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São Paulo, 29/03/2020

Meus queridos

Vivemos uma situação muito diferente, e praticamente nenhum de nós (exceto os muitíssimo
idosos) jamais viu coisa semelhante. Este é um vírus "fraco" que, por quase nunca matar nem
acamar, acaba permitindo que as pessoas andem por aí e o transmitam. Isso, somado ao fato
de ter um período de incubação que pode (algumas vezes) durar até 14 dias, faz com que muito
infectados “distribuam” o vírus pelo país.

Tenho me focado nas orientações do Ministro Mandetta (que conheço) e nas orientações do
Paulo Olzon, um excepcional infectologista, meditador, e consultor da empresa em que
trabalho.

Contato com o vírus eu presumo que um grande percentual da população já teve. Quando os
casos clínicos aparecem, e surgem os primeiros testes positivos, o vírus já está se espalhando há
10 ou 20 dias. Contando mais o tempo até iniciar esta "quarentena parcial" ...numa progressão
exponencial de 2,5 a 3,0 vezes ao dia...

Assim, este vírus é um risco individual pequeno, porém é muito mais um problema de saúde
pública quando muita gente é infectada e, apesar de um percentual bem pequeno ficar grave, o
número absoluto de casos graves é muito grande e ao mesmo tempo, e isso desafia muito a
capacidade do sistema de saúde.

Os links abaixo mostram quantas mortes (aproximadamente) acontecem por ano pelas
“doenças de inverno” na Europa.

https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/02/26/interna_internacional,112441
5/oms-lembra-que-gripe-sazonal-mata-60-000-por-ano-na-europa.shtml

https://www.noticiasagricolas.com.br/videos/clima/255358-numero-de-vitimas-por-
coronavirus-na-europa-estaria-sendo-inflado-por-mortes-que-ocorrem-no-
inverno.html#.XoFfz4hKgdU

A questão é que essas mortes podem se espalhar desde o final do outono até o comecinho da
primavera, e no caso deste vírus, os casos complicados acontecem em velocidade muito rápida.

Por enquanto estou em casa, mas com vontade de voltar logo. Não sei - mesmo – dizer qual o
alcance real desta quarentena. É uma dúvida sincera que tenho. Se por um lado, pretendemos
“achatar” a curva de contágio, por outro não sabemos realmente se já temos (ou não) uma
enorme porção da população já infectada, tendo um enorme percentual de pessoas sequer
notado que teve o contágio. Só se testássemos de maneira universal, como a Coreia do Norte.
Enquanto isso, alguns estatísticos calculam que, demorando muito o período de quarentena, a
ruptura econômica que pode sobrevir pode causar mais mortes do que o vírus, tanto pela
escalada da violência urbana, pela depressão (econômica e social), e até mesmo pela falência
(quebra) do sistema de saúde. Estou buscando a lucidez em meio a esta “tormenta”.

Parece que, para alguns, isto tudo é uma grande “aventura”, como viver o filme Mad Max e
querer dizer presunçosamente aos outros como sobreviver nesse “planeta hostil”. Muitas
pessoas não querem notícias tranquilizadoras, pois isso tiraria o tom de aventura que estão
vivendo. É preciso tranquilidade. Herói não é aquele que pinta a cena com matizes
emocionantes. Como dizia o humorista Chico Anísio, simplesmente “herói é aquele que não teve
tempo para correr”.

O que mais me impressiona é que esta seria uma oportunidade para as pessoas de - ao invés de
disputarem verdades - evoluírem em consciência e maturidade. Mas está todo mundo apenas
reforçando os mesmos padrões de sempre. Apavorados sendo ainda mais apavorados,
desleixados sendo ainda mais desleixados, políticos sendo ainda mais políticos, sensacionalistas
sendo ainda mais sensacionalistas, egoístas sendo ainda mais egoístas, e assim por diante. Essa
é a prova de que não será "através da mente" que a humanidade evoluirá para "além da mente".

O maior benefício que um meditador pode fazer em relação a isso é meditar, para buscar
enxergar com maior lucidez o cenário, e também ajudar a despoluir o Inconsciente Coletivo.

Estamos em orações.

Roberto Cardoso

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