esclarecedor, mas na orelha você pode se surpreender. Ali
em geral está um bom resumo do livro, o que você pode
esperar daquela leitura.

E um dos resultados mais evidentes do


trá co de drogas é a violência. Sobre esse
assunto, recomendo Assalto ao poder: O crime
organizado, de Carlos Amorim, que fala do PCC.
Um livro importantíssimo de ser lido, para a
gente ver como o problema mal resolvido das
drogas pode destruir uma sociedade por
dentro.

O tema da justiça sempre me interessou


muito, a ponto de me levar a ler Cesare
Beccaria, um jurista italiano contemporâneo
de Voltaire, Rousseau e Montesquieu, e o
primeiro a criar um código penal. Nessa área,
um livrinho bem pequeno que eu adoro
especialmente e que me parece ser o livro de
direito mais vendido do mundo é O caso dos
explo adores de cavernas, de Lon L. Fuller. Esse
livro é tão importante para discutir direito e
justiça que é sempre adotado no primeiro ano
da faculdade de direito – eu arriscaria dizer
que no mundo inteiro.
O livro é uma cção que coloca um
problema interessantíssimo: num futuro não
identi cado, um grupo de exploradores de
caverna está a muitos metros de profundidade
quando parte da caverna desmorona e eles
cam presos. Logo descobrem que, até o
socorro chegar, estarão todos mortos. Mas há
uma saída: se um deles morrer, os demais
poderão viver.
Então os exploradores resolvem fazer um
sorteio para ver quem vai morrer. Por uma
coincidência infeliz, o sorteado é o único que
desde o início tinha se colocado contra o
sorteio. Ele é morto e, graças a isso, os demais
são salvos. Mas, quando voltam para a
super cie, são presos e julgados.
Quatro juízes dão seus veredictos,
totalmente diferentes entre si. E em todos os
veredictos você se pega dando razão a cada um
dos juízes. Esse livro é tão usado nos cursos de
direito porque quem vai dar o quinto veredicto
é o leitor. Experimente.
Outro autor que fala muito de justiça, mas
na área da cção, é o suíço Friedrich
Dürrenmatt, que cou famoso porque teve uma
peça de teatro adaptada para o cinema,
estrelado “apenas” por Ingrid Bergman e
Anthony Quinn. A peça se chama A visita da
velha senhora e é extraordinária.
Toda a obra desse autor tem um pé na
questão da justiça. Ele tem um livro muito
bom que, inclusive, se chama Justiça. Os livros
dele são muito divertidos. Ele levanta o
problema da justiça de uma forma sempre
curiosa, com visões diferenciadas. Outro livro
dele que eu adoro é A pane. Livros curtos e
muito bons de ler.
Ainda sobre esse tema, Justiça: O que é fazer a
coisa ce ta. Eu adoro. O autor, Michael J. Sandel,
tem livros interessantíssimos, mas nesse ele
discute basicamente questões éticas. É
importante ter acesso a esse tipo de
informação se você quer entender um pouco os
problemas que enfrentamos em nossa
sociedade hoje em dia.
Os robôs e o futuro do emprego O cérebro no mundo digital Como as democ acias morrem
Ma tin Ford Maryanne Wolf Steven Levitsky & Daniel
Zibla

448 páginas 256 páginas


307 páginas
Editora Best Editora Contexto
Business Editora Zahar

Sapiens: Uma breve história da Homo Deus


humanidade Yuval Noah Ha ari Yuval Noah Harari 21 lições
464 páginas para o século
448 páginas
21
Editora L&PM Editora Yuval Noah
Companhia Harari
das Letras
432 páginas
Editora
Companhia
das Letras

Ela disse O mito da beleza Backlash


Jodi Kantor & Megan Twohey Naomi Wolf Susan Faludi

376 páginas 490 páginas 460 páginas


Editora Editora Rosa Editora Rocco
Companhia dos Tempos
das Letras
O fim da guer a Na fissu a Assalto ao poder
Denis Russo Burgierman Johann Hari Carlos Amorim

288 páginas 528 páginas 532 páginas


Editora Leya Editora Editora Record
Companhia
das Letras

O caso dos explo adores de Justiça A promessa / A pane


cavernas Lon L. Fuller Friedrich Dürrenma Friedrich Dürrenma

128 páginas 224 páginas 224 páginas


Editora Nova Editora Editora Estação
Fronteira Brasiliense Liberdade

Justiça: O que é fazer a coisa


ce ta Michael J. Sandel

350 páginas
Editora
Civilização
Brasileira
AUTORES
CITADOS

ARLOS AMORIM é um jornalista e escritor


C brasileiro. Começou, aos 16 anos, como
repórter do jornal A Notícia, passando
depois por diversos veículos, como Diário de
Notícias, Úl ma Hora, Jornal do Brasil, Jornal da
Tarde, O Globo, revistas Manchete, Exame e Veja,
TV Globo, SBT, Rede Manchete, TV Record. Foi
chefe de redação, editor-chefe e diretor de
jornais, emissoras e programas. Ao longo da
carreira recebeu vários prêmios por seu
trabalho jornalístico. É autor de livros-
reportagem sobre crime organizado e escreveu,
produziu e dirigiu mais de 50 documentários
de televisão.

PRINCIPAIS OBRAS
Comando Vermelho: A história do crime organizado (1994) • CV PCC
– A irmandade do crime (2004) • Assalto ao poder: O crime
organizado (2010) • Araguaia: Histórias de amor e de guerra (2014)
ANIEL ZIBLATT é professor de ciência política na Universidade
D Harvard e estuda a Europa do século XIX aos dias de hoje.
Publicou, em 2017, Conserva ve Par es and the Birth of Democracy.
Tanto Levitsky quanto Zibla colaboram para publicações como
e New York Times e Vox.

PRINCIPAIS OBRAS
Structuring the State: e Forma on of Italy and Germany and the
Puzzle of Federalism (2006) • Conserva ve Par es and the Birth of
Democracy (2017) • Como as democracias morrem (2018) ENIS
D RUSSO BURGIERMAN é um jornalista nascido em São Paulo.
Foi diretor de redação de revistas como Mundo Estranho,
Superinteressante e Vida Simples, colunista das revistas Veja e Época,
e coordenou a curadoria do TEDxAmazônia, em 2010. É autor dos
livros O m da guerra, sobre políticas de drogas, e Piratas no m do
mundo, sobre a caça às baleias na Antártica. É roteirista do
programa Greg News e colaborador do site Nexo.

PRINCIPAIS OBRAS
Piratas no m do mundo (2003) • O m da guerra: A maconha e a
criação de um novo sistema para lidar com as drogas (2014) RIEDRICH
DÜRRENMATT (1921-1990) foi um escritor e dramaturgo suíço.
F Nascido em Berna, era lho de um pastor protestante e neto
de um político conservador. Começou os estudos de alemão e
loso a na Universidade de Zurique, mudando mais tarde para a
Universidade de Berna. Nos anos 1940 decidiu dedicar-se ao teatro
e à escrita. Acreditava que o teatro servia para estimular o debate e
a ação, e não somente como entretenimento. Fez parte de um
grupo de dramaturgos suíços de esquerda durante os anos 1970.
Suas peças mais famosas foram O casamento do Senhor Mississippi
(1952) e A visita da velha senhora (1956). Muitas de suas obras
foram adaptadas para o cinema, entre elas A visita da velha senhora
(1964, com Ingrid Bergman e Anthony Quinn, no Brasil com o
título A visita), A pane (1972, dirigido por E ore Scola, no Brasil
com o título A mais bela noite da minha vida) e A promessa (2001,
dirigido por Sean Penn, com Jack Nicholson e Benicio Del Toro).

PRINCIPAIS OBRAS
O juiz e seu carrasco (1952) • O casamento do Senhor Mississipi (1952)
• A suspeita (1953) • A visita da velha senhora (1956) • A pane (1956)
• A promessa (1958) • Os sicos (1962) • Grego procura grega (1966)
• Jus ça (1985) • A tarefa (1986) • O colaborador (1973) • Vale do
caos (1989) ODI KANTOR (1975-) é uma escritora e jornalista
J norte-americana. Seu trabalho como repórter investigativa do
e New York Times já recebeu alguns prêmios. Ela é autora de
longas reportagens sobre temas como condições de trabalho em
empresas como Amazon e Starbucks, e aleitamento materno em
locais de trabalho. Por seis anos, Kantor escreveu sobre o casal
Obama na Casa Branca, o que resultou em seu primeiro livro, e
Obamas. Ao lado de Megan Twohey, publicou uma extensa série de
reportagens em 2017 sobre os assédios de Warvey Weinstein no
mundo do cinema, que teve imensa repercussão e desencadeou o
movimento #MeToo, reconhecido internacionalmente. Pelo
trabalho, que deu origem ao livro Ela disse, as duas receberam o
Prêmio Pulitzer.

PRINCIPAIS OBRAS
e Obamas: A Mission, A Marriage (2012) • Ela disse (2019)
J OHANN HARI (1979-) é um jornalista e escritor suíço-escocês.
Nascido em Glasgow, na Escócia, graduou-se em ciência política e
ciências sociais no King’s College em Cambridge. Como jornalista,
contribuiu para os veículos New Statesman, e Independent, e
Hu ngton Post, e New York Times, entre outros. Em 2011, foi
acusado de plágio e demitido do e Independent. No ano seguinte
publicou Na ssura, sobre a guerra às drogas, e mais tarde fez uma
palestra TED sobre o tema vício. Seu livro mais recente, Lost
Connec ons, sobre depressão, também gerou um TED sobre esse
tema.
PRINCIPAIS OBRAS
God Save the Queen? (2002) • Na ssura: Uma história do fracasso no
combate às drogas (2012) • Lost Connec ons: Uncovering the Real
Causes of Depression – and the Unexpected Solu ons (2018) ON L.
L FULLER (1902-1978) foi um escritor e professor de direito
norte-americano. Professor da Universidade Harvard por décadas,
Fuller é reconhecido como um dos grandes teóricos da lei e do
direito, e boa parte de seu trabalho se baseia no conceito de
“moralidade da lei”. Seu ensaio O caso dos exploradores de cavernas
(publicado no periódico Harvard Law Review em 1949) foi
concebido inicialmente como material didático para introdução a
con itos jurídicos e recebeu diversas traduções, sendo utilizado
por professores de direito em todo o mundo.

PRINCIPAIS OBRAS
Law in Quest of Itself (1940) • O caso dos exploradores de cavernas
(1949) • Basic Contract Law (1947) • e problems of Jurisprudence
(1949) • e Morality of Law (1964) • Legal Fic ons (1967) •
Anatomy of the Law (1968) ARTIN FORD é um futurista e
M escritor norte-americano especializado nos temas de
inteligência arti cial e robótica. Seus escritos sobre o impacto
dessas tecnologias no mercado de trabalho, na economia e na
sociedade foram publicados em diversos países.
PRINCIPAIS OBRAS
e Lights in the Tunnel (2009) • Os robôs e o futuro do emprego
(2015) • Architects of Intelligence: e Truth About AI from the People
Building It (2018) ARYANNE WOLF (1950-) é professora de
M educação e diretora do Center for Dyslexia, Diverse
Learners and Social Justice da Universidade da Califórnia em Los
Angeles (UCLA). Ela começou seu trabalho em neurociência
cognitiva e psicolinguística sobre alfabetização e leitura no
departamento de Desenvolvimento Humano e Psicologia da
Universidade Harvard, onde concluiu seu doutorado. Seu trabalho
já recebeu diversos prêmios.

PRINCIPAIS OBRAS
Proust and the Squid: e Story and Science of the Reading Brain
(2010) • Tales of Literacy for the 21st Century (2016) • O cérebro no
mundo digital: Os desa os da leitura na nossa era (2018) EGAN
M TWOHEY é uma premiada jornalista investigativa,
especializada em assuntos relacionados a mulheres e crianças.
Algumas de suas reportagens de maior repercussão são sobre
acusações de assédio sexual praticado por Donald Trump, a rede
subterrânea de pais que “devolveram” crianças adotadas que se
tornaram indesejadas e as evidências de que a polícia de Chicago
arquivava indevidamente provas obtidas após crimes de estupro,
diminuindo as chances das vítimas de obterem um julgamento
justo. Ela é repórter do e New York Times e contribui para a NBC e
MSNBC. Seu primeiro livro, Ela disse, em coautoria com Jodi
Kantor, tornou-se um best-seller internacional e garantiu um
Pulitzer às autoras.

M PRINCIPAL OBRA ELA DISSE (2019) ICHAEL J. SANDEL (1953-)


É PROFESSOR, ESCRITOR E FILÓSOFO POLÍTICO. SEU CURSO
SOBRE JUSTIÇA NA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE
HARVARD, DE ONDE É PROFESSOR, FOI O PRIMEIRO DA INSTITUIÇÃO A
SER DISPONIBILIZADO GRATUITAMENTE NA TV E ON-LINE,
TORNANDO-SE UM IMENSO SUCESSO, COM DEZENAS DE MILHÕES DE
VISUALIZAÇÕES.

PRINCIPAIS OBRAS
Democracy’s Discontent: America in Search of a Public Philosophy
(1998) • O liberalismo e os limites da jus ça (1998) • Public
Philosophy: Essays on Morality in Poli cs (2005) • Contra a perfeição:
É ca na era da engenharia gené ca (2007) • Jus ce: A Reader (2007)
• Jus ça: O que é fazer a coisa certa (2010) • O que o dinheiro não
compra: Os limites morais do mercado (2012) • A rania do mérito: O
que aconteceu com o bem comum? (2020) AOMI WOLF (1962-) é
N uma professora e escritora americana, nascida em San
Francisco (Califórnia), conhecida por suas obras de temática
feminista. Ela trabalhou também como consultora política para Al
Gore e Bill Clinton. Seu primeiro livro, O mito da beleza, publicado
em 1991, a colocou como porta-voz do que se convencionou
chamar “terceira onda do feminismo”. A partir daí, continuou com
atuação proeminente em questões feministas, por meio de seus
livros, artigos e trabalho com políticas públicas.

PRINCIPAIS OBRAS
O mito da beleza (1991) • Fogo com fogo (1993) • Promiscuidades: A
luta secreta para ser mulher (1997) • Misconcep ons (2001) • O que
meu pai me ensinou (2005) • O m da América (2007) • Give Me
Liberty (2008) • Vagina: Uma biogra a (2012) • Outrages (2019)
TEVEN LEVITSKY (1968-) é professor de ciência política na
S Universidade Harvard. Sua pesquisa se concentra na América
Latina e em países em desenvolvimento. Ele já recebeu diversos
prêmios por excelência no ensino.

PRINCIPAIS OBRAS
Transforming Labor-Based Par es in La n America: Argen ne
Peronism in Compara ve Perspec ve (2003) • Compe ve
Authoritarianism: Hybrid Regimes a er the Cold War (com Lucan A.
Way) (2010) • Como as democracias morrem (2018) USAN
S FALUDI (1959-) é uma escritora, jornalista e feminista norte-
americana. Filha de um fotógrafo nascido na Hungria e
sobrevivente do Holocausto, escreve sobre temas feministas desde
os anos 1980. Os avanços e retrocessos do movimento feminista
foram o tema de seu primeiro livro, Backlash (1991), que ganhou
vários prêmios e se tornou referência na literatura sobre
feminismo. Em 2016 publicou o livro In the Darkroom, inspirado
pela transexualidade de seu pai, que passou por uma transição de
gênero aos 76 anos de idade.

PRINCIPAIS OBRAS
Backlash: O contra-ataque na guerra não declarada contra as
mulheres (1991) • Domados: Como a cultura traiu o homem
americano (1999) • e Terror Dream: Fear and Fantasy in Post-9/11
America (2007) • In the Darkroom (2016) UVAL NOAH HARARI
Y (1976-) é um escritor, historiador e professor israelense. Seu
livro Sapiens: Uma breve história da humanidade (2014) é um best-
seller internacional e catapultou sua carreira de autor. Suas obras
abordam temas como livre-arbítrio, consciência, inteligência e
felicidade em um espectro de tempo que vai desde a “revolução
cognitiva” ocorrida cerca de 70 mil anos atrás até conjecturas
futuras de um mundo dominado pela biotecnologia, em que
organismos biológicos serão ultrapassados por suas próprias
criações. Leciona história na Universidade de Jerusalém.

PRINCIPAIS OBRAS
Renaissance Military Memoirs: War, History and Iden ty, 1450-1600
(2004) • Special Opera ons in the Age of Chivalry, 1100-1550 (2007)
• e Ul mate Experience: Ba le eld Revela ons and the Making of
Modern War Culture, 1450-2000 (2008) • Sapiens: Uma breve
história da humanidade (2014) • Homo Deus: Uma breve história do
amanhã (2016) • 21 lições para o século 21 (2018) • Notas sobre a
pandemia: E breves lições para o mundo pós-coronavírus (2020)
Autoajuda
A gente tem essa mania de dividir as coisas
em categorias: o que pode e o que não pode; o
que deve e o que não deve; esse livro é deste
gênero, esse outro é daquele gênero. E entra
um monte de besteiras na nossa cabeça, que
aos poucos vamos tentando eliminar. Inclusive
o preconceito literário. Por exemplo, os livros
considerados de autoajuda.
“Autoajuda” é uma palavra engraçada. Se
você está lendo um livro de autoajuda, já não é
autoajuda, pois você está sendo “ajudado” pelo
livro. Portanto, o próprio nome da categoria já
é discutível.
Às vezes pegamos um livro para descobrir
uma frase que vai car conosco. Por exemplo:
“O estar pronto é tudo.” Essa você pode
encontrar em um livro de autoajuda. Outra:
“Tudo com moderação – inclusive a
moderação.” Ou: “Repetir uma experiência
que não deu certo esperando um resultado
diferente é uma insanidade.”
Esses são exemplos de frases que podem
ajudar você na vida. E não foram escritas por
pessoas bobas. A primeira é de Shakespeare; a
segunda, de Oscar Wilde; e a última, de Albert
Einstein. Todas elas podem ser encontradas
em livros de autoajuda. Então, se quiser ler um
livro categorizado como autoajuda, leia,
mesmo se o gênero parecer, a princípio, bobo
para você. Não tenha preconceito. Às vezes há
coisas maravilhosas ali. E claro, como em tudo
na vida, às vezes não. Não deixe de tentar por
causa disso.
Tem uma história que eu adoro e que li
num livro que pode ser de nido como de
autoajuda.
Um homem apostou $1 na loteria e ganhou
$140 milhões. As pessoas perguntaram a ele
como tinha sido aquilo. Ele respondeu:
“Durante 7 noites seguidas, eu sonhei com o
número 7. Então, 7x7 = 48, eu joguei... e
ganhei!”
É claro que a conta está errada, mas serve
para ilustrar o poder do acaso na vida das
pessoas.
Essa história é contada no extraordinário
livro O andar do bêbado, de Leonard Mlodinow.
Ele pode parecer um livro de autoajuda, mas
também fala do acaso e de outras coisas muito
interessantes.
Outro livro que se encaixa nessa categoria é
O poder do hábito, de Charles Duhigg. Nele há
outra história que eu adoro, sobre o “teste do
marshmallow”. Esse foi um experimento
verídico que zeram com crianças de 4 anos,
na Universidade de Stanford, em 1970: cada
criança era colocada numa sala, sozinha,
sentada em frente a uma mesa sobre a qual
havia um marshmallow. O pesquisador avisava
a criança que ela podia comer aquele
marshmallow imediatamente. Mas, se
conseguisse esperar alguns minutos sem
comer o marshmallow, ela ganharia outro e
poderia, então, comer dois no nal. Algumas
crianças conseguiram esperar, outras não
resistiram e comeram logo.
Os pesquisadores continuaram
acompanhando essas crianças durante anos,
até a vida adulta, e perceberam que aquelas
que conseguiram esperar o tempo sem comer o
marshmallow foram as que se deram melhor
na vida. Olha que ótima história de autoajuda.

Re lexões e relacionamentos
Um livro maravilhoso, que nos faz re etir
muito, é Longe da á vore, de Andrew Solomon. O
título é uma referência ao ditado comum em
língua inglesa segundo o qual “uma maçã não
cai longe da árvore”, ou seja, uma criança (a
maçã) geralmente tem muitas características
semelhantes às de seus pais (a árvore). Mas
esse livro aborda justamente aqueles que caem
bem longe da árvore.
Solomon analisa dez tipos de relação da
sociedade com pessoas que são consideradas
“extraordinárias”. Ele fala dos universos dos
surdos, dos anões, dos portadores de síndrome
de Down, dos que nasceram a partir de
estupros, dos esquizofrênicos, etc. São dez
análises interessantíssimas, porque ele não
fala das coisas que deram errado, e sim das
pessoas e das famílias que vivem essa situação
excepcional de uma forma positiva. Além de
tudo, o livro te joga pra cima. E discute, de
forma clara e instigante, alguns preconceitos
que carregamos.
Outro livro que fala sobre preconceitos e
relacionamentos é Falando com est anhos, de
Malcolm Gladwell. Ele aborda, entre outras
coisas, os preconceitos que temos ao nos
aproximar de pessoas que não conhecemos. E
cita vários casos ótimos, como por exemplo a
história do primeiro-ministro inglês Neville
Chamberlain, que viajou para a Alemanha
logo antes da eclosão da Segunda Guerra
Mundial para conhecer Hitler e avaliou, a
partir da reunião que tiveram, que Hitler não
faria nada de grave. Ou seja, as opiniões que
ele formou sobre o Hitler e transmitiu ao povo
inglês não se mostraram muito exatas.
Por m, outro que me pôs para re etir foi
História da so idão e dos so itários, de Georges
Minois. O autor – que tem outro livro na
minha la, sobre a história do suicídio –
analisa o assunto desde os tempos bíblicos até
a modernidade, e discute por que as pessoas
querem car (ou caram) solitárias. Uma
análise bastante profunda sobre esse tema, que
me interessou bastante.

O andar do bêbado O poder do hábito Longe da á vore


Leonard Mlodinow Charles Duhigg Andrew Solomon
264 páginas 408 páginas
Editora Zahar Editora Objetiva
1.056
páginas
Editora Companhia
das Letras
Falando com est anhos História da so idão e dos
Malcolm Gladwell so itários Georges Minois
320 páginas 510 páginas
Editora Sextante Editora Unesp
AUTORES
CITADOS

NDREW SOLOMON (1963-) é um escritor


A norte-americano especializado em
política, cultura, psicologia, artes, saúde
mental. Nascido em Nova York, estudou nas
melhores escolas e universidades, graduando-
se sempre entre os primeiros da turma.
Estudou inglês e psicologia em Yale e
Cambridge, e depois de publicar seus
primeiros livros, na década de 1990, tornou-se
colaborador das revistas e New Yorker, New
York Magazine, ArtForum, entre outras. Seu
livro O demônio do meio-dia (2001), um ensaio
autobiográ co sobre depressão, foi um best-
seller internacional, publicado em 24 idiomas,
e tornou Solomon um ativista de causas
ligadas à saúde mental. Outros livros de
sucesso são Lugares distantes, sobre viagens, e
Longe da árvore, sobre pais e seus lhos
excepcionais. No Brasil, foi lançada a coletânea
inédita de textos Um crime da solidão, sobre
suicídio. Solomon também milita a favor dos
direitos LGBTQIA+.

PRINCIPAIS OBRAS
e Irony Tower: Soviet Ar sts in a Time of Glasnost (1991) • O
demônio do meio-dia: Uma anatomia da depressão (2001) • A Stone
Boat (2004) • Longe da árvore: Pais, lhos e a busca da iden dade
(2012) • e Reckoning: Searching for Meaning with the Father of the
Sandy Hook Killer (2014) • Lugares distantes: Como viajar pode
mudar o mundo (2016) • Um crime da solidão: Re exões sobre o
suicídio (2018) HARLES DUHIGG (1974-) é um premiado
C jornalista e escritor norte-americano. Nascido no estado do
Novo México, graduou-se em Yale e na Harvard Business School.
Como repórter, trabalhou no Los Angeles Times e no e New York
Times, onde recebeu um Prêmio Pulitzer por uma série de
reportagens sobre as práticas de negócios da Apple e outras
empresas de tecnologia. Seu livro de estreia, O poder do hábito,
lançado em 2012, é um best-seller internacional.

PRINCIPAIS OBRAS
O poder do hábito: Por que fazemos o que fazemos na vida e nos
negócios (2012) • Mais rápido e melhor: Os segredos da produ vidade
na vida e nos negócios (2016) EORGES MINOIS (1946-) é um
G escritor e historiador francês. É membro do Centre
International de Recherches et d’Études Transdisciplinaires
(CIRET). Historiador conhecido e prestigiado, é autor de diversas
obras, abarcando temas como a história da Idade Média, biogra as
de reis franceses e a história da solidão, do riso e do ateísmo, entre
outros.

PRINCIPAIS OBRAS
História do suicídio (1995) • História do futuro (1996) • História do
ateísmo (1998) • História do riso e do escárnio (2002) • A idade de
ouro: História da busca da felicidade (2009) • História da solidão e
dos solitários (2013) EONARD MLODINOW (1954-) é um sico,
L escritor, professor e roteirista norte-americano. Nascido em
Chicago, lho de sobreviventes do Holocausto que se conheceram
nos Estados Unidos depois da Segunda Guerra, Mlodinow
abandonou os estudos universitários para trabalhar em um kibutz
em Israel em 1973, durante a Guerra do Yom Kippur. Nessa
temporada israelense conheceu o trabalho do sico Richard
Feynman, e sob essa in uência, formou-se em sica, química e
matemática na universidade. Depois de trabalhar em pesquisas
sobre sica após a graduação, em 1985 mudou-se para Hollywood e
se tornou roteirista de séries de sucesso como MacGyver – Pro ssão:
Perigo, Jornada nas Estrelas: A nova geração, entre outras. Em 1993,
uma nova guinada de carreira o levou para o universo dos jogos de
computador, onde se tornou produtor e designer de games. Em
1997 mudou-se para Nova York e passou a trabalhar na editora de
livros infantis Scholastic, na divisão de jogos e so wares
educacionais. Nessa época, publicou seu primeiro livro, A janela de
Euclides, e a partir de então desenvolveu uma bem-sucedida
carreira de escritor. Curiosamente, Mlodinow estava no World
Trade Center no dia 11 de setembro de 2001 e sobreviveu ao ataque
terrorista daquele dia. Entre 2005 e 2013, atuou como professor no
Caltech, tendo deixado o posto para se dedicar à escrita.

PRINCIPAIS OBRAS
A janela de Euclides: A história da geometria, das linhas paralelas ao
hiperespaço (2001) • O arco-íris de Feynman (2003) • Uma nova
história do tempo (com Stephen Hawking) (2005) • O andar do
bêbado: Como o acaso determina nossas vidas (2008) • O grande
projeto (com Stephen Hawking) (2010) • Ciência x espiritualidade:
Dois pensadores, duas visões de mundo (com Deepak Chopra) (2011)
• De primatas a astronautas: A jornada do homem em busca do
conhecimento (2015) • Elás co: Como o pensamento exível pode
mudar nossas vidas (2018) ALCOLM GLADWELL (1963-) é um
M jornalista, palestrante e escritor canadense. Embora tenha
nascido no Reino Unido, lho de uma psicoterapeuta jamaicana e
de um professor de matemática inglês, Gladwell foi criado no
Canadá e se considera canadense, apesar de morar há muitos anos
nos Estados Unidos. Estudou história na Universidade de Toronto
e em seguida começou sua carreira de jornalista, tendo trabalhado
por vários anos no e Washington Post, até 1996, ano em que
começou a escrever na revista e New Yorker. Em longas
reportagens da e New Yorker, começou a desenvolver seu estilo
característico de contar histórias e chegar a conclusões
surpreendentes. Seu primeiro livro, O ponto da virada (2000), foi
um sucesso, considerado um dos melhores livros da década, e o
incentivou a seguir publicando livros – embora não tenha deixado
de escrever para a e New Yorker. Todos os seus livros foram best-
sellers, em especial Fora de série: Outliers. Em 2016, Gladwell
começou a apresentar o podcast Revisionist History, que se propõe a
examinar episódios mal contados ou mal compreendidos da
história.

PRINCIPAIS OBRAS
O ponto da virada (2000) • Blink: A decisão num piscar de olhos
(2005) • Fora de série: Outliers (2008) • O que se passa na cabeça dos
cachorros (2009) • Davi e Golias: A arte de enfrentar gigantes (2013)
• Falando com estranhos (2019)
ANTES DE
IR EMBORA...

spero que estas páginas tenham servido


E para inspirar e você a compartilhar
comigo a paixão pelos livros e pela leitura.
Tenho certeza de que não vai se arrepender.
Antes de me despedir, gostaria de contar
uma história que eu adoro, retirada da
autobiogra a da fantástica bailarina Martha
Graham, um dos nomes mais importantes da
dança moderna do mundo.
Uma das coreogra as mais famosas dela se
chamava “Lamentation” (“Lamento”, ou
“Lamentação”), e ela dançava o tempo todo
como se estivesse dentro de um saco, fechado
no pescoço, o limite eram seus braços e pernas
esticados. Ela cava envolta naquela espécie de
saco, só com a cabeça para fora. Era uma
espécie de carro-chefe dela, ela encaixava essa
coreogra a em todos os programas.
Então, certo dia, depois de executar essa
coreogra a, Martha Graham estava no
camarim trocando de roupa quando alguém
da produção disse que uma senhora na plateia
não parava de chorar e que eles não sabiam o
que fazer. Ela disse: “Tragam aqui para o
camarim.” E assim zeram.
A senhora de fato não parava de chorar,
mas, quando nalmente se acalmou, a artista
perguntou o que tinha acontecido. Ela
respondeu: “Vinte e cinco anos atrás, meu lho
de 3 anos estava brincando na calçada quando
sua bola foi para o meio da rua. Ele correu
atrás da bola e eu vi um caminhão passar por
cima da cabeça dele. Eu não chorei naquele
dia. Não chorei no enterro do meu lho. Não
chorei nos últimos 25 anos, até ver a sua
coreogra a e entender o que eu venho
sentindo desde então. Muito obrigada.”
Martha Graham conta que valeu a pena ter
vivido para viver esse momento.
Contei isso porque valeu a pena ter vivido
para receber tantas mensagens de carinho e
apoio de todos vocês.
Muito obrigado.
Bom proveito.
ÍNDICE DE
AUTORES E
TÍTULOS
21 ições pa a o século 21 (Harari, Yuval Noah) –
200
1499: O B asil antes de Cab al (Lopes, Reinaldo
José) – 181
1565: Enquanto o B asil nascia (Doria, Pedro) –
180-181
1789 (Doria, Pedro) – 181
1808 (Gomes, Laurentino) – 180, 190
1822 (Gomes, Laurentino) – 180, 191
1889 (Gomes, Laurentino) – 180, 191
1984 (Orwell, George) – 92, 94, 110
1985 (Burgess, Anthony) – 94

A
Academia Sobrenatu al B asilei a de Let as – 101-
102
Achados e perdidos (King, Stephen) – 99, 100
Admirável mundo novo (Huxley, Aldous) – 92,
106
Agosto (Fonseca, Rubem) – 81, 88
Aguiar, Jose ia – 141, 142, 155
Alexandre e César (Vidas pa alelas) (Plutarco) – 97
98
a ienista, O (Machado de Assis) – 50, 51
A meida P ado, Décio de – 185, 186, 187
Amado, Jorge – 20, 25, 26, 33-34, 37, 55, 62-63,
140, 141, 142, 154, 164
amor nos tempos do cóle a, O (García Márquez,
Gabriel) – 53
Amorim, Carlos – 204, 206
andar do bêbado, O (Mlodinow, Leonard) – 217
anjo pornográfico, O (Castro, Ruy) – 185, 186
ansiedade da informação, A (Wurman, Richard
Saul) – 19
Antologia poética (Espanca, Florbela) – 123
Antologia poética (Quintana, Mario) – 126
ascensão de Atenas, A (Everi , Anthony) – 97
Asimov, Isaac – 104-105, 111
Assalto ao poder (Amorim, Carlos) – 204
Atwood, Margaret – 93, 113
aventu as de Sherlock Ho mes, As (Conan Doyle,
Arthur) – 74
Azevedo, Aluísio – 24, 30, 101

B
Backlash (Faludi, Susan) – 202, 212
Barjavel, René – 47, 66
Barros, Manoel de – 125, 129
Bata ha, Ma tha – 28, 29, 35-36
Bellotto, Tony – 80, 89
Bíb ia – 42, 102
Bloom, Harold – 52, 137, 150-151
Boxe Essencial PKD: Blade Runner, O homem do
castelo alto e Ubik (Dick, Philip K.) – 103
B adbu y, Ray – 93-94, 116-117
Brown, Dan – 78-79, 83
Buarque, Chico – 124, 141, 142, 144-145
Budapeste (Buarque, Chico) – 142
Bulfinch, Thomas – 169, 174
Burgess, Anthony – 94, 107
Burgierman, Denis Russo – 202-203, 207

C
Camões, Luís de – 122, 128-129
Campos de Ca va ho – 24, 25, 31-32
cânone ocidental, O (Bloom, Harold) – 137
Carmen (Castro, Ruy) – 185
Carrère, Emmanuel – 103, 109
Carrie, a est anha (King, Stephen) – 98
Ca vão animal (Maia, Ana Paula) – 28, 31
caso dos explo adores de cavernas, O (Fuller, Lon
L.) – 204, 209
Castro, Ruy – 185, 186, 193
Cem anos de so idão (García Márquez, Gabriel) –
53, 61, 140, 149
Ce am, C. W. – 178, 187
cérebro no mundo digital, O (Wolf, Maryanne) –
17-18, 21, 198-199
Ce vantes, Miguel de – 43, 65-66, 137
Chandler, Raymond – 75, 87-88
Chapadão do bugre (Palmério, Mário) – 24-25,
35, 138
cidadela, A (Cronin, A. J.) – 54, 56
Cinzas do No te (Hatoum, Milton) – 37, 143, 159
código Da Vinci, O (Brown, Dan) – 78-79, 83
Coe ho, Paulo – 136-137, 160-161
Como as democ acias morrem (Levitsky, Steven;
Zibla , Daniel) – 199
Complô cont a a América (Roth, Philip) – 95
Conan Doyle, A thur – 74, 82
conto da aia, O (Atwood, Margaret) – 93, 113
conto de Natal, Um (Dickens, Charles) – 50, 51,
58
Crichton, Michael – 105, 114
crime do Cais do Valongo, O (Cruz, Eliana Alves) –
80, 81, 84
Cronin, A. J. – 38, 54, 56
Cruz, E iana Alves – 80, 81, 84-85

D
Dalcher, Christina – 93, 108
Dá ia Neg a (Ellroy, James) – 77-78, 85
Dama das Camé ias, A (Dumas Filho, Alexandre)
– 44-45, 57
De gados e homens (Maia, Ana Paula) – 28
Defoe, Daniel – 44, 59
Deuses, túmulos e sábios (Ceram, C. W.) – 178
Dias pe feitos (Montes, Raphael) – 79, 87
Dick, Phi ip K. – 102-103, 115
Dickens, Charles – 50, 51, 58
Didierlaurent, Jean-Paul – 55, 62
Dois irmãos (Hatoum, Milton) – 26-27, 37, 39,
143, 159
Dom (Bello o, Tony) – 80
Dom Quixote de La Mancha (Cervantes, Miguel
de) – 43, 65
Dona Flor e seus dois maridos (Amado, Jorge) –
34, 55, 63, 154
Doria, Pedro – 180-181, 192
Drácula (Stoker, Bram) – 46
Duhigg, Charles – 217, 221
Dumas, Alexandre – 44, 57
Dumas Fi ho, Alexandre – 44-45, 57
Dürrenmatt, Friedrich – 205, 207
Dylan, Bob – 141, 144

E
Eco, Umbe to – 134-135, 162
Ela disse (Kantor, Jodi; Twohey, Megan) – 201,
208, 210
El roy, James – 76-78, 85
Ensaio sobre a ceguei a (Saramago, José) – 140
Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos (Maia,
Ana Paula) – 28, 31
Esc avidão: Volume 1 (Gomes, Laurentino) –
179-180, 191
Espanca, Florbela – 123-124, 127
Estação Ca andiru (Varella, Drauzio) – 142, 146
Esto vo (Buarque, Chico) – 141, 142, 145
Estrela so itária (Castro, Ruy) – 185
Eu estou vivo e vocês estão mo tos (Carrère,
Emmanuel) – 103
Eu, robô (Asimov, Isaac) – 104-105
Everitt, Anthony – 97, 108

F
Fahrenheit 451 (Bradbury, Ray) – 93-94, 116
Falando com est anhos (Gladwell, Malcolm) –
218-219
falcão maltês, O (Hamme , Dashiell) – 75, 84
Faludi, Susan – 202, 212
Fe iz ano novo (Fonseca, Rubem) – 81, 88
fim da guer a, O (Burgierman, Denis Russo) –
202, 207
Fo, Dario – 140, 141, 145-146, 164
Fonseca, Rubem – 79, 80-81, 88-89
Ford, Ma tin – 198, 209
F ankenstein (Shelley, Mary) – 45, 46, 65
F ankenstein: As muitas faces de um monstro
(Hitchcock, Susan Tyler) – 46
Fuller, Lon L. – 204, 209

G
Gabriela, c avo e canela (Amado, Jorge) – 25, 26,
34, 55, 63, 142, 154
García Márquez, Gabriel – 53, 60-61, 140, 149-150,
158
Garcia-Roza, Luiz Alfredo – 80, 81, 86, 142, 158
Gladwell, Malco m – 218-219, 222-223
Gomes, Laurentino – 179-180, 190-191
g ande dese to, O (Ellroy, James) – 76, 77, 85

H
Hammett, Dashiell – 75, 76, 77, 83-84
Ha ari, Yuval Noah – 199-200, 213
Hari, Johann – 203, 208-209
Har y Potter e a ped a filosofal (Har y Potter – Livro
1) (Rowling, J. K.) – 170, 171
Hatoum, Milton – 26, 37, 39, 143, 159
Hemingway, Ernest – 139, 147
Heródoto – 179, 188
Hesse, Hermann – 139, 152
Hill, Joe – 100, 101, 113
Hippie (Coelho, Paulo) – 136
História (Heródoto) – 179, 188
História da so idão e dos so itários (Minois,
Georges) – 219
Hitchcock, Susan Tyler – 46, 68
Homo Deus (Harari, Yuval Noah) – 200
Hugo, Victor – 49, 68-69
Huxley, Aldous – 92, 106
I
i ha do tesouro, A (Stevenson, Robert Louis) –
50, 67
iluminado, O (King, Stephen) – 99
Inferno (Melo, Patrícia) – 80, 86
instituto, O (King, Stephen) – 98
Isaacson, Walter – 185, 194
It: A coisa (King, Stephen) – 99

J
Jantar secreto (Montes, Raphael) – 78, 79
João Caetano (Almeida Prado, Décio de) – 185,
186
Jogo perigoso (King, Stephen) – 100, 101
Jorge Amado: Uma biog afia (Aguiar, Joselia) –
141, 142
Joyland (King, Stephen) – 99-100
Justiça (Dürrenma , Friedrich) – 205
Justiça: O que é fazer a coisa ce ta (Sandel,
Michael J.) – 205

K
Ka ka, F anz – 50, 59-60, 137, 149
Kantor, Jodi – 201, 208, 210
King, Stephen – 98-101, 111, 113, 118
Koontz, Dean – 100-101, 102, 109

L
lad ão de aios, O (Percy Jackson e os o impianos #1)
(Riordan, Rick) – 170
La anja mecânica (Burgess, Anthony) – 94, 107
Laub, Michel – 28, 29, 36
Leite der amado (Buarque, Chico) – 142
leitor do trem das 6h27, O (Didierlaurent, Jean-
Paul) – 55, 62
Leonardo Da Vinci (Isaacson, Walter) – 185
Levitsky, Steven – 199, 206, 212
Lewis, Sinclair – 95, 117
ivro de Jô, O – Volumes 1 e 2: Uma autobiog afia
desautorizada (Soares, Jô) – 184-185
ivro de ouro da mitologia, O (Bul nch, omas)
– 169
Livro de uma sog a (Azevedo, Aluísio) – 24
London, Jack – 38, 95-96, 112, 189
Longe da á vore (Solomon, Andrew) – 218, 220
Lopes, Reinaldo José – 181, 193
Lovec aft, H. P. – 101, 102, 111
lua vem da Ásia, A (Campos de Carvalho) – 24, 31
Lusíadas, Os (Camões, Luís de) – 122, 128

M
Machado de Assis – 50, 51, 64, 101, 102, 135
Maia, Ana Paula – 28, 31
Mann, Thomas – 139-140, 161-162
matador, O (Melo, Patrícia) – 80
médico e o monstro, O (Stevenson, Robert Louis)
– 50, 67
Medo clássico: Volume 1 (Lovecra , H. P.) – 101,
102
Medo imo tal (Academia Sobrenatural
Brasileira de Letras – Vários autores) – 101-102
Melo, Patrícia – 79, 80, 86-87
Melo Neto, João Cab al de – 124, 125, 127-128
Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de
Assis) – 50, 64
metamo fose, A (Ka a, Franz) – 50, 60
Meu quintal é maior do que o mundo (Barros,
Manoel de) – 125
Michener, James – 138, 153
Minois, Georges – 219, 221
miseráveis, Os (Hugo, Victor) – 49, 68, 69
mito da beleza, O (Wolf, Naomi) – 201, 202, 211
Mitologia grega (Souza Brandão, Junito de) –
169-170, 172
Mlodinow, Leonard – 217, 221-222
montanha mágica, A (Mann, omas) – 139, 140,
161
Montenegro, Fernanda – 28, 184, 188
Montes, Raphael – 78, 79, 87
More, Thomas – 91
Mo te acidental de um anarquista e out as peças
subversivas (Fo, Dario) – 140, 141, 145, 164
Mo te e vida severina (Melo Neto, João Cabral
de) – 124, 125, 128
Mr. Mercedes (King, Stephen) – 99
mu her no escuro, Uma (Montes, Raphael) – 78,
79
Mu heres empi hadas (Melo, Patrícia) – 79

N
Na fissu a (Hari, Johann) – 203, 208
Não vai acontecer aqui (Lewis, Sinclair) – 95, 117
noite dos tempos, A (Barjavel, René) – 47
nome da rosa, O (Eco, Umberto) – 135, 162
Nunca houve um castelo (Batalha, Martha) – 28,
29

O
Odd Thomas (Koontz, Dean) – 102
O’Neill, Eugene – 141, 148
O well, George – 92, 94, 110

P
Pa mério, Mário – 24-25, 34-35, 137-138
Pantaleão e as visitado as (Vargas Llosa, Mario) –
140
Pinter, Harold – 141, 151
Pi andello, Luigi – 141, 156-157
Plutarco – 97-98, 119
poder do hábito, O (Duhigg, Charles) – 217, 221
Presa (Crichton, Michael) – 105
Prólogo, ato, epílogo (Montenegro, Fernanda) –
184
promessa, A / A pane (Dürrenma , Friedrich) –
205, 207
púcaro búlgaro, O (Campos de Carvalho) – 24,
25, 31

Q
Queiroz, Rachel de – 25, 26, 37-38
Quintana, Mario – 126, 130
quinze, O (Queiroz, Rachel de) – 25, 26, 37

R
Ramos, G aci iano – 24, 25, 32-33, 37-38
Rea idades adaptadas (Dick, Philip K.) – 103
Regresso ao admirável mundo novo (Huxley,
Aldous) – 92
Relato de um ce to Oriente (Hatoum, Milton) –
37, 143, 159
Riordan, Rick – 170, 173
Robinson Crusoé (Defoe, Daniel) – 44, 59
robôs e o futuro do emprego, Os (Ford, Martin) –
198
Romeu e Ju ieta (Shakespeare, William) – 51, 52,
53, 70
Roth, Phi ip – 94-95, 115-116
Row ing, J. K. – 170, 171-172

S
saga do Colo ado, A (Michener, James) – 138
Sandel, Michael J. – 205, 211
Sapiens: Uma breve história da humanidade
(Harari, Yuval Noah) – 199, 213
Sa amago, José – 140, 155-156
Schwarcz, Li ia Moritz – 182, 191
Se eu fechar os o hos ago a (Silvestre, Edney) –
27, 32
Shakespeare, Wil iam – 51, 52, 53, 70, 71, 137, 216
Shakespeare: A invenção do humano (Bloom,
Harold) – 137
Shelley, Ma y – 45, 46, 64-65
Sherlock Ho mes – Ob a completa (Conan Doyle,
Arthur) – 74
Sida ta (Hesse, Hermann) – 139, 152
silêncio da chuva, O (Garcia-Roza, Luiz Alfredo)
– 86, 143, 158
Silvestre, Edney – 27, 32
Soares, Jô – 184-185, 190
Sobre o autoritarismo b asileiro (Schwarcz, Lilia
Moritz) – 182
Sobre os ossos dos mo tos (Tokarczuk, Olga) –
141
Solomon, Andrew – 218, 220
Sonetos de Camões (Camões, Luís de) – 122
sono eterno, O (Chandler, Raymond) – 75, 88
Souza B andão, Junito de – 169-170, 172
Stevenson, Robe t Louis – 50, 67
Stoker, B am – 46
Stone, I ving – 183, 189
Suicidas (Montes, Raphael) – 79, 87
Swift, Jonathan – 44, 62

T
tacão de ferro, O (London, Jack) – 95, 112
Teatro completo (Shakespeare, William) – 51, 52
Tempo est anho (Hill, Joe) – 101
tesouro grego, O (Stone, Irving) – 183, 189
Tokarczuk, Olga – 141, 160
Tostói, Leon – 42
três mosqueteiros, Os (Dumas, Alexandre) – 44
tribunal da quinta-fei a, O (Laub, Michel) – 28-29
Twohey, Megan – 201, 208, 210

U
Último turno (King, Stephen) – 99, 100
Utopia (More, omas) – 91

V
Vaca de nariz sutil (Campos de Carvalho) – 24,
31
Varella, D auzio – 142, 146
Vargas Llosa, Mario – 140, 158-159
ve ho e o mar, O (Hemingway, Ernest) – 139, 147
Velocidade (Koontz, Dean) – 101
Viagens de Gul iver (Swi , Jonathan) – 44, 62
vida invisível de Eurídice Gusmão, A (Batalha,
Martha) – 28, 29, 36
Vidas secas (Ramos, Graciliano) – 24, 25, 33
Vox (Dalcher, Christina) – 93, 108

W
Wolf, Ma yanne – 17-18, 198-199, 210
Wolf, Naomi – 201-202, 211
Wurman, Richard Saul – 19

Z
Ziblatt, Daniel – 199, 206
Pegue uma folha de
papel e faça suas
anotações sobre os
livros que você vai ler.
SOBRE O AUTOR
ANTONIO FAGUNDES é
um dos a tistas mais
queridos do B asil. Seu
currículo como ator,
autor e produtor ao
longo de mais de 50
anos de carrei a inclui
mais de 50 filmes, 40
peças teat ais e 40
produções de TV, entre
novelas, séries e
teleteatro. Apaixonado
por lite atu a, ele tem o
hábito de ler em
qualquer tempo livre e
costuma comp ar vários
exemplares de seus
livros preferidos pa a
presentear os amigos.
Para saber mais sobre os títulos e autores
da Editora Sextante, visite o nosso site.
Além de informações sobre os próximos
lançamentos,
você terá acesso a conteúdos exclusivos
e poderá participar de promoções e sorteios.

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