Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Florianópolis
2018
Este trabalho é dedicado ao meu marido e
ao meu filho, que compreenderam minha
ausência durante este percurso.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 21
1.1 OBJETIVOS ............................................................................... 25
1.1.1 Objetivo geral ...................................................................... 25
1.1.2 Objetivos específicos ........................................................... 25
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................ 27
2.1 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ................................................. 27
2.2 REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE ........................................... 29
2.3 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE .......................................... 33
2.4 UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO ............................. 36
2.5 ACOLHIMENTO COM AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE
RISCO ........................................................................................ 39
2.6 REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA ........................... 43
2.7 FLUXOGRAMA ........................................................................ 45
3 MÉTODO .......................................................................................... 47
3.1 CONCEPÇÃO ............................................................................ 48
3.2 INSTRUMENTALIZAÇÃO: ..................................................... 48
3.2.1 Espaço físico da pesquisa .................................................... 49
3.2.2 Participantes da pesquisa ................................................... 49
3.2.3 Considerações Bioéticas ...................................................... 50
3.3 PERSCRUTAÇÃO..................................................................... 52
3.3.1 Etapa do prelúdio ................................................................ 52
3.3.2 Instrumentos e técnicas de coleta de dados da segunda fase
da pesquisa ................................................................................... 55
3.3.2.1 Questionário..................................................................... 55
3.3.2.2 Discussão em grupo – Prática Assistencial ...................... 56
3.4 ANÁLISE ................................................................................... 58
4 RESULTADOS ................................................................................. 61
4.1 MANUSCRITO 1: CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS E
DOS ATENDIMENTOS DE UMA UNIDADE DE PRONTO
ATENDIMENTO DO SUL DO BRASIL .................................. 63
4.2 MANUSCRITO 2: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS
ACERCA DO PROCESSO DE REFERÊNCIA E
CONTRARREFERÊNCIA NA REDE MUNICIPAL DE
SAÚDE....................................................................................... 75
4.3 PRODUTO: FLUXOGRAMA DE REFERÊNCIA E
CONTRARREFERÊNCIA ENTRE APS E UPA ...................... 96
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 103
REFERÊNCIAS ................................................................................ 107
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre Esclarecido 1 ... 113
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre Esclarecido 2 ... 117
APÊNDICE C – Questionário aplicado com os profissionais ....... 121
ANEXO A – Parecer do CEP/UFSC ............................................... 127
21
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.7 FLUXOGRAMA
3 MÉTODO
3.1 CONCEPÇÃO
3.2 INSTRUMENTALIZAÇÃO:
3.3PERSCRUTAÇÃO
1
Para fins administrativos e institucionais, este município agrupa em distritos sanitários as
unidades de saúde, conforme localização geográfica e por proximidade, denominadas Distrito
Sanitário Sul, Distrito Sanitário Norte, Distrito Sanitário Centro, Distrito Sanitário Continente.
56
3.4 ANÁLISE
4 RESULTADOS
RESUMO
Estudo de natureza descritiva e retrospectiva com abordagem
quantitativa, teve como objetivo caracterizar a população adulta atendida
pela especialidade de clínica médica em uma Unidade de Pronto
Atendimento do Sul do Brasil. A coleta de dados, realizada em agosto de
2017, foi realizada utilizando os registros dos atendimentos do
Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco, do período de
janeiro a dezembro de 2016. Os dados foram extraídos do relatório
institucional do Sistema de Registro Eletrônico (prontuário) da unidade.
Os dados foram organizados e analisados através software IBM Statistics
Syntax Editor, com estatística simples. Analisou-se um total de 63.903
atendimentos. Achados mostram a predominância da utilização da
unidade por mulheres, jovens em idade produtiva e moradores de regiões
próximas. Predomina a queixa de dor, seja aguda ou crônica como motivo
de busca pelo serviço e a classificação de risco verde foi a mais frequente.
Usuários classificados em verde e azul, que poderiam ser resolvidos na
Atenção Primária à Saúde, totalizam mais de 80% dos atendimentos
realizados. A análise dos tempos de espera demonstrou que tanto na
classificação de risco, como no atendimento médico, este está dentro do
estimado pelo Grupo Brasileiro de Classificação de Risco. Conclui-se que
o perfil populacional encontrado nesta pesquisa não difere
significativamente do perfil de usuários atendidos em outras instituições
que realizam atendimentos de urgência e emergência no Brasil e no
mundo. Os usuários que procuraram os serviços da unidade estudada, em
sua maioria, poderiam ter sua queixa manejada nos serviços de Atenção
Primária à Saúde.
INTRODUÇÃO
O atendimento de situações de urgência e emergência no Brasil
tem modificado nos últimos anos, no intuito de estabelecer uma rede de
serviços hierarquizada, na qual os usuários sejam atendidos de acordo
com o nível de complexidade de cada unidade de saúde. Nesta proposta o
usuário é acolhido em qualquer nível de atenção e, quando necessário,
64
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo2 de natureza descritiva e retrospectiva com
abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em uma UPA localizada
no sul do Brasil classificada como Porte III e com capacidade operacional
Porte VIII, de acordo com a portaria nº 10/2017 (BRASIL, 2017b).
O estudo foi realizado com base nos registros dos atendimentos
realizados aos usuários adultos que passaram pelo AACR para serem
atendidos pela clínica médica no período de janeiro a dezembro de 2016.
2
Esta pesquisa faz parte uma dissertação de mestrado profissional, que utilizou a Pesquisa
Convergente Assistencial (PCA) com enfoque na gestão do cuidado, para atender ao objetivo
geral “propor um fluxograma de referência e contrarreferência entre Atenção Primária à Saúde
e Unidades de Pronto Atendimento para o município de Florianópolis”.
66
RESULTADOS
Foram analisados um total de 63.903 atendimentos realizados pela
clínica médica na UPA no ano de 2016, sendo 36.920 (57,8%) do sexo
feminino e 26.983 (42,2%) do sexo masculino. Destes, 17.283 (27,0%)
tinham entre 14 e 24 anos; 16.230 (25,4%) entre 25 e 34 anos; 11.216
3
Para fins administrativos e institucionais, este município agrupa em distritos sanitários as
unidades de saúde, conforme localização geográfica e por proximidade, denominadas Distrito
Sanitário Sul, Distrito Sanitário Norte, Distrito Sanitário Centro, Distrito Sanitário Continente.
67
4
CID – Codificação Internacional de Diagnósticos.
5
Foram trazidos para este artigo os dados dos diagnósticos médicos mais frequentes e relevantes,
sendo assim o somatório não alcança 100%.
69
DISCUSSÃO
A caracterização dos usuários atendidos na UPA, bem como
aspectos do atendimento realizado traz o conhecimento necessário para
auxiliar na reorganização da gestão do sistema de saúde e, demostra a
dificuldade enfrentada pelos profissionais da área de urgência no desafio
de implantar a Rede de Atenção às Urgências (RUE) no Brasil (GARCIA;
REIS, 2014).
Os achados deste estudo convergem com a realidade encontrada
em outros serviços de emergência do Brasil e países como os Estados
Unidos, Camboja e a região da África do Sul (ACOSTA; LIMA, 2015;
DINIZ et al., 2014; GARCIA; REIS, 2014; HAYDEN et al., 2014;
70
CONCLUSÕES
O perfil populacional encontrado nesta pesquisa não difere
significativamente do perfil de usuários atendidos em outras instituições
que realizam atendimentos de urgência e emergência no Brasil e no
mundo.
Observa-se que apesar das estratégias do Ministério da Saúde,
como a implantação PNH e PNAU, ainda são muitos os desafios para que
o trabalho em rede flua de modo ideal.
72
REFERÊNCIAS
RESUMO
Pesquisa Convergente Assistencial que levantou as facilidades e as
dificuldades dos enfermeiros de uma rede municipal de saúde, situada em
uma capital de estado do sul do Brasil, na efetivação da referência e
contrarreferência entre Atenção Primária à Saúde e Unidades de Pronto
Atendimento, bem como as sugestões para elaboração de um fluxograma
de encaminhamento na rede. A coleta de dados ocorreu de julho a
fevereiro de 2018, com 91 enfermeiros e sete residentes de enfermagem
que atuam na rede. Inicialmente, foi aplicado um questionário
disponibilizado pela ferramenta SurveyMonkey; para conhecer as
percepções destes quanto ao tema. Posteriormente, foi realizada a prática
assistencial em grupo de convivência com nove enfermeiros, que
participaram da etapa anterior e que discutiram os resultados dos
questionários e apresentaram sugestões para elaboração do fluxograma.
Os dados coletados originaram as categorias: “percepção dos
profissionais no sistema de referência e contrarreferência”, “fluxo de
referência e contrarreferência na realidade atual”, as “facilidades no
sistema de referência e contrarreferência”, as “dificuldades no sistema de
referência e contrarreferência”, e, “aspectos essenciais a um fluxograma
de referência e contrarreferência”. Constatou-se que a referência e a
contrarreferência entre as unidades ocorre desarticulada e informalmente,
sem fluxos formais. Destaca-se a fragilidade de elo entre a Atenção
Primária à Saúde e os serviços de outros níveis, não há contrarreferência
ou retorno monitorados, implicando em descontinuidade do cuidado, e
baixa resolubilidade dos casos. A ferramenta mais utilizada nos
encaminhamentos é um formulário, com registro ineficiente de
informações e das intervenções realizadas e as motivações que justificam
o encaminhamento. O Sistema de Registro Eletrônico (prontuário) é
considerado um aspecto positivo para a efetivação de um fluxograma de
referência e contrarreferência.
INTRODUÇÃO
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi idealizado para operar através
de Redes de Atenção à Saúde (RAS) como uma resposta social
organizada às necessidades, demandas e preferências da sociedade
(MENDES, 2011).
A RAS é composta por três níveis de atenção: primária, secundária
e terciária. Os Centros de Saúde (CSs) e as equipes da Estratégia de Saúde
da Família (ESF) são responsáveis pela Atenção Primária à Saúde (APS),
que engloba a promoção da saúde e prevenção de enfermidades. Os
serviços de emergência, como Unidades de Pronto Atendimento (UPAs),
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), os hospitais gerais
e ambulatórios especializados têm a finalidade de proporcionar
tratamento precoce e minimizar agravos à saúde, sendo classificados
como atenção secundária ou média complexidade. Na esfera da atenção
terciária ou alta complexidade, encontram-se as ações de maior
complexidade e de reabilitação, prestadas por hospitais especializados
(OLIVEIRA et al., 2013b).
Embora, esses níveis de atenção tenham sido idealizados e
organizados para funcionar como uma rede interligada, levando em
consideração a gravidade do usuário e, tendo como a principal porta de
acesso ao sistema de saúde a APS, há uma grande dificuldade de
estruturar os serviços de saúde e os fluxogramas de atendimento na
realidade atual (OLIVEIRA et al., 2013b).
Sistemas estruturados em diferentes níveis de atenção, como o
brasileiro, recebem críticas no sentido de serem incapazes de se
articularem, resultando em um cuidado fragmentado, principalmente para
o enfrentamento das condições agudas ou agudizações das condições
crônicas (PEREIRA; MACHADO, 2016).
A integralidade da assistência, pressuposto fundamental da
assistência à saúde, reúne princípios de uma boa prática, na qual o usuário
é um ser indissociável com plenos direitos ao acesso à saúde, desde sua
promoção até a reabilitação; considera que os profissionais percebam o
usuário como um todo e não apenas o órgão doente, assim como implica
em um fluxo que possibilite o acesso do usuário ao nível indicado de
atenção que necessita, no momento em que necessita. Nesse sentido, é
fundamental a integração de serviços por meio de RAS, uma vez que
nenhuma das esferas de atenção dispõe da totalidade dos recursos e
competências necessárias para a solução dos problemas de saúde da
população em seus diversos ciclos de vida (QUEVEDO et al., 2016).
Seguindo este raciocínio, para efetivar estes valores de
integralidade há necessidade de um adequado sistema de referência e
77
METODOLOGIA
Pesquisa Convergente Assistencial (PCA) com enfoque na gestão
do cuidado (TRENTINI; PAIM; SILVA, 2014), realizada na rede
municipal de saúde de uma capital do sul do Brasil. A coleta de dados
ocorreu no período de julho de 2017 a fevereiro de 2018. Os sujeitos da
pesquisa tiveram sua participação firmada pelo aceite à participação
através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido específico de
cada etapa. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
UFSC, sob o nº 2.106.078 e guiado pelos princípios de autonomia, não
maleficência, justiça e equidade. Foram sujeitos do estudo 91 enfermeiros
e sete residentes de enfermagem.
A coleta de dados ocorreu em dois momentos. O primeiro
momento ocorreu de julho a agosto de 2017 e a população estudada foi
composta por 91 enfermeiros que atuam no município e sete residentes de
enfermagem. Como critério de inclusão utilizou-se ser enfermeiro ou
enfermeiro residente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com
cadastro no grupo de e-mails da categoria. A coleta de dados se deu pela
aplicação de um questionário disponibilizado pela ferramenta
SurveyMonkey; com quinze questões fechadas e abertas que permitiu
conhecer como os enfermeiros percebem a referência e contrarreferência
entre a APS e as UPAs.
O segundo momento ocorreu de outubro de 2017 a fevereiro de
2018, participaram nove enfermeiros, os quais haviam respondido ao
questionário do momento anterior, e que faziam parte da Comissão de
Sistematização da Assistência em Enfermagem (CSAE) da SMS do
município estudado. Com esses foi realizado um grupo de convivência
no qual foram apresentados e discutidos os resultados obtidos com o
questionário e elencadas as sugestões para elaboração do fluxograma de
referência e contrarreferência entre a APS e UPAs. Os dados de grupo
de convivência foram registrados através de anotações em diário de
campo e gravação de áudio, que foi transcrito posteriormente na íntegra,
78
RESULTADOS
A caracterização dos participantes, respondentes da etapa de
questionário, mostrou que: cinco (5,10%) trabalham a menos de um ano
na rede municipal de saúde; 29 (29,59%) trabalham a menos de cinco
anos; 43 (43,88%) trabalham entre seis e dez anos; oito (8,16%)
trabalham entre 11 e 15 anos; sete (7,14%) trabalham entre 16 e 20 anos
e; seis (6,12%) trabalham há mais de 20 anos. Com relação à área de
atuação, 59 participantes (60,20%) atuam na APS; 28 participantes
(28,57%) na Média complexidade e; 11 participantes (11,22%) atuam na
gestão.
Uma primeira categoria que se destaca no estudo trata da
percepção dos profissionais no sistema de referência e contrarreferência.
79
atenção.
Percebe-se que profissionais que atuam na APS e UPA trazem
dificuldades e justificativas diferentes, provavelmente por estarem em
pontos diferentes da RAS.
Os profissionais que trabalham nas UPAs referem a dificuldade
que o usuário tem em acessar a APS e de como é complicado
contrarreferenciá-los para atendimento em seu CS de origem.
Dificuldade em contrarreferenciar a atenção básica,
por questão de vaga nas agendas das unidades
[centros de saúde] (E24).
Dificuldades de acesso do cliente. Por exemplo,
mesmo que o paciente seja orientado e
encaminhado para o CS por condição de saúde
crônica, não é garantido que o mesmo conseguirá
vaga para atendimento no CS (E30).
Para os profissionais que atuam na APS observa-se a queixa de
ausência de um fluxo consolidado, a falta de registro de informações nos
Sistema de Registro Eletrônico (prontuário), dificuldade de vaga para
referenciar o usuário aos demais níveis de atenção e de entrar em contato
com os profissionais a quem referenciam usuários e de quem recebem a
contrarreferência.
Ausência de instrumento próprio, ou registro
incipiente sobre acompanhamento do usuário (E8).
Não há uma padronização desta [fluxograma de
referência e contrarreferência], muitos utilizam a
evolução do [sistema de registro eletrônico –
prontuário], outros o ícone encaminhamento do
[sistema de registro eletrônico – prontuário]
eletrônico, muitos utilizam a referência em papel
sem registro no [sistema de registro eletrônico –
prontuário], ainda há os que utilizam se de telefone
(...) (E74).
Falta de ferramentas e fluxos formalizados de
referência e contrarreferência; falta de alinhamento
das condutas entre os níveis de atenção; falta de
conhecimento do trabalho realizado nos níveis de
atenção (o que cada um faz, quais os seus limites);
Comunicação ruidosa entre profissionais, gerando
críticas entre os serviços; equipes incompletas -
sobrecarga dos profissionais (E58).
85
DISCUSSÃO
A referência e a contrarreferência coloca-se como um desafio à
construção da integralidade em saúde. A busca pelo atendimento integral
e integrado exige uma mudança das práticas de saúde nos níveis de
atenção, tanto institucional, como na organização e articulação dos
serviços de saúde e, nas práticas dos profissionais da área, exigindo a
interação com os demais sistemas da saúde (AUSTREGÉSILO et al.,
2015; BARATIERI et al., 2017; PEREIRA; MACHADO, 2016).
Confirma-se com este estudo, que na prática diária a referência e a
contrarreferência entre as unidades ocorre de forma desarticulada, e até
certo ponto, informal.
Percebe-se em outros estudos que os habituais instrumentos de
comunicação utilizados para encaminhamentos dos usuários de um nível
para outro, não dão conta da realidade (PEREIRA; MACHADO, 2016;
WÅHLBERG et al., 2015).
Até mesmo no período diurno, em que ambas as unidades estão
funcionando, não há formato de comunicação determinado. Não existem
fluxos formais para referenciar usuários da APS para as UPAs, nem
mecanismos facilitadores do acesso às UPAs de usuários previamente
avaliados na APS. Este mesmo dado foi achado por um estudo realizado
em município do Rio de Janeiro (KONDER; O’DWYER, 2016).
Destaca-se ainda a inexistência ou insuficiência de elo entre a APS
aos serviços de outros níveis, uma vez identificado que não há
contrarreferência ou retorno monitorados. Essa realidade é discutida
também em estudos realizados por outros autores (PEREIRA;
MACHADO, 2016; WÅHLBERG et al., 2015).
Em Piracicaba/SP, uma pesquisa encontrou um dado semelhante a
esta pesquisa, em que, apesar da maioria dos usuários tenham retornado
para a APS, houve um contingente que não retornou, ou seja, não se
concretizou a contrarreferência (BORGHI et al., 2013). Fato que
significou entraves à integralidade, na medida em que não houve
continuidade da atenção.
É fundamental a reflexão sobre a organização da contrarreferência
dos usuários para a APS, no sentido de se garantir a integralidade do
cuidado, fator primordial para assegurar a longitudinalidade e a qualidade
do atendimento (BORGHI et al., 2013).
Encontramos nesta pesquisa que os participantes têm
conhecimento, reconhecem a responsabilidade e importância do ao
89
CONCLUSÕES
A referência e a contrarreferência ainda são vistas como entraves
a integralidade do cuidado e exige uma mudança na prática, não só a
padronização de fluxos, mas também a conscientização dos profissionais
envolvidos em todos os pontos da RAS.
O profissional na SMS estudada identifica que, hoje, este fluxo é
informal e desarticulado, mas consegue visualizar qual deveria ser o
trânsito ideal deste usuário na rede, bem como, percebe como sua atuação
é importante e prejudica o usuário quando não há responsabilização do
cuidado e a comunicação eficaz entre os pontos da RAS.
Dificuldades são observadas em todas as esferas e não há um
sistema ideal, pois o bom funcionamento desta rede integrada depende da
colaboração de todos, inclusive do usuário. Através de uma ação
planejada de forma conjunta, com parceria entre profissionais, categorias
e gestão, todas organizadas para articular, padronizar e responder às
necessidades e demandas da população.
Observamos que o fluxo, mesmo que informal, acontece em ações
isoladas e tem sido cada vez mais difundido e estimulado, não estando
distante do preconizado, precisando de ajustes operacionais, capacitações
e incentivo institucional.
Um passo importante para a efetivação da continuidade do cuidado
já foi dado, e é visto como um grande facilitador, o Sistema de Registro
Eletrônico (prontuário). Tecnologia apontada como essencial dentro do
componente logístico, sem o qual esta integração não é possível.
Precisamos caminhar para que esta integração de informações com
o histórico de atendimentos do usuário, através do Sistema de Registro
Eletrônico (prontuário), seja ampliado em nível estadual, já que é comum
o fluxo de usuários entre serviços das esferas municipais e estaduais, pois
os serviço precisam um do outro a fim de dispor dos recursos necessários
para prestar assistência contínua e integral em todas as fases da vida do
usuário.
94
REFERÊNCIAS
ALLER, M.-B. et al. Factors associated to experienced continuity of care
between primary and outpatient secondary care in the Catalan public
healthcare system. Gaceta Sanitaria, v. 27, n. 3, p. 207–213, 2013.
AUSTREGÉSILO, S. C. et al. A Interface entre a Atenção Primária e os
Serviços Odontológicos de Urgência (SOU) no SUS: a interface entre
níveis de atenção em saúde bucal. Ciência e Saúde Coletiva, v. 20, n. 10,
p. 3111–3120, 2015.
BAIÃO, B. DE S. et al. Acolhimento humanizado em um posto de saúde
urbano do Distrito Federal, Brasil. Rev. APS, v. 17, n. 3, p. 291–302,
2014.
BARATIERI, T. et al. Percepções de usuários atendidos em um Pronto
Atendimento: olhar sobre a Atenção Primária à Saúde. Espaço para a
Saúde, v. 18, n. 1, p. 54–63, 2017.
BORGHI, G. N. et al. A avaliação do sistema de referência e
contrarreferência na atenção secundária em Odontologia. Rfo Upf, v. 18,
n. 2, p. 154–159, 2013.
BRAGA, D. C. et al. Resolutividade da Atenção Básica no município de
Água Doce, Santa Catarina. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 42,
n. 2, p. 70–74, 2013.
CASSETTARI, S. DA S. R.; MELLO, A. L. S. F. DE. Demanda e tipo de
atendimento realizado em unidades de pronto atendimento do município
de Florianópolis, Brasil. Texto Contexto Enferm, v. 26, n. 1, p. 1–9,
2017.
COREN/SC. Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina.
Classificação de risco e dispensa de pacientes por Enfermeiros. Resposta
técnica 050/CT, 2017.
ERDMANN, A. L. et al. A atenção secundária em saúde: melhores
práticas na rede de serviços. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 21, n.
1518–8345, p. 9, 2013.
JUNIOR, H. M. M.; PINTO, H. A. Atenção Básica enquanto ordenadora
da rede e coordenadora do cuidado: ainda uma utopia? Divulgação em
saúde para debate, v. 51, p. 14–29, 2014.
KONDER, M. T.; O’DWYER, G. A integração das Unidades de Pronto
Atendimento (UPA) com a rede assistencial no município do Rio de
Janeiro, Brasil. Interface: Comunicação, Saúde e Ação, v. 20, n. 59, p.
95
879–892, 2016.
MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Organização Pan-
Americana da Saúde, 2011.
MOURA, J. DE A. et al. Avaliação dos relatórios de referência recebidos
em um serviço público universitário de Endocrinologia de Belo
Horizonte. Revista Médica de Minas Gerais, v. 25, n. 2, p. 208–215,
2015.
OLIVEIRA, G. N. et al. Acolhimento com avaliação e classificação de
risco: concordância entre os enfermeiros e o protocolo institucional.
Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 21, n. 2, p. 1–7, 2013.
PEREIRA, J. DE S.; MACHADO, W. C. A. Referência e
contrarreferência entre os serviços de reabilitação física da pessoa com
deficiência: a (des)articulação na microrregião Centro-Sul Fluminense,
Rio de Janeiro, Brasil. Physis, v. 26, n. 3, p. 1033–1051, 2016.
QUEVEDO, A. L. A. DE et al. Direito à saúde, acesso e integralidade:
análise a partir de uma unidade saúde da família. Rev. APS, v. 19, n. 1,
p. 47–57, 2016.
RAIMUNDI, D. M. et al. Análise de uma Clínica da Família, visão dos
enfermeiros do serviço. Revista da Escola de Enfermagem, v. 50, n.
Specialissue, p. 130–138, 2016.
RISSARDO, L. K. et al. Idosos atendidos em unidade de pronto-
atendimento por condições sensíveis à atenção primária à saúde. REME:
Revista Mineira de Enfermagem, v. 20, n. e941, p. 1–8, 2016.
TRENTINI, M.; PAIM, L.; SILVA, D. M. G. V. DA. Pesquisa
convergente assistencial: deliniamento provocador de mudanças nas
práticas de saúde. 3. ed. Porto Alegre: MORIA, 2014.
WÅHLBERG, H. et al. Practical health co-operation - the impact of a
referral template on quality of care and health care co-operation: study
protocol for a cluster randomized controlled trial. Trials, v. 14, n. 7, p. 2–
8, 2013.
WÅHLBERG, H. et al. Impact of referral templates on the quality of
referrals from primary to secondary care: a cluster randomised trial. BMC
Health Services Research, v. 15, n. 353, p. 2–10, 2015.
XIANG, A. et al. Impact of a referral management “ gateway ” on the
quality of referral letters; a retrospective time series cross sectional
review. BMC Health Services Research, v. 13, n. 1, p. 2–7, 2013.
96
REFERÊNCIAS
MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Organização Pan-
Americana da Saúde, 2011.
PEREIRA, J. DE S.; MACHADO, W. C. A. Referência e
contrarreferência entre os serviços de reabilitação física da pessoa com
deficiência: a (des)articulação na microrregião Centro-Sul Fluminense,
Rio de Janeiro, Brasil. Physis, v. 26, n. 3, p. 1033–1051, 2016.
QUEVEDO, A. L. A. DE et al. Direito à saúde, acesso e integralidade:
análise a partir de uma unidade saúde da família. Rev. APS, v. 19, n. 1,
p. 47–57, 2016.
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE FLORIANÓPOLIS. Pack
Brasil Adulto: Ferramento de manejo clínico em Atenção primára à
Saúde. Versão Florianópolis. PACK, p. 120, 2016.
WÅHLBERG, H. et al. Practical health co-operation - the impact of a
referral template on quality of care and health care co-operation: study
protocol for a cluster randomized controlled trial. Trials, v. 14, n. 7, p. 2–
101
8, 2013.
WÅHLBERG, H. et al. Impact of referral templates on the quality of
referrals from primary to secondary care: a cluster randomised trial. BMC
Health Services Research, v. 15, n. 353, p. 2–10, 2015.
XIANG, A. et al. Impact of a referral management “ gateway ” on the
quality of referral letters; a retrospective time series cross sectional
review. BMC Health Services Research, v. 13, n. 1, p. 2–7, 2013.
103
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Justificativa e objetivos:
O estudo tem por objetivo propor um fluxograma informatizado de
referência e contrarreferência entre os Centros de Saúde e as Unidades de
Pronto Atendimento do município de Florianópolis. Pretende-se com o
estudo aperfeiçoar o sistema de referência e contrarreferência no
município de Florianópolis/SC, o a qual poderá melhorar os fluxos de
trabalho e beneficiar a população usuária do SUS.
Procedimentos:
Sua participação consiste em participar de um grupo de discussão com o
objetivo específico de desenvolver um processo reflexivo com os
profissionais de saúde sobre a elaboração de um fluxograma de referência
e contrarreferência entre Centros de Saúde e as Unidades de Pronto
Atendimento a ser aplicado na Secretaria Municipal de Saúde de
Florianópolis.
A proposta inicial é a de realizar dois encontros, com data a ser definida,
respeitando a disponibilidade dos participantes. Caso haja necessidade de
mais encontros, o grupo será previamente comunicado. Os encontros
terão uma duração estimada em 2 horas, sendo que serão aproveitadas
reuniões de trabalho que já acontecem.
Sigilo e privacidade:
Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e
nenhuma informação será dada a outras pessoas. Na divulgação dos
resultados desse estudo, seu nome não será citado. Por ser uma pesquisa
envolvendo seres humanos garantimos a confidencialidade das
informações. Garanto que seu nome ou de qualquer outro dado que o
identifique não será divulgado. As informações fornecidas somente serão
utilizadas em publicações de artigos científicos ou outros trabalhos em
eventos científicos, mas sem que seu nome ou qualquer outra informação
que o identifique seja revelado.
Benefícios:
Você não receberá qualquer benefício financeiro por sua participação na
pesquisa, porém, estará contribuindo para melhorar o fluxo de referência
119
Desconfortos e riscos:
Esta pesquisa não deve acarretar riscos físicos aos participantes. Você
poderá sentir algum desconforto relacionado ao fato de estar refletindo
sobre o fluxo de referência e contrarreferência entre os Centros de Saúde
e as Unidades de Pronto Atendimento no município de Florianópolis/SC.
Caso isso aconteça, a pesquisadora deixa claro que você poderá desistir
da participação a qualquer momento. Também me comprometo a prestar
todo apoio caso haja alguma intercorrência com você, decorrente de sua
participação na pesquisa, e assumir algum ônus que possa ocorrer
decorrente de sua participação na mesma.
Ressarcimento e Indenização:
Sua participação nessa etapa do estudo se dará em reuniões de trabalho
que acontecem normalmente na rede, portanto não deverá implicar em
despesas extras decorrentes diretamente da pesquisa. Entretanto, caso
haja gastos relacionados a esta pesquisa, você será ressarcido e todas as
despesas serão pagas pelas pesquisadoras, bem como esse documento lhe
garante que será indenizado diante de eventuais danos decorrentes da
pesquisa conforme legislação vigente no país.
Acompanhamento e assistência:
Caso julgue necessário você terá acompanhamento da pesquisadora
responsável após o encerramento ou interrupção da pesquisa. Caso sejam
detectadas situações que indiquem a necessidade de uma intervenção, a
pesquisadora compromete-se a ouvi-los nas suas necessidades e atendê-
los de acordo com a norma vigente no país.
Contato:
Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com
Milena Pereira através dos seguintes meios: telefone (48) 99965-8411, e-
mail , Rua Jornalista Manoel de Menezes, n.º – apto 501 – bloco A –
Itacorubi – Florianópolis/SC, 88034-060 ou Prof.ª Dra. Eliane Matos -
(48) 3721-9163 – e-mail: , R. Profa. Maria Flora Pausewang, s/n -
Trindade, Florianópolis - SC, 88036-800 - Hospital Universitário
Professor Dr. Polydoro Ernani de São Thiago (HU/UFSC). Lembro ainda
que você pode desistir da participação a qualquer momento sem precisar
120
dar justificativas, bastando para isso entrar em contato com uma das
pesquisadoras.
Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação no estudo,
você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em
Pesquisa (CEPSH/UFSC) da Universidade Federal de Santa Catarina:
Prédio Reitoria II (Edifício Santa Clara), Rua: Desembargador Vitor
Lima, número 222, sala 401, Trindade, Florianópolis/SC; CEP 88040-
400; telefone (48) 3721-6094; e-mail: cep.propesq@contato.ufsc.br
Assinatura do participante:___________________________________
Assinatura do pesquisador 1:__________________________________
Assinatura do pesquisador 2:_________________________________