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PROF.

LEANDRO VELLOSO
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RESUMO DE DIREITO
ADMINISTRATIVO

VOLUME I

TEMAS ESSENCIAIS

PETROBRÁS S/A

ADVOGADO

2012

Professor Leandro Velloso

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1) ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1) Princípios da administração pública. Administração centralizada e
descentralizada. Serviço público. Empresas estatais. Sociedades de economia
mista. 6.6. Fundações públicas. Autarquias. Entidades autárquicas. Princípios do
Direito Administrativo: legalidade, supremacia do interesse público, presunção
de legitimidade, autoexecutoriedade, especialidade, autotutela, impessoalidade,
moralidade,publicidade, eficiência, hierarquia, indisponibilidade do interesse
público, isonomia, razoabilidade.

I - A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

Conceito de Estado: O conceito de Estado varia segundo a ângulo em que é


considerado. Do ponto de vista sociológico, é corporação territorial dotada de um
poder de mando originário; sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada
sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção; sob o
prisma constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana.. Como ente
personalizado, o Estado pode tanto atuar no campo do Direito Público, como no
Direito Privado, mantendo sempre sua única personalidade de Direito Público, pois a
teoria da dupla personalidade do Estado acha-se definitivamente superada.

Elementos do Estado: O Estado é constituído de três elementos originários e


indissociáveis: Povo (é o componente humano do Estado); Território (a sua base
física); Governo Soberano ( elemento condutor do Estado, que detém e exerce o
poder absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado do povo.

Poderes do Estado: são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e


harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º).
Esses poderes são imanentes e estruturais do Estado, a cada um deles correspondendo
uma função que lhe é atribuída com prescipuidade. Assim a função precípua do
Legislativo é a elaboração da lei (função normativa); a função precípua do Executivo
é a conversão da lei em ato individual e concreto (função administrativa); a função
precípua do Judiciário é a aplicação coativa da lei aos litigantes (função judicial). O
que há, portanto, não é a separação de Poderes com divisão absoluta de funções, mas,
sim, distribuição de três funções estatais precípuas entre órgãos independentes, mas
harmônicos e coordenados no seu funcionamento, mesmo porque o podes estatal é
uno e indivisível.

Organização da Administração: é a estruturação legal das entidades e órgãos que


iram desempenhar as funções, através de agentes públicos (pessoas físicas). Essa

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organização faz-se normalmente por lei, e excepcionalmente por decreto e normas


inferiores, quando não exige a criação de cargos nem aumenta a despesa pública.

Neste campo estrutural e funcional do Estado atua o Direito Administrativo


organizatório, auxiliado pelas contemporâneas técnicas de administração, aquele
estabelecendo o ordenamento jurídico dos órgãos, das funções e dos agentes que irão
desempenhá-las, e estas informando sobre o modo mais eficiente e econômico de
realizá-las em benefício da coletividade. O Direito Administrativo impõe as regras
jurídicas da administração e funcionamento do complexo estatal; as técnicas de
administração indicam os instrumentos e a conduta mais adequada ao pleno
desempenho das atribuições da Administração.

Governo e Administração: são termos que andam juntos e muitas vezes


confundidos, embora expressem conceitos diversos nos vários aspectos em que se
apresentam.

Governo, em sentido formal, é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais; em


sentido material, é o complexo de funções estatais básicas; em sentido operacional, é
a condução política dos negócios públicos. A constante do Governo é a sua expressão
política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de
manutenção da ordem jurídica vigente.

Administração Pública, em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para


consecução dos objetivos do Governo; em sentido material, é o conjunto das funções
necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho
perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele
assumidos em benefício da coletividade. A Administração não pratica atos de
Governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com maior ou menor autonomia
funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes.

Entidades Políticas e Administrativas: Entidade é pessoa jurídica, pública ou


privada; na organização política e administrativa brasileira as entidades classificam-
se em:

Entidades Estatais: são pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura
constitucional do Estado e têm poderes políticos a administrativos, tais como a
União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal;

Entidades Autárquicas: são pessoa jurídicas de Direito Público, de natureza


meramente administrativa, criadas por lei específica, para a realização de atividades,

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obras ou serviços descentralizado da estatal que as criou; funcionam e operam na


forma estabelecida na lei instituidora e nos termos de seu regulamento;

Entidades Fundacionais: pela CF/88, são pessoas jurídicas de Direito Público,


assemelhadas às autarquias ( STF); são criadas por lei específica com as atribuições
que lhes forem conferidas no ato de sua instituição;

Entidades Paraestatais: são pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação é


autorizada por lei específica para a realização de obras, serviços ou atividades de
interesse coletivo (SESI, SESC, SENAI, etc.); são autônomas, administrativa e
financeiramente, tem patrimônio próprio e operam em regime da iniciativa particular,
na forma de seus estatutos, ficando vinculadas (não subordinadas) a determinado
órgão da entidade estatal a que pertencem, que não interfere diretamente na sua
administração.

Órgão Públicos: são centros de competência instituídos para o desempenho de


funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a
que pertencem. Cada órgão, como centro de competência governamental ou
administrativa, tem necessariamente funções, cargos e agentes, mas é distinto desses
elementos, que podem ser modificados, substituídos ou retirados sem supressão da
unidade orgânica.

A atuação dos órgãos é imputada à pessoa jurídica que eles integram, mas nenhum
órgão a representa juridicamente; a representação legal da entidade é atribuição de
determinados agentes, tais como Procuradores judiciais e administrativos e, em
alguns casos, o próprio Chefe do Executivo (CPC, art, 12, I,II e VI).

Agentes Públicos: são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou


transitoriamente, do exercício de alguma função estatal; normalmente desempenham
funções do órgão, distribuídas entre cargos de que são titulares, mas
excepcionalmente podem exercer funções sem cargo.

II - A ATIVIDADE ADMINISTRATIVA

Conceito de Administração Pública: Em sentido lato, administrar é gerir interesses,


segundo a lei, a moral e a finalidade dos bens entregues à guarda e conservação
alheias; a Administração Pública, portanto, é a gestão de bens e interesses
qualificados da comunidade no âmbito federal, estadual ou municipal, segundo
preceitos de Direito e da Moral, visando o bem comum.

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No trato jurídico, a palavra administração traz em si conceito oposto ao de


propriedade, isto é, indica a atividade daquele que gere interesses alheios, muito
embora o proprietário seja, na maioria dos casos, o próprio gestor de seus bens e
interesses; por aí se vê que os poderes normais do administrador são simplesmente de
conservação e utilização dos bens confiados à sua gestão, necessitando sempre de
consentimento especial do titular de tais bens e interesses para os atos de alienação,
oneração, destruição e renúncia ( na Administração Pública, deve vir expresso em
lei).

Há de distinguir ainda, na Administração Pública, os atos de império ( é todo aquele


que contém uma ordem ou decisão coativa da Administração para o administrado); os
atos de gestão ( é todo aquele que ordena a conduta interna da Administração e de
seus servidores, ou cria direitos e obrigações entre ela e os administrados, tais como
os despachos que determinam a execução de serviços públicos, os atos de provimento
de cargo e movimentação de funcionários, as autorizações e permissões, os contratos
em geral); e os atos de expediente (é todo aquele de preparo e movimentação de
processos, recebimento e expedição de papeis e de despachos rotineiros, sem decisão
de mérito administrativo.

Natureza e fins da Administração: A Natureza da Administração Pública é a de um


múnus público para quem a exerce, isto é, a de um encargo de defesa, conservação e
aprimoramento dos bens, serviços e interesses da coletividade, impondo ao
administrador público a obrigação de cumprir fielmente os preceitos do Direito e da
Moral administrativa que regem sua atuação, pois tais preceitos é que expressam a
vontade do titular dos interesses administrativos - o povo - e condicionam os atos a
serem praticados no desempenho do múnus público que lhe é confiado.

Os Fins da Administração Pública resumem-se num único objetivo: o bem comum da


coletividade administrativa; toda atividade deve ser orientada para esse objetivo;
sendo que todo ato administrativo que não for praticado no interesse da coletividade
será ilícito e imoral.

No desempenho dos encargos administrativos o agente do Poder Público não tem a


liberdade de procurar outro objetivo, ou de dar fim diverso do prescrito em lei para a
atividade; descumpri-los ou renuncia-las equivalerá a desconsiderar a incumbência
que aceitou ao empossar-se no cargo ou função pública.

Em última análise, os fins da Administração consubstanciam-se em defesa do


interesse público, assim entendidas aquelas aspirações ou vantagens licitamente
almejadas por toda a comunidade administrativa, ou por parte expressiva de seus

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membros; o ato ou contrato administrativo realizado sem interesse público configura


desvio de finalidade.

Princípios Básicos da Administração: constituem os fundamentos da ação


administrativa, ou, por outras palavras, os sustentáculos da atividade pública; relegá-
los é desvirtuar a gestão dos negócios públicos e olvidar o que há de mais elementar
para a boa guarda e zelo dos interesses sociais.

Princípio da Legalidade: como princípio da administração (CF, art. 37, caput),


significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito
aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar
ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade
disciplinar, civil e criminal, conforme o caso; a eficácia de toda a atividade
administrativa está condicionada ao atendimento da lei. Na Administração Pública
não há liberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o que a lei autorizar,
significando “deve fazer assim”.

As leis administrativas são, normalmente, de ordem pública e seus preceitos não


podem ser descumpridos, nem mesmo por acordo ou vontade conjunta de seus
aplicadores e destinatários.

Princípio da Moralidade: a moralidade administrativa constitui, pressuposto de


validade de todo ato da Administração Pública (CF , art.37), sendo que o ato
administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética
da própria instituição, pois nem tudo que é legal é honesto; a moral administrativa é
imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da
instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem comum.

Princípio da Impessoalidade e Finalidade: impõe ao administrador público que só


pratique o ato para o seu fim legal; e o fim legal é unicamente aquele que a norma de
Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal.
Desde que o princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com
finalidade pública, o administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de
praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros; pode, entretanto, o interesse público
coincidir com o de particulares, como ocorre normalmente nos atos administrativos
negociais e nos contratos públicos, casos em que é lícito conjugar a pretensão do
particular com o interesse coletivo; vedando a prática de ato administrativo sem
interesse público ou conveniência para a Administração, visando unicamente a
satisfazer interesses privados, por favoritismo ou perseguição dos agentes
governamentais, sob forma de desvio de finalidade.

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Princípio da Publicidade: é a divulgação oficial do ato para o conhecimento público


e início de seus efeitos externos. A publicidade não é elemento formativo do ato; é
requisito de eficácia e moralidade; por isso mesmo, os atos irregulares não se
convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua exeqüibilidade,
quando a lei ou regulamento exige. O princípio da publicidade dos atos e contratos
administrativos, além de assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu
conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral; abrange
toda a atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como ,
também, de apropriação de conhecimento da conduta interna de seus agentes. Os atos
e contratos administrativos que omitirem ou desatenderem à publicidade necessária
não só deixam de produzir seus regulares efeitos como se expõe a invalidação por
falta desse requisito de eficácia e moralidade. E sem a publicação não fluem os
prazos para impugnação administrativa ou anulação judicial, quer o de decadência
para impetração de mandado de segurança (120 dias da publicação), quer os de
prescrição da ação cabível.

2) ATOS ADMINISTRATIVOS

1. ATOS DA ADMINISTRAÇÃO
A expressão “ato da Administração” tem sentido mais amplo do que a expressão
“ato administrativo”.
Como atos da Administração podemos citar:
1. os atos regidos pelo direito privado - são os que a Administração pratica
se nivelando ao particular, abrindo mão de sua supremacia de poder;
2. os atos materiais (Hely Meirelles e Cretella Júnior os chamam de “fatos
administrativos”) - todas as realizações materiais da Administração, em cumprimento
a alguma decisão administrativa. O ato material ou fato administrativo é sempre
conseqüência do ato administrativo que o determina.
3. os atos políticos, que estão sujeitos ao regime jurídico-constitucional, são
os praticados com margem de discrição e diretamente em obediência à Constituição,
no exercício de função puramente política;
4. os atos administrativos propriamente ditos.

2. ATO ADMINISTRATIVO: CONCEITO

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Hely Meirelles, como de resto os melhores administrativistas pátrios, constrói o


seu conceito a partir da noção de ato jurídico, de que o ato administrativo é espécie.
Ato administrativo, afirma, “é toda manifestação unilateral de vontade da
Administração que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir,
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos ou impor obrigações aos
administrados ou a si mesma.”
Vale destacar, no conceito, os seguintes elementos:
 Manifestação unilateral de vontade;
 Administração Pública agindo na qualidade de Administração Pública;
 Produção de efeitos.
É oportuno ressaltar que, para Hely Meirelles, o ato administrativo, como dito, é
espécie do ato jurídico, acrescentando-se a finalidade pública, que é própria da
espécie. Para outros, o que o distingue dos demais atos jurídicos é a presença da
potestade pública, agindo com prerrogativas próprias do poder público. Há, ainda, os
que apontam como caráter distintivo o regime jurídico administrativo. Cretella Júnior
apresenta como notas típicas do ato administrativo o agente (que é sempre o poder
público ou pessoa que o represente) e a matéria administrativa.
Apesar de posições divergentes, como a de Celso Antônio, por exemplo, grande
parte dos administrativistas (Di Pietro, Marcelo Caetano, Régis Fernandes de Oliveira
e outros) reserva a expressão ato administrativo apenas para os marcados pela
unilateralidade.

3. REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO


1. Competência
“Poder atribuído ao agente da Administração para o desempenho específico de suas
funções”. Simplesmente, poder legal para agir, para praticar determinados atos.
2. Finalidade
“O objetivo de interesse público a atingir”. É o resultado que a Administração
quer alcançar com a prática do ato.
Em sentido amplo, a finalidade sempre corresponde à consecução de um
resultado de interesse público.

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Em sentido estrito, finalidade é o resultado específico que cada ato deve


produzir, conforme definido na lei. Nesse sentido, se diz que a finalidade do ato
administrativo é sempre a que decorre explícita ou implicitamente da lei.
Seja desatendido o seu fim de interesse público (sentido amplo), seja infringida a
finalidade legal do ato (sentido estrito), para satisfazer a objetivo diverso daquele que
a lei lhe previu, ocorre o que chamamos “desvio de poder” ou “desvio de finalidade”.
3. Forma
“O revestimento exteriorizador do ato”, averba Hely Meirelles. No Direito
Privado a liberdade de forma é a regra; no Direito Público, é a exceção. Assim, todo
ato administrativo é, em princípio, formal. A forma usual é a escrita, mas existem
outras formas possíveis, como lembra Diógenes Gasparini: a oral, a pictórica, a
eletromecânica, a mímica.
Os doutrinadores acima citados distinguem forma de formalidade. A professora
Di Pietro, porém, inclui no conceito de forma não só a exteriorização do ato mas
todas as formalidades que devem ser observadas durante o processo de formação da
vontade da Administração, e até os requisitos concernentes à publicidade.
Vale ainda lembrar que, por expressão previsão do ordenamento jurídico, o
silêncio pode ser considerado ato administrativo, apesar de opiniões em contrário.
4. Motivo
“O motivo ou causa é a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza
a realização do ato administrativo.”
A propósito do motivo do ato, convém lembrar a TEORIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES. De acordo com essa teoria, o ato só será válido se os motivos
invocados para sua prática, sejam eles exigidos por lei, sejam eles alegados
facultativamente pelo agente público, realmente ocorreram e o justificavam. Portanto,
a invocação de motivos falsos, inexistentes ou incorretamente qualificados vicia o
ato, ou seja, a desconformidade entre os motivos invocados e a realidade acarreta a
invalidade do ato praticado.
Não se confundem motivo e motivação. O primeiro, é o pressuposto de fato que
leva a Administração a praticar o ato; a motivação, é a exposição do motivo, das
razões que levaram à Administração à prática do ato. A motivação diz respeito às
formalidades do ato.
5. Objeto
“O objeto identifica-se com o conteúdo do ato, através do qual a Administração
manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta, simplesmente, situações preexistentes.”
É o que o ato é em si. É o que o ato prescreve, dispõe. É o efeito jurídico imediato
que o ato produz. O objeto, nos atos discricionários, fica na dependência da escolha
do Poder Público, constituindo essa liberdade opcional o mérito administrativo. O

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mérito administrativo, para Hely Meirelles, consubstancia-se na valoração dos


motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Administração incumbida de sua
prática, quando autorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e justiça do
ato a realizar. A professora Di Pietro, afirma, resumidamente, que mérito é o aspecto
do ato administrativo relativo à conveniência e oportunidade. E acrescenta: só existe
nos atos discricionários. Celso Antônio Bandeira de Mello, sobre o mesmo tema,
assim se pronuncia: “mérito do ato é o campo de liberdade suposto na lei e que
efetivamente venha a remanescer no caso concreto, para que o administrador,
segundo critérios de conveniência e oportunidade, decida-se entre duas ou mais
soluções admissíveis perante a situação vertente, tendo em vista o exato atendimento
da finalidade legal, ante a impossibilidade de ser objetivamente identificada qual
delas seria a única adequada.”
Diga-se, ainda, que o objeto dos atos administrativos deve ser certo, lícito,
materialmente possível e moral.
Convém destacar que os três primeiros são elementos vinculados de todo ato
administrativo, conforme posição doutrinária predominante.
A posição de Celso Antônio Bandeira de Mello diverge da Hely Meirelles, por
conceber os atos administrativos como tendo apenas dois elementos. Todavia, para o
concurso em perspectiva deve ser considerada a posição tradicional, acima referida.

4. ATRIBUTOS (CARACTERÍSTICAS) DO ATO ADMINISTRATIVO


É mais um campo de abundante divergência doutrinária. O magistério de Hely
Meirelles, tantas vezes referido, aponta três atributos:
1. Presunção de Legitimidade
Atributo pelo qual se presume que o ato administrativo é conforme ao Direito. É
presunção juris tantum (admite prova em contrário). É uma decorrência do princípio
da legalidade. Gera como conseqüências:
 A possibilidade de imediata execução ou operatividade dos atos
administrativos, mesmo que argüidos de vícios ou defeitos que os levem à invalidade;
 A inversão do ônus da prova - a prova da invalidade do ato
administrativo é de quem a invoca (neste ponto, há divergência doutrinária);
 O Juiz não pode declarar ex officio a invalidade do ato.
Há quem distinga presunção de legitimidade (conformidade com a lei) e
presunção de veracidade (verdade dos fatos alegados pela Administração). Muitos
autores, entretanto, abrigam as duas idéias sob a locução presunção de legitimidade.
2. Imperatividade

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“É o atributo do ato administrativo que impõe a coercibilidade para seu


cumprimento ou execução”. É o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem
a terceiros, independentemente de sua concordância, constituindo-lhes em
obrigação.” Decorre da prerrogativa que tem o poder público de, por meio de atos
unilaterais, impor obrigações a terceiros. É o chamado “poder extroverso”. Esse
atributo não existe em todos os atos administrativos, mas apenas naqueles que
consubstanciam uma ordem, um provimento, uma obrigação. Não existe nos atos
enunciativos nem nos atos negociais.
3. Auto-executoriedade
“a auto-executoriedade consiste na possibilidade que certos atos administrativos
ensejam de imediata e direta execução pela própria Administração,
independentemente de ordem judicial.” A auto-executoriedade, como se intui,
também não está presente em todos os atos administrativos. A sua existência,
mormente nos atos decorrentes da atividade de polícia administrativa, é de grande
valia para a tutela do interesse público. A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro
pondera que a auto-executoriedade só é possível:
 quando expressamente prevista em lei (veja exemplos na Lei 8.666/93 e
alterações posteriores);
 quando se trata de medida urgente que, caso não adotada de imediato,
possa ocasionar prejuízo maior para o interesse público. Neste caso entende-se que a
autorização para a auto-execução está implícita no sistema legal.
Gasparini, Celso Antônio e Regis Fernandes de Oliveira ainda acrescentam um
outro atributo: a exigibilidade (é a qualidade em virtude da qual o destinatário do ato
administrativo é impelido à obediência das obrigações por ele impostas, sem
necessidade de intervenção judicial). A exigibilidade permite à Administração valer-
se de meios indiretos que induzam o administrado à obediência.
Di Pietro também menciona a tipicidade (é o atributo pelo qual o ato
administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas
a produzir determinado resultado). Trata-se de decorrência do princípio da legalidade
que a afasta a possibilidade de a Administração praticar atos inominados.

5. CLASSIFICAÇÃO
A diversidade é a característica entre os administrativistas. Consideraremos a
classificação de Hely Meirelles, não em sua totalidade, mas apenas nos seus aspectos
mais requeridos.
1. Quanto aos destinatários:
 Atos Gerais - também chamados de atos regulamentares. “São aqueles
expedidos sem destinatários determinados, com finalidade normativa, alcançando

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todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação de fato abrangida por seus
preceitos.”
 Atos Individuais - também chamados de atos especiais. “São todos
aqueles que se dirigem a destinatários certos, criando-lhes situação jurídica
particular.”
2. Quanto ao alcance:
 Atos Internos - “são os destinados a produzir efeitos no recesso das
repartições administrativas, e por isso mesmo incidem, normalmente, sobre os órgãos
e agentes da Administração que os expediram.”
 Atos Externos - também chamados, mais propriamente, de atos de
efeitos externos. “São todos aqueles que alcançam os administrados, os contratantes
e, em certos casos, os próprios servidores, provendo sobre seus direitos, obrigações,
negócios, ou conduta perante a Administração.”
3. Quanto ao objeto:
 Atos de Império - também chamados de atos de autoridade. “São todos
aqueles que a Administração pratica usando de sua supremacia sobre o administrado
ou servidor e lhes impõe obrigatório atendimento.”
 Atos de Gestão - “são os que a Administração pratica sem usar de sua
supremacia sobre os destinatários. Tal ocorre nos atos puramente de administração
dos bens e serviços públicos e nos negociais com os particulares, que não exigem
coerção sobre os administrados.”
 Atos de Expediente - “são todos aqueles que se destinam a dar
andamento aos processos e papéis que tramitam pelas repartições públicas,
preparando-os para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade competente.”
Esta classificação é fortemente criticada por vários administrativistas.
4. Quanto ao regramento:
 Atos Vinculados - também chamados de atos regrados. “São aqueles
para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização.” Impõe-se à
Administração o dever de motivá-los, no sentido de evidenciar a conformação de sua
prática com as exigências e requisitos legais que constituem pressupostos necessários
de sua existência e validade. É a lição de Hely Meirelles.
 Atos Discricionários - “são os que a Administração pode praticar com
liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de
sua oportunidade e do modo de sua realização.” Ato discricionário não se confunde
com ato arbitrário: o primeiro é praticado dentro dos limites da lei; o segundo, é ação
contrária ou excedente da lei.

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Considerando a discricionariedade administrativa, é oportuno registrar


que discricionários são os meios e modos de administrar, nunca os fins a atingir, pois
estes são sempre impostos, explícita ou implicitamente, pela legislação.
5. Quanto à formação do ato:
 Ato Simples - “é o que resulta da manifestação de vontade de um único
órgão, unipessoal ou colegiado”;
 Ato Complexo - “é o que se forma pela conjugação de vontades de mais
de um órgão”;
 Ato Composto - “é o que resulta da vontade única de um órgão, mas
depende da verificação por parte de outro, para se tornar exeqüível.” Sobre o ato
composto, diz Di Pietro: “é o que resulta da manifestação de dois ou mais órgãos, em
que a vontade de um é instrumental em relação a de outro, que edita o ato principal.”
Observa, ainda, que os atos que, em geral, dependem de autorização, aprovação,
homologação, visto etc são compostos.

6. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

“É uma sucessão itinerária e encadeada de atos administrativos tendendo todos a


um resultado final e conclusivo”.
O procedimento administrativo não se confunde com os atos complexos, pois
nestes há unidade na função das declarações jurídicas que o compõem, ao passo que
no procedimento seus atos desempenham funções distintas, com autonomia e
portanto heterogeneidade.

7. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

Para Hely Meirelles, são as seguintes as espécies de atos administrativos:


 Atos Normativos - “são aqueles que contém um comando geral do
Executivo, visando à correta aplicação da lei.” É criticável o conceito
retromencionado, porque a competência normativa da Administração não se esgota
no exercício do Poder Regulamentar pelo Poder Executivo. Há atos normativos
administrativos editados por outras autoridades de outros poderes. Exemplos de atos
normativos: decreto regulamentar ou de execução (regulamento), regimento (ato
administrativo normativo de atuação interna, dado que se destina a reger o
funcionamento de órgãos colegiados e de corporações legislativas”), resolução e
deliberação (conteúdo geral) etc;

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 Atos Ordinatórios - “são os que visam a disciplinar o funcionamento da


Administração e a conduta funcional de seus agentes.” Exemplos: aviso, circular,
portaria, ordem de serviço, ofício, despacho etc;
 Atos Negociais - os atos negociais geralmente tomam substância num
alvará, num termo ou num simples despacho da autoridade competente, no qual a
Administração defere a pretensão do administração e fixa as condições de seu
desfrute. Esses atos não são dotados de imperatividade. Exemplos: licença,
autorização, permissão, aprovação, admissão, visto, homologação, dispensa, renúncia
etc;
 Atos Enunciativos - também chamados, por alguns, de “meros atos
administrativos.” Enunciam uma situação existente, sem qualquer manifestação de
vontade da Administração. Exemplos: certidão (cópias fiéis e autenticadas de atos ou
fatos constantes de processo, livro ou documento que se encontre nas repartições
públicas), atestado (ato pelo qual a Administração comprova um fato ou uma situação
de que tenha conhecimento por seus órgãos competentes), parecer, apostila (ato
enunciativo ou declaratório de uma situação anterior criada por lei. Equivale a uma
averbação);
 Atos Punitivos - “são os contêm uma sanção imposta pela Administração
àqueles que infringem disposições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou
serviços públicos. Exemplos: multa, interdição de atividade, destruição de coisas etc.
Mais conveniente, porém, e precisa, tecnicamente, é a discriminação das
espécies dos atos administrativos, tendo em vista a utilização de um duplo critério: o
do conteúdo e a da forma, como faz a professora Di Pietro.
Como tipos mais comuns (quanto ao conteúdo, como dito) podemos mencionar
as seguintes:
1. Admissão - ato vinculado pelo qual a Administração faculta o ingresso de
alguém em um estabelecimento governamental para o desfrute de um serviço público;
2. Autorização - ato discricionário mediante o qual a Administração outorga a
alguém, que para isso se interesse, o direito de realizar certa atividade material que
sem ela lhe seria vedada;
3. Aprovação - ato discricionário pelo qual a Administração faculta a prática de
certo ato jurídico ou concorda com o já praticado, para lhe dar eficácia, se
conveniente e oportuno. A aprovação pode ser prévia ou a posteriori;
4. Homologação - ato vinculado pelo qual a Administração concorda com o ato
jurídico já praticado, se conforme os requisitos legitimadores de sua edição. É sempre
a posteriori;

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5. Licença - ato vinculado pelo qual a Administração faculta a alguém o


exercício de uma atividade, uma vez demonstrado pelo interessado o atendimento aos
requisitos legais exigidos;
6. Dispensa - ato administrativo que exime o particular do cumprimento de
determinada obrigação até então exigida por lei;
7. Permissão - em sentido amplo, ato administrativo unilateral, discricionário e
precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a Administração faculta a alguém o direito de
usar, em caráter privativo, um bem público ou de executar serviço público. Parece-
me não ser mais oportuno considerar permissão de serviço público como ato
administrativo unilateral, pelo menos no âmbito de incidência da Lei 8.987/95, pois
prevê a sua formalização por contrato de adesão;
8. Visto - ato administrativo pelo qual o Poder Público controla outro ato da
própria Administração ou do administrado, aferindo sua legitimidade formal para dar-
lhe exeqüibilidade;
9. Renúncia - ato pelo qual o Poder Público extingue unilateralmente um crédito
ou um direito próprio, liberando definitivamente a pessoa obrigada perante a
Administração.
Após a consideração das espécies dos atos administrativos tão-só sob o aspecto
do conteúdo, a professora Di Pietro também o faz valendo-se do critério da forma.
Gasparini e Celso, nesse ponto, não falam em espécies de atos administrativos quanto
à forma, mas em “EXTERIORIZAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO” e
“FORMAS DE MANIFESTAÇÃO”, respectivamente.
Como “fórmulas” ou meios de exteriorização dos atos administrativos citamos:
1. Decreto - fórmula segundo a qual os chefes dos Poderes Executivos veiculam
atos administrativos de suas respectivas competências. Pelo decreto são
instrumentalizados tanto os atos concretos quanto os atos abstratos (normativos);
2. Portaria - fórmula pela qual as autoridades de nível inferior ao Chefe do
Executivo expedem orientações gerais ou especiais aos respectivos subordinados ou
designam servidores para o desempenham de certas funções ou, ainda, determinam a
abertura de sindicância e processo administrativo. É ato formal de conteúdo muito
fluido e amplo;
3. Alvará - fórmula utilizada para expedição de autorizações e licenças;
4. Aviso - fórmula utilizada pelos Ministros, notadamente os militares, para
prescreverem orientação aos respectivos subordinados sobre assuntos de seus
Ministérios. Tem o mesmo caráter da instrução;
5. Instrução - fórmula mediante a qual os superiores expedem normas gerais, de
caráter interno, que prescrevem o modo de atuação de seus subordinados em relação
a certo serviço;

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6. Circular - fórmula pela qual as autoridades superiores transmitem ordens


uniformes a funcionários subordinados. Não veicula regras de caráter abstrato como
as instruções, mas concreto, ainda que geral, por abranger uma categoria de
subalternos encarregados de determinadas atividades;
7. Ordem de Serviço - fórmula usada para transmitir determinação aos
subordinados quanto à maneira de conduzir determinado serviço, no que respeita aos
aspectos administrativos e técnicos. Ao invés desta fórmula, as ordens por vezes são
veiculadas por via de circular. A expressão também é usada para indicar a alguém
que pode iniciar a obra, o fornecimento ou o serviço que contratara com a
Administração Pública;
8. Resolução - fórmula pela qual se exprimem as deliberações dos órgãos
colegiais;
9. Ofício - fórmula pela qual os agentes administrativos se comunicam
formalmente;
10. Parecer - fórmula pela qual se exterioriza manifestação opinativa de um
órgão consultivo, expendendo sua apreciação técnica sobre o que lhe é submetido;
11. Despacho - fórmula pela qual a autoridade administrativa manifesta
decisões finais ou interlocutórias em processos submetidos à sua apreciação.

8. VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE
A atuação da Administração Pública no exercício da função administrativa é
vinculada ou discricionária. É vinculada quando a lei estabelece a única solução
possível diante de determinada situação de fato; ela fixa todos os requisitos, cuja
existência a Administração Pública deve limitar-se a constatar, sem qualquer margem
de apreciação subjetiva. É discricionária quando a Administração, diante do caso
concreto, tem a possibilidade de apreciá-lo segundo critérios de oportunidade e
conveniência e escolher uma dentre duas ou mais soluções, todas válidas para o
direito. Discricionariedade, averba Celso Antônio, é “a margem de liberdade
conferida pela lei ao administrador a fim de que este cumpra o dever de integrar com
sua vontade ou juízo a norma jurídica, diante do caso concreto, segundo critérios
próprios, a fim de dar satisfação aos objetivos consagrados no sistema legal.” Na
mesma linha, preleciona Carlos Ari Sundfeld: traduz-se na “faculdade de o agente
escolher o momento, o motivo, o conteúdo do ato que vai praticar, em vista de
padrões de conveniência e oportunidade por ele mesmo estabelecidos e não sujeitos
ao controle judicial.”

9. PERFEIÇÃO, VALIDADE, EFICÁCIA


 Perfeição - Qualidade do ato que cumpriu o ciclo de sua formação;
 Validade - Qualidade do ato que é conforme com a lei;

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 Eficácia - Qualidade do ato que está disponível para produção de seus


efeitos próprios, imediatamente.

10. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS


As várias formas de extinção dos atos administativos podem ser visualizadas no
seguinte quadro:
I - Cumprimento dos seus efeitos:
a) esgotamento do conteúdo jurídico da relação;
b) execução material.
II - Desaparecimento do elemento infungível da relação:
a) sujeito;
b) objeto.
III - Retirada:
a) revogação;
b) invalidação;
c) cassação - extinção porque o destinatário do ato descumpriu condições que
deveriam permanecer atendidas a fim de poder continuar desfrutando da situação
jurídica;
d) caducidade - extinção pela sobrevinda de norma jurídica que tornou
inadmissível a situação dantes permitida pelo direito e outorgada pelo ato precedente;
e) contraposição ou derrubada - extinção pela emissão de ato, com fundamento
em conpetência diversa da que geraou o ato anterior, mas cujos efeitos são
contrapostos aos daquele;
IV - Renúncia - extinção dos efeitos do ato ante a rejeição pelo beneficiário de uma
situação jurídica favorável que desfrutava em conseqüência daquele ato.
V - Recusa - extinção pelo não-aceitação do ato, por seu beneficiário.
Apesar de respeitáveis vozes destoantes, não julgamos relevante dar
tratamento diferenciado, quanto à extinção, de atos eficazes e ineficazes.
Debruçamo-nos, porém, somente sobre as duas mais comuns e importantes
formas de retirada: revogação e anulação.
10.1 Revogação
 Conceito - é o desfazimento do ato ou de seus efeitos por razões de
conveniência ou oportunidade.
 Espécies de revogação:

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1. Quanto à abrangência:
1.1 Ab-rogação (total)
1.2 Derrogação (parcial)
2. Quanto à manifestação da Administração Pública:
2.1 Expressa;
2.2 Tácita.
 Objeto
Retirar, total ou parcialmente, ato válido do ordenamento jurídico.
A revogação é um ato secundário, porque pressupõe um ato primário que
anteriormente dispôs sobre a mesma questão colhida pelo ato revogador. De
conseguinte, a revogação não incide sobre fatos; incide sobre atos ou relações por
eles constituídas.
 Motivo
Inconveniência ou inoportunidade do ato revogado. Inadequação ao interesse
público.
 Efeitos
“Ex nunc”. A revogação suprime um ato ou seus efeitos, mas respeita os efeitos
que já transcorreram.
 Competência para Revogar
Administração (agente que praticou o ato ou autoridade superior). É
competência discricionária.
Vale lembrar que a competência da Administração para revogar (e também
anular) seus atos é expressão do princípio da autotutela, consagrado na Súmula 473
do S.T.F:
“A administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada em todos os casos, a apreciação judicial.”
 Fundamento
Inesgotabilidade da competência. Disponibilidade atual sobre o objeto, por
envolver competência não exaurida.
 Irrevogabilidade
Se a regra é a revogabilidade, a irrevogabilidade é a exceção.
Para Gasparini, são irrevogáveis:

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1. os atos declarados por lei como irrevogáveis (vedação legal);


2. os atos consumados (esgotamento do conteúdo);
3. os atos vinculados (esgotamento de competência);
4. os meros atos administrativos (inexpressão de vontade da Administração);
5. os atos que criaram dieito adquirido (vedação constitucional - art. 5º,
XXXVI).
 Revogação e Indenização
Pondera Celso Antônio: “A revogação, quando legítima, de regra, não dá
margem à indenização. Com efeito, quando existe o poder de revogar perante a
ordem normativa, sua efetivação normalmente não lesa direito algum de terceiro.
Contudo, não se pode excluir a hipótese, tanto mais porque, como é sabido, existe
responsabilidade do Estado por ato lícito.”
Adverte a professora Odete Medauar: “Se a Administração revogar ato de que
decorreu direito, caberá o pagamento de indenização pelos danos causados.”
10.2 Anulação ou Invalidação
 Conceito - é a supressão, com efeito retroativo, de um ato administrativo
ou da relação jurídica dele nascida, por haverem sido produzidos em
desconformidade com a ordem jurídica.
 Sujeitos Ativos da Invalidação
Administração e Poder Judiciário.
 Objeto
Retirar do ordenamento jurídico um ato inválido.
 Motivo
A invalidade ou a imprestabilidade jurídica do ato administrativo.
 Espécies
Parcial ou total.
 Efeitos
“Ex tunc” (retroativos).
 Fundamento
Administração - Submissão ao princípio da legalidade;
Poder Judiciário - Exercício mesmo da função jurisdicional.
Hely Meirelles usa o termo invalidação como gênero que compreende revogação
e anulação. Aqui, porém, estamos usando invalidação como sinônimo de anulação.

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11. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS INVÁLIDOS

A doutrina administrativista é farta na abordagem diversa da matéria, desde


Seabra Fagundes, Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, Hely Meirelles, chegando a
Antônio Carlos Cintra do Amaral, Carlos Ari Sundfeld, Celso Antônio Bandeira de
Mello.
 Doutrinas
Face o nosso objetivo, destacamos apenas duas posições:
1ª Todo ato administrativo inválido é nulo (Hely, Gasparini). Dependendo do
caso, é passível de conversão ou sanatória (passagem, com efeitos retroativos, de
um ato de uma categoria na qual seria inválido, para outra categoria na qual seria
válido), nunca de convalidação. Também tem efeitos retroativos. Fundamentos: 1. os
atos administrativos versam sobre direitos indisponíveis; 2. O princípio da legalidade,
a que se submete a Administração;
2ª Há três categorias de atos inválidos, segundo Celso Antônio Bandeira de
Mello:
a) Atos Inexistentes - atos que assistem no campo do impossível jurídico,
como tal entendida a esfera abrangente dos comportamentos que o Direito
radicalmente inadmite, isto é, crimes;
b) Atos Nulos:
b.1 os atos que a lei assim os declare;
b.2 os atos em que é racionalmente impossível a convalidação, pois se o mesmo
ato fosse novamente produzido, seria reproduzida a invalidade a anterior. Ex.: os
praticados com desvio de poder, os praticados com falta de motivo vinculado, os de
conteúdo ilícito etc.
c) Atos Anuláveis:
c.1 os que a lei assim os declare;
c.2 os que podem repraticados sem vício. Ex.: os editados por sujeito
incompetente, os proferidos com defeito de formalidade etc.
 Efeitos dos Atos Inválidos
Existentes.
Os atos nulos e anuláveis, inclusive, produzem efeitos que são respeitados,
mesmo depois de invalidados. São os que atingiram terceiros de boa-fé. É o que
sucede quanto aos atos praticados pelo chamado “funcionário de fato”, ou seja,
aquele que foi irregularmente preposto em cargo público.

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 Distinção entre os Atos Nulos e os Atos Anuláveis


Para Antônio Carlos Cintra do Amaral a distinção está na possibilidade ou não
de convalidação - suprimento da invalidade de um ato com efeitos retroativos, tanto
que substitui a terminologia supracitada pelas expressões atos inconvalidáveis e atos
convalidáveis. Se procede da mesma autoridade, denomina-se ratificação; se procede
de outra autoridade, trata-se de confirmação; quando resulta de ato e particular
afetado, saneamento. Os nulos não podem ser convalidados; só convertidos.
Celso Antônio ainda vê diferença quanto aos prazos prescricionais (mais longos
para os atos nulos, considerando o direito do Estado invalidar seus próprios atos ou
impugná-los em juízo. Há, porém, quem entenda não haver possibilidade de
prescrição quanto ao Poder Público) e com referência à declaração pelo juiz, ex
officio, da invalidade de atos administrativos (só existente para os atos nulos).

12. VÍCIOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Seguindo novamente as lições da professora Di Pietro, ressaltamos que os vícios


dos atos administrativos podem atingir quaisquer dos seus cinco elementos.
É fundamental considerar, quanto ao tema, a dicção do art. 2º da Lei 4.717/65,
referência indispensável para a abordagem da matéria em questão.
O dispositivo retromencionado caracteriza incompetência, vício de forma,
ilegalidade do objeto, inexistência dos motivos e desvio de finalidade nos seguintes
termos:
“a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas
atribuições legais do agente que o praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou
irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação
de lei, regulamento ou outro ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito,
em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente
inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim
diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.”

5) SERVIÇOS PÚBLICOS

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Conceito e Classificação: Serviço público é todo aquele prestado pela Administração


ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades
essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado. A
classificação dos serviços públicos leva em conta a essencialidade, a adequação, a
finalidade e os destinatários do serviço.

Serviços Públicos: propriamente ditos, são os que a Administração presta diretamente


à comunidade, por reconhecer sua essencialidade e necessidade para a sobrevivência
do grupo social e o próprio Estado; devem ser prestados sem delegação a terceiros.

De Utilidade pública: são os que a Administração, reconhecendo sua conveniência


para os membros da coletividade, presta-os diretamente ou autoriza terceiros, nas
condições regulamentadas e sob seu controle, mas por conta e risco dos prestadores,
mediante renumeração dos usuários. Ex: transporte coletivo, energia elétrica, gás,
telefone.

Próprios do Estado: são os que se relacionam intimamente com as atribuições do


Poder Público (segurança, polícia, saúde pública, etc) e para a execução dos quais a
Administração usa de supremacia sobre os administrados.

Impróprios do Estado: são os que não afetam substancialmente as necessidades da


comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros; são prestados
remuneradamente por seus órgãos ou entidades descentralizadas.

Administrativos: atende as necessidades internas ou prepara serviços que serão


prestados ao público.

Industriais: produzem renda para quem os presta, mediante renumeração da utilidade


usada ou consumida (tarifa); pode ser realizado pelo Poder Público ou por
concessionários, permissionários ou autorizatários.

Gerais: são prestados sem ter usuários determinados, para atender à coletividade no
seu todo, como os de polícia, iluminação pública; são indivisíveis; devem ser
mantidos por imposto; a suspensão do fornecimento é ilegal.

Individuais: tem usuários determinados e utilização particular e mensurável para cada


destinatário, telefone, água; devem ser remunerados por taxa ou tarifa.

Regulamentação e Controle: caberá sempre ao Poder Público; o fato de tais serviços


serem delegados, não retira do Estado seu poder indeclinável de regulamentá-los e
controlá-los, exigindo sempre sua atualização e eficiência, de par com o exato
cumprimento das condições impostas para sua prestação ao público.

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Requisitos do Serviço e Direitos do Usuário: os requisitos são sintetizados em 5


princípios que a Administração deve ter sempre presentes, para exigi-los de quem os
presta: - da permanência (impõe continuidade); da generalidade (serviços iguais); da
eficiência (atualização); da modicidade (tarifas razoáveis); da cortesia (bom
tratamento). Os Direitos do Usuário são reconhecidos como fundamento para a
exigibilidade de sua prestação nas condições regulamentares e em igualdade com os
demais utentes. A via adequada para exigir o serviço que lhe for negado, sob
qualquer modalidade é a cominatória, com base no art. 287 do CPC; prestação
regular.

Competência para Prestação de Serviços: opera-se segundo critérios técnicos e


jurídicos, tendo-se em vista sempre os interesses próprios de cada esfera
administrativa, a natureza e a extensão dos serviços, bem como a capacidade para
executá-los vantajosamente para a Administração e para os administrados.

Competência da União: em matéria de serviços públicos abrange os que lhe são


privativos (CF, art. 21), e os que são comuns (art. 23), que devem ser
complementados por lei, devendo fixar normas de cooperação, tendo em vista o
equilíbrio de desenvolvimento e do bem-estar.

Do Estado-Membro: por exclusão, pertence ao Estado todos os serviços públicos não


reservados à União nem atribuídos ao Município, pelo critério de interesse local.

Do Município: São todos aqueles que se enquadrem na atividade social reconhecida


ao município, segundo critério da predominância de seu interesse em relação às
outras entidades estatais. (CF art. 30)

Formas e Meios de Prestação de Serviço

Serviço Centralizado: é o que o Poder Público presta por seus próprios órgãos em
seu nome e sob sua exclusiva responsabilidade.

Descentralizado: é aquele que o Poder Público transfere sua titularidade, ou


simplesmente sua execução, por outorga ou delegação. Há outorga quando o Estado
cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado serviço público (ou de
utilidade pública). Há delegação quando o Estado transfere, por contrato ou ato
unilateral, unicamente a execução do serviço, para que seja prestado ao público em
seu nome por sua conta e risco, nas condições regulamentares e sob controle estatal.

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Desconcentrado: é todo aquele que a Administração executa centralizadamente, mas


o distribui entre vários órgãos da mesma entidade, para facilitar sua realização e
obtenção pelos usuários.

Execução direta do serviço: é a realizada pelos próprios meios da pessoa


responsável pela sua prestação ao público. Execução Indireta: é a que o responsável
comete a terceiros para realizá-los nas condições regulamentares.

I - Autarquias

São entes administrativos autônomos, criados por lei específica, com personalidade
jurídica de Direito Público interno, patrimônio próprio e atribuições estatais
específicas; estão sujeitas ao controle da entidade estatal a que pertencem; não age
por delegação, age por direito próprio e com autoridade pública, na medida do que
lhe foi outorgado; devem executar serviços próprios do Estado, em condições
idênticas, com os mesmos privilégios e passíveis dos mesmos controles dos atos
administrativos.

O patrimônio inicial é formado com a transferência de bens móveis e imóveis da


entidade-matriz, se incorporando ao ativo da nova pessoa jurídica, feita diretamente
por lei. Os bens e rendas são considerados patrimônio público, mas com destinação
especial e administração própria da entidade a que foram incorporados, para
realização dos objetivos legais e estatutários.
O Orçamento é idêntico as estatais. Os Atos dos dirigentes equiparam-se aos atos
administrativos, tem os mesmos requisitos, com atendimento específico das normas
regulamentares e estatutárias, sujeitando-se aos mesmos controles.

Os Contratos estão sujeitos a licitação, sob pena de nulidade. O pessoal está sujeito
ao regime jurídico único da entidade-matriz.

Privilégios: nascem com os privilégios administrativos da entidade estatal que as


institui, auferindo também as vantagens tributárias e as prerrogativas processuais da
Fazenda Pública, além dos que lhe forem outorgados por lei especial, como
necessários ao bom desempenho das atribuições da instituição.

Controle: é a vigilância, orientação e correção que a entidade estatal exerce sobre os


atos e a conduta dos dirigentes de suas autarquias; só é admissível nos estritos limites
e para os fins que a lei o estabelecer.

Autarquia de regime especial: é toda aquela que a lei instituidora conferir


privilégios específicos e aumentar sua autonomia comparativamente com as

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autarquias comuns, sem infringir os preceitos constitucionais pertinentes a essas


entidades de personalidade pública.

II - Fundações Públicas

São entidades de Direito Público, integrantes da Administração indireta; prestam-se,


principalmente, à realização de atividades não lucrativas e atípicas do Poder Público,
mas de interesse coletivo, como a educação, cultura, pesquisa, sempre merecedoras
de amparo estatal; são criadas por lei específica; os contratos devem ter licitações; o
orçamento é idêntico às estatais.

IV - Serviços delegados a particulares

Serviços concedidos são todos aqueles que o particular executa em seu nome, por sua
conta e risco, remunerados por tarifa, na forma regulamentar. mediante delegação
contratual ou legal do Poder Público concedente.

Concessão: é a delegação contratual da execução do serviço, na forma autorizada e


regulamentada pelo Executivo; o contrato é bilateral, oneroso, comutativo e realizado
intuitu personae, com encargos e vantagens recíprocos; não transfere propriedade
alguma ao concessionário, nem se despoja de qualquer direito ou prerrogativa
pública; deve ser conferida sem exclusividade.

Regulamentação: compete ao Poder Público, pois a concessão é sempre feita no


interesse da coletividade, tendo o dever (concessionário) de prestar o serviço em
condições adequadas para o público. (art. 175. CF). Toda concessão fica submetida as
normas de natureza regulamentar( disciplinam o modo e a forma) e as de ordem
contratual (condições de renumeração); o poder de regulamentar as concessões é
inerente ao concedente.

Contrato: é o documento escrito que encerra a delegação do poder concedente,


define o objeto, delimita a área, forma e tempo da exploração, estabelece os direitos e
deveres das partes e dos usuários do serviço; a alteração unilateral restringe-se
apenas às cláusulas regulamentares ou de serviço, sempre para melhor atendimento
ao público; pode sofrer intervenção; a fiscalização cabe ao Poder Público; o serviço
concedido deve ser renumerado por tarifa; os direitos do usuário devem ser
claramente assegurados no contrato por ser ele o destinatário do serviço oferecido.

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Extinção da Concessão: pode ocorrer por diversos motivos e formas; o término do


prazo impõe a reversão; o interesse público superveniente à concessão muitas vezes
exige a encampação ou resgate (retomada coativa) do serviço a conveniência
recíproca das partes ou a inadimplência pode conduzir à rescisão do contrato; ou
ainda, a ilegalidade da concessão ou do contrato pode impor sua anulação. O
Patrimônio do Concessionário está protegido pelo Código Penal, que considera crime
de dano qualificado (art. 163,III) qualquer lesão aos bens da empresa.

Serviços Permitidos: são todos aqueles em que a Administração estabelece os


requisitos para sua prestação ao público e, por ato unilateral (termo de permissão),
comete a execução aos particulares que demonstrarem capacidade para seu
desempenho; a permissão é em princípio discricionária e precária, mas admite
condições e prazos para exploração do serviço, a fim de garantir rentabilidade e
assegurar a recuperação do investimento do permissionário visando atrair a iniciativa
privada.

Serviços Autorizados: são aqueles que o Poder Público, por ato unilateral, precário e
discricionário, consente na sua execução por particular para atender a interesses
coletivos instáveis ou emergência transitória; a renumeração é tarifada pela
Administração.

6) AGENTES PÚBLICOS

Os servidores públicos constituem subespécies dos agentes administrativos, categoria


que abrange a grande massa de prestadores de serviços à Administração e a ela
vinculados por relações profissionais, em razão da investidura em cargos e funções, a
título de emprego e com retribuição pecuniária. O Regime Jurídico Único é o
estabelecido pela entidade estatal no âmbito de sua competência, para todos os
servidores de sua Administração direta, autárquica e fundacional, excluídas desse
regime as empresas públicas de sociedades de economia mista; pressupõe preceitos
sobre ingresso no serviço, forma e limites de renumeração, deveres e direitos, planos
de carreira, investidura em cargos em comissões e funções de confiança.

I - Organização do Serviço Público

As entidades estatais são livres para organizar seu pessoal para o melhor atendimento
dos serviços a seu cargo, devendo ser observada 3 regras fundamentais, que não
podem postergar: a que exige que a organização se faça por lei; a que prevê a
competência exclusiva da entidade; e a que impõe a observância das normas
constitucionais pertinente ao funcionalismo.

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Organização Legal: é exigida pela Constituição ao permitir a acessibilidade dos


cargos públicos a todos os brasileiros, que preencham os requisitos estabelecidos em
lei. (CF, art. 37, I)

Cargos e Funções: Cargo público é o lugar instituído na organização do serviço


público, com denominação própria, atribuições e responsabilidades específicas e
estipêndio correspondente, para ser provido e exercido por um titular, na forma
estabelecida em lei; Função é a atribuição ou o conjunto de atribuições que é
conferida a cada categoria profissional ou comete individualmente a determinados
servidores para a execução de serviços eventuais.

Criação, transformação e extinção de cargos, funções ou empregos públicos:


exige lei de iniciativa privativa do Presidente da República, dos Governadores e dos
Prefeitos ( CF, art. 61, § 1º, II, “d”); essa privatividade de iniciativa, torna
inconstitucional o projeto oriundo do Legislativo, ainda que sancionado e promulgado
pelo Chefe do Executivo, as prerrogativas são irrenunciáveis; essas leis podem sofrer
emendas do Legislativo.

II - Normas Constitucionais pertinentes aos servidores

Acessibilidade aos cargos: (CF, art. 37,I) a todos os brasileiros, excluindo


expressamente os estrangeiros; condiciona ao preenchimento do requisitos
estabelecidos em lei; o STJ já decidiu que “a desigualdade física, moral e intelectual
é um fato que a lei reconhece e por vezes aprecia e apura, como sucede na seleção do
pessoal para as funções públicas, acessíveis a qualquer que de prova da capacidade
exigida”.

Concurso: é obrigatório, ressalvados os cargos em comissão; é o meio técnico posto


à disposição da Administração para obter-se moralidade, eficiência e aperfeiçoamento
do serviço, e proporcionar aos interessados igual oportunidade; tem validade de até 2
anos, contados da homologação, prorrogável uma vez; após segue-se o provimento do
cargo, através da nomeação ( é ato de provimento de cargo que se completa com a
posse e o exercício) do candidato aprovado.

Desinvestidura de cargo ou emprego público: pode ocorrer por demissão (punição


por falta grave), exoneração ( de ofício ou a pedido do interessado, desde que não
esteja sendo processado) e a dispensa (ao admitido pela CLT).

Paridade de vencimentos: os Poderes, em vista de suas disponibilidades


orçamentárias, podem estabelecer a retribuição a seus funcionários, ou lhes atribuir

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menor renumeração, mas nunca pagar-lhes mais, de modo a criar uma injusta
disparidade, já que o teto salarial máximo são os pagos pelo Executivo, para os
funcionários com funções iguais ou assemelhadas do Legislativo e do Judiciário.

Vedação de equiparações e vinculações: proíbe o tratamento jurídico paralelo de


cargos e funções desiguais e a subordinação de um cargo a outro, dentro ou fora do
mesmo Poder, ou a qualquer fator que funcione como índice de reajustamento
automático.

Acumulação de cargos, empregos e funções públicas: sua proibição visa impedir


que uma mesma pessoa passe a ocupar vários lugares ou exercer várias funções sem
que as possa desempenhar proficientemente, embora recebendo os respectivos
vencimentos.

Estabilidade: é a garantia de permanência no serviço público outorgada ao servidor


que, nomeado por concurso em caráter efetivo, tenha transposto o estágio probatório
de 2 anos; o servidor estável não pode mais der exonerado por conveniência da
Administração, nem demitido sem se apurar a infração em processo administrativo ou
judicial.

Aposentadoria: é a garantia de inatividade remunerada reconhecida aos servidores


que já prestaram longos anos de serviço, ou se tornara, incapacitados para suas
funções; pode ser por invalidez permanente, compulsória (atingido a idade limite) ou
voluntária; os proventos sempre serão integrais quando por tempo de serviço.

Cômputo do tempo de serviço: o tempo do serviço público prestado a qualquer das


entidades estatais, será integralmente computado para a aposentadoria e a
disponibilidade.

Exercício de mandatos eletivos: não é vedado ao servidor; pode exercê-lo sem


perder o cargo, emprego ou função, devendo apenas afastar-se com prejuízo da
renumeração – art. 38 da CF/88

Demissão de vitalícios e estáveis: dependem, em qualquer caso ( estável - processo


administrativo), de sentença judicial em que se lhe assegure ampla defesa (CF, arts.
41, 95 e 128); não podem ser exonerados ex officio.

Reintegração: é a recondução do servidor ao mesmo cargo de que fora demitido,


com o pagamento integral dos vencimentos e vantagens do tempo em que esteve
afastado, uma vez reconhecida a ilegalidade da demissão em decisão judicial.

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Responsabilização civil dos servidores: sua responsabilização por danos causados


a terceiros do exercício de suas atividades depende da comprovação da existência de
dolo ou culpa de sua parte.

Abrangência das normas constitucionais: são normas impositivas para os três


Poderes e para todas entidades estatais, autárquicas e fundacionais.

Servidores Públicos Militares

São todos integrantes das Forças Armadas, das Polícias Militares e dos Corpos de
Bombeiros ( CF, art. 42); tem por base a hierarquia e a disciplina.

7) BENS PÚBLICOS

Domínio Público em sentido amplo é o poder de dominação ou de regulamentação


que o Estado exerce sobre os bens do seu patrimônio, ou sobre bens do patrimônio
privado, ou sobre as coisas inapropriáveis individualmente, mas de fruição geral da
coletividade; exterioriza-se em poderes de soberania e em direitos de propriedade.
Domínio Eminente: é o poder político pelo qual o Estado submete à vontade todas as
coisas de seu território (manifestação de soberania interna); nele é que são
estabelecidas as limitações ao uso da propriedade privada, as servidões, a
desapropriação, as medidas de polícia e o regime jurídico especial de certos bens
particulares de interesse público. Domínio Patrimonial: é direito de propriedade
pública, sujeito a um regime especial; subordina todos os bens das pessoas
administrativas, assim considerados bens públicos e, como tais, regidos pelo Direito
Público, embora sejam aplicadas algumas regras da propriedade privada.

Bens Públicos: são todas as coisas, corpóreas ou incorpóreas, imóveis, móveis e


semoventes, créditos, direitos e ações, que pertençam, a qualquer título, às entidades
estatais, autárquicas, fundacionais e paraestatais.

Classificação dos Bens Públicos: todos são bens nacionais, integram o patrimônio
da Nação, na sua unidade estatal, mas, embora politicamente componham o acervo
nacional, civil e administrativamente pertencem a cada uma das entidades públicas
que os adquiriram.

Bens de uso comum do povo ou do domínio público: são os mares, praias, rios,
estradas, ruas, enfim, todos os locais abertos à utilização pública.
Bens de uso especial ou do patrimônio administrativo: são os que se destinam
especialmente à execução dos serviços públicos, Ex. edifícios de repartições públicas,
etc.

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Bens dominiais ou do patrimônio disponível: são aqueles que, embora integrando o


domínio público como os demais, deles diferem pela possibilidade sempre presente
de serem utilizados em qualquer fim ou, mesmo, alienados pela Administração, se
assim o desejar.

Administração dos bens públicos: compreende o poder de utilização e conservação


das coisas administradas; rege-se pelas normas de Direito Público, aplicando-se
supletivamente os preceitos de Direito Privado, no que aquelas forem falhas ou
omissas.

Utilização dos bens públicos: se destinam ao uso comum do povo ou a uso especial,
o Estado interfere como poder administrador, disciplinando e policiando a conduta do
públicos e dos usuários especiais;

Uso Comum do Povo: é todo aquele que se reconhece à coletividade em geral sobre
os bens públicos, sem discriminação de usuários ou ordem especial para sua fruição;
não exige qualquer qualificação ou consentimento especial; os usuários são
anônimos, indeterminados, e os bens utilizados o são por todos os membros da
coletividade.

Uso Especial: é todo aquele que, por um título individual, a Administração atribui a
determinada pessoa para fruir de um bem público com exclusividade, nas condições
convencionadas. As formas administrativas para o uso especial são:
a) Autorização de uso: é o ato unilateral, discricionário e precário pelo qual a
Administração consente na prática de determinada atividade individual
incidente sobre um bem público.
b) Permissão de uso: é o ato negocial, unilateral, discricionário e precário através
do qual é facultado ao particular a utilização individual de determinado bem
público.
c) Cessão de uso: é a transferência gratuita da posse de um bem público de uma
entidade ou órgão para outro, a fim de que o cessionário o utilize nas
condições estabelecidas no respectivo termo, por tempo certo ou
indeterminado.
d) Concessão de uso: é o contrato administrativo pelo qual é atribuída a
utilização exclusiva de um bem de seu domínio a particular, para que o explore
segundo sua destinação específica.
e) Concessão de direito real de uso: é o contrato pelo qual é transferido o uso
renumerado ou gratuito de terreno público a particular, como direito real
resolúvel, para que dele se utilize em fins específicos de urbanização,
industrialização, edificação, cultivo ou qualquer outra exploração de interesse
social.

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f) Enfiteuse ou aforamento: é o instituto civil que permite ao proprietário atribuir


a outrem o domínio útil de imóvel, pagando a pessoa que o adquire (enfiteuta)
ao senhorio direto um pensão ou foro, anual, certo e invariável.

Alienação dos bens públicos: Alienação é toda transferência de propriedade,


remunerada ou gratuita, sob forma de venda, permuta, doação, dação em pagamento,
investidura, legitimação da posse ou concessão de domínio; De bens imóveis está
disciplinada, em geral, na legislação própria das entidades estatais, a qual exige
autorização legislativa, avaliação prévia e concorrência; De bens móveis ou
semoventes não tem normas rígidas para sua realização, salvo a exigência de
avaliação prévia, autorização legal e licitação, podendo a Administração dispor a esse
respeito como melhor lhe convier.

Imprescritibilidade, Impenhorabilidade e não oneração dos Bens Públicos: os


bens públicos são em regra, imprescritíveis, impenhoráveis e não sujeitos a oneração.

Imprescritibilidade: decorre como conseqüência lógica de sua inaliebilidade


originária; se os bens são inalienáveis, ninguém pode os adquirir enquanto guardarem
essa condição.

Impenhorabilidade: decorre de preceito constitucional que dispões sobre a forma pela


qual serão executadas as sentenças judiciárias contra a Fazenda Pública.

Não oneração: a impossibilidade se oneração dos bens públicos é indiscutível diante


de sua inaliebilidade e impenhorabilidade.

Aquisição de bens pela Administração: são feitas contratualmente, pelos


instrumentos comuns de Direito Privado, sob forma de compra, permuta, doação,
dação em pagamento, ou se realizam compulsoriamente, por desapropriação ou
adjudicação em execução de sentença, ou ainda, se efetivam por força de lei, na
destinação de áreas públicas nos loteamentos e na concessão de domínio de terras
devolutas; a aquisição onerosa de imóvel depende de autorização legal e avaliação
prévia; deve constar de processo regular no qual se especifiquem as coisas a serem
adquiridas e sua destinação.

I - Terras Públicas

Terras Devolutas: são todas aquelas que, pertencentes ao domínio público de


qualquer das entidades estatais, não se acham utilizadas pelo Poder Público, nem
destinadas a fins administrativos específicos.

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Plataforma Continental: compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que


se estendam além de seu mar territorial, em toda extensão do prolongamento natural
de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma
distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a
largura do mar territorial (Lei 8617/93, art. 11)

Terras tradicionalmente ocupadas pelos índios: são porções do território nacional


necessárias à sobrevivência física e cultural das populações indígenas que as habitam,
assegura a posse permanente e o usufruto exclusivo das riquezas naturais, (CF art.
20, XI, e 231)

Terrenos de Marinha: são todos que, banhados pelas águas do mar ou dos rios
navegáveis, em sua foz, vão até a distância de 33 metros para a parte da terra,
contados desde o ponto em que chega o preamar médio.

Terrenos Acrescidos: são todos aqueles que se formam com a terra carreada pela
caudal.

Terrenos Reservados: são as faixas de terras particulares, marginais dos rios, lagos,
e canais públicos, na largura de 15 metros, oneradas com a servidão de trânsito; a
faixa reservada é feita para obras e serviços públicos, não à utilização de particulares.

Outros terrenos: Ilhas, Álveos abandonados, faixa de fronteira, vias e logradouros


públicos.

II - Águas Públicas

As águas são classificadas, segundo o Direito Internacional Público em externas e


internas; consideram-se externas as que contornam o continente e internas as que
banham exclusivamente o território nacional ou lhe servem de divisa com Estados
estrangeiros. As águas nacionais, consoante seu domínio e uso, são públicas, comuns
ou particulares. - águas públicas são todas as que pertencem a uma pessoa jurídica de
Direito Público, ou tem destinação pública; - águas comuns são correntes não
navegáveis nem flutuáveis e de que dessa não se façam; - águas particulares são as
nascentes e todas as demais situadas em propriedade privada; a utilização das águas
sujeita-se sempre à regulamentação necessária à preservação dos mananciais e à
eqüitativa distribuição de consumo.
VII - Patrimônio Histórico: Tombamento

O conceito de patrimônio histórico e artístico nacional abrange todos os bens,


móveis e imóveis, existentes no País, cuja conservação seja de interesse público, por

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sua vinculação a fatos memoráveis da História pátria, ou por seu excepcional valor
artístico, arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou ambiental. Tombamento é a
declaração pelo Poder Público do valor histórico, artístico, paisagístico, turístico,
cultural ou científico de coisas ou locais que, por essa razão, devam ser preservados,
de acordo com a inscrição em livro próprio; A abertura do processo de tombamento
assegura a preservação do bem até a decisão final, a ser proferida dentro de 60 dias;
em princípio não obriga a indenização, salvo as condições e, contrário.

VIII - Proteção Ambiental

A proteção ambiental visa à preservação da natureza em todos os elementos


essenciais à vida humana e à manutenção do equilíbrio ecológico, diante do ímpeto
predatório das nações civilizadas, que, em nome do desenvolvimento, devastam
florestas, exaurem o solo, exterminam a fauna, poluem as águas e o ar.

Controle de Poluição: enquadra-se no poder de polícia administrativa de todas as


entidades estatais, competindo a cada uma delas atuar nos limites de seu território e
de sua competência, e em conjunto colaborar nas providências de âmbito nacional de
prevenção e repressão as atividades poluidoras definidas em norma legal.

Preservação dos Recursos Naturais: é dever do Estado e apóia-se do domínio


eminente que ele exerce sobre todas as coisas que se encontram em seu território;
mas pode apenas condicionar o uso da propriedade particular para cumprimento de
sua função social ou retirá-la compulsoriamente, por utilidade pública ou interesse
social, através de desapropriação, com justa e prévia indenização.

Restauração dos elementos destruídos: impõe a reflorestamento das áreas


desmatadas, a recomposição dos terrenos erodidos ou escavados, a recuperação de
águas poluídas, a regeneração de terras exauridas, a recriação de espécies silvestres e
aquáticas em via de extinção, e tantas outras medidas de restauração do meio
ambiente, para o reencontro do equilíbrio ecológico e renascimento da vida animal e
vegetal, de que depende a sobrevivência da Humanidade; essa providências são mais
de incentivo ao administrado do que de polícia administrativa.

Ação Civil Pública para proteção ambiental: A lei 7347/85 legitima precipuamente
o MP para propô-la como, também , as entidades que indica (art. 5º) e estabelecendo
regras específicas para o ajuizamento e julgamento.

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8) INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE E ATUAÇÃO NO DOMÍNIO


ECONÔMICO

Os fundamentos da intervenção na propriedade e atuação no domínio econômico


repousam na necessidade de proteção do Estado aos interesses da comunidade; os
interesses coletivos representam o direito de maior número e, por isso mesmo,
quando em conflito com os interesses individuais, estes cedem àqueles, em atenção
ao direito da maioria, que é a base do regime democrático e do Direito Civil
moderno.

Propriedade e domínio econômico: A propriedade é um direito individual, mas


condicionado ao bem estar da comunidade; admite limitações ao seu uso e restrições
ao seu conteúdo em benefício da comunidade; A Cf garante a propriedade, mas
permite a desapropriação; e lhe atribui a função social; No domínio econômico a CF
assegura a liberdade de iniciativa, mas, no interesse do desenvolvimento nacional e
da justiça social, impondo regras. A intervenção na propriedade incide sobre os bens;
a intervenção no domínio econômico incide sobre a atividade lucrativa exercida pela
empresa, como instrumento de iniciativa privada.

Bem-estar social: é o bem comum, o bem do povo em geral; é o escopo da justiça


social e só pode ser alcançado através do desenvolvimento nacional; para propiciar
isso, o Poder Público pode intervir na propriedade privada e nas atividades
econômicas, nos limites da competência atribuídas a cada uma das entidades estatais,
através de normas legais e atos administrativos adequados ao objeto da intervenção.

Competência para a intervenção: a legislação sobre direito de propriedade e


intervenção no domínio econômico é privativa da União; aos Estados e Municípios só
cabem as medidas de polícia administrativa, de condicionamento do uso de
propriedade ao bem-estar social e de ordenamento das atividade econômicas, nos
limites das normas federais, a intervenção no domínio só pode ser feita por delegação
do Governo Federal, que é o detentor de todo poder nesse setor.

I - Intervenção na Propriedade

É todo ato do Poder Público que compulsoriamente retira ou restringe direitos


dominiais privados ou sujeita o uso de bens particulares a uma destinação de
interesse público; pode ter fundamento na necessidade ou utilidade pública, ou no
interesse social (expresso em lei federal). Os meios específicos de intervenção são os
seguintes:

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Desapropriação: ou expropriação é a transferência compulsória da propriedade


particular (ou pública de entidade de grau inferior para superior) para o Poder Público
ou seus delegados, por utilidade ou necessidade pública, ou ainda por interesse social,
mediante prévia e justa indenização (CF, art. 5º, XXIV); é a forma conciliadora entre
a garantia da propriedade individual e a função social dessa mesma propriedade, que
exige usos compatíveis com o bem-estar da comunidade. Necessidade pública: surge
quando a Administração defronta situações de emergência, que, para serem
resolvidas satisfatoriamente, exigem a transferência urgente de bens de terceiros para
o seu domínio e uso imediato; as Normas Básicas da desapropriação acham-se
expressas no Dec-lei 3365/41 complementado pela legislação subseqüente; a
Declaração expropriatória pode ser feita por lei ou decreto em que se identifique o
bem, se indique seu destino e se aponte o dispositivo legal que a autorize. Processo
expropriatório: pode ser feito por via administrativa ou por processo judicial; via
administrativa consubstancia-se no acordo entre as partes quanto ao preço, reduzido a
termo para transferência do bem expropriado (exige escritura pública); o Processo
judicial segue o rito especial estabelecido na lei geral das desapropriações, admitindo
os preceitos de CPC. Retrocessão: é a obrigação que se impõe ao expropriante de
oferecer o bem expropriado, mediante a devolução do valor da indenização, quando
não lhe der o destino declarado no ato expropriatório.
Obs: é aconselhável uma leitura profunda sobre esse assunto, devido sua
diversidade e o grande numero de detalhes, que ficaram de fora deste breve resumo.

Servidão administrativa: é ônus real de uso imposto pela Administração à


propriedade particular para assegurar a realização e conservação de obras e serviços
públicos ou de utilidade pública, mediante indenização dos prejuízos efetivamente
suportados pelo proprietário; a Instituição faz-se por acordo administrativo ou por
sentença judicial, precedida sempre de ato declaratório de servidão; a indenização
faz-se em correspondência com o prejuízo causado ao imóvel.

Requisição: é a utilização coativa de bens e serviços particulares pelo Poder Público


por ato de execução imediata e direta da autoridade requisitante e indenização
ulterior, para atendimento de necessidades coletivas urgentes e transitórias ( art. 5º,
XXV da CF).

Ocupação temporária: é a utilização transitória, remunerada ou gratuita, de bens


particulares pelo Poder Público, para a execução de obras, serviços ou atividades
públicas ou de interesse público; essa prerrogativa estatal pode ser transferida a
concessionários e empreiteiros.

Limitação administrativa: é toda imposição geral, gratuita. unilateral e de ordem


pública condicionadora do exercício de direitos ou de atividades particulares às
exigências do bem-estar social; são preceitos de ordem pública; decorrem do poder de

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polícia inerente e indissociável da Administração e se exteriorizam nas imposições


unilaterais e imperativas sob a tríplice modalidade positiva (fazer), negativa (não
fazer) ou permissiva ( deixar fazer).

II - Atuação no Domínio Econômico

Monopólio: é a exclusividade de domínio, exploração ou utilização de determinado


bem, serviço ou atividade; é a privatividade de algum direito ou de alguma atividade
para alguém; em sentido econômico, significa controle de produção e de preços.

Repressão ao Abuso de Poder Econômico: a constituição impõe sua repressão (art.


173, § 4º ); o abuso pode assumir as mais variadas modalidades, visando sempre ao
açambarcamento dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento
arbitrário dos lucros, neste caso mediante um excessivo e injustificável aumento de
preços; as formas usuais são: os trustes: truste é a imposição das grandes empresas
sobre os concorrentes menores visando afastá-los do mercado ou obrigá-los a
concordar com a política de preços do maior vendedor; e os cartéis: cartel é a
composição voluntária dos rivais sobre aspectos do negócio comum.

Controle de Abastecimento: é o conjunto de medidas destinadas a manter no mercado


consumidor matéria-prima, produtos ou serviços em quantidade necessárias às
exigências de seu consumo.

Tabelamento de preços: Preço é a retribuição pecuniária do valor do bem, do serviço


ou da atividade que se compra ou que se utiliza mediante renumeração; pode ser
privado, semiprivado ou público; Tabelamento é função privativa da União, por seus
órgãos centralizados ou entes descentralizados a que a lei federal atribui; incide sobre
os preços privados.

9) CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO

Controle, em administração pública, é a faculdade de vigilância, orientação e


correção que um Poder, órgão ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de
outro; assim, é fixada a competência dos seus órgãos e agentes, e é estabelecido os
tipos de forma de controle de toda atuação administrativa, para sua defesa própria e
dos direitos dos administrados.

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Tipos de Controle: variam segundo o Poder, órgão ou autoridade que o exercita ou o


fundamento, o modo e o momento de sua efetivação:

- Hierárquico: resulta do escalonamento vertical, os inferiores estão subordinados aos


superiores.

- Finalístico: estabelecido para as entidades autônomas, indicando a autoridade


controladora, as faculdades a serem exercitadas e as finalidades objetivadas.

- Interno: é realizado pela entidade ou órgão responsável pela atividade controlada


(âmbito interno). - Externo: realizado por órgão estranho à Administração.

- Prévio ou preventivo: antecede a conclusão ou operatividade do ato, requisito de


sua eficácia. Ex: a liquidação da despesa, para oportuno pagamento.

- Concomitante ou sucessivo: acompanha a realização do ato para verificar a


regularidade de sua formação. Ex: realização de auditoria durante a execução do
orçamento.

- Subseqüente ou corretivo: se efetiva após a conclusão do ato controlado, visando as


devidas correções. Ex: a homologação do julgamento de uma concorrência.

- De legalidade ou legitimidade: verifica unicamente a conformação do ato ou do


procedimento com as normas legais que o regem.

- De mérito: visa a comprovação da eficiência, conveniência ou oportunidade do ato.

I - Controle Administrativo

Controle administrativo é todo aquele que o Executivo e os órgãos de administração


dos demais Poderes exercem sobre sua próprias atividade, visando mantê-las dentro
da lei, segundo as necessidades do serviço e as exigências técnicas e econômicas de
sua realização, pelo que é um controle de legalidade e de mérito.

Meios de Controle

Fiscalização hierárquica: é exercida pelos órgão superiores sobre os inferiores da


mesma Administração, visando a ordenar, coordenar, orientar e corrigir suas
atividades e agentes.

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Supervisão ministerial: é um meio atenuado de controle, aplicável nas entidades


vinculadas a um Ministério; não é subordinação, resulta do sistema legal imposto às
autarquias e entidades paraestatais, sujeitas ao controle finalístico de quem as institui.

Recursos Administrativos: são todos os meios hábeis a propiciar o reexame de


decisão interna pela própria Administração, esse meios compreendem:

Representação: é a denúncia formal e assinada de irregularidades internas ou de


abuso de poder na prática de atos da Administração, feita por quem quer que seja à
autoridade competente para conhecer e coibir a ilegalidade apontada.

Reclamação: é a oposição expressa a atos da Administração que afetem direitos ou


interesses legítimos do administrado; extingue-se em 1 ano, a contar da data do ato ou
fato lesivo; o prazo é fatal e peremptório para o administrado; suspende a prescrição
enquanto depende de decisão.

Pedido de reconsideração: é a solicitação da parte dirigida à mesma autoridade que


expediu o ato, para que o invalide ou modifique nos termos da pretensão do
requerente; extingue-se em 1 ano da data de decisão, não suspende a prescrição.

Recursos hierárquicos: são aqueles pedidos que as partes dirigem à instância


superior, propiciando o reexame do ato inferior sob todos seus aspectos; podem ter
efeito devolutivo ou suspensivo; possui prazos fatais e peremptórios.

Revisão do processo: é o meio previsto para o reexame na punição imposta ao


servidor, a pedido ou de ofício, quando se aduzir fato novo ou circunstância
suscetível de justificar sua inocência ou inadequação da penalidade aplicada.

Coisa julgada administrativa: limita-se ao caso apreciado e extingue-se com o


enceramento deste, pelo exaurimento de seus efeitos, respeitadas as situações
jurídicas subjetivas que se construíram, salvo novo processo administrativo, com
nova instrução e ampla defesa.

Prescrição administrativa: pressupõe a existência de uma ação judicial apta à defesa


de um direito, porque ela significa a perda da respectiva ação , por inércia de seu
titular; ela opera a preclusão de oportunidade de atuação do Poder público sobre
matéria sujeita à sua apreciação.

Processo Administrativo: é conjunto de atos coordenados para a obtenção de


decisão sobre uma controvérsia no âmbito judicial ou administrativo. Procedimento é
o modo de realização do processo, ou seja, o rito processual.

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Princípios:
a) Legalidade objetiva: exige que o processo administrativo seja instaurado com
base e para a preservação da lei; baseia-se numa norma legal específica;
b) Oficialidade: atribui a movimentação do processo à Administração, ainda que
provocado por particular, uma vez iniciado; o Poder Público o impulsiona até a
decisão final;
c) Informalismo: dispensa ritos sacramentais e formas rígidas, principalmente
para os atos a cargo do particular; bastam as formalidades necessárias à
obtenção da certeza jurídica;
d) Verdade material: autoriza a Administração a valer-se de qualquer prova de
que a autoridade processante ou julgadora tenha conhecimento, desde que a
faça trasladar para o processo;
e) Garantia de defesa: entende-se não só a observância do rito adequado como a
cientificação do processo ao interessado, a oportunidade para contestar a
acusação, produzir prova de seu direito, acompanhar os atos de instrução e
utilizar-se dos recursos cabíveis.

Fases do processo administrativo:


a) instauração: é a apresentação escrita dos fatos e indicação do direito que
ensejam o processo; proveniente da Administração ( portaria auto de infração,
representação ou despacho inicial); do administrado ( requerimento ou
petição);
b) Instrução: é a fase de elucidação dos fatos, com a produção de provas da
acusação ( punitivo), ou de complementação das iniciais (controle ou outorga);
c) Defesa: é a garantia, compreende a ciência da acusação, a vistas dos autos na
repartição, a oportunidade para oferecimento de contestação e provas, a
inquirição e reperguntas de testemunhas e a observância do devido processo
legal;
d) Relatório: é a síntese do apurado no processo, feita por quem o presidiu
individualmente ou pela comissão processante, com apreciação das provas, dos
fatos apurados, do direito debatido e proposta conclusiva para decisão da
autoridade julgadora competente; não tem efeito vinculante;
e) Julgamento: é a decisão proferida pela autoridade ou órgão competente sobre o
objeto do processo.
* As fases acima enunciadas, de um modo geral, devem ser atendidas em todos
os processos administrativos próprios, ou seja, naqueles que visam à solução de
litígio entre a Administração e o administrado, sendo aplicáveis a todas as suas
modalidades.

Modalidades:

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Processo de Expediente: é denominação imprópria que se dá a toda atuação que


tramita pelas repartições públicas por provocação do interessado ou por determinação
interna da Administração, para receber a solução conveniente; não tem procedimento
próprio, nem rito sacramental; não geram, nem alteram, nem suprimem direitos.

Processo de Outorga: é todo aquele que se pleiteia algum direito ou situação


individual perante a Administração; normalmente tem rito especial, mas não
contraditório, salvo quando há oposição de terceiros ou impugnação da própria
Administração.

Processo de Controle: é todo aquele em que a Administração realiza verificações e


declara situação, direito ou conduta do administrado ou de servidor, com caráter
vinculante para as partes; tem rito próprio; quando deparadas irregularidades
puníveis, exigem oportunidade de defesa, antes de seu encerramento, sob pena de
invalidade.

Processo Punitivo: é todo aquele promovido pela Administração para a imposição


de penalidade por infração da lei, regulamento ou contrato; é contraditório, com
oportunidade de defesa e estrita observância do devido processo legal.

Processo Administrativo Disciplinar: também chamado de Inquérito administrativo,


é o meio de apuração e punição das faltas graves dos servidores e demais pessoas
sujeitas ao regime funcional de determinados estabelecimentos da Administração; é
sempre necessário para a imposição de pena de demissão; deve ser instaurado por
portaria da autoridade competente; na instrução é livre a colheita de provas;
concluída, deve ser relatado o que se apurou e opinar pela absolvição ou punição do
acusado; no julgamento, a autoridade deverá sempre fundamentar sua decisão, com
motivação própria ou adoção dos fundamentos do relatório, tanto para a condenação
quanto para a absolvição.

Meios Sumários: podem ser utilizados para a elucidação preliminar de determinados


fatos ou aplicação de penalidades disciplinares menores ou comprovadas na sua
flagrância.
Sindicância: é o meio de elucidação de irregularidades no serviço para subseqüente
instauração de processo e punição ao infrator; não tem procedimento formal, nem
exigência de comissão sindicante.
Verdade sabida: é o conhecimento pessoal da infração pela própria autoridade
competente para punir o infrator, tal ocorre quando o subordinado desautora o
superior no ato do recebimento de uma ordem.

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Termo de declarações: é forma sumária de comprovação de faltas menores dos


servidores, através da tomada de seu depoimento sobre irregularidade que lhe é
atribuída e, se confessada, servirá de base para a punição cabível.

Processo Administrativo Tributário: é todo aquele que se destina à determinação,


exigência ou dispensa do crédito fiscal, bem como à fixação do alcance de normas de
tributação em casos concretos, pelos órgãos competentes tributantes, ou à imposição
de penalidades ao contribuinte.

II - Controle Legislativo

Controle legislativo ou parlamentar é o exercido pelos órgãos legislativos ou por


comissões parlamentares sobre determinados atos do Executivo na dupla linha de
legalidade e da conveniência pública, pelo quê caracteriza-se como um controle
eminentemente político, indiferente aos direitos individuais dos administrados, mas
objetivando os superiores interesses do Estado e da comunidade.

Fiscalização dos atos da Administração: a CF/88 ampliou as atribuições do


Legislativo para a fiscalização e controle dos atos da Administração em geral (art. 49,
X); essa função, não é uma faculdade inferior ou adjacente à de editar as leis; pelo
contrário, é fundamental e necessária à própria elaboração das leis, a fim que o
Legislativo conheça como funciona os outros órgãos, sobretudo do Executivo, sobre
o qual exerce amplo controle.

Fiscalização financeira e orçamentária: é conferida ao Congresso Nacional, mas se


refere à prestação de contas de todo aquele que administra bens, valores ou dinheiro
públicos; o controle interno é feito pelo Executivo e o controle externo pelo
Congresso Nacional auxiliado pelo Tribunal de Contas da União.

Controle interno: objetiva a criação de condições indispensáveis à eficácia do


controle externo e visa assegurar a regularidade de realização da receita e da despesa,
possibilitando o acompanhamento da execução do orçamento, dos programas de
trabalho e a avaliação dos respectivos resultados.

Controle externo: visa comprovar a probidade da Administração e a regularidade da


guarda e do emprego dos bens, valores e dinheiro públicos, assim como a fiel
execução do orçamento.

Atribuições dos Tribunais de Contas: suas atividades expressam-se


fundamentalmente em funções técnicas opinativas, verificadoras, assessoradoras e

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jurisdicionais administrativas, desempenhadas simetricamente tanto pelo TCU,


quanto pelas outras entidades estatais que o tiverem. (art. 71, CF)

III - Controle do Judiciário

Controle Judiciário ou judicial é o exercido privativamente pelos órgãos do Poder


Judiciário sobre os atos administrativos do Executivo, do Legislativo e do próprio
Judiciário quando realiza atividade administrativa; é um meio de preservação de
direitos individuais, porque visa a impor a observância da lei em cada caso concreto,
quando reclamada por seus beneficiários.

Atos sujeitos a controle comum: são os administrativos em geral; a competência do


Judiciário para a revisão de atos, restringe-se ao controle da legalidade e da
legitimidade do ato impugnado; por legalidade entende-se a conformidade do ato com
a norma que o rege; por legitimidade entende-se a conformidade do ato com a moral
administrativa e o interesse coletivo, indissociáveis de toda atividade pública; é
permitido perquirir todos os aspectos de legalidade e legitimidade para descobrir e
pronunciar a nulidade do ato administrativo onde ela se encontre, e seja qual for o
artifício que a encubra; não é permitido pronunciar-se sobre o mérito administrativo.

Atos sujeitos a controle especial

- atos políticos: são os que, praticados por agentes do Governo, no uso de sua
competência constitucional, se fundam na ampla liberdade de apreciação da
conveniência ou oportunidade de sua realização, sem se aterem a critérios jurídicos
preestabelecidos; seu discricionarismo é a conseqüência das restrições para o controle
judicial.

- atos legislativos: a lei, propriamente dita, não ficam sujeitos a anulação judicial
pelos meios processuais comuns, e sim pela via especial da Ação direta de
Inconstitucionalidade, tanto para a lei em tese como para os demais atos normativos.

- “Interna corporis”: não é tudo que provém do seio da Câmara ou de suas


deliberações internas; são só aquelas questões ou assuntos que entendem direta e
imediatamente com a economia interna da corporação legislativa, com seus
privilégios e com formação ideológica da lei, que, por sua própria natureza, são
reservados à exclusiva apreciação e deliberação do Plenário da Câmara; também são
vedados à revisão judicial.

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Meios de Controle Judiciário: são as vias processuais de procedimento ordinário,


sumário ou especial de que dispõe o titular do direito lesado ou ameaçado de lesão
para obter a anulação do ato ilegal em ação contra a Administração Pública.

- mandado de segurança individual: destina-se a coibir atos ilegais da autoridade


que lesam direito subjetivo, líquido e certo do impetrante; o prazo para impetração é
de 120 dias do conhecimento oficial do ato a ser impugnado (CF, art. 5º, LXIX).

- mandado de segurança coletivo: seus pressupostos são os mesmos do individual,


inclusive quanto ao direito líquido e certo, só que a tutela não é individual, mas
coletiva (CF, art. 5º, LXX).

- ação popular: é um instrumento de defesa dos interesses da coletividade, utilizável


por qualquer de seus membros, no gozo de seus direitos cívicos e políticos; o
beneficiário direto e imediato é o povo. (CF, art. 5º, LXXIII)

- ação civil pública: ampara os direitos difusos e coletivos, não se presta para
direitos individuais, nem se destina à reparação de prejuízos; (Lei 7347/85; CF art.
129, III)
- mandado de injunção: ampara quem se considerar prejudicado pela falta de norma
regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes a direitos e liberdades constitucionais e à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. (CF, art. 5º. LXXI)

- “hábeas data”: assegura o conhecimento de registros concernentes ao postulante e


constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis ao público, ou para
retificação de seus dados pessoais. (CF, art. 5º, LXXII)

- ação direta de inconstitucionalidade: é usado para atacar a lei em tese ou qualquer


outro ato normativo antes mesmo de produzir efeitos concretos. (CF, art. 102, I)

IV - A Administração em Juízo

A Administração Pública, quando ingressa em juízo por qualquer de suas entidades


estatais, por suas autarquias, por suas fundações públicas ou por seus órgãos que
tenham capacidade processual, recebe à designação de Fazenda Pública, porque seu
erário é que suporta os encargos da demanda.

Representação em juízo: é feita por seus procuradores judiciais ou advogados


constituídos para determinados feitos, e os Municípios, também por seu Prefeito.

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Atuação Processual: como autora ou ré, assistente ou opoente, litiga em situação


idêntica à do particular, salvo quanto aos prazos para contestar (quádruplo), e interpor
recurso (dobro) – ART. 188 do CPC.

Execução do Julgado: por quantia certa, seus bens não se sujeitam a penhora nem a
arresto, mas pode haver seqüestro da importância devida se não for atendida a
requisição do Judiciário competente na ordem dos precatórios expedidos. (CF, art.
100; CPC, arts. 730 e 731)

Execução Fiscal: regida pela Lei 6830/80, agilizou o processo, mas com vantagens
para a Fazenda Pública, desigualando as partes.
Obs: deve ser visto mais profundamente.

10) ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA

A organização administrativa mantém estreita correlação com a estrutura do Estado e


a forma de Governo adotada; o Brasil, no caso uma federação, formada pela união
indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, constituindo-se em Estado
Democrático de Direito, assegura a autonomia político-administrativa aos seus
membros, mas sua administração há de corresponder, estruturalmente, as postulações
constitucionais.

I - A Administração Federal

A Administração Pública, não é propriamente constituída de serviços, mas, sim, de


órgãos a serviço do Estado, na gestão de bens e interesses qualificados da
comunidade, o que nos permite concluir que no âmbito federal, a Administração
direta é o conjunto dos órgãos integrados na estrutura administrativa da União e a
Administração indireta é o conjunto do entes (personalizados) que, vinculados a um
Ministério, prestam serviços públicos ou de interesse público.

II - Princípios fundamentais da Administração Pública Federal

Os princípios fundamentais foram estabelecidos, com a preocupação maior de


diminuir a máquina estatal, simplificar os procedimentos administrativos e reduzir as
despesas causadoras do déficit público, orientando a Administração Pública Federal

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- Planejamento: é o estudo e estabelecimento das diretrizes e metas que deverão


orientar a ação governamental, através de um plano geral de governo, de programas
globais, setoriais e regionais de duração plurianual, do orçamento-programa anual e
da programação financeira de desembolso, que são seus instrumentos básicos; toda
atividade deve ajustar-se à programação.

- Coordenação: visa entrosar as atividades da Administração, de modo a evitar a


duplicidade de atuação, a dispersão de recursos, a divergência de soluções e outros
males característicos da burocracia; coordenar é harmonizar todas as atividades da
Administração, submetendo-as ao que foi planejado e poupando-a de desperdícios,
em qualquer de suas modalidades.

- Descentralização: em sentido jurídico-administrativo, é atribuir a outrem poderes


da Administração; pressupõe a existência de uma pessoa, distinta da do Estado, a
qual, investida dos necessários poderes de administração, exercita atividade pública
ou de utilidade pública; diversa é a desconcentração, que significa repartição de
funções entre vários órgãos de uma mesma Administração, sem quebra de hierarquia.

- Delegação de competência: as autoridades competentes transferem atribuições


decisórias a seus subordinados, mediante ato próprio que indique com a necessária
clareza e conveniente precisão a autoridade delegante, a delegada e o objeto da
delegação; assegura maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na
proximidade dos fatos, pessoas e problemas a atender.

- Controle: visa, em especial, à consecução de seus objetivos e à eficiência de sua


gestão, podendo ser exercido de vários modos; estabelecidas as formas de controle
das atividades administrativas, devem ser supridos todos os controles meramente
formais e aqueles cujo custo seja evidentemente superior ao risco decorrente da
inexistência de controle específico.

III - Os órgão dirigentes da Administração Federal

A Administração Federal é dirigida por um órgão independente, supremo e


unipessoal, que é a Presidência da República, e por órgãos autônomos também,
unipessoais, que são os Ministérios, aos quais se subordinam ou se vinculam os
demais órgãos e entidades descentralizadas.

Presidência da República: é o órgão supremo e independente representante do


Poder Executivo da União, enfeixando todas as atividades administrativas superiores
de âmbito federal, de política, planejamento, coordenação e controle do
desenvolvimento sócio-econômico do País e da segurança nacional.

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Ministérios: são órgãos autônomos da cúpula administrativa, neles integram-se os


serviços da Administração direta e a eles se vinculam as entidades da Administração
indireta cujas atividades se enquadrem nas respectivas áreas de competência,
ressalvadas obviamente, as que a própria lei integra na Presidência da República ou a
ela se vincula.

VI - Entes de Cooperação ( entidades paraestatais )

São pessoas de Direito Privado, criados ou autorizados por lei, geridos em


conformidade com seus estatutos, geralmente aprovados por Decreto, podendo ser
subvencionados pela União ou arrecadar em seu favor contribuições parafiscais para
prestar serviços de interesse social ou utilidade pública, sem, entretanto, figurarem
entre os órgãos da Administração direta ou entre as entidades da indireta; Ex: Sesi,
Sesc, Senai, Senac.

VII - Sistema de Atividades Auxiliares

As atividades auxiliares, serão organizadas sob a forma de sistema, por ato do Poder
Executivo, desde que, a seu critério, necessitem de coordenação central; os serviços
que a integram, ficam sujeitos a orientação normativa, a supervisão técnica e a
fiscalização do respectivo órgão central.

VIII - Administração Estadual

Acha-se estruturada em simetria com a Administração Federal, atenta ao


mandamento constitucional de observância aos princípios estabelecidos na mesma,
pelos Estados-membros, e às normas complementares, relativamente ao atendimento
dos princípios fundamentais adotados pela Reforma Administrativa.

IX - Administração Municipal

A administração municipal é dirigida pelo Prefeito, que, unipessoalmente, comanda,


supervisiona e coordena os serviços de peculiar interesse do Município, auxiliado por
Secretários municipais, sendo permitida, ainda, a criação de autarquias e entidades
estatais visando à descentralização administrativa; as lei locais são votadas pela
Câmara de Vereadores; órgão colegiado, com função legislativa precípua para todos
os assuntos de peculiar interesse do Município e funções complementares de

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fiscalização e conduta político-administrativa do Prefeito, de assessoramento


governamental e de administração de seus serviços auxiliares.

X - Administração do Distrito Federal

Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos


Estados e Municípios; entretanto, não é nenhum nem outro, constituindo uma
entidade estatal anômala, ainda que, se assemelhe mais ao Estado, pois tem Poderes
Legislativo, Judiciário e Executivo próprios; pode ainda, organizar seu sistema de
ensino, instituir o regime jurídico único e planos de carreira de seus servidores,
arrecadar seus tributos e realizar os serviços públicos de sua competência.

11) REGULAMENTO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS

Presidência da República
Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 2.745, DE 24 DE AGOSTO DE 1998.


Aprova o Regulamento do Procedimento
Licitatório Simplificado da Petróleo
Brasileiro S.A. - PETROBRÁS previsto
no art . 67 da Lei nº 9.478, de 6 de
agosto de 1997.
        O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o
art. 84, inciso IV, da Constituição Federal, e tendo em vista o disposto no art. 67 da
Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997,
        DECRETA:

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        Art 1º Fica aprovado o Regulamento do Procedimento Licitatório Simplificado


da Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRÁS, na forma do Anexo deste Decreto.
        Art 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de agosto de 1998; 177º da Independência e 110º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Raimundo Brito
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. 25.8.1998

ANEXO
REGULAMENTO DO PROCEDIMENTO LICITATóRIO SIMPLIFICADO
DA PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRÁS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
1.1 Este Regulamento, editado nos termos da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997,
e do art. 173, § 1º, da Constituição, com a redação dada pela Emenda nº 19, de
4 de junho de 1998, disciplina o procedimento licitatório a ser realizado pela
PETROBRÁS, para contratação de obras, serviços, compras e alienações.
1.2 A licitação destina-se a selecionar a proposta mais vantajosa para a realização
da obra, serviço ou fornecimento pretendido pela PETROBRÁS e será
processada e julgada com observância dos princípios da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da igualdade, bem como da
vinculação ao instrumento convocatório, da economicidade, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos.
1.3 Nenhuma obra ou serviço será licitado sem a aprovação do projeto básico
respectivo, com a definição das características, referências e demais elementos
necessários ao perfeito entendimento, pelos interessados, dos trabalhos a
realizar, nem contratado, sem a provisão dos recursos financeiros suficientes

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para sua execução e conclusão integral.


1.3.1 Quando for o caso, deverão ser adotadas, antes da licitação, as providências
para a indispensável liberação, utilização, ocupação, aquisição ou
desapropriação dos bens, necessários à execução da obra ou serviço a contratar.
1.4 Nenhuma compra será feita sem a adequada especificação do seu objeto e
indicação dos recursos financeiros necessários ao pagamento.
1.4.1 As compras realizadas pela PETROBRÁS deverão ter como balizadores:
a) o princípio da padronização, que imponha compatibilidade de especificações
técnica e de desempenho, observadas, quando for o caso, as condições de
manutenção, assistência técnica e de garantia oferecidas;
b) condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado; e
c) definição das unidades e quantidades em função do consumo e utilização
prováveis.
1.5 Estarão impedidos de participar de licitações na PETROBRÁS firma ou
consórcio de firmas entre cujos dirigentes, sócios detentores de mais de dez por
cento do Capital Social, responsáveis técnicos, bem assim das respectivas
subcontratadas, haja alguém que seja Diretor ou empregado da PETROBRÁS.
1.6 Ressalvada a hipótese de contratação global ( turn - key ), não poderá concorrer
à licitação para execução de obra ou serviço de engenharia pessoa física ou
empresa que haja participado da elaboração do projeto básico ou executivo.
1.6.1 É permitida a participação do autor do projeto ou da empresa a que se refere o
item anterior, na licitação de obra ou serviço ou na sua execução, como
consultor técnico, exclusivamente a serviço da PETROBRÁS.
1.7 O ato de convocação da licitação conterá, sempre, disposição assegurando à
PETROBRÁS o direito de, antes da assinatura do contrato correspondente,
revogar a licitação, ou, ainda, recusar a adjudicação a firma que, em
contratação anterior, tenha revelado incapacidade técnica, administrativa ou
financeira, a critério exclusivo da PETROBRÁS, sem que disso decorra, para
os participantes, direito a reclamação ou indenização de qualquer espécie.
1.8 No processamento das licitações é vedado admitir, prever, incluir ou tolerar,
nos atos convocatórios, cláusulas ou condições que:
a) restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da licitação;
b) estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou
domicílio dos licitantes.
1.8.1 A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis a todos os
interessados os atos de seu procedimento.
1.9 Sempre que economicamente recomendável, a PETROBRÁS poderá utilizar-se
da contratação integrada, compreendendo realização de projeto básico e/ou

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detalhamento, realização de obras e serviços, montagem, execução de testes,


pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a
entrega final do objeto, com a solidez e segurança especificadas.
1.10 Sempre que reconhecida na prática comercial, e sua não utilização importar
perda de competitividade empresarial, a PETROBRÁS poderá valer-se de
mecanismos seguros de trasmissão de dados à distância, para fechamento de
contratos vinculados às suas atividades finalísticas, devendo manter registros
dos entendimentos e tratativas realizados e arquivar as propostas recebidas,
para fins de sua análise pelos órgãos internos e externos de controle.
1.11 Com o objetivo de compor suas propostas para participar de licitações que
precedam as concessões de que trata a Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, a
PETROBRÁS poderá assinar pré-contratos, mediante expedição de cartas-
convite, assegurando preços e compromissos de fornecimento de bens ou
serviços.
1.11. Os pré-contratos conterão cláusula resolutiva de pleno direito, sem penalidade
1 ou indenização, a ser exercida pela PETROBRÁS no caso de outro licitante ser
declarado vencedor, e serão submetidos à apreciação posterior dos órgãos de
controle externo e de fiscalização.
CAPÍTULO II
DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DA LICITAÇÃO
2.1 A licitação poderá ser dispensada nas seguintes hipóteses:
a) nos casos de guerra, grave perturbação da ordem ou calamidade pública;
b) nos casos de emergência, quando caracterizada a urgência de atendimento de
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas,
obras, serviços, equipamentos e outros bens;
c) quando não acudirem interessados à licitação anterior, e esta não puder ser
repetida sem prejuízo para a PETROBRÁS, mantidas, neste caso, as condições
preestabelecidas;
d) quando a operação envolver concessionário de serviço público e o objeto do
contrato for pertinente ao da concessão;
e) quando as propostas de licitação anterior tiverem consignado preços
manifestamente superiores aos praticados no mercado, ou incompatíveis com os
fixados pelos órgãos estatais incumbidos do controle oficial de preços;
f) quando a operação envolver exclusivamente subsidiárias ou controladas da
PETROBRÁS, para aquisição de bens ou serviços a preços compatíveis com os
praticados no mercado, bem como com pessoas jurídicas de direito público
interno, sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações ou ainda

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aquelas sujeitas ao seu controle majoritário, exceto se houver empresas privadas


que possam prestar ou fornecer os mesmos bens e serviços, hipótese em que
todos ficarão sujeitos a licitação; e quando a operação entre as pessoas antes
referidas objetivar o fornecimento de bens ou serviços sujeitos a preço fixo ou
tarifa, estipuladas pelo Poder Público;
g) para a compra de materiais, equipamentos ou gêneros padronizados por órgão
oficial, quando não for possível estabelecer critério objetivo para o julgamento
das propostas;
h) para a aquisição de peças e sobressalentes ao fabricante do equipamento a que
se destinam, de forma a manter a garantia técnica vigente do mesmo;
i) na contratação de remanescentes de obra, serviço ou fornecimento, desde que
aceitas as mesmas condições do licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
devidamente corrigido e mediante ampla consulta a empresas do ramo,
participantes ou não da licitação anterior;
j) na contratação de instituições brasileiras, sem fins lucrativos, incumbidas
regimental ou estatutariamente da pesquisa, ensino, desenvommento
institucional, da integração de portadores de deficiência física, ou programas
baseados no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de Julho
de 1990), desde que detenham inquestionável reputação ético-profissional;
k) para aquisição de hortifrufigrangeiros e gêneros perecíveis, bem como de bens
e serviços a serem prestados aos navios petroleiros e embarcações, quando em
estada eventual de curta duração em portos ou localidades diferentes de suas
sedes, por motivo ou movimentação operacional, e para equipes sísmicas
terrestres.
2.2 A dispensa de licitação dependerá de exposição de motivos do titular da unidade
administrativa interessada na contratação da obra, serviço ou compra em que
sejam detalhadamente esclarecidos:
a) a caracterização das circunstâncias de fato justificadoras do pedido;
b) o dispositivo deste Regulamento aplicável à hipótese;
c) as razões da escolha da firma ou pessoa física a ser contratada;
d) a justificativa do preço de contratação e a sua adequação ao mercado e à
estimativa de custo da PETROBRÁS.
2.3 É inexigível a licitação, quando houver inviabilidade fática ou jurídica de
competição, em especial:
a) para a compra de materiais, equipamentos ou gêneros que possam ser

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fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a


preferência de marca;
b) para a contratação de serviços técnicos a seguir enumerados
exemplificadamente, de natureza síngular, com profissionais ou empresas de
notória especialização:
- estudos técnicos, planejamento e projetos básicos ou executivos;
- pareceres, perícias e avaliações em geral;
- assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras;
- fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
- patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas, em especial os
negócios jurídicos atinentes a oportunidades de negócio, financiamentos,
patrocínio, e aos demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por
regras de direito privado face as peculiaridades de mercado;
- treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
c) para a contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou
através de empresário, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública;
d) para a obtenção de licenciamento de uso de software com o detentor de sua
titularidade autoral, sem distribuidores, representantes comerciais, ou com um
destes na hipótese de exclusividade, comprovada esta por documento hábil;
e) para a contratação de serviços ou aquisição de bens, em situações atípicas de
mercado em que, comprovadamente, a realização do procedimento licitatório
não seja hábil a atender ao princípio da economicidade;
f) no caso de transferência de tecnologia, desde que caracterizada a necessidade
e essencialidade da tecnologia em aquisição;
g) para a compra ou locação de imóvel destinado ao serviço da PETROBRÁS,
cujas características de instalação ou localização condicionem a sua escolha;
h) para a formação de parcerias, consórcios e outras formas associativas de
natureza contratual, objetivando o desempenho de atividades compreendidas no
objeto social da PETROBRÁS;
i) para a celebração de "contratos de aliança", assim considerados aqueles que
objetivem a soma de esforços entre empresas, para gerenciamento conjunto de
empreendimentos, compreendendo o planejamento, a administração, os serviços

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de procura, construção civil, montagem, pré-operação, comissionamento e


partida de unidades, mediante o estabelecimento de preços "meta" e "teto", para
efeito de bônus e penalidades, em função desses preços, dos prazos e do
desempenho verificado;
j) para a comercialização de produtos decorrentes da exploração e produção de
hidrocarbonetos, gás natural e seus derivados, de produtos de indústrias
químicas, para importação, exportação e troca desses produtos, seu transporte,
beneficiamento e armazenamento, bem como para a proteção de privilégios
industriais e para opeações bancárias e creditícias necessárias à manutenção de
participação da PETROBRÁS no mercado;
k) nos casos de competitividade mercadológica, em que a contratação deva ser
iminente, por motivo de alteração de programação, desde que cornprovadamente
não haja tempo hábil para a realização do procedimento licitatório, justificados o
preço da contratação e as razões técnicas da alteração de programação;
l) na aquisição de bens e equipamentos destinados à pesquisa e desenvolvimento
tecnológico aplicáveis às atividades da PETROBRÁS.
2.3. Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito
1 no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos,
experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de
outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que seu
trabalho é o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
2.3. Considera-se como produtor, firma ou representante comercial exclusivo, aquele
2 que seja o único a explorar, legalmente, a atividade no local da contratação, ou
no território nacional, ou o único inscrito no registro cadastral de licitantes da
PETROBRÁS, conforme envolva a operação custo estimado nos limites de
convite, concorrência ou tomada de preços.
2.4 A Diretoria da PETROBRÁS definirá, em ato específico, as competências para
os atos de dispensa de licitação.
2.5 Os casos de dispensa (item 2.1) e de inexigibilidade (item 2.3) de licitação
deverão ser comunicados pelo responsável da unidade competente à autoridade
superior, dentro dos cinco dias seguintes ao ato respectivo, devendo constar da
documentação a caracterização da situação justificadora da contratação direta,
conforme o caso, a razão da escolha do fornecedor ou prestador de serviço e a
justificativa do preço.
CAPÍTULO III
MODALIDADES, TIPOS E LIMITES DE LICITAÇÃO
3.1 São modalidades de licitação:

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a) A CONCORRÊNCIA
b) A TOMADA DE PREÇOS
c) O CONVITE
d) O CONCURSO
e) O LEILÃO
3.1. CONCORRÊNCIA - é a modalidade de licitação em que será admitida a
1 participação de qualquer interessado que reuna as condições exigidas no edital.
3.1. TOMADA DE PREÇOS - é a modalidade de licitação entre pessoas, físicas ou
2 jurídicas previamente cadastradas e classificadas na PETROBRÁS, no ramo
pertinente ao objeto.
3.1. CONVITE - é a modalidade de licitação entre pessoas físicas ou jurídicas, do
3 ramo pertinente ao objeto, em número mínimo de três, inscritas ou não no
registro cadastral de licitantes da PETROBRÁS.
3.1. CONCURSO - é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados, para
4 escolha de trabalho técnico ou artístico, mediante a instituição de prêmios aos
vencedores.
3.1. LEILÃO - é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados, para a
5 alienação de bens do ativo permanente da PETROBRÁS, a quem oferecer maior
lance, igual ou superior ao da avaliação.
3.2 De acordo com a complexibilidade e especialização da obra, serviço ou
fornecimento a ser contratado, as licitações poderão ser dos seguintes tipos:
a) DE MELHOR PREÇO - quando não haja fatores especiais de ordem técnica
que devam ser ponderados e o critério de julgamento indicar que a melhor
proposta será a que implicar o menor dispêndio para a PETROBRÁS, ou o maior
pagamento, no caso de alienação, observada a ponderação dos fatores indicados
no ato de convocação, conforme subitem 6.10;
b) DE TÉCNICA E PREÇO - que será utilizada sempre que fatores especiais de
ordem técnica, tais como segurança, operatividade e qualidade da obra, serviço
ou fornecimento, devam guardar relação com os preços ofertados;
c) DE MELHOR TÉCNICA - que será utilizada para contratação de obras,
serviços ou fornecimentos em que a qualidade técnica seja preponderante sobre
o preço.
3.2. O tipo da licitação será indicado pela unidade requisitante interessada e constará,
1 sempre, do edital ou carta-convite.
3.2. Nos casos de utilização de licitação de Técnica e Preço e de Melhor Técnica, a
2 unidade administrativa interessada indicará os requisitos de técnica a serem

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atendidos pelos licitantes na realização da obra ou serviço ou fornecimento do


material ou equipamento.
3.3 Para a escolha da modalidade de licitação serão levados em conta, dentre outros,
os seguintes fatores:
a) necessidade de atingimento do segmento industrial, comercial ou de negócios
correspondente à obra, serviço ou fornecimento a ser contratado;
b) participação ampla dos detentores da capacitação, especialidade ou
conhecimento pretendidos;
c) satisfação dos prazos ou características especiais da contratação;
d) garantia e segurança dos bens e serviços a serem oferecidos;
1. velocidade de decisão, eficiência e presteza da operação industrial,
comercial ou de negócios pretendida;
f) peculidaridades da atividade e do mercado de petróleo;
g) busca de padrões internacionais de qualidade e produtividade e aumento da
eficiência;
h) desempenho, qualidade e confiabilidade exigidos para os materiais e
equipamentos;
i) conhecimento do mercado fornecedor de materiais e equipamentos específicos
da indústria de petróleo, permanentemente qualificados por mecanismos que
verifiquem e certifiquem suas instalações, procedimentos e sistemas de
qualidade, quando exigíveis.
3.4 Sempre que razões técnicas determinarem o fracionamento de obra ou serviço
em duas ou mais partes, será escolhida a modalidade de licitação que regeria a
totalidade da obra ou serviço.
3.5 Obras ou serviços correlatos e vinculados entre si serão agrupados e licitados
sob a modalidade correspondente ao conjunto a ser contratado.
3.6 Nos casos em que a licitação deva ser realizada sob a modalidade de convite, o
titular da unidade administrativa responsável poderá, sempre que julgar
conveniente, determinar a utilização da concorrência.
CAPÍTULO IV
REGISTRO CADASTRAL, PRÉ-QUALIFICAÇÃO
E HABILITAÇÃO DE LICITANTES
4.1 A PETROBRÁS manterá registro cadastral de empresas interessadas na
realização de obras, serviços ou fornecimentos para a Companhia.

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4.1.1 Para efeito da organização e manutenção do Cadastro de Licitantes, a


PETROBRÁS publicará, periodicamente, aviso de chamamento das empresas
interessadas, indicando a documentação a ser apresentada, que deverá
comprovar:
a) habilitação jurídica;
b) capacidade técnica, genérica, específica e operacional;
c) qualificação econômico-financeira;
d) regularidade fiscal.
4.2 As firmas cadastradas serão classificadas por grupos, segundo a sua
especialidade.
4.3 Os registros cadastrais serão atualizados periodicamente, pelo menos uma vez
por ano.
4.4 Os critérios para a classificação das firmas cadastradas serão fixados por
Comissão integrada por técnicos das áreas interessadas, indicados pelos
respectivos diretores e designados pelo Presidente da PETROBRÁS e serão
estabelecidos em norma específica, aprovada pela Diretoria.
4.5 Feita a classificação, o resultado será comunicado ao interessado, que poderá
pedir reconsideração, desde que a requeira, no prazo de cinco dias,
apresentando novos elementos, atestados ou outras informações que justifiquem
a classificação pretendida.
4.5.1 Decorrido o prazo do subitem anterior, a unidade administrativa encarregada do
Cadastro expedirá o Certificado de Registro e Classificação, que terá validade
de doze meses.
4.6 Qualquer pessoa, que conheça fatos que afetem a inscrição e classificação das
firmas executoras de obras e serviços ou fornecedoras de materiais e
equipamentos, poderá impugnar, a qualquer tempo, total ou parcialmente, o
registro, desde que apresente à unidade de Cadastro as razões da impugnação.
4.7 A inscrição no registro cadastral de licitantes da PETROBRÁS poderá ser
suspensa quando a firma:
a) faltar ao cumprimento de condições ou normas legais ou contratuais;
b) apresentar, na execução de contrato celebrado com a PETROBRÁS,
desempenho considerado insuficiente;
c) tiver títulos protestados ou executados;
d) tiver requerida a sua falência ou concordata, ou, ainda, decretada esta última;
e) deixar de renovar, no prazo que lhe for fixado, documentos com prazo de
validade vencido, ou deixar de justificar, por escrito, a não participação na

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licitação para a qual tenha sido convidada.


4.8 A inscrição será cancelada:
a) por decretação de falência, dissolução ou liquidação da firma;
b) quando ocorrer declaração de inidoneidade da firma;
c) pela prática de qualquer ato ilícito;
d) a requerimento do interessado;
4.9 A suspensão da inscrição será feita pela unidade encarregada do Cadastro, por
iniciativa própria ou mediante provocação de qualquer unidade da
PETROBRÁS. O cancelamento da inscrição será determinado por qualquer
Diretor, ou pela Diretoria da PETROBRÁS no caso da letra " b " do subitem
anterior, com base em justificativa da unidade administrativa interessada.
4.9.1 O ato de suspensão, ou de cancelamento, que será comunicado, por escrito,
pela unidade encarregada do Cadastro, fixará o prazo de vigência e as
condições que deverão ser atendidas pela firma, para restabelecimento da
inscrição.
4.9.2 A firma que tiver suspensa a inscrição cadastral não poderá celebrar contratos
com a PETROBRÁS, nem obter adjudicação de obra, serviço ou fornecimento,
enquanto durar a suspensão. Entretanto, poderá a PETROBRÁS exigir, para
manutenção do contrato em execução, que a firma ofereça caução de garantia
satisfatória.
4.10 Para o fim de participar de licitação cujo ato de convocação expressamente o
permita, admitirse-á a inscrição de pessoas físicas ou jurídicas reunidas em
consórcio, sendo, porém, vedado a um consorciado, na mesma licitação,
também concorrer isoladamente ou por intermédio de outro consórcio.
4.10. As pessoas físicas ou jurídicas consorciadas instruirão o seu pedido de
1 inscrição com prova de compromisso de constituição do consórcio, mediante
instrumento, do qual deverão constar, em cláusulas próprias:
a) a designação do representante legal do consórcio;
b) composição do consórcio;
c) objetivo da consorciação;
d) compromissos e obrigações dos consorciados, dentre os quais o de que cada
consorciado responderá, individual e solidariamente, pelas exigências de ordem
fiscal e administrativa pertinentes ao objeto da licitação, até a conclusão final
dos trabalhos que vierem a ser contratados com consórcio;
e) declaração expressa de responsabilidade solidária de todos os consorciados
pelos atos praticados sob o consórcio, em relação à licitação e, posteriormente,

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à eventual contratação;
f) compromisso de que o consórcio não terá sua composição ou constituição
alteradas ou, sob qualquer forma, modificadas, sem prévia e expressa anuência,
escrita, da PETROBRÁS, até a conclusão integral dos trabalhos que vierem a
ser contratados;
g) compromissos e obrigações de cada um dos consorciados, individualmente,
em relação ao objeto de licitação.
4.10. A capacidade técnica e financeira do consórcio, para atender às exigências da
2 licitação, será definida pelo somatório da capacidade de seus componentes.
4.10. Nos consórcios integrados por empresas nacionais e estrangeiras serão
3 obedecidas as diretrizes estabelecidas pelos órgãos governamentais
competentes, cabendo, sempre, a brasileiros a representação legal do consórcio.
4.10. Não se aplicará a proibição constante da letra " f " do subitem 4.10.1 quando as
4 empresas consorciadas decidirem fundir-se em uma só, que as suceda para
todos os efeitos legais.
4.10. Aplicar-se-ão aos consórcios, no que cabíveis, as disposições deste
5 Regulamento, inclusive no tocante ao cadastramento e habilitação de licitantes.
4.10. O Certificado do Registro do Consórcio será expedido com a finalidade
6 exclusiva de permitir a participação na licitação indicada no pedido de
inscrição.
4.10. O edital de licitação poderá fixar a quantidade máxima de firmas por
7 consórcios e estabelecerá prazo para que o compromisso de consorciação seja
substituído pelo contrato de constituição definitiva do consórcio, na forma do
disposto no art. 279 da Lei nº 6.404 de 15/12/76, sob pena de cancelamento da
eventual adjudicação.
4.11 A PETROBRÁS poderá promover a pré-qualificação de empresas para
verificação prévia da habilitação jurídica, capacidade técnica, qualificação
econômico-financeira e regularidade fiscal, com vista à participação dessas
empresas em certames futuros e específicos.
4.11. O edital de chamamento indicará, além da(s) obra(s), serviço(s) ou
1 fomecimento(s) a ser(em) contratado(s), os requisitos para a pré-qualificação e
o seu prazo de validade.
4.11. Uma vez pré-qualificadas, a convocação das empresas interessadas será feita de
2 forma simplificada, mediante carta-convite.
4.12 O Certificado fornecido aos cadastrados substituirá os documentos exigidos
para as licitações processadas dentro do seu prazo de validade, ficando, porém,
assegurado à PETROBRÁS o direito de estabelecer novas exigências, bem
como comprovação da capacidade operativa atual da empresa, compatível com
o objeto a ser contratado.

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CAPÍTULO V
PROCESSAMENTO DA LICITAÇÃO
5.1 As licitações da PETROBRÁS serão processadas por Comissões Permanentes
ou Especiais, designadas pela Diretoria ou, mediante delegação desta, pelo
titular da unidade administrativa interessada.
5.1. O procedimento da licitação será iniciado com o ato do titular da unidade
1 administrativa interessada, que deverá indicar o objeto a ser licitado, prazo para
a execução da obra, serviço ou fornecimento desejado, bem como os recursos
orçamentários aprovados ou previstos nos programas plurianuais
correspondentes.

5.1. Quando for o caso, o pedido de licitação deverá vir acompanhado do ato de
2 designação da Comissão Especial que a processará.
5.2 O pedido de licitação deverá conter, dentre outros, os seguintes elementos:
I - NO CASO DE OBRA OU SERVIÇO:
a) descrição das características básicas e das especificações dos trabalhos a
serem contratados;
b) indicação do prazo máximo previsto para a conclusão dos trabalhos;
c) indicação do custo estimado para a execução, cujo orçamento deverá ser
anexado ao pedido;
d) indicação da fonte de recursos para a contratação;
e) requisitos de capital, qualificação técnica e capacitação econômico-financeira
a serem satisfeitos pelas firmas interessadas na participação;
f) local e unidade administrativa onde poderão ser obtidos, pelos interessados,
elementos e esclarecimentos complementares sobre a obra ou serviço, bem como
o preço de aquisição das especificações técnicas, plantas e demais elementos da
licitação.
II - NO CASO DE COMPRA:
a) descrição das características técnicas do material ou equipamento a ser
adquirido;
b) indicação da fonte de recursos para a aquisição;
c) indicação, quando for o caso, dos requisitos de capacitação econômico-
financeira, qualificação e tradição técnica a serem satisfeitos pelos fornecedores
interessados;
d) indicação ou requisitos de qualidade técnica exigidos para o material ou

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equipamento a ser fornecido;


e) preço de aquisição das especificações técnicas e demais documentos da
licitação, quando for o caso.
5.2. Quando exigido como requisito para a participação, o capital social mínimo não
1 será superior a dez por cento do valor estimado para a contratação.
5.2. A Comissão de Licitação poderá solicitar da unidade administrativa requisitante
2 quaisquer elementos e informações que entender necessários para a elaboração
do edital ou carta-convite da licitação. A Comissão restituirá à unidade
requisitante o pedido de licitação que não contiver os elementos indicados no
subitem anterior, bem assim os que não forem complementares com os dados e
informações adicionais requisitados.
5.3 As licitações serão convocadas mediante edital assinado e feito publicar pelo
titular da unidade administrativa interessada, ou através de carta-convite
expedida pela Comissão de Licitação ou por servidor especialmente designado.
5.3. Na elaboração do edital deverão ser levados em conta, além das condições e
1 exigências técnicas e econômico-financeiras requeridas para a participação, os
seguintes princípios básicos de licitação:
a) igualdade de oportunidade e de tratamento a todos os interessados na
licitação;
b) publicidade e amplo acesso dos interessados às informações e trâmites do
procedimento licitatório;
c) fixação de critérios objetivos para o julgamento da habilitação dos
interessados e para avaliação e classificação das propostas.
5.4 A concorrência será convocada por Aviso publicado, pelo menos uma vez, no
Diário Oficial da União e em jornal de circulação nacional, com antecedência
mínima de trinta dias da data designada para apresentação de propostas.
5.4. O aviso de convocação indicará, de forma resumida, o objeto da concorrência, os
1 requisitos para a participação, a data e o local de apresentação das propostas e o
local onde poderão ser adquiridos o edital e os demais documentos da licitação.
5.4. O edital da concorrência deverá conter o número de ordem em série anual, a
2 sigla da unidade administrativa interessada, a finalidade da licitação, a menção
de que será regida por esta Norma e, mais, as seguintes indicações:
a) o objeto da licitação, perfeitamente caracterizado e definido, conforme o caso,
pelo respectivo projeto, normas e demais elementos técnicos pertinentes,
bastantes para permitir a exata compreensão dos trabalhos a executar ou do
fornecimento a fazer;
b) as condições de participação e a relação dos documentos exigidos para a

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habilitação dos licitantes e seus eventuais sub-contratados, os quais serão


relativos, exclusivamente, à habilitação jurídica, qualificação técnica,
qualificação econômico-financeira e regularidade fiscal;
c) o local, dia e horário em que serão recebidas a documentação de habilitação
preliminar e as propostas e o local, dia e hora em que serão abertas as propostas;
d) o critério que será adotado no julgamento das propostas;
e) o local e a unidade administrativa onde os interessados poderão obter
informações e esclarecimentos e cópias dos projetos, plantas, desenhos,
instruções, especificações e outros elementos necessários ao perfeito
conhecimento do objeto da licitação;
f) a natureza e o valor da garantia de propostas, quando exigida;
g) o prazo máximo para cumprimento do objeto da licitação;
h) as condições de reajustamento dos preços, quando previsto;
i) a declaração de que os trabalhos, ou fornecimento deverão ser realizados
segundo as condições estabelecidas em contrato, cuja minuta acompanhará o
edital;
j) as condições de apresentação das propostas, número de vias e exigências de
serem datilografadas e assinadas pelo proponente, sem emendas ou rasuras, com
a indicação do respectivo endereço;
k) as condições para aceitação de empresas associadas em consórcio e para
eventual subcontratação;
l) esclarecimento de que a PETROBRÁS poderá, antes da assinatura do contrato,
desistir da concorrência, sem que disso resulte qualquer direito para os licitantes;
m) prazo de validade das propostas;
n) outras informações que a unidade requisitante da licitação julgar necessária.
5.4. Nas concorrências haverá, sempre, uma fase inicial de habilitação preliminar,
3 destinada à verificação da plena qualificação das firmas interessadas. Para a
habilitação preliminar os interessados apresentarão os documentos indicados no
edital, além do comprovante de garantia de manutenção da proposta, quando
exigida.
5.4. A habilitação preliminar antecederá a abertura das propostas e a sua apreciação
4 competirá à Comissão de Licitação.
5.4. O edital da concorrência poderá dispensar as firmas inscritas no cadastro da
5 PETROBRÁS e de órgãos da Administração Pública Federal, Estadual ou

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Municipal, da apresentação dos documentos de regularidade jurídico-fiscal


exigidos para a habilitação, desde que exibido o Certificado de registro,
respectivo.
5.4. Quando prevista no edital, a exigência de capital mínimo integralizado e
6 realizado, ou de patrimônio líquido, não poderá exceder de dez por cento do
valor estimado da contratação.
5.4. Mediante despacho fundamentado, a Diretoria poderá autorizar a redução do
7 prazo de publicação do edital, para, no mínimo, vinte dias, quando essa
providência for considerada necessária pela urgência da contratação.
5.5 A tomada de preços será convocada por Aviso publicado no Diário Oficial da
União e em jornal de circulação nacional, com a antecedência mínima de quinze
dias da data designada para recebimento das propostas.
5.5. O edital de tomada de preços conterá, além dos requisitos do subitem anterior,
1 que forem cabíveis, as seguintes indicações mínimas:
a) a descrição detalhada do objeto da licitação, as especificações e demais
elementos indispensáveis ao perfeito conhecimento, pelos interessados, dos
trabalhos que serão executados, ou dos materiais ou equipamentos a serem
fornecidos;
b) o local, data e horário em que serão recebidas as propostas e as condições da
apresentação destas;
c) a informação de que somente poderão participar da licitação firmas já inscritas
no registro cadastral de licitantes da PETROBRÁS;
d) especificação da forma e o valor da garantia de proposta, quando exigida, e
indicação do local e a unidade administrativa da PETROBRÁS onde os
interessados obterão informações complementares, cópias das especificações,
plantas, desenhos, instruções e demais elementos sobre o objeto da licitação;
e) o critério de julgamento das propostas, com o esclarecimento de que a
PETROBRÁS poderá, antes da assinatura do contrato, revogar a licitação, sem
que disso resulte qualquer direito para os licitantes.
5.5. Mediante despacho fundamentado, o Diretor da área a que estiver afeta a
2 licitação poderá autorizar a redução do prazo de publicação do edital, para dez
dias, quando essa providência for considerada necessária pela urgência da
contratação.
5.6 O convite será convocado por carta expedida pelo Presidente da Comissão de
licitação ou pelo servidor especialmente designado, às firmas indicadas no
pedido da licitação, em número mínimo de três, selecionadas pela unidade
requisitante dentre as do ramo pertinente ao objeto, inscritos ou não no registro
cadastral de licitantes da PETROBRÁS.

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5.6. A carta-convite será entregue, aos interessados, contra recibo, com antecedência
1 mínima de três dias antes da data fixada para a apresentação das propostas. A
carta-convite será acompanhada das características e demais elementos técnicos
da licitação e deverá conter as indicações mínimas, necessárias à elaboração das
propostas.
5.6. A cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, a
2 convocação será estendida a, pelo menos, mais uma firma, dentre as cadastradas
e classificadas no ramo pertinente.
CAPíTULO VI
JULGAMENTO DAS LICITAÇÕES
6.1 As licitações serão processadas e julgadas com a observância do seguinte
procedimento:
a) abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à habilitação, e sua
apreciação;
b) devolução dos envelopes fechados aos licitantes inabilitados, desde que não
tenha havido recurso ou após a sua denegação;
c) abertura dos envelopes contendo as propostas dos licitantes habilitados,
desde que transcorrido o prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido
desistência expressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos;
d) verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do
instrumento convocatório, promovendo-se a desclassificação das propostas
desconformes ou incompatíveis;
e) classificação das propostas e elaboração do Relatório de Julgamento;
f) aprovação do resultado e adjudicação do objeto ao vencedor.
6.2 A abertura dos envelopes contendo os documentos de habilitação e as
propostas, será realizada sempre em ato público, previamente designado, do
qual se lavrará ata circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e pela
Comissão de Licitação.
6.3 Todos os documentos de habilitação e propostas serão rubricados pelos
licitantes e pela Comissão de Licitação.
6.4 O disposto no item 6.1 aplica-se, no que couber, ao leilão e ao convite.
6.5 O concurso será processado com a observância do procedimento previsto no
respectivo instrumento convocatório.
6.6 Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes e abertas as propostas, não
cabe desclassificá-las por motivo relacionado com a habilitação, salvo em razão
de fatos supervenientes ou só conhecidos após o julgamento.

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6.7 É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a


promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução
do procedimento licitatório, vedada a inclusão posterior de documento ou
informação que deveria constar originariamente da proposta.
6.8 Após a fase de habilitação, não cabe desistência de proposta, salvo por motivo
justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão.
6.9 É assegurado a todos os participantes do procedimento licitatório o direito de
recurso, na forma estabelecida no Capítulo IX deste Regulamento.
6.10 O critério de julgamento das propostas constará, obrigatoriamente, do edital ou
carta-convite. Na sua fixação levar-se-ão em conta, dentre outras condições
expressamente indicadas no ato de convocação, os fatores de qualidade e
rendimento da obra ou serviço ou do material ou equipamento a ser fornecido,
os prazos de execução ou de entrega, os preços e as condições de pagamento.
6.11 A Comissão fará a análise, avaliação e classificação das propostas
rigorosamente de conformidade com o critério estabelecido no ato de
convocação, desclassificando as que não satisfizeram, total ou parcialmente, às
exigências prefixadas.
6.12 Não serão levadas em conta vantagens não previstas no edital ou carta-convite,
nem ofertas de redução sobre a proposta mais barata.
6.13 No caso de discordância entre os preços unitários e os totais resultantes de cada
item da planilha, prevalecerão os primeiros; ocorrendo discordância entre os
valores numéricos e os por extenso, prevalecerão estes últimos.
6.14 Na falta de outro critério expressamente estabelecido no ato de convocação,
observado o disposto no subitem anterior, a licitação será julgada com base no
menor preço ofertado, assim considerado aquele que representar o menor
dispêndio para a PETROBRÁS.
6.15 Na avaliação das propostas, para efeito da classificação, a Comissão levará em
conta todos os aspectos de que possa resultar vantagem para a PETROBRÁS,
observado o disposto no subitem 6.25.
6 16 As propostas serão classificadas por ordem decrescente dos valores afertados, a
partir da mais vantajosa.
6.17 Verificando-se absoluta igualdade entre duas ou mais propostas, a Comissão
designará dia e hora para que os licitantes empatados apresentam novas ofertas
de preços; se nenhum deles puder, ou quiser, formular nova proposta, ou caso
se verifique novo empate, a licitação será decidida por sorteio entre os
igualados.
6.18 Em igualdade de condições, as propostas de licitantes nacionais terão
preferência sobre as dos estrangeiros.
6.19 Nas licitações de MELHOR PREÇO será declarada vencedora a proponente
que, havendo atendido às exigências de prazo de execução ou de entrega e às
demais condições gerais estabelecidas no ato de convocação, ofertar o menor

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valor global para a realização da obra ou serviço, assim considerado aquele que
implicar o menor dispêndio para a PETROBRÁS, ou o maior pagamento, no
caso de alienação.
6.20 Nas licitações de TÉCNICA E PREÇO e MELHOR TÉCNICA o julgamento
das propostas será feito em duas etapas.
6.20. Na primeira, a Comissão fará a análise das propostas com base nos fatores de
1 avaliação previamente fixados no edital, tais como: qualidade, rendimento,
assistência técnica e treinamento, prazo e cronograma de execução, técnica e
metodologia de execução, tradição técnica da firma, equipamentos da firma,
tipo e prazo da garantia de qualidade oferecida, podendo solicitar dos licitantes
as informações e esclarecimentos complementares que considerar necessários,
vedada qualquer alteração das condições já oferecidas.
6.20. Concluída a avaliação das propostas técnicas, a Comissão convocará os
2 licitantes, por escrito, e, no dia, hora e local designados, em sessão pública,
divulgará o resultado da 1ª etapa do julgamento e proclamará as propostas
classificadas tecnicamente. Após a leitura do Relatório Técnico, o Presidente da
Comissão prestará aos licitantes os esclarecimentos e justificativas que forem
solicitados. As indagações dos licitantes e os esclarecimentos prestados pelo
Presidente constarão da ata da sessão. Em seguida, o Presidente da Comissão
fará a abertura dos envelopes das propostas financeiras, cujos documentos
serão lidos e rubricados pelos membros da Comissão e pelos licitantes. Serão
restituídos, fechados, aos respectivos prepostos, os envelopes de preços dos
licitantes cujas propostas técnicas tenham sido desclassificadas.
6.20. O Presidente da Comissão não fará a abertura dos envelopes de preços das
3 firmas cujas propostas técnicas tenham sido objeto de impugnação, salvo se,
decidida, de plano, a improcedência desta, o impugnante declarar, para ficar
consignado na ata, que aceita a decisão da Comissão e renuncia a recurso ou
reclamação futura sobre o assunto.
6.20. Também não serão abertos, permanecendo em poder da Comissão, os
4 envelopes de preços das firmas cujas propostas técnicas tenham sido
desclassificadas e que consignarem em ata o propósito de recorrer contra tal
decisão, bem assim os daquelas contra as quais tenha sido impugnada a
classificação, até a decisão final sobre o recurso ou impugnação.
6.20. O resultado da avaliação das propostas técnicas constará de RELATÓRIO
5 TÉCNICO, no qual deverão ser detalhadamente indicados:
a) as propostas consideradas adequadas às exigências de ordem técnica da
licitação;
b) as razões justificadoras de eventuais desclassificações.
6.20. Na segunda etapa do julgamento, a Comissão avaliará os preços e sua
6 adequação à estimativa da PETROBRÁS para a contratação, bem assim as

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condições econômico-financeiras ofertados pelos licitantes e fará a


classificação final segundo a ordem decrescente dos valores globais, ou por
item do pedido, quando se tratar de licitação de compra.
6.21 Nas licitações de TÉCNICA E PREÇO será proclamada vencedora da licitação
a firma que tiver ofertado o melhor preço global para a realização da obra ou
serviço, ou o melhor preço final por item do fornecimento a ser contratado,
desde que atendidas todas as exigências econômico-financeiras estabelecidas
no edital.
6.22 Nas licitações de MELHOR TÉCNICA será proclamada vencedora a firma que
obtiver a melhor classificação técnica, desde que atendidas as condições
econômico-financeiras estabelecidas no edital. Entretanto, o edital conterá,
sempre, a ressalva de que a PETROBRÁS poderá recusar a adjudicação,
quando o preço da proposta for considerado incompatível com a estimativa de
custo da contratação.
6.23 Qualquer que seja o tipo ou modalidade da licitação, poderá a Comissão, uma
vez definido o resultado do julgamento, negociar com a firma vencedora ou,
sucessivamente, com as demais licitantes, segundo a ordem de classificação,
melhores e mais vantajosas condições para a PETROBRÁS. A negociação será
feita, sempre, por escrito e as novas condições dela resultantes passarão a
integrar a proposta e o contrato subseqüente.
6.24 O resultado das licitações, qualquer que seja o tipo ou modalidade, constará do
RELATÓRIO DE JULGAMENTO, circunstanciado, assinado pelos membros
da Comissão, no qual serão referidos, resumidamente, os pareceres técnicos dos
órgãos porventura consultados.
6.25 No Relatório de Julgamento a Comissão indicará, detalhadamente, as razões da
classificação ou desclassificação das propostas, segundo os fatores
considerados no critério pré-estabelecido, justificando, sempre, quando a
proposta de menor preço não for a escolhida.
6.26 Concluído o julgamento, a Comissão comunicará, por escrito, o resultado aos
licitantes, franqueando-lhes, e a qualquer interessado que o requeira por escrito,
o acesso às informações sobre a tramitação e resultado da licitação.
6.27 Decorrido o prazo de recurso, ou decidido este, o Relatório de Julgamento será
encaminhado pelo Presidente da Comissão ao titular do órgão interessado, para
aprovação e adjudicação.
6.27. O titular da unidade competente para a aprovação poderá converter o
1 julgamento em diligência, para que a Comissão supra omissões ou esclareça
aspectos do resultado apresentado.
6.27. Mediante decisão fundamentada, a autoridade competente para a aprovação
2 anulará, total ou parcialmente, a licitação, quando ficar comprovada
irregularidade ou ilegalidade no seu processamento.
6.28 Os editais e cartas-convites conterão, sempre, a ressalva de que a

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PETROBRÁS poderá, mediante decisão fundamentada da autoridade


competente para a homologação do julgamento, revogar a licitação, a qualquer
tempo, antes da formalização do respectivo contrato, para atender a razões de
conveniência administrativa, bem como anular o procedimento, se constatada
irregularidade ou ilegalidade, sem que disso resulte, para os licitantes, direito a
reclamação ou indenização.
6.29 As licitações vinculadas a financiamentos contratados pela PETROBRÁS com
organismos internacionais serão processadas com observância do disposto nas
recomendações contidas nos respectivos Contratos de Empréstimos, e nas
instruções específicas dos órgãos federais competentes, aplicando-se,
subsidiariamente, as disposições deste Regulamento.
6.30 Os editais para essas licitações indicarão os requisitos a serem atendidos pelas
firmas estrangeiras eventualmente interessadas na participação.
 
CAPÍTULO VII
CONTRATAÇÃO
7.1 A execução de obras e serviços e a aquisição ou alienação de materiais, na
PETROBRÁS, serão contratados com o concorrente classificado em primeiro
lugar na licitação correspondente, ressalvados os casos de dispensa desta,
estabelecidos neste Regulamento.
7.1. Os contratos da PETROBRÁS reger-se-ão pelas normas de direito privado e
1 pelo princípio da autonomia da vontade, ressalvados os casos especiais,
obedecerão a minutas padronizadas, elaboradas com a orientação do órgão
jurídico e aprovadas pela Diretoria.
7.1. As minutas dos contratos e dos respectivos aditamentos serão previamente
2 analisadas pelo órgão jurídico da PETROBRÁS, na forma do disposto nas
normas operacionais internas.
7.1. Os contratos deverão estabelecer, com clareza e precisão, os direitos, obrigações
3 e responsabilidades das partes e conterão cláusulas específicas sobre:
a) a qualificação das partes;
b) o objeto e seus elementos característicos;
c) a forma de execução do objeto;
d) o preço, as condições de faturamento e de pagamento e, quando for o caso, os
critérios de reajustamento;
e) os prazos de início, de conclusão, de entrega, de garantia e de recebimento do
objeto do contrato, conforme o caso;

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f) as responsabilidades das partes;


g) as que fixem as quantidades e o valor da multa;
h) a forma de inspeção ou de fiscalização pela PETROBRÁS;
i) as condições referentes ao recebimento do material, obra ou serviço;
j) as responsabilidades por tributos ou contribuições;
k) os casos de rescisão;
l) o valor do contrato e a origem dos recursos;
m) a forma de solução dos conflitos, o foro do contrato e, quando necessário, a
lei aplicável;
n) estipulação assegurando à PETROBRÁS o direito de, mediante retenção de
pagamentos, ressarcir-se de quantias que lhes sejam devidas pela firma
contratada, quaisquer que sejam a natureza e origem desses débitos.
7 A Diretoria Executiva definirá, em ato interno específico, as competências para a
1.4 assinatura dos contratos celebrados pela PETROBRÁS.
7.2 Os contratos regidos por este Regulamento poderão ser alterados, mediante
acordo entre as partes, principalmente nos seguintes casos:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor
adequação técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a alteração do valor contratual, em decorrência de
acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, observado, quanto aos
acréscimos, o limite de vinte e cinco por cento do valor atualizado do contrato;
c) quando conveniente a substituição de garantia de cumprimento das obrigações
contratuais;
d) quando necessária a modificação do regime ou modo de realização do
contrato, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos
contratuais originários;
e) quando seja comprovadamente necessária a modificação da forma de
pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, respeitado o valor
do contrato.
7.3 A inexecução total ou parcial do contrato poderá ensejar a sua rescisão, com as
consequências contratuais e as previstas em lei, além da aplicação ao contratado
das seguintes sanções:

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a) advertência;
b) multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;
c) suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar
com a PETROBRÁS, por prazo não superior a dois anos;
d) proibição de participar de licitação na PETROBRÁS, enquanto perdurarem os
motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação,
perante a própria autoridade que aplicou a pena.
7.3. Constituem motivo, dentre outros, para rescisão do contrato:
1 a) o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou
prazos;
b) o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou
prazos;
c) a lentidão no seu cumprimento, levando a PETROBRÁS a presumir a não-
conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;
d) o atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento;
e) a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem justa causa e prévia
comunicação à PETROBRÁS;
f) a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação da contratada
com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, exceto se admitida no
edital e no contrato, bem como a fusão, cisão ou incorporação, que afetem a boa
execução deste;
g) o desatendimento das determinações regulares do preposto da PETROBRÁS
designado para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de seus
superiores;
h) o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas em registro
próprio;
i) a decretação da falência, o deferimento da concordata, ou a instauração de
insolvência civil;
j) a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado;
k) a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa,
que, a juízo da PETROBRÁS, prejudique a execução da obra ou serviço;
l) o protesto de títulos ou a emissão de cheques sem suficiente provisão de

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fundos, que caracterizem insolvência do contratado;


m) a suspensão de sua execução, por ordem escrita da PETROBRÁS por prazo
superior a cento e vinte dias, salvo em caso de calamidade pública, grave
perturbação da ordem interna ou guerra;
n) a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada,
impeditiva da execução do contrato.
7.3. A rescisão acarretará as seguintes conseqüências imediatas:
2 a) execução da garantia contratual, para ressarcimento, à PETROBRÁS, dos
valores das multas aplicadas e de quaisquer outras quantias ou indenizações a
ela devidas;
b) retenção dos créditos decorrentes do contrato, até o limite dos prejuízos
causados à PETROBRÁS.
7.4 O contrato poderá estabelecer que a decretação da concordata implicará a
rescisão de pleno direito, salvo quando a firma contratada prestar caução
suficiente, a critério da PETROBRÁS, para garantir o cumprimento das
obrigações contratuais.
 
CAPÍTULO VIII
LICITAÇÃO PARA ALIENAÇÃO DE BENS
8 Observado o disposto no Estatuto Social, a alienação de bens do ativo permanente,
1 devidamente justificada, será sempre precedida de avaliação e licitação,
dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento, quando o credor consentir em receber bens móveis ou
imóveis em substituição à prestação que lhe é devida;
b) doação, exclusivamente para bens inservíveis ou na hipótese de calamidade
pública;
c) permuta;
d) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação
específica;
e) venda de títulos, na forma da legislação pertinente.
8. A alienação será efetuada mediante leilão público, ou concorrência, quando se
2 tratar de imóveis, segundo as condições definidas pela Diretoria Executiva,
indicadas no respectivo edital, previamente publicado.

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CAPÍTULO IX
RECURSOS PROCESSUAIS
9.1 Qualquer interessado, prejudicado por ato de habilitação, classificação ou
julgamento, praticado pela Comissão de Licitação, ou por representante
autorizado da PETROBRÁS, em função deste Regulamento, poderá recorrer,
mediante:
a) Pedido de Reconsideração;
b) Recurso Hierárquico.
9.1. O Pedido de Reconsideração será formulado em requerimento escrito e assinado
1 pelo interessado, dirigido à Comissão de Licitação ou à unidade responsável
pelo ato impugnado e deverá conter:
a) a identificação do recorrente e das demais pessoas afetadas pelo ato
impugnado;
b) a indicação do processo licitatório ou administrativo em que o ato tenha sido
praticado;
c) as razões que fundamentam o pedido de reconsideração, com a indicação do
dispositivo deste Regulamento ou, quando for o caso, da legislação
subsidiariamente aplicável.
9.1. O Pedido de Reconsideração será apresentado no protocolo local da
2 PETROBRÁS, instruído com os documentos de prova de que dispuser o
recorrente. Quando assinado por procurador, deverá vir acompanhado do
correspondente instrumento do mandato, salvo quando este já constar do
processo respectivo.
9.1. Mediante o pagamento do custo correspondente, a parte poderá requerer cópias
3 das peças do processo da licitação, ou de quaisquer outros documentos
indispensáveis à instrução do recurso.
9.1. Quando o interessado o requerer, o Pedido de Reconsideração poderá converter-
4 se em Recurso Hierárquico, na hipótese de indeferimento da Comissão de
Licitação ou da unidade administrativa à qual tenha sido dirigido.
9.1. O Recurso Hierárquico, formulado com observância do disposto no subitem
5 9.1.1, será dirigido à unidade administrativa imediatamente superior àquela
responsável pelo ato impugnado.
9.1. Quando se referir a ato praticado em processo de licitação, o requerimento do
6 Recurso Hierárquico será apresentado, através do protocolo local da
PETROBRÁS, à Comissão de Licitação, que o encaminhará a unidade
administrativa competente, com as informações justificativas do ato praticado,
caso decida mantê-lo.

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9.1. Interposto o recurso hierárquico, a Comissão de Licitação comunicará aos


7 demais licitantes, que poderão impugná-lo no prazo comum de cinco dias úteis.
9.1. A Comissão de Licitação, ou a unidade administrativa responsável pelo ato
8 impugnado, decidirá sobre o Pedido de Reconsideração no prazo de três dias
úteis, contados do término do prazo para impugnação e, em igual prazo,
comunicará o resultado ao interessado, ou encaminhará o processo ao superior
hierárquico, na hipótese prevista no subitem 9.1.4.
9.1. O Recurso Hierárquico será decidido pela unidade administrativa competente no
9 prazo de cinco dias úteis, contados da data em que receber, devidamente
instruído, o processo respectivo.
9.2 É de cinco dias corridos, contados da data de comunicação do ato impugnado, o
prazo para formulação do Pedido de Reconsideração e do Recurso Hierárquico.
9.2. Quando se tratar de ato divulgado em sessão pública do procedimento licitatório,
1 o prazo para recorrer contar-se-á da data da realização da sessão.
9.2. Nos demais processos vinculados a esta Norma, o prazo para recorrer contar-se-
2 á da data em que a parte tomar conhecimento do ato.
9.2. Quando o recurso se referir ao resultado final da licitação, o prazo de recurso
3 será contado da data da notificação do resultado, feita pela Comissão de
Licitação aos interessados.
9.2. Na contagem do prazo de recurso excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do
4 vencimento, prorrogando-se este para o primeiro dia útil, quando recair em dia
em que não haja expediente na PETROBRÁS.
9.3 Os recursos terão efeito apenas devolutivo. Entretanto, quando se referirem à
habilitação de recorrentes, ou ao resultado da avaliação e classificação de
propostas, os recursos acarretarão a suspensão do procedimento licitatório, mas
apenas em relação à firma, ou a proposta, atingida pelo recurso.
9.3. A seu exclusivo critério, a autoridade competente para apreciar o recurso poderá
1 suspender o curso do processo, quando isso se tornar recomendável, em face da
relevância dos aspectos questionados pelo recorrente.
9.3. A parte poderá, a qualquer tempo, desistir do recurso interposto. Responderá,
2 entretanto, perante a PETROBRÁS, pelos prejuízos que, porventura, decorram
da interposição de recurso meramente protelatório.
CAPÍTULO X
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
10. A disciplina estabelecida neste Regulamento poderá ser complementada, quanto
1 aos aspectos operacionais, por ato interno da Diretoria Executiva da
PETROBRÁS, previamente publicado no Diário Oficial da União, inclusive
quanto à fixação das multas a que se refere a alínea " g " do subitem 7.1.3.
10. Quando da edição da lei a que se refere o § 1º do art. 173 da Constituição, com a
2 redação dada pela Emenda nº 19, de 4 de junho de 1998, o procedimento

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licitatório disciplinado neste Regulamento deverá ser revisto, naquilo que


conflitar com a nova lei.
 

STF AFASTOU A DECISÃO DO TCU Nº 009.131/2003-7 – REGULAMENTO


LICITATÓRIO CONSTITUCIONAL

DECISÃO: Trata-se de mandado de segurança, com pedido de medida liminar,


impetrado por Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobrás, contra ato do Tribunal de Contas
da União - TCU, consubstanciado em decisão que determinou à impetrante e seus
gestores que se abstenham de aplicar o Regulamento de Procedimento Licitatório
Simplificado, aprovado pelo Decreto n° 2.745, de 24.8.1998, do Exmo. Sr. Presidente
da República. Consta da petição inicial que o TCU, ao apreciar o processo TC n°
009.131/2003-7, em que analisou Relatório de Auditoria realizada pela Secretaria de
Controle Externo/RJ, impôs determinações à Petrobrás, “dentre elas, a adequação das
contratações e procedimentos licitatórios às normas estabelecidas pela Lei nº
8.666/93”. Segundo o TCU, as determinações a serem feitas pela Secex/RJ à
Petrobrás, “em função das falhas constatadas pela equipe de auditoria, devem ter
como fundamento a própria Lei nº 8.666/93” (Acórdão nº 597/2004 – fl. 76).  Contra
essa decisão, a impetrante apresentou Pedido de Reexame (fls. 54-63), alegando que
seus procedimentos de contratação não estariam regulados pela Lei n° 8.666/93, mas
sim pelo Regulamento de Procedimento Licitatório Simplificado aprovado pelo
Decreto n° 2.745/98, do Exmo. Sr. Presidente da República, o qual possui lastro legal
no art. 67 da Lei n° 9.478/97. Sustentou, ainda, que o Parecer AC-15, da Advocacia-
Geral da União, aprovado pelo Exmo. Sr. Presidente da República, vinculante para a
administração pública federal, conclui que a Petrobrás e suas subsidiárias devem se
submeter às regras do citado Decreto n° 2.745/98. Ao analisar o pedido de reexame, o
TCU concedeu-lhe provimento parcial, apenas para “dar nova redação ao subitem
9.2.1 do Acórdão recorrido, que passa a ser: ‘9.2.1 exija e mantenha arquivados todos
os documentos exigíveis da contratada, ainda que em meio magnético, junto aos
processos de acompanhamento dos contratos, quando o instrumento celebrado assim
o exigir, tais como:” (fl. 17 - Acórdão n° 2.115/2008). O TCU decidiu não acolher as
demais alegações da Petrobrás, com base nos seguintes fundamentos: a) o Parecer da
AGU vincula tão-somente os órgãos do Poder Executivo, não se estendendo ao TCU;
b) na Decisão n° 633/2002 (fls. 79-132), o TCU já havia declarado a
inconstitucionalidade do art. 67 da Lei n° 9.478/97 e do Decreto n° 2.745/98,
determinando que a Petrobrás observasse os ditames da Lei n° 8.666/93; c) segundo a
Súmula 347 do STF, “o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode

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apreciar a constitucionalidade das Leis e dos Atos do Poder Público”. Contra essa
decisão do TCU (Acórdão n° 2.115/2008), a Petrobrás impetra o presente mandado
de segurança, alegando que: a) o TCU não possui competência para declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. A Súmula 347 do STF foi editada em
1963, tendo como base o art. 77 da Constituição de 1946, há muito revogado. A regra
do Regimento Interno do TCU, que prevê essa competência, não pode se sobrepor à
Constituição; b) a Petrobrás, empresa integrante da Administração Indireta, está
submetida ao princípio da legalidade e, portanto, deve cumprir o art. 67 da Lei n°
9.478/97 e o Decreto n° 2.745/98, que permanecem vigentes, e determinam que os
contratos celebrados pela impetrante, para aquisição de bens e serviços, serão
precedidos de procedimento licitatório simplificado, afastando a aplicação da Lei n°
8.666/93. c) por força do § 1o do art. 40 da LC n° 73/93, a Petrobrás está obrigada a
cumprir o Parecer AC-15, da Advocacia-Geral da União, que conclui que “a
inaplicação (do Decreto n° 2.745/98) – por alegada inconstitucionalidade do regime
simplificado – à todo o Grupo Petrobrás, esbarra no respeito ao princípio da
presunção de constitucionalidade das leis e da legalidade dos atos da administração
até que sobrevenha decisão judicial em contrário, sendo insuficiente a opinião do
TCU, a quem cabe tão só julgar a regularidade das contas”. d) após a Emenda
Constitucional n° 9/95, que alterou o § 1o do art. 177 da Constituição, a impetrante
passou a atuar na exploração do petróleo em regime de livre concorrência com outras
empresas. Com isso, o art. 67 da Lei n° 9.478/97 determinou a submissão da
impetrante a um procedimento licitatório simplificado, afastando a aplicação da Lei
n° 8.666/93, que estabelece um regime de licitação e contratação inadequado para a
atuação da empresa num ambiente de livre competição. Quanto à urgência da
pretensão cautelar, a impetrante sustenta que “o não cumprimento da prefalada
decisão, como por ela já firmemente sinalizado, acarretará na aplicação das mais
diversas penalidades, tais como multas, inabilitação para o exercício de cargo ou
função, e arresto de bens, como estampado, v.g, nos arts. 45, § 1o, inc. III, 58, incs.
II, IV, VII e § 1o, 60 e 61, todos da Lei n° 8.443/92” (fl. 11). Assim, a impetrante
requer a concessão da medida liminar para suspender a decisão proferida pelo TCU
(Acórdão n° 2.115/2008) no processo TC n° 009.131/2003-7 (Relatório de Auditoria).
Passo a decidir. Em situação análoga a dos autos, deferi pedido de medida liminar
para suspender os efeitos de decisão proferida pelo TCU, nos seguintes termos:
DECISÃO: Trata-se de mandado de segurança, com pedido de medida liminar,
impetrado pela Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRÁS, contra ato do Tribunal de
Contas da União, consubstanciado em decisão que determinou à impetrante e seus
gestores que se abstenham de aplicar o Regulamento de Procedimento Licitatório
Simplificado, aprovado pelo Decreto n° 2.745, de 24/08/1998, do Exmo. Sr.
Presidente da República. Consta da petição inicial que o Tribunal de Contas da
União, ao apreciar o processo TC n° 008.210/2004-7 (Relatório de Auditoria),
determinou que a impetrante (Acórdão n° 1.498/2004): a) justifique, de modo
circunstanciado, a aplicação das sanções previstas no art. 87 da Lei n° 8.666/93,

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garantindo prévia defesa da contratada e mantendo no respectivo processo


administrativo os documentos que evidenciem tais procedimentos; b) obedeça ao
estabelecido nos arts. 22 e 23 da Lei n° 8.666/93 no que se refere às modalidades de
licitação e seus respectivos limites, tendo em vista o valor estimado de contratação
(fl. 48) . Contra essa decisão, a impetrante interpôs recurso de reexame (fls. 98-105),
alegando que seus procedimentos de contratação não estariam regulados pela Lei n°
8.666/93, mas sim pelo Regulamento de Procedimento Licitatório Simplificado
aprovado pelo Decreto n° 2.745/98, do Exmo. Sr. Presidente da República, o qual
possui lastro legal no art. 67 da Lei n° 9.478/97. Sustentou, ainda, que o Parecer AC-
15, da Advocacia-Geral da União, aprovado pelo Exmo. Sr. Presidente da República,
vinculante para a administração pública federal, conclui que a Petrobrás e suas
subsidiárias devem se submeter às regras do citado Decreto n° 2.745/98. Ao analisar
o pedido de reexame, o TCU negou-lhe provimento (fls. 29-42), com base nos
seguintes fundamentos (Acórdão n° 1.767/2005): a) o Parecer da AGU vincula tão-
somente os órgãos do Poder Executivo, não se estendendo ao TCU; b) na Decisão n°
633/2002 (fls. 121-177), o TCU já havia declarado a inconstitucionalidade do art. 67
da Lei n° 9.478/97 e do Decreto n° 2.745/98, determinando que a Petrobrás
observasse os ditames da Lei n° 8.666/93; c) segundo a Súmula 347 do STF, “o
Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das Leis e dos Atos do Poder Público”. A Petrobrás interpôs
embargos de declaração, os quais não foram acolhidos pelo TCU (Acórdão n°
39/2006) (fls. 23-27). Contra essa decisão do TCU (Acórdão n° 39/2006), a Petrobrás
impetra o presente mandado de segurança, alegando que: a) o Tribunal de Contas de
União não possui competência para declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo. A Súmula 347 do STF foi editada em 1963, tendo como base o art. 77 da
Constituição de 1946, há muito revogado. A regra do Regimento Interno do TCU,
que prevê essa competência, não pode se sobrepor à Constituição; b) a Petrobrás,
empresa integrante da Administração Indireta, está submetida ao princípio da
legalidade e, portanto, deve cumprir o art. 67 da Lei n° 9.478/97 e o Decreto n°
2.745/98, que permanecem vigentes, e determinam que os contratos celebrados pela
impetrante, para aquisição de bens e serviços, serão precedidos de procedimento
licitatório simplificado, afastando a aplicação da Lei n° 8.666/93. c) por força do § 1o
do art. 40 da LC n° 73/93, a Petrobrás está obrigada a cumprir o Parecer AC-15, da
Advocacia-Geral da União, que conclui que “a inaplicação (do Decreto n° 2.745/98)
– por alegada inconstitucionalidade do regime simplificado – à todo o Grupo
Petrobrás, esbarra no respeito ao princípio da presunção de constitucionalidade das
leis e da legalidade dos atos da administração até que sobrevenha decisão judicial em
contrário, sendo insuficiente a opinião do TCU, a quem cabe tão só julgar a
regularidade das contas”. d) após a Emenda Constitucional n° 9/95, que alterou o §
1o do art. 177 da Constituição, a impetrante passou a atuar na exploração do petróleo
em regime de livre concorrência com outras empresas. Com isso, o art. 67 da Lei n°
9.478/97 determinou a submissão da impetrante a um procedimento licitatório

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simplificado, afastando a aplicação da Lei n° 8.666/93, que estabelece um regime de


licitação e contratação inadequado para a atuação da empresa num ambiente de livre
competição. Quanto à urgência da pretensão cautelar, a impetrante sustenta que “o
não cumprimento da prefalada decisão acarretará na aplicação das mais diversas
penalidades, tais como multas, inabilitação para o exercício de cargo ou função, e
arresto de bens, como estampado, v.g, nos arts. 45, § 1o, inc. III, 58, incs. II, IV, VII
e § 1o, 60 e 61, todos da Lei n° 8.443/92” (fl. 10). Assim, a impetrante requer, em
sede de medida liminar, a suspensão da decisão proferida pelo Tribunal de Contas da
União (Acórdão n° 39/2006) no processo TC n° 008.210/2004-7 (Relatório de
Auditoria). É o relatório. Passo a decidir. Existe plausibilidade jurídica no pedido. A
EC n° 9/95, apesar de ter mantido o monopólio estatal da atividade econômica
relacionada ao petróleo e ao gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, acabou com
o monopólio do exercício dessa atividade. Em outros termos, a EC n° 9/95, ao alterar
o texto constitucional de 1988, continuou a abrigar o monopólio da atividade do
petróleo, porém, flexibilizou a sua execução, permitindo que empresas privadas
participem dessa atividade econômica, mediante a celebração, com a União, de
contratos administrativos de concessão de exploração de bem público. Segundo o
disposto no art. 177, § 1o, da Constituição, na redação da EC n° 9/95: “§ 1º A União
poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades
previstas nos incisos I a IV deste artigo, observadas as condições estabelecidas em
lei”. Dessa forma, embora submetidas ao regime de monopólio da União, as
atividades de pesquisa, lavra, refinação, importação, exportação, transporte marítimo
e transporte por meio de conduto (incisos I a IV do art. 177), podem ser exercidas por
empresas estatais ou privadas num âmbito de livre concorrência. A hipótese prevista
no art. 177, § 1o, da CRFB/88, que relativizou o monopólio do petróleo, remete à lei
a disciplina dessa forma especial de contratação. A Lei n° 9.478/97, portanto,
disciplina a matéria. Em seu artigo 67, deixa explícito que “os contratos celebrados
pela Petrobrás, para aquisição de bens e serviços, serão precedidos de procedimento
licitatório simplificado, a ser definido em decreto do Presidente da República”. A
matéria está regulamentada pelo Decreto n° 2.745, de 1998, o qual aprova o
regulamento licitatório simplificado da Petrobrás. A submissão legal da Petrobrás a
um regime diferenciado de licitação parece estar justificado pelo fato de que, com a
relativização do monopólio do petróleo trazida pela EC n° 9/95, a empresa passou a
exercer a atividade econômica de exploração do petróleo em regime de livre
competição com as empresas privadas concessionárias da atividade, as quais, frise-se,
não estão submetidas às regras rígidas de licitação e contratação da Lei n° 8.666/93.
Lembre-se, nesse sentido, que a livre concorrência pressupõe a igualdade de
condições entre os concorrentes. Assim, a declaração de inconstitucionalidade, pelo
Tribunal de Contas da União, do art. 67 da Lei n° 9.478/97, e do Decreto n° 2.745/98,
obrigando a Petrobrás, conseqüentemente, a cumprir as exigências da Lei n°
8.666/93, parece estar em confronto com normas constitucionais, mormente as que
traduzem o princípio da legalidade, as que delimitam as competências do TCU (art.

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71), assim como aquelas que conformam o regime de exploração da atividade


econômica do petróleo (art. 177). Não me impressiona o teor da Súmula n° 347 desta
Corte, segundo o qual “o Tribunal de Contas, o exercício de suas atribuições, pode
apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”. A referida regra
sumular foi aprovada na Sessão Plenária de 13.12.1963, num contexto constitucional
totalmente diferente do atual. Até o advento da Emenda Constitucional n° 16, de
1965, que introduziu em nosso sistema o controle abstrato de normas, admitia-se
como legítima a recusa, por parte de órgãos não-jurisdicionais, à aplicação da lei
considerada inconstitucional. No entanto, é preciso levar em conta que o texto
constitucional de 1988 introduziu uma mudança radical no nosso sistema de controle
de constitucionalidade. Em escritos doutrinários, tenho enfatizado que a ampla
legitimação conferida ao controle abstrato, com a inevitável possibilidade de se
submeter qualquer questão constitucional ao Supremo Tribunal Federal, operou uma
mudança substancial no modelo de controle de constitucionalidade até então vigente
no Brasil. Parece quase intuitivo que, ao ampliar, de forma significativa, o círculo de
entes e órgãos legitimados a provocar o Supremo Tribunal Federal, no processo de
controle abstrato de normas, acabou o constituinte por restringir, de maneira radical, a
amplitude do controle difuso de constitucionalidade. A amplitude do direito de
propositura faz com que até mesmo pleitos tipicamente individuais sejam submetidos
ao Supremo Tribunal Federal mediante ação direta de inconstitucionalidade. Assim, o
processo de controle abstrato de normas cumpre entre nós uma dupla função: atua
tanto como instrumento de defesa da ordem objetiva, quanto como instrumento de
defesa de posições subjetivas. Assim, a própria evolução do sistema de controle de
constitucionalidade no Brasil, verificada desde então, está a demonstrar a necessidade
de se reavaliar a subsistência da Súmula 347 em face da ordem constitucional
instaurada com a Constituição de 1988. A urgência da pretensão cautelar também
parece clara, diante das conseqüências de ordem econômica e política que serão
suportadas pela impetrante caso tenha que cumprir imediatamente a decisão atacada.
Tais fatores estão a indicar a necessidade da suspensão cautelar da decisão proferida
pelo TCU, até o julgamento final deste mandado de segurança. Ante o exposto, defiro
o pedido de medida liminar, para suspender os efeitos da decisão proferida pelo
Tribunal de Contas da União (Acórdão n° 39/2006) no processo TC n° 008.210/2004-
7 (Relatório de Auditoria) – (MS-MC 25.888, DJ 22.3.2006). Este entendimento tem
sido reiterado em diversas decisões em mandados de segurança nos quais se discute
questão idêntica à destes autos: MS-ED 25.986, rel. Celso de Mello, DJ 30.6.2006;
MS-MC 26.783, rel. Ellen Gracie, DJ 1º.8.2007; MS 27.232, rel Eros Grau, DJe nº
90/2008, divulgado em 30.5.2008; e MS 27.743, rel. Cármen Lúcia, DJe 237/2008,
publicado 15.12.2008. Estão presentes, portanto, os requisitos para a concessão da
medida liminar. Ante o exposto, defiro o pedido de medida liminar, para suspender os
efeitos da decisão proferida pelo Tribunal de Contas da União (Acórdão n°
2.115/2008) no processo TC n° 009.131/2003-8 (Relatório de Auditoria).
Comunique-se, com urgência. Cite-se a União. Requisitem-se as informações ao

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Tribunal de Contas da União. Após, abra-se vista dos autos à Procuradoria-Geral da


República. Publique-se. Brasília, 19 de janeiro de 2009.   Ministro GILMAR
MENDES Presidente (art. 13, VIII, RI-STF) 1     1  

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