Você está na página 1de 3

O consumidor fazendo valer seu direito de proteção aos seus direitos e

dados pessoais na internet

Nos dias atuais, com a crescente disseminação de serviços e produtos que


são consumidos, divulgados e acessados via internet, o consumidor e as
pessoas são afetadas por essa nova forma de comunicação e de compra. A
nova lei de proteção de dados surge neste cenário como uma ferramenta
necessária para frear e minimizar abusos de direitos na utilização dos dados
pessoais dos usuários da rede mundial de internet.

Contudo, é importante reconhecer a importância dessa tecnologia e dos


benefícios que traz consigo para o mundo em termos de agilidade,
disponibilidade de informação e acesso a serviços e produtos para a
população mundial. O desafio é o equilíbrio entre o abuso (minimizando e
eliminando a violação de direitos) e os benefícios que precisam ser tratados
com a devida importância de modo a manter as consequências positivas para
a população.

Recentemente tratei de uma questão trazida por uma empresa cliente,


relacionada ao provedor de aplicativos na rede social: Facebook. Esse
cliente, uma empresa detentora de direito da propriedade industrial, ou seja,
titular de uma patente de invenção (PI) de um sistema inovador aplicado no
segmento de engenharia e construção civil, e comercializado em todo o
território brasileiro. A empresa titular da patente utilizava como meio de
divulgação do seu produto patenteado, quase que exclusivo, o ambiente
digital, através das redes sociais (Facebook e Instagram).

Descobriu, navegando na internet, que um ex-colaborador criou um site, uma


página comercial no facebook e instagram, começou a divulgar e vender o
produto de titularidade do meu cliente. Foi notificado extrajudicialmente e
recebeu citação em processo judicial para interromper. O contrafator
simplesmente criou uma nova página no facebook com outro nome e
continuou a prática ilegal.

Em determinado momento, quando percebemos que não resolveria o


problema da concorrência desleal, o recurso de ingresso com a ação judicial,
pedimos ao juízo do processo para que notificasse o proprio facebook com
sede no Brasil para inativar as páginas e para adotar uma medida em relação
as atividades ilegais praticadas por este usuário/contrafator, no sentido de
impedir e bloquear as tentativas de criação de páginas e divulgação de
anúncios.

O Facebook simplesmente enviou uma carta ao juízo de direito naquele


processo, informando que adotou providência solicitada tão somente para
bloquear e retirar do ar as páginas citadas, para que não poderia fazer nada
além disso, e impedir futuras divulgações, pois é apenas uma filial aqui no
país, e que não tem responsabilidade legal para analisar e resolver a
demanda.

Esse posicionamento é uma evidência da falta de responsabilização e


comprometimento dos aplicativos de internet com relação a divulgação e uso
de dados sem critério de proteção aos direitos e dados pessoais dos
usuários.

Pensem que essa limitação acontece em nível judicial! Agora imaginem um


usuário fazer um pedido desses utilizando um canal de comunicação do
proprio aplicativo facebook. Dificilmente terá um resultado positivo.

A legislação evidentemente garante proteção e os tratados internacionais já


garantem esse direito ao consumidor/usuário.

Entretanto,​ a população em massa tem acesso a essa informação sobre


seu direitos e como fazê-los valer?

Esse é o ponto central onde quero chegar! Será que a edição e entrada em
vigor de uma lei geral de proteção de dados é suficiente para garantir a
prevalência dos direitos dos usuários da internet?

Aqui, é oportuno relembrarmos a conclusão do professor Cristiano Colombo,


em seu artigo ​DA ECONOMIA DO COMPARTILHAMENTO E A PROTEÇÃO DE DADOS
PESSOAIS EM MATÉRIA DE APLICATIVOS​:

“É necessário que os operadores do direito levem em


consideração os diversos benefícios trazidos para a sociedade e
evitem interpretações que levam ao enfraquecimento dessa
nova economia de produtos e serviços compartilhados.
Outrossim, deve-se levar em conta o direito fundamental à
proteção de dados, primando pelo consentimento do titular dos
dados pessoais, sempre observando a “vulnerabilidade do
consumidor”, a “externalidade social negativa”, decorrente do
“custo-tempo da leitura” das políticas de privacidade,
conduzindo o princípio da finalidade ao tratamento adequado
dos dados pessoais.

Resultados
Compreende-se que as presentes reflexões são úteis, em face
de temática extremamente atual e que precisa de
aprofundamento doutrinário, diante das consequências práticas
aos seus usuários, titulares de dados pessoais, evitando o
tratamento inadequado, seja pela utilização sem o
consentimento, ou, ainda, violando as finalidades pelas quais os
dados foram entregues aos prestadores de serviços, que,
muitas vezes, são grandes players de mercado​”. ​(Ferreira, Natasha
Alves, Cristiano Colombo,...)

À meu ver, é necessária a criação de políticas públicas pelo governo de cada


país no sentido de orientar o cidadão de forma clara e objetiva sobre quais
são seus direitos e principalmente, como fazer valer esses direitos!

Além das políticas públicas, a sociedade privada através de ferramentas


como economia compartilhada, criação de canais de conteúdos informativas
nas redes sociais, em que o proprio cidadão ou operadores do direito podem
assumir esse papel, que, reconhecidamente, caberia ao governo através de
políticas públicas.

Em resumo, num contraponto, essa seria uma ferramenta eficaz utilizada por
uma sociedade livre, para divulgar conteúdos (criticando, informando,
orientando os usuários sobre seus direitos) e proporcionando que possam
refletir e criar meios para fazer valer seus direitos na internet.

Você também pode gostar