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Aula Inaugural - apresentação de plano de ensino e lei de crime organizado (06/05/16)

Apresentação do plano de ensino e lei de crie organizado


   Aula 01 crime organizado   
lei de crime organizado (13/05/2016 - 13/05/2016)
lei de interceptação telefônica (20/05/2016 - 20/05/2016)
1a avaliação - Entrega de Trabalho (equipes - temas: Código de trânsito, lei de
biossegurança, abuso de autoridade, ECA, lei antidrogas, lei de tortura) (27/05/2016)
Codigo de defesa do consumidor (03/06/2016 - 03/06/2016)
   tutela penal do consumidor   
Codigo de defesa do consumidor (10/06/2016 - 10/06/2016)
Lei de crimes ambientais (17/06/2016 - 17/06/2016)
2a avaliação (24/06/2016 - 24/06/2016)
Lei de crimes ambientais (01/07/2016 - 01/07/2016)
Estatuto do desarmamento (08/07/2016 - 08/07/2016)
Estatuto do desarmamento (15/07/2016 - 15/07/2016)
Estatuto do idoso (22/07/2016 - 22/07/2016)
Estatuto do idoso (29/07/2016 - 29/07/2016)
Lei Maria da Penha (05/08/2016 - 05/08/2016)
3a avaliação (12/08/2016 - 12/08/2016)
Lei Maria da Penha (19/08/2016 - 19/08/2016)
4a avaliação (26/08/2016 - 26/08/2016)
Entrega de notas e provas (02/09/2016 - 02/09/2016)

Lei de crime organizado


Profa Clivia Santana da Silva
• Antecedentes
• Crítica à Lei 9.034/95:
• A lei 9.034/95 não mencionava na infiltração o que é, quem é, quais limites de
atuação, quais os direitos do agente, ao fim da investigação se o agente continua
trabalhando, se haveria proteção ao agente e sua família.
• A lei 9.034/95 não definia o conceito de organização criminosa e o Brasil tentou usar a Convenção de
Palermo.
• STF não aceitou a aplicação da convenção de Palermo.
• O crime de organização criminosa não tinha pena e não era crime. Era forma de praticar crime e
apresentava apenas consequências jurídicas (EX: membro de organização criminosa caso cumprindo
pena poderia ser inserido no RDD)
• Antecedentes
• LEI Nº 12.694, DE 24 DE JULHO DE 2012.
• Definiu questões processuais
• Dispõe sobre o processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de jurisdição de crimes
praticados por organizações criminosas;
• Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, o Decreto-Lei n o3.689, de 3
de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, e as Leis n os 9.503, de 23 de setembro de 1997 -
Código de Trânsito Brasileiro, e 10.826, de 22 de dezembro de 2003; e dá outras providências.
• Evolução de organização criminosa
• Organização criminosa: aplicação de duas leis
• Na Lei 12.694/2012
• Aplica-se:
• Julgamento por órgão colegiado
• Placa fria para agentes (juiz e promotor)
• Amplia porte de arma para agentes de combate
• Alienação antecipada de objetos apreendidos
• Permite perdimento de bens de propriedade do membro da organização
• Na lei 12.850/2013
• LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013.
• Objeto da lei
• Disciplina a organização criminosa no Brasil
• Nova Definição organização criminosa
• Dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o
procedimento criminal
• Definiu instrumentos extraordinários de investigação de organização criminosa para quadrilha ou
bando e associação criminosa. Ex: art. 288 do CP e associação para o tráfico
• LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013.
• Objeto da lei
• Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal)
• Revoga expressamente a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995 e dá outras providências
• Revoga tacitamente somente o conceito de organização criminosa da lei n. 12.694/2012
• LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013.
• Procedimentos investigatórios Art. 3º da lei
• Instrumentos extraordinários: qualquer fase da persecução penal
• Ação controlada
• Infiltração policial
• Colaboração premiada
• Captação ambiental
• Cooperação interinstitucional (nacionais, estaduais, municipais)
• Afastamento de sigilo financeiro e bancário
• Acesso a registro
• Interceptação telefônica
• Crime de organização criminosa
• Art. 2o  Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização
criminosa:
• Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às
demais infrações penais praticadas.
• Obs: Concurso material e crimes
• Crime de organização criminosa
• Classificação:
• Comum
• Vago
• Norma penal em branco homogênea
• Plurinuclear (ação múltipla ou tipo misto alternativo)
• Formal e de perigo abstrato (não exige a lei que se evidencie o perigo, de forma a presumi-lo)
• Plurissubjetivo
• Permanente (nos verbos promover, constituir ou integrar. No caso do verbo financiar, depende. Se houver
continuidade no financiamento, poder-se-á falar em permanência. Mas se houver um único aporte de
capital, o crime será instantâneo sobre uma organização com estabilidade e permanência)
• Crime de organização criminosa
• Objetividade jurídica.  A paz pública.
• Sujeitos do delito. 
• Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• Segundo o art. 1º, § 1º da Lei, considera-se a associação de quatro ou mais pessoas.
• Sujeito passivo: é a coletividade.
• Crime de organização criminosa
• Tipo objetivo.   
• Promover significa impulsionar.
• Constituir significa estruturar, formar, criar a essência.
• É possível não participar da fundação da organização, mas promove-la posteriormente.
• Integrar consiste simplesmente em fazer parte da organização.
• Pode ser através de atuação direta ou pessoal ou através de interposta pessoal (o chamado "testa de
ferro").
•     
• Crime de organização criminosa
• O objeto é a organização criminosa: 
• Associação estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com
o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza (não necessariamente
econômica, podendo ser outra), mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional.
•     
• Crime de organização criminosa
• O conceito de estabilidade e permanência extraídos do art. 288 do CPP são levados em conta, sendo exigidos
na tipificação do delito.
• A vantagem desejada pode ser a econômica ou não e o crime não pode ser de pequeno ou médio potencial
ofensivo, devendo ter a pena em abstrato superior a quatro anos (tráfico de drogas, furto qualificado, roubo,
homicídio doloso etc).
• Pode ainda de forma alternativa ser de caráter transnacional, que envolva além do Brasil, um ou mais países.
• Ex: a organização criminosa que explore o narcotráfico Brasil-Bolívia-Colômbia.
• Obs: Tenha-se em conta que deverá prevalecer quanto ao delito de tráfico de drogas, o crime de associação
do art. 35 da Lei de Drogas, exceto se houver esse caráter de transnacionalidade, quando prevalecerá o
crime de organização criminosa.
• Crime de organização criminosa
• Tipo subjetivo. 
• O dolo, consistente na vontade do agente criminoso em promover, constituir, financiar ou integrar
organização criminosa.
• Inclui ainda o elemento subjetivo do tipo consistente em objetivar vantagem de qualquer natureza mediante
a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos ou de caráter
transnacional.  
• Crime de organização criminosa
• Consumação.  Tratando-se de crime formal, consuma-se com a simples prática dos verbos (“convergência de
vontades”), não sendo necessário que se efetivem os crimes.
• A efetiva associação deve ser demonstrada por elementos sensíveis, demonstrando a convergência de
vontades, tendo esta associação estruturação ordenada e divisão de tarefas.
• Pode haver também consumação naquele que ingressa em organização já formada.
• Crime de organização criminosa
• No delito de “constituir”, o agente só responde portanto depois de algum tempo juridicamente relevante.
• Se participou da constituição, mas a organização não se prolongou minimamente, o fato é atípico eis que a
tentativa não é punida.
• Responde nesse caso, se participou da constituição, a organização se manteve, mas depois o agente deixa tal
organização.
• Isso porque o abandono posterior da organização não configura desistência voluntária, porquanto o crime já
estava consumado.
• Crime de organização criminosa
• Existe assim, uma necessidade de dupla tipicidade:
• Basta a prática de um dos verbos, mas exige-se uma mínima consolidação da organização criminosa.
• Conduta equiparada. Incorre nas mesmas penas, aquele que impede ou embaraça a investigação criminal,
podendo ser sujeito ativo o policial que obsta essas investigações.
• Crime de organização criminosa
• Causa de aumento:
• Arma de fogo (art. 2º, § 1º).  As penas aumentam até 1/2 se na atuação da organização criminosa houver
emprego de arma de fogo. Nesse caso, basta que seja apreendida uma arma de fogo, não sendo válido o
simulacro de arma e nem arma branca.
• Obs: quantas armas são necessárias? Ex: PCC
• 1ª corrente: basta uma arma
• 2ª corrente: maioria deve estar armada
• 3ª Corrente de Heleno Fragoso: juiz analisa o caso concreto: Membros, quantidade de armas e tipo de arma
• Crime de organização criminosa
• Aumento de 1/6 a 2/3 (art. 2º, § 4º). 
• I - participação de criança ou adolescente
• Obs1: equiparando-se a verdadeira corrupção de menores, como ocorre no tráfico de drogas. Todavia, sobre
este prevalece o art. 35 da Lei de Drogas.
• Obs2: Participação ocorre em qual infração? No crime de organização criminosa ou no crime que esta
praticou.
• II - concurso de funcionário: nesse caso, deve a organização criminosa se valer dessa condição para a prática
da infração.
• Obs1: Ex: furto a caixas eletrônicos, sendo as informações repassadas pelo caixa que ainda dá cobertura à
conduta criminosa. Nesse caso, a Corregedoria deverá instaurar PAD e comunicar ao MP para
acompanhamento (art. 2º, § 7º).
• Obs2: Participação ocorre em qual infração? No crime de organização criminosa ou no crime que esta
praticou.
• Crime de organização criminosa
• III - produto ou proveito da infração destinar-se no todo ou em parte ao exterior.
• IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes.
• V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização.
• Obs: nota-se o “bi in idem”, já que o crime de organização criminosa na segunda forma, já prevê a
transnacionalidade como “elementar”.
• Crime de organização criminosa
•  Circunstância agravante. 
• Exercício do comando, individual ou coletivo (art. 2º, § 2º). 
• Nesse trata-se de uma circunstância agravante pois o legislador não estipulou fração.
• Deve haver punição para o autor que possui o "domínio do fato", que comanda um por um, os integrante
(comando individual) ou de forma genérica (comando coletivo). Sem a necessidade de praticar atos de
execução nos crimes objetivados pela organização, sendo um partícipe destacado como verdadeiro autor.
• DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA NO COMBATE À ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
• Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção da Prova
• Art. 18.  Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito:
• Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
• Art. 19.  Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa
que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe
inverídicas:
• Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
• DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA NO COMBATE À ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
• Art. 20.  Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a infiltração
de agentes:
• Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
• Art. 21.  Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas pelo juiz,
Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo:
• Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
• Parágrafo único.  Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso
dos dados cadastrais de que trata esta Lei.
• Sigilo
• Art. 23.  O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da
celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do
representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa,
devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento.
• Parágrafo único.  Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos
autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato,
podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.
• Alterações legislativas
• Associação Criminosa
• Art. 288.  Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:
• Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
• Parágrafo único.  A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de
criança ou adolescente.” (NR)
• Art. 25.  O art. 342 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), (falso testemunho ou
perícia) passa a vigorar com a seguinte redação:
• “Art. 342.  ...................................................................................
• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
• Aplicação em concurso público
• Prova: Promotor de Justiça Substituto Ano: 2015, Banca: MPE-MS, Órgão: MPE-MS
• Analise as proposições abaixo acerca da colaboração premiada prevista na lei referente às organizações
criminosas (Lei nº 12.850/2013):
• I - O juiz poderá conceder perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto
originariamente na proposta inicial, desde que requerido pelo Ministério Público, a qualquer tempo,
considerando a relevância da colaboração prestada.
• II - Em relação ao colaborador, o Ministério Público poderá deixar de oferecer a denúncia, diante da
relevância da colaboração premiada, desde que, em sendo o colaborador líder da organização criminosa,
seja a primeira pessoa a prestar a colaboração.
• III - O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que recebida a denúncia.
• IV - O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de
colaboração.
• Assinale a alternativa correta:
• a) Todas as proposições são corretas.
•  b) Somente as proposições I, III e IV são corretas.
•  c) Somente as proposições II e III são corretas.
•  d) Somente as proposições IV e III são corretas.
•  e) Somente as proposições I e II são corretas.
• Resposta: B

Tutela penal do consumidor


Profa. Clivia Santana da Silva
 Sociedade de consumo
 Marcos históricos do Século XX: Sociedade de massa
 Direito liberal (individual): autonomia da vontade
 Esforço de produção em massa de produtos militares e de bens de consumo em geral no período
pós guerra (1914 e 1939)
 Estado do Bem-Estar Social
 Novas tecnologias: automação e relativização da importância do trabalho humano
 Sistema de produção em série (Henry Ford)
 Evolução dos meios de comunicação
 direito do consumo
 Expansão do mercado de consumidores
 Interesses públicos (educação, saúde e outros) se tornam privilégios da elite
 Economia transnacional e flexibilização dos direitos sociais (redução a exemplo da China).
 Consumo passa a ser mais valorizado que o trabalho na base econômica e exige proteção legal
específica (CDC).
 Movimento consumerista (Kennedy: 1962)
 CF/88: art. 48 ADCT c/ prazo de 120 dias p/ criar o CDC
 Microssistema inter e multidisciplinar: tutela penal do consumidor (poder de compra e direito de
classe)
 Finalidade:
 Diminuir a insegurança social na relação de consumo
 Manutenção da credibilidade do sistema político-econômico vigente
 Bem jurídico protegido
 Conceito:
 É o valor socialmente relevante dos vínculos econômicos e jurídicos de confiança e credibilidade que
se estabelecem entre fornecedores, fabricantes e consumidores de bens e serviços
 Bem imediato é o próprio consumo enquanto fato econômico e bem mediato são as relações de
consumo
 Interesses individuais do consumidor (vida, patrimonio, incolumidade física) são tutelados pelo CP
 Natureza do bem jurídico
 O bem jurídico nos crimes contra o consumo é normativo pois previsto no a rt. 5º, XXXII e 170, VI da
CF/88
 Discussão no concurso de crimes e conflito aparente:
 Ex: entrega negligente a consumo de produto alimentício envenenado que causa a morte de
certa pessoa. Aplica-se o art. 121, §3◦ do CP ou art. 7º , IX do lei n. 8.137/90 ?
 Sujeitos
 A) Ativo
 Só podem ser sujeitos ativos e passivos das relações de consumo fornecedores (fabricantes e
comerciantes) e consumidores , determinados ou não, respectivamente.
 Essa elementar deve ser incluída no dolo, sendo sempre essencial o erro a seu respeito.
 Definição de fornecedor está no art. 3º do CDC (do produtor ao comerciante que coloca bem ou
serviço no mercado)
 Não prevê responsabilização criminal de pessoa jurídica
 Quando delito for cometido por intermédio de pessoa jurídica, resolve-se pela teoria da imputação
objetiva.
 A autoria mediata é possível, desde que este seja o fornecedor.
 O fornecedor pode ser estrangeiro e sua punição depende das regras de aplicação da lei penal no
espaço (crime a distância. EX: venda pela internet).
 B) Passivo
 Sujeito passivo é a coletividade como sujeito imediato e o particular lesado secundariamente como
sujeito mediato (crime próprio).
 No pólo passivo pode ter pessoa física ou jurídica (destinatário final), mas não permite aplicar o
parágrafo único do art. 2º do CDC.
 Não se faz necessária a presença de um consumidor específico como sujeito passivo (crime vago).
 Há casos em que o tipo exige um consumidor específico, ainda assim, o delito se classificará como
crime de dupla subjetividade passiva (consumidor é a vítima imediata e a coletividade o sujeito
passivo mediato)
 Divergência jurisprudencial:
 STJ: posição ampliativa, os crimes do art. 7º da lei n. 8.137/90 são comuns.
 STF: posição restritiva, que entende ser o rol de crimes do art. 7º da lei n. 8.137/90 complemento do
CDC.
 Concurso de pessoas
 Discussão sobre responsabilidade objetiva no art. 75 do CDC
 Divergência doutrinária:
 A expressão “permitir o fornecimento” seria não se opor de modo eficaz ao ato (Costa Jr).
 De acordo com o art. 1º da lei n. 8.137/90 o concurso de pessoas no crime contra o consumo deve
ficar sempre condicionado a medida da culpabilidade do agente (Guimarães).
 A autoria no crime contra o consumo comissivo, doloso ou culposo, requer domínio final do fato
típico e infração ao dever especial dos fornecedores em face da comunidade de consumidores.
 Em consequência, não há co-autoria nesses crimes comissivos dolosos ou culposos, bem como nos
omissivos próprios, devido a impossibilidade de compartilhar um dever personalíssimo e
infracionável.
 Exceção: dirigente de empresas por obrigação estatutária (tese de autoria colateral por omissão)
 Admite-se participação a título de acessoriedade tanto entre fornecedores como entre estes e
pessoa física não fornecedora (art. 30 do CP).
 Tentativa
 Nos crimes contra o consumo predomina o desvalor da ação, pois em sua maioria são formais,
unissubsistentes ou de mera conduta, e alguns, são omissivos puros, portanto, não admitem
tentativa.
 Exceções podem existir quando os crimes forem plurissubsistentes.
 Ex: fornecedor que emite uma carta de cobrança de débito ameaçando consumidor
inadimplente. (art. 71 do CDC)
 Elemento subjetivo
 Erro de tipo
 É possível que o fornecedor erroneamente pratique delito contra o consumo acreditando
que o sujeito passivo não é consumidor. O agente pode responder por crime culposo, se
previsto.
 Delito putativo
 Pode ocorrer na hipótese inversa, em que o fornecedor acredita erroneamente que a vítima
é consumidora. Caso impunível.
 Imputação objetiva
 Nas atividades de risco inerente a própria atividade do fornecedor, deve-se observar o princípio do
incremento do risco como critério para imputação objetiva.
 O princípio da confiança também pode excluir a imputação objetiva nos crimes contra o consumo, pois nas
atividades dotadas de divisão de tarefas é facultado a quem se comporta de acordo com o direito, acreditar
que outros o façam.
 Concurso de crimes
 Nos delitos contra o consumo classificados como especiais impuros (qualquer sujeito ativo) o confronto de
crimes do CP e do CDC, se resolvem pelo principio da especialidade.
 Ex: art. 147 do CP e art. 71 do CDC
 Nos delitos contra o consumo classificados como tipo misto alternativo, o confronto entre os crimes do CP e
do CDC se resolvem pelo princípio da alternatividade.
 Ex: art. 66 do CDC
 Agravantes
 A) No CDC
 Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste código:
 I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade;
 II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
 III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
 IV - quando cometidos:
 a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente superior à da
vítima;
 b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas
portadoras de deficiência mental interditadas ou não;
 V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos
ou serviços essenciais .
 B) Na lei 8.137/90
 Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts.
1°, 2° e 4° a 7°:
 I - ocasionar grave dano à coletividade;
 II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;
 III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à
saúde.
 Aplicação da lei 9.099/95
 Aplica-se a transação e suspensão condicional do processo aos crimes do CDC, mas não se aplica transação
aos delitos da lei 8.137/90.
 Penas restritivas de direitos especiais
 Aplica-se somente aos delitos previstos no CDC (excluídos os previstos na lei 8.137/90)
 Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou
alternadamente, observado o disposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal:
 I - a interdição temporária de direitos;
 II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às expensas do condenado,
de notícia sobre os fatos e a condenação;
 III - a prestação de serviços à comunidade.
 Ação Penal
 A) o CDC
 Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e
contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério
Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal
subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.
 B) Na lei 8.137/90
 Ação penal pública
 Delaçao premiada
 Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do
Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
 Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei,
fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os
elementos de convicção.
 Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou
partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa
terá a sua pena reduzida de um a dois terços.     (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995)
 DOS CRIMES EM ESPÉCIE
 Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste Código, sem prejuízo do disposto
no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes.
 Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas
embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade:

Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa.

§ 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a
periculosidade do serviço a ser prestado.

§ 2º - Se o crime é culposo:

Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.

 Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou periculosidade
de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado:
 Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa.
 Parágrafo único – Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente quando
determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo.
 art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade
competente:
 Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa.
 Parágrafo único – As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à
morte.
 Trata-se de norma penal em branco, a exigir complementação por lei ou regulamento. Em razão da
imprecisão do termo "alto grau de periculosidade" recebeu severas críticas, por contrastar com o
mandamento constitucional inscrito no art. 5º, XXXIX-CF/88.
 Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica,
qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços:
 Pena – Detenção de três meses a um ano de multa.
 § 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.
 § 2º - Se o crime é culposo:
 Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.
 Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva:
 Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.
 Parágrafo único - (VETADO)
 Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança:
 Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa.
 Parágrafo único – (VETADO)
 Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade:
 Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.
 Art. 70. Empregar, na reparação de produtos, peças ou componentes de reposição usados, sem autorização
do consumidor:
 Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.
 Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações
falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor,
injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa.     
 Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em cadastros,
banco de dados, fichas e registros:
 Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa.
 Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro, banco de
dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
 Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com
especificação clara de seu conteúdo;
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

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