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e - B o o k

destravando a
inteligência

saillors

Mateus de Oliveira
2022
sumário

0. Introdução
1. Como ler livros
2. Memorização
3. Foco
4. A verdadeira forma de estudar
5. Inteligência vs esperteza
6. Benefícios da leitura em voz alta
7. Os tipos de inteligência
8. Conclusão

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Cement Plant Operations

Introdução

O meu objetivo com esse livreto é guiar você para um caminho


antagônico ao da grande maioria dos brasileiros, sem enrolação
e encheção de linguiça, você tem algo precioso em mãos, esse e-
book vai elevar o nível da sua inteligência a um novo patamar,
trata-se de um compilado de anotações que há tempos me
auxiliam nos estudos, sempre me serviu como um guia, creio
que cumprirá a mesma função se você também colocar em
prática.

O conteúdo dessa obra reúne as dicas mais importantes de


gênios que tenho bastante estima, tais como Sertillanges, Tomás
de Aquino, Pierluigi Piazzi, Olavo de Carvalho e Agostinho de
Hipona. A sua missão não será tão fácil, dada a largada, você terá
obstáculos nas quais só irá perceber no decorrer da leitura,
contudo terás um prêmio eterno, como bem disse Einstein:

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"A mente que se abre a uma nova ideia
jamais voltará ao seu tamanho original".

Boa leitura!
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Como ler livros

A grande tarefa de ler um livro não é apenas guiar-se pelo


significado das palavras, mas evocar a emoção da frase e o
sentido de cada elemento do texto. Bom, para isso é necessário
antes encarar a leitura como uma boa conversa, não como uma
corrida! Leia devagar e exprima o sentido de cada palavra
naquele texto, se há alguma linha na qual você não entendeu,
volte e leia novamente, ler é muito mais do que chegar ao fim
do livro, ler é um esforço de paciência, introspecção, solitude,
imersão e consciência.

Lembro-me quando estava ainda no ensino médio, um


professor de história havia pedido um colega de classe para que
lesse em voz alta para todos, o rapaz era um leitor eloquente e
respeitava as pontuações, quando terminou, o professor
parabenizou pela boa eloquência e em seguida pediu para que
emitisse uma opinião sobre o texto, bom, ele não entendeu
absolutamente nada e, infelizmente ficou constrangido diante
da turma.

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Aquilo me intrigou, pois ficou claro que apesar do
conhecimento que o rapaz tinha das regras gramaticais, ele não
absorvia aquelas palavras, era literalmente uma bola de sabão,
bonita por fora, mas vazia por dentro. Depois de um tempo
escutei o professor Olavo falando sobre esse mesmo assunto na
qual chamava "analfabetismo funcional", seria basicamente o
indivíduo que lê, mas não consegue entender o que acabou de
ler. De acordo com o conceito de analfabetismo funcional, o
indivíduo pode ser capaz de identificar e ler números, letras,
palavras e até frases, mas não consegue reunir essas informações
e assimilá-las como um todo. Trata-se de um problema de
interpretação.

Uma pesquisa feita pelo INAF, que avalia habilidades e práticas


de leitura aplicadas no cotidiano da população brasileira,
descobriu que cerca de 30% das pessoas são analfabetos
funcionais. Entretanto, essa pesquisa apura apenas os casos
graves, e esse problema existe em vários graus, veja, atualmente
essa rapaziada só quer saber de leituras fáceis, autoajuda e gibis;
o excesso de uma linguagem demasiada simples torna o
indivíduo incapaz, por exemplo, de ler a obra mais simples de
Shakespeare, como Hamlet... lembro-me do dia em que fui ler
Heidegger pela primeira vez, tinha uns 16 anos e me achava o
bonzão por ler aquelas merdas motivacionais, resumindo, eu
não entendi uma só frase, era impossível juntar os significados
para a interpretação de uma só linha, mas foi absolutamente
normal aquela discrepância, "Ser e tempo" é um livro difícil até
mesmo para os especialistas, ao voltar para introdução do livro
achei interessante o que o editorial havia escrito, dizia o
seguinte:

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“A primeira fase de uma tentativa de leitura consiste em
familiarizar-se com as palavras-chave, estabelecendo-lhes a
função sintática e a remissão semântica no todo do sistema.
Mesmo que de início, o esforço se reduza à simples consulta de
um dicionário filosófico, para se responder à pergunta — qual a
significância, isto é, a função e o significado que exercem no
todo do sistema...”

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Só aí entendi que a leitura não era apenas passar o olho nas
palavras, mas um esforço de interpretação e estudo! Ou seja, é
necessário ter o interesse de pesquisar palavras nas quais não
temos nenhum tipo de familiaridade, sei que a maioria passa o
olho em uma palavra difícil e ignora, desde aquela época eu
criei um hábito bastante interessante, isto é, pesquisava o
sentido da palavra, anotava em um bloco de notas e em seguida
colava na parede até formar uma “constelação” de palavras
difíceis nas quais se interligavam, aquilo expandia meu
entendimento, quando passei a fazer isso, até uma leitura
aristotélica me soava fácil. Uma coisa é certa, não existe nada
feito conscientemente por outro ser humano que não possa ser
entendido, essa lógica me levou a seguir à risca o conselho do
editorial, os livros muito fáceis foram perdendo a graça e a
leitura tornou-se um estudo, por isso costumo classificar minhas
leituras em duas categorias; primeira: leitura sistemática! O
objetivo é simples, alcançar o cerne do tema central, por isso
esse tipo de leitura é algo que leva tempo e continuidade, a
complexidade varia de acordo com o tema, já conheci
intelectuais que ficaram décadas até dissecar todo o assunto
proposto, esse primeiro método de estudo traz os maiores
resultados a longo prazo, e a preparação psicológica é o mais
importante. Em segundo, temos a leitura recreativa: onde a uso
para intercalar com a sistemática, de forma que eu possa
descontrair e retomar os estudos com mais ânimo e inspiração,
nessa categoria é importante que esses livros:

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1.Tenham no máximo 200 páginas.
2.Sejam romances, contos, crônicas ou poesias.
3.É preferível que sejam clássicos.

A leitura recreativa ganha vida quando é praticada em lugares ao


ar livre, lembre-se! O objetivo da leitura recreativa é espairecer a
mente, encare como uma diversão ou um momento para
exercer a solitude e fortalecer o espírito.

O trabalho de elevar o nível intelectual é sobretudo expandir a


capacidade imaginativa, é dar cores a um cenário sem graça,
preto e branco, quanto maior é essa capacidade de criar um
cenário onde os elementos literários ganham vida, maior é o
nível de genialidade. Daí vem aquela relação que alguns autores
fazem do indivíduo solitário com a erudição, seu vício em estar
sempre a sós com um bom livro, é a própria diversão em meio a
um mundo sem graça e superficial, embora não seja
inteiramente o correto, é uma carácteristica, completamente
compreensível e libertador. Veja, para delinear essa capacidade
imaginativa, o indivíduo precisa ler livros que o convide a isso,
por isso sempre que me perguntam por quais livros começar, eu
sempre digo "comece pelos romances", que seja Victor Hugo,
Alexandre Dumàs ou Dostoievski. Evite filmes, séries e novelas,
pois estes já possuem um elenco imaginado e reproduzido, que
consequentemente atrofia a capacidade imaginativa. Os livros
de romance são ricos em detalhes, lembro da primeira vez que
li “O conde de monte cristo”, era possível sentir até o cheiro do
mar, o vento e o som dos raios em colisão com as pedras
pontiagudas do pequeno golfo, em meio a uma noite tempestiva
de inverno... Tudo muda quando você aprende a mergulhar de
vez em uma boa leitura, a sua forma de enxergar o mundo, a
eloquência, escrita, etc...

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Entretanto, é necessário entender que em uma leitura
sistemática, obviamente, os livros são sérios, geralmente ensaios
filosóficos ou científicos, por isso a abordagem deve ser
diferente, em vez de se ser uma contemplação, você se torna um
amigo íntimo do autor, por mais que ele seja um ditador ou até
mesmo um psicopata, se a sua missão é entendê-lo, então
precisa dialogar com a sua obra, só assim é possível tirar
conclusões ao fim daquele livro. O senso crítico pode ser um
obstáculo nessa tarefa, deixe suas armas guardadas quando abrir
um livro, lembre-se, até os piores livros têm algo a nos ensinar,
a sua crítica só será 100% precisa, se guarda-la para o término da
obra.

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Memorização

A maioria das pessoas possuem o péssimo hábito de achar que a


memória de um indivíduo é semelhante a memória de um
computador, e que se ele não consegue armazenar aquilo que se
dispôs, haveria então algum defeito, é uma maneira errada de
pensar, é até bom que não seja assim, pois em comparação com
uma máquina, somos mil vezes mais complexos, seria como
comparar a criatura com o criador, o ser humano com Deus, as
pessoas precisam parar de fazer comparações idiotas como
essas...

A maneira correta de memorizar é usando nossos sentidos


como um todo, como realmente é, e não como se fosse uma
máquina, ao ler um livro, por exemplo, quanto mais você
conseguir usar sua capacidade de sentir, enxergar as cores, as
pequenas nuanças, escutar o timbre da voz... mais claro aquela
experiência se torna, logo um quadro completamente branco
vai absorvendo as cores vivas da tinta da sua imaginação.

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Memorizar um texto é a arte de dar vida aos elementos, e
qualquer tentativa mecânica de memorização sem carregar a
essência das ideias, é uma tentativa fracassada.

Algumas pessoas se julgam péssimas de memória, mas deveriam


estar se perguntando o motivo que as fazem assim, pois todos os
seres humanos possuem capacidades semelhantes em potência.
Isso não se aplica apenas para textos, se uma pessoa quer
memorizar algo, deve usar todos os seus sentidos em direção
aquele elemento, até que se delineie um conjunto inteiro, e que
seja rapidamente identificável, quanto mais familiar aquilo soar,
mais difícil será de esquecer. Por exemplo: se você entra em um
ônibus, provavelmente não se lembrará de um só rosto no dia
seguinte, mas se por acaso uma pessoa puxa conversa e vocês
ficam alguns minutos ali conversando, obviamente será mais
fácil de lembrar daquele rosto no dia seguinte, pois os seus
sentidos mesmo que inconscientemente foram captando
características daquela pessoa e há até um assunto associado
àquelas características. Se eu bato o olho na capa de um livro
que já li, eu não lembro de todas as palavras, mas sim do assunto
e da experiência que aquela obra me proporcionou, isso é o
mais importante; lembro do rosto dos personagens, ou do tema
daquele autor, por quê? Porque aquilo também foi um longo
bate-papo, não foi um fardo, foi prazeroso aprender e imergir
naquele conteúdo.

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É claro que algumas pessoas possuem mais facilidade para
memorização, essa é uma das formas de inteligência (falaremos
mais sobre isso a seguir), mas todos nós somos capazes de
memorizar algo independente da complexidade, cabe ao
indivíduo não tornar esse trabalho enfadonho, quanto mais ele
conseguir sustentar aquele diálogo ou fazer parte daquele
cenário, mais familiar e claro aquilo se tornará. Já conheci
pessoas que dominavam um determinado assunto, mas por
nervosismo acabavam por esquecer o que tinham que falar, isso
é normal, e para evitar esse tipo de situação é necessário um
cuidado com as preocupações que causam o nervosismo, se o
corpo estiver em equilíbrio, as palavras surgirão juntamente
com as referências e o material estudado. Se for algum tipo de
apresentação, sugiro que estude o tema com profundidade e
que faça um mapa mental com início, meio e fim. Já tive a
oportunidade de conviver com excelentes oradores, todos eles
sempre me revelavam a mesma coisa, isto é, antes de uma
apresentação eles se isolavam e em voz alta discursavam na
frente do espelho. Isso os ajudava em vários aspectos, uma delas
é a corrigir a postura e o tempo de gesticulação, a outra é no que
tange a segurança, esse tipo de preparação é fundamental para
quem quer se tornar um excelente orador. Lembre-se, a prática
sempre leva a perfeição.

A anotação também é fundamental para a memorização,


contudo, vou me estender mais sobre esse assunto nos capítulos
3 e 4: "Foco" e "A verdadeira forma de estudar".

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foco

É impossível falar de foco sem antes quebrar o paradigma dos


nootrópicos, para você que desconhece esse termo, nootrópico
são medicamentos que teoricamente aumentam a performance
intelectual de um indivíduo, mas não passa de uma grande
ilusão. Há um tempo eu mergulhei a fundo no mundo de alguns
desses medicamentos, pois trabalhava muito e queria ter energia
suficiente para desenvolver meus projetos pessoais mesmo
depois do trabalho, com todo aquele cansaço físico e
psicológico. Comecei pelo Venvanse, considerado o
“nootrópico” mais “poderoso” no mundo dos “biohackers”, trata-
se de um medicamento tarja preta, usado para o tratamento de
TDAH e obesidade, usava a dose máxima todos os dias e
durante meses ia anotando os efeitos colaterais, dessa forma no
fim do curso poderia avaliar se os ganhos superaram os
colaterais. O resultado foi a seguinte! Primeiro mês, você se
sente imbatível, seu foco aumenta significativamente, você fica
muito mais comunicativo e perde completamente o apetite...

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com o tempo sua libido diminui bastante, a ponto de ficar
sexualmente impotente sob o efeito dos remédios, ou seja, os
homens ficam broxas quando usam esses medicamentos! E por
último, esse é o pior dos efeitos, que é a recaída emocional, foi
difícil até para mim que tenho o tipo de inteligência
intrapessoal, os colaterais depois dos usos diários aumentam, e
vem uma enxurrada de pensamentos negativos. Esse tipo de
experiência não só com o venvanse, mas com a ritalina, e o
modafinil, me levaram à seguinte conclusão: não vale a pena
usar nenhum desses nootrópicos, sim, minha produtividade
aumentou consideravelmente, mas as perdas ao longo prazo
foram devastadoras, emagreci cerca de 15 kg, ao parar tive
algumas perdas de memória e problemas de humor que
interferiam na minha relação com pessoas importantes para
mim, você fica mais agressivo e impaciente ao extremo, sem
falar que em alguns casos podem causar grande dependência,
devido ao composto ativo de Lisdexanfetamina. Meu conselho
é, se afaste desses medicamentos, é perfeitamente possível
aumentar o foco sem eles.

Somente agora falaremos sobre a real forma para se obter foco,


usando apenas a inteligência a seu favor.

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Sertillanges diz que a concentração deve ser como uma luz que
em contato com a lupa, em uma só direção esquenta com o
máximo fervor, até consumir tudo na qual se apontou. O nosso
espírito deve ser como uma lupa que se aprofunda e queima
tudo quanto mirar os nossos pensamentos, não é possível
alcançar a profundidade sem foco. Devemos ordenar o nosso
estudo e dedicar-se por inteiro, isso significa zero distrações! Os
gênios só se tornaram gênios porque foram capazes de aplicar
sua concentração com todas as forças em uma só direção. No
momento que nos dedicamos a um, temos que excluir qualquer
outro, tapar todas as brechas e mergulhar a fundo no ponto
abordado, e só depois partir pra outro. Por isso irei listar 5
hábitos que vão aumentar absurdamente o seu foco, não
negligencie nenhum deles.

1.Faça exercícios físicos! Sim, exercício físico vai te trazer


mais foco e capacidade de centralizar seus pensamentos, o
objetivo é treinar a sua mente para se manter concentrado
enquanto o seu corpo libera hormônios como a endorfina que é
responsável pela sensação de bem-estar, inibindo o stress e
trazendo mais qualidade de sono, que consequentemente irá
somar com o aumento do foco. Sem falar dos outros inúmeros
ganhos que esse hábito irá te proporcionar, como perda de peso,
aumento de energia, autoestima, etc...

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2.Aprenda a dizer não! Essa tarefa requer postura e clareza,
postura para muitas vezes ser visto como uma pessoa inflexível e
clareza para não negligenciar seus deveres, na prática, seria
passar menos tempo no celular, ler um livro em vez de assistir
uma série, deixar de ir em uma festa para trabalhar em um
projeto, etc... Na maioria das vezes a luta será contra seus
próprios pensamentos e impulsos, aprenda uma vez por todas a
ser conduzido pela razão.

3.Minimalismo! Sei que parece clichê, mas isso potencializou


o meu foco, o que seria o minimalismo na prática? Uma mesa
cheia de livros, cadernos, canetas, acessórios e distrações, passa a
ter apenas o essencial, apenas um lápis, uma caneta, um livro,
um caderno e pronto! A mesa do computador em vez de estar
abarrotado de papeis, cabos, cadernos, etc... passa a ter somente
o monitor, mouse e teclado. Você pode tentar aplicar isso no
máximo de conjuntos possíveis, você vai ver um ganho
considerável no seu foco.

4.Crie o hábito de anotar o que você precisa fazer no dia


seguinte! Esse é um dos hábitos que mais trazem ganhos a longo
prazo, se você tem um objetivo claro, então tudo que você
precisa fazer é seguir o plano dia pós dia, então anote, e no fim
do dia risque tudo aquilo que foi feito, e se possível faça algumas
observações, detalhes e aprendizados daquele dia, a sua rotina
vai mudar com esse detalhe, pois a sua energia estará
direcionada às prioridades, sendo assim, evitando distrações
durante o dia.

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5.Execute as tarefas mais importantes assim que acordar!
Após uma boa noite de sono, suas energias estarão renovadas e
esse é o melhor momento para executar as tarefas mais difíceis,
sua mente estará tranquila e seu copo bem-disposto. Ter foco é
usar a sua inteligência para administrar bem as suas tarefas
durante o dia.

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A v erdadeir a for ma de estudar

Um teste de nível mental foi realizado na população de três


países! Inglaterra, Japão e Brasil; na Inglaterra a população
marcou em média 100 pontos, essa margem significa um nível
intermediário de QI, no Japão marcaram a média de 113 pontos,
ou seja, superior das demais, mas na população brasileira
obtiveram o preocupante resultado de 87 pontos, que representa
um nível extremamente inferior da média global. Disto
podemos concluir que o sistema educacional brasileiro não
educa efetivamente a população, cria indivíduos autômatos para
passarem de ano e fechar provas, não se ensina a pensar, ensina-
se a responder o necessário para obter boas notas. Como disse
anteriormente, todos nós temos as mesmas capacidades em
potência, mas a sociedade na qual somos inseridos influencia
sim na nossa personalidade, por isso é fundamental
entendermos que estudar é um verbo que jamais poderá ser
empregado no plural, estudar é sempre uma tarefa individual.
Talvez surja a seguinte dúvida: mas quando vou para a faculdade
eu não estou estudando?

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A resposta é não! Assistir aula é um processo coletivo e passivo,
você escuta, às vezes entende e logo esquece, estudar é um
processo individual ativo, por isso a verdadeira forma de estudar
é uma tarefa onde todos os seus sentidos se encontram em ação.
Quando se toma o caminho do conhecimento é importante
você entender que se isso não se tornar um estilo de vida, o seu
nível de conhecimento nunca será superior ao nível comum, e
consagrar-se ao conhecimento é renunciar mil coisas em prol de
um bem maior, veja, o seu objetivo precisa ser além de um
diploma, além de uma nota, além de uma vaga em um cargo
público, o conhecimento em prol de um bem maior é algo que
transcende o próprio eu, e nada disso é possível sem a
capacidade de se isolar por um bom tempo, é necessário parar
com essa frescura de sempre associar o isolamento com a
tristeza ou com algum tipo de depressão, só o brasileiro tem
esse pensamento besta, por isso tem a pior média de QI do
mundo, ele não concebe que o processo de introspecção é
fundamental para autoconsciência, para o labor intelectual e
para a solução de grandes problemas, a vida de alguém que se
consagra ao conhecimento não é comum, não é só carnaval, o
objetivo maior de alguém que se consagra aos estudos é
solucionar problemas que a maioria não enxerga, e deixar algo
na terra que dure mais que a própria vida, que resolva o
problema das próximas gerações. Sim! É necessária coragem
para tomar esse caminho. Uma mente bem instruída é uma das
melhores companhias, só uma pessoa verdadeiramente doente
se sente mal a sós.

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Na psicologia é normal, termos a consciência de que para
resolvermos um problema é necessário destacá-lo e tratá-lo
separadamente do conjunto ou do indivíduo, quando você se
isola para resolver um problema social ou de maior amplitude, é
necessário tratar aquele conjunto como se fosse uma unidade
separada, mesmo que efetivamente você faça parte do
problema. Creio que esse pequeno conselho servirá para poucos
aqui, pois sei que apenas alguns querem tornar-se agentes
transformadores no coletivo. A seguir irei listar 3 pontos
fundamentais para um estudo 100% eficaz:

1.Leia, anote as partes mais importantes e se possível, faça


uma síntese ao fim de cada capítulo. Lembrando, a anotação é
feita com papel e caneta, sem computador ou qualquer outro
dispositivo eletrônico, a ideia é que você armazene as
informações na sua cabeça e não no HD do seu computador.

Montaigne dizia que as anotações devem ser muito menos


numerosas que a leitura. O objetivo da anotação é sintetizar
determinado conteúdo dado o grau de relevância, elas servem
como uma extensão da memória para os momentos em que ela
falhar, por isso é importante periodicamente revisar as
anotações feitas. Anotar muito causa indigestão intelectual. É
necessário, obviamente, entender com clareza tudo aquilo que
se lê, observando o grau de importância daquilo, registrar em
um caderno.

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2.Escute músicas eruditas ou sons binaurais enquanto estuda!
Veja, na imagem abaixo está representado o local de ação em
um cérebro de acordo com as formas de captação. O lado
esquerdo é o lado lógico responsável por assimilar as formas de
linguagem, ou seja, português e matemática... já o lado direito é
considerado artístico, relacionado a observação e interpretação
do mundo ao nosso redor. O grande segredo aqui é inibir que o
lado direito interfira negativamente a parte esquerda do cérebro
(atrapalhando o raciocínio lógico), fazemos isso utilizando sons
sem nenhum tipo de linguagem, com isso aumentamos até 60%
do foco no estudo. Então sim! Escutar música auxilia na
capacidade de raciocínio e atenção.

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3.Durma o máximo que você puder! Se você ainda estiver
com vontade de dormir quando acordar, então durma mais,
uma hora o sono irá acabar, se você seguir a inclinação natural
do corpo as coisas estarão sempre em equilíbrio. Mas cuidado
para não levar preocupação e angustia para a cama, pois isto
poderá interferir negativamente na qualidade do seu sono...

Quando acordar é fundamental que você tenha a sua rotina de


estudos muito bem clara em sua mente, com as energias
renovadas o seu desempenho será o melhor possível. É durante
o sono que o organismo exerce as principais funções
restauradoras do corpo, como o reparo dos tecidos, o
crescimento muscular e a síntese proteica. Durante este
momento, é possível repor energias e regular o metabolismo,
fatores essenciais para manter corpo e mente saudáveis.

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Inteligência vs esperteza

A razão usada na prática com um alto nível de acerto é o que


chamamos de razão espontânea, isto é uma condição que está
sempre funcionando em nós, no entanto, devemos tomar posse
desse estilo. O excesso de razão crítica inibe a evolução da
inteligência, traz até um certo nível de ignorância, pois o
indivíduo cria uma falsa impressão de conhecimento, mas na
verdade criticar é a coisa mais fácil que existe, isso qualquer
adolescente é mestre em fazer.

Tudo o que você está estudando aqui é a própria ascensão da


inteligência, ao passo que se você ler, medir o seu nível de QI e
em seguida colocar em prática durante 1 ano, você terá um
ganho considerável, isto aconteceu comigo após entender a
funcionalidade da mente e colocar em prática tudo o que
aprendi, me tornei significativamente mais isolado e isso é
absolutamente normal, pois as antigas amizades aos poucos vão
se fragmentando mediante ao grau de maturidade de cada um,
até que se torne enfadonho acompanhar certas pessoas devido à
incompatibilidade dos objetivos e a qualidade das conversas,
isso não significa que você é superior a eles, significa que agora
estão em fases diferentes, é normal que você entenda isso,

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pois senão ficará refém do ressentimento alheio, contudo, a
evolução traz amizades compatíveis, amizades que possuem o
mesmo objetivo e que soma na individualidade, é tudo uma
questão de tempo.

Quanto mais estudamos, menos sabemos! A medida exata da


sua ignorância é o sinal de autoconhecimento, pois só assim
você tem a noção do que lhe falta saber. Só acha que é
inteligente quem nunca estudou nada, isso é perfeitamente
claro quando se inicia os estudos por Sócrates, veja, por exemplo
o diálogo com Eutífron, a ignorância do sujeito se dá somente
diante de um espírito mais evoluído, pode-se dizer o mesmo de
nós diante de um prazeroso estudo, a sabedoria entedia os tolos
e alimenta os sábios, Eutífron diante de Sócrates preferiu
abraçar seu próprio ego do que tornar-se réu de si mesmo. Por
isso lhe digo, se quer elevar o nível da sua inteligência, é
necessário se tornar amigo da sabedoria e inimigo da vaidade,
não perca seu tempo tentando convencer pessoas ignorantes,
eles não possuem o mesmo comprometimento com os estudos,
uma discussão nesse nível apenas enfraquece o seu espírito, por
isso que a arte de se tornar sábio, é a arte de saber o que ignorar.

chapter 5 26
Quando falamos sobre elevar o nível de inteligência em um país
igual o Brasil, é necessário tomar alguns cuidados,
principalmente porque evidentemente os valores são contrários
e a cultura está para o lado oposto de qualquer coisa que em
outro país pareça valoroso, no Brasil, sabedoria é confundida
com esperteza, e gentileza com cinismo! Na teoria do medalhão,
o próprio Machado de Assis ironiza a ânsia brasileira de parecer
em vez de ser. O brasileiro deseja ser aclamado por todos, ter
emprego estável, família respeitável e boa reputação, puxar o
saco dos superiores só para que portas se abram e ele pareça ser
um grande homem, aqui a estabilidade profissional é idolatrada.
O ápice da moralidade brasileira é ter um emprego seguro e
lucrativo. Temos até a nossa versão de teologia da prosperidade.
Política ou religiosamente, todos os meios são usados para
ascensão e a bajulação. Você é educado com uma pessoa e o
sujeito já quer te fazer de besta, e isto para ele é o ápice da
inteligência, quando dois espertalhões de valores duvidosos se
encontram, por mais que sejam desconhecidos, naquele
momento é como se fossem da mesma família e se
conhecessem há anos, o que é isto senão uma prova de uma
cultura corrompida? Tornar-se mais inteligente é enxergar as
camadas de uma sociedade e permanecer integro à verdade, ser
inteligente não é ter somente um QI avançado, mas não deixar
que a mesquinhez o corrompa, pois, trilhar um caminho
diferente dos 99%, é nadar contra a maré, é praticar o
autoconhecimento e saber lidar com a indiferença.

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Benefícios da leitura em voz alta

Desde as primeiras tabuletas sumérias, as palavras escritas são


destinadas à leitura em voz alta, pois os signos trazem sons
implícitos; a escrita é a imitação da oralidade. Cabe ao leitor
“dar vida aos sinais gráficos que se encontram mortos no papel,
dar corpo sonoro ao texto que se encontra nos seus olhos”. Na
antiguidade e idade média, lia-se em voz alta, salvo poucas
exceções. O hábito só mudou com a invenção da imprensa –
por volta do século XVI. Algo, porém se perdeu: O ritmo, a
entonação e a sonoridade do texto; a dicção, a fluência e a
atenção do leitor. Em relação à dicção e fluência, a leitura em
voz alta aperfeiçoa:

1.O domínio da respiração, sendo preciso respirar fundo e


suster o fôlego.

2.O equilíbrio da altura da voz, sem produzir sons nem muito


agudos, nem muito graves.

3.A consciência do movimento dos lábios para uma boa


dicção.

4.A entonação que obedece aos sinais de pontuação.

chapter 6 28
Estudiosos – como Landeiro e Pastorello – mostram que, se
bem treinada, a leitura em voz alta trabalha também a postura, a
expressão facial e os gestos. Pois, as costas curvadas – posição
em que muitos permanecem durante a leitura silenciosa – não
permitem falar bem, além de que o rosto e o corpo devem
refletir os efeitos do texto, desenvolvendo a capacidade de
expressão.

Finalmente o leitor acaba desenvolvendo as suas competências


linguísticas com mais vigor, aumentando a sua autoconfiança,
inclusive na hora da fala. Afinal, as palavras mais difíceis que não
são verbalizadas, apenas lidas, acabam não entrando no dia-a-
dia da pessoa. É como aprender um idioma novo: não basta ler,
é preciso falar. Quem fala enriquece o seu vocabulário para a
vida.

Outros estudiosos – como Rigoleto e Di Giorgi – advogam em


favor desse tipo de leitura em virtude do aumento da
capacidade de concentração. Afinal, na leitura silenciosa, você
pode se perder em seus próprios pensamentos, saindo do texto;
mas na leitura em voz alta é preciso estar totalmente voltado
àquilo que está sendo lido, perdurando a concentração.

Há vários tipos de leitura em voz alta como:

1.Leitura linear. A personalidade do recitador é neutralizada.


O objetivo é que ele seja apenas um mediador idôneo entre o
põem e o ouvinte. Você não precisa mostrar sua eloquência e
expressividade, mas também não deve mostrar apatia,
mecanicidade, insegurança, afobação.

chapter 6 29
2.Leitura rítmica. Há mais musicalidade, “realizando ênfase
nas sílabas poéticas tônicas e na métrica dos versos”.

3.Leitura cênica. Há elementos de artes dramáticas, ficando a


leitura condicionada à interpretação de quem lê.

chapter 6 30
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Os tipos de inteligência

Sabemos que durante a vida existem inúmeros fatores que


podem interferir na visão de mundo que temos, principalmente
algumas crenças limitantes que são introduzidas no nosso
inconsciente, como palavras ditas na infância do tipo: “Você é
burro”, “você nunca aprende”, “você não nasceu pra isso” ou
“isso aí é coisa de rico”. Quando analisamos essas besteiras
racionalmente, vemos que não fazem sentido algum, e que
aquilo nada mais é do que o reflexo daquele que profere, as
pessoas possuem o péssimo hábito de projetar nos outros a
própria incompetência, pois transferindo um problema, assim
não se sentem tão inferiores.
A genialidade genética só estoca dados. Há pessoas que são
bibliotecas ambulantes, tem vários cursos universitários, mas
não são criativas, não sabem proteger sua psique e nem
trabalhar com sabedoria as intempéries da vida. Por isso é
importante sabermos que há vários tipos de inteligência:

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1. Inteligência espacial

Está relacionada a habilidade de perceber semelhanças em


formas espaciais. Também abarca a facilidade de se orientar no
espaço, bem como construir modelos que facilitem a orientação
espacial. Esta inteligência é bastante latente em arquitetos,
enxadristas e navegadores.

2. Inteligência físico-cinestésica

Cinestesia é uma sensibilidade nos movimentos, um sentido


pelo qual percebemos nosso corpo. Dessa forma, essa é a
inteligência que diz respeito à habilidade de controlar e usar o
corpo todo, ou partes dele, para resolver problemas ou moldar
objetos. Atores, atletas, cirurgiões e dançarinos podem ter essa
inteligência em evidência.

3. Inteligência interpessoal

A inteligência interpessoal é em relação ao outro, ou seja, inclui


a habilidade de compreensão e de estabelecer relações com
outras pessoas. Em outras palavras, é a habilidade
socioemocional. Essa inteligência pode ser preponderante em
líderes, professores, profissionais de relações públicas e
vendedores, por exemplo.

4. Inteligência intrapessoal

Já a inteligência intrapessoal está relacionada à habilidade


aguçada de autoconhecimento e de estar bem consigo mesmo,
com alta capacidade de gerir suas emoções, reconhecendo seus
limites e suas aspirações. Terapeutas são pessoas que podem ter
a inteligência intrapessoal aguçada.

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5. Inteligência linguística

A inteligência linguística está relacionada com a capacidade de


lidar e desenvolver pensamentos e ideias utilizando a
linguagem, escrita ou falada.

6. Inteligência lógico-matemática

É aquela que diz respeito ao raciocínio lógico-dedutivo,


relacionando-se com a lógica, a matemática e as ciências.
Físicos, matemáticos e advogados, por exemplo, são
profissionais que podem ter a inteligência lógico-matemática
preponderante.

7. Inteligência musical

Envolvendo a habilidade de identificar melodias e produzir


música, a inteligência musical é a que nos permite organizar os
sons, a partir de tons, temas e timbres. Esta habilidade é
presente nos musicistas e cantores.

Mediante a inúmeros tipos de inteligência é impossível destacar


uma que seja superior a outra, todas são passivas de genialidade,
embora algumas pessoas passem a vida inteira acreditando que
apenas os grandes matemáticos são caracterizados gênios,
enterram suas vocações fazendo apenas o que a grande maioria
faz.

chapter 7 33
O cérebro humano é de uma complexidade formidável. Se
pegássemos um dos processadores mais rápidos da atualidade
por exemplo um i7, que possui 177.730 MIPS e opera com clock
de 3,33 GHz. Dessa forma, precisaríamos de 564 CPUs dessas
para alcançar a velocidade do cérebro. Em vez de explorar nossa
inteligência preferimos perder tempo com: Facebook,
Instagram, Tictoc, Twitter e por aí vai... O avanço da tecnologia
tem tornado o sujeito mais burro, se você quer dar início a uma
ascensão intelectual na sua vida, precisa antes abandonar essas
futilidades que sugam o seu tempo e inteligência.

chapter 7 34
Cement Plant Operations

Conclu são

Quero concluir citando o trecho de um livro chamado “A vida


intelectual” do A. –D. Sertillanges, esse trecho simplesmente
mudou o curso da minha vida, me fez abandonar tudo o que me
roubava o tempo, para enfim me dedicar totalmente ao
conhecimento, diz:

“Veja, a partir disso, a obrigação que cada um tem de decidir-se,


no devido tempo, a fazer os sacrifícios necessários. É muito
doloroso dizer para si mesmo: tomando este caminho,
abandono mil outros. Tudo é interessante; tudo poderia ser útil;
tudo atrai e seduz o espírito generoso; mas existe a morte,
existem a necessidade do espírito e das coisas: é preciso
submeter-se e contentar-se, em relação ao que o tempo e a
sabedoria nos furtam, com um olhar de simpatia que será
também uma homenagem à verdade.

Não tenha vergonha de ignorar o que só poderia saber pagando


o preço da dispersão. Reconheça-o com humildade, pois é um
sinal dos nossos limites; mas nossos limites, uma vez aceitos,
tornam-se parte da nossa virtude; uma grande dignidade advém
disso: a do homem que vive sob sua própria lei e que cumpre
seu papel.

chapter 8 35
Somos pouca coisa, mas fazemos parte de um todo, e isso é
nossa honra. Aquilo que não fazemos, nós também fazemos:
Deus o faz, nossos irmãos o fazem, e estamos com eles na
unidade do amor.

Não pense portanto que tudo lhe é possível. Meça-se, meça sua
tarefa; depois de algumas tentativas inevitáveis, saiba limitar-se
sem rigidez; mantenha, em meio as leituras e à necessidade de
pequenos trabalhos, o benefício dos primeiros cultivos, o
contato com a amplidão, mas quanto ao essencial de seu tempo
e de suas forças, concentre-se. O semicientista não é aquele que
só sabe a metade das coisas, mas o que só as sabe pela metade.
Saiba aquilo que decidiu saber; lance apenas um olhar para o
resto. O que não faz parte da sua própria vocação, abandone-o a
Deus – Ele cuidará disso. Não seja um desertor de si mesmo, por
ter querido substituir a todos.”

Três conclusões que podemos tirar desse trecho:

1.Farei os sacrifícios necessários, pois agora conheço o


caminho.

2.Tudo o que tenho é o presente, devo entregar minhas


limitações a Deus e continuar.

3.Não posso tentar abraçar todas as oportunidades, o que não


faz parte das minhas vocações estarei deixando para trás
imediatamente.

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Neste trecho Sertillanges está se referindo aos intelectuais
consagrados, o objetivo desse livreto não é fazer de você um
intelectual, mas talvez seja um convite, entretanto cumprimos
muito bem o papel de lhe mostrar o caminho do conhecimento,
do labor e da inteligência, e nisto lhe cabe essa exata citação,
pois tratando-se de Brasil, será sempre uma grande renúncia
escolher o caminho do conhecimento, vale a pena cada esforço.
Espero que tenha aproveitado cada capítulo deste e-book e
lembre-se de colocar em prática.

Adeus.

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