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Administrator - Microsoft Word - Como - Deus - Cura - A - Dor - Semeadores - Da - Palavra - 3691759d PDF
Administrator - Microsoft Word - Como - Deus - Cura - A - Dor - Semeadores - Da - Palavra - 3691759d PDF
Baker
Digitalizado : Karmitta
http://semeadoresdapalavra.forumeiros.com/
2012
Markw. Baker
Como
Deus
CURA A DOR
SUMARIO
INTRODUCAO, 7
CAPITULO 2: Medo, 38
CAPITULO 3: Ansiedade, 64
CAPITULO 4: Tristeza, 84
AGRADECIMENTOS ,207
I N T R O D U ÇÃO
São oito as emoções mais intensas que qualquer ser humano pode
experimentar. Você as conhece porque já vivenciou cada uma delas,
talvez sem se dar conta do que estava realmente sentindo e sofrendo
por se sentir perdido.
Passei os últimos 25 anos estudando essas emoções. Minha formação
em Psicologia e Teologia e minha experiência como psicólogo
clinico me ensinaram como ajudar as pessoas que sofrem.
Neste livro quero mostrar, de uma perspectiva psicológica, como
e possível curar nosso sofrimento emocional, associando o tratamento
terapêutico com a antiga sabedoria milenar da Bíblia. Você
provavelmente ira se identificar com muitos dos problemas dos
pacientes que tratei em meu consultório. Suas experiências poderão
ajuda-lo a descobrir as origens dos problemas que o afligem e a
forma de resolve-los.
As emoções são uma combinação de manifestações que acontecem
em nossos corpos e em nossas mentes. Procuramos interpreta-las para
compreender nossas vidas. Não e uma tarefa fácil, mas estou convencido
de que ter consciência dessas emoções básicas pode ajudar você a
entender o que esta sentindo e a lidar com elas de forma produtiva.
A psicanalise contemporânea esta voltada para a importância dessas
emoções. Muitos psicólogos consideram que nossas ações são guiadas
mais pela emoção do que pela razão. As emoções são os marcos que nos
fazem saber se algo tem peso ou não, e os veículos através dos quais nos
conectamos com os outros. Talvez você não se lembre nitidamente do
conteúdo das experiências que o marcaram, mas provavelmente não
CAPITULO1
O PROBLEMA DA DOR
Enquanto isso, onde está Deus? Esse é um dos sintomas mais inquietantes.
Quando você está feliz, tão feliz que não tem nenhuma
necessidade Dele... e se volta para Ele com gratidão e louvor, é
recebido de braços abertos. Mas vá até Ele quando estiver em desespero,
quando tudo parece ter sido em vão, e o que encontrará?
Uma porta fechada e o barulho de uma tranca sendo passada
duas vezes. Depois disso, um silêncio. Você pode ir embora.
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SOFRER SOZINHO
“Recusar a misericórdia a seu próximo é
abandonar o temor do Poderoso. ”
Jo 6:14
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SOBREVIVENTE O U VITIMA?
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amorosa. Desejava casar e ter filhos, mas suas experiências com h o mens
a tinham decepcionado.
- Onde estão os homens bons? - perguntou-me certo dia.
- Esta sendo difícil encontrar um? - indaguei.
- Eu não acredito que haja um homem em quem eu possa confiar,
que assuma um compromisso comigo e que não me abandone
quando surgirem dificuldades. Todos os homens parecem meninos
que querem apenas se divertir - lamentou-se.
- Acho que você esta querendo meu ponto de vista como homem -
eu disse. - Mas talvez seja difícil confiar em mim, porque sou homem
também.
- Não, com você e diferente - ela discordou. - Eu confio em você.
Mas depois de algum tempo percebi que Charlene tinha dificuldade
em concordar com qualquer coisa que eu dissesse. Se eu sugeria
um sentimento que ela poderia estar experimentando, negava. Se eu
tentava repetir o que ela acabara de me dizer, discordava das minhas
palavras. Sem perceber, Charlene precisava se opor a mim. Não fazia
isso deliberadamente, mas não se sentia segura para me aceitar.
Em algum momento da terapia, Charlene me disse que fora molestada
pelo pai. Já estivera em tratamento antes com uma terapeuta mulher
e havia discutido longamente esse ponto, mas achava que não tinha
esgotado o assunto. Enfrentara o pai antes de ele morrer e tinha ficado
satisfeita por tê-lo obrigado a encarar seu comportamento perverso.
Começamos a examinar as marcas que o abuso havia deixado nela.
Por ter sido molestada pelo próprio pai, Charlene acreditava que ser
vulnerável a qualquer pessoa, sobretudo a um homem, era extremamente
arriscado e destrutivo. Se seu próprio pai tinha violado sua delicada
vulnerabilidade infantil, como poderia confiar que alguém não
faria o mesmo? Sua reação automática aos homens era de autoproteção.
O mais seguro era se defender deles, mesmo que isso conflitasse
com seu sonho de casamento.
Depois de alguns meses de tratamento, Charlene já não agia de
modo tão defensivo em relação aos homens. Agora ela sabe que tem
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não havia nada que pudesse fazer a respeito. Ele era o principal motivo
de orgulho dos pais. Ela era apenas a irmã mais nova de Alan.
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acreditar que você esta com alguém que não deseja feri-lo, mas que,
ainda assim, e capaz disso, porque e um ser humano. Alguém que deseja
construir uma relação de companheirismo e cumplicidade. Uma
pessoa capaz de pedir desculpa e de se empenhar para não repetir o
comportamento que o magoou. E isso que os amigos fazem, e esta e a
razão pela qual a Bíblia diz que os golpes do amigo são leais. Não se
esqueça
que amigos falam uns com os outros baseados no respeito e na
certeza de que são amados, mas não com a intenção de ferir. Não ha
nada melhor do que construir um verdadeiro relacionamento amoroso
com alguém que e ao mesmo tempo amante e amigo.
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NEGACAO
estável. Ele fala de seu passado dando testemunho de como Deus por sua
conversão. Agora esta casado com uma mulher bondosa e tem um emprego
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estável. Ele fala de seu passado dando testemunho de como Deus pode
nos salvar do pecado. Entretanto, Daniel nega todas as marcas que o
sofrimento deixou nele. Sua negação faz com que seu pastor perceba
que Daniel baseia mais sua forca na negação dos próprios problemas
do que na confiança na forca de Deus.
O chefe de Daniel começou a constata r alguns problemas em
seu desempenho profissional. Daniel não os admitiu e, depois de
cometer uma serie de erros que tentou minimizar, foi finalmente
demitido, o que o deixou muito humilhado. Sentiu-se injustiçado
em vez de encarar seus erros de frente. Negou tanto as faltas
quanto o sofrimento decorrente da demissão e atribuiu toda a
culpa ao chefe.
A angustia de Daniel e os sentimentos de vergonha e fracasso reprimidos
o levaram de volta as drogas. Mesmo sabendo que estava errado,
não conseguiu evitar. Escolheu o deus do vicio em vez do Deus
da vida para tentar estancar a dor.
Os meses seguintes foram um pesadelo para Daniel e sua mulher.
Ele desapareceu durante dias, e ela foi obrigada a gastar suas
economias para quitar a hipoteca da casa. Daniel estava revivendo
seu passado e arrastando com ele as pessoas mais próximas. Não
feria apenas a si próprio. Estava prejudicando também aqueles que
o amavam.
Daniel finalmente conseguiu parar de consumir drogas e voltou a
ter uma vida saudável. Agora sua mulher esta mais tranquila, mas talvez
sejam necessários anos para que ela consiga recuperar a confiança
no marido. Daniel voltou para a igreja, mas o pastor se preocupa com
sua estabilidade emocional e espiritual. Ele ainda fala na graça divina
e no quanto e grato por ter seus pecados perdoados. Mas não creio
que o pastor lhe dará qualquer cargo de confiança.
Por ter sofrido muito no passado, Daniel quer acreditar que Deus e
capaz de eliminar o sofrimento de sua vida agora. Isso e negação, não
e fé. Deus não quer que neguemos nosso sofrimento. Ele nos da forcas
para enfrenta-lo. E esse o principio espiritual que norteia a advertência
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cia dos Alcoólicos Anônimos: um dia de cada vez. Deus não remove
o sofrimento de nossa vida, mas nos da recursos para lidar com ele
diariamente. Negar nossas dores e nossos problemas e apenas justificar
nossos atos. Encara-los de frente, assumir a responsabilidade por
eles e pedir a Deus forca e sabedoria para lidar com as dificuldades e
sempre uma alternativa melhor.
Alguns psicólogos não aprovam os princípios dos Alcoólicos
Anônimos. A pratica dos AA de se voltar para uma Forca Superior no
intuito de enfrentar o sofrimento, como também de admitir a própria
impotência em relação a algumas coisas, não se encaixa na visão de
alguns terapeutas. Eu concordo com esses princípios. Perceber que
você não e Deus e que precisa de alguém para ajuda-lo e um sinal de
forca, não de fraqueza.
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CAPITULO2
Medo
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boa resposta quanto ao que fazer quando o mal acontece. Podemos recorrer
a Deus e uns aos outros em busca de conforto. Deus não criou
este mundo de modo que aviões nunca atacassem prédios e pessoas
inocentes não fossem mortas. Tragédias acontecem. Mas Ele fez este
mundo de tal modo que não precisamos percorre-lo sozinhos.
Tentar dizer a alguém que passou por uma tragédia, ou que esta
prestes a enfrentar alguma, para não ter medo, geralmente não ajuda.
Mas ficar ao lado de quem sofre pode ajudar muito. Filósofos e teólogos
continuarão discutindo por que o mal existe, mas você e eu recebemos
a resposta de como lidar com nossos medos agora.
Quando somos atingidos por insensatos atos de violência, reagimos
com medo. O principal problema não e o medo, mas sim o que
fazemos em relação a ele. Você recua e se esconde ou estende a m ao e
se une aos outros em busca de forcas para prosseguir? Muitos norte-
americanos
encontraram as forcas de que precisavam ante o terror
unindo-se a outras pessoas. O medo e tolerável se não tivermos de
enfrenta-lo sozinhos.
O medo e um elemento essencial na vida, uma reação natural a um
possível perigo. Ao enfrentar nossos medos podemos aprender muitas
coisas sobre nos mesmos, ao passo que tentar fugir deles costuma
nos levar na direção errada. Deus sabe disso. Ele não nos desvia do
“vale tenebroso”, mas nos encoraja a atravessa-lo estando conosco.
"Nenhum mal temerei” porque sei como enfrenta-lo. O medo e um
sinal para nos lembrar que a melhor maneira de lidar com uma crise
e não atravessá-la sozinho.
O MEDO DA VULNERABILIDADE
“Ouvi teu passo no jardim; tive medo, porque estava nu, e me escondi.”
Genesis 3:10
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O MEDO SAUDAVEL
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uma união fria e distante. A menina não compreendia, mas intuía que
a convivência entre os pais era péssima.
Quando tinha 9 anos, Mary descobriu que seu pai estava tendo um
caso. Isso a incomodou bastante, mas, como sua mãe decidiu permanecer
casada, o jeito foi se adaptar a situação. No principio, seus pais
brigaram por causa dessa relação amorosa, e ele prometeu termina-la.
Não cumpriu a promessa, e Mary descobriu mais tarde que o pai teve
vários outros casos durante os anos seguintes.
A partir de certo momento o pai de Mary transformou a filha em
confidente e começou a contar-lhe suas intimidades com outras mulheres.
Por um lado, Mary se sentia lisonjeada por ter acesso a historias
do m ondo adulto, mas, por outro, sentia muita repulsa. Isso criou
um dilema para ela. Queria ser a confidente do pai, já que estava finalmente
conseguindo obter sua atenção, mas detestava conhecer os detalhes
das relações sexuais dele com outras mulheres. Tragicamente,
isso ocorreu quando sua própria identidade sexual como jovem
mulher estava se formando, criando um terrível conflito. De forma
compreensível, Mary desenvolveu duas reações opostas ao sexo. Ela o
achava ao mesmo tempo excitante e nojento.
Mary se tornou sexualmente ativa na adolescência, tendo inúmeras
experiências sexuais nos anos que se seguiram. Gostava de se relacionar
com homens que mal conhecia, mas a medida que os relacionamentos
ficavam mais íntimos, o nojo assomava e ela rompia o namoro.
Mary era atraída pelo sexo, mas temia a intimidade sexual.
Na terapia, Mary detectou que o “nojo” que sentia no casamento
era um mecanismo de defesa que desenvolvera na infância para se
proteger da intimidade impropria que tinha com o pai. Ela receava
seu comportamento sexual inadequado e o uso improprio que ele
fazia dela como confidente. Para se proteger de seus medos, Mary
automaticamente
sentia nojo quando um relacionamento era ao mesmo
tempo sexual e intimo. Isso a ajudou a se afastar da intimidade sexual
impropria que tivera com o pai na infância, mas estava criando uma
distancia indesejável entre ela e o marido.
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O MEDO DE DEUS
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..e libertar aqueles que, pelo medo da morte, estavam toda a vida
sujeitos a uma verdadeira escravidão. ”
Hebreus 2:15
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Estar preparado para a morte nos deixa livres para abraçar a vida.
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MEDO DO FRACASSO
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“ Teu nome não será mais Jacó, tornou ele, mas Israel,
porque lutaste com Deus e com os homens, e venceste. ”
Genesis 32:28
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CAPITULO3
Ansiedade
O QUE E A ANSIEDADE?
“Não vos inquieteis com coisa alguma; mas apresentai a Deus todas as
vossas necessidades pela oração e pela súplica, em ação de graças.”
Filipenses 4:6
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“E não é só. Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a
tribulação produz perseverança; a perseverança, a virtude comprovada; a
virtude comprovada, a esperança. ”
Romanos 5:3-4
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“Pois Deus não nos deu espírito de medo, mas um espírito de força, de
amor e de sobriedade. ”
II Timóteo 1:7
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TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO
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cer. e sente que precisa estar preparada. Ter que se proteger constantemente
do perigo - real ou imaginário - lhe causa enorme angustia.
Paula segue uma serie de rituais para evitar que a ansiedade aumente.
Lava as mãos um numero especifico de vezes todos os dias,
não pode tocar nas portas do carro com as mãos nuas, confere inúmeras
vezes tudo o que faz e precisa contar varias vezes o numero de
voltas que da na tranca da porta antes de sair do apartamento. Ela não
quer realmente fazer isso, mas se sente muito ansiosa se não fizer. Pela
mesma razão, conta o numero de passos que da ate chegar a rua.
Paula sofre de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Pensamentos
específicos parecem pipocar em sua cabeça, e ela precisa
desenvolver determinadas ações com base em certas regras que estabeleceu
para si mesma. Embora uma parte sua saiba que isso e tolice,
Paula acredita que precisa agir assim para evitar que algo de mau lhe
aconteça.
Paula herdou esse distúrbio e precisa lutar terrivelmente para supera-
lo. Medicamentos estão ajudando, mas ela ainda sente a necessidade
de, vez ou outra, seguir ao pé da letra determinados pensamentos
e comportamentos. Sem a ajuda dos medicamentos e da terapia,
o transtorno de Paula provavelmente não melhoraria. Essa forma de
ansiedade raramente desaparece sozinha.
Não sabemos realmente o que causa o TOC, mas conhecemos pessoas
como Paula que sofrem terrivelmente com a ansiedade decorrente
dele. São obrigadas a seguir estritamente instruções auto impostas
para não serem atormentadas por uma intolerável ansiedade.
Paula sente-se compelida a cumprir suas próprias ordens mentais
com exatidão, pois acha impossível acreditar que algum mal não
recairá sobre ela se não agir dessa maneira. A Bíblia nos diz que a
letra mata, mas o Espírito vivifica. Seguir instruções ao pé da letra não
produz vida. Felizmente, por meio de uma combinação de medicamentos
e de uma forma especifica de terapia, Paula esta aos poucos
conseguindo afrouxar o controle e a rigidez. Só assim será capaz de
experimentar a vida plena, tal como Deus a criou.
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DISSOCIACAO
Uma das coisas que a mente humana faz para se proteger e dissociar.
Todos nos dissociamos num certo grau. Nas formas mais brandas,
isso acontece quando estamos dirigindo pelas ruas, talvez ate
por um trajeto conhecido, e nos pegamos totalmente desatentos. Ao
perceber que entramos no “piloto automático”, retomamos o estado
de alerta e a consciência do que se passa a nossa volta. A dissociação
ocorre quando desligamos a consciência e entramos em outro estado
mental que não percebe o ambiente que nos cerca.
Algumas pessoas sofreram ansiedade e aflição extremas na vida.
Quando isso acontece na infância, algumas recorrem a dissociação
para conseguir sobreviver. Não e uma escolha consciente, e um mecanismo
automático. A dissociação faz com que escapem para outro
estado mental que as afaste de sua aflição para um esconderijo que as
mantenha seguras.
Laura cresceu numa região pobre da cidade, numa casa onde moravam
vários membros da família. Seu pai e dois irmãos dele consumiam
drogas regularmente, estavam quase sempre desempregados
e encrencados com a policia. Laura vivia assustada e angustiada.
Durante a infância sofrera vários abusos sexuais de um tio e se sentira
impotente para evita-los. Tentou contar aos pais, mas eles não acreditaram
nela e a puniram por inventar uma mentira tão horrível. Laura
se lembra de muitas vezes ter se sentido aterrorizada pelo tio que a
ameaçava. Por se encontrar presa a essa situação horrorosa, a única
maneira que Laura encontrou para sobreviver foi mantendo todos os
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PREOCUPACAO
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- Ah, não sei - falava sem muita naturalidade. - Acho que não
devia me preocupar, mas, você sabe, e difícil não se interessar pelas
pessoas mais próximas.
Embora Samuel insistisse em afirmar que se preocupava com
aqueles que amava, eu me perguntava se essa preocupação não tinha
outros motivos. Ele sabia racionalmente que a preocupação não tem
o poder de solucionar os problemas, mas se angustiava durante horas
imaginando todo tipo de dificuldades.
Inicialmente, pensei que a preocupação de Samuel era uma forma
de se ocupar, agora que estava aposentado. Mas, com o passar do
tempo, notei que ela não brotava do amor. Era apenas produto de sua
impotência. Samuel se preocupava com as circunstancias difíceis de
sua vida e da vida dos entes amados, mas não sentia a menor possibilidade
de interferir para melhora-las. Não se tratava de uma impotência
real, pois ele era inteligente e capaz. Mas Samuel acreditava que
era impotente, sendo esta a origem de sua preocupação.
Deus nos diz que a preocupação e inútil. Não podemos prolongar
a vida nos preocupando. No caso de Samuel, além de inútil, a preocupação
contribuía para ele acreditar na própria impotência, o que
só aumentava sua preocupação. Samuel se viciou em preocupação
porque ela fazia com que ele se sentisse bem consigo mesmo. Mas era
uma satisfação temporária, logo substituída pela sensação de impotência.
E difícil romper ciclos viciosos como este.
Da próxima vez que você perceber que esta se preocupando, pergunte
a si mesmo: estou me sentindo impotente? Se estiver, peca a Deus
que o ajude a mudar essa tendência. Ele o criou com a capacidade de
agir para mudar as situações. “Pois o Reino de Deus não consiste em
palavras, mas em poder” (I Coríntios 4:20).
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Deus cuida de nossas angustias. Ele não promete que elas irão acabar
mas nos oferece uma estratégia para lidar com elas. As provações
não terão poder de tirar nossa alegria se soubermos encara-las e
enfrenta-las com sabedoria. Em vez de tentar se desvencilhar de suas
angustias, considere-as como oportunidades para fortalecer o seu caráter.
O Rei Davi teve coragem de apresentar suas tribulações a Deus
quando disse “sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração”. E com
esse tipo de coragem que devemos olhar para as raízes de nossa ansiedade.
Com a ajuda de Deus e das pessoas que nos amam estaremos
fortalecidos para enfrentar cada vez mais os problemas que nos afligem.
Este e o antidoto.
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CAPITULO4
Tristeza
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que Deus pretende para a minha vida. Se eu fosse ao menos uma boa
crista.
- Então você acha que sua depressão e falta de fé? - perguntei.
- Claro - respondeu enfaticamente. - Só preciso me esforçar para
agradar mais a Deus.
Durante os meses que se seguiram, descobrimos que o problema
de Yolanda não era falta de fé ou de forca de vontade, mas baixa
autoestima
por causa da depressão. Ela não só detestava se sentir deprimida,
como detestava a si mesma por se sentir deprimida. Para ela, a
depressão era sinal de fraqueza espiritual. Intelectualmente era capaz
de entender o texto da Bíblia que diz que ha um tempo de chorar, mas
inconscientemente não acreditava nisso. Ser triste para Yolanda equivalia
a fracassar espiritualmente.
Durante os primeiros meses de terapia, Yolanda varias vezes entrou
em depressão e desejou me telefonar. Mas não queria se sentir
dependente de m em e tentava dominar suas emoções sozinha.
- Não devo telefonar para o Dr. Baker por causa disso - dizia para
si mesma. - Tenho que ser forte o bastante para não me sentir triste.
Mas essa estratégia quase nunca funcionava. Yolanda ficava desapontada
porque seus esforços para se livrar da tristeza eram inúteis, o
que a fazia evoluir para sentimentos intensos de vergonha e depressão,
levando-a a pensar em suicídio. Esse processo de tristeza, vergonha,
tristeza ainda maior, se transformou num ciclo vicioso para
Yolanda. Ela se detestava por estar triste, o que foi se tornando um
problema muito maior do que a própria tristeza.
Depois de muitos meses trabalhando sua depressão, a tristeza e menos
intensa porque Yolanda não sente mais raiva de si mesma por estar triste.
Compreende que a intensidade de sua tristeza não e um problema tão
grave quanto o significado que ela emprestava ao sentimento.
A Bíblia ensina que ha um tempo para cada sentimento. Se acreditarmos
que ficar triste significa algo ruim, que nos enraivece, e
tentarmos com todas as forcas nos livrar da tristeza, teremos sérios
Problemas. A sabedoria bíblica diz que ha um proposito para cada
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“ Jacó rasgou suas vestes, cingiu os seus rins com um pano de saco,
e fez luto por seu filho durante muito tempo. ”
Genesis 37:34
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que sua missão na vida era servir a Deus e aos outros, sobretudo os
mais carentes. Ele dizia: “Eu vivo simplesmente para que os outros
possam simplesmente viver.” Era generoso e nunca se queixava das
obrigações que assumia.
Dois anos antes da terapia, sua mãe caiu gravemente doente e morreu.
O velho pai morreu logo depois. A missão de Jimmy passou a ser
cuidar do irmão doente. Dedicou-se a ele de tal forma, que o irmão
melhorou e atingiu um nível de atividade surpreendente. Jimmy ficava
encantado com o progresso e pensava que os pais deveriam estar
orgulhosos.
Então, muito repentinamente, seus dois melhores amigos morreram,
o primeiro em um acidente de automóvel, o outro de um câncer
galopante. Um mês depois seu irmão morreu durante o sono. Em
poucos meses a estrutura de apoio de Jimmy desmoronou.
Apesar de nunca ter considerado a hipótese de uma ajuda terapêutica,
Jimmy foi trazido ao meu consultório completamente arrasado.
- E demais! - gritou em nossa primeira sessão.
- Eu sei - respondi calmamente.
- Como Deus permitiu que isso acontecesse? - perguntou.
- Não sei - respondi.
- Não aguento mais ouvir meus companheiros da igreja dizerem
que Deus sabe o que faz. Não posso concordar com isso - disse Jimmy
indignado. - Fui fiel, dedicado, obediente. Como Deus pode ser tão
injusto?
Nem todo luto e tão complicado quanto o de Jimmy. Mas todo
luto e sofrido. Ele perdeu muitas pessoas e sofreu muitas decepções
de uma vez só. Assim como Jo, Jimmy também se sentia da seguinte
forma: “Quando me deito, penso: quando virá o dia? Ao me levantar:
quando chegará a noite? E pensamentos loucos invadem-me até o
crepúsculo.”
Apesar da imensa dor, o luto intenso de Jimmy era na verdade uma
reação normal a uma situação anormal. Qualquer um no seu lugar
ficaria destrocado e deprimido. Não era a ausência de fé que trazia
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“Por que estás com a fisionomia triste? Não estás doente? Não,
certamente é teu coração que está aflito!”
Neemias 2:2
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DESESPERANCA
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DESVALORIZACAO
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SOLIDAO
“Minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo.”
Mateus 26:38
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IDEIAS SUICIDAS
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- Que bom. Estamos juntos nisso, e fico contente porque você esta
mantendo nosso acordo - disse-lhe levemente aliviado.
Infelizmente, esse era um dialogo comum nos primeiros meses
de terapia. Amy se sentia quase sem controle sobre sua vida. Tinha
pouquíssimas lembranças de momentos felizes ou de bons relacionamentos.
Na infância, Amy tivera a impressão de ser apenas um
objeto a ser usado pelos outros e descartado quando não interessava
mais. Para ela, o suicídio era a solução logica para uma vida de impotência.
Poderia controlar a dor interna, acabando com ela de uma
vez por todas. Em seu raciocínio depressivo e distorcido, o controle
psicológico era mais importante do que a sobrevivência física. Ela
queria ter a ultima palavra sobre sua vida. Queria ter um mínimo
de controle.
No decorrer de muitos meses de psicoterapia e de uso de alguns
potentes antidepressivos, Amy parou de ir para o hotel onde planejava
se matar. Com o passar do tempo as ideias suicidas foram
esmaecendo, e Amy passou a se sentir melhor. Ainda ficava deprimida,
mas recorria a outras opções. Uma delas era me falar sobre
seus sentimentos dolorosos e, juntos, tentarmos entende-los. Contar
com alguém para compreender os nossos sentimentos alivia e ajuda.
Amy aprendeu que havia maneiras muito mais produtivas de lidar
com a dor e controlar a vida. Ela precisava desesperadamente dessa
sensação de controle para sobreviver.
Ideias suicidas são frequentes em pessoas que sofrem de depressão
grave. E uma tentativa equivocada de adquirir controle sobre
uma vida de sofrimento. Felizmente, existem outras opções. Deus
nos ofereceu muitos outros recursos, como a possibilidade de encontrar
alivio e conforto conversando sobre a nossa dor com alguém
em quem confiamos. Se você já teve pensamentos suicidas,
deve saber que e a depressão que nos leva a considerar a m horte como
opção para o sofrimento. Essa porem e a pior das escolhas. Talvez
seja difícil aceitar isso quando se esta deprimido, mas tenha certeza
de que você pode ser ajudado.
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ISOLAMENTO
“Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. ”
Lucas 22:43
Gloria detestava se sentir triste o tempo todo. Apesar de saber que isso a
afastava das outras pessoas, parecia não conseguir evitar. Procurava pensar
de forma positiva, mas lutava contra seu abatimento havia muitos anos.
- Tenho um problema com minha autoestima - disse-me em uma
sessão. - Eu não gosto de mim mesma.
~ Então se você se amar vai se sentir melhor? - indaguei.
- Isso mesmo. Só preciso que você me diga como me amar. Se você
Pudesse me aconselhar, mostrando-me o que estou fazendo de errado>
eu seria capaz de mudar - disse ela.
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Gloria se sentia mal com ela mesma e não queria que ninguém
percebesse. Quando era magoada, tentava ocultar seus sentimentos
e resolver a magoa sozinha. As vezes, ficava tão abatida que não conseguia
sair da cama por vários dias. Trancava-se em casa e chorava
dias seguidos. Seu grande erro era que, ao ficar triste, ela se isolava.
Apos vários meses de terapia, Gloria começou a melhorar. Sua tristeza
não dura tanto tempo, nem e tão profunda como antes. Gloria esta
fazendo algo novo em sua vida: parou de se isolar. No principio não foi
fácil, mas ela foi percebendo que quando fala sobre suas emoções
dolorosas
com alguém em quem confia se sente melhor. O contato com uma
pessoa que compreende a profundidade de sua dor e a ajuda a organizar
seus sentimentos lhe traz conforto. Em nossas sessões ela vai recuperando
lembranças e sensações que precisam ser mais bem compreendidas.
Tristeza e depressão podem levar ao isolamento. Como se sente
mal, você acha que os outros não vão querer sua companhia. E verdade
que algumas pessoas não se interessam em saber da nossa tristeza,
provavelmente porque não querem ser lembradas das próprias
tristezas. Mas certamente não e verdade que o isolamento seja uma
boa opção quando se esta triste.
Da próxima vez em que você estiver muito triste e implorar para
que Deus o ajude em sua dor, lembre-se do que Ele fez com Jesus.
Deus não fez desaparecer o motivo da dor, mas enviou um anjo para
conforta-lo. Olhe com atenção para as pessoas que o cercam. Você
certamente encontrara um anjo disfarçado.
Todo mundo adora rir. Rir nos deixa mais leves e nos ajuda a desfrutar
a vida. Mas ha momentos em que o riso e usado para esconder
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atender. Amava sua mãe e era leal a ela, mas não tinha sido capaz de
faze-la feliz. Por isso se sentia fracassada, o que a deixava muito ansiosa
todas as vezes que se envolvia com um homem. Num nível inconsciente,
tinha medo de não conseguir fazer alguém feliz, e a ideia de
iniciar um relacionamento com um homem parecia um fardo.
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arrependimento.
Maria passara a vida remoendo remorsos, e isso não a ajudava
a mudar.
Maria ainda luta com a culpa, mas agora procura atribuir menos
importância ao medo e as falhas, valorizando mais seus esforços para
restaurar seu relacionamento com Deus e com as outras pessoas.
Quando se sente culpada, não fica pensando no que fez de errado,
mas no que pode fazer para acertar da próxima vez. Para ela, a culpa
e um indicador de que precisa pedir desculpas a quem ofendeu para
reatar o relacionamento. Ficar remoendo as culpas não e construtivo.
Curar as feridas causadas por nossos atos e um movimento de amor.
HUMILDADE
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trabalha com afinco pelos outros. Seu lema na vida e que a alegria
consiste em colocar Jesus em primeiro lugar, depois os outros, e por
ultimo ela mesma. Ela considera que se colocar em ultimo lugar e
ser humilde.
Embora se declare cheia de alegria por ser crista, no intimo,
Patrícia se sente muito triste. A verdade e que ela não se coloca em
ultimo lugar por achar que e a melhor escolha, mas porque acredita
que nunca merece ser a primeira. Ela homenageia os outros porque
não crê que merreca ser homenageada.
Patrícia confunde humildade com vergonha. Ela ama a Deus, mas
no fundo não acha que merreca Seu amor em troca. A maior parte
do tempo se sente em falta e apenas espera que Ele a perdoe e a livre
da condenação. Patrícia se acha moralmente defeituosa e incapaz de
viver de acordo com o que considera os padrões divinos. Não esta
em busca de uma vida alegre. Esta tentando escapar do incomodo de
uma vida vergonhosa.
Depois de alguns meses de terapia, Patrícia começa a distinguir
vergonha de humildade. Ela já consegue notar que humildade não
implica se depreciar. Ao falar de sua infância e de como sempre se
sentiu um peso para sua mãe, um fato interessante começou a acontecer.
Esta percebendo que costumava se colocar em ultimo lugar por
medo, não por virtude. Esta descoberta a fez gradativamente mudar
de atitude. Quando escolhe dar prioridade aos outros, na maioria das
vezes ela o faz por amor.
Patrícia se colocava em ultimo lugar porque, quando criança, receava
chamar a atenção sobre si mesma. Sua mãe estava sobrecarregada
com a criação de seis filhos, fazendo com que a filha sentisse que
suas necessidades e sentimentos a sobrecarregavam. A menina então
aprendeu a se calar sobre suas carências e a considerar seus sentimentos
insignificantes. Isso progrediu, e ela passou a se ver como insignificante.
A terapia a fez descobrir que sua definição de humildade não
havia sido extraída da Bíblia, mas de sua relação com a mãe. A definição
bíblica de humildade e ver a si mesmo com justa estima e servir
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A VERDADEIRA AUTO-ESTIMA
“Se, portanto, eu, o Mestre e o Senhor, vos lavei os pés, também deveis
lavar-vos os pés uns aos outros. ”
Joao 13:14
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Quando o conheci, o Dr. Travis estava com cerca de 80 anos, mas era
tão ativo e interessante que achei proveitoso participar de um seminário
conduzido por ele.
Desfrutei muito esse tempo que passei com o Dr. Travis. Ele era uma
pessoa culta e instigante e nos fazia refletir sobre questões inusitadas.
Dele recebi uma lição importante sobre a verdadeira auto-estima. Vi
em seu gabinete um retrato em que o Dr. Travis estava ao lado de dois
homens. Perguntei a um colega quem eles eram e, para minha surpresa,
fiquei sabendo que se tratava de dois ganhadores do Premio Nobel. O
colega acrescentou: “O Dr. Travis tem amigos no Olimpo.”
Fiquei aturdido. Eu convivera durante algum tempo com um
homem que conhecia pessoalmente ganhadores do Premio Nobel da
Paz e nunca mencionara isso. Fiquei pensando em outros possíveis
aspectos especiais de sua vida que ele não via necessidade de contar.
Ao contrario, sempre que conversávamos, o Dr. Travis parecia interessado
em uma única coisa - em mim. Eu saia de cada aula com
aquele grande homem me sentindo importante pela maneira como
ele me tratava. Era uma pessoa que possuía a verdadeira autoestima.
Tinha consciência do próprio valor e se sentia tão bem com isso que
estava livre para dedicar sua atenção aos outros - mesmo a inexperientes
e imaturos alunos de faculdade. Foi então que percebi que estivera
na presença não apenas de um grande psicólogo, mas de um
grande homem.
Foi por meio de experiências como essa com o Dr. Travis que
desenvolvi um teste que nos ajuda a saber se estamos diante da verdadeira
ou da falsa autoestima. A pergunta e: “Como você se sente
em relação a você mesmo quando esta com determinada pessoa?”
Quando nos encontramos diante da verdadeira autoestima nos sentimos
encorajados e melhores. Mas, se a autoestima for falsa, nos
sentimos diminuídos e humilhados. Aqueles que possuem a verdadeira
autoestima tem um tipo de humildade que os liberta para se
dedicar aos outros. Eu tive a sorte de conhecer uma pessoa assim: o
Dr. Lee Edward Travis.
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A FALSA AUTO-ESTIMA
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Já que culpa e vergonha são distintas, a cura para cada uma e diferente.
Para tratarmos a culpa, temos de agir de forma diferente. Nos
nos comportamos mal e agora precisamos nos corrigir. Para eliminar
a vergonha, precisamos sentir que somos diferentes. Como algumas
pessoas usam a culpa para encobrir a vergonha, elas acham que a solução
e agir de forma diferente. Mas de nada adianta, porque continuam
a se sentir desvalorizadas.
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CAPITULO6
Raiva
O QUE E A RAIVA?
“Irai-vos, mas não pequeis: não se ponha o sol sobre a vossa ira.”
Efésios 4:26
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sua aparente frieza. O medo de ser abandonada fazia com que ela revivesse
os muitos anos da infância em que se sentira só e desamparada.
A medida que pararam de falar sobre a raiva e passaram a conversar
sobre a magoa e o medo encobertos por ela, a situação começou a
mudar. A raiva que Christopher e Cassandra sentiam apontava para
sentimentos mais profundos e vulneráveis com os quais precisavam
aprender a lidar. Em vez de ser o problema, a raiva era apenas um
sintoma.
Sentir raiva não e mau, nem e pecado. Mas se não identificarmos a
magoa, o medo ou a frustração que a provocam, ela pode causar um
dano serio. O ensinamento bíblico “Não se ponha o sol sobre a vossa
ira” é um bom conselho. Como a raiva e uma energia que emerge
para solucionarmos um problema, não deixe o dia acabar sem resolver
essa dificuldade. Não se deixe consumir pela raiva. Use essa energia
para encontrar o problema que esta por trás dela.
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ÓDIO
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Sarah veio para a terapia por causa de sua ansiedade. Ficava irritada
a maior parte do tempo e vivia com um “no” no estomago. Era
uma jovem viúva cujo marido morrera num acidente de automóvel.
- Desde que Cory morreu, minha vida mudou completamente -
disse Sarah.
- Foi trágico ele morrer tão jovem - repliquei suavemente.
- Eu sei, eu sei - ela falou olhando para longe. - Ouvi tudo isso no
grupo de apoio que frequentei. O grupo não me ajudou muito.
- Sei que você se sentia frustrada e incompreendida no grupo. Não
ha um jeito certo de sofrer o luto - eu disse.
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A Bíblia nos diz que sua ira dura um momento; seu favor, a vida
inteira. De tarde vem o pranto; de manhã, gritos de alegria. Enfrentar
a raiva facilita o processo do luto. Ha um tempo para se revoltar e
chorar, e dessa forma Deus prepara nosso coração para as alegrias que
vira o. E uma tarefa árdua, mas e o jeito de abrir espaço no coração
para um futuro amor.
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Você vai gostar de saber que Sarah esta se sentindo menos inconformada.
Depois de muitas sessões falando sobre sua revolta e solidão,
ela começa a experimentar outros sentimentos que achava ter
perdido para sempre. Sente vontade de ligar para alguns amigos, esta
dormindo melhor e pensa em voltar a estudar. Ainda sofre bastante
com a morte de Cory, mas não existe mais revolta. Como decidiu processar
a raiva e o luto, esta começando a aceitar a vida como e agora e
como poderá ser no futuro.
ADULAÇÃO
“O homem que lisonjeia seu próximo estende uma rede sob seus pés. ”
Provérbios 29:5
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“Isso podeis saber com certeza, meus amados irmãos: que cada um esteja
pronto para ouvir, mas lento para falar e lento para encolerizar-se.”
Tiago 1:19
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AGRESSÃO
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VIOLÊNCIA
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REPULSA
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RESSENTIMENTO
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VINGANÇA
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INVEJA
Na historia de Caim e Abel, Deus pediu aos dois irmãos que oferecessem
sacrifícios. Abel, que cuidava das ovelhas, “ofereceu as primícias
e a gordura de seu rebanho” (Genesis 4:4), que era o que de melhor
possuía.
Caim, que era lavrador, trouxe “produtos do solo” (Genesis 4: 3),
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CIÚME
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por ela sempre que houvesse qualquer ameaça. Dessa forma, os dois
se conheceram melhor. Gabrielle percebeu que teria de administrar
melhor sua impulsividade e prestar mais atenção nos sentimentos do
marido.
A Bíblia nos diz que “pois o ciúme excita a raiva do marido, e no dia
da vingança não terá piedade” (Provérbios 6: 34). Esta e uma forma
perigosa de raiva que precisa ser tratada com cuidado. Mas nem todo
ciúme e negativo. As vezes e um aviso de que algo valioso precisa ser
protegido. E por isso que Deus descreve a si mesmo como um Deus
ciumento. Ele esta disposto a agir para proteger e deseja que façamos
o mesmo. Querer proteger seus relacionamentos valiosos não e
intolerância,
mas um ato de amor, e a raiva que surge motivada pelo
ciúme pode nos orientar nessa direção. Algumas vezes, expressar
nosso ciúme divino e a coisa mais adorável que podemos fazer.
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CAPÍTULO7
Felicidade
GRATIDAO
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CORAGEM
“Sede fortes!”
I Coríntios 16:13
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“Alegrai-vos sempre no Senhor!”
Filipenses 4:4
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O MITO DO MATERIALISMO
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A BELEZA
“Enganosa é a graça. ”
Provérbios 31:30
Bianca era feliz. Crescera numa família rica, estudara numa excelente
faculdade particular, era muito popular e bonita. Sentia-se
grata p o r isso. Tinha um bom emprego e era generosa com os
outros.
Bianca aprendeu a não se queixar de suas decepções, porque,
quando o fazia, raramente encontrava muita solidariedade. Ao tentar
dividir sua tristeza com alguém, era interrompida como se não
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devesse reclamar. Não era possível que uma pessoa tão abençoada
pudesse se queixar de alguma coisa.
Isso a levou a separar o que sentia da imagem que exibia para o
mundo externo. Temendo que a criticassem por um sentimento negativo,
ela procurava ser o mais agradável possível, para corresponder
a expectativa dos outros.
- Eu me sinto culpada por estar aqui - disse Bianca em nossa primeira
sessão, olhando para baixo.
- Acha que não precisa de terapia? - questionei.
- Bem, acho que todo mundo pode se beneficiar dela, mas tenho
tanto a agradecer. - E continuou depois de uma pausa: - O problema
e que não consigo parar de me sentir triste. E isso não faz sentido.
- Compreendo. Você se julga culpada por se sentir triste - resumi.
- Acho que e isso. Ha tantas pessoas em situação pior, que não me
sinto com o direito de me queixar - lamentou.
- Bem, vai ser difícil falar de seus problemas se você encarar a tristeza
como uma queixa - retruquei.
- Bom, e assim que eu vejo. Talvez seja por isso que eu estou aqui
- disse.
Bianca estava sofrendo da síndrome da mulher bonita. Tinha consciência
de que atraia as pessoas, mas isso não significava que gostassem
dela. Era agradável ser desejada, mas também queria ser valorizada.
Não compartilhava seus pensamentos e sentimentos, porque os
outros não pareciam interessados. Aprendeu que se fosse superficialmente
agradável as pessoas gostariam de estar com ela. Todos admiravam
sua aparência, mas ela não sabia ao certo se gostavam dela.
Estar diante de uma mulher bonita nos faz bem. Mas também pode
nos fazer mal. Sentimos inveja da beleza que estamos vendo naquela
pessoa e, com a mesma rapidez com que somos atraídos, podemos
ficar ressentidos. Bianca tinha consciência clara disso e ficava insegura
para conversar sobre seus sentimentos íntimos.
Se a beleza física representa o único valor de alguém, deixamos de
ver a pessoa completa. Este era o preço que Bianca pagava em seus
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relacionamentos. E claro que Bianca se sentia feliz por ser bonita, mas
esse efeito era fugaz. O que ela desejava era desenvolver relacionamentos
capazes de lhe proporcionar uma felicidade mais profunda.
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A CEITAR A SI MESMO
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gila”. Somos todos jarros de argila imperfeitos, por mais que nossas
metas e ideais sejam bons. Aprender a nos aceitar como recipientes
imperfeitos dos grandes tesouros que residem dentro de nos e um dos
segredos para levar uma vida verdadeiramente feliz.
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CONTENTAMENTO
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e fazia sucesso com garotas bonitas. Como seu lar era infeliz, buscava
alegria em atividades externas.
Ao chegar a vida adulta, Shawn praticava bem vários esportes radicais,
tinha uma vida social ativa e experimentava varias parceiras
sexuais. Essas atividades excitantes lhe davam alegria, e Shawn se tornou
dependente delas para se sentir feliz. Assim como um alcoólatra,
ele não estava apenas tentando ter alegria, mas também evitar a infelicidade
de que sempre fugira.
Apos muitos meses de terapia, Shawn começou a entender por que estava
prestes a pedir o terceiro divorcio. Percebeu que felicidade para ele
dependia de novidades e entusiasmo. Foi preciso dedicar muito tempo
falando e examinando os aspectos tristes e difíceis de sua vida para que ele
fosse aos poucos descobrindo que havia um outro tipo de felicidade: estar
contente consigo mesmo sem precisar da excitação da novidade para causar
euforia. Shaw descobriu que sua principal dificuldade não era manter
o interesse sexual num relacionamento monogâmico. O difícil era se sentir
contente. Como muitos homens, ele não havia aprendido a lidar com
sentimentos
desagradáveis. Como resultado do trabalho na terapia, Shawn
decidiu que queria aprofundar o relacionamento com sua atual mulher.
Shawn ainda acredita que os homens são pré-programados para
caçar e colher. Mas agora sabe que eles podem encontrar felicidade
duradoura no contentamento resultante de uma relação solida e de
um amor companheiro.
Existe uma felicidade que transcende as circunstancias da vida. A
Bíblia nos diz que podemos encontrar essa felicidade se aprendermos
a estar acostumados a todas as vicissitudes. Enfrentando a dor, em vez
de buscar a excitação para encobri-la, somos capazes de encontrar uma
forma de felicidade duradoura que se origina do contentamento.
ESPERANÇA
“...alegrando-vos na esperança.”
Romanos 12:12
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PERDÃO
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CAPÍTULO8
Amor
O SEGREDO CRISTÃO
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AMAR AO PRÓXIMO
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O AMOR AO D INHEIRO
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AMOR ROMÂNTICO
“Há três coisas que me são mistério, quatro mesmo que não compreendo:
o voo da águia nos céus, o rastejar da cobra no rochedo, a navegação de
um navio em pleno mar, o caminho de um homem junto a uma jovem.”
Provérbios 30:18-19
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tuido pelo afeto. Poderá ser revivido de tempos em tempos, mas não
permanecera no mesmo nível de intensidade que tinha nos primeiros
dois anos. O amor romântico e o meio que Deus usa para nos fazer
entrar nos relacionamentos, e a experiência de construção de um
amor companheiro e Seu meio para nos manter neles.
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sair da cidade e seguir em frente. Não fazia a menor ideia para onde
queria ir, apenas sentia vontade de largar tudo.
Como esses sentimentos e essas ideias a estavam incomodando,
Anita procurou a terapia. Disse ser grata por sua vida maravilhosa e
pediu que eu a ajudasse a entender suas contradições.
- Outro dia eu estava vendo um programa sobre aquela atriz nova
que esta fazendo uma turnê pelo pais - Anita me confessou. - De
repente eu me imaginei entrando em um avião e saindo de ferias para
sempre - falou.
- Parece que isso lhe deu alivio - comentei.
- Deu mesmo - disse Anita, com um sorriso. - Um grande alivio.
Mas eu me sinto ingrata e egoísta! Apesar de ter uma família que me
ama e uma carreira que muitas mulheres desejariam ter, fico planejando
abandonar tudo. O que significa isso?
Anita estava confusa com a própria reação. Amava tudo o que tinha
e apesar disso sentia esse desejo de libertação. Dedicava-se de todo o
coração a tudo o que fazia, mas o trabalho árduo não iria ajuda-la a
resolver seu problema. De fato, ele fazia parte do problema.
Anita era filha única e seus pais se divorciaram quando ela era
muito pequena. Ela não se recorda do pai, mas lembra de como a
mãe trabalhava arduamente para lhe proporcionar uma vida boa.
Anita e grata pelo amor e pelo apoio da mãe e, embora enfrentassem
muitas dificuldades, não trocaria o relacionamento com sua mãe por
nenhum outro.
Mas Anita não sentia apenas admiração e amor por sua mãe. Ela
também sentia obrigação de ser boa para ela. Como sabia o quanto a
mãe se desgastava para educa-la sozinha, tratava de nunca lhe causar
problemas, nem de se tornar um peso para ela. Anita acreditava que,
para ser uma boa filha, não podia fazer nada errado.
A mãe de Anita tinha muito orgulho da filha e a deixava exultante
quando dizia para os outros que ela era uma menina perfeita. Apesar
de saber que a mãe a amava, inconscientemente Anita estava mais
preocupada em ser aprovada por ela. Procurava de todas as maneiras
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AMOR FRATERNO
“Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos.”
Salmo 133:1
O tempo que passei com esse grupo veio a ser uma das experiências
mais significativas de minha vida adulta. Vinte anos depois, alguns
daqueles homens ainda são meus amigos mais chegados. Nos riamos,
chorávamos, contávamos nossas historias e rezávamos uns pelos outros
de um modo que nunca faríamos se as mulheres estivessem presentes.
Lembro-me de um sábado em que eu estava sentado em circulo
com outros seis homens do nosso grupo. Eram todos lideres na comunidade
e na igreja, e eu me sentia honrado por me encontrar entre
eles. Estávamos ali para nos apoiarmos mutuamente, e havia só uma
regra - o que quer que fosse dito ficava apenas entre nos. Vincent foi
o primeiro a falar. Ele era um líder bastante conhecido na comunidade
e um homem de boa reputação na igreja.
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O AMOR D E DEUS
“Mas eis aqui uma prova brilhante do amor de Deus por nós: quando
éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.”
Romanos 5:8
Tinha poucos amigos, mas não parecia se importar muito com isso.
Sua mulher era um tanto passiva e não o enfrentava, o que fazia Peter
pensar que estava certo em seu comportamento agressivo. Ele não era
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feliz assim, mas procurou a terapia por causa do estresse que estava
atravessando em consequência de graves perdas financeiras.
- Não posso acreditar que aqueles idiotas não viram que isso ia
acontecer - queixou-se Peter.
- E frustrante quando as pessoas em quem confiamos não correspondem
as nossas expectativas - eu disse.
- Mas era obrigação deles! - gritou - Se tivessem sido mais responsáveis,
eu não estaria encalacrado.
- Eu sei - respondi.
- Eu controlava minha parte no negocio. Não me conformo por
ter sido tão estupido a ponto de me deixar envolver por aqueles imbecis
- retrucou Peter, com o rosto vermelho.
Peter passou um bom tempo queixando-se da burrice e da incompetência
dos outros, atribuindo a eles a culpa do seu estresse. Mas isso
não aliviava sua angustia. Além de ficar cada vez mais infeliz, estava
contaminando com sua amargura todos ao seu redor. Peter achava
defeito em todo mundo.
Não era difícil ver que Peter estava lutando contra um intenso sentimento
de inadequação. Seu pai tinha sido duro com ele, e sua mãe
nunca o protegera das criticas ásperas que o menino recebia. Peter
crescera sentindo-se inadequado, e isso fez com que na vida adulta ele
tivesse tanta dificuldade de relacionamento.
Trabalhar na terapia com Peter ficava mais difícil quando eu me
tornava alvo do seu desapontamento. Ele muitas vezes tinha a impressão
de que eu não o compreendia, que meus comentários eram
impróprios. Não era fácil tentar ajudar alguém de quem eu pessoalmente
não gostava.
Pedi então a Deus que me orientasse. Não compreendo muito bem
como a oração funciona, mas ela sempre me ajuda.
Algum tempo depois, durante uma de nossas sessões difíceis, um
pensamento me ocorreu. Eu era como Peter. Quando me sentia exposto
ou inadequado, tentava me justificar com explicações racionais.
Usar criticas e acusações era um mecanismo de defesa automático em
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mim. Uma das razoes que me fazia rejeitar Peter e que eu via nele o
mesmo tipo de mecanismo de defesa que eu usava, e isso me fazia mal.
Tomar consciência do quanto posso ser defensivo e critico com os
outros me ajudou a olhar Peter de outra maneira. Deus me ama tal
como eu sou, e o mesmo acontece em relação a Peter. Tive a sensação
de que, no processo da terapia, Deus estava tentando comunicar seu
amor incondicional a Peter através de mim. Passei a sentir por ele
um amor que só pode vir de Deus. Para mim, a terapia se torna as
vezes um espaço sagrado onde Deus se faz conhecer com mais clareza.
Acho que o tratamento de Peter foi um desses momentos.
Gostaria de dizer que Peter se transformou completamente com a
terapia, mas isso não aconteceu. Ele passou a ser menos critico com
a mulher, tomou um rumo mais positivo em sua carreira e se tornou
uma pessoa menos infeliz. Num dado momento, perto do fim do
tratamento,
Peter se referiu a mim como seu “melhor amigo”. Fiquei
surpreso e me senti privilegiado. Peter não se sentia chegado a ninguém,
e este talvez fosse um primeiro passo para se aproximar dos
outros. Estou convencido de que isso não seria possível sem a ajuda
de Deus.
Meu relacionamento com Deus e uma das áreas da minha vida
onde não preciso me defender. Posso me sentir exposto e inadequado
sem ficar envergonhado. No relacionamento com Deus me sinto
aceito tal como sou e amado, apesar das minhas falhas e imperfeições.
O amor incondicional de Deus por mim me fortalece para amar os
outros, apesar de todas as dificuldades.
Conta a Bíblia que Deus criou o mundo para que pudéssemos
ama-Lo e Ele pudesse nos amar. O Novo Testamento nos diz que
ele enviou seu filho para provar isso. Em Romanos 5:8 encontramos:
“Mas eis aqui uma prova brilhante do amor de Deus por nós:
quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.” Deus nos
ama mesmo em nossos piores momentos. Não precisamos ser diferentes
para receber Seu amor. E uma experiência poderosa receber
esse amor, e uma experiência curadora dá-lo aos outros.
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E s t e livro e o resultado de muitos anos de esforço e de contribuição
de muitas vidas. Sou grato ao Dr. Robert Stolorow e ao Dr. Howard
Bacal, que m e ensinaram a ouvir a emoção da vida das outras pessoas,
assim como a minha própria. Sou grato também aos meus colegas e
amigos no La Vie Counseling Center que dividiram comigo o trabalho
da psicoterapia durante mais de 20 anos. Fico contente porque
Susan Hobson e Richard Pine da Inkwell Management transformaram
em realidade a visão deste livro. Quero agradecer a Dwight Case,
Don Morgan, Eugene Lowe e J. D. Hinton por me apoiarem
emocionalmente,
e a Dennis Palumbo por me dar clareza quando precisei. E
sou especialmente grato a Geraldo, Regina, Marcos e Tomas da Veiga
Pereira, da Editora Sextante, pela sabedoria que demonstraram ao levarem
meus livros para o Brasil, onde sou tão bem recebido.
Eu não teria conseguido escrever este livro se não fosse a vulnerabilidade
de meus pacientes e sua disposição de compartilhar comigo
seu sofrimento na busca pela cura. E minha maior gratidão e a
Deus, por me proporcionar a oportunidade de realizar esse trabalho
e por me abençoar, a minha mulher Barbara e aos nossos três filhos,
Brendan, Aidan e Brianna.
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