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O autor assim avança para a “versão médica” do modelo de serviços de consertos (pp.
277-310). O ato de entregar o corpo para o servidor médico e ao seu tratamento racional
e empírico é um dos pontos mais complexos do serviço. Se o gradual estabelecimento
do corpo como um “bem” que pode ser “consertado” – um tipo de máquina físico-
química – é muitas vezes citado como um triunfo do “espirito científico secular”, em
contrapartida, tal triunfo é causa e efeito da crescente demanda por todos os tipos de
serviço especializado. O principal problema de submeter à medicina ao esquema de
serviço é que, mesmo com os esforços das associações médicas, a prática médica
afastou-se do ideal clínico, com clientela não organizada, para transformar-se em uma
repartição burocrática de serviços. Em seguida, o autor estende o problema da aplicação
do modelo de serviço especializado, em sua versão médica, à psiquiatria institucional.
Quando o pré-paciente chega para sua primeira entrevista de admissão, os médicos
aplicam imediatamente o modelo se serviço médico. Quaisquer que sejam as condições
sociais do indivíduo, independente do caráter específico de sua “perturbação”, ele pode
ser tratado nesse ambiente como alguém cujo problema pode ser enfrentado, ainda que
“não tratado”, pela aplicação de uma única interpretação psiquiátrica técnica. Um dos
problemas na aplicabilidade do modelo de serviço à medicina está no fato de que parte
do mandato oficial do hospital psiquiátrico público é “proteger” a comunidade do perigo
e dos aborrecimentos de certos tipos de má-conduta. Entretanto, cada vez que o hospital
psiquiátrico atua como “albergue provisório”, destinado a lidar com indivíduos que não
podem ficar na comunidade externa, o modelo de serviço é desmentido.