Você está na página 1de 8

1

1. Definição dos conceitos de filosofia

A palavra "filosofia" (do grego) é uma composição de duas palavras philos (φίλος) e sophia
(σοφία), a primeira é uma derivação de philia (φιλία) que significa amizade, amor fraterno e
respeito entre os iguais, a segunda significa sabedoria ou simplesmente saber. Filosofia significa,
portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber, e o filósofo, por sua vez, seria
aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber (JAPIASSÚ &
MARCONDES, 2008).

Georges Politzer definiu a filosofia “como uma concepção geral do mundo da qual decorre uma
forma de agir”. No caso, a Filosofia é a expressão de uma forma coerente de interpretar o mundo
que possibilita um modo de agir também coerente, consequente, efectivo (SILVA, 2012).

2. Definição de imagem

A palavra imagem é oriunda do latim imago, de imitari, imitar, que significa representação
mental que retrata um objecto externo percebido pelos sentidos (JAPIASSÚ & MARCONDES,
2008).

Na filosofia, especialmente a empirista, existem várias controvérsias quanto ao papel da imagem


na constituição do conhecimento do real. Para alguns filósofos, a ideia é uma imagem mental do
objecto externo, isto é, um retrato ou figuração deste que aparece em nossa mente. Outros
objectam que nesse caso não seria possível termos imagens de objectos abstractos como a
virtude, sendo que por esse motivo a representação não deve ser tomada como imagem
(JAPIASSÚ & MARCONDES.

Na psicologia, o termo imagem designa toda representação sensível (auditiva, táctil etc.). Assim,
podemos ter uma imagem de uma melodia em nossa cabeça, ou a imagem de nosso corpo. Essa
imagem se distingue desse outro objecto do espírito que é a ideia, na medida em que possui
como ponto de partida uma percepção sensorial. A faculdade de produzir imagens mentais
constitui a imaginação (SILVA, 2012).
2

3. Tipo de imagem do homem na educação

De acordo com RIBEIRO et al. (2017), cada sociedade e cada época histórica tem uma
determinada concepção do ser humano ou, uma imagem ideal do homem. Essa imagem-ideal,
que engloba também a antiimagem-ideal, ou seja, a quilo que a sociedade não aceita como
padrão de comportamento dos seus membros é que vai dar forma a o processo educativo. Nas
civilizações orientais, por exemplo, onde a imagem ideal do homem está associada a um passado
idealizado, a uma suposta época de ouro, o processo educativo visa a submissão acrítica a esse
modelo situado no passado. O processo educativo entendido dessa maneira exemplifica-se
sobretudo na china, na Índia, no Egito, na Babilônia, na Palestina e na Pérsia.

3.1. Período primitivo


O período primitivo corresponde à pré-história anterior à escrita, a educação primitiva tinha
como objetivo ajustar a criança em seu ambiente físico e social através da aquisição das
experiências. O saber, neste período, é disponível a qualquer pessoa, não existe divisão social, os
chefes de família são os professores.As mudanças na educação ocorrem com a revolução
neolítica, onde é fixada uma divisão educativa, paralela à divisão do trabalho entre homem e
mulher (RIBEIRO et al, 2017).

3.2. Período Antigo


Na antiguidade acontecem transformações fundamentais para cultura, tornando-a cada vez mais
científica, mais especializada de forma diferenciada entre si, tanto pelos objetivos, quanto pelos
métodos. Nessa época, surgem diferentes modelos de Educação, de acordo com o período a que
corresponde e a localização geográfica, característica fundamental é o surgimento da escrita e do
estado na antiguidade oriental, diferenciando-se entre si (RIBEIRO et al, 2017).

Egípcia: Este povo desenvolve a escrita a partir de 3500 a.C. em hieróglifos, o conhecimento é
reservado aos altos funcionários, sacerdotes e militares. Posteriormente, o conhecimento passa a
ser difundido, porém aos níveis mais altos, ao qual só tem acesso a classe dominante. Criam-se
escolas para o povo, para filhos de funcionários seu funcionamento acontece nos templos, conta
3

com forte teor religioso, não esquecendo as questões práticas, assim, formam médicos,
engenheiros e arquitetos

Babilónia: Predomina o poder da classe sacerdotal, para os babilônicos, estes possuem


bibliotecas, noções de astrologia, procuram a aplicação prática do conhecimento. Para este povo,
a ciência mistura-se à magia, existia predominação do poder sacerdotal e já possuíam bibliotecas

Índia: É uma civilização marcada pela divisão social em castas e do budismo, eles acreditavam
que todos derivam do corpo do Deus Brahma, a Educação acontece de forma discriminatória,
privilegiando os brames; aos sudras e párias é negada qualquer forma de Educação.

China: A Educação é conservadora mantendo-se até recentemente voltada à transmissão,


apoiada nos livros interpretativos de Lao Tsé e Confúcio que datam do terceiro milênio a.C.

Hebreus: Sua educação é marcada pela religiosidade, professada pelos profetas, acontece nas
sinagogas, nela se aprendem as verdades da Bíblia, especificamente do Antigo testamento. São
politeístas, valorizam a educação manual.

Antiguidade Grega: o período arcaico, século VIII a VI a.C., traz grandes transformações no
campo político e social, surgimento da Pólis (cidades-Estado), do comércio e, conseqüentemente,
das classes sociais, da moeda.

Essas transformações são fundamentais para o surgimento do pensamento filosófico, considera-


se como período clássico (séculos V e IV a.C.). Neste período, surge a idéia pedagógica
associada à formação do cidadão, este modelo influenciou toda a educação do Ocidente.Surgem
as ciências como astronomia, geometria e matemática. O homem busca uma explicação racional
que explique a origem, o primeiro princípio de todas as coisas; é dada a supremacia à razão.A
educação tem como princípio a formação do cidadão, completo e virtuoso, para tanto é
necessário um modelo que abranja corpo e mente; concomitantemente com o surgimento do
pensamento filosófico surge a palavra Paidéia.

Educação Romana: possui caráter prático e formação civil e familiar, o cidadão possui
consciência do direito romano. O pai é figura central, a mulher possui valorização na família,
possuindo um papel educativo, para a formação do futuro cidadão. A partir do século II a.C., as
escolas organizam-se segundo o modelo Grego, existem também escolas destinadas às classes
4

inferiores para a formação profissional.A queda do império Romano, cria uma fragmentação no
mundo, o cristianismo é responsável pela sua unificação.

3.3. Período médio


A idade Média compreende o período que vai desde a queda do Império Romano e a tomada de
Constantinopla pelos turcos. Este período é caracterizado por um estado de degradação da antiga
ordem e pela divisão em diversos reinos bárbaros, formando após as sucessivas invasões. A
Educação desenvolve-se subordinada à Igreja, todo conhecimento está a serviço da fé, este deve
revelar as verdades de Deus a autoridade indiscutível está presente nos textos sagrados. A razão
deve conciliar-se com a fé. Este conhecimento é reservado ao poder eclesiástico. Desenvolvem-
se, neste momento histórico, diferentes modelos pedagógicos para classes sociais distintas,
surgem os colégios com alunos e professores, os quais servem a autoridade da igreja, ou outro
poder que a represente.A função pedagógica é a evangelização, a revelação das verdades divinas
e a salvação das almas para a vida eterna (RIBEIRO et al, 2017).

Neste período, criam-se as universidades, destinadas à medicina, ao direito e à teologia. Estas


disciplinas representam o currículo central das universidades, sem dispensar os estudos
anteriores do trivium (arte, gramática e retórica) quadrivium (aritmética, música, geometria e
astronomia).

3.4. Período Moderno

3.4.1. Era renascentista


O renascimento é o período compreendido entre os séculos XV e XVI; neste contexto, diversos
acontecimentos promovem uma mudança na concepção de homem e da própria sociedade.A
educação representa uma grande preocupação para este período em comparação com a Idade
Média, não só pela produção teórica dos pedagogos, mas principalmente pela proliferação de
colégios e manuais para alunos e professores. Educar-se torna-se uma questão de moda e uma
exigência dentro da nova concepção do homem (ARANHA, 1989, p. 94 citado por RIBEIRO et
al, 2017).

A expansão da escola, neste período, destina-se ao homem da pequena nobreza e da burguesia


que busca educar-se para a vida política e seus negócios, a classe alta educa-se com preceptores
em seus castelos, a escola volta-se a uma melhor preparação da criança devido à nova imagem da
5

infância e da família. Acontece a separação do mundo infantil e adulto, os alunos são submetidos
a uma severa disciplina, a escola passa a cuidar da formação moral do aluno, o regime de estudo
é extenso, dando continuidade ao trivium e quadrivium.

O ensino universitário encontra-se em decadência, dando espaço para as academias, instituições


privadas de alto nível, destinadas ao ensino literário ou filosófico. Com o renascimento
científico, no século XVII, surgem academias científicas.

3.4.2. Era Moderna


A Educação do século XVII esforça-se pela obrigatoriedade da escola, criando leis, programas e
níveis para tal. Porém, o monopólio das escolas permanece com a Companhia de Jesus, que
representa o modelo tradicional com base na Escolástica.O pensamento pedagógico moderno é
realista, segundo ele, o conhecimento deve partir da compreensão das coisas, voltado para a vida
prática (RIBEIRO et al, 2017).

A Educação continua diferenciada de acordo com a classe social, a educação primária é deixada
a cargo do clero, o Estado responsabiliza-se pelo ensino secundário, as universidades
permanecem com os ideais medievais e as academias correspondem às necessidades sociais,
pois, privilegiam matérias mais práticas.

O pensamento pedagógico iluminista floresce, podendo ser dividido em três principais vertentes,
os enciclopedistas, Rousseau e Kant. Os enciclopedistas são representados por D’Lambert,
Voltaire, Rousseau entre outros. Para estes, a Educação tem o papel de expressar o ideal liberal,
voltado aos interesses da burguesia.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) critica o absolutismo, de acordo com este estudiosos, o


homem é bom por natureza, corrompendo-se em seu contato com a sociedade. No romance,
Emílio descreve seu projeto pedagógico, onde a criança é educada desde o nascimento para
tornar-se um cidadão. Por sua desconfiança com a sociedade, a criança deveria viver o mais livre
possível, de preferência, adquirindo seus conhecimentos a partir da experiência.

Immanuel Kant (1724-1804), para este filósofo, a educação tem como objetivo desenvolver a
faculdade da razão, levando a formação do caráter moral, é a forma como o homem atinge seus
objetivos individuais e sociais.
6

3.5. Período Contemporâneo


As influências do século XIX, como a urbanização acelerada e o capitalismo industrial, criam um
panorama de forte expectativa com relação à educação, devido à maior complexidade do
trabalho, que exige mão-de-obra especializada. Acontece a universalização da escola secundária,
clássica para a elite burguesa e técnica para a formação do trabalhador. As linhas filosóficas que
orientam este período são o Idealismo, de Fitche, Schelling e Hegel, as idéias socialistas, e o
desenvolvimento das ciências humanas.

O ensino universitário é ampliado e reformulado, aparecendo as escolas politécnicas, tendo em


vista as necessidades decorrentes do avanço tecnológico.Surgem as escolas da primeira infância,
cujo precursor foi Froebel. A preocupação geral com a educação leva também à formação de
várias escolas normais visando a preparação para o magistério (ARANHA, 1989, p.176 citado
por RIBEIRO et al, 2017).

Surgem preocupações com a formação da consciência nacional e com a metodologia. Bem como,
pedagógicas com fins sociais, salientando a formação da criança para a vida em sociedade. A
Educação associa-se ao bem-estar social, ao progresso e à transformação. A psicologia passa a
influenciar a educação infantil, procurando uma metodologia adequada ao seu processo de
aquisição do conhecimento.

.
7

4. Conclusão

Como vimos, a educação é um processo que vem se construindo constantemente, assim como a
própria humanidade. Nos diferentes tempos, vem servindo, ora aos interesses de uns, ora de
outros, dependendo do tempo, espaço e do contexto social, no qual os sujeitos estão inseridos.

A imagem de homem contém e oferece aos educadores, um ideal e um norteador sobre o


objectivo do processo educativo, pois, clarificam questões concernentes a formação humana.
Não se trata de adoptar um “modelo ideal de homem como propósito e protótipo da educação,
mas de pensar, mais amplamente, a relação entre práticas de ensino, aprendizagem,
conhecimento, escola, sociedade e os elos de valores humanos que se constroem nos fios dessa
relação.

Deve-se pensar na educação como uma forma de entender o homem e ajuda-lo a alcançar o
melhor de si de forma individual.
8

5. Referêcias bibliográficas

JAPIASSÚ, H. e MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar,


2008.

RIBEIRO, E. S. AZEVEDO, M. S. SAGGIOMO, T. G. VIEIRA, B. A. & RIBEIRO, L. S. Breve


história da educação. 2017. Obtido aos 15 de Junho de 2020 em: http://gestaouniversitaria.com.b
r/artigos/breve-historia-da-educacao

RUIZ, M. J. F. O papel social do professor: uma contribuição da filosofia da educação e do


pensamento freireano à formação do professor. 2003.
Obtido aos 15 de Junho de 2020 em: https://rieoei.org/historico/documentos/rie33a03.htm

SILVA, A. J; WEIDE, D. F. & JÚNIOR, E. B. G. Filosofia da Educação no Brasil: conceitos E


contextos. 2012. Obtido aos 15 de Junho de 2020 em: http://repositorio.unicentro.br:8080/jspui/b
itstream/123456789/916/5/Filosofia%20da%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20no%20Brasil.pdf

Você também pode gostar