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Convicção Espírita
sábado, 27 de junho de 2015 Quem sou eu
Isso se trata de uma má compreensão de ambos os sistemas, porque se Kant disse Ensaios publicados
que eram impossíveis as provas para os fins de ciência (ou conhecimento), ele 2018:
mostrou também a necessidade da postulação desses mesmos objetos para os - O Espiritismo é uma
objetivos da filosofia prática. Em outras palavras, Kant disse ser impossível uma religião?
prova da existência de Deus, mas advogou a necessidade de uma pura fé racional
2017:
em Deus (e na alma e sua imortalidade), donde que sob este ponto de vista ele se - O Espiritismo como
compatibiliza com o Espiritismo (muito embora Kardec tenha por vezes deixado o ciência, como filosofia e
campo da filosofia prática e avançado para o campo da especulação, como já como religião
mencionado na apresentação deste Blog, o que não deixa de ser uma discordância - O Espiritismo é uma
filosofia respeitada
formal entre Kardec e Kant).
pelo mainstream
filosófico?
A filosofia de Kant é mais técnica e precisa porque foi elaborada de modo
sistemático, enquanto que as obras de Kardec concentram também as revelações 2015:
dos espíritos que não necessariamente estariam disponíveis para responder a - Compatibilidades
entre os sistemas de
todas as dificuldades, que não necessariamente obedecem a uma ordem
Kant e Kardec
sistemática e muitas carecem de demonstrações rigorosas. Por esta razão defendo
uma submissão do Espiritismo ao crivo da filosofia kantiana e não o contrário. 2014:
- Evidências (?)
O mais importante, contudo, a despeito de certas diferenças acessórias que incontestáveis (?)
comprovam (?) a
possuem as obras de Kardec e a filosofia de Kant, é que ambos centralizam na
reencarnação?
razão e na moralidade os princípios supremos da ética, da fé (em ambos racional)
e da Religião. 2013:
- Objetivo Final do
A fim de responder a algumas críticas referentes à compatibilidade entre ambos Homem na Terra
(Revista Espírita
os sistemas, cito abaixo alguns pontos de contato que considero relevantes entre
mar/1864)
as doutrinas de Kant e de Kardec. A lista deve ser complementada com o tempo, à - Uma Telha (Revista
medida que for identificando mais pontos relevantes. Espírita jul/1862)
- A propósito da
1. O caráter contingencial de Deus Imitação do Evangelho
(Revista Espírita
dez/1864)
Uma existência necessária é aquela cuja inexistência é impossível. Uma existência - O Falso São Luís
contingencial é aquela cuja inexistência é possível. A necessidade demonstra-se a (Revista Espírita
priori, ou seja, racionalmente. Já a contingência só pode ser provada jun/1860)
empiricamente, pois se o objeto não necessariamente existe, apenas - Os Tempos são
Chegados (Revista
empiricamente posso constatar sua existência.
Espírita out/1866)
- Acontecimentos
Pois bem, segundo Kant, na Crítica da Razão Pura, a existência de Deus é - Apresentação deste
contingente e não necessária. Reparem que isso não quer dizer que não deva Blog
haver um fundamento necessário (não contingente) para a existência de todas as
Sobre este Blog
coisas. Esse fundamento necessário deve sim existir. O que não é necessário é que
esse fundamento seja Deus, com todos os atributos morais que precisamos Este Blog foi criado
para a divulgação do
atribuir a ele por necessidade da nossa razão prática.
Espiritismo e para o
debate de ideias.
Isso significa que a existência de Deus, assim como os Seus atributos, só poderiam Aqueles que saibam e
ser conhecidos empiricamente e nunca racionalmente, como queriam queiram defender as
racionalistas tais como Tomás de Aquino, Descartes e outros. O problema é que suas ideias, com as
não temos os sentidos apropriados e nem a faculdade de entendimento armas da
argumentação que
apropriada (no cérebro) para um conhecimento empírico de Deus e, por isso, para
quiserem dispor, são
o homem na Terra, um conhecimento de Deus (até mesmo de sua simples convidados a se
existência) é impossível, não por uma limitação da nossa razão, mas por uma manifestarem neste
limitação material da nossa constituição empírica (animal). E se um Blog. Não há tabus para
conhecimento de Deus não é possível, ele também não deve ser sequer tentado. as críticas e ninguém
será moderado por
Isso é o que dizia Kant (o que levou alguns até a confundi-lo com um ateu).
criticar o autor deste
Blog, ou suas ideias.
Vejamos então o que a esse respeito disseram os espíritos a Kardec. Apenas duas regras
Primeiramente em O Livro dos Espíritos: devem ser observadas:
Jobard era um Espírito pesquisador, querendo subir, sempre subir. As Este Blog não possui
ideias espíritas pareciam-lhe um panorama por demais acanhado. fins comerciais,
expressa as opiniões e
Jobard representava o espírito de curiosidade; queria SABER, sempre
convicções pessoais
SABER. Essa necessidade, essa sede o impeliram a PESQUISAS QUE de seu autor e não
EXCEDIAM OS LIMITES DAQUILO QUE DEUS QUER QUE SAIBAIS. Não representa a opinião
tenteis, pois, arrancar o véu que cobre os mistérios de seu poder! Jobard de nenhuma
empunhou o arco e foi fulminado. Isto é um ensinamento: buscai o Sol, instituição pública ou
privada. Seu conteúdo
mas não sejais audaciosos a ponto de o fixar, pois ficareis cegos. Deus
pode ser livremente
não vos dá bastante, enviando-vos os Espíritos? Deixai, pois, à morte o reproduzido, desde
poder que Deus lhe concedeu: o de ERGUER O VÉU a quem o MERECE. que citado o Blog e o
Então podereis OLHAR a Deus, Sol dos céus, sem serdes enceguecidos autor do conteúdo.
nem fulminados pelo poder que vos diz: 'Não vades mais longe.' Eis o
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que vos devo dizer.
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A Verdade
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(Revista Espírita de março de 1862, adendo à comunicação do dia 20 de Selecione o idioma Powered by
dezembro de 1861)
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2. Ciência e fé
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Deus, alma e imortalidade são objetos de fé (ou de crença) e não de Ciência. E para
que essa fé se desenvolva, é preciso uma renúncia completa a qualquer desejo de
conhecimento transcendente de Deus, da alma ou da imortalidade. Kant deixou
isso bem claro no prefácio à segunda edição da Crítica da Razão Pura:
Kant, portanto, quis fazer uma clara diferenciação entre fé e ciência, tanto para
salvar a ciência como para salvar a fé, expulsando, portanto, Deus, alma e
imortalidade da ciência para que se pudesse desenvolver uma verdadeira fé (uma
fé racional) nesses objetos. O Espiritismo também tinha como fim o fomento da fé,
muito embora algumas palavras de Kardec nem sempre tenham deixado isso
claro. Mas as palavras dos espíritos sempre deixaram isso bem claro, como nesta
advertência de São Luís quanto ao pretenso caráter científico do Espiritismo, que
o desvia de sua finalidade moral:
São Luís.
Evidente que São Luís não recomenda aqui que deixemos de lado absolutamente
as questões de ciência, mas que deixemos de lado as questões de ciência apenas
no âmbito do Espiritismo, pois isso seria desviá-lo da sua finalidade moral.
Sabe-se que Kardec nem sempre seguiu isso à risca, pois ele também tinha um
pendor pela ciência. Mas os espíritos que respondiam as questões por ele
propostas pareciam ter muito bem isso em mente.
Mas isso só se dará com a precisa delimitação entre fé e ciência, que hoje
praticamente inexiste, inclusive no próprio movimento espírita, que chegam ao
cúmulo de renegar o aspecto religioso do Espiritismo (o mais importante) em
favor do seu pretenso caráter científico (que na verdade é pseudocientífico).
Kant tinha uma posição idêntica ao do Espiritismo com relação às orações que
dirigimos a Deus, ou seja, que estas orações deveriam ter um objeto
exclusivamente moral e nunca material, que não deveriam ser dirigidas orações a
Deus para a resolução de problemas do mundo (curas de doenças, prosperidade
material, felicidade, etc.), mas apenas com objetos morais. Vejamos
primeiramente a dissertação espírita:
"O dever primordial de toda criatura humana, o primeiro ato que deve
assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós
orais, mas quão poucos são os que sabem orar! (...)
A vossa prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de
que necessitais em realidade. INÚTIL, portanto, pedir ao Senhor que vos
abrevie as provas, que vos dê alegrias e riquezas. Rogai-lhe que vos
conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não
digais, como o fazem muitos: "Não vale a pena orar, porquanto Deus não
me atende." Que é o que, na maioria dos casos, pedis a Deus? JÁ VOS
TENDES LEMBRADO DE PEDIR-LHE A VOSSA MELHORIA MORAL? Oh!
não; bem poucas vezes o tendes feito. O que preferentemente vos
lembrais de pedir é o BOM ÊXITO PARA OS VOSSOS
EMPREENDIMENTOS TERRENOS e haveis com frequência exclamado:
"Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam tantas
injustiças." Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa
consciência, quase sempre depararíeis, em vós mesmos, com o ponto de
partida dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, que vos
possais melhorar e vereis que torrente de graças e de consolações se
derramará sobre vós." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVII -
Pedi e obtereis, item 22).
"Ora bem, desta índole nada mais pode haver exceto a MORALIDADE em
nós. De fato, embora a petição se refira só ao pão para o dia de hoje,
ninguém pode estar certo da atendibilidade desta oração, i.e., de que
esteja necessariamente conexa com a sabedoria de Deus a concessão do
que é pedido; pode talvez harmonizar-se melhor com tal sabedoria
deixá-lo morrer hoje desta carência. É também uma ilusão absurda e, ao
mesmo tempo, impudente tentar, mediante a insistente impertinência
da petição, se Deus não poderá desviar-se do plano da sua sabedoria
(para nossa vantagem presente). PORTANTO, NÃO PODEMOS
CONSIDERAR COMO ATENDÍVEL ORAÇÃO ALGUMA QUE TENHA UM
OBJETO NÃO MORAL, i.e., não podemos pedir algo assim na fé." (Kant
em Religião nos limites da simples razão, Quarta Parte, Segunda Seção,
§4o - Do fio condutor da consciência moral em matérias de fé,
Observação Geral, nota do item 1)
Portanto, tanto o Espiritismo como Kant dizem que não apenas são inúteis as
orações que não tenham um objeto moral, mas elas são mesmo impertinentes e
que não deveriam ser de modo algum proferidas.
Há certos trechos de O Livro dos Espíritos que só podem ser bem compreendidos à
luz da filosofia de Kant. Entre elas estão as questões relacionadas às guerras. Em O
Livro dos Espíritos lemos:
744. Que objetivou a Providência, tornando necessária a guerra?
“A liberdade e o progresso.”
Ora, que liberdade é essa que o espírito que ditou a resposta devia estar
pensando? Certamente a liberdade racional, a liberdade como exercício pleno da
autonomia, e não a liberdade da anarquia (que é uma liberdade empírica ou
material). Essa liberdade só é possível sob um Estado bem constituído que proteja
o Direito, ou seja, sob um Estado de Direito. O que objetiva então a Providência
com as guerras? O progresso do Estado que garanta o exercício da liberdade, ou
seja, o fomento do Estado de Direito. Compare-se com o que escreveu Kant a
respeito:
Com essa explicação de Kant é possível bem entender a resposta dada em O Livro
dos Espíritos. Aliás, é possível inclusive compreender certas palavras de Jesus no
Evangelho, quando ele diz:
"Não penseis que vim trazer paz à terra; NÃO VI TRAZER PAZ, MAS
ESPADA. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a
filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do
homem serão os da sua própria casa." (Mt 10:34-36)
Esses trechos são muito bem compreendidos à luz da explicação de Kant dada
acima.
"7. Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la",
também o Espiritismo diz: "NÃO VENHO DESTRUIR A LEI CRISTÃ, MAS
DAR-LHE EXECUÇÃO." Nada ensina em contrário ao que ensinou o
Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para
toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos
tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das
coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme
igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o REINO
DE DEUS NA TERRA." (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 7)
"Reino dos fins" é, para Kant, sinônimo de "reino de Deus". Então, é parte da
filosofia moral kantiana que deveríamos trabalhar pelo "estabelecimento do reino
de Deus na Terra" (ou reino dos fins), o que concorda com a predição espírita da
iminente chegada do reino de Deus. Isso também concorda com os Evangelhos
quando ele dizem, por exemplo:
“Por isso vos digo: não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que
haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso
corpo, pelo que haveis de vestir. (...) (Pois a todas estas coisas os gentios
procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
Mas BUSCAI PRIMEIRO O SEU REINO E A SUA JUSTIÇA, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de
amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia
o seu mal." (Mt 6:25-34)
E onde estaria a chave para encontrarmos o Reino de Deus, para que possamos
buscá-lo? Kant diria que em nenhum outro lugar que não na própria razão
humana, o que também concorda com o Evangelho e com o Espiritismo. No
Evangelho:
Vamos primeiramente para o que Kant entendia por "reino", que encontramos na
Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Em meu entender, só com a filosofia de Kant é possível entender como isso estaria
se dando no mundo atual, assim como o que devemos fazer para fomentar os
regimes de Direito, e podemos crer (e não saber) que a tendência de futuro é um
espalhamento cada vez maior desses regimes estatais e um encolhimento
progressivo dos regimes totalitários ou anárquicos.
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