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SUMÁRIO

1. Introdução e Definição.............................................. 3
2. Teste do pezinho......................................................... 4
3. Teste do Reflexo Vermelho (TRV)......................10
4. Teste do Coraçãozinho...........................................11
5. Triagem auditiva........................................................13
6. Avaliação do frênulo lingual..................................14
Referências bibliográficas..........................................18
TRIAGEM NEONATAL 3

1. INTRODUÇÃO A triagem de qualquer doença consis-


E DEFINIÇÃO te em identificar, naquela população
assintomática, os indivíduos que têm
A triagem neonatal no Brasil faz par-
maior risco de desenvolver alguma
te do Programa Nacional de Triagem
doença ou distúrbio. A triagem neo-
Neonatal (PNTN), que visa identifi-
natal, portanto, é um rastreamento da
car distúrbios no recém-nascido em
população entre 0 e 28 dias de vida.
tempo hábil para uma intervenção
adequada. Dessa forma, objetiva-se A triagem neonatal consiste em al-
tratar e garantir um acompanhamen- guns testes: o mais conhecido, o
to dos pacientes com diagnósticos teste do pezinho, responsável pela
positivos, para reduzir a morbimor- identificação de diversas doenças
talidade e melhorar a qualidade de metabólicas, genéticas endócrinas e
vida desses indivíduos. O PNTN tem enzimáticas; o teste do coraçãozi-
a missão de implantar a triagem ne- nho; o teste do reflexo vermelho; a
onatal no âmbito do SUS, garantindo triagem auditiva; e a avaliação do
acesso universal, integral e unânime. frênulo lingual.

MAPA MENTAL – TRIAGEM NEONATAL

AVALIAÇÃO DO
FRÊNULO LINGUAL

TRIAGEM
TRIAGEM AUDITIVA TESTE DO PEZINHO
NEONATAL

TESTE DO REFLEXO TESTE DO


VERMELHO CORAÇÃOZINHO
TRIAGEM NEONATAL 4

2. TESTE DO PEZINHO A punção deve ser feita com lancetas


apropriadas (autorretráteis para evi-
O teste do pezinho também é conhe-
tar acidentes), estéreis, descartáveis
cido como triagem neonatal biológica
e com profundidade e largura deter-
e é responsável pela pesquisa de 6
minadas. O local de punção deve ser
doenças: Fenilcetonúria, Hipotireoi-
em uma das laterais da região plantar
dismo Congênito, Doença Falciforme
do calcanhar, na qual há menor pos-
e outras hemoglobinopatias, Fibrose
sibilidade de atingir o osso.
Cística, Hiperplasia Adrenal Congê-
nita e Deficiência de Biotinidase. Fa-
laremos um pouco sobre cada uma
delas adiante.

Realização da coleta
O profissional deve estar usando lu-
vas de procedimento e deve realizar
a assepsia do calcanhar do bebê com
algodão ou gaze umedecidos com
álcool a 70%. Colocar o pé do bebê
abaixo do nível do coração, para que
haja maior circulação de sangue.

Figura 2. Locais de punção do calcanhar.


Fonte: Ministério da Saúde, 2016.

Após a punção, aguardar a formação


da primeira gota de sangue e limpá-
-la, já que pode conter outros fluidos
teciduais. As demais gotas devem ser
encostadas no verso do papel filtro,
até o preenchimento de todo o círculo
Figura 1. Assepsia do calcanhar.
demarcado.
Fonte: Ministério da Saúde, 2016.
TRIAGEM NEONATAL 5

algodão ou gaze, até que o sangra-


SE LIGA! Não se deve virar o papel-filtro
para fazer a coleta dos dois lados: é pre- mento cesse.
ciso que o sangue atravesse a camada A equipe multidisciplinar das mater-
e seja absorvido de forma homogênea!
A superposição de camadas de sangue nidades e casas de parto deve orien-
interfete nos resultados do teste. tar as puérperas e familiares sobre a
importância da realização do teste.
O ponto de coleta é na Unideda de
Atenção Básica perto da residência
da família, quando não tiver sido fei-
ta na maternidade/casa de parto, en-
tre o 3º e 5º dia de vida do bebê. A
família deve estar atenta para pegar
os resultados do teste e apresentar
ao pediatra, que deve registrá-los na
Caderneta da criança.

SE LIGA! Alguns casos especiais, como


os recém nascidos pré-termo, de baixo
peso ao nascer ou agudamente doen-
tes, também devem ser triados. Porém,
estão mais propensos a resultados fal-
so-positivos e falso-negativos, que de-
vem ser reavaliados posteriormente.

Fenilcetonúria
Consiste em um erro inato do meta-
bolismo, com padrão de herança au-
tossômica recessiva, caracterizado
por um defeito na enzima Fenilalani-
na Hidroxilase. Esse defeito leva ao
acúmulo do aminoácido Fenilalanina
(FAL).
Sem o diagnóstico e tratamento an-
Figura 3. Coleta adequada no papel-filtro.
tes dos 3 meses de vida, a doença se
Fonte: Ministério da Saúde, 2016.
caracteriza clinicamente por atraso
global do desenvolvimento neopsi-
Após a coleta, colocar a criança deita- comotor, deficiência mental, compor-
da e comprimir levemente o local com tamento agitado ou padrão autista,
TRIAGEM NEONATAL 6

convulsões e odor característico na cianose, icterícia prolongada, consti-


urina. pação, bradicardia, sonolência exces-
O diagnóstico é feito pela dosagem siva, choro rouco, mixedema, déficit
quantitativa da Fenilalanina da amos- de crescimento e outros.
tra sanguínea (valor superior a 10 mg/ As crianças que têm o diagnóstico
dL em pelo menos 2 amostras distin- precoce geralmente não apresentam
tas). O aumento da FAL só é detecta- os sintomas, desde que a reposição
do se a criança tiver ingerido quanti- hormonal seja iniciada. Após o resulta-
dade suficiente de proteína: por isso, do inicial positivo, deve-se dosar o T4
a coleta só pode ser feita após 48 ho- (total e livre) e TSH de sangue venoso,
ras do nascimento. para confirmação do diagnóstico.
O tratamento consiste em uma die- O tratamento é baseado na repo-
ta com baixo teor de FAL por toda a sição hormonal, promovendo a nor-
vida, permitindo o crescimento e de- malização do estado metabólico. O
senvolvimento normal do indivíduo. O acompanhamento deve ser feito com
bebê deve ser acompanhado clinica e dosagem hormonal, além das avalia-
laboratorialmente de forma frequente ções de crescimento e desenvolvi-
até o primeiro ano de vida, para con- mento físico e neuropsicomotor, para
trole dos exames. ajustes das doses.

Hipotireoidismo congênito Doença falciforme e hemoglobi-


nopatias
Doença considerada como uma
emergência pediátrica, causada pela A doença falciforme tem herança ge-
incapacidade da tireoide em produzir nética autossômica recessiva, causa-
suficientemente os hormônios, resul- da por um defeito na estrutura da ca-
tando em redução geral do metabo- deia beta da hemoglobina. Isso leva
lismo. as hemácias assumirem formas falcê-
A doença pode ser primária (na qual a micas (de lua minguante).
forma mais comum é a disgenesia ti- A hemoglobina predominante em um
reoidiana); secundária, com deficien- homem adulto normal é a A (Hb A);
cia de TSH hipofisário; terciária, com nos recém-nascidos, há predominân-
deficiência do TRH hipotalâmico; e cia da Hemoglobina F (Hb FA). Por
por resistência periférica à ação dos outro lado, as hemoglobinas variantes
hormônios tireoidianos. mais frequentes são a S e a C. Sendo
As manifestações clínicas incluem assim, quando o indivíduo adulto é he-
hipotonia, dificuldades respiratórias, terozigoto, ou seja, Hb AS, é dito como
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portador do “traço falciforme”; se é ho- processo obstrutivo causado pelo au-


mozigoto (Hb SS), possui a doença. mento da viscosidade do muco e tem
Nos recém-nascidos, é possível iden- mortalidade elevada, com os sinto-
tificar os heterozigotos como Hb FAS mas aparecendo nos primeiros anos
(portadores de traço falciforme) e os de vida.
homozigotos (doentes), como Hb FS. Dentre as manifestações, pode-se
RESULTADOS DA ELETROFORESE ter: proliferação bacteriana pela obs-
DE HEMOGLOBINA trução das vias aéreas, levando a in-
Normal
Traço Fal- Doença fecções crônicas (por pseudomonas e
ciforme Falciforme
estafilococos), lesão pulmonar e insu-
Recém-
-nascidos
Hb FA Hb FAS Hb FS ficiência respiratória; e no pâncreas,
Adultos Hb A Hb AS Hb SS
obstrução dos ductos pela secreção
espessa, levando à uma perda de en-
zimas digestivas e má nutrição, com
As manifestações clínicas do pa- esteatorreia e dificuldade de ganho
ciente homozigoto são: anemia he- de peso.
molítica; crises vaso-oclusivas; crises
O diagnóstico presuntivo é feito pe-
de dor; insuficiência renal progressiva;
los níveis da tripsina imunorreativa
acidente vascular cerebral; maior sus-
(IRT); já a confirmação dos casos sus-
ceptibilidade a infecções; e sequestro
peitos é feito com a dosagem de clo-
esplênico. O diagnóstico precoce
reto no suor. O tratamento consiste
permite a implantação de cuidados
no acompanhamento regular, suporte
preventivos e orientação aos pais so-
dietético, utilização de enzimas pan-
bre o recém-nascido.
creáticas, suplementação de vitami-
O tratamento deve ser iniciado antes nas A, D, E, K e fisioterapia respira-
dos 4 meses de vida e as medidas tória.
preconizadas são: antibioticoterapia
profilática, suplementação com ácido
fólico e seguimento clínico especiali- Hiperplasia adrenal congênita
zado. Engloba um conjunto de síndromes
autossômicas recessivas, que se ca-
Fibrose cística racterizam por diferentes deficiências
enzimáticas na síntese dos esteroides
Também chamada de mucoviscido- adrenais. A deficiência mais comum é
se, é uma doença hereditária grave, da 21-hidroxilase (95% dos casos),
de herança autossômica recessiva, envolvida na síntese do cortisol e da
que afeta predominantemente os aldosterona.
pulmões e o pâncreas. Envolve um
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As manifestações clínicas da defi- nal com baixas doses de glicocorti-


ciência de 21-hidroxilase podem ser coides; os pacientes assintomáticos
divididas em três formas: forma clás- (com a forma não clássica) não preci-
sica perdedora de sal, que ocorre em sam de tratamento.
70-75% dos casos, com virilização
da genitália externa (excesso de an-
drogênios) e crise adrenal (depleção Deficiência de biotinidase
de volume, hipotensão, hiponatremia, Doença metabólica hereditária com
hipercalemia); forma clássica não per- herança autossômica recessiva, na
dedora de sal, em que há também vi- qual há um defeito no metabolismo
rilização da genitália externa, porém da biotina. Manifesta-se clinicamen-
não há manifestação da deficiência te a partir da 7ª semana de vida, com
mineralocorticoide, sendo identifica- distúrbios neurológicos e cutâneos
dos muitas vezes em idade tardia; e (crises epilépticas, hipotonia, micro-
a forma não clássica, que pode ser cefalia, atraso no desenvolvimento,
diagnosticada até na vida adulta pelo dermatite eczematoide).
hiperandrogenismo ou até não apre- Os pacientes com resultados altera-
sentar manifestações. dos na triagem são submetidos pos-
O diagnóstico presuntivo na triagem teriormente à confirmação, através do
neonatal é feito pela quantificação da teste quantitativo da atividade da bio-
17-hidroxi-progesterona (17-OHP), tinidase. O tratamento medicamen-
seguido de testes confirmatórios. O toso é simples e de baixo custo, con-
tratamento sistindo
para pacien- no uso de
tes do sexo biotina em
feminino doses diá-
com hiperan- rias.
drogenismo
inclui reposi-
ção hormo-
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MAPA MENTAL – TESTE DO PEZINHO

DISTÚRBIOS
NEUROLÓGICOS E
CUTÂNEOS

DEF. ENZIMÁTICAS DEFICIÊNCIA DE DEF. NA ENZIMA FENILALANINA


NA SÍNTESE DOS BIOTINIDASE HIDROXILASE: ACÚMULO DE
ESTEROIDES ADRENAIS FENILALANINA (FAL)

MAIS COMUM: DEFICIÊNCIA HIPERPLASIA ERRO INATO DO


FENILCETONÚRIA
DA 21-HIDROXILASE ADRENAL CONGÊNITA METABOLISMO
TESTE DO
PEZINHO
NÍVEIS DA TRIPSINA HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO: DISGENESIA
FIBROSE CÍSTICA
IMUNORREATIVA (IRT) CONGÊNITO TIREOIDIANA

PROCESSO OBSTRUTIVO SECUNDÁRIO: DEF.


CAUSADO PELO AUMENTO DA DOENÇA FALCIFORME TSH HIPOFISIÁRIO
VISCOSIDADE DO MUCO
RESISTÊNCIA PERIFÉRICA AOS
HORMÔNIOS TIREOIDIANOS
DEFEITO NA
CADEIA BETA DA
HEMOGLOBINA TERCIÁRIO: DEF. TRH
HIPOTALÂMICO
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3. TESTE DO REFLEXO retina indica que as estruturas estão


VERMELHO (TRV) transparentes (normais); a opacidade
desses meios pode levar a leucocoria
Também chamado de teste do olhi-
(pupila branca) ou perda do reflexo.
nho, consiste em um exame simples
e rápido realizado em recém-nasci-
dos, com o objetivo de detectar pre-
cocemente problemas oculares con-
gênitos. Identifica-se com esse teste
as condições que comprometem a
transparência dos meios oculares e
que podem impedir o desenvolvi-
mento visual. Figura 5. Reflexo vermelho presente (normal) – imagem
esquerda; leucocoria no olho direito – imagem direita.
O teste é realizado com o oftalmoscó-
Fonte: SBP, 2018.
pio direto, que projeta a luz nos olhos
e atravessa as estruturas transpa-
rentes, atingindo a retina e refletindo As principais causas de TRV negativo
a luz vermelha. O aparelho deve ser (alterado) são a catarata congênita,
colocado a uma distância de 50cm a glaucoma congênito, retinoblastoma,
1 metro dos olhos do RN e deve-se leucoma, inflamações intraoculares
observar a presença ou ausência do da retina e vítreo, retinopatia da pre-
reflexo, assim como comparar a in- maturidade e outros.
tensidade e simetria dos olhos.
SE LIGA! Algumas condições podem
alterar o reflexo vermelho, produzindo
uma assimetria entre os olhos, como o
estrabismo, altas ametropias, luxações
de cristalino e malformações.

O TRV deve ser realizado pelo pe-


diatra na maternidade, antes da alta
do RN. Se não for possível, deve ser
feito até completar 01 mês de vida.
Recomenda-se, ainda, a repetição do
teste durante as consultas pediátri-
Figura 4. Teste do olhinho realizado no berçário.
cas regulares, de 2 a 3 vezes por ano
Fonte: SBP, 2018.
nos primeiros 3 anos de vida. Caso
haja detecção de qualquer alteração,
A observação do reflexo vermelho da
deve-se encaminhar o neonato para
TRIAGEM NEONATAL 11

acompanhamento em unidade espe- criança: dos seis meses de vida a um


cializada. ano, todos os bebês devem ser sub-
No entanto, o teste não é suficiente metidos ao exame oftalmológico.
para assegurar a boa saúde ocular da

FLUXOGRAMA – TESTE DO REFLEXO VERMELHO

TESTE DO
REFLEXO
VERMELHO

OFTALMOSCÓPIO A CERCA
DE 50CM DOS OLHOS

PRESENÇA: NORMAL

PRESENÇA OU AUSÊNCIA DO REFLEXO

AUSÊNCIA OU OPACIDADE:
ALTERADO

COMPARAR INTENSIDADE E SIMETRIA

REPETIÇÃO DO TESTE NAS


CONSULTAS PEDIÁTRICAS REGULARES

EXAME OFTALMOLÓGICO
COM 1 ANO DE VIDA

4. TESTE DO CORAÇÃOZINHO A maior parte das cardiopatias con-


gênitas críticas (CCC) cursa com re-
A cardiopatia congênita ocorre em
dução da saturação periférica de O2
cada 1 – 2 para cada 1000 nascidos
no período neonatal. Por isso, o tes-
vivos; destes, alguns têm cardiopa-
te envolvendo a oximetria de pulso
rias graves, com necessidade de in-
foi desenvolvido como um método
tervenção urgente e que muitas ve-
de triagem para essas condições crí-
zes recebem alta sem diagnóstico.
ticas. Consiste em um exame fácil e
TRIAGEM NEONATAL 12

rápido, além de muito específico para MSD e MMII.


a detecção de CCC, que deve ser rea-
lizado antes da alta da Unidade Hos-
pitalar em todos os RN com IG > 34
semanas.
O teste é realizado a partir da aferição
da saturação de oxigênio no membro
superior direito (MSD) e em qualquer
Figura 6. Oxímetro em MMII para realização do teste
um dos membros inferiores, entre do coraçãozinho.
24 e 48 horas de vida. O resultado Fonte: http://testedocoracaozinho.com.br
normal consiste na saturação maior
ou igual a 95% em ambas as medi-
das, sendo a diferença menor que 3% Caso a triagem seja alterada, uma
entre as medidas do MSD e MMII. Já nova aferição deve ser realizada em
o resultado anormal está presente 01 hora. Se o resultado anormal se
quando qualquer medida seja menor confirmar, o recém-nascido deve ser
que 95% ou houver diferença igual submetido a um ecocardiograma
ou maior a 3% entre as medidas do dentro de 24 horas.

FLUXOGRAMA – TESTE DO CORAÇÃOZINHO

RN > 34
SEMANAS

TESTE DO CORAÇÃOZINHO:
aferição da saturação de O2 no MSD
e em qualquer MMII

TESTE NORMAL: Saturação


TESTE
≥ 95% em ambas medidas e
ANORMAL
diferença entre MSD e MMII < 3%

NOVA OXIMETRIA EM 01 HORA

2º TESTE ANORMAL

ECOCARDIOGRAMA MSD: membro superior direito


EM ATÉ 24 HORAS MMII: membros inferiores
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5. TRIAGEM AUDITIVA exame de Emissões Otoacústicas


Evocadas (EOAE), que pode ser re-
A deficiência de audição tem conse-
petido caso haja falha. Se a falha per-
quências desastrosas na infância, com
manecer, deve-se realizar o Potencial
implicações diretas no desenvolvimen-
Evocado Auditivo de Tronco Ence-
to, escolaridade, relacionamento social
fálico (Peate-Automático). Já para
e status emocional do indivíduo. Outro
os indivíduos com indicador de risco,
aspecto importante é que a linguagem
utiliza-se diretamente o Peate-Au-
se desenvolve nos primeiros seis me-
tomático, devido à maior prevalência
ses de vida, por isso a importância de
das perdas auditivas retrococleares.
identificar os bebês com alterações au-
ditivas e iniciar seus atendimentos. O EOAE é um teste rápido, simples e
não invasivo, com alta sensibilidade e
Alguns indicadores de alto risco de
especificidade, capaz de identificar a
perda auditiva devem ser considera-
maior parte das perdas auditivas cocle-
dos: história familiar de surdez congê-
ares (pré-neural). Porém, não permite a
nita; anomalias craniofaciais; espinha
identificação das deficiências auditivas
bífida; síndromes genéticas que cur-
retrococleares e necessita de integrida-
sam com deficiêcias auditivas, como a
de anatômica da orelha externa e mé-
Sd. Waardenburg, Alport e Pendred;
dia para ser realizado. Já o PEATE é um
e intercorrências neonatais, como
teste mais complexo e caro, que precisa
peso < 1.500g, anóxia grave, uso de
de sedação e avalia a integridade das
ventilação assistida, permanência em
vias auditivas até o tronco cerebral.
UTI por > 5 dias, sepse/meningite ne-
onatal, infecções congênitas e uso de Todas as crianças que apresentarem
drogas ototóxicas. Apesar disso, cer- falha no teste devem passar pela eta-
ca de 50% das perdas auditivas são pa de reteste após 30 dias. Esse re-
idiopáticas, sem riscos identificáveis, teste deve ser feito com o Peate-A em
por isso a importância de realizar os ambas as orelhas, mesmo que a falha
testes em todos os RN. anterior tenha ocorrido de forma unila-
teral. Caso a falha persista, o pediatra/
A triagem auditiva deve ser realizada
neonatologista deve encaminhar o RN
preferencialmente nos primeiros dias
para avaliação especializada.
de vida (24 a 48 horas), antes da alta
ou, no máximo, no 1º mês de vida. A Para as crianças que obtiveram res-
forma como serão realizados os tes- postas satisfatórias, cabe ao médico
tes dependem da presença ou não de assistente realizar o monitoramento
indicadores de risco para a deficiência do desenvolvimento da audição e da
auditiva. Para os neonatos e lactentes linguagem, registrando-o na Cader-
sem indicadores de risco, utiliza-se o neta de Saúde da Criança.
TRIAGEM NEONATAL 14

FLUXOGRAMA – TRIAGEM AUDITIVA

POTENCIAL
EVOCADO
EMISSÕES
RN SEM FATOR RN COM FATOR AUDITIVO
OTOACÚSTICAS
DE RISCO DE RISCO DE TRONCO
EVOCADAS (OEAE)
ENCEFÁLICO
(PEATE-A)

1ª FALHA: REPETIR OEAE 1ª FALHA: REPETIR EM 1 MÊS

2ª FALHA: PEATE 2ª FALHA:


ANTES DA ALTA AVALIAÇÃO CLÍNICA

1ª FALHA: REPETIR EM 1 MÊS

2ª FALHA: AVALIAÇÃO
CLÍNICA E AUDIOLÓGICA

6. AVALIAÇÃO DO robustas, alguns testes podem ser


FRÊNULO LINGUAL feitos para identificar as alterações no
frênulo lingual que podem interferir
A anquiloglossia é uma alteração que
no processo.
se caracteriza por um frênulo lingual
anormalmente curto e espesso, que A avaliação do frênulo lingual tem
restringe a movimentação da língua em como base o Protocolo Bristol, que
graus variados. Dessa forma, pode in- leva em consideração os seguintes
terferir negativamente na amamenta- elementos: aparência da ponta da
ção, diminuindo a habilidade para uma língua, fixação do frênulo na margem
sucção adequada. Com isso, há dificul- gengival inferior, elevação da língua
dade no estímulo adequado à produ- e projeção da língua. As pontuações
ção de leite materno, causando dores e obtidas em cada item devem ser so-
feridas durante a amamentação. madas, podendo variar de 0 a 8. Es-
cores de 0 a 3 indicam possibilidade
Embora as evidências sobre a as-
de redução mais grave da função lin-
sociação de anquiloglossia e dificul-
gual.
dades na amamentação não sejam
TRIAGEM NEONATAL 15

Figura 7. Protocolo Bristol de Avaliação da Língua (BTAT)

Caso o escore seja menor ou igual a 3, Apesar disso, a força de evidência


sugere-se nova avaliação da mama- permenece baixa quanto à melhora
da e do frênulo lingual antes da alta na amamentação e redução de dor
hospitalar. Caso o escore se confirme nos mamilos após a frenotomia. Im-
e não existam outros fatores que jus- portante considerar também a possi-
tifiquem a dificuldade na amamenta- bilidade de eventos adversos, como
ção, pode-se considerar a realização hemorragias e recidivas, e explicar à
do procedimento cirúrgico. família para tomada de decisão em
conjunto com a equipe assistencial.
TRIAGEM NEONATAL 16

MAPA MENTAL – AVALIAÇÃO DO FRÊNULO LINGUAL

Aparência da ponta da língua

PROTOCOLO Fixação do frênulo na


Projeção da língua
BISTROL margem gengival inferior

Elevação da língua

Escore de 4 a 8: normal
Escore de 0 a 3: possibilidade de redução mais grave da função lingual

MAPA MENTAL - ANQUILOGLOSSIA E FRENOTOMIA

INTERFERÊNCIA NA AMAMENTAÇÃO EVIDÊNCIAS

• POUCA ASSOCIAÇÃO ENTRE


• RESTRIÇÃO NA MOVIMENTAÇÃO
X FRENOTOMIA E MELHORA DA
DA LÍNGUA;
AMAMENTAÇÃO
• SUCÇÃO INADEQUADA – FERIDAS
• EFEITOS ADVERSOS
E DORES NA AMAMENTAÇÃO
(SANGRAMENTO E RECIDIVA).
TRIAGEM NEONATAL 17

MAPA MENTAL – TRIAGEM NEONATAL

PROTOCOLO
DE BRISTOL

AVALIAÇÃO DO
FRÊNULO LINGUAL

EMISSÕES FENILCETONÚRIA,
OTOACÚSTICAS HIPOTIREOIDISMO
EVOCADAS (OEAE) CONGÊNITO, ANEMIA
TRIAGEM
TRIAGEM AUDITIVA TESTE DO PEZINHO FALCIFORME, DEF. DE
NEONATAL BIOTINIDASE, HIPERPLASIA
POTENCIAL EVOCADO
AUDITIVO DE TRONCO ADRENAL CONGÊNITA,
ENCEFÁLICO (PEATE-A) FIBROSE CÍSTICA

TESTE DO REFLEXO TESTE DO


VERMELHO CORAÇÃOZINHO

REFLEXO PRESENTE:
NORMAL AFERIÇÃO DA SATURAÇÃO
DE O2 NO MSD E EM
QUALQUER MMII
REFLEXO AUSENTE OU
OPACO: ALTERADO
TRIAGEM NEONATAL 18

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Brasil. Triagem neonatal biológica: manual técnico / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção a Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2016.
Grupo de Trabalho em Oftalmologia Pediátrica. Teste do reflexo vermelho. Sociedade Bra-
sileira de Pediatria. Publicação Nº1, setembro de 2018.
Secretaria de Estado da Saúde - Paraná. Caderno de Atenção à Saúde da Criança - Re-
cém-nascido de risco. Disponível em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/opdf1.pdf
Brasil. Síntese de evidências para políticas de saúde: Diagnóstico preoce de cardiopa-
tias congênitas. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estraté-
gicos, Departamento de Ciência e Tecnologia. Brasília, 2017.
Brasil. Coordenação geral de saúde da criança e aleitamento materno. Ministério da Saú-
de, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de ações programáticas estratégicas.
Nota técnica Nº25, 2018.
Brasil. Diretrizes de Atenção da Triagem Auditiva Neonatal. Ministério da Saúde, Secreta-
ria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília, 2012.
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