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FALECIMENTO
3 O PROBLEMA DO MÉTODO
“Essa ciência do Direito Penal é a ciência normativa. O seu objeto de estudo é
uma norma de comportamento, a norma jurídico-penal.” (p. 14)
4 POLÍTICA CRIMINAL
“A Política Criminal é, como o Direito Penal, ciência normativa, ciência prática,
ciência de fins e de meios. [...] Mas, para isso, ela deve, como observa EXNER,
desemprenhar dupla tarefa: determinar quais os fatos anti-sociais que devem ser
definidos crimes e estabelecer as medidas de que o Estado se deve valer, diante
deles, para a defesa social [...].” (p. 17)
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5 CRIMINOLOGIA
“Estas são ciências teleológicas, ciências de meios para alcançar
determinados fins, ciências não do que é, mas do que deve ser, enquanto que as
ciências a que nos vamos referir são ciências do que é, pertencem, para dizermos
com STAMMER, ao reino da percepção.” (p. 18)
7 CONCEITO ANALÍTICO
“Então, assinalou-se que o crime é essencialmente uma ação, isto é, uma
manifestação da vontade humana no mundo exterior, mas uma ação antijurídica, isto
é, contrária ao Direito, uma ação que contrasta com a proibição ou comando de uma
norma jurídica, e ainda uma ação típica, uma ação que realiza uma das descrições
do fato punível que se encontram na lei, uma ação que se ajusta a um tipo legal, e
finalmente uma ação culpável, isto é, uma ação pela qual deve pesar sobre o seu
autor a reprovação da ordem jurídica.
O crime é, portanto, uma ação a que se juntam os atributos da tipicidade, da
antijuridicidade e da culpabilidade, donde o conceito analítico do crime como ação
típica, antijurídica e culpável.” (p. 177)
“Há a considerar, portanto, no conceito do fato punível:
a) a ação;
b) a tipicidade;
c) a antijuridicidade;
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d) a culpabilidade.
A ação é o núcleo do conceito. Todo fato punível é antes de tudo a ação,
realização da vontade de um homem no mundo exterior. Ação em sentido amplo,
ação ou omissão.” (p. 177-178)
“A nota fundamental da ação punível é a sua antijuridicidade, a sua
contradição a uma norma de Direito que a opõe à proteção que a ordem jurídica
concede a determinado bem ou interesse. A ação punível é antes de tudo um ilícito.
A antijuridicidade e a tipicidade, com o seu caráter sobretudo objetivo,
justificam o juízo de reprovação da ordem jurídica diretamente sobre o fato. Mas a
ação antijurídica e típica é expressão da vontade do agente, que deve, para
completar o esquema do conceito do fato punível, penetrar nele com os seus
elementos subjetivos, puros e normativos, que justificam o juízo de reprovação da
ordem de Direito diretamente sobre o seu autor, isto é, que justificam a sua
culpabilidade.” (p. 178)
8 A AÇÃO
8.1 CONCEITO E ELEMENTOS
“A ação é que dá corpo ao fato punível constituindo o elemento central do seu
conceito, o suporte material, por assim dizer, sobre que assentam os outros
elementos da tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade.” (p. 183)
“A ação pode definir-se como um comportamento humano voluntário que
produz uma modificação no mundo exterior. Tem por componentes necessários: um
processo interno de vontade; a atuação dessa vontade no mundo exterior por meio
de um fazer ou não fazer do agente; o resultado dessa atuação.” (p. 184)
9 AÇÃO E OMISSÃO
“O comportamento humano que constitui a ação pode manifestar-se por uma
atitude positiva, um fazer agente, ação em sentido estrito, ou por uma atitude
negativa, um não fazer, que é a omissão. Ação é, assim, um termo genérico, que
compreende as duas formas possíveis do comportamento do agente.” (p. 190)
10 EXCLUSÃO DO CRIME POR AUSÊNCIA DE AÇÃO
“Sem ação não há crime, e não existe ação quando falta algum dos seus
componentes. Praticamente isso ocorre quando, havendo, embora, o movimento
corporal do agente ou o seu comportamento negativo, e mesmo o resultado, falta a
vontade, da qual esse conjunto venha a ser manifestação no mundo exterior.” (p.
196)
11 A RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
“Dentro da ação, a relação causal estabelece o vínculo entre o
comportamento em sentido estrito e o resultado. Ela permite concluir se o fazer ou
não fazer do agente foi ou não o que ocasionou a ocorrência típica, e este é o
problema inicial de toda investigação que tenha por fim incluir o agente no acontecer
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12 TIPICIDADE E ANTIJURIDICIDADE
“Por mais distintos que se atenham os elementos conceituais do crime, na
realidade não é tão rígida e impermeável a fronteira que se possa traçar entre
tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade, que não são partes que se somam, mas
que se integram no fato punível, que resulta sempre uma figura unitária.” (p. 218)
“Em princípio, toda ação típica é ao mesmo tempo e necessariamente
antijurídica, uma vez que configura a hipótese que a lei considera punível e,
portanto, juridicamente ilícita. [...] São casos, em que o comportamento do agente
ocorre em condições que a lei toma em consideração para excluir a ilicitude, as
chamadas causas de exclusão da antijuridicidade, bem como o estado de
necessidade ou a legítima defesa. Somente assim pode haver tipicidade sem
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antijuridicidade. Mas pode haver também antijuridicidade sem tipicidade, mas o ilícito
assim configurado não tem relevância para o Direito Penal.” (p. 219)
13 A ANTIJURIDICIDADE
13.1 CONCEITO DO ILÍCITO PENAL
“Todo crime é um ato contra o Direito, um ilícito jurídico. A antijuridicidade de
um fato é esse contraste em que ele se apresenta em relação às exigências da
ordem jurídica, ou mais propriamente esse contraste entre o fato e a norma. Por ser
contrário ao Direito, é que a lei lhe impõe a sanção penal; por constituir, como diz
VON LISZT, a transgressão de um mandado ou de uma proibição da ordem jurídica.
A antijuridicidade é, portanto, um dos elementos conceituais do crime. Não
basta que a ação seja típica, isto é, que retrace na realidade da vida a definição da
norma penal; é necessário ainda que seja antijurídica para que sobre ela recaia a
reprovação da ordem de Direito, e que o agente penetre no processo de sua
realização com os atributos da culpabilidade para que se venha a ter um fato
punível. A antijuridicidade é, entretanto, um atributo geral, em relação a toda ordem
jurídica, não particular ao Direito punitivo. Um fato que se apresenta como
antijurídico em face de qualquer ramo do Direito conserva esse atributo de
antijuridicidade em referência a qualquer outro domínio jurídico.” p. (223)
“No fundo desta antijuridicidade chamada formal está geralmente contida a
material. E só como conteúdo daquela pode esta ser tomada em consideração na
aplicação do Direito. À chamada antijuridicidade material deve atender o legislador
para que o ilícito formulado nas leis corresponda à realidade das exigências sociais.
Ela é que lhe traça os limites dentro dos quais deve manter-se na definição dos fatos
puníveis. Só devem ser declarados passíveis de pena os atos que violem ou
ameacem condições existenciais da sociedade.” (p. 224-225)
“Daí resulta que o domínio da chamada antijuridicidade material não coincide
necessariamente com o do ilícito formal, e, se um se apresenta discordante do outro,
é a este último, isto é, à definição legal que fica subordinado o juiz, podendo apenas
recorrer à noção de antijuridicidade material como elemento de interpretação da
norma.
A antijuridicidade tem de ser considerada no seu aspecto objetivo, de relação
contraditória entre um fato e uma norma. É este o caráter que lhe é geralmente
reconhecido e com este caráter objetivo é que ela afigura na construção tripartida do
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antecipação que teve a Parte Especial sobre a Parte Geral não lhe assegurou uma
estrutura dogmática pelo menos equivalente à que os penalistas lograram conferir a
esta última. Seria preciso, então, retomar a obra de organização sistemática da
Parte Especial e leva-la adiante, restaurando-a na continuidade da evolução que
anima o Direito Penal.
É essa preocupação de levantamento técnico da Parte Especial dos códigos
que se vem refletindo na ciência penal mais recente.” (p. 27)
nas legislações, possa apresentar-se como uma faixa contínua, isenta de lacunas,
firme e organicamente articulada.” (p. 30)
REFERÊNCIAS
BRUNO, Aníbal e BATISTA, Nilo. Teoria da lei penal. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1974.
BRUNO, Aníbal. Crimes contra a pessoa. 4. ed. rev. Rio de Janeiro: Rio, 1976.
______. Direito penal. Parte geral: introdução, norma penal, fato punível. Rio de
Janeiro: Forense, 2003. t. I.