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2017/2018
FACULDADE DE DIREITO DE LISBOA
2º Semestre
Catarina de Sottomayor Barbosa Direito Processual Civil III 26131
Conteúdo
I. ASPECTOS GERAIS DA EXECUÇÃO .................................................................................................. 2
II. TRAMITAÇÃO DO PROCESSO EXECUTIVO ................................................................................. 8
III. CONDIÇÕES DA EXECUÇÃO .......................................................................................................... 14
IV. OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO ................................................................................................................ 35
V. CONSTITUIÇÃO DA GARANTIA PATRIMONIAL ..................................................................... 44
VI. IMPUGNAÇÃO DA PENHORA ....................................................................................................... 65
VII. EXECUÇÃO DA GARANTIA PATRIMONIAL ........................................................................... 78
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Art.º 47/1 Lei… os tribunais arbitrais não têm poder executivo. O processo executivo é
um processo de agressão, os particulares não podem exigir coativamente sem recorrer
aos tribunais judiciais.
Art.º 817 ss CC- regulam a realização coativa da prestação. Existe um direito de
execução (contra o devedor) e um direito à execução (utilizado contra o estado. Só pode
ser exercido através dos órgãos coativos do estado).
A finalidade da execução pode ser o pagamento da quantia, a entrega de uma coisa ou
uma prestação de um facto.
Art.º 601 CC- o património é a garantia geral das obrigações do seu titular.
Sujeitos- são as partes da execução. O exequente e o executado, mas terceiros podem
intervir, nomeadamente titulares de garantias reais.
Objeto- direito à prestação ou pretensão. Há um objeto imediato da execução, o direito
de execução, e um objeto mediato…
Atos de execução- são atos constitutivos e não postulativos.
Para que uma pretensão possa ser objeto de processo executivo é necessário que seja
exequível:
• Intrínseca- tem de ter intrinsecamente determinadas características para
que possa ser objeto. Art.º 713- certa, exigível e líquida.
• Extrínseca- pressupõe um título executivo art.º 10/4.
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Art.º 550- a execução para entrega de coisa ou prestação de facto segue forma única,
mas a execução para pagamento de quantia segue a forma sumária. Neste último, a
citação é posterior à penhora.
O nº 2 lista situações em que se verifica a forma sumária por dispensa legal de citação
prévia.
a) Em decisão arbitral ou judicial nos casos em que esta não deva ser executada
no próprio processo;
o Pagamento de quantia certa- se dever ser executada no próprio
processo segue a forma sumaria pelo art.º 626/2
o Entrega de coisa cerra- corre em forma única art.º 550/4 e 626/1
o Prestação de facto- corre em forma única art.º 550/4 e 626/1
o Entrega cumulada- corre na forma sumaria adaptada art.º 626/3
b) Em requerimento de injunção ao qual tenha sido aposta fórmula executória;
c) Em título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, garantida por hipoteca
ou penhor;
d) Em título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida cujo valor não exceda o
dobro da alçada do tribunal de 1.ª instância.
o Corre numa forma sumaria limitada, prevista no art.º 855/5.
Nº 3- existem situações em que se aplicaria o processo sumário, mas não ocorre devido
a:
a) Nos casos previstos nos artigos 714.º e 715.º;
b) Quando a obrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva e a
liquidação não dependa de simples cálculo aritmético;
c) Quando, havendo título executivo diverso de sentença apenas contra um dos
cônjuges, o exequente alegue a comunicabilidade da dívida no requerimento
executivo;
d) Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário que não haja
renunciado ao benefício da excussão prévia. Nos termos do art.º 755/1 o
devedor subsidiário tem direito a, na própria execução, pedir a execução
especifica.
Assim, cabe a forma ordinária nos casos expressos do art.º 550/3 e todos os casos que
não caibam no Nº 2. Cabem ainda na forma ordinária, segundo o Nº1, a execução de
título extrajudicial de obrigação vencida de valor superior ao dobro da alçada de 1º
instância.
Art.º 727- há processo sumario quando haja dispensa judicial de citação previa.
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→ Registo de execução
Existe um registo informático dos bens penhorados e executados previsto no art.º 717
também regulado pelo dl 201/2003 10 de setembro
Art.º 16-A- publicidade da execução respeita às execuções extintas com pagamento
parcial ou por não terem sido encontrados bens penhoráveis no património do
executado.
→ Princípios processuais da execução
o Princípio do dispositivo-
o Princípio da cooperação- pressupõe um dever de prevenção art.º 736/4. O
art.º 750/1 entende que o executado tem o dever de transparência
relativamente ao seu património penhorável
o Princípio da gestão processual- é mais restrita do que no âmbito da ação
declarativa. Qualquer adaptação do processo dificilmente tem aplicação na
ação executiva.
→ Ponderação de interesses
Estão em causa interesses do exequendo e do executado e possivelmente de terceiros.
Prevalecem os interesses do exequendo, o que é expresso na ausência do princípio do
contraditório.
Contudo, a medida executiva deve ser proporcional ao título executivo. EX: não se deve
penhorar um imóvel por uma divida de mil euros. É uma medida de proteção do executado.
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o Certos credores- quando apenas certos credores podem intervir na ação. Art.º
886/1, al. b) - na execução podem intervir os credores que têm garantias reais
sobre os bens penhorados. É este o regime que vigora no ordenamento jurídico
português.
Em certos casos, o agente de execução pode ser o oficial de justiça art.º 722/1.
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Os honorários devidos ao agente e as despesas por ele efetuadas são suportados pelo
exequente. Art.º 721.
Reclamação dos atos do agente de execução- O ato pode ter um meio específico
previsto no código (art.º 187ss). Naquilo que não caiba nos meios específicos vigora o
art.º 723/3.
Os atos de ação executiva que não sejam realizados pelo juiz, são atos administrativos.
→ Juiz de execução
→ Secretaria de execução- tem competência geral em qualquer processo, nomeadamente
nos apensos declarativos.
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o Identificação do tribunal
o Identificação das partes, através dos nomes, domicílios ou
sedes, NIF, profissões locais de trabalho e NIC.
o Indicação do domicílio profissional do mandatário judicial
➢ Configuração objetiva da instância
o Elementos comuns- elementos obrigatórios cuja falta
implica a recusa de recebimento do requerimento pela
secretaria ou pelo agente de execução.
▪ Indicação do fim da execução
▪ Formulação do pedido
▪ Indicação do valor da causa
o Elementos eventuais
▪ Quanto à pretensão executiva
• Exposição sucinta dos factos quando não
constem do título executivo
• Alegação dos factos que fundamentam a
comunicabilidade da divida dos cônjuges
• Liquidação por simples cálculo aritmético
ou incidente de liquidação
• Escolha da prestação
• Alegação da verificação da condição
suspensiva
▪ Quanto à relação processual
• Designação do agente de execução
• Pedido de dispensa de citação previa
• Pedido de citação previa
➢ Preparação da penhora e pagamento- faz-se pela indicação de
bens à penhora descriminados e identificados sempre que possível
e na medida do que for possível.
Art.º 726/6- o requerimento executivo só se considera apresentado na
data de pagamento da quantia inicialmente devida ao agente de
execução ou, quando aplicável, na data do pagamento da retribuição
previsto no art.º 749/8 se depois da primeira data.
A dedução do requerimento de sentença é feita nos próprios autos da
ação declarativa embora tramitada de forma autónoma. A
regulamentação consta do art.º 4/1 Portaria 282/2013.
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➢ Certeza
É certa a obrigação cuja prestação se encontra qualitativamente determinada.
Não é certa aquela em que a determinação da prestação, entre uma pluralidade,
está por fazer art.º 400 CC.
→ Obrigações alternativas
o Se a escolha pertencer ao credor- fará a escolha no requerimento inicial
da execução. Art.º 724/1, b).
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➢ Exigibilidade
É exigível quando a obrigação se encontra vencida ou o seu vencimento
depende, segundo estipulação expressa ou a norma geral art.º 777/1 CC, de
simples interpelação do devedor, não estando dependente de contraprestação
nem o credor em mora
Não é exigível quando, não tendo ocorrido o vencimento, este não está
dependente de mora interpelação. É o caso quando:
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→ Obrigações a prazo
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Na falta de certeza e exigibilidade, vigora o princípio do aproveitamento das ações art.º 6/2
e 590/2. Só no caso de o requerente não aperfeiçoar a petição é que se seguirá o
indeferimento do requerimento executivo art.º 726/5. Se a execução prosseguir sem que a
irregularidade seja sanada, há a possibilidade de se opor à execução art.º 729/e)
➢ Liquidez
É obrigação ilíquida aquela que tem por objeto uma prestação cujo quantitativo
não esteja ainda apurado. Tem lugar na fase liminar quando não deva fazer-se
no processo executivo.
Art.º 704/6- uma sentença ilíquida não constitui título executivo. Deve deduzir
um incidente de liquidação art.º 358/1
→ Depende de simples cálculo aritmético
O exequente deve fixar o seu quantitativo no requerimento inicial da execução,
mediante especificação e calculo dos respetivos valores art.º 716/1.
Acontece quando depende apenas de calculo aritmético baseado em factos
objetivos, não em factos controvertidos. Nunca se aplicaria no caso de danos
não-patrimoniais. Também não se aplica nos casos em que é preciso apresentar
prova.
Os juros começam a contar desde a interpelação art.º 805/1, salvo os casos do
nº2. Contudo, quando o pedido é ilíquido, só contam a partir da sentença de
liquidação art.º 805/3.
Deve ser deduzido um pedido líquido quando os juros continuem a vencer-se
na pendencia do processo executivo, sendo liquidados no requerimento inicial
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Se não for requerida a liquidação de obrigação líquida, deve o juiz proferir despacho de
aperfeiçoamento e se não for aperfeiçoada, só ai pode vir a indeferi-la, podendo haver
oposição à execução art.º 729/e).
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Quem tem na sua posse a letra de cambio pode ficar na posse dessa letra
e cobrá-la na data de vencimento, endossá-la a um terceiro para
liquidar eventuais débitos ou descontá-la imediatamente junto de uma
entidade bancaria.
Art.º 1 LULL- a letra de cambio deve conter os seguintes elementos:
1. Palavra letra inserida no texto do título
2. Mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada,
isto é, conter uma ordem incondicional de pagamento de uma
determinada quantia pecuniária
3. Nome daquele que deve pagar
4. Época de pagamento art.º 33 LULL
5. Indicação do lugar de pagamento
6. Nome da pessoa a quem a ordem deve ser paga
7. Indicação da data e lugar onde a letra é passada
8. Assinatura de quem passa a letra
Faltando algum destes requisitos o escrito não produz efeitos como
letra.
Art.º 11 LULL- a letra de cambio pode ser transmitida por via de
endosso, o que implica a transmissão da propriedade da letra e de todos
os direitos dele emergentes art.º 14 LULL.
Art.º 43 LULL- no caso de ação por falta de aceite ou de pagamento, o
portador de uma letra pode exercer os seus direitos:
▪ No vencimento, se o pagamento não for efetuado
▪ Antes do vencimento, se houver recusa total ou parcial de aceite
▪ Falência do sacado ou de execução dos seus bens
▪ Falência do sacador de uma letra não aceitável
o Livranças- traduz-se numa promessa pura e simples, feita por uma
pessoa, pelo devedor, de pagar uma determinada quantia pecuniária a
uma outra pessoa ou à ordem dela, ou seja, ao credor.
A livrança não enuncia uma ordem de pagamento de uma pessoa a
outra e a favor de uma terceira, mas uma simples e diretamente uma
promessa de pagamento.
Art.º 75 LULL- a livrança deve conter os seguintes elementos:
1. Palavra livrança no texto do título
2. Promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada
3. Época do pagamento
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4. Indicação do lugar
5. Nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga
6. Indicação da data e do lugar de onde a livrança é passada
7. Assinatura de quem paga a livrança
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Art.º 54/2 e 4
A
r
t
.
º
5
4
Art.º 54/3 /
2
e
→ Bens em posse de terceiro 4
Se os bens pertencerem ao devedor, mas estão na posse de terceiro, o
exequente pode optar por intentar a ação executiva apenas contra o devedor
ou contra o devedor e o possuidor dos bens art.º 54/4.
→ Sentença contra terceiros
A execução fundada em sentença condenatória pode ser promovida não só
contra o devedor, mas ainda contra as pessoas em relação às quais a sentença
produza força de caso julgado art.º 55. É o que se sucede com o transmissário
ou com o cessionário do direito litigioso nos casos em que não tenha chegado a
intervir na causa art.º 263/3.
RP- não se aplica este regime ao chamado no âmbito de intervenção provocada
uma vez que, aquando a intervenção provocada, o terceiro perde esta qualidade
e passa a ser parte, estando abrangido pelo art.º 53/1.
O exequente deve alegar no requerimento executivo, que a sentença tem força
de caso julgado em relação ao terceiro, sob pena de ilegitimidade.
→ Ministério publico
Nas execuções por custas e multas judicias impostas em qualquer processo, o
MP tem legitimidade para promover essa execução art.º 57.
A legitimidade pode ainda ser plural:
→ Litisconsórcio inicial
Existem dois ou mais exequentes e/ou executados.
o Voluntario- a ação executiva pode ser proposta por vários credores
contra vários devedores:
▪ Obrigações conjuntas
▪ Obrigações solidarias
▪ Obrigações que beneficiem de garantia real ou pessoal
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➢ Competência
→ Internacional
Vigora o princípio da territorialidade, segundo o qual cada estado possui
o monopólio das medidas coativas efetuadas no seu território.
Estando em causa uma relação jurídica plurilocalizada, a competência
internacional dos tribunais é regulada pelo art.º 59, sem prejuízo de
normas internacionais.
O regulamento 1215/2012 apenas se aplica se:
o Se tratar de matéria civil ou comercial, excetuada a enunciada no art.º
1/2
o Estiver no seu âmbito de aplicação temporal
o E se o reu tiver domicílio num dos estados membros, salvas
competências dos art.º 22 e 23
Em matéria de execuções, este regulamento apenas prevê no art.º 24/5,
que têm competência exclusiva os tribunais do estado membro do lugar
da execução.
A doutrina divide-se quanto ao âmbito de aplicação material do preceito:
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Não há reconvenção, uma vez que o executado apenas pode pedir a sua absolvição na
ação executiva, defendendo-se.
CAUSA DE PEDIR
Apesar de ser uma petição inicial, tem o teor de uma contestação.
A causa de pedir é sempre um facto jurídico legalmente previsto. Os factos admissíveis
dependem do título executivo em que se funda a execução.
→ Titulo diverso de sentença- podem ser invocados como causa de pedir os factos do
art.º 729, na parte em que sejam aplicáveis e quaisquer outros que possam ser
invocados como defesa no processo declarativo art.º 731
→ Títulos públicos judiciais ou judiciais impróprios
o Sentença- apenas os do art.º 729/a) a g)
o Sentença homologatória- apenas dos do art.º 729/a) a h)
o Sentença arbitral- apenas os do art.º 729/a) a g) e art.º 730
o Injunção- fundamentos do art.º 729, e em certas circunstâncias os do
art.º 731, além de certos fundamentos de conhecimento oficioso art.º
857
Existem fundamentos comuns a todos os títulos:
➢ Exceções dilatórias- relativamente à relação processual art.º 729/e), art.º 730, 731 e
857/1
▪ Incompetência absoluta e relativa do tribunal
▪ Nulidade de todo o processo
▪ Falta de personalidade ou capacidade jurídica
▪ Falta de autorização ou deliberação
▪ Ilegitimidade das partes
▪ Coligação indevida
▪ Falta de constituição de advogado
▪ Litispendência ou caso julgado
Se os vícios forem sanáveis, pelo art.º 6/2, o juiz da oposição deve promover
oficiosamente a sua correção.
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Especificamente, a sentença não existe se o tribunal não tinha poder jurisdicional. Será
inexequível a sentença que:
▪ Não contenha uma ordem de prestação ou condenação
▪ Não esteja assinada pelo juiz
▪ Esteja pendente de recurso com efeito suspensivo
▪ Tenha sido revogada em recurso
▪ Sendo estrangeira, não tenha sido revista e confirmada pela relação.
➢ Incerteza, inexigibilidade e iliquidez da obrigação- são fundamento de oposição art.º
129/e), caso não tenham sido supridas na fase introdutória da execução. Configura
materialmente uma exceção perentória impeditiva relativa à exigibilidade do crédito.
➢ Factos impeditivos, modificativos ou extintivos- são exceções perentórias art.º 576/3.
Alguma jurisprudência defende que os factos devem ser atuais no momento em que são
invocados, não podendo estar dependente de um evento futuro e incerto.
o Impeditivos- inexistência originaria da obrigação
▪ Falta ou nulidade formal do título material
▪ Nulidade não formal
▪ Falta de causa aceite da letra ou livrança
o Modificativos
▪ Modificação por alteração das circunstâncias
▪ Factos que consubstanciam a inexigibilidade da obrigação
▪ Substituição do objeto da prestação ou do direito real
▪ Alteração das garantias
o Extintivos- consubstanciam a inexistência da obrigação
▪ Comuns- anulabilidade por incapacidade do devedor
▪ Específicos
• Cumprimento ou qualquer outra causa de extinção da obrigação
• Impossibilidade objetiva do cumprimento
• Prescrição da divida
• Extinção da causa
• Falta de protesto
• Extinção do direito real
• Usucapião
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E se o executado não alegou factos porque dele não tinha conhecimento, sem culpa, ou não
disponha de documento necessário para prova?
Jurisprudência- os factos não alegados foram precludidos pelo caso julgado art.º 588, mesmo que
o executado deles não tinha conhecimento ou não podia fazer prova, não podendo servir de
fundamento para a oposição à execução.
MTS- admite, invocando as situações que permitiriam recurso de revisão de sentença art.º 696/c)
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➢ Objetivamente adequada
Não havendo ainda penhora, a caução deve cobrir o pagamento da divida, mais
juros se estes tiverem sido pedidos.
Havendo penhora ou garantia real, a caução cobrirá apenas o eventual
diferencial estimado entre o valor garantido pela penhora e o estimado.
A caução pode ser prestada por terceiro
→ Oposição superveniente
Art.º 728/2- pode haver oposição à execução deduzida depois deste momento,
quando se baseie em factos que ocorrera ou foram conhecidos depois daquele
prazo inicial.
CONTESTAÇÃO
O exequente pode:
➢ Impugnar as exceções perentórias, as exceções dilatórias negativas e as
nulidades formais do título executivo
➢ Alegar factos contrários aos que consubstanciam exceções dilatórias
positivas, inexistência ou de inexequibilidade do título executivo ou a
incerteza e iliquidez do crédito.
Confrontado com a petição inicial, o exequente não pode, unilateralmente, modificar a
causa de pedir da ação executiva
Art.º 732/3- na falta de contestação consideram-se confessados os factos articulados
pelo oponente art.º 567/1, com exceção dos factos que se oponham diretamente ao
alegado pelo exequente.
SENTENÇA
Deve ser proferida no prazo máximo de 3 meses contados da data da petição art.º
723/1, b). Sendo vários oponentes, o prazo é contado singularmente art.º 728/3 e
569/2.
É impugnável nos termos gerais, e dela pode caber recurso de apelação art.º 853/1.
→ Sentença de forma
A sentença pode terminar na absolvição do exequente da instância incidental
quando o tribunal anule todo o processo de oposição à execução ou quando haja
uma exceção dilatória relativa à instância.
Fará caso julgado formal art.º 620/1
→ Sentença de mérito
Se não decidir pela absolvição, o juiz pode conhecer do pedido:
➢ Favorável- o executado será absolvido da instância executiva ou do
pedido executivo.
o Efeito primário- art.º 732/4. Extingue-se a execução. Esta procedência
deve ser definita, apos o transito em julgado da decisão de embargos.
o Efeitos secundários
▪ art.º 839/1, a). A venda de bens fica sem efeito salvo se a
procedência for parcial.
▪ O exequente terá de pagar as custas tanto da execução, quanto
do próprio incidente
▪ As penhoras pendentes são levantadas
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Subjetivo- conjugando o art.º 817 CC e 53, apenas os bens do devedor estão sujeitos à
execução.
IMPUGNAÇÃO PAULIANA
Art.º 735/2- nos casos especialmente previstos na - Pode ser invocada até à
penhora
lei, podem ser penhorados bens de terceiros. É - A procedência permite
executar os bens no
condição necessária que a execução tenha sido património de terceiro
- Não é uma ação de
movida contra terceiro. O terceiro à divida não pode anulação, apenas a
responsabilização
ser terceiro ao processo. patrimonial do terceiro
para com o credor
o Art.º 54/2- terceiro que tenha dado em garantia - O devedor pode ser
real de uma divida alheia um bem seu responsável perante
terceiro
o Art.º 818 e 616 CC- terceiro contra quem tenha - Os efeitos da impugnação
aproveitam apenas ao
sido obtida sentença de impugnação pauliana credor não ao devedor
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ESQUEMA DE RESOLUÇÃO
Ambos constam do
título?
Não Sim
Não Sim
Comum
Própria Incidente de comunicabilidade se
titulo diverso de sentença
art 741 e 742
Bens próprios e
Art 1695 CC respondem os
subsidiariamente a bens comuns e na sua
Bens próprios meação dos bens isuficiencia os bens proprios
art 1696 CC comuns art 1696 CC solidariamente
Art 1695 CC
art 740 e 786/1,a) respondem os bens
cita-se o conjuge e proprios de cada
procede-se à separação conjuge
de bens comuns
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Responsabilidade subsidiaria
o Objetiva- a subsidiariedade tem lugar no interior do património do executado,
em resultado da existência de separação de patrimónios. Há uma parte dos bens
que não responde de imediato por qualquer divida, mas pelo pagamento de
determinadas dividas.
A condição de penhora destes bens é a falta ou insuficiência dos bens de
primeira linha art.º 745/5.
▪ Art.º 1695 e 1696 CC- bens comuns, sendo a divida própria e bens
próprios, sendo a divida da responsabilidade de ambos os cônjuges.
▪ Art.º 725- bens onerados com garantia real a favor do credor
Benefício da excussão real- o devedor que for dono da coisa hipotecada tem
o direito de se opor não só a que outros bens sejam penhorados enquanto não
se reconhecer a insuficiência da garantia, mas ainda que a execução se estenda
além do necessário à satisfação do direito do credor. Art.º 697 CC.
O devedor não tem direito a que a penhora inicie sobre os bens alheios, daí o
art.º 54/2, em que o credor pode executar tanto o devedor como o terceiro.
Art.º 752/1- este benefício também vale para o penhor de coisas e privilégios
creditórios. AC entende que nestes artigo estão compreendidas todas as
garantias reais, incluindo as causas legitimas de preferência conforme o art.º
604/2 CC.
o Subjetiva-entre dividas de dois sujeitos, um devedor principal e um devedor
solidário, e entre os respetivos patrimónios. A condição de penhora dos bens
do devedor subsidiário é a verificação da falta ou esgotamento dos bens do
património do devedor principal.
É o caso:
▪ Socio de sociedade civil
▪ Socio de sociedade em nome coletivo
▪ Socio comandito
▪ Fiador- é-lhe lícito recusar o cumprimento enquanto o credor não tiver
excutido todos os bens do devedor sem obter a satisfação do seu
crédito. Art.º 638/1 CC.
Se houver garantia real constituída por terceiro, contemporânea ou
anterior à fiança, tem o fiador o direito de exigir a execução previa das
coisas sobre que recais a garantia real. Art.º 639/1 CC.
Se o devedor subsidiário for singularmente demandado, tem a seu favor a
garantia da forma ordinária art.º 550/3, d), desde que não haja renunciado ao
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❖ Intransmissibilidade subjetiva
A transmissão do direito disponível e alienável pode estar:
▪ Subjetivamente limitada- na dependência de autorização de terceiros
ao direito decorrente de acordo entre as partes ou de disposição legal.
EX: estabelecimento comercial
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Catarina de Sottomayor Barbosa Direito Processual Civil III 26131
→ Adequação
O agente de execução deve procurar penhorar os bens que apresentam maior
probabilidade de realizarem uma quantia pecuniária em menor tempo,
cumprindo o princípio de adequação do objeto da penhora à realização do
direito à execução.
Art.º 751/3- o agente de execução deve respeitar as indicações do exequente
sobre os bens que pretende ver prioritariamente penhorados. Não que dizer que
o agente penhorará unicamente esses bens. O nº 2 entende que o agente de
execução não deve cumprir esta indicação se for contra normas imperativas.
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BENS IMÓVEIS
A penhora de bens móveis e imoveis é uma penhora de direitos reais de gozo em
titularidade e posse exclusivas que incidam sobre aqueles bens.
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BENS MÓVEIS
→ Sujeitos a registo
Art.º 768 manda aplicar, com as devidas adaptações o disposto no art.º 755,
relativamente à penhora de bens imoveis.
A penhora efetiva-se por comunicação eletrónica à conservatória do registo
competente.
A imobilização pode ser anterior à penhora, mas não é obrigatório que o seja
art.º 768/2, e é realizada através da imposição de selos ou de imobilizadores.
Apos a imobilização deve proceder-se à apreensão do documento de
identificação do veículo e à remoção do mesmo, salvo se o agente de execução
não achar necessário.
→ Não sujeitos a registo
Art.º 764/1- a penhora faz-se por apreensão efetiva do bem, seguida da sua
remoção para depósitos. Esses podem ser depósitos privados, públicos ou
equiparados.
Apenas nos depósitos públicos ou equiparados virá a possível venda em
deposito publico art.º 836
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Catarina de Sottomayor Barbosa Direito Processual Civil III 26131
DIREITOS
Penhora de qualquer posição jurídica ativa que não seja tratada em sede de penhora
de imoveis ou em sede de penhora de moveis, ou seja:
▪ Posições jurídicas reais não exclusivas sobre a coisa
▪ Posições jurídicas creditícias
o Pecuniário ou de prestação de facto fungível
o Singular ou plural, conjunto ou solidário
o Vencido não vencido
o Presente ou futuro
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Catarina de Sottomayor Barbosa Direito Processual Civil III 26131
▪ Universalidade de direitos
→ Plural, parciário ou solidário
A penhora de créditos tem de lidar com os problemas
o Ativo- aplicação analógica do art.º 743,
da existência da obrigação, das suas garantias e do articulado com o art.º 735, impõe que
só se possa penhorar a respetiva
cumprimento da prestação. Em relação às garantias da posição e nunca a dos demais credores.
Estes devem ser notificados art.º
obrigação, estas estão fora do título executivo. O art.º 781/1
Assenta na declaração que o terceiro devedor nele vier o Penhor- o agente de execução procede
à apreensão do objeto deste, aplicando-
a proferir sobre a existência ou não do direito. Porém, se o regime da penhora de moveis. Art.º
773/7
esta declaração, individualmente julgada, não pode
o Hipoteca- faz-se no registo o
ser considerada título executivo. Art.º 703. averbamento especial da penhora
conforme o art.º 773/7
O agente de execução, no ambito do art.º 749/1, pode
requerer a terceiro devedor informações que
considere uteis à individualização do crédito.
Porém, a penhora propriamente dita efetiva-se através de uma notificação ao devedor
do devedor, de que o crédito fica à ordem do agente de execução art.º 773/1. Esta
notificação deve ser feita com as formalidades da citação pessoal e sujeita ao seu
regime.
A notificação contém também a informação do prazo para declarar se reconhece ou não
o crédito e das consequências da inercia. Art.º 773/4, o reconhecimento tácito da
obrigação é um efeito cominatório pleno da omissão de pronuncia. Tem valor de
preclusão.
Se tal notificação for consumada, o terceiro devedor não poderá opor à execução, um
ato de extinção do crédito posterior art.º 820.
No ato de notificação ou num prazo de 10 dias art.º 773/3, o terceiro pode:
➢ Reconhecer que o crédito existe, mas declarar que a sua exigibilidade depende de
contraprestação art.º 776
Reconhecimento qualificado do crédito, com reservas. Deve ter em conta o art.º 820
CC.
Se o executado confirmar o crédito, mas não cumprir, a lei criou a possibilidade de ser
instaurada ação executiva contra o executado, pelo exequente ou pelo terceiro devedor
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Catarina de Sottomayor Barbosa Direito Processual Civil III 26131
art.º 776/4, na mesma ação executiva, sem necessidade de citação previa, tendo como
título executivo a declaração de reconhecimento do crédito.
Se negar a existência desse crédito, aplica-se o regime do art.º 775.
➢ Reconhecer que o crédito existe nas condições indicadas
Deverá, logo que se vença, proceder ao cumprimento e apresentar o documento do
deposito.
Se não cumprir, pode ser proposta uma ação executiva pelo exequente ou pelo
adquirente do crédito art.º 777/3, consoante o crédito ainda esteja penhorado ou já
tenha sido vendido.
o Exequente- título executivo é o documento demonstrativo da ocorrência da
confissão da divida
o Adquirente- o título executivo é o título de aquisição do crédito emitido pelo
agente de execução nos termos do art.º 827
➢ Contestar a existência do crédito
Pode negar nos mesmos termos em que o faria se fosse réu numa ação declarativa. Pode
impugnar existência ou opor uma exceção perentória.
Art.º 820 CC- apenas podem ser opostos com eficácia processual factos anteriores à
penhora.
Art.º 775/1- deve proceder-se à notificação do exequente e do executado para se
pronunciarem num prazo de 10 dias, devendo o exequente declarar se mantém a
penhora ou desiste dela.
o Manter- o crédito é levado à venda ou à adjudicação como litigioso art.º 775/2
o Desistir- é levantada, e o exequente poderá fazer uma nova indicação de
bens art.º 751/4, b) e e).
➢ Créditos incorporados
→ Títulos de crédito
São objeto os títulos de crédito stricto sensu e os direitos reais no caso dos títulos de
créditos representativos
A penhora assenta em dois momentos:
➢ Apreensão do título art.º 774/1
Transferência efetiva do exercício dos poderes de facto para o agente de execução.
Art.º 783 aplicam-se as normas que regulam a entrega de coisa móvel não sujeita a
registo.
➢ Deposito em instituição de crédito art.º 774/2
Dada a possível natureza obrigacional do título, é necessário notificar o terceiro devedor
que o crédito que o documento título foi penhorado nos temos dos art.º 773 e 774
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→ Valores mobiliários
➢ Não sujeitos a imobilização- a penhora é feita nos termos previstos para os títulos
de crédito
➢ Escriturais, integrados em sistema centralizado- art.º 82 CVM, a penhora será feita
mediante comunicação à entidade registadora, de que o valor fica à ordem do agente
de execução
➢ Sujeitos imobilização ou deposito- o regime dos depósitos bancários é aplicável
➢ Registado- há que aplicar ainda as normas relativas à penhora de moveis sujeitos a
registo art.º 783.
➢ Rendimentos periódicos
Podem ser rendas, abonos, vendimentos, salários ou Os valores auferidos de
forma excecional como
outros créditos periódicos. Cabem aqui rendimentos de prémios de produtividade
não cabem aqui, devendo ser
causa pessoal: penhorados como créditos
▪ Rendimentos de trabalho- vencimentos, salários,
avenças ou prestação de natureza semelhante, incluindo direitos de autor
▪ Prestações sociais- abonos, subsídios e pensões de reforma
▪ Prestações pagas regulamente a título de seguro ou indemnização
▪ Rendimentos de causa real- frutos civis vencidos regularmente pela titularidade de um
direito real ou pessoal de gozo sobre a coisa
o Renda e alugueres
o Prestações semelhantes ex.: contrato de leasing
o Prestações pecuniárias convencionadas pagas por titular de direito real de gozo
menor
Confirmada a legalidade da penhora, deve o agente de execução promover a notificação
do locatário, empregador ou entidade que os deve pagar. Ordena-o a que passe a
descontar o valor de crédito penhorado e o deposite em instituição de crédito.
Os efeitos da penhora produzem-se com a notificação ao terceiro devedor, pois, nos
termos gerais do art.º 773/1, o respetivo crédito fica desde logo à ordem do agente de
execução.
Feito o deposito, as quantias ficam indisponíveis até:
▪ Termo do prazo para a oposição à penhora
▪ Transito em julgado da respetiva decisão
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Catarina de Sottomayor Barbosa Direito Processual Civil III 26131
➢ Saldos bancários
O objeto da penhora é o direito de crédito do executado sobre uma instituição de
crédito decorrente de um saldo positivo num deposito bancário.
A identificação da conta poderá ser feita na indicação dos bens para a penhora art.º
724/1, i), contudo, caso não tenha sido feita adequadamente, poderá ser penhorada a
parte do executado nos saldos de todos os seus depósitos existentes art.º 780/2,
respeitando o limite do princípio da proporcionalidade.
A ordem de penhora será:
Assim, só se deve passar para a conta seguinte, quando a anterior não satisfizer a
execução art.º 751/4, b).
Art.º 780/5- devem ser consideradas no objeto da penhora as entradas ou saídas
ordenadas antes da penhora. Devem ser contabilizadas:
▪ A favor do saldo- os lançamentos dos créditos de valores entregues antes da penhora,
mas ainda não creditados
▪ Em desfavor do saldo- as apresentações a pagamentos de cheques, com data anterior
à penhora, e os pagamentos ou levantamentos, já creditados a terceiros antes da
penhora.
Art.º 780/11- a entidade bancaria fornecerá ao agente de execução extrato onde
constem todas as operações que afetem os depósitos penhorados após a realização da
penhora.
Os limites subjetivos encontram-se nas contas conjuntas.
Art.º 780/5- sendo vários os titulares do deposito, a penhora incide sobre a quota-
parte do executado na conta comum, presumindo-se que as quotas são iguais.
O procedimento de penhora inicia-se com:
1. Obtenção de informação acerca das instituições legalmente autorizadas a receber
depósitos em que o executado detém contas junto do Banco de Portugal. Art.º 749/6.
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Nestes casos a coisa não pode ser apreendida segundo o regime da penhora de imoveis ou
moveis, pois implicaria tirar o gozo da coisa ao terceiro titular do direito real onerador.
Art.º 781/5 manda aplicar o regime da penhora de parte, quota, ou quinhão em bens
indivisos.
→ Penhora do direito onerador
Se o objeto da penhora for o direito real pelo qual a coisa está a ser efetivamente
gozada, segue-se o regime da penhora de imoveis ou moveis.
A coisa corpórea pode ser apreendida já que o gozo de terceiro não se traduz em
posse efetiva.
Porém, estes casos também devem ser notificados a terceiros titulares de direitos
reais maiores
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de comunicabilidade seria valida. Haveria uma troca dos bens próprios pelos bens
comuns art.º 741/5.
A causa de pedir tem de ser uma das tipificadas no art.º 784/1, são ilegalidades
objetivas que dizem sempre respeito aos bens do executado:
a) Inadmissibilidade da penhora dos bens concretamente apreendidos ou da
extensão com que ela foi realizada.
Alega-se uma violação das normas que fixam:
▪ Impenhorabilidades objetivas, absolutas, relativas ou parciais
▪ Princípio da proporcionalidade
b) Imediata penhora de bens que só subsidiariamente respondam pela divida
exequenda
Trata-se de penhora de bens em responsabilidade subsidiaria objetiva e subjetiva.
Relativamente à preterição da responsabilidade subsidiaria subjetiva, só pode ser
alegada quando o opoente não tece oportunidade processual de invocação do
benefício da excussão previa no prazo de oposição à execução, é o caso do art.º
828/3.
Se o fiador não cumpriu o ónus de alegar o benefício da excussão previa no prazo
da oposição à execução como impõe o art.º 745/2, precludiu. Tal também vale se
já invocou tal benefício e foi indeferido pelo juiz
c) Incidência da penhora sobre bens que, não respondendo, nos termos do
direito substantivo, pela divida exequenda, não deviam ter sido atingidos
pela diligencia.
Casos de limitação convencional e legal de responsabilidade, bem como o caso dos
bens intransmissíveis ou mesmo fora do comercio.
Este incidente é da competência exclusiva do juiz de execução art.º 723/1, b), logo,
o agente de execução não tem competência para conhecer da oposição.
Relativamente à legitimidade ativa, só o executado pode opor-se à execução art.º
784/1.
O momento e prazo de dedução do incidente de oposição à penhora estão
dependentes da forma de processo:
➢ Sumario- art.º 856/1. A oposição será apresentada num prazo de 20 dias a
contar da citação da execução e do ato de penhora. Aqui, o executado tem o
ónus de cumular a oposição à penhora com a oposição à execução art.º
856/3.
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→ Simples requerimento
É admitido a título residual uma vez que só pode ser requerido quando a lei o
preveja expressamente.
Está previsto no art.º 738/6 para a redução ou extensão de rendimentos
periódicos penhorados.
Ainda o requerimento de levantamento da penhora de bens que o herdeiro do
executado não haja recebido em herança art.º 744, com indicação dos bens da
herança que tem em seu poder.
É ainda um meio das partes deduzirem uma pretensão ou pedido ao gente de
execução no ambito das suas competências, nomeadamente a substituição de bens
penhorados art.º 751/4.
Também é um meio residual de oposição à penhora de bens pelo próprio
exequente, como a penhora de um bem seu.
A PRESUNÇÃO DEVE FUNCIONAR QUANDO SEJA MANIFESTO QUE OS BENS SÃO DE TERCEIRO?
LF- entende que o agente de execução não deve realizar a penhora quando seja confrontado, no próprio
ato, com a evidencia do direito de terceiro. A ilisão da presunção caberia ao agente de execução, se for clara
a titularidade de terceiro não há lugar a presunção
RP- a posição de LF é contra legem. O art.º 764/3 ignora a situação material do bem a qual apenas pode
ser considerada em sede de ilisão da presunção
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nos termos do art.º 54/4. Não pode haver direitos de terceiro que caduquem
com a venda sem citação do seu titular.
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LF- o promitente
Se o bem penhorado for propriedade de terceiro e não do
comprador pode
embargar de terceiro, ao
executado não será procedente a ação de preferência uma
ser titular de um direito
incompatível na exata
vez que o bem não foi validamente vendido, era de
medida em que é
incompatível o direito do
terceiro, logo a venda era nula, este não pode preferir
promitente vendedor
numa venda nula.
Nos casos de expetativa real de aquisição, como venda com reserva de
propriedade, esta é oponível à execução nos termos e limites do art.º 777. Há
que distinguir:
➢ Quem é o terceiro
➢ Se houve tradição da coisa
pode ser o proprietário ou vendedor- reservatário/ locador e o executado o
comprador- reservatário/ locatário, respetivamente. O proprietário pode embargar
terceiro pois é um direito de natureza real.
RP- se tiver lugar uma verdadeira e rigorosa penhora de expetativas de aquisição, nos
termos do art.º 778, o proprietário, vendedor-reservatário ou locado não verá o seu
direito ofendido
Se se apresentar como comprador reservatário ou locatário:
o MTS- o comprador pode sempre embargar para salvaguardar a subsistência da
sua posição apos a venda.
o RP- é necessário que a penhora haja produzido uma ofensa à expetativa para
obter ganho nos embargos de terceiro. A expetativa não caducará com a venda
pois está fora do ambito da penhora
DIREITOS DE CRÉDITO E SOBRE UNIVERSALIDADES
A penhora pode ofender o direito de crédito nomeadamente quando:
❖ O terceiro cocredor não for notificado da penhora de créditos
❖ A coisa depositada objeto de prestação não seja a devida, mas de terceiro
❖ Seja estabelecimento comercial, saldo bancário ou quota em sociedade
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O terceiro é quem não é parte na causa. Não pode ser nem o executado, nem
exequente, nem cônjuge citado nos termos do art.º 786/1, nem credor reclamante.
Também não o é o herdeiro habilitado como sucessor do primitivo executado.
O devedor não executado já é considerado terceiro.
Se executarem bens do exequente ou de credor reclamante estes não podem nem
deduzir oposição nem embargos. Tem-se defendido que o meio é o simples
requerimento.
Art.º 347- pode pedir cumulativamente a restituição provisoria da posse. Terá de
ter uma posse incompatível, não bastando a incompatibilidade do direito. Terá
também de a demonstrar pois o direito não presume a posse, apenas o contrário.
Art.º 91/1- há uma extensão da competência, logo o tribunal competente será
aquele onde decorre a ação.
Art.º 344/2- o terceiro de colocar a ação num prazo de 30 dias a contar da data em
que a diligencia foi efetuada ou em que embargante teve conhecimento da ofensa.
Presume-se que o terceiro tem conhecimento no ato da penhora, quando este se
traduza na apreensão da coisa e que este tenha participado ou presenciado.
Fora destes casos, o conhecimento será por meio da notificação do ato de penhora.
Não podem ser propostos depois da venda judicial dos bens.
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→ Quanto ao objeto
A remissão para o regime geral parece determinar ser nulo tudo o que se processe
depois da penhora dos bens em questão salvando-se apenas esta art.º 187/a):
▪ Atos executivos incluindo vendas, adjudicações, remições ou pagamentos já a
efetuar
▪ O apenso de verificação e graduação de créditos
A anulação apenas se refere aos atos em que o credor exequente há de ter sido
beneficiário exclusivo, isto é, quando lhe couber em pagamento todo o preço da coisa
vendida.
Assim, não se anulam vendas, adjudicações, remissões ou pagamentos já efetuados dos
quais o exequente não é o exclusivo beneficiários. Assim, não se anularão os atos se:
▪ Art.º 795/1- os credores reclamantes beneficiarem de algum dos modos de
pagamento
▪ Art.º 842- terceiros exercerem o direito de remição sobre os bens
▪ Art.º 819/1- terceiros exercerem o direito de preferência.
Enquanto não forem citados para a causa tanto o cônjuge como os credores, mantêm-
se como terceiro, podendo embargar de terceiro ao abrigo do art.º 343.
INTERVENÇÃO DO CONJUGE
A citação do cônjuge deve ter lugar:
➢ Nos casos do art.º 786/1, a), quando a penhora recaia sobre:
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o Bens imoveis ou
estabelecimento comercial que
o executado não possa alienar
livremente, para os efeitos do
art.º 787/1
o Bens comuns do casal,
cumprindo o art.º 740, e para
promoção da separação de bens
❖ Pela penhora de bens comuns- não beneficia do estatuto. Não pode opor-se à
penhora nem à execução, pode é agir nos termos regulados pelo art.º 740 a 742, tal
como perfaz o art.º 787/2. Não é considerado parte principal.
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Nestes casos é nula a citação dos credores e proibida a sua intervenção espontânea.
O credor reclamante tem vários direitos e poderes processuais tipificados:
→ Poderes ativos de:
o Requerer a suspensão da segunda penhora
o Requerer a adjudicação do bem art.º 799
o Requerer a prossecução/renovação da execução suspensa/extinta por plano de
pagamento em prestações art.º 809/2
o Requerer a extensão do objeto da penhora ao objeto da sua garantia ou penhora
eventualmente acompanhada de extensão subjetiva
Por outro lado, está obrigado a depositar o excedente sobre o montante do crédito que
tenha reclamado sobre os bens adquiridos art.º 815/2.
O credor reclamante pode, ainda e a título excecional, substituir processualmente o
credor exequente ou, ele mesmo, passar à condição de credor exequente, se verificados
os pressupostos.
A promoção pode ser:
❖ Póstuma- num prazo de 10 dias contados da notificação da extinção requer o credor,
que tenha satisfeito aquelas condições, a reabertura da causa para efetiva verificação,
graduação e pagamento do crédito. Art.º 850/2
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O credor reclamante pode ainda apresentar a penhora como elemento real da sua causa
de pedir, como decorre do art.º 794. Tem-se discutido se, dada a semelhança, se o
beneficiário de arresto pode intervir como reclamante:
→ Jurisprudência dominante- o arresto ainda não convertido em penhora não confere
qualquer preferência no pagamento, pois não é uma garantia real que possa ser
invocada para reclamar créditos
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Art.º 792 apresenta um processo sumario com efeito cominatório pleno para o credor
obter o título exequível na própria ação executiva.
O executado é notificado para no prazo de 10 dias, se pronunciar sobre a existência do
crédito invocado art.º 792/2. O requerimento não obsta à venda ou adjudicação dos
bens, nem à verificação do crédito reclamado, mas faz com que o credor tenhas os
mesmos direitos que teria se o crédito fosse admitido.
Importa distinguir:
➢ Executado reconhece o crédito- seja expressamente seja por falta de contestação,
considera-se formado o título executivo e reclamado o crédito art.º 792/3
➢ LF- não oferece ao devedor garantias idênticas às da ação executiva comum. O caso
julgado cobriria apenas o reconhecimento das garantias reais, os créditos reclamados
seriam reconhecidos apenas para fundar a existência daquele direito real. Há caso
julgado quanto à graduação, mas não quanto à verificação dos créditos.
GRADUAÇÃO
A graduação de créditos reconhecidos é determinada por dois fatores:
❖ Relação e prevalência com a penhora- art.º 822 o exequente adquire pela penhora o
direito de ser pago com preferência a qualquer outro credor que não tenha garantia real
anterior
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