Você está na página 1de 3

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 9ª VARA

FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA COMARCA DE BELO


HORIZONTE/MG.

Autos nº ...

JOSIANE ALMEIDA, brasileira, funcionária pública, inscrita no CPF sob nº ..., com
endereço na ..., endereço eletrônico ..., vem por meio de seu advogado, legalmente
constituído, perante Vossa Excelência, com base no art. 514 do Código de Processo
Penal, apresentar,

DEFESA PREMILINAR

Pelo falos e fundamentos:

I. PRELIMINARMENTE

Cabe ressaltar que a autora foi notificada no dia 13 de agosto de 2018,


portanto, com base no art. 514 do Código de Processo Penal, a presente petição está
devidamente tempestiva, pois oferecida dentro do prazo de 15 (quinze) dias, que trata o
referido artigo do diploma processual.

II. DOS FATOS

A acusada, funcionária pública pela caixa econômica federal, será imputada do


suposto crime de peculato, pois, segundo informações de uma cliente, a acusada efetuou
o requerimento de um cartão magnético em sua conta, bem como efetuou diversos
saques entre os meses de julho e agosto.

Diante tais alegações, estourou-se procedimento administrativo, em que foram


analisadas diversas supostas provas documentais e testemunhais e concluiu que a
acusada fez uso indevido de seu acesso para requisitar cartão e senha da conta da
referida cliente.

Conclusão que foi oferecida ao Ministério Público Federal, pelo relatório


emitido pela Caixa Econômica federal.
III. DO DIREITO

Neste momento passaremos a demonstrar a inaplicabilidade do art. 312, bem


como, em decorrência disso, uma vez que não ocorreu a tipicidade, os motivos pelos
quais a denúncia oferecida pelo MPF deverá ser rejeita por Vossa Excelência.

O art. 312 do Código Penal, tipifica no ordenamento jurídico pátrio, o crime de


peculato:

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou


qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em
razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

Seguindo-se os dizeres do referido artigo, o funcionário público deverá apropriar-se do


valor, público ou particular, para ocorrer o fato típico enquadrado o crime de peculato, no
entanto, Vossa Excelência, tal apropriação não fora comprovada em procedimento
administrativo oferecido como base para a denúncia oferecida pelo MPF.

No relatório emitido pela CEF, é mencionado somente o uso do acesso e senhora para
requisitar cartão magnético e não a ocorrência de saques na conta da cliente, neste caso, não
resta duvida de que não ocorreu fato tipificado pelo art. 312 do Código Penal, visto que a
acusada não se apropriou de valores em seu favor.

Vejamos como nossos tribunais já julgaram casos de peculato com ausência de provas
de dolo de se apropriar:

PENAL. PECULATO. ART. 312, PARÁGRAFO PRIMEIRO, DO


CPB. SUBTRAÇÃO DE MÁQUINA DE CALCULAR. - HAVENDO
DÚVIDA RAZOÁVEL DE QUE A DENUNCIADA SUBTRAIU O
BEM OU MESMO SE CONCORREU PARA TAL FIM, NÃO SE
PODE ATRIBUIR-LHE A PRÁTICA DO DELITO TIPIFICADO NO
ART. 312, PARÁGRAFO PRIMEIRO, DO CPB, MORMENTE
ANTE A AUSÊNCIA DA COMPROVAÇÃO DE DOLO. -
ABSOLVIÇÃO DA ACUSADA DA IMPUTAÇÃO, POR
INSUFICIENTE A PROVA PARA UMA CONDENAÇÃO. -
APELAÇÃO PROVIDA.
(TRF-5 - ACR: 885 PB 93.05.42482-1, Relator: Desembargador
Federal Nereu Santos, Data de Julgamento: 19/10/1995, Terceira
Turma, Data de Publicação: DJ DATA-15/12/1995 PÁGINA-87688)

CRIMINAL E PROCESSUAL CRIMINAL - PECULATO -


MATERIALIDADE E AUTORIA NÃO COMPROVADAS -
CRIME PRÓPRIO - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1) Sendo o
Peculato um crime próprio, deve-se configurar a intenção dolosa do
funcionário público, no sentido de apropriar-se ou desviar o
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular. 2) Se a acusação não prova a ocorrência do delito e o
conteúdo dos autos não forma uma base sólida para a decretação de uma
sentença condenatória, deve-se garantir a absolvição do acusado,
obedecendo o princípio do in dúbio pro reo. 3) Apelação não provida.
(TJ-AP - APL: 00000397720078030006 AP, Relator:
Desembargador AGOSTINO SILVÉRIO, Data de Julgamento:
04/05/2010, Tribunal)

Portanto, com base na vasta jurisprudência, bem como no art. 395, inciso III do
Código de Processo Penal:

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:[...] III - faltar


justa causa para o exercício da ação penal.

Neste contexto, a denúncia não merece prosperar, uma vez que falta
materialidade ao fato imputado à acusada, pois não ouve a comprovação da apropriação
de valores de contas operadas pela acusada.

IV. DOS PEDIDOS

Com base em todo o exposto, cumpri a parte acusada requerer que seja
reconhecida a ausência de materialidade e tipicidade do fato atribuído, com base da não
apropriação de valores e, portanto, seja a denúncia, oferecida pelo Ministério Público
Federal, seja rejeitada, com fulcro no art. 395, inciso III do Código de Processo Penal.

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, data.

Advogado
OAB/nº

Você também pode gostar