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 A ONTOLOGIA COMO METAFÍSICA OU CIÊNCIA (SABER) UNIVERSAL

E PRIMEIRA. A ontologia clássica nasce como Metafísica entendida como ciência (saber)
Universal (i.é, como Uno/Unidade ou Ser em geral que está presente em todos os entes) e
Primeira (i.é, como saber das primeiras causas e dos primeiros princípios). Os primeiros
princípios são aqueles, a partir dos quais se estrutura todo o conhecimento formalmente
válido e aqueles evocados pelos “primeiros que filosofaram”. Por isso, são aqueles
princípios lógicos, nomeadamente, os da identidade e o da não contradição, que garantem a
identidade do Ser consigo mesmo (axioma da identidade), e a Necessidade do Ser: o Ser
que é o objecto da Metafísica ou Ontologia, não pode não ser, i.é, é um Ser necessário. São
também aqueles princípios que se opõem e cuja síntese está presente em todas as coisas
(finito-infinito; par-ímpar; grande-pequeno, etc.). Esta necessidade é garantida pelo princípio
da não-contradição, pois o Ser que é, não poderia não ser ou ser de outra maneira como
indica a ideia da Substância como ente que existe em si e a partir de si.
 Por outro lado, atendendo que “princípio” significa em Aristóteles, aquilo a partir do
qual algo se inicia, podemos também dizer, que o princípio é a SUBSTÂNCIA e, mais
concretamente, a Substância ou “motor imóvel”, que é o princípio do movimento ou
dinamização que faz parte da Natureza.
 A Metafísica é, igualmente, Universal porque estuda o Ser como aquilo, que está
presente em todos os entes (coisas), constituindo por isso, a Unidade da
multiplicidade/diversidade ôntica. O Ser é o Universal (a essência), a unidade que (re) une
tudo quanto existe. Lembre-se do Logos em Heraclito de Éfeso – Unidade que (re) une tudo
quanto existe e coordena a luta dos contrários e o devir das coisas (entes).
 A Metafísica é, ainda, a ciência primeira, porque é a ciência das primeiras noções,
i.é, daquelas noções ou conceitos, que exprimem o sentido fundamental do Ser. Tais noções
são as categorias ou “géneros (divisões / espécies) superiores do Ser” como lhes chamava
Aristóteles na sua obra Categorias. As categorias são as maneiras possíveis de se falar do
Ser, modos de afirmar (kategoréin) e de se referir ao Ser, ou seja, “modos da
enunciabilidade do Ser”, como diz Heidegger em O que é uma coisa? (§ 29).
PORTANTO, a ontologia clássica nasce como Metafísica Geral ou teoria do Ser com
os Pré-Socráticos. Podemos confirmar esta ideia com a tese de que a filosofia nasce
como ontologia. Veja-se, por exemplo, as considerações de Anaximandro sobre o
Tempo, de Heraclito sobre o Logos ou de Parménides sobre o Uno. O Apeiron e o
Logos representam

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