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ANOTAÇÃO DE AULA
SUMÁRIO
Ex.: “n” é credor de uma dívida de 100 de “d” (devedor). “D” transfere a dívida a “y” (ASSUNTOR).
Portanto, o ASSUNTOR é o terceiro que assume a dívida (ele se obriga perante o credor a efetuar a prestação que
originariamente era do devedor primário).
5.2.1 Modalidades
Quais são as modalidades de assunção de dívida?
Chama-se “assunção liberatória”, porque é uma assunção de dívida que libera o devedor primitivo.
Diz o Enunciado 16, CJF - o art. 299 do Código Civil não exclui a possibilidade da assunção cumulativa da dívida
quando dois ou mais devedores se tornam responsáveis pelo débito com a concordância do credor.
CC, art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer
ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a
cumpra.
Na assunção de dívida, o assuntor pode exigir 1/2 (50) do devedor primitivo. Porém, se fosse fiador, o regresso
seria pela totalidade (100), porque o fiador não é devedor.
Portanto, nesta assunção são necessários dois consentimentos: credor e assuntor. Mas não precisa do
consentimento do devedor? NÃO, porque o instituto em tela consiste na expromissão (“posto para fora”) e,
assim, o devedor é excluído.
Portanto, a garantia real somente permanece se o devedor originário EXPRESSAMENTE faça anuência na
manutenção da garantia.
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Em relação ao fiador, apesar do silêncio do art. 300, CC, a fiança NÃO pode continuar, justamente por ser uma
garantia pessoal.
Estabelece o Enunciado 422, CJF – A expressão "garantias especiais" constante do art. 300 do CC/2002 refere-se a
todas as garantias, quaisquer delas, reais ou fidejussórias, que tenham sido prestadas voluntária e
originariamente pelo devedor primitivo ou por terceiro, vale dizer, aquelas que dependeram da vontade do
garantidor, devedor ou terceiro para se constituírem.
5.2.3 Consequências
Sabemos que na assunção por delegação deve haver o consentimento do credor. E se o credor silencia no prazo
para externar seu consentimento? O silêncio do credor induz RECUSA.
CC, art. 299, parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo
ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se
o seu silêncio como recusa.
Todavia, a regra geral está estipulada no art. 111, CC: o silêncio importa aceitação – essa regra não se aplica
excepcionalmente na assunção de dívida (princípio da especialidade).
Imagine que o assuntor assume a dívida do devedor originário (devedor hipotecário), ou seja, o assuntor comprou
o apartamento (hipotecado), assumindo a dívida da hipoteca. O assuntor então, imediatamente, comunica o
credor a fim de obter o consentimento. Qual a consequência caso o credor silencie? Nesse caso, o silêncio gera
ACEITAÇÃO (direito real).
Aduz o Enunciado 353, CJF – a recusa do credor, quando notificado pelo adquirente de imóvel hipotecado
comunicando-lhe o interesse em assumir a obrigação, deve ser justificada – sob pena de caracterizar abuso do
direito.
6.1 Razões
O adimplemento é importante por três razões:
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a) SATISFAÇÃO DO INTERESSE OBJETIVO DO CREDOR: o credor tem a necessidade de um bem (obrigação de dar),
fato (obrigação de fazer) ou abstenção (obrigação de não-fazer); ao passo que o devedor é quem pode prestar a
utilidade. Portanto, entre a necessidade do credor e a utilidade do devedor existe o interesse (“estar entre algo”)
objetivo do credor.
b) LIBERAÇÃO DO DEVEDOR: o adimplemento libera o devedor, no sentido de que ele está excluído da relação
obrigacional. No momento em que o devedor cumpre a prestação, ele se libera do vínculo da relação
obrigacional.
Pergunta: por que as obrigações são TRANSITÓRIAS? Porque a obrigação nasce para ser cumprida.
O pagamento é ATO-FATO (não é ato ou negócio jurídico), porque não se indaga se o pagamento é ato desejado
ou não. Isso porque, para um ato-fato basta a conduta material, sem indagar se aquele ato foi desejado pela
parte.
A validade de uma relação obrigacional é aferida na sua gênese. Ao passo que o pagamento é verificado no plano
da EFICÁCIA, porque o pagamento está no plano da extinção da obrigação.
Estabelece o Enunciado 425, CJF – o pagamento repercute no plano da eficácia, e não no plano da validade como
preveem os arts. 308, 309 e 310 do Código Civil.
Pergunta: o pagamento é um DEVER? Sim (os aspectos morais e religiosos não se levam em conta).
Pergunta: o pagamento é considerado DIREITO SUBJETIVO DO DEVEDOR? NÃO. O devedor tem um DEVER de
pagar, mas jamais pode constranger que o credor realize a obrigação (o credor pode dispor do crédito).
Então por que quando o credor recusa o cumprimento, o devedor pode consignar em pagamento? A consignação
em pagamento é o direito do devedor de LIBERAR-SE da obrigação (não tem direito subjetivo).
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6.3.1 Pontualidade
Trata-se da obrigação do devedor em cumprir a prestação conforme o programa prestacional.
Identidade
O devedor deve cumprir a prestação de forma correspondente ao que se combinou (aspecto qualitativo).
Exatidão
Integridade
No silêncio das partes, a dívida deve ser paga por inteiro (aspecto quantitativo).
CC, art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação
divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a
pagar, por partes, se assim não se ajustou.
Pergunta: qual a única exceção em que o devedor pode constranger o credor a pagamento parcial?
a) solvens (é aquele que paga): pode ser o devedor, seu representante ou herdeiro.
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CC, art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do
falecido; mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual
em proporção da parte que na herança lhe coube.
b) no dia do adimplemento quem paga a dívida é o FIADOR (terceiro interessado) – quando o fiador cumpre a
obrigação se SUB-ROGA na pessoa do credor originário, ou seja, ele se torna o novo credor contra o devedor.
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia
ser obrigado, no todo ou em parte.
Imagine que o fiador queira pagar a dívida, mas o credor alegue que só quer receber do devedor. O fiador pode
consignar em pagamento? Sim, porque ele é um terceiro interessado.
c) agora imagine que o amigo pague a dívida de “d”. O amigo é qualificado como TERCEIRO DESINTERESSADO,
porque ele não tem interesse jurídico no cumprimento obrigação.
c.1) imagine agora que TERCEIRO DESINTERSSADO QUEIRA PAGAR EM NOME DO DEVEDOR. Se o credor aceitar o
pagamento em nome do devedor, haverá o adimplemento.
CC, art. 304, parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não
interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição
deste.
“Salvo oposição deste”: quando o terceiro não interessado deseja quitar a obrigação, além da aquiescência do
credor, deve haver a aquiescência do próprio devedor.
c.2) imagine que o TERCEIRO DESINTERESSADO QUEIRA PAGAR EM NOME PRÓPRIO e o credor aceita. Embora
não possa se sub-rogar, o terceiro desinteressado que paga em nome próprio tem o chamado DIREITO DE
REEMBOLSO (credor quirografário).
CC, art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu
próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se
sub-roga nos direitos do credor.
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Obs.: a dívida é de 100, mas o terceiro desinteressado paga 20 em nome próprio. Nesse caso, o reembolso será
de 20.
JURISPRUDÊNCIA
REsp 1170188 / DF
Relator(a) Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140)
Órgão Julgador - T4 - QUARTA TURMA
Data do Julgamento - 25/02/2014
Data da Publicação/Fonte - DJe 25/03/2014
Ementa
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. PROCEDIMENTO QUE SE
AMOLDA AO DIREITO MATERIAL, PROPICIANDO, EM VIRTUDE DE ALGUM OBSTÁCULO, A LIBERAÇÃO DO
DEVEDOR DA OBRIGAÇÃO. DEPÓSITO DA QUANTIA OU COISA DEVIDA. PRESSUPOSTO PROCESSUAL OBJETIVO.
REQUERIMENTO DO DEPÓSITO APENAS DAS PRESTAÇÕES QUE FOREM VENCENDO NO DECORRER DA
TRAMITAÇÃO DO PROCESSO, SEM RECOLHIMENTO DO MONTANTE INCONTROVERSO E VENCIDO.
DESCABIMENTO.
1. O procedimento da consignação em pagamento existe para atender as peculiaridades do direito material,
cabendo às regras processuais regulamentar tão somente o procedimento para reconhecimento judicial da
eficácia liberatória do pagamento especial.
2. Na consignação em pagamento, o depósito tem força de pagamento, e a ação tem por finalidade ver atendido
o direito material do devedor de liberar-se da obrigação e de obter quitação, por isso o provimento jurisdicional
terá caráter eminentemente declaratório de que o depósito oferecido liberou o autor da obrigação, relativa à
relação jurídica material. (REsp 886.757/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em
15/02/2007, DJ 26/03/2007, p. 214)
3. Todavia, para que a consignação tenha força de pagamento, conforme disposto no art. 336 do Código Civil, é
mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido
o pagamento. Destarte, a consignação em pagamento só é cabível pelo depósito da coisa ou quantia devida, não
sendo possível ao recorrente pretender fazê-lo por montante ou objeto diverso daquele a que se obrigou, pois o
credor (réu) não pode ser compelido a receber prestação diversa ou, em se tratando de obrigação que tenha por
objeto prestação divisível, a receber por partes, se assim não se ajustou (arts. 313 e 314 do CC).
4. Recurso especial não provido.
QUESTÃO
Ano: 2014 / Banca: FUNCAB / Órgão: EMDAGRO-SE / Prova: Advogado
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b) A cláusula proibitiva da cessão, mesmo que conste do instrumento da obrigação, não pode ser oposta ao
cessionário de boa-fé
c) O crédito penhorado não pode ser transferido pelo credor ciente da penhora.
e) O cessionário não possui legitimidade ativa para perseguir emjuízo o crédito objeto da cessão
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