Você está na página 1de 12

ESTUDO DA RESISTÊNCIA E DO MÓDULO DE RESILIÊNCIA DE SOLOS

LATERÍTICOS COM A ADIÇÃO DE EMULSÃO ASFÁLTICA

David Alex Arancibia Suárez


Alexandre Benetti Parreira
Universidade de São Paulo
Escola de Engenharia de São Carlos
Departamento de Engenharia de Transportes

RESUMO
O artigo tem como objetivo descrever os resultados do estudo do comportamento mecânico de misturas de dois
solos lateríticos do Estado de São Paulo, com emulsão asfáltica de Ruptura Lenta. O estudo envolveu a análise
dos solos in natura, além da sua mistura com 2, 4, 6 e 8% de emulsão asfáltica. Foram analisadas as influências
do efeito da imersão em água no comportamento mecânico das misturas para os dois solos através de ensaios de
compressão simples, compressão diametral e triaxial cíclico. Os resultados mostraram que o solo argiloso e o
solo arenoso estabilizados com emulsão apresentaram resistência e rigidez superiores aos dos solos in natura
quando imersos em água. Finalmente, concluiu-se que o uso das emulsões asfálticas é de uso promissor em
pavimentação dado que proporciona à mistura propriedades físicas e mecânicas comparáveis àquelas obtidas por
meio de outros estabilizantes químicos de uso tradicional.

ABSTRACT
The basic objective of this research is to describe the mechanical behavior of two lateritics soils, from the State
of São Paulo, when mixed with asphalt emulsion of slow-setting at several percentages. Soil-emulsion was
prepared at 2%, 4%, 6% and 8% emulsion by dry weight of soil. The experimental program involved the effect
of the immersion in water in the mechanical behavior of the soils mixtures subjected to similar laboratory test
(Unconfined Compression Test, Indirect Tension Test and Triaxial Cyclic Compression Test). The results had
shown that the sand and clay soils stabilized with emulsion had presented superior strength and rigidity that the
in nature soils when immersed in water. Finally, it concludes that bituminous emulsion provides to soils qualities
that could be qualified for use in road construction when compared with other chemical stabilizations.

1. INTRODUÇÃO
O avanço da tecnologia e das técnicas de pavimentação possibilitam o melhoramento das
camadas estruturais dos pavimentos no Brasil, melhorando as características dos materiais
empregados na construção e manutenção da malha rodoviária do país.

Para obter a melhoria dos materiais é utilizada a estabilização, que proporciona aos solos
características mecânicas com as quais este seja capaz de resistir aos agentes erosivos da
natureza como também aos esforços e às solicitações produzidas pela ação do tráfego
rodoviário.

A importância da estabilização física, química ou físico-química de solos na pavimentação


das estradas no Brasil se deve a que grande parte do território nacional é composto por solos
finos que quando não possuem as propriedades mecânicas para a construção de bases e sub-
bases rodoviárias só podem ser utilizados se lhe forem acrescidos agentes que lhe garantam
um bom desempenho mecânico.

Um aspecto de grande interesse é o uso de vários tipos de estabilizantes como o cimento, a cal
e as emulsões asfálticas, sendo estas últimas as menos usadas no Brasil, seja pelo
desconhecimento da melhoria das propriedades que proporcionam aos solos finos ou pela
falta consenso nas normativas para a sua aplicação. Porém nos últimos anos têm sido feitas
pesquisas para contribuir com novos conhecimentos do uso das emulsões asfálticas no Brasil
como é o caso de Jacintho (2005), Miceli (2006) e Soliz (2007), que mostram o
comportamento dos solos quando estes são estabilizados com emulsões asfálticas.
Este trabalho está direcionado à analise do uso de emulsões asfálticas catiônicas de ruptura
lenta na estabilização de solos lateríticos, para condições de cura e de imersão que simulariam
condições de uso das camadas estruturais dos pavimentos, determinando as variações da
resistência mecânica e as condições de expansibilidade e contração, para teores variados de
emulsão asfáltica.

2. OBJETIVO
O objetivo deste artigo é analisar resultados da avaliação, em laboratório, das propriedades
físicas e mecânicas de dois solos lateríticos do Estado de São Paulo estabilizados com
emulsão asfáltica para uso na construção rodoviária como camadas de base, sub-base ou
reforço de subleito.

3. MATERIAIS
3.1. Escolha, caracterização, gênese e compactação dos solos
Os solos estudados foram selecionados entre as amostras coletadas em taludes de rodovias do
interior paulista por Takeda (2006). Na pesquisa desenvolvida por este autor, as amostras
foram caracterizadas (granulometria e limites plásticos), submetidos a ensaios de microscopia
eletrônica de varredura (MEV) e difração de raios-X.

Para a presente pesquisa, do conjunto de materiais citados anteriormente, foram selecionados


2 solos, sendo cada um constituído por materiais com curvas granulométricas distintas,
diferente classificação HRB e USCS, e ambos com comportamentos laterítico, segundo a
classificação MCT.

Os solos foram denominados solo arenoso (LA’) e solo argiloso (LG’). A Figura 1 apresenta,
as curvas granulométricas dos solos estudados.

Figura 1: Curvas granulométricas dos solos

A Tabela 1 apresenta o limite de liquidez, o índice de plasticidade, as classificações HRB,


USCS e MCT, a posição da amostra com relação à linha de seixos e os resultados dos ensaios
de compactação dos materiais. Destaca-se que os solos são provenientes de perfis geotécnicos
diversos.
É importante destacar que a análise da microscopia eletrônica e dos resultados de raios-X
confirmou a compatibilidade entre a gênese e os comportamentos lateríticos dos materiais
determinados pela MCT. A Figura 2 apresenta microfotografias de cada um dos solos, onde se
observa que os solos lateríticos encontram-se num estágio avançado de evolução, exibindo o
padrão típico pipoca, não sendo possível identificar as feições originais dos argilominerais
constituintes.

Tabela 1: Limite de liquidez e índice de plasticidade, classificações HRB, USCS e MCT,


posição com relação a linha de seixos e resultado dos ensaios de compactação
Solo Arenoso Solo Argiloso
LL (%) 31 50
IP (%) 13 13
HRB A-2-6 A-7-5
USCS SC ML
MCT LA’ LG’
Posição com relação à
Não determinado Acima
linha de seixos

Amostra Solo Arenoso - LA’ Amostra Solo Argiloso - LG’

Figura 2: Microfotografias (MEV) dos solos com aumento de 3000x e 10000x

3.2. Escolha e caracterização das emulsões asfálticas


As emulsões asfálticas utilizadas nesta pesquisa foram fornecidas pela BETUNEL. Numa
primeira etapa da pesquisa, foram analisados três tipos de emulsões asfálticas catiônicas, uma
de ruptura rápida (RR-1C), uma de ruptura média (RM-1C) e outra de ruptura lenta (RL-1C),
as quais foram misturadas com os solos para determinar qual apresentaria um melhor
desempenho no tocante à trabalhabilidade e homogeneidade da mistura solo-emulsão.

Observou-se que as misturas feitas com emulsão asfáltica de ruptura lenta apresentaram uma
boa dispersão do ligante nos solos, o que não aconteceu com as emulsões de ruptura rápida e
ruptura média que apresentaram aglutinação do ligante quando misturados com os solos,
formando grumos de até 10 milímetros de diâmetro.

Visto que as emulsões asfálticas de ruptura lenta apresentaram uma melhor dispersão na
mistura, estas foram escolhidas para o estudo do comportamento mecânico da mistura solo-
emulsão. Nesse contexto, foram estudadas duas emulsões de ruptura lenta, uma de uso
comercial e outra com uma formulação específica para melhorar ainda mais a trabalhabilidade
e dispersão quando misturadas com solos finos. Neste artigo serão apresentados e discutidos
apenas os resultados obtidos com a emulsão de formulação específica.

4. MÉTODO EXPERIMENTAL
No presente trabalho foi analisado o efeito da adição de diferentes teores de emulsões
asfálticas de ruptura lenta e períodos de cura para as misturas de solo-emulsão. Para a
composição das misturas foram estudados os solos in natura e as seguintes porcentagens de
emulsão asfáltica: 2%, 4%, 6%, 8% em relação à massa seca do solo, levando-se em conta a
umidade higroscópica.

Foram realizados ensaios de compactação na energia normal do ensaio Proctor segundo o


método M13-71 (DER-SP, 1971), para se determinarem a massa específica aparente seca
máxima (ρdmax) e o teor ótimo de umidade (wo) correspondentes a cada composição. Esta
energia foi escolhida com base na revisão bibliográfica Hiwatashi & Ueda (1968) que mostra
que o uso de energias superiores à normal não conduzem a uma melhoria expressiva do
comportamento da mistura.

Para a escolha da condição de cura foram realizados ensaios de compressão simples em três
condições: corpos-de-prova expostos ao ar, selados através do envolvimento com papel filme
de PVC e expostos ao ar, e selados com papel filme de PVC e mantidos na câmara úmida.
Nesta etapa da pesquisa, observou-se um período de cura de sete dias e os corpos-de-prova
foram ensaiados após quatro horas de imersão em água. As Figuras 3 e 4 apresentam os
resultados dos ensaios de compressão simples para as três condições de cura, respectivamente
para os solos arenoso e argiloso.
280

240 Solo Arenoso - Após imersão


200
RCS (kPa)

160

120

80
Não selado ao ar
40 Selado na camera úmida
Selado ao ar
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Teor de emulsão (%)

Figura 3: Variação da RCS do solo arenoso com o teor de emulsão após imersão
280

240 Solo Argiloso - Após imersão

200
RCS (kPa)

160

120

80
Não selado ao ar
40 Selado na camera úmida
Selado ao ar
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Teor de emulsão (%)

Figura 4: Variação da RCS do solo argiloso com o teor de emulsão após imersão.
Analisando-se os resultados apresentados nas Figuras 3 e 4, observa-se que a condição de
cura ao ar de corpos-de-prova selados com filme de PVC conduzia a valores mais elevados de
resistência pós-imersão. Assim, nos ensaios subseqüentes, foi adotada esta condição de cura,
sendo sempre realizados ensaios sem imersão e após imersão prévia em água por um período
de 4 horas, com o objetivo de se avaliar o efeito do umedecimento na resistência das misturas.

Em seguida, procedeu-se à moldagem dos corpos-de-prova através de compactação estática,


nas condições de ρdmax e wo para a realização de ensaios de compressão simples, compressão
diametral e compressão triaxial cíclico. Depois de compactados, os corpos de prova eram
embalados em filme PVC e curados ao ar durante 28 dias.

Complementarmente, foram realizados ensaios de compressão simples e compressão


diametral observando-se períodos de cura de 3, 7 e 14 dias. Os resultados e a análise destes
ensaios são apresentados em Arancibia (2008).

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS


5.1. Ensaios de compactação
A Tabela 2 apresenta a variação dos valores de massa especifica seca máxima e umidade
ótima para todos os teores de emulsão e as misturas estudadas.

Tabela 2: Massa específica seca e umidades das misturas


Emulsão asfáltica de ruptura lenta RL-1C
Porcentagem Solo Arenoso LA’ Solo Argiloso LG’
(%)
ρdmax (g/cm3) wo (%) ρdmax (g/cm3) wo (%)
0 1,940 11,90 1,647 24,50
2 1,935 11,42 1,630 23,96
4 1,924 11,11 1,628 23,23
6 1,920 10,74 1,626 22,51
8 1,910 10,39 1,625 22,00

Analisando-se estes valores, o solo arenoso e as misturas constituídas com este material
apresentam massa específica seca (ρdmax) e umidade ótima (wo) respectivamente, maiores e
menores que os mesmos parâmetros obtidos para o solo argiloso. E ainda, para ambos os
solos, o acréscimo ou o aumento do teor de emulsão conduz a menores valores de ρdmax e wo.
Destaca-se que estudos anteriores com solo-emulsão adotam o ρdmax e wo do solo in natura
para a compactação dos corpos-de-prova utilizados nos ensaios mecânicos. Comparando-se os
resultados correspondentes ao solo puro e solo-emulsão, este procedimento conduziria a uma
sobre-compactação das misturas, assim cuidou-se em compactar cada mistura na sua condição
ótima.

5.2. Ensaios de compressão simples


As Figuras 5 e 6 ilustram a variação da resistência à compressão simples (RCS) com o teor de
emulsão asfáltica para 28 dias de cura para misturas ensaiadas sem imersão e após imersão
em água, respectivamente para os solos argiloso e arenoso.
1200
1120 com imersão sem imersão
1040
960
880
800
720
RCS (kPa)

640
560
480
400
320
240
160
80
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Teor de emulsão (%)

Figura 5: Variação da RCS do solo argiloso com o teor de emulsão e tempo de cura sem e
após imersão

Analisando-se a Figura 5, observa-se que para o material argiloso ensaiado sem imersão
acontece uma queda de resistência quando se adicionam 2%, 4% e 6% de emulsão ao solo in
natura. O valor da RCS do solo-emulsão só é superior ao do solo in natura a partir do teor de
8%. Observa-se que o efeito positivo da adição da emulsão ao solo argiloso destaca-se nos
ensaios realizados após imersão em água. Para estes ensaios, a RCS é crescente com o
aumento do teor de emulsão e as misturas apresentam resistências superiores à do solo puro.

Comparando-se os ensaios realizados com o solo in natura e 8% de emulsão, observa-se que a


RCS cresce 5% e 223%, respectivamente para as condições não imersa e imersa em água.
1520
1440 com imersão sem imersão
1360
1280
1200
1120
1040
960
880
RCS (kPa)

800
720
640
560
480
400
320
240
160
80
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Teor de emulsão (%)


Figura 6: Variação da RCS do solo arenoso com o teor de emulsão e tempo de cura sem e
após imersão

Analisando-se a Figura 6, observa-se que para o material arenoso ensaiado sem imersão
acontece uma queda de resistência quando se adiciona emulsão ao solo in natura, e que esta
variável apresenta valores decrescentes com o aumento do teor de emulsão. Observa-se que o
efeito positivo da adição da emulsão ao solo arenoso verifica-se apenas para os ensaios
realizados após imersão em água. Para estes ensaios, a RCS é crescente com o aumento do
teor de emulsão e as misturas apresentam resistências superiores à do solo puro.

Comparando-se os ensaios realizados com o solo in natura e 8% de emulsão, observa-se que a


RCS decresce 75% e cresce 88%, respectivamente para as condições não imersa e imersa em
água.

Comparando-se o efeito da adição de emulsão asfáltica nos resultados dos ensaios de


compressão simples das misturas constituídas com os solos argiloso e arenoso, observa-se que
para a condição sem imersão existem ganho e perda de resistência, respectivamente para o
primeiro e segundo material. Para ensaios realizados após imersão, o ganho de resistência é
positivo para ambos os materiais e maior para o solo argiloso.

5.3. Ensaios de compressão diametral


A resistência e a rigidez que camadas estabilizadas com emulsão podem oferecer, induzem
que as mesmas comportem-se similarmente a placas, que além de agirem minimizando as
pressões transmitidas às camadas subjacentes, geram tensões de flexão na própria camada
estabilizada, podendo conduzir a tensões de tração consideráveis. As Figuras 7 e 8 ilustram a
variação da resistência à compressão diametral (RCD) com o teor de emulsão asfáltica para
28 dias de cura para misturas ensaiadas sem imersão e após imersão em água,
respectivamente para os solos argiloso e arenoso.

360
340
com imersão
sem imersão
320
300
280
260
240
220
RCD (kPa)

200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Teor de emulsão (%)

Figura 7: Variação da RCD do solo argiloso com o teor de emulsão e tempo de cura sem e
após imersão

Analisando-se a Figura 7, observa-se que acontece um aumento de resistência para todos os


teores de emulsão asfáltica e para as duas condições de ensaios, entretanto, conforme
observado anteriormente para a RCS do solo argiloso, o efeito positivo da emulsão tem maior
destaque nos ensaios realizados após imersão.

Comparando-se os resultados obtidos para o solo in natura com os resultados correspondentes


aos teores de 4% e 6% que conduziram aos valores mais elevados de RCD, observa-se que a
resistência cresce respectivamente 86% e 129% para a condição após imersão e para a
condição sem imersão teve um crescimento de 25% para ambos os teores.

380
360
340
320
300
280
260
240
220
RCD (kPa)

200
180
160
140
120
100
80
60
40 com imersão sem imersão
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Teor de emulsão (%)

Figura 8: Variação da RCD do solo arenoso com o teor de emulsão e tempo de cura sem
e após imersão

Analisando-se a Figura 8, observa-se que acontece um aumento de resistência para todos os


teores de emulsão asfáltica e para as duas condições de ensaios, entretanto, conforme
observado anteriormente para a RCD do solo argiloso, o efeito positivo da emulsão tem maior
destaque nos ensaios realizados após imersão.

Comparando-se os resultados obtidos para o solo in natura com os resultados correspondentes


aos teores de 6% e 8% que conduziram aos valores mais elevados de RCD, observa-se que a
resistência cresce respectivamente 50% e 78% para a condição sem imersão e para a condição
após imersão a resistência teve um crescimento de 107% para ambos os teores.

5.4. Ensaio de compressão triaxial cíclico


Com o objetivo de comparar as diversas misturas estudadas, calculou-se, a partir do modelo
composto, conforme a Equação 1 o módulo de resiliência (MR) de cada uma delas para os
níveis de tensões avaliados através do programa ELSYM 5, considerando-se o centro da
camada de base para a estrutura de pavimento esquematizada na Figura 9.

MR = k1σ 3 σ d
k2 k3
(1)
em que MR: módulo de resiliência [MPa];
k1, k2, k3: parâmetros de resiliência do solo ensaiado;
σ3 : tensão de confinamento [kPa];
σd : tensão de desvio [kPa];

Para a utilização do programa numérico, adotou-se um MR inicial e um processo iterativo até


que o valor convergisse para o fornecido pelo modelo da Equação 1.
4100 Kgf
P = 0,56 MPa
R = 10,8 cm
TRATAMENTO
SUPERFICIAL MR = 1500 MPa 2,5 cm

σd
BASE 15 cm
σ3

SUB-BASE MR = 90 MPa

SUBLEITO MR = 45 MPa

Figura 9: Estrutura do pavimento flexível considerada na análise do MR.

A Tabela 3 apresenta os valores do módulo de resiliência calculado através do Modelo


Composto para cada uma das misturas estudadas nas condições sem imersão e após imersão.

Tabela 3: Modelo e valores do módulo de resiliência calculados para os modelos das misturas
estudadas
Material Modelo MR (MPa)
Solo argiloso puro sem imersão MR = 422 σ30.128 σd-0.187 230
Solo argiloso + 2% emulsão sem imersão MR = 638 σ30.025 σd-0.182 239
Solo argiloso + 4% emulsão sem imersão MR = 740 σ3-0.007 σd-0.192 246
Solo argiloso + 6% emulsão sem imersão MR = 881 σ3-0.032 σd-0.056 583
Solo argiloso + 8% emulsão sem imersão MR = 1366 σ3-0.016 σd-0.135 601
Solo argiloso puro com imersão MR = 51 σ30.532 σd-0.275 39
Solo argiloso + 2% emulsão com imersão MR = 254 σ30.233 σd-0.331 60
Solo argiloso + 4% emulsão com imersão MR = 284 σ30.201 σd-0.27 146
Solo argiloso + 6% emulsão com imersão MR = 388 σ30.102 σd-0.195 187
Solo argiloso + 8% emulsão com imersão MR = 706 σ30.019 σd-0.196 239
Solo arenoso puro sem imersão MR = 110 σ30.29 σd-0.054 240
Solo arenoso + 2% emulsão sem imersão MR = 1333 σ30.069 σd-0.221 441
Solo arenoso + 4% emulsão sem imersão MR = 1007 σ30.028 σd-0.144 473
Solo arenoso + 6% emulsão sem imersão MR = 1331 σ30.047 σd-0.169 582
Solo arenoso + 8% emulsão sem imersão MR = 1489 σ30.020 σd-0.107 869
Solo arenoso puro com imersão --- ---
Solo arenoso + 2% emulsão com imersão MR = 38 σ30.521 σd-0.19 137
Solo arenoso + 4% emulsão com imersão MR = 40 σ30.64 σd-0.237 188
Solo arenoso + 6% emulsão com imersão MR = 34 σ30.581 σd-0.144 206
Solo arenoso + 8% emulsão com imersão MR = 31 σ30.62 σd-0.137 228
900
SEM IM ERSÃO COM IM ERSÃO
800

700

600
MR (MPa)
500

400

300

200

100

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Teor de emulsão(%)

Figura 10: Variação do MR do solo argiloso com o teor de emulsão para 28 dias de cura sem
e após imersão

Analisando-se a Figura 10, observa-se que para o material argiloso ensaiado sem imersão, o
módulo de resiliência varia pouco quando se adicionam 2% e 4% de emulsão ao solo in
natura, sendo que esta variável apresenta um aumento expressivo para o teor de 6%, a partir
do qual tem pouca variação. Observa-se que o efeito positivo da adição da emulsão ao solo
argiloso destaca-se nos ensaios realizados após imersão em água. Para estes ensaios, o MR é
crescente com a adição e o aumento do teor de emulsão, para todos os teores considerados.

Comparando-se os resultados obtidos para o solo in natura com os resultados correspondentes


aos teores de 6% e 8% que conduziram aos valores mais elevados de MR, observa-se que o
valor do MR cresce respectivamente 153% e 161% para a condição sem imersão e para a
condição após imersão, o crescimento é de, respectivamente 384% e 518%.

900
SEM IM ERSÃO COM IM ERSÃO
800
700
600
MR (MPa)

500
400
300
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Teor de emulsão(%)

Figura 11: Variação do MR do solo arenoso com o teor de emulsão para 28 dias de cura sem
e após imersão

Analisando-se a Figura 11, observa-se para o material arenoso ensaiado sem imersão e após
imersão, que o módulo de resiliência é crescente com a adição e o aumento do teor de
emulsão asfáltica. Observa-se ainda que o efeito positivo da adição da emulsão ao solo
arenoso tem maior destaque nos ensaios realizados sem imersão em água. Comparando-se os
resultados obtidos para o solo in natura com os resultados correspondentes aos teores de 6% e
8% que conduziram aos valores mais elevados de MR, observa-se que o valor do MR cresce
respectivamente 143% e 262% para a condição sem imersão. Para a condição após imersão
não foi possível ensaiar o corpo-de-prova do solo in natura pela desintegração do mesmo,
entretanto os resultados obtidos mostram incremento do valor do MR a partir do teor de 2%,
já para os teores de 4%, 6% e 8%, o crescimento varia pouco.

Comparando-se o efeito da adição de emulsão asfáltica nos resultados dos ensaios de


compressão traixial cíclico das misturas constituídas com os solos argiloso e arenoso,
observa-se que para o solo arenoso, o ganho de rigidez é maior.

Finalmente, comparando-se os resultados dos ensaios de compressão simples, diametral e


triaxial cíclico, conclui-se que para os ensaios realizados após imersão em água existe um
aumento dos valores obtidos quando se adiciona emulsão ao solo in natura, sendo que o efeito
é crescente nesta ordem, RCS, RCD e MR. Para os ensaios realizados, sem imersão, o
comportamento repete-se para a RCD e MR, entretanto, para a RCS só se observa ganho para
o solo argiloso com a adição de 8% de emulsão.

6. CONCLUSÕES

Para os materiais estudados e situações consideradas na pesquisa, as seguintes conclusões


podem ser destacadas.

Na compactação das misturas, a adição ou o aumento do teor de emulsão conduz a menores


valores de ρdmax e wo, para os solos argiloso e arenoso.

Considerando-se os ensaios realizados após imersão em água como representativos da


situação mais crítica para o pavimento, observa-se que para ambos os solos, ocorre uma ação
positiva decorrente do uso da emulsão. Nesta situação, o teor ótimo seria de 8% de emulsão.

Para o teor ótimo, tempo de cura de 28 dias e ensaios realizados após imersão, o efeito
positivo da emulsão nos resultados de RCS é maior para o solo argiloso, sendo que para a
RCD, o efeito é maior para o solo arenoso. No tocante, ao MR, o efeito é similar para ambos
os solos.

Os valores de RCS, RCD e MR crescem com o aumento do teor de emulsão asfáltica para
amostras ensaiadas após imersão em água. Para a condição sem imersão, verifica-se o
crescimento significativo desses valores só para a RCD e MR.

Finalmente, conclui-se que o efeito positivo da emulsão pode contribuir para a melhoria do
comportamento mecânico dos solos usados como material de construção de pavimentos.
Entretanto, o uso das emulsões asfálticas aplicadas na construção rodoviária ainda exige o
aprofundamento das pesquisas, principalmente no tocante às condições de cura e de ensaios
que reflitam as condições de campo.

Agradecimentos
Os autores agradecem à CAPES pela bolsa de mestrado concedida ao primeiro autor.

REFERÊNCIAS
Arancibia, S. D. A., Parreira, A. B. (2008) “Estudo de dois solos lateríticos do Estado de São Paulo com a adição
de emulsão asfáltica”. In: 39.º Reunião anual de pavimentação, RAPv/13 º ENACOR, Recife/PE, Setembro.
Departamento de estradas de rodagem do Estado de São Paulo (1971). DER/SP M 13 – Ensaio de compactação
de solos. São Paulo.

Hiwatashi & Ueda (1968) On the soil Stabilizations of Terra Rossa. Memoirs of the Faculty of Engineering,
Yamaguchi University, Japón, Vol.19 No.1.

Jacintho, E. C. (2005) Estudo do comportamento de misturas solo-emulsão para uso em barragens. Brasília.
211p. Dissertação (Mestrado), Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília.

Miceli, J. C. (2006) Comportamento de solos do estado do Rio de Janeiro estabilizados com emulsão asfáltica.
Rio de Janeiro. 223p. Dissertação (Mestrado), Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro.

Soliz, V. P. (2007) Estudo de três solos estabilizados com emulsão asfáltica. Rio de Janeiro. Dissertação
(Mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE.

Takeda, M. C. (2006) A Influência da Variação da Umidade Pós-Compactação no Comportamento Mecânico de


Solos de Rodovias do Interior Paulista. São Carlos. 247p. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo.

David Alex Arancibia Suárez (daasob@hotmail.com)


Alexandre Benetti Parreira (parreira@usp.br)
Departamento de Engenharia de Transportes, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo
Av. Trabalhador São Carlense, 1465 São Carlos, SP, Brasil.

Você também pode gostar