Você está na página 1de 14

Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503

“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

GT 8. Marxismos latino-americanos

Marxismo, anti-imperialismo e
revolução nas obras de
Mariátegui e Haya de la Torre
Ricardo Neves Streich1

Resumo: O presente artigo busca analisar um dos mais importantes debates da história
política latino-americana. Trata-se do embate entre os intelectuais peruanos José Carlos
Mariátegui e Victor Raúl Haya de la Torre sobre o caráter da revolução latino-americana.
A disputa entre os dois pensadores peruanos forneceu muitos dos parâmetros que ainda
hoje são utilizados para analisar política e teoricamente a situação da América Latina.
Desta maneira, observar a abordagem (com o cuidado de atentar para as transformações
das posições de ambos) que os autores deram à articulação entre o problema da revolução
na América Latina e a luta anti-imperialista é pertinente para constatar as semelhanças e
diferenças entre as perspectivas dos autores (tanto no que diz respeito à sua produção
teórica, quanto no tocante à prática política).
Palavras-chave: Mariátegui, Haya de la Torre, marxismo na América Latina, anti-
imperialismo na América Latina.

Introdução
Michael Löwy (2009, p. 9) sugere como parâmetro para análise do marxismo
(enquanto prática política e formulação teórica) na América Latina a questão dos debates
sobre a natureza da revolução. Neste debate, as relações entre as concepções marxistas e
América Latina foram caracterizadas por dois extremos: o excepcionalismo latino-americano
e o eurocentrismo (LÖWY, 2009, p.10).
O excepcionalismo latino-americano entendia como absoluta a particularidade
(histórica, política e social) da América Latina e, por isto, tendeu a negar o marxismo, por
conta da sua origem europeia. O eurocentrismo, por outro lado, se limitou a transpor as
categorias explicativas e históricas da Europa para a América Latina, desprezando suas

1
Mestrando em História Social pela FFLCH/USP

GT 8. Marxismos latino-americanos 18
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

particularidades. Embora diametralmente opostas, estas concepções chegavam a uma


conclusão comum: o socialismo não estava no horizonte da América Latina.
Desta maneira, como pensar a Revolução Socialista num continente “atrasado” se
comparado à Europa ou aos Estados Unidos? Como articular a questão nacional (anti-
imperialismo) e a superação do capitalismo? Na América Latina, periferia do mundo
capitalista, estas questões são de fundamental importância. Por isto, o objetivo deste trabalho
é comparar as perspectivas teóricas e práticas de dois nomes centrais, os peruanos José Carlos
Mariátegui e Victor Raul Haya de la Torre, dos primórdios do debate sobre a Revolução na
América Latina.

APRA e Haya de la Torre: de frente única a partido

A relação de Haya de Torre com o movimento comunista e o aparato teórico marxista


é complexa e dinâmica, pois apesar da admiração e do diálogo com a tradição marxista, ele
nunca se proclamou discípulo de Marx. Neste sentido, resolvemos priorizar os textos que ele
escreveu até o pleito presidencial peruano de 1932. Afinal, a derrota da insurreição aprista e a
luta antifascista dos anos 30 fizeram o ideólogo peruano relativizar (senão abandonar) a
perspectiva revolucionária, em detrimento da democracia parlamentar burguesa. Outra
justificativa para o nosso recorte é a comparação com Mariátegui, falecido em 1930, e a
proximidade temporal dos textos é fator de pertinência evidente.
O conceito de imperialismo é fundamental no pensamento de Haya de la Torre no
período que nos propomos analisar, tanto que reclamava para a “nova geração” a descoberta
da faceta econômica do imperialismo2. Reconhecer o aspecto econômico da dominação
imperialista significa entendê-lo como fenômeno de classe. Desta forma, os setores
oligárquicos, a cada transação financeira compactuavam com o imperialismo ianque ao
mesmo tempo em que, no plano interno, se perpetuavam no poder.
Este mecanismo de dominação se espalhou por toda América Latina, por isto a solução
do problema só poderia ser continental. Haya afirmava a necessidade da união (ou a
integração) política e econômica dos países latino-americanos. Politicamente, o plano se
traduziu numa perspectiva de ação continental, pois Haya de la Torre se empenhou na

2
Teixeira (2002, p.72-3) alerta que, embora Haya faça uso da ideia de que a sua geração é que superou o “olhar
sentimental” sobre o imperialismo ianque e que, por isto, teria descoberto a dimensão econômica da dominação,
Manuel Ugarte já em 1901 esboçava esta faceta da dominação.

GT 8. Marxismos latino-americanos 19
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

fundação de células da APRA no Peru, no México, na Argentina e até em Paris (exilados


políticos). Sobre isto, escreveu o político peruano em 1925:

El único camino de los pueblos latino-americanos que luchan por su libertad es


unirse contra esas clases, derribarlas del poder, castigar su traición. Esa es la gran
misión de la nueva generación revolucionaria antiimperialista de América Latina.
Acusar y castigar los mercaderes de la patria chica y formar la patria grande. Pero
formarla sin los traidores que hoy nos gobiernan para vendernos. Por eso es que el
Frente Único de Trabajadores Manuales e Intelectuales se está organizando. Nos
preparamos para la lucha; nos preparamos para la obra de unir a los pueblos de
América Latina bajo la égida de los trabajadores. Nos preparamos para defenderla
del traidor. (PLANAS, P; RIVAROLA, M., 1988, p. 35-6)

Na Indo-América (a terminologia é do próprio Haya de la Torre) o trabalhador é


fundamentalmente o indígena e justamente sua exploração é que possibilita, segundo o autor,
pensar a unidade latino-americana. Neste sentido, Mariátegui e Haya de la Torre se
aproximam ao desenvolver as posições do anarquista peruano González Prada, que entendia o
“problema do índio” não como “racial”, mas como econômico e social:

La causa del indígena peruano, - como la del ecuatoriano, boliviano, argentino,


como la del indígena todo de América, que constituye el 75% de nuestra población -
es causa sagrada, no porque el indio sea indio, vale decir que no sea blanco, sino
porque el indio en su gran mayoría es explotado. Nuestro indigenismo no es el
simplista sentimental concepto racial que ante la estúpida afirmación burguesa de la
inferioridad de razas, opone en un amargo grito de revancha la afirmación contraria
de que toda raza de color es superior a la blanca. Para quienes tenemos una
concepción marxista o aun para los estudiantes de antropología moderna, resulta tan
ridículo proclamar la superioridad de los blancos sobre os de color, como éstos sobre
aquéllos. Nosotros concebimos el problema económicamente, clasísticamente.
Nosotros sabemos que las superioridades raciales son en realidad superioridades de
orden económico (PLANAS, P; RIVAROLA, M., 1988, p.48)

As classes que exploram o indígena são as mesmas que vendem a América Latina ao
imperialismo e mantêm seu poder através de uma estrutura agrária “feudal”, por isto, a luta
contra o imperialismo possui um caráter de luta antifeudal, Ao mesmo tempo, se trata da luta
pela segunda independência. Se a primeira independência se limitou à esfera do político, no
século XX a tarefa seria a de conquistar soberania econômica, o que só seria possível
derrotando as oligarquias latifundiárias.
As duas passagens citadas anteriormente foram escritas antes da transformação da
APRA em partido (1925 e 1927, respectivamente). Embora o autor trabalhe com uma
perspectiva uma classista de resolução dos problemas (tanto do indígena, quanto da América
Latina), a mediação da nação já se faz sentir de maneira evidente. Entretanto, ainda em 1927
ao transformar a APRA em partido, o autor se afastou dos comunistas e consequentemente

GT 8. Marxismos latino-americanos 20
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

das perspectivas classistas, pois entendia que a perspectiva marxista desconsiderava as


particularidades históricas da América Latina, preocupação fundamental do seu projeto
político:

Indoamérica debe aprovechar la experiencia de la historia, sin caer en la imitación


servil. La realidad geográfica, étnica, económica y política de Rusia es muy
diferente de la nuestra. Empero, hay hechos de valor universal que implica lecciones
y ejemplos para todas las latitudes y para todas las épocas. Y Rusia ofrece al mundo
el primer caso de liberación económica antiimperialista de la historia
contemporánea, con todas las características de una auténtica revolución social y
nacional. Para cumplirla, el Partido Socialista ruso debió emanciparse de la Segunda
Internacional y tomar un nombre de su propia lengua – Bolchevismo -, cuyo
significado literal, como es sabido, carece de sentido marxista o europeo antes de la
revolución de 1917. Los dirigentes rusos comprenden bien el imperativo nacional de
su gran revolución. Y aunque su terminología sea extrajera para nosotros, no los es
para el pueblo ruso; la revolución toma formas nacionales y crea su léxico. No faltan
quienes en nuestras tierras aprendan devotamente el léxico y lo repitan arrogantes.
Ignoran que lo hace falta es comprender el hecho histórico, adentrarse en la
experiencia… y olvidar el léxico para crear un propio. (PLANAS, P; RIVAROLA,
M., 1988, p.69)

O enfoque dos comunistas no proletariado seria mera “cópia” da realidade europeia,


daí a relativização da questão das classes – embora ela não nunca desapareça. Mas o
parâmetro se desloca. Se antes o protagonismo da Revolução era dos trabalhadores, agora é a
nação que se configura como parâmetro:

El imperialismo subyuga y explota económicamente a nuestras clases trabajadoras;


pero subyuga y explota también, a nuestros pueblos como naciones. El sistema de
grandes empréstitos y concesiones fiscales que contratan nuestros gobiernos,
financia el imperialismo y pagan os ciudadanos todos de nuestras repúblicas en
Indoamérica. (PLANAS, P; RIVAROLA, M., 1988, p.67)

O determinante não é a exploração dos operários, mas sim o conjunto de formas de


exploração. As contas do Estado para pagar um empréstimo, por exemplo, recaem sobre
todos, pois são bancadas com o dinheiro e esforço de todas as classes sociais. Desta forma a
luta contra os setores oligárquicos que compactuam com o imperialismo implicava a
necessidade de um projeto nacional contra o “arcaísmo”. Os setores populares, em função da
sua falta de consciência e da sua ignorância, não tinham condições de elaborar este projeto
nacional, daí o protagonismo das classes médias e pequeno-burguesas na luta contra o atraso.
E o que significa este atraso? Dentro do capitalismo, o lugar da América Latina é o de
colônia. Como a América Latina não possui capacidade para competir com os países centrais,
só lhe resta a submissão, conforme diz o autor:

GT 8. Marxismos latino-americanos 21
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

Pero ese fenómeno de expansión que responde a una necesidad de expansión de los
grandes países capitalistas industriales sobre los que no lo son, significa también
para éstos el necesario e inevitable comienzo de la etapa de su industrialización de
gran estilo. Vale decir, que en las zonas a donde el imperialismo llega se inicia la
primera etapa de una modernización económica. La cual se halla en su más alta
etapa en las zonas en las que el capitalismo industrial culmina y se expande. Ésta es
la tesis de nuestro espacio y nuestro tiempo económicos diferentes de los que viven
y se desarrollan en un grado más avanzado de desenvolvimiento y de los que se
hallan en retraso. (PLANAS, P; RIVAROLA, M., 1988, p.87)

Tratava-se, portanto, de liquidar a etapa feudal e tecnicizar a produção econômica dos


países latino-americanos. Uma vez que a destruição do capitalismo deveria ocorrer nos países
centrais, a soberania econômica, na América Latina dentro do capitalismo, só poderia ser
alcançada pela industrialização promovida pelo Estado Anti-imperialista que, poderoso o
bastante para substituir as débeis burguesias dos países latino-americanos (Cf. TEIXEIRA,
2002), seria capaz de imprimir um conteúdo social à democracia liberal. Desta maneira, sua
tarefa seria:

El Estado anti-imperialista, formado por una alianza de clases oprimidas por el


imperialismo, controlaría la producción y distribución de la riqueza, realizando la
nacionalización progresiva de las fuentes de producción y acondicionando la
inversión de capitales y el comercio sería el órgano de relación entre la nación y el
imperialismo mientras éste exista y la escuela de gobierno de las clases productoras
para cuando el sistema que determina la existencia del imperialismo desaparezca
(PLANAS, P; RIVAROLA, M., 1988, p.77).

A passagem é rica, pois ilustra que o desaparecimento do sistema que determina a


existência do imperialismo não é tarefa latino-americana. A perspectiva de que derrubada do
capitalismo não está em pauta é o que sustenta a crítica de Haya de la Torre ao
“monoclassismo” dos comunistas, pois na Indoamérica, em função da sua particularidade, só
havia espaço para atuação de uma frente única hegemonizada pelos setores médios e
intelectualizados.
Desta forma, podemos dizer que a preocupação com o elemento nacional – pois a
industrialização é a primeira etapa da Revolução – no projeto político de Haya de la Torre
subordina a perspectiva classista, como sintetiza esta famosa passagem:

Nosotros no somos anti-imperialistas porque somos de izquierda sino que somos de


izquierda porque somos antiimperialistas. Ser anti-imperialista es ser soldado de la
causa de la Libertad en América Latina. Ser soldado de una causa de Libertad es
serlo de la Justicia. No hay libertad se hay opresión económica; por eso, mientras no
se obtenga integralmente la justicia es vano hablar de Libertad. Las cadenas de
nuestros pueblos esclavizados al imperialismo yanqui son cadenas económicas.
Deber dinero es depender del acreedor, especialmente cuando se le ha entregado la
prenda. (PLANAS, P; RIVAROLA, M., 1988, p.124).

GT 8. Marxismos latino-americanos 22
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

A subordinação da perspectiva classista ao elemento nacional no permite afirmar que


para Haya de la Torre a Revolução é a contenção do imperialismo e não a superação do
capitalismo. A sua preocupação com um anti-imperialismo “construtivo” e a proposição do
Estado Anti-imperialista nos remete à imagem de Haya como um Revolucionário da Ordem,
tal qual proposto por Oliveiros (1971).
Ainda segundo o mesmo autor, o Revolucionário da Ordem enxergava o marxismo
como uma filosofia da história. As reflexões mais sistemáticas sobre este assunto são de
períodos posteriores ao recorte temporal que este trabalho buscou, por isto trazemos uma
citação de 1954, em que, defendendo a tese da particularidade do “Espaço-tempo-histórico”
indo-americano, o autor expõe de maneira bastante clara a sua relação com o marxismo:

El Aprismo, desde su enunciación hace 30 años, declaró su negación del marxismo


dogmático, ortodoxo, inconmovible. Y afirmó nítida y reiteradamente que adoptaba
la dialéctica marxista como un hilo de Ariadna en el laberinto de teorías
contradictorias y confusionistas que pululaban desde Europa. Hilo pero no brida,
andadera pero no traba, el marxismo fue adoptado por nosotros en su móvil
elasticidad filosófica, como una doctrina que – al igual que todo en la naturaleza y
en la historia – debe ser negado y superado por nuevas concepciones. En ese sentido
y preferentemente por el carácter de su dialéctica, el Aprismo ha sido y es marxista:
para negar dialécticamente al marxismo; para recusarlo y superarlo. (PLANAS, P;
RIVAROLA, M., 1988, p.124).

Temos, então, um autor que dialeticamente buscou superar as proposições políticas do


marxismo, enxergando-o antes como uma filosofia da história do que como um guia de ação.
É por isto que, como insistimos durante todo o texto, esta relação não é fácil de apreender,
pois ela é permeada de contradições. Por exemplo, o protagonismo do Estado (e da nação) –
edificado no Estado Anti-imperialista que substitui as “classes débeis” - na luta anti-
imperialista implica uma negação do conceito de luta de classes, na acepção clássica do
marxismo. A luta de classes não seria o motor da ação, pois tanto proletariado quanto
burguesia seriam vítimas do imperialismo (ainda que o proletariado tivesse mais consciência
do fato). O que acarreta um deslocamento do problema, então, para uma dimensão nacional e
já que a revolução socialista não estava na ordem do dia, os países latino-americanos
deveriam se tornar plenamente capitalistas – com uma burguesia forte e independente e um
proletariado pronto para dirigir uma revolução social capaz de confrontá-la.
Nesta altura, poderíamos nos perguntar: afinal o político peruano foi ou não marxista?
Cremos que posta desta maneira, a pergunta é equivocada. Não existe um “marxômetro”, pois
o marxismo não é uma ideia, um conceito, total e completa para ser “aplicada” na realidade. É
mais fértil, como nos propusemos neste trabalho, tentar acompanhar e entender as tensões

GT 8. Marxismos latino-americanos 23
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

(tanto com a teoria marxista, quanto com os políticos comunistas) existentes em sua obra
intelectual e política para compreender as transformações e as continuidades existentes na
trajetória de um dos políticos mais importantes na história do nosso continente.

Mariátegui e o projeto socialista peruano

Ao contrário de Haya de la Torre, Mariátegui logo após o exílio europeu se


pronunciou como adepto incondicional do marxismo e da Revolução de Outubro. Suas
concepções de um marxismo aberto e criativo foram forjadas no âmbito da crítica à II
Internacional. De maneira geral, podemos dizer que para os marxistas esta crítica ao
evolucionismo positivista se traduziu na recuperação da categoria de vontade. O socialismo,
então, não seria inexorável como professavam os teóricos da II Internacional. Ele só poderia
ser fruto da ação e da vontade de intervenção consciente no devir histórico.
Este processo intervenção consciente no devir histórico demanda um conhecimento
das particularidades da realidade que se quer transformar. Isto é importante, pois, nos passos
de Leila Escorsim Machado (2004), podemos dizer que para Mariátegui o marxismo não era
um conjunto de ideias “prontas” e “acabadas” para serem aplicadas à realidade peruana, mas
sim uma bússola – ou seja, um método - cujo norte era entender a realidade peruana para nela
intervir e assim construir o socialismo.
Dentro da tradição marxista, podemos dizer que foi na obra de José Carlos Mariátegui
que América Latina e marxismo se reencontraram de maneira harmônica e fértil. Como o
próprio nome do livro sugere, seu objetivo era entender as especificidades do
desenvolvimento histórico peruano, e também o latino-americano em menor medida. O
método de partir do concreto para chegar ao abstrato, tal qual recomendava o velho Marx,
evitava que as categorias teóricas não se limitassem ao papel de molde, dentro do qual se
poderia encaixar o objeto estudado.
Desta maneira, a situação concreta que o autor ambicionava explicar era a articulação
peculiar entre a propriedade coletiva agrária inca (ayllu) e a servidão imposta pelos oligarcas
latifundiários, sendo ambos determinados (e determinando também, já que a perspectiva era
dialética) pelo capitalismo “retardatário”. Esta perversa articulação, em que a dicotomia entre
reprimidos (indígenas) e dominantes (o latifúndio, a servidão) se mantém, é funcional a uma

GT 8. Marxismos latino-americanos 24
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

burguesia que, distante do povo, preferia se associar aos grandes centros do capitalismo
mundial (Londres, inicialmente, e depois Nova Iorque).
A articulação entre os setores burgueses e oligárquicos pode ser constatada desde a
fundação da República – que deveria ser o lugar, por excelência, do regime burguês –, na
medida em que não eliminou os gamonales,3 não realizou sua tarefa fundamental: destruir a
herança colonial. Pode-se dizer, portanto, que a República foi fundada, sem, e contra, os
índios. Por isto, do baixo grau de coesão na formação social do Peru (além das diferenças
regionais entre Costa, Serra e Selva, havia, por exemplo, a questão das línguas diversas que
até hoje coexistem como espanhol e quéchua), “Mariátegui depreende sua tese mais cortante:
o Peru, seu contemporâneo, é uma formação nacional incompleta, um esboço de nação.”
(BOSI, 1990, p.60)
A questão nacional, sempre enfrentada pelos marxistas com grande dificuldade, (cf.
HOBSBAWM, 1980) se tornou uma variável importante no projeto político de Mariátegui
(1986, p.221):

El nacionalismo de las naciones europeas – donde nacionalismo y conservatismo se


identifican y consustanciase propone fines imperialistas. Es reaccionario y anti-
socialista. Pero el nacionalismo de los pueblos coloniales – sí, coloniales
económicamente, aunque se vanaglorien de su autonomía política – tiene un origen
y un impulso totalmente diversos. En estos pueblos, el nacionalismo es
revolucionario y, por ende, concluye con el socialismo. En estos pueblos la idea de
nación no ha cumplido aún su trayectoria ni ha agotado su misión histórica

O conceito de nação só poderia ser revolucionário, portanto, nos países que no


contexto da realidade econômica do capitalismo monopolista, que como o Peru ocupam um
papel estruturalmente colonial. Nestes países, subordinado aos interesses imperialistas de
Londres e Nova Iorque, lutar pela nação, “esgotar o seu sentido histórico”, como nos diz a
passagem anterior, significava lutar contra o imperialismo. Contudo, note-se que, para o
autor, o nacionalismo só pode verdadeiramente revolucionário, quando ele acaba no
socialismo. Desta forma, a nação é um meio e nunca a finalidade da agitação política.
Esta sutil diferenciação é importante, pois é ela que se encontrava na base das
divergências de José Carlos Mariátegui com a APRA de Victor Haya de la Torre. Os que
colocavam a nacionalidade em primeiro plano como a APRA, segundo Mariátegui, assim

3
Referente a Gamonal, conceito que trata das grandes propriedades latifundiárias, nas quais o trabalho ocorria
sob o regime de servidão.

GT 8. Marxismos latino-americanos 25
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

explicava sua posição: “somos de esquerda (ou socialistas), porque somos anti-imperialistas”.
De tal forma que:

El anti-imperialismo resulta así elevado a la categoría de un programa, de una


actitud política, de un movimiento que se basta a sí mismo y que conduce,
espontáneamente, no sabemos en virtud de que proceso, al socialismo, a la
revolución social. Este concepto lleva a una desorbitada superestimación del
movimiento anti-imperialista, a la exageración del mito de la lucha por la ‘segunda
independencia’, al romantismo de que estamos viviendo ya las jornadas de una
nueva emancipación. De aquí la tendencia a reemplazar las ligas anti-imperialistas
con un organismo político. Del APRA definida como el Kuo Min Tang
latinoamericano. (MARIÁTEGUI, 1986, p. 90)

Ainda assim, Mariátegui afirmava sua divergência à concepção nacionalista


democrático-burguesa, quando dizia:

El antiimperialismo, para nosotros, no constituye ni puede constituir, por sí solo, un


programa político, un movimiento de masas apto para la conquista del poder. El
anti-imperialismo, admitido que pudiese movilizar al lado de las masas obreras y
campesinas, a la burguesía y pequeña burguesía nacionalistas (ya hemos negado
terminantemente esta posibilidad) no anula el antagonismo entre las clases, no
suprime su diferencia de intereses. (MARIÁTEGUI, 1986, p.90)

O alerta de que antagonismo das classes persistia, mesmo quando articuladas em torno
de um projeto nacional, era importante, pois, ao contrário do que supunham os nacionalistas,
os interesses econômicos das classes latifundiárias e do capital imperialista não eram
necessariamente os mesmos:

La creación de la pequeña propiedad, la expropiación de los latifundios, la


liquidación de los privilegios feudales, no son contrarios a los intereses del
imperialismo, de un modo inmediato. Por el contrario, en la medida en que los
rezagos de feudalidad entraban el desenvolvimiento de una economía capitalista, ese
movimiento de liquidación de la feudalidad, coincide con las exigencias del
crecimiento capitalista, promovido por las inversiones y los técnicos del
imperialismo; que desaparezcan los grandes latifundios, que en su lugar se
constituya una economía agraria basada en lo que la demagogia burguesa llama la
"democratización" de la propiedad del suelo, que las viejas aristocracias se vean
desplazadas por una burguesía y una pequeña burguesía más poderosa e influyente -
y por lo mismo más apta para garantizar la paz social-, nada de esto es contrario a
los intereses del imperialismo. (MARIÁTEGUI, 1986, p.90)

Por isto, Mariátegui conclui, na direção oposta da corrente aprista e nacionalista:

somos anti-imperialistas porque somos marxistas, porque somos revolucionarios,


porque oponemos al capitalismo el socialismo como sistema antagónico, llamado a
sucederlo, porque en la lucha contra los imperialismos extranjeros cumplimos
nuestros deberes de solidaridad con las masas revolucionarias de Europa.
(MARIÁTEGUI, 1986, p.95)

GT 8. Marxismos latino-americanos 26
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

Conforme já assinalado, o socialismo, sistema que Mariátegui propunha como


alternativa ao capitalismo, no Peru não pode ser realizado sem o índio. Mariátegui, então,
desloca a análise do problema do índio da perspectiva racial para uma perspectiva social,
política e econômica. Desta maneira, ao observar a especificidade da história peruana,
Mariátegui constatou que problema indígena era o problema da terra e não de “libertação
nacional” como defendiam os líderes sul-americanos na I Conferência Comunista Latino-
Americana em 1929.
A filantropia também não seria a resolução do problema, uma vez que ela ocorreria na
esfera da política. Tratava-se, pois, de combater a estrutura agrária que originava o problema,
ao mesmo tempo em que se lutava para a incorporação democrática das massas populares
num processo constitutivo de nacionalidade, pois no Peru o conceito de nação seria um
processo a ser criado (“peruanicemos al Perú”) com a participação do elemento indígena e
que só pode ser completado com a Revolução Socialista.
Para Mariátegui, a inserção do elemento indígena neste projeto de criação da
identidade nacional deveria ocorrer de maneira ativa. Neste sentido, a maior contribuição dos
descendentes incas para o projeto do socialismo peruano residiria no seu modelo de
propriedade coletiva da terra, o chamado ayllu. Evidentemente, Mariátegui não defendia
nenhuma espécie de retorno ao passado incaico, seu projeto consistia justamente em renovar e
enriquecer a tradição coletivista incaica que à sua época subsistia na parte serrana do Peru.
Renovar a tradição incaica significava relacioná-la ao mundo industrial capitalista, ou seja,
propor que esta tradição coletivista “se transforme, bajo la hegemonía de la clase proletaria,
en una de las bases más sólidas de la sociedad colectivista preconizada por el comunismo
marxista” (MARIÁTEGUI, 1986, p.68)
A passagem acima nos situa a aliança possível entre operariado e campesinato
indígena. A pouca força política do operariado (em função de seu número relativamente
reduzido, se comparado ao campesinato, por exemplo) colocou para Mariátegui a perspectiva
da Frente Única. Desta forma, o jovem proletariado peruano poderia justamente acumular
forças para se organizar e, até mesmo, realizar tarefas da “etapa democrático-burguesa”.
Por Frente Única deve-se entender, grosso modo, a aliança entre setores com
divergências políticas para combater um inimigo comum. No caso da APRA, que inicialmente
funcionou como uma frente única, o inimigo era o imperialismo, por isto Mariátegui
sustentava que ao lado das correntes pequeno-burguesas e nacionalistas, deveria existir um

GT 8. Marxismos latino-americanos 27
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

núcleo autônomo de organização proletária. Tratava-se de uma tática para angariar forças até
que o partido proletário pudesse existir e atuar de maneira autônoma.
Podemos dizer, então, que para Mariátegui, como aponta Galindo (1982, pp.75-6):
El partido era necesario e imprescindible para introducir en el Perú esa especia de
planta europea que era el socialismo; pero el partido no era exactamente el inicio de
esa tarea, sino casi su estación final. La idea intuida en el Perú, madurada en Europa,
debía discutirse y prepararse al regreso. Es en ese derrotero que se inscribe el
proyecto de Amauta y toda la labor publicista desplegada por Mariátegui. También
sus conferencias en las Universidades Populares González Prada y sus chalas con los
jóvenes dirigentes obreros, como Larrea, Portocarrero o el ferroviario Avelino
Navarro. El partido exigía el desarrollo de la “conciencia de clase.

Era no sentido do “desenvolvimento da consciência de classe” que Mariátegui


orientava a sua ação na APRA. Contudo, a transformação da APRA em partido em 1928
fechou este espaço de atuação política. Assim, sua resposta política foi a fundação do Partido
Socialista do Peru que se alinhou às diretrizes da III Internacional. Entretanto, o alinhamento
não se deu sem tensão. Quijano (s/d) aponta que desde o início da aproximação do grupo de
Mariátegui com a III Internacional havia uma pressão para que o nome do Partido fosse
“Comunista” e não “Socialista”. Não é demais lembrar que o nomear o partido como
“Comunista” era uma das 21 condições de adesão à III Internacional.
O termo “socialista”, já que as discussões sobre o marxismo eram novidade no Peru da
década de 1920, remete à ideia de acúmulo de força e de organização proletária. Estes
elementos seriam, então, indispensáveis, pois o socialismo não seria inevitável. Ele seria fruto
da ação consciente das classes oprimidas. Como dizia Mariátegui (2011, p.73): “Não basta a
decadência ou o esgotamento do capitalismo. O socialismo não pode ser consequência
automática de uma bancarrota; tem de ser resultado de um tenaz e esforçado trabalho de
ascensão.” Afinal, “a premissa política e intelectual não é menos dispensável que a premissa
econômica.” (MARIÁTEGUI, 2011, p.73).
Por fim, a preocupação com este “trabalho de ascensão”, ou o desenvolvimento da
“premissa política e intelectual” representava a reivindicação da vontade de uma ação humana
consciente na determinação da história. Por isto, a importância de Mariátegui na história
politica do Peru do século XX se deu, não apenas como dirigente do processo de constituição
dos movimentos de camponeses e operários, mas como dirigente e fundador de uma
perspectiva que buscou “traduzir” o marxismo aprendido na Europa em termos de
“peruanização”. Afinal, como afirma Aricó (1987, p.450), a peculiaridade do

GT 8. Marxismos latino-americanos 28
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

marxismo mariateguiano só é possível por dois fatores: o primeiro é que o marxismo


de Mariátegui se produz fora do movimento comunista e da Terceira Internacional; o
segundo, pois o movimento socialista peruano se estrutura no quadro de um amplo
movimento intelectual e político, não submetido à presença cerceadora do partido
comunista nem à herança de um partido socialista que fixasse no movimento social a
forte marca positivista que modificou o próprio marxismo.

Considerações finais

O rico debate teórico e político entre os peruanos Victor Raul Haya de la Torre e José
Carlos Mariátegui é um marco político importantíssimo da história contemporânea da
América Latina. Embora o debate tenha ocorrido fora dos meios acadêmicos, pois ambos
participantes foram organizadores de partidos políticos e tinha preocupações imediatamente
políticas, ele plantou questões sobre as quais as ciências sociais vão se debruçar ao longo de
todo século XX – em especial as relações entre o centro do capitalismo e a América Latina
que vão ser atentamente analisadas pelos chamados “teóricos da dependência”.
O interesse acadêmico também é justificado se pensamos que este foi o primeiro
momento em que os latino-americanos se utilizaram, implícita ou explicitamente, do arsenal
teórico marxista para pensar a opressão dos países centrais do capitalismo. A retomada deste
debate nos dá pistas importantes sobre o verdadeiro divórcio entre marxismo e América
Latina ocorrido (salvo raros momentos, é claro) ao longo do século XX e que tantos prejuízos
políticos e acadêmicos nos causou.
Mariátegui e Haya de la Torre, iniciaram juntos a jornada política. Neste primeiro
momento eles partilhavam diversas posições, a principal delas, era o dilema entre uma
independência formal e uma dependência substancial (para utilizar termos caros à tradição
marxista). Concordavam, portanto, na crítica ao imperialismo e na necessidade da Frente
Única para contrapô-lo. Outra preocupação comum era a questão indígena, que ambos
seguiam os passos de González Prada ao enxerga-la como questão econômica e social, cuja
solução era política.
Contudo, logo as divergências se fizeram evidentes. As preocupações de Haya de la
Torre com as particularidades latino-americanas renderam acusações de “europeísta” a
Mariátegui. Este debate sobre “o lugar das ideias” são manifestações de divergências
ideológicas e concepções políticas muito mais profundas. A principal delas é a relação entre a
questão nacional e a revolução socialista. Se a perspectiva da frente única era comum aos dois

GT 8. Marxismos latino-americanos 29
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

grandes teóricos da esquerda peruana, o papel revolucionário atribuído a cada força do bloco
de classes é radicalmente distinto. Enquanto Haya defendia a liderança dos setores
intelectualizado e pequeno-burgueses, Mariátegui defendia que a hegemonia do processo
revolucionário deveria ser dos setores proletarizados.
Outra fonte de divergência é a relação que os dois autores mantinham com o
marxismo. Enquanto Mariátegui enxerga o marxismo como uma crítica do status quo, ou seja,
como um “guia para ação” (com todos os problemas que a ausência sistemática de uma
reflexão epistemológica traz), Haya de la Torre enxerga o marxismo como “filosofia da
história”, cuja validade repousa apenas para o território europeu.
A concepção de marxismo de Haya de la Torre traz como implicação a luta de classes
e eleição da nação como elemento central da ação revolucionária (“somos de esquerda,
porque somos anti-imperialistas”). Mariátegui, em sua tese da “formação nacional
incompleta” se localiza numa posição diametralmente oposta. A criação da nação é o meio em
torno do qual a classe trabalhadora se organizaria para realizar a sua Revolução (“somos anti-
imperialistas, porque somos socialistas”).
Trata-se, portanto, de uma divergência entre “meios” e “fins” da ação política. Entre
uma concepção que busca ser revolucionária, por ser nacionalista e outra que busca ser
nacionalista por ser revolucionária. Esta é questão da mais alta conta, pois a tradição marxista
latino-americana (salva raras exceções) sempre encontrou dificuldades para formular soluções
satisfatórias, tanto no campo da teoria quanto no campo da prática política, aos dilemas de um
continente que subsiste na periferia do capitalismo.
À primeira vista, podemos pensar que no mundo globalizado onde o Estado
supostamente perde sua força esta questão seja algo menor sobre a qual não vale a pena deter
atenção. Contudo, é preciso apontar que a retomada deste e dos outros debates que situam a
América Latina no contexto do mundo capitalista são importantes para repensarmos a
situação de hoje, em que a América Latina vai se configurando como um player importante
no jogo de forças da política internacional.

Referências

GT 8. Marxismos latino-americanos 30
Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina ISSN 2177-9503
“Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” 10 a 13/09/2013

ARICÓ, J. “O marxismo latino-americano nos anos da Terceira Internacional”. In:


HOBSBAWM, E. (org.) História do Marxismo v8. São Paulo, Paz e Terra, 1987.
BOSI, Alfredo. A vanguarda enraizada o marxismo vivo de Mariátegui. Revista do IEA, São
Paulo, n. 8. jan-abr, 1990.
FERREIRA, O.S. Nossa América: Indoamérica. São Paulo, Edusp, 1971.
FLORES GALINDO, Alberto. La agonia de Mariátegui. Lima, DESCO, 1982
HOBSBAWM, Eric. “Nacionalismo e Marxismo”. In: Jaime Pinsky(org.). Questão Nacional
e Marxismo. São Paulo, Editora Brasiliense, 1980.
LÖWY, M. O marxismo na América Latina.São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo,
2003. P.9.
LÖWY, Michael (org.) Por um socialismo indo-americano: José Carlos Mariátegui. Rio de
Janeiro, Editora UFRJ, 2005.
MACHADO, Leila Escorsim. J.C. Mariátegui: marxismo, cultura e revolução. Tese de
Doutorado em Serviço Social da UFRJ, 2004.
MARIÁTEGUI, José Carlos. Sete ensaios de interpretação da realidade peruana. São Paulo,
Editora Alfa-Ômega, 1975. p.XIII.
MARIÁTEGUI, José Carlos. La Escena Contemporpanea. Lima, Editora Amauta, 1976.
MARIÁTEGUI, José Carlos. Ideología y Política. Lima, Editora Amauta, 1986.
MARIÁTEGUI, José Carlos. Defesa do Marxismo. São Paulo, Boitempo Editorial, 2011.
MELIS, Antonio. Leyendo Mariátegui. Lima, Editora Amauta, 1999.
PLANAS, P; RIVAROLA, M. (org). Haya de la torre. Madrid, Ediciones de Cultura
Hispánica, 1988
QUIJANO, Aníbal. Introducción a Mariátegui Ediciones Era.
TEIXEIRA, G.L. Antiimperialismo e nacionalismo . A polêmica dos anos 20 na visão de
Haya de La Torre e Julio Antonio Mella. Tese de Doutorado em História Social pela
FFLCH/USP, 2002.

GT 8. Marxismos latino-americanos 31

Você também pode gostar