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Souza 50
Momento de Reflexão
Resumo: A Biblioteca escolar na observação dos últimos 50 anos, envolvendo o início dos multimeios e os
novos usuários deste milênio.
Avalanche da Informação era a grande novidade da década de 70, com novos veículos
de comunicação e suas técnicas eletrônicas avançadas que extrapolavam os textos,
livros, revistas, discos e fitas. Processo contínuo em que nos encontramos até hoje, e
que nos fascina.
O que era a biblioteca escolar nas décadas de 70? Quais as nossas dúvidas?
Descrevi naquela época a realidade que se apresentava a nós:
“Diversas circunstâncias fazem com que, na maioria dos casos, as crianças não possam
dispor de livros próprios. O acesso aos materiais bibliográficos só acontece em
bibliotecas escolares ou públicas.
A biblioteca escolar tem por objetivo incentivar e disseminar o hábito da leitura junto a
crianças e adolescentes, adotando preceitos que levam conhecimento e informação
atualizados por meio do entrosamento com educadores que os estimulem a leitura e a
pesquisa.
A biblioteca escolar é a base sobre a qual se edificam todas as outras bibliotecas gerais
e especializadas, por toda a vida intelectual, cultural e profissional do estudante
permanente que existe em cada um de nós, vida a fora.
Neste pequeno trecho, percebemos o esforço e a imaginação que era usada para nos
atualizarmos de maneira rápida e adequada ao momento em que vivíamos.
Hoje, com os modernos meios de informação virtual, temos um controle contra o tempo
para nos mantermos em dia com quantidade e qualidade do que o mundo nos oferece,
numa flexibilidade de aquisição de conhecimento que nos encanta.”
Temos soluções e orientação para a administração das bibliotecas, que são o apoio ideal
para desenvolvermos a melhor qualidade em nossa atividade.
Os adultos percebem que “as crianças já não são como antes”, elas sabem, aprendem
rápido, agem e reagem numa velocidade espantosa para a rotina do cotidiano, que
acelera a vida de cada um de nós. O nível de compreensão das crianças é diferente,
difícil de ser compreendidos por eles mesmos e por nós adultos.
As crianças liam autores infantis, hoje lêem textos na internet, e com certeza lêem mais.
A qualidade e a quantidade são imprevisíveis em seus novos interesses, criam alfabetos
próprios, e desde muito pequenos são fascinados pelos jogos eletrônicos. Alguns
parecem querer ensinar ao invés de aprender: têm pressa.
Os elementos mais variados são constantemente atualizados e sem perceber lêem mais,
aprendem mais, buscam mais informação para uma melhor formação numa competitiva
busca de orientação profissional após a adolescência. Correm em busca de novos
valores, diferentes daqueles que nos eram transmitidos por nossos antepassados.
Buscam entender o presente e decifrar o futuro.
Novos sistemas têm sido introduzidos na educação num sentido amplo e diversificado,
disseminados por meio de análise e orientação e embasados em filosofias de ensino que
há algum tempo mostram bons resultados.
É o caso da Antroposofia criada por Rudolf Steiner, que percebeu com antecedência as
mudanças que estavam acontecendo em vários níveis sociais, em todo o mundo, e
passou a orientar as crianças com um sistema específico que as preparava para uma
nova fase.
Outro precursor deste entendimento antecipado a meu ver foi Hans Christian Andersen,
que previu a liberdade de expressão da criança em seu conto “A roupa nova do rei”:
ao iniciar o desfile real, de forma inovadora e moderna, o garoto diz “o rei está nu”, fato
observado por todos, mas corajosa e livremente exposto por um menino na multidão.
A capacidade natural das crianças aprenderem o que é de seu interesse, olhando para
frente, se transformando através de sua própria sensibilidade, liberdade e coragem,
inseridos na busca da informação, é inovadora. Os cinco sentidos já vêm prontos.
Temos que estudar as crianças em seu ambiente familiar, nossos filhos, nossos alunos e
usuários da informação para nos prepararmos para a mudança de comportamento e as
novas formas de comunicação em conjunto e para estarmos prontos para as
necessidades atuais. O que esperamos de nossas crianças no futuro?
Até alguns que fogem da realidade própria da idade deles, buscando informações sobre
sexo, esportes radicais, dietas, alimentação natural, beleza artificial, aquecimento global
e constantes novos interesses, o que indica que mudou o mundo e que mudamos nós.
A vida é uma espiral e sempre voltamos ao lugar de antes, mas com novas experiências,
conhecimento e sabedoria, acreditando que é um contínuo reinventar a vida. A
transformação do processo de consciência humana indica possíveis reflexos até no
futuro do planeta.
Antes de irmos adiante no futuro, uma retrospectiva se faz necessária para nos permitir
estudar a antiga sabedoria para atualizá-la no presente.
Boa parte dos adultos desconhece os interesses e necessidades das crianças e jovens
de hoje, a necessidade de harmonia de todas as suas capacidades, interligadas as
esferas físicas, emocionais e psíquicas.
Nos mais diferentes meios sociais encontramos os mais ou menos inteligentes, criativos,
emotivos, intuitivos, rebeldes e revoltados, em busca do significado da própria vida e do
mundo em que vivemos, nesta rápida mudança social, política e física tão rápida e
incompreensível.
As mudanças de energia parecem estimular nos seres humanos uma nova forma de
comportamento, comunicação, aprendizado, ensino e de adaptação.
Outros fatores importantes como saúde, higiene, equilíbrio emocional e familiar têm
influência marcante.
Estamos aprendendo juntos os caminhos que se abrem a nossa frente, numa crise
evolutiva em busca do equilíbrio pessoal, familiar e social.
Se nos parece alarmante a adaptação aos novos meios de comunicação, o que dizer do
aprendizado desta nova infância com tão grande necessidade de expressar algo?
Somos nós, adultos, que precisamos estar em dia, despertar para o mundo que tem uma
nova energia vibracional.
Sabemos que o conhecimento não se adquire na pós-graduação, mas a cada dia desde
a infância, adolescência e maturidade. Ele deve ser permanente.
Se fomos especialistas, hoje temos que ser visionários associando raciocínio e
imaginação, para nos abrirmos a uma nova mentalidade que acompanhe a
remodelação da sociedade e as necessidades que se apresentam.
Podemos sentir que uma torre de Babel, exemplo de falta de entendimento no passado,
é hoje simbolicamente a base da comunicação. Por exemplo, Internet não tem dono,
sede ou língua em comum. Cada um fala sua língua e tem seu endereço de acordo com
seu interesse. Uma realidade virtual que modifica a comunicação, numa continua
transformação atualizada e inovadora. Um meio virtual e universal ao alcance de grande
parte da população.
Chegamos ao cerne da questão: como lidar com a biblioteca escolar com os elementos
que temos hoje? Crianças ávidas por aprender e informação qualitativa e
quantativamente crescente num mundo em que o tempo parece correr a nossa frente?
Precisamos nos voltar aos grupos sociais comunitários de acordo com seu processo
evolutivo, para sabermos quais são suas necessidades básicas. Se analisarmos
atentamente as múltiplas e variadas formas de interesse, encontraremos o tipo de
atividade que corresponderá às suas necessidades concretas e objetivas, em constante
mutação. Os trabalhos independentes ou em grupos, podem e devem ser desenvolvidos
em cooperação amistosa uns com os outros, com maleabilidade.
Quem somos nós? Sabemos de onde viemos e como, mas o que somos hoje? Seres em
vertiginosa transformação, num mundo que deve ser entendido, a cada dia, mês e ano –
porque não dizer, a cada minuto – numa transmissão simultânea de comunicação via
satélite.
É a realidade “multimídia” que me fascinava e fascina cada vez mais, agora com o
conhecimento desta nova geração a nossa volta.
Devemos acompanhar as novas mídias que se colocam a nossa frente, com todo um
mundo de informação, lembrando de participar das atividades do dia a dia, da
convivência com as crianças, adolescentes, e adultos, além de atualização sobre
globalização, consciência ecológica, realidade sócio-econômica e convivência com o
mundo psicológico e social que nos rodeia.