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ANOTAÇÃO DE AULA
SUMÁRIO
1. Relação Obrigacional
Relação obrigacional é a relação jurídica transitória, estabelecendo vínculos jurídicos entre credor e devedor, cujo
objeto é uma prestação, positiva ou negativa, garantindo o cumprimento, sob pena de coerção judicial.
2. Vínculo jurídico
Segundo a teoria dualista, toda relação obrigacional é composta de dois elementos: débito (schuld) e
responsabilidade (haftung).
O que é o débito (schuld)? Débito é a relação de direito material entre credor e devedor.
DIREITO CIVIL. COBRANÇA DE TAXA DE MANUTENÇÃO EM CONDOMÍNIO DE FATO. RECURSO REPETITIVO (ART.
543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). TEMA 882.
As taxas de manutenção criadas por associações de moradores não obrigam os não associados ou os que a elas
não anuíram. As obrigações de ordem civil, sejam de natureza real sejam de natureza contratual, pressupõem,
como fato gerador ou pressuposto, a existência de uma lei que as exija ou de um acordo firmado com a
manifestação expressa de vontade das partes pactuantes, pois, em nosso ordenamento jurídico positivado, há
somente duas fontes de obrigações: a lei ou o contrato. Nesse contexto, não há espaço para entender que o
morador, ao gozar dos serviços organizados em condomínio de fato por associação de moradores, aceitou
Por outro lado, a responsabilidade (haftung) é a sujeição patrimonial do devedor ao credor, ou seja, quando o
devedor não cumpre espontaneamente o débito, o ordenamento jurídico, diante da pretensão do credor, pode
atingir os seus do inadimplente pela via processual e, coercitivamente, obter dele tudo o que deixou de cumprir.
Portanto, o credor pode buscar bens no patrimônio do executado. Pergunta-se: quais são esses bens?
ATENÇÃO: em que pese o artigo acima faça menção apenas a bens presentes e futuros, podemos incluir os bens
PASSADOS, a fim de evitar, por exemplo, fraude contra credores.
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Quais bens do executado são atingidos?
CUIDADO: embora o dispositivo faça previsão de todos os bens do devedor, isso está ERRADO, pois existe uma
parte do patrimônio do devedor que se chama PATRIMÔNIO MÍNIMO (teoria do patrimônio mínimo). Ex.:
impenhorabilidade do imóvel residencial, bem de família voluntário, bens impenhoráveis previstos no CPC.
Nesse sentido, o patrimônio mínimo está em constante expansão e a nossa jurisprudência vem corroborando tal
tendência. Vejamos a súmula 486, STJ:
Pergunta: o imóvel de pessoa solteira é considerado bem de família? O conceito correto não é “bem de família”,
mas BEM MÍNIMO EXISTENCIAL, porque o patrimônio mínimo é protegido pela dignidade da pessoa humana,
conforme súmula 364, STJ:
Sabemos que a responsabilidade no Brasil é patrimonial. Isso porque, antigamente, a responsabilidade pelo
inadimplemento de débitos tinha cunho pessoal. Com o passar do tempo, a responsabilidade passou a adotar
pena de prisão.
CF, art. 5º, LXVII CF. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
Vejamos o teor do seguinte RE: nenhuma relação obrigacional pode ofender direitos da pessoa humana.
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RE n.466.343, 03.12.2008, Informativo n. 531 STF, Rel. Min.Peluso: “Já não é possível conceber o corpo humano
como passível de experimentos normativos no sentido de que se torne objeto de técnicas de coerção para
cumprimento de obrigações estritamente de caráter patrimonial”.
O STF adotou a tese da SUPRALEGALIDADE dos tratados internacionais que versam sobre direitos humanos.
ATENÇÃO: cabe ressaltar que a norma supralegal, de acordo com o STF, é dotada de EFICÁCIA PARALISANTE
(porque o tratado internacional paralisou a vigência das normas infralegais).
Portanto, qualquer juiz, em sede de controle de constitucionalidade deverá fazer dois controles: (i) controle de
constitucionalidade e (ii) controle de convencionalidade.
Mas e a prisão do devedor de alimentos? A prisão civil NÃO é pena, mas TÉCNICA PROCESSUAL COERCITIVA.
Obs:. no NCPC, os alimentos serão aqueles compreendidos em sentido amplo (e não somente os decorrentes do
direito de família). Ex.: alimentos decorrentes de atos ilícitos (lucros cessantes), honorários advocatícios etc.
CC, art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual
se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e
206.
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CC, art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida
prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
Pergunta: como fica o regramento em relação ao jogo proibido? O objeto é ilícito ou nulo.
CC, art. 883 CC e parágrafo único. Não terá direito à repetição aquele
que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por
lei. Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em
favor de estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz.
garantia real: é a garantia de afetação a bem específico do devedor (ex.: hipoteca [imóveis], penhor
[móveis] e anticrese) – concede direito de sequela e preferência.
garantia pessoal (obrigacional): é a fiança e o aval. A garantia do fiador ou do avalista passa a recair sobre
o patrimônio de terceiro (há responsabilidade sem débito). Portanto, fiador e avalista são responsáveis
por dívidas alheias.
CC, art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer
ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a
cumpra.
FIANÇA AVAL
Obrigação civil Obrigação cambiária
Obrigação acessória Obrigação autônoma
Dívida subsidiária Dívida solidária
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ILEGITIMIDADE ATIVA DO FIADOR PARA PLEITEAR EM JUÍZO A REVISÃO DO
CONTRATO PRINCIPAL.
O fiador de mútuo bancário não tem legitimidade para, exclusivamente e em nome próprio, pleitear em juízo a
revisão e o afastamento de cláusulas e encargos abusivos constantes do contrato principal. Com efeito, a fiança é
obrigação acessória, assumida por terceiro, que garante ao credor o cumprimento total ou parcial da obrigação
principal de outrem (o devedor) caso este não a cumpra ou não possa cumpri-la conforme o avençado. Esse
conceito é facilmente extraído do art. 1.481 do CC/1916 bem como do art. 818 do CC/2002, que dispõe: "Pelo
contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não
a cumpra". A despeito disso, a relação jurídica que se estabelece entre o credor e o devedor do negócio jurídico
principal não se confunde com a relação estabelecida no contrato secundário (de fiança), firmado entre aquele
mesmo credor e o fiador, que se apresenta como mero garantidor do adimplemento da obrigação principal. Cuida-
se, portanto, de contratos que, apesar de vinculados pela acessoriedade da fiança, dizem respeito a relações
jurídico-materiais distintas. Essa distinção existente entre as relações de direito material é que torna evidente a
ilegitimidade do fiador para, exclusivamente e em nome próprio, postular em juízo a revisão e o afastamento de
cláusulas e encargos abusivos constantes do contrato principal (mútuo bancário), materializador, como de outro
modo não poderia ser, da comunhão de vontades, exclusivamente, dos contratantes (credor e devedor). É que não
se pode confundir legitimidade para agir - que diz respeito à qualidade reconhecida ao titular do direito material
que se pretenda tutelar em juízo, relacionada ao fato de ser o autor da pretensão o verdadeiro titular do direito
que se pretende tutelar bem como ser o réu o titular do direito de àquele pleito se contrapor - com interesse de
agir, nem, menos ainda, conceber a ideia de que o exercício da ação estaria sujeito apenas à existência do
segundo. Desse modo, apesar de ser inconteste a existência de interesse econômico do fiador na eventual
minoração da dívida que se comprometeu garantir perante o credor, não é sua a legitimidade para demandar a
revisão das cláusulas apostas no contrato principal, sendo irrelevante, nesse aspecto, o fato de responder de modo
subsidiário ou mesmo solidariamente pelo adimplemento da obrigação. Isso porque, para tanto, a titular do
direito material correlato é pessoa jurídica distinta e o fiador, como consabido, não está autorizado por lei a atuar
como seu substituto processual. REsp 926.792-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/4/2015, DJe
17/4/2015.
Pergunta: é possível uma pessoa ser responsável por um débito mesmo que ela não se tenha obrigado a tanto?
Sim. São as chamadas hipóteses de responsabilidade patrimonial secundárias. São exemplos:
a) cônjuge
ATENÇÃO: segundo o art. 3º, III da Lei 8009/90, a impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de
execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: pelo credor da pensão
alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união
estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida.
b) sócio.
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NCPC, art. 790. São sujeitos à execução os bens:
Obs.: cabe ressaltar que a disposição legal acima contemplada abarca a possibilidade da desconsideração inversa
(busca de bens com a pessoa jurídica).
QUESTÃO
Ano: 2014 / Banca: CESPE / Órgão: Câmara dos Deputados / Prova: Analista Legislativo
São fontes mediatas das obrigações em geral os contratos, as declarações unilaterais de vontade e os atos ilícitos.
( ) Certo ( ) Errado
Resposta: certo.
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