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Não ãdiantalav?r.
3 A águaestápodre,
As Í[anifesraçõesindiíet6 sãotâlvezmaiseÌpressivas,
como a fre, 5 | vd, por €mPlo, FRr.r r $!snÀ clÌ rrmNo nÁ; o já cirado ttrclÀ,
qiËncia das alusôesà náuseâ,à suj€ira,ou o mqgutho em estados 6 I Ví: DrNnouÌ^s tur!^3 _ SM; Á xio slttr ,; Nós$ rÉvtu _ Rli
angusliososde sonho,sufocaçãoc, no casoer:tÍemo,selrDltamenro, ourra - RÈ rt{olNlrro D^ Br^D ' RÈ rND'c{çÕ6 Rr'.
rnsÌe sujo e seÌrsmâqu'nNmoq
Opõe-se,principalÌlente, â hnpeza naturaÌ das coisas,a nornritj Estamos quites, iÌmão urÌgadol
Desceu a espâdae cortou o DÌâço.
Cá estâele,molhâdo em Ìubro.
umâ snnplesmão branca, Dói o ombro, mas sobreo ombro
mão sjmplesde homem, tua justiçâ resplandece
que se Pod€pegâr 4
Desteestadode âni o Ìesulra um desraqueda mão-consciércìf, 'Ii vezíosseexcessode fantasiâdiz€r que axprópdas condiçiles de in
qlÌe na í tima estrofeaparecemoraLmenteseparadâdo corpoj qudr. teügènciadomundo-otsÌtpoeoespaço acompaÌúânraddormação
autônoma como nuÍì quadro surÌealista,perÌnitindo a nnagem tì do eu Ìeiorcido, em noÌàFes como: 'bndâl de ét!Ì / cuNas' curvâs"'
nal dâ substituição,doadreDtode outra, sintéticâeinÌpana suaàl 'tuÍva de um jardim'l "curyâ da noitdl"aduÍìca pescâria'l"cuvn peri
tificialidade: gosãdos cinqüenta","cuÌÌa desÌâescada'l"Ìinha curva que seestodCl'
Mâs não há dúvidâ de que para o poeta o mundo social é toÌto de
Ìnútil Ì€Íer iniqÈidâde e incompÌeensão.Sejaumâ defonÌìâçãoessenciaÌ, seja
â ignóbiÌ mâo suja unìâ deforÌnâçao cìrcunstaDciâÌ (o Poeraparece osciÌaÌ entÌe as duas
postasobrea mesa. possibilid.Ìdes), o fato é que elâ se articüÌa com â deformação do
Depressa, coÌ1á la, indivíduo, condicionàndo a e sendocondicìonadapoÌ ela'
fazêìa en pedaços
7 Rêspectiamdtc tJ H.Mr
Lom oÌ em po, â e s Pe ra n ç â LU'!Dor Jj DoMrcn0 - FÀ!O a
EsÍa Íecìprocjdaàe àe peÍspect'dr, para falar conìo os socióto!(tr. comono ímbolo perverso de um PapaìNoelqueentrapelofundo
aparece,desdeâsmãnifestâçaes inìciaise aindaindecisasdo ten]ir,t{, da casae furtt osbrinquedos (PaPÀÌ
adormecidas
dascrianças NotrL
munclo torto, em dois motivostratadosÈeqüenremente com hun)(,
rÌsmo: o obstácúo e o desencontro. Desdeo início,Pois,eravisívelna poesiadeDrummonda idéiade
Paraojovem poeta de AlS,'/4poeria, para o poeta mâis mâdujt, que,Parausar a expÌcssao deum penonagem deEçadeQueiÌós'ra
d,eBrejo das almas, a so.íedade ofeÌece obstáculos qrrc impedenÌ .l ímundo muito mal Estâ
feito'1 idéiavai aumeniando,
verdosnum
plenitudedosatosedos sentimentos,como no poemaquc serorn(Íl atéquedo mundoâv€sso dô obstáculo e do desentendimento suria
parac[gma,No Àrüo Do cÀMrìHo - ÁPj a idéiasocialdo "mundô€aduco'ì feitodeinstituiçoessuperadâs qu€
geramo desajuste d۟do
€ â iniqüidade, âosquais Òsh
No meio do cmriÌrho tinha umâ pedra, dilhôm na solidão,nain.ômunicâbilidadeeno esoismoA sufocação
tinha umâ pedra no meio do carnirìo do ser,quc vimos sob asformasdo empâredâmentoe dâ mutiìação
no pÌano indiüduaì, apãieceno Ptânosocialcono medo motivo
no meio do caminho tinÌìa uma pedÌa, importantc na tomãdâde consciênciado poelaer sDamaturidade_
O medoparalisâ,sepúraos homensno i$lamento' impedea queda
A leitora optativa a partiÌ do terceiÍo verso (qüe se abre parâ o\ dasbarreirase conservao mundo cadDco.coNcREsso INTERN^CIoNAL
dois ladoq sendo fim do egundo ou começodo quaÌro), confirn,,, Do vÊDo' SM, construídosegundo o mesmo processo de satumção
que o meio do camìnho é bloqueado topograficamenre peta pedr,l dâ palavrâ-chave empÍê8adoernìro u tro rc cru rrso' d€Keve essâ
ant6 e depoÈ, e que os obsrácÌ os s encadeim s€m fim. Da barreir.l paralisiaqu€ seestendea todos os níveis,k'dos os lugares'todos os
que formm, vem de um lado a restÍição que o mundo opõe âo cu r gruPos,Pâíaterminâr na parâìisia8erãlda morte:
é uma das forgs que o lenm a torcer; de outro lado, o desentendi
mento mtre os homens,cadã um "toúo no s€u Gnto', (SFriREr(, depohInorreÍemo< de medo
BA).lá no prìmeno livrc, aindaen tonalidadehumonsúcâ,o poenr.l e sobrenostostúmr os nâscerãofloÍês amrelar e medrosã5'
QuÁr,Rrlxr AP fâla de amores não correspondidosque s€ encrl
deiam numa srie aberta sem Íe€iprocidade: Maistarde,o poetachegaráa ÌePresentãr üm mudo fabúosâ-
mentecoDstruido com o temor quesetornamatêriâ e dos
dascoisãs
loão anava Teresaque anìavaRajmundo lei dâ! açÕes
serìtinÌentos, e ordemdo universÔ
que aDãe Maria que amava]oaquiD Cuearnâm Lìli
que nao amavaninguém. E fomoseducados parao medo
Cheiramosfloresde medo
Noutros poemasvemos reÌaçõesmecânjcasmanifesrando-se pol Vesti$otpanosde medo
exemplo na visita burguesaconvcncional,cpisódio de uma rolini De medo,vermeÌlÌosrios
sem aÌma,de que ninguém gostaÌnas da qual ninguém escapa(so
(,..)
O obstáculoe o deseDconrrocaracterizânuma espécjede mundo Iìar€moscasasde medo,
avesso,onde os âtos não tém senlido ou se processamno conrrârx), durostijolos Ìnedo,
de
medrosos cauies, Íepuxos!
ruas só de medo e calma. senü)-me no dúo dâ câpital do Pâis às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessaformà insegurâ.
NossosÊlhos tãô feli,es... Dô Ìâdo das montarúas,nuveDsmâciçasavolurnânì-se
F;éisherdcirosdo medo, Pequenospontos brancosDovem+e no mar, galinhãsem
elespovoam a cidade.
Depois da cidâdeo mundo. É feia.Mas é uma flor. Furou o asfâlto,o tédio' o nojo
Depois do mundo as estreÌds, e o ódio
dançandoo baile do medo.
ì-sr fun5aorede' ,orarl a pú$:4.d isociadaa un'i con! ep\ ; o\ n, d-
Ìista,ocorre em sua obra a partiÌ de 1935e avulta a paÌrn de 1942'
como pârticipaçãoe enìpenho Politico.Era o tempo dà Ìuta contra
A consciênciasocial,e d€la umâ espéciede militância atÍÌvés (l,l o fascismo,da gueÌra de Espanhae, a seguiÍ,da Guena MmdiaÌ -
poesia,suÌgem para o poeta como possibilidadede resgarara co.\ conjunto de circunstâìciasque favorecer:Ìmem tôdo o mundo o
.iênda do cstado de empar€damêÍto e a exislênciã da sirüação (tf incremento da Jìteratura participânte. As convicções de DrÌìÌrìmoÌrd
pavor-No importante poema HoR r À \ÁusEr RP,â @ndição irl se expÌimem com nitidez sus.itando poemas adnnáveis, alusivos
^
dividuaÌ e â condição so{ial pesam sobre a personalidade e fazem nr tânro aos p.incípios, simboÌicâmente tralados, quânto aos aconteci-
sentir * responsáv€l peÌo rìundo mal feito, enquanto ligada a u'rr.ì mentos, que ete cons€gue integrar em estÍuturas Poéticas de manei
dasseopressora.O ideâlsurgecomo forçade redeDçãoe,sob a fonnÍ râ eficâz, quase única no meio da alüvião de veÍsos perecíveis que
tÌadicional de uma ílor, rompe ar camâdasque aprisionan. Apc$r
da distorçâodo ser,dos obstácuÌosdo mundo, da incomunicabiìi MrÌsdo ponto de vista desteensãio,a suaPocsiâsocialnão é devi-
dâde,a poesiasearremessa para a frentenuma conquista,confuDdi da aperãs à cônvicção,pois decorresobretudod inquietudesque
da na mcsÌnaìnetáforaque a fevolução: do cu. enr r egt rJe , i I ne*
o d\dhdm. O r-r' mento de i n.r f iLiêDcia
mo,leva-o a qüerer completar-sePelaadesãoao próximo, substitu
Uma flor Dasceuna rual nìdo os problemãspessoaispelosproblemâsde todos
Pcsem dc Ìonge,bondes,ônibus,do.le aço do tráfego. Nolirro Se tinenta ào n do, â mâo, que simboliza a consciên
Uma fÌoÌ ainda desbotada cià, aparecede início como àÌgoque se€omPleta,se estendepara o
iÌude a políciâ,ronìpe o asfalto. semelhãntee desejaredini 10.Como o poetatrazo outro no pÌÓpno
Iaçam completo silêncio,pâralisemos negócios, ser cârregadode tÌadiçõesmortas, â redençãodo outro sern como
garantoque uma 0or nasceu. a redenção dde própÍio, justificado PoÍ ese adesãoa ãlgo exterior
que uÌtrapa-ae a sa humârÌidade limitada A Poesiâ consistiÌia o
Su coÍ rúo se peÍcebe. trâ7ar em si os pÍobÌemas do mundo, manifestando os NÍnâ espê
Suaspétalas nào s€ âbrem. cie de âção pelo testemunho, ou de testemunho como foÍma de ação
Seunome não estános livros. âtravésda poesìa,que compensamomentaneâmenteàs li\ações
É feia.Mas é realmenteunla Ílor. individDalistasdo'eu rodo retorcido'ì
Tenho âpcDasduar mâos
Maria CarpeâÌ!'(já o dissefaz tenìpo) eÌaé Dnì tnovimento oeso do
eo senrünentodomundo,
ser no mundo, não um 4$rr,4 mediânteo qual um vê o ouÚo. O
mas esroLrcheio de escrâvos,
seucantarsetornarealmentegeralporque é, ão Ìnesmotempo, pro-
!Ììinhastembrançasescorrcm
firndâmente particular.
e o corpo transjge
Isto não aplacaa inquieiude, nÌas favorecea noção de que o cu
na confÌuênciado aDror.
estÌarguÌadoé em paíe corìseqüência, produto das circunstàncias;
(SENÌìÌ!í[N'IO DO MUNDO . SM)
seass;mfor! oeu torto do poeta ó iguaÌmenteuma espéciede subic-
tividâde de todos, ou de muitos, no mundo torto. Mesmo que não
A idéia de esc.avo(de honìem privado dos meios de humani, I
contribuapaÌa rcdimiÌ o peÌsonagemque íaÌa na pdmeira pessoâ,il
sel combiDa-seconÌ a idéia de rìra, praça, cidãde (jsto é, o espaço i,
s{! destruiçãodo velho "mundo cadtrco"poderìa ârrastarcoÌrsigoas
en1que se defiDea suâ âtienâção)e ambas conÌeÌgem na idéii {t,
condiçÕesqDegcram consciêDciâs estrangulâdas. como a sua.
'mundo cadu.o'l Err(xÀ 1938 sM münao
- curasnomas nâo t(ì,1
lÌa$ razãode ser.O poerareagea estasériedc consratações quc.ìti Então, m€u coraçãotambém pode cresceÌ.
mentâm â toÍnadade consciênia ãe Sentine to.io m,do, rêcrsril
Ê ntreoi moreofogo,
do os temas do lirismo trãdicional e dispondo_sea partillìar, p.,j
entre avidã e o fogo,
espírito,da fabricaçãoprodi8iosa de uÍn Drundo novo aruncjtì(i,,
meú corâçãocrescedez meiros e er?lode.
pelos acontecimentos,que des.reveem pôemasadmiÍáveis,
r,riti - o vìda tuiurnl nós te criaremos.
zandosímboÌoscomo ar mâosdadas,aâurora, â fÌoÌ urbana,osnr,l (MuND.ìcRrNnF- slvl)
tizes de vcrmelho, o sangueredenror,o operário que anda sobrf (ì
In dr .r dn f eÍ J ndo Ur' rae rr d c p ro d rg i o \.
O adveíto dâ sociedadejusltìserìaumâ espécieiìe'1oqueÌeÀÌ",co-
Assim,pode revera escâlada peÌsonaÌidâdeeDrreÌaçãoâo nìun(1,,i
mo, num soDelocontido e obs.uÌo dc W. H.Auden, o contactomi-
e d€staveriíìcâçãoÌesuÌra acrésrimo de compreensãodo eu e do nÌu n
lagrosodos Ìeis laumãtügos, c uÍândo asdoresc mutilaçoesdo tem
{to, inclusivedâ retaçãoentr€ amboq o que daÌá .ova âmplitudc r
po. E nós veÌnosque a destruiçãodo "mundo cadüco"é não apenâs
sua poesia.Nâ ÊâseÌnais cstritamentesociat (?,àe Rosaào j)a1,o),
convi.ção poÌítica,mas um modo de mmifestar o grandeprobìema
Dotãmos,por exempÌo,que â inquietudepcssoat,ao mesmo temtÌì
dâ "terra gasta'lque t s. Eliot propôs Ìogo apósa Primeira Guerra
que se aprotunda,se ampÌia peta consciêDciado ..mudo cadÌÌ.o.ì
MuDdial e tem nutrido muito dâ aÍe contemporânea ãté às for
po6 o senrunentoindiúduat de culpa encontrâ,senãoconsoto,.Ìr
mas mais agudnsdo desespeÌopoÍ esteÍilidad€- na poesia,no ro'
menosuma certajusrifi€atiw na cuÌpada sociedade, que a equilibÌr mane, no teâtÍo e no cinenlâ.
e talvez eDÌ parre a eplique, O buÌguês sensivelse iÌÌterpreh
cnr A poesiasocialde DÌummond deveninda a sua eficáciaa uma es-
tunção do meio que o fornìou e do quat,queira ou Dão,é so[clário.
péciede âlargamentodo gostopelo quotidì.no, que foì semprcum
(Assim Dos criam bursueses'ldiz o poemã o MEDo).
o desejo(1. dos tuÌcros da sua obÉ e inclusive expÌica a sua qüalidade de eÍc€leDte
tmnsfoÌmar o mundo, pois, é lambém ma esperâDçade pÍomov.r
cÍonista em prosa.O.4 a experiênciâpolíti(â permitiu tÌansligurâr
a modificaçãodo própÌio ser, de enconlra. uma desculpapara
sL o quotìdiano atravésdo aproftrndâmentoda consciênciado outro.
mesmo.E taÌvczestaperspectjvade ÌedeDçãosimulrâneaexpliquei
Superandoo que há de pitoÌescoe por vezesancdóticona fiução da
eficáciadâ poesiasocial de Drunmond, na medida eÌÌ1que (Orro
üda de todo o dia, ela aguçouâ cãpacidadede apreendeÍo destino
tl
A hipérbole do segundoverso írostÌa que o álbunÌ é ao nì.\ ,r', (MÁ osD À D A' SS M)
teÌnpo um jazigo,e a anbigüidAdeseprolongapelaaçãodos vf| | ,
nâ estrofèseguinte,resultandoo scÈtinento de que os antepi$ú ,, Todavia,é destee outros paÍadoxosque se nutre a sua obÌâi â ob_
possuemuma hunÌanidadcque permanecevìm, apesarda dcslr!l sessâosimuÌtâneade passãdoe Presente, individual e coletivo,iguâli
çâo corporaÌ.Entre elese o poetâscesboçaaqui um pÌimeiro Írrì ,Ìl Semo conhccimentodo passadoeÌenão sesi-
tarismoe aristocracia.
to misterioso,comunìcandoa vida com.r norte, o descendenlc!'jIl tua no presente;a família definee €xplicao modo de sencomo a ca
o âscendente, de modo a eÍabelcc.r ml sistemade relaçõese Lìr, sademarcae comPletao indivíduo no meio dos outÌos:
cipaçõesque a poesiaultcÍior d€s€nvolvêrá-
 obsessão com os mortos apârcceÌáDo poemaOs RosrosìÀ,,'\|, Uma pa.ede marca â rüa
L do Ìiwo seguinte.Ao mesmo rêmpo se deline;ãa Ggurar1,r1'.,, e ã casa.É toda proteção,
(que seráa obsessão máxima destccìclo) no poemaEDÌFnro I \ i , docilidade,afaso.Uma parcde
DoR- L expandindo se c combinando-scao tema da cidadcnrli , ri se eÍcostaem nós, e ao vãcilanleajudã,
maniíestadoanteÌionnenteerÌ Vr^r!r\r NArÁMtlr- ao tonto, ao cego.Do outro lado é â noite,
A paÌ1n daí o tema do pai avultlÌcon1oÈuçãq de sent oao nr\ o Ìledo inÌemorièÌ,os insperores
mo tempo psicotógìcoesocial,ldntonìâisquanto nessafasea nì.r( !, da penitenciâria,os caçadorcs,os vulpinos.
apaÍeceepisodicamentc duasvezes, trânsferindosea suafunção |l i Mâs â casâé um amor. Que pâz nos móveis.
a câsaou a cidade.E tão viva cstapresençade cunho patriarcaì,(ì(r. (O\DE HÁ Porjco FÀLÁ!ÁN(x- lÌlJ
uma baladacomo C,!so Do vFsrrno - RP,completamentedesligi, ì
.lasÌenìbrancâsindividuaise da po€siãfamiÌiar,chegaaparecefu,ìi.l Sob esteaspecto,o poemn capilal a os BENS E o sÀNcuE cE, que
espéciede núcleodesscpoderosocompluo. Das brumasd€ un li' h estâbelecea ìigâção entre o passadoda fâmíliâ e ô presente do indi
nìo quas€ foldóÌi@, su.ge ncla o patriarca devoÌ"dor que esm<ìg!,(\ viduo, através da foÌma altamente signincâdva ale um testamento-
sêüse impõe a próprìa \€leidadeconìô leì moral. Os outros poenrr, Os dtepdsados fazem certos negócios que destroirão dPressamenle
eÌn que apaÌeceo pai,diretamcDtcreferidocoÍnoo do poera,ìembìr, Ii o pairimônio fâniliâr, paÌa assnìì coDfornarcnl o desiino do neto
u m d t ' \ pF , : ede e\ l o n j u rú ,d e rn ô tó ' i u rìro . Íe i to parr ru rne..:r, vFR$s À !oc^ D.\ NoÌrE esÌabeìecia a hipótesecondicionalde um
teÌnpo aplacaÌ,humanizar c compreendereste modelo exlrcnì,ì ouÌ' ú cu !ue poderi dre-\i du.r cuiaAi't cn. ia f i. "r a com opr r r J\ il
Tanto nÌajsquanlo, a ceÌ1aalnÌra,o prì individuaÌúado vai cedenrl,, tualidade no murdo da ir, fàncid, entre "os ídolos de Ìosto carÌegado'l
lì.Ìgarà realidadenaior quc Ìhe dá ra,ão de scÌ e para a.Ìuaì ir conr,, isto é, os maiores e seusvalores,a partir d.ìs quâis a vìda sedesenrolou
Em OsuENs r o s,$cu!,parececonôrmaÌseque outro modo de ser((1 r festârô pÌobÌemapor intermédio de uma estruturacoer€nte,erige
sido impossivel,pois o quc existejá forâ predêteminado desdescn1r , se en objeÌo alheio âo poeta, autònomo nà sua possibiÌidade d€
na própÌia naturezâda familia quc o gerou- O extraordinÍio pod.r ,l , fixâr â âtenção e fâz!Í vibÍar o leilor, qu€ é o ouúo, inatingívet no
gÍupo Êmìliü @nsistúia em €x.luir qualquer ouEo modo dc scÍ t'.,| .ì comércio da úda. Por is, vrRsos À üoc^ !,^ Nôfr! temìinâ poÍ uma
o descendenlei consistirianumâ imdência todo-poderosaqur llr espéciede desejode reaÌizaralgo completo €m si que fosseuma
traça bitolas e explica por que ele precisÂdeÌâ para compreendcr | { realizaçãonos dois sentidos:o psìcológicoeo âÍtcsânâÌ.Por meio do
Desmo, na sua nâtueza e nas suâs reÌaçÕes.ReciprocâmeDte,o nrl objeto poéticoinstituído, o eu do poela sedissolvecomo psicologia,
destino corììpleta e expÌicâ o cta1àmilia, qüe tdnbán não podd ii d de' fi E urddoD el J' rrn..po' i l ro.ri ador a.a f im {ì r p'opir r â' um . i-
sido outro.No citadopoenìa,â peroraçãomraÌ dosârltepassados lc, ,.1 tena expÌessivo,do qual foi apenasa semente.
o debâte sobre o ser e o não-s€r, que até eÍtão anÌtar.À na pocsì,r ,1, Mas ao longo da obra de Drumnond, nâo obseÌvamos.Ì certeza
Dr unì ond. f c . ha ,d oo \i rc u i l od ,r i rìd i v rd u e
o o ò . ur. nri ger estética,nem mesmo: esperançadisto,e sim a dúvida, a procura,o
debate. sua poesiaé em boa parte umâ indagaçãosobÌe o probÌe-
ô desejâdo, ma dã poesia,e é íatuÌâl que €staindagaçãoencontreuma espécie
ó poetade uÌna poesiaqu€ s€ Íurta c cvande de divisor de áglas em Se''i,e''o do mrrlo, que tmbém aqui
à maneìrade um lago de pez e r€síduosìetâis.. mãrca os seuscamÌÌúos novos.
Ês nosso fim natüÌâl e somos teu âdubo, No Ìivm iniciaÌ, domina a idéia de que a poesia vem de fora, é dada
tua explìcaçaoe tua mais singelavirtude... sobretudo pela mtwza do obieto poético, sogündo â reconsidenção
Pois úr€cia que um de nós nos recusrss€ dô Ínondo grdçàsd qudÌo\ moderni>l/5Ìompe,anìco
para melho. servir nos. Facea face acadêmicãs.DrunÌmond começapor integÍar-senestà oÍientação,
te contemplamos,e é teü êsseprinìeiro fâzendoo vaÌor da poesiaconfundiÈsecom o sentimentopoético e
e úrnido beijo eÌn nossaboca de b.rrro e sarro. reduzindo em conseqüêncìâo poema â uÍr siÍìpÌcs condutor:
A poesia é incomunjcáv€|
Fique tono no seu canto. mal rompe a ÌnaDhi.
Nío ame. Sãonuitâs, eu pouco.
AÌgumas,tão 1òrtes
Ouço dizer que há tiroteio
âo âlcancedo nossocorpo. Não Ìne jlÌlso louco.
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mâis sendoque a indicaçãodâs coisôs,dos sentimentos,das ì(lfi.,,, Trata seda decisãode usarapalavracom o sensodassuâsrelnções
dos seres,não existeseparadadà suar€pÌesentação; nãs paÌa o Plrtr umas com as oütÌas, pois a arte do poeta é poÌ eÌceÌênciaa de or-
tudo existeantesde mais nadn como pàÌav.a.ParaeÌe,a eryeriarn .l dend estruturasio tipo escolhidopara associarosvocábulos(tìÌvez
nâo é autênticaem si, mas na medida em que pode s€Í Íefeiri ri, o "desênho oo .éu livrc'') é que transforma o lugar-comum em re-
universo do veÌbo- Â idéia ú existe como paÌarÍâ, porque só Ír(.[ velação.Em PRocL'R^D^ Potsra,a penetraFo no reino das pâlavras
vida, isÌo é, signifiodo, gEçai à es(oha de umâ palaEa que a dcsilx consislensa atividade,e o poeta se reÍerelogo a seguir' não aos
',1 vocábulos, que são um momenro dâ pesquisa criadoÌa, mas à PeÍ-
e à posição deía na estrutuÍa do poema. O trabaÌho poétjco pro, h |/
uma espéciede voÌta ou .efluxo da palavrasobreã idéia,que enr,r' cepçãoimediata da estrutura em que podem ser ordenados E nós
ganha uma segundanatureza,uma segundainreligibíidade.Ttìrìr,, percebemosque a germinaçãodo Poem: coÌÌìo un todo é que o
Âssim,que o poema é geralmentefeito com o lugar comum - a ve trr guia nessaaventuraóíica:
peDa,a velhâ âlegria,a veÌhâp€rplexidâdedo homeÌì. No entant,,,
quando o lenos ele parecenovo, e só numa s€guDdafaseidenriiì Convivecom teuspoemas,,lntesde escÌevêìos
caÌnos os objetos de semprejele então completâ a sua taÌefa,.!' Tem paciência,se obscuros.Calma,sete pÌovocam.
parecerum enunciadomuito mais claro e Ìenowdor daquiio qrr Esperaque cadâim se reâlizee consume
s€ntiamose fâzímos. Nas mãos do poetao ÌugaÌ-comm se roÍrì.1 com ser poder de palavra
revelâção,graçâs à palavra na qual se encamou. e s€u poder de siÌêncio.
O tÌabâlho necessário a isto é grande parte do que chamanriN
inspiração. Consiste nâ capacidade de ÍÍìânip'nar as palarras ncu o poema é, pa.a além das palavrâs,um conquista do inexPrimlvel
tras,"em estâdode dicìonário" (que podem serúrparacompor uDì,1 que elàsnão contêm e diante do quâl devem capitular, m6 que Pode
ftêsc técnica,uma ìDdjcaçãopÌática ou um verso) e quebrar o s.rl ÍìâÍrìfesiar secomo sugestãonisÌeriosa nas Ìesonàncias que eÌásdes-
estadode neütÌalidadepelo discernimentodo sentidoque adquircnr pertam, umâ vez combinadar Âdequâclamentele que' indo pe.d€r-se
quando combinadas,segundouma sinlâxeespeciaÌ.fticialmenrc, i Dasárcas de siÌéncio que as c€rcâm e se insinuam eúre eÌas,são uma
precho rejcitar os sistemasconvencionais,que Ìimitam e mcsnÌì propriedadedo poema no s€u todo. A obsessaomallarmeânada
estedlizama descobeúados sentidospossíveis. Daí a decisãode ufì pàÌavracomo violação de unÌ €stadoabsoluto, que seria a não-Palavra,
a página bÌmcâ, n1asque ao mesmo t€mPo é nosso único recurso Para
evitaÌ o nauliágio no nadâ, se insinua neste poema decisilo e c\püca
Não Íimdei â palâyÍa sono o recolhimmto, a €autela com que o po€ta segueÍa bu5ca do equi-
com . inconespondente palavm outono. Íbío precáÍio e mâ.ãvilhoso, o ârÍânjo da estnttm poáica, que ú
RimaÍci com a palavra carne pode ser obtido ao fim de um emPenho de toda a Personalidad€:
ou qüalqueroutÌa, que todasme convêm.
As palâvrasnão nasceÌnamarradas, Não forceso poema a desprendersedo linbo
classaltam,sebeijanÌ,se dissolvem, Não colhis no chão o poenÌã quc se perdeu.
no céü ljvre por vezcs um desenho, Não aduleso poema.Aceitn-o
sãopuras,Ìargâs,aurênricas,indevèssáveis. como eÌe aceitará sua forma deÍìÍitìva e concentrada
(CoNsÌD!RÁçÁo Do poEMÁ- RP)
A'forma no espaço'iâ configuÍaçãoobjerivaque encerrâo senr' 7
dogÌobalparaquecadâpaÌavlaconrribuiupelasuaposição, depc,r
dedessâ paciência,corÌìpÌemento daÌutâ iniciâldescrira
erììO ru LÁ A obra de DrummondapresaÌtaoütrosasPectos e, a partir d€
DoR.Como.rÌúidades isoladas,âspaÌtrvms espreìtâmo poetrìe po Claroenìgna,vmaún.Jtã,o dos que 4cabamde ser iDdicados Assim,
demarmarlhe tocaiâs. EÌeentãoaspropiciâ,renunciando ao scnri poÌ exemplo,â cÍispâçãos€atenuaou sublima,PeÍmitindo no últi-
m€nio bruto, à gÌafiâ cspontâneâda emoção,que arisca confundi mo lïno, Liçnode coísatcÊÍtarecuPemção do humorismo inicial e
tasnum jorro indiscriminâdoi elascapitulÂm e de;xam-se colhcrnr um interesse renovado pela anedota e o fâto correDle' tÍatadoscom
redcque as orgaDizaÍá na Ìrnidadetotal do poema.Obra difìcìì( relativagratuidade.
perigosr,poisessaexploração depende da siìbedoriado poeta,único TâÌvez sejamaisimpoúantea trânsfoÌmação dasinquietudes' ge-
juiz no ato de aÌranjáìasl randocertaserenidâde e,.pressa
não apenas pelo significado da men'
sâgem,mas pelaregulaÌidadecÍ€s.enÌeda forma' â que o poetapâ_
Chegâmaisperto e contemplaaspalavras. rec€tendercomo fãtoí de equilibrio na visãodo mundo-Entretanto,
Cadauma essâserenidade é tanÌbémliuto de lma âceitação do nada da
lcnÌ mil facessecrctas
soba fâceneutra morteprogressiva na eístênciâde câdadiai da dissolução do obje-
€ te pcrgunta,scmi eress€ pelaresposta, negação da PrópÍiapoesiâ.E surgemversos
,to no :to poétìcoatéa
pobreou terrivel,quelh€deres: de uÍn niilismo mais âÂâdoque Íunca:
Trout Bte a chave?
Poesìa,sobreospÌincíPìos
e osvagosdonsdo universo:
Obra,aÌémdo ÌÌais,fÌágiìereÌâtiva, poisâspaÌavÌas estãoprontas en teu regaçoÌncestüoso,
â cadainstãntepâÌaescapâÌ ao comandoe sere.oÌhercmà ausêncià o beÌocânceÍdo v€rso.
de signifi€adopoético,ao Ìimbo do quoiidiano,ondesãov€ículos (BRrÌrDFNo sÁNoutÌÈDÁs\aus^s'FÀ)
k'n diSnidade espRial.Ou enEioa permànecerem no unrv€rsoini
ciaÌdo sonìo e do inconscienie, ondeprosseguia, no Lurlrlron,o Estasindicações (outÌâspoderiamserfeitas)ser\Emparadefinir
combateinfrlÌÍfero do poeta,que eÌ:Ìspodem olhar como a quenr o caráteÌÌimitado TÌata-se
do presenteensaio. deumôânáÌise sobre-
faúou, a quemnão soubedispólasnâ uDidadeexpÌessivâ. O gelo tudo descritiva,na medidâem queidentiflca algus t€mase investi
do màÌogrÕ, na fimbriâ €ntreã deÌibeÍaçãoe o acâso,passânosvèÌsc gâ a süa ocoÍíência.Ao mesmo temPo,é voluntariâmenleparciaÌ:
finais destepoema um dos mâis admiráveisda liteÌatuía contem- abrangeapenas€ertoÍúmero de temâs,pam anâliú-los ntma fase
da obrâdopoeta,pressupondo queformemum todoe queestafase
sejadecisìva.Àlém disso,
sendoumèinvestigação t€mática, baseâda
Repara: nâ psicologiaquecirculanospo€mas,dei{a de lâdoâ aÌ1áÌiseformal
crnÌ:Ìsde melodia e con€eito qu€a compleÌaria e à quaÌpÍetendeseruma espécie de introdução
elasseÌefrlgiaramnâ noite, aspaÌavíâs.
Ànda úmidâse impregnadasde sono, Na obra de Drummond, a forçâ dos Problemasé tío intensaqu€
roÌamnum rio dificil c setransformâm em despÌezo. opoeÌnâparece e organizar-se
crescer emtomo deles, cômoarquite_
trÌrÀque os projeta.Daí o relevoqueâssumem e a necessidade(t( Ele reduz de làto estaautonomia,suìrmetendoo a coftesque o blo-
identificáìos, âtravésdo sistemasimbólicoformadopor eles.Âprìl queiam,â ritmos que o cÌeÍroncam, a distensõesquc o lfogâm em
tiÌ d€les,por exempÌo, é quepodemosconpreeDder um dosaspct unidâdes1naìsampÌas.Quando adota forrnas pré-fabricadas,€m
tosfundamentais de suaarte,â violência,
que,partìDdodo prosrís que o versodeve necessarianeDte sobressair,
conlo o soneto,pÂrecc
mo € do anedótico nospÌimeiroslivros,seacentuaaopontodecxlc escorregarparacertâfriezâ.Na verdade,com eÌee Murìlo Mendeso
fioÍÌzâI a compulsãointerna,num verdadeirochoquecontfa (i Modernismo brasileiro atiDgirÌ â superaçâodo vcrso, pcÍrllilindo
leitor. maneirade Graciliano Ramosno romance, Drummonci, nn mânipuÌâra e\pressãonüm espaçoseÍnbarrenas,ondeo fluìdo rÌìá-
poesis, .er
n;ropro.u-d dg'adavel. rìemno quediz.nfln na rììrnei-.. gico da poesiadependeda figura total do poena, livrementecons-
POrqueo dz: truido, que ele entÌeviu na descidaxo mundo das palavras.
(196s)
lu querocomporum sonetoduro
comopoetaãlgumousaraescrever
Eu qìreropìntar um soreto escuro,
s€€o,âbahdo, dificil de ÌeÌ-
Estemeuverboantipáticoe ìmpuo
há de pungiahá de fâzeÌsofrer,
ÌendãodeVênussobo pedicuro.