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Baseado no livro As Bases Farmacológicas da Terapêutica - Goodman e Gilman 12ª edição
Distribui-se amplamente por todo o organismo e regula as funções autônomas que ocorrem sem
controle consciente (respiração, circulação, digestão, temperatura corporal, metabolismo, sudorese e secreção
de glândulas endócrinas, por exemplo). Enquanto os nervos somáticos (inervam músculos esqueléticos) são
desprovidos de gânglios periféricos e suas sinapses se localizam no interior do eixo cerebrospinal, os nervos
autônomos apresentam diversos gânglios espalhados pelo corpo formando plexos. Nesses gânglios,
encontramos sinapses entre neurônios pré e pós ganglionares.
De forma geral:
Somático - pré ganglionar curto, pós ganglionar longo e mielinizado
Autônomo - pré ganglionar longo, pós ganglionar curto e não mielinizado
A porção aferente do Sistema Nervoso Autônomo tem duas grandes divisões: o sistema sensorial
visceral dos nervos cranianos (SSV) e o sistema aferente visceral espinal (SAV). O primeiro conduz ao SNC
principalmente as informações mecanorreceptoras e quimiossensitivas por meio dos nervos cranianos V, VII,
IX e X e ramos do 2º ao 4º segmentos espinais sacrais. Já o segundo leva principalmente sensações
relacionadas à temperatura e às lesões teciduais de origem mecânica, química ou térmica, chegando ao SNC
principalmente nos níveis torácicos. Dentre os neurotransmissores usados por essas fibras, temos: substância
P, PRGC, somatostatina, PIV, colecistocinina, ATP, glutamato e aspartato.
A porção eferente do Sistema Nervoso Autônomo também tem duas grandes divisões: SNA simpático
(toracolombar) e SNA parassimpatico (craniossacral). O SNA simpático é responsável principalmente pelas
respostas ao SAV, enquanto o SNA parassimpatico comanda as respostas eferentes ao SSV. As fibras pré-
ganglionares de ambos e a maioria das fibras parassimpáticas pós-ganglionares têm acetilcolina (ACh) como
neurotransmissor, enquanto as fibras simpáticas pós ganglionares utilizam principalmente
noradrenalina/norepinefrina (NE). Algumas poucas fibras pós-ganglionares parassimpáticas sinalizam por
NO, e são raras as simpáticas pós ganglionares que utilizam ACh. Sendo assim, utiliza-se os termos
colinérgico e adrenérgico para se referir, respectivamente, às fibras pós ganglionares parassimpáticas e
simpáticas. O foco desse resumo é o sistema adrenérgico.
Os neurônios pré ganglionares simpáticos se originam na medula espinhal de T1 a L2-L3. Os gânglios
nos quais eles fazem sinapse com as fibras pós ganglionares estão localizados fora do eixo cerebrospinal,
podendo ser paravertebrais, pré-vertebrais ou terminais. Os gânglios paravertebrais formam as cadeias
laterais de cada lado da coluna vertebral, conectando-se entre si e com os nervos espinhais. Os gânglios pré-
vertebrais se localizam no abdome e pelve, próximos à superfície ventral da coluna vertebral, e consistem
nos plexos celíaco (solar), mesentérico superior, aortorrenal e mesentérico inferior. Os gânglios terminais são
poucos e se localizam próximos aos órgãos que inervam (como bexiga e reto) e o gânglio cervical. Na
medula suprarrenal, as células cromafins são inervadas por fibras pré-ganglionares típicas, que liberam ACh,
estimulando a liberação de adrenalina/epinefrina (EPI) por essas células. As fibras pós-ganglionares que se
originam nos gânglios simpáticos inervam as estruturas viscerais do tórax, abdome, cabeça e pescoço. O
tronco e os membros são supridos por fibras simpáticas originadas dos nervos espinais. Não há fibras
simpáticas deixando o SNC acima de T1.
As fibras simpáticas distribuem-se por todo o organismo, ramificam-se em grande extensão e podem
passar por diversos gânglios sem constituir sinapse. Em alguns gânglios, a razão entre uma fibra pré-
ganglionar e as fibras pós-ganglionares associadas é de 1:20. Isso garante que o SNA simpático tenha
descarga difusa e sua inervação se superponha.
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As aminas biogênicas
Síntese das catecolaminas: ocorre principalmente nos nervos simpáticos e medula suprarrenal, nas
varicosidades adrenérgicas (junções neuroefetoras adrenérgicas). As enzimas participantes da síntese são
produzidas no corpo dos neurônios e transportadas pelos axônios para suas terminações.
1) O aminoácido tirosina é captado para o interior da varicosidade adrenérgica por um transporte passivo e
convertido a DOPA por ação da enzima tirosina hidroxilase (TH).
2) DOPA sofre ação da enzima L-aminoácidos aromáticos descarboxilase (AAADC) e se torna DA
3) DA passa pelo transportador VMAT2 para dentro de vesículas, onde encontramos a enzima dopamina β-
hidroxilase (DβH), que converte DA em NE. A NE permanece armazenada nas vesículas. O VMAT2 também
pode captar NE que esteja livre no citoplasma.
4) Nas suprarrenais e em algumas vias neuronais do tronco cerebral, a NE sai das vesículas por difusão e
sofre ação da enzima feniletanolamina-N-metil-transferase (PNMT), tornando-se EPI, que volta a ser
armazenada em vesículas específicas (grânulos cromafins).
A etapa de conversão da tirosina em DOPA pela TH (etapa 1) é considerada a reação limitante da
biossíntese das catecolaminas. Em resposta aos estímulos sobre nervos simpáticos e medula suprarrenal,
ocorre aumento da atividade da TH (fosforilação pela PKA), seguido de uma maior expressão gênica dessa
enzima. Ela também sofre feedback negativo por produtos da metabolização das catecolaminas. A α-
metiltirosina (metirosina) bloqueia a síntese de NE pela inibição da TH, a enzima que catalisa o passo
limitante na síntese da catecolamina. Ocasionalmente, este fármaco pode ser útil no tratamento de
determinados pacientes com feocromocitoma.
Nota: Corticoides
Os vasos do sistema porta intra-suprarrenal conduzem diretamente os corticosteroides às células cromafins
da medula suprarrenal, onde induzem a síntese de PNMT. Quando a secreção de glicocorticoides é
estimulada, as atividades da TH e da DβH também se elevam na medula suprarrenal. Assim, qualquer
estresse que persista o suficiente para provocar um aumento da secreção de corticotropina mobiliza
igualmente os hormônios apropriados do córtex (predominantemente o cortisol em seres humanos) e da
medula suprarrenal (epinefrina).
Armazenamento das catecolaminas: ocorre em vesículas, o que garante a liberação única e em grande
quantidade em resposta ao estímulo, importante para assegurar a efetividade da transmissão, uma vez que
tanto a NE quanto a EPI são muito sensíveis à degradação por enzimas presentes no citoplasma e na junção
neuroefetora. O transporte pelo VMAT2 faz antiporte entre a amina (que pode ser NE, DA, monoaminas ou
serotonina) a ser armazenada e 2H+ dependendo, assim, de um gradiente de prótons criado por uma H+-
ATPase presente na membrana da vesícula. A reserpina inibe o VMAT2, o que leva ao esgotamento da
catecolamina nas terminações nervosas simpáticas e no cérebro. Nas vesículas são também armazenados os
cotransmissores neuropeptídeo-Y (NPY) e ATP em concentrações variadas juntamente à NE.
Além da biossíntese, a NE nos terminais axônicos pode ter origem na recaptação desse transmissor pelo
transportador TNE (presente na varicosidade adrenérgica), que remove NE da junção neuroefetora
novamente para o citoplasma. O TNE é dependente de Na+ e é bloqueado seletivamente por inúmeros
fármacos, incluindo a cocaína e os antidepressivos tricíclicos, como a imipramina. Esse transportador tem
afinidade alta pela NE e um pouco mais baixa pela epinefrina.
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Liberação das catecolaminas: A sequência completa dos passos pelos quais o impulso nervoso efetua a
liberação da NE a partir dos neurônios simpáticos não é conhecida.
Tanto nas terminações nervosas quanto nas células cromafins da medula suprarrenal, a exocitose de vesículas
contendo NE ou EPI depende da despolarização e abertura de canais de Ca+2 dependentes de voltagem
desencadeada pela ligação da ACh (liberada por fibras pré-ganglionares) com receptores nicotínicos. Os
níveis elevados de Ca2+ promovem a fusão da membrana vesicular com a membrana da varicosidade e
subsequente exocitose dos transmissores. Esse processo de fusão envolve a interação de proteínas
especializadas associadas à membrana vesiculosa (VAMP, proteínas associadas à membrana das vesículas.
Ex: sinaptobrevina) e à membrana da varicosidade (PSNA, proteínas associadas aos sinaptossomos). As
toxinas do botulismo e do tétano quebram essas interações e impedem a exocitose. O bloqueio dos canais
de Ca2+ do tipo N leva à hipotensão, provavelmente em decorrência da inibição da liberação dessas
vesículas. As fibras adrenérgicas podem sustentar o débito de NE durante prolongados períodos de
estimulação, sem exaurir suas reservas de suprimento, desde que a síntese e a captação do transmissor não
estejam comprometidas.
Regulação pré-juncional da liberação de norepinefrina: A liberação da NE juntamente a NPY e ATP pode
ser modulada por autorreceptores e heterorreceptores. Após sua liberação a partir das terminações simpáticas,
todos os três podem exercer retroalimentação sobre receptores pré-juncionais de modo a inibir a liberação
das vesículas.
Autorreceptores:
NE/EPI: se liga aos receptores pré-juncionais α2A e α2C, que são os principais responsáveis por inibir a
liberação do neurotransmissor simpático, embora os α2B adrenérgicos também possam inibir a liberação do
transmissor em locais específicos. Antagonistas desse receptor podem, por sua vez, intensificar a liberação
eletricamente evocada do neurotransmissor simpático.
NPY: age nos receptores Y2
ATP: é metabolizado a adenosina, que age nos receptores P1, inibindo a liberação do neurotransmissor
simpático.
Heterorreceptores: Esses incluem os receptores M2 e M4 muscarínicos e os de 5-HT (serotonina), PGE2,
histamina, encefalina e DA, que atuam inibindo a liberação das vesículas contendo NE/EPI
A intensificação dessa liberação pode ser obtida com a ativação de receptores β2-adrenérgicos, de receptores
de angiotensina AT2 e de ACh nicotínicos.
Término das ações das catecolaminas:
As ações da NE e da EPI são interrompidas por:
• recaptação para o interior das terminações nervosas pelo TNE
• diluição por difusão para o exterior da fenda juncional e posterior captação em locais extraneuronais pelos
transportadores TEN (fígado, cérebro, coração, vasos sanguíneos, rins, retina, placenta), TOC1 (fígado e
intestino) e TOC2 (rins e cérebro)
Após a captação, as catecolaminas podem ser metabolizadas (em células neuroniais e extraneuroniais)
ou reestocadas em vesículas (nos neurônios). Duas enzimas são importantes nos passos iniciais da
transformação metabólica das catecolaminas: a monoaminoxidase (MAO) e a catecol-O-metiltransferase
(COMT). A importância da captação das catecolaminas é evidenciada pelas observações de que os inibidores
desse processo (p. ex., cocaína e imipramina) potencializam os efeitos do neurotransmissor; os inibidores da
MAO e da COMT têm, relativamente, pouco efeito. Entretanto, a MAO metaboliza o transmissor que é
liberado no interior da terminação nervosa. A COMT, particularmente no fígado, tem um importante papel no
metabolismo das catecolaminas circulantes, administradas e endógenas. Tanto MAO quanto COMT
distribuem-se amplamente por todo o organismo, incluindo o cérebro, sendo a MAO encontrada na
superfície externa das mitocôndrias e a COMT livre no citoplasma (exceto nas células cromafins, onde ela
está ligada à membrana celular). Os nervos simpáticos contêm MAO, mas não contém COMT.
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Primeiro, norepinefrina e epinefrina são desaminadas por oxidação a um intermediário de vida breve
(DOPGAL), pela ação da MAO. O DOPGAL é desaminado em álcool ou ácido mais solúveis. A aldeído
desidrogenase (AD) metaboliza o DOPGAL em ácido 3,4-diidroximandélico (DOMA) enquanto a aldeído
redutase (AR) o metaboliza a 3,4-diidroxifeniletilenoglicol (DOPEG). Sob condições normais, o DOMA é o
metabólito menor e o DOPEG o principal metabólito produzido a partir de norepinefrina e epinefrina. Logo
que o DOPEG deixa o principal local de sua formação (nervos simpáticos e medula suprarrenal), ele é
convertido a 3-metoxi-4-hidroxifeniletilenoglicol (MOPEG) pela catecol-0-metiltransferase (COMT). O
MOPEG é convertido ao aldeído instável (MOPGAL) pela alcooldesidrogenase (ADH) e finalmente a ácido
vanilmandélico (VMA) pela aldeído desidrogenase (AD). O VMA é o principal produto final do
metabolismo da NE e EPI. Outra via de formação do VMA é a conversão da norepinefrina ou epinefrina em
normetanefrina ou metanefrina pela COMT seja na medula suprarrenal ou locais extraneuronais, com
subsequente metabolismo a MOPGAL pela MAO e então a VMA.
A importância clínica dessas enzimas está no fato de que elas são pouco específicas, podendo atuar em
diversos tipos de aminas simpaticomiméticas exógenas, limitando assim a biodisponibilidade oral e a meia-
vida dessas drogas. Além disso, drogas inibidoras da MAO como a Pargilina e a Nialamida podem causar um
aumento na concentração de Norepinefrina, Dopamina e Serotonina no cérebro e em outros tecidos,
acompanhado de uma grande variedade de outros efeitos farmacológicos. A Selegilina, inibidor seletivo da
MAO-B, pode ser usada como adjuvante no tratamento da doença de Parkinson. Nenhum efeito
farmacológico notável é atribuído a inibição da COMT. Entretanto, a Tolcapona, inibidor da COMT,
intensifica a ação da DA no cérebro de pacientes com doença de Parkinson, sendo uma possibilidade para o
tratamento da doença. Uma outra importância clínica está no fato de que esses metabólitos podem ser
dosados na urina. O VMA, por exemplo, ao ser dosado na urina de um paciente com feocromocitoma se
encontra em níveis consideravelmente aumentados.
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Os receptores adrenérgicos
Os diferentes tipos de receptores adrenérgicos presentes em cada local e suas variadas afinidades
pelas aminas biogênicas correspondem às diferentes respostas obtidas com um mesmo neurotransmissor
dependendo do local e tipo de célula da membrana pós-sináptica. Sendo assim, foram nomeadas duas
populações principais de receptores adrenérgicos: α e β. Esses receptores sinalizam via proteína G de
subgrupos diferentes, sendo chamados de RAPG. α1 sinaliza via Gq, α2 via Gi e β via Gs, e são justamente
as diferenças nas vias de ativação de proteína G que justificam os diversos efeitos obtidos com um mesmo
neurotransmissor.
A proteína Gq está envolvida na ativação da enzima fosfolipase C, que degrada o PIP2 presente na
membrana em IP3 e DAG. Estes são os dois segundos mensageiros envolvidos nas respostas fisiológicas
mediadas pela proteína Gq. O IP3, dada sua estrutura hidrossolúvel, migra pelo citosol e se liga a receptores
específicos de IP3 no retículo endoplasmático e mitocôndrias, promovendo a liberação do íon Ca+2 no
citosol e aumentando a concentração desse íon. O íon cálcio funciona como um terceiro mensageiro que
desencadeia respostas intracelulares, como exocitose nos neurônios e nas células endócrinas, contração
muscular e rearranjos do citoesqueleto. O DAG fica associado à membrana plasmática devido à sua estrutura
hidrofóbica, tendo a função de ativar a proteína cinase C (PKC), uma enzima ligada à membrana plasmática
que promove a fosforilação de radicais em diversas proteínas intracelulares. O receptor α1, que sinaliza via
Gq, está presente no fígado, músculo liso, vasos sanguíneos (principalmente artérias), rins, baço, SNC,
plaquetas, próstata e, em pequena quantidade, no coração. A ativação de α1 gera vasoconstrição e maior
produção de prostaglandinas, além de relaxamento do músculo liso no trato GI.
A proteína Gi (inibitória) inibe a atividade da enzima adenilato ciclase. Essa isoforma, relacionada
com a diminuição da resposta celular, é responsável pela mediação dos efeitos inibitórios de receptores na
via adenilato ciclase. O receptor α2, que sinaliza via Gi, está presente em células vasculares e em outras
células do músculo liso (onde medeiam a contração), em adipócitos e em muitos tipos de células epiteliais
secretórias (intestinais, renais, β pancreáticas), além de gânglios autônomos e neurônios simpáticos, fazendo
o feedback negativo da liberação de catecolaminas na junção neuroefetora. Eles também ativam canais de
K+, causando hiperpolarização de membranas no trato GI, que leva ao relaxamento do músculo liso. A
contração muscular mediada por α2 consiste na ativação de fosfolipase C e aumento da degradação de PIP2,
gerando IP3 e, assim, uma maior concentração de Ca+2 intracelular.
A proteína Gs (estimulatória), que ativa a adenilato ciclase – enzima intracelular aderida à membrana
plasmática que catalisa a formação de AMPc – está relacionada com o aumento da resposta celular. O
aumento na concentração de AMPc intracelular culmina na ativação da proteína cinase dependente de AMPc
(PKA). Essa enzima é composta por duas subunidades: uma reguladora (R), com alta afinidade pelo AMPc, e
uma catalítica (C). A ligação do AMPc à subunidade R induz mudanças conformacionais que resultam na
ativação da PKA, que em seguida pode fosforilar diversas estruturas intracelulares, obtendo uma resposta
específica ao estímulo agonista. No coração, a PKA fosforila os canais de Ca+2 tipo L dependnetes de
voltagem, aumentando a força de contração do miócito. Os receptores β2, que sinalizam via proteína Gs,
estão presentes principalmente em células vasculares e outras células do músculo liso (onde medeiam o
relaxamento. Ex: vias aéreas e trato GI) e músculo esquelético (onde podem mediar hipertrofia), além das
células α pancreáticas e fígado. Já os receptores β1 são encontrados no miocárdio, células justaglomerulares
e trato GI, e são responsáveis pelos principais efeitos inotropicos e cronotropicos positivos no coração.
Nota: Receptor β3
Também sinaliza via Gs e pode ser encontrado no coração, tecido adiposo e trato GI. Como o receptor β3 é
cerca de dez vezes mais sensível à norepinefrina do que à epinefrina e é relativamente resistente ao bloqueio
por antagonistas como o propranolol, ele pode mediar respostas às catecolaminas em locais com
características farmacológicas "atípicas" (p. ex., o tecido adiposo). Animais tratados com agonistas do
receptor β3 exibem uma vigorosa resposta termogênica, bem como lipólise. Polimorfismos no gene do
receptor β3 podem estar relacionados com o risco de obesidade ou de diabetes tipo 2 em algumas populações
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Fármacos simpaticomiméticos
Muitos simpaticomiméticos de ação direta influenciam tanto os receptores α quanto os β porém a relação
entre as atividades varia entre fármacos ao longo de um espectro contínuo, desde uma atividade
predominantemente α (fenilefrina) até uma atividade de predominância β (isoproterenol).
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Seletivos:
- Clonidina - A clonidina, uma imidazolina, foi testada originalmente como um vasoconstritor atuante nos
receptores α2 periféricos. Em um primeiro momento, a infusão de clonidina provoca elevação aguda da
pressão arterial, aparentemente devido à ativação dos receptores α2 pós-sinápticos no músculo liso vascular.
Entretanto, a vasoconstrição transitória é seguida de uma resposta hipotensora mais prolongada, que resulta
da diminuição do efluxo simpático do SNC, gerando hipotensão, sedação e bradicardia, provavelmente por
ação nos receptores α2 pré-sinápticos e nos receptores α2 do tronco encefálico. É usada no tratamento da
hipertensão.
- Dobutamina - Embora ela tenha sido originalmente considerada um agonista relativamente seletivo dos
receptores β1 sabe-se, hoje, que seus efeitos farmacológicos são complexos. A dobutamina possui um centro
de assimetria; O isômero (+) é um agonista mais potente dos receptores β do que o isômero (-). Ela exerce
efeitos inotrópicos proporcionalmente mais proeminentes do que cronotrópicos sobre o coração. Em alguns
pacientes, a pressão arterial e a frequência cardíaca aumentam significativamente durante a administração de
dobutamina, podendo exigir uma redução da velocidade de infusão. Os pacientes com história de hipertensão
podem exibir uma resposta pressora exagerada com mais frequência. Como a dobutamina facilita a condução
atrioventricular, os pacientes com fibrilação atrial correm risco de aumento acentuado na taxa de resposta
ventricular. A dobutamina está indicada para o tratamento por curto tempo da descompensação cardíaca, que
pode ocorrer após cirurgia cardíaca ou em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva ou infarto agudo
do miocárdio.
- Terbutalina - A terbutalina é um broncodilatador β2 seletivo que não é substrato para a metilação pela
COMT. É eficaz quando usada por via oral, subcutânea ou por inalação (não é comercializada para inalação
nos EUA). Os efeitos são observados rapidamente após inalação ou por via parenteral; por inalação a
atividade pode durar 3-6 h. Com uso oral, o início do efeito pode retardar 1-2 h. A terbutalina é usada no
tratamento de longa duração da doença obstrutiva das vias respiratórias e no tratamento do broncospasmo
agudo. Também está disponível para uso parenteral no tratamento de emergência do estado asmático.
Não seletivos:
- Oximetazolina - assim como a fenilefrina, usado como descongestionante nasal e midriático por seu efeito
vasoconstrictor.
- Isoproterenol - O isoproterenol (isoprenalina) é um potente agonista não seletivo dos receptores β com
afinidade muito baixa pelos receptores α. A infusão intravenosa de isoproterenol diminui a resistência
vascular periférica, ocorre queda da pressão diastólica e a pressão arterial sistólica pode permnanecer
inalterada ou aumentar, embora ocorra tipicamente uma queda da pressão arterial média. O débito cardíaco
aumenta em consequência dos efeitos inotrópicos e cronotrópicos positivos do fármaco na presença de
diminuição da resistência vascular periférica. Os efeitos cardíacos do isoproterenol podem levar a
palpitações, taquicardia sinusal e arritmias mais graves; a administração de grandes doses pode causar
necrose do miocárdio em animais. O isoproterenol produz relaxamento de quase todas as variedades de
músculo liso quando o tônus está elevado; todavia, essa ação é mais pronunciada sobre o músculo liso
brônquico e GI. O isoproterenol pode ser utilizado em situações de emergência, para estimular a frequência
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cardíaca em pacientes com bradicardia ou bloqueio cardíaco, particularmente quando se planeja introduzir
um marca-passo cardíaco artificial, ou em pacientes com a arritmia ventricular. Em certos distúrbios, como a
asma e o choque, ele foi substituído, em grande parte, por outros simpaticomiméticos.
Ação mista:
- Efedrina - A efedrina é um agonista nos receptores α e β. Além disso, intensifica a liberação de NE dos
neurônios simpáticos, sendo, portanto, um agente simpaticomimético de ação mista. Estimula a frequência e
o débito cardíaco e aumenta de modo variável a resistência periférica. Em consequência, provoca
habitualmente elevação da pressão arterial. A estimulação dos receptores a das células musculares lisas na
base da bexiga pode aumentar a resistência ao fluxo de urina. A ativação dos receptores β2 nos pulmões
promove broncodilatação de forma a aliviar o broncoespasmo. Seu uso como broncodilatador em pacientes
com asma tomou-se muito menos frequente com o desenvolvimento de agonistas β2-seletivos. Também foi
substituída na terapia para bloqueio cardíaco devido à sua penetração no SNC e duração de efeito
prolongada. Ela tem sido utilizada no tratamento da hipotensão que pode ocorrer com a anestesia espinal.
Ação indireta:
A tiramina não constitui um fármaco, embora seja um agonista adrenérgico de ação indireta que estimula a
liberação de noradrenalina. A tiramina, existente em alguns alimentos, como em alguns queijos e algumas
frutas cítricas e, também, em vinhos, estimula a liberação de serotonina das plaquetas, provocando a cefaleia
tiramínica. Se o paciente estiver em uso de fármacos inibidores não seletivos da MAO, como a
tranilcipromina, pode ocorrer crise hipertensiva grave ou até IAM, pois ela penetra no terminal neuronal,
deslocando a noradrenalina e, assim, aumenta a ação deste neurotransmissor nos receptores adrenérgicos
A anfetamina exerce poderosas ações estimulantes sobre o SNC, além das ações α e β periféricas comuns aos
agentes simpaticomiméticos de ação indireta. Ao contrário da epinefrina, mostra-se efetiva após
administração oral, e seus efeitos duram várias horas. A anfetamina administrada por via oral eleva a pressão
arterial tanto sistólica quanto diastólica. A frequência cardíaca muitas vezes diminui de modo reflexo, e
podem ocorrer arritmias cardíacas com a administração de grandes doses. O débito cardíaco não aumenta
com doses terapêuticas, e não se observa muita alteração no fluxo sanguíneo cerebral. Ela parece exercer a
maioria ou todos os seus efeitos sobre o SNC através da liberação de aminas biogênicas de seus locais de
armazenamento nas terminações nervosas. Além disso, o transportador neuronial de DA (DAT) e o
transportador vesicular de monoaminas 2 (VMAT2) parecem ser dois dos principais alvos da ação da
anfetamina.
A recaptação da NE pelas terminações nervosas adrenérgicas através do TNE é o principal mecanismo para
pôr fim à sua ação como transmissor. A interferência com esse processo é a base do efeito potencializador da
cocaína sobre as respostas aos impulsos adrenérgicos e às catecolaminas injetadas.
A selegilina é um inibidor seletivo e irreversível da MAO-B e também foi usada como adjuvante no
tratamento da doença de Parkinson por aumentar os níveis de DA disponíveis no SNC.
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