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MODERNO (RESUMO)
MAQUIAVEL A POLÍTICA E O ESTADO MODERNO - PRIMEIRA PARTE (RESUMO)
O MODERNO PRÍNCIPE
O caráter fundamental do Príncipe consiste em que ele não é um trabalho sistemático, mas
um livro “vivo” em que a ideologia política e a ciência política fundem-se na forma dramática do
“mito”. Ele poderia ser estudado como uma exemplificação histórica do “mito” soreliano, isto é, de
uma ideologia política que se apresenta não como fria utopia, nem como raciocínio doutrinário,
mas como uma criação da fantasia concreta que atua sobre um povo disperso e pulverizado para
despertar e organizar a sua vontade coletiva.
Mas esta vontade coletiva, assim formada elementarmente, não deixará imediatamente de
existir, pulverizando-se numa infinidade de vontades individuais, que em virtude da fase positiva
seguem direções diversas e contrastes?
A Ciência da política
A ciência política deve ser concebida no seu conteúdo concreto como um organismo em
desenvolvimento. Todavia, deve-se observar que a forma dada por Maquiavel à questão política é
ainda hoje discutida e contraditada, não conseguiu tornar-se “senso-comum”.
A doutrina de Maquiavel não era, no seu tempo, uma coisa puramente “livresca”, um
monopólio de pensadores isolados, um livro secreto que circula entre iniciados. Portanto, pode-se
supor que Maquiavel tem em vista “quem não sabe”, que ele pretende educar politicamente “quem
não sabe’”.
O progresso proporcionado por Croce, a este propósito, aos estudos sobre Maquiavel e
sobre a ciência política, consiste precipuamente na dissolução de uma série de problemas falsos,
inexistentes ou mal formulados. Para Croce o erro tem origem numa “paixão” imediata, de caráter
individual ou de grupo. Esta concepção da política-paixão exclui os partidos já que não se pode
pensar “paixão” organizada e permanente. Todavia os partidos existem, e planos de ação são
elaborados, aplicados e muitas vezes realizados em medida notável: há. Portanto, um “vicío” na
concepção de Croce.
Dado que no mesmo grupo existe a divisão entre governantes e governados, é necessário
fixar alguns princípios inderrogáveis.Estabelecido o princípio de que existem dirigentes e dirigidos,
governantes e governados, verifica-se que os “partidos” são até agora o modo mais adequado para
aperfeiçoar os dirigentes e a capacidade de direção.
O partido político
Afirmou-se que o protagonista do novo Príncipe não poderia ser, na época moderna, um
herói pessoal, mas o partido político. No entanto, apresentam-se duas formas de “partidos” que,
como tal, ao que parece, fazem abstração da ação política imediata: o partido constituído por
uma élite homens de cultura, que tem a função de dirigir do ponto de vista da cultura, da ideologia
geral, um grande movimento de partidos afins e, no período mais recente, o partido de não-
élite, mas de massas, que como massa não tem outra função política que a de uma fidelidade
genérica, de tipo militar, a um centro político visível ou invisível.
Mas o que é a história de um partido? Evidentemente, será necessário levar em conta o
grupo social do qual o partido é expressão e setor mais avançado. Logo a história de um partido
significa exatamente escrever a história de um país, de um ponto de vista monográfico, destacando
um seu aspecto característico.
2.O elemento de coesão principal, que centraliza no campos nacional, que torna eficiente e
poderoso um conjunto de forças que, abandonadas a si mesmas, representam zero ou pouco mais;
este elemento é dotado de uma força altamente coesiva, centralizadora, e disciplinadora e,
também, talvez, por isso, inventiva.
Dadas estas considerações, pode-se dizer que um partido não pode ser destruído por meios
normais quando, existindo necessariamente o segundo elemento, cujo nascimento está ligado à
existência das condições materiais objetivas, mesmo dispersas, os outros dois inevitavelmente
devem-se formar; o primeiro, que obrigatoriamente forma.
È difícil afirmar que um partido político não exerce funções de polícia, isto é, de tutela de
uma determinada ordem política e legal. Portanto, a função de polícia de um partido pode ser
progressista ou reacionária: progressista quando tende a manter a órbita da legalidade as forças
reacionárias alijadas do poder e a elevar ao nível da nova legalidade as massas atrasadas. É
reacionária quando tende a comprimir as forças vivas da história e a manter uma legalidade
ultrapassada, anti-histórica, tornada extrínseca.
Industriais e agricultores.
Os grandes industriais utilizam alternadamente todos os partidos existentes, mas não tem
um partido próprio. Por isso eles não são absolutamente “agnósticos” ou “apolíticos”: o seu
interesse é um equilíbrio determinado, que obtém exatamente reforçando com os seus meios,
alternadamente, este ou aquele partido do tabuleiro político.Entretanto, se é verdade que isto
ocorre na vida “normal”, nos casos extremos, que afinal são aqueles que contam, o partido dos
industriais é o mesmo dos agricultores, os quais, ao contrário, tem um partido permanente.
Alguns pontos característicos do economismo histórico: 1)na busca dos nexos históricos
não de distingue aquilo que é “relativamente permanente” daquilo que é flutuação ocasional; 2) a
doutrina segundo a qual o desenvolvimento econômico é reduzido a sucessão de modificações
técnicas nos instrumentos de trabalho; 3) a doutrina segundo a qual o desenvolvimento econômico
e histórico depende imediatamente das mudanças num determinado elemento importante da
produção.
Como disse Engels, é cômodo para muitos acreditar que podem ter a baixo preço e sem
nenhum esforço, ao alcance da mão, toda a História e todo o saber político e filosófico
concentrados em algumas formulazinhas.
Uma iniciativa política apropriada é sempre necessária para libertar um impulso econômico
dos entraves da política tradicional, para modificar a direção política de determinadas forças que
devem absorvidas criar um bloco histórico econômico-político novo, homogêneo, sem contradições
internas.
Previsão e perspectiva
Outro ponto a ser fixado e desenvolvido é o da “dupla perspectiva” na ação política e na
vida estatal.
È verdade que prever significa apenas ver bem o presente e o passado como movimento:
ver bem, isto é, identificar com exatidão os elementos fundamentais e permanentes do processo.
Mas é absurdo pensar uma previsão puramente “objetiva”. Assim, constitui um erro de fatuidade
grosseira e de superficialidade considerar que uma determinada concepção do mundo e da vida
guarda em si mesma uma superior capacidade de previsão.
O “excessivo realismo político leva muitas vezes à afirmação de que o homem de estado
deve atuar no âmbito da “realidade factual”, não se interessar pelo “dever ser” mas apenas com o
“ser”. No entanto, o “dever ser” é concreção: mas ainda, é a única interpretação realista e
historicista da realidade, é história em ação e filosofia em ação, é unicamente política.
Análises das situações. Relações de força.
È o problema das relações entre estrutura e superestrutura que deve ser situado e
resolvido para assim se chegar a uma justa análise das forças que atuam na histórica de um
determinado período e a definição da relação entre elas.
Observações sobre alguns aspectos da estrutura dos partidos políticos nos períodos de
crise orgânica.
Num determinado momento da sua vida histórica, os grupos sociais se afastam dos seus
partidos tradicionais, isto é, os partidos tradicionais com uma determinada forma de organização,
com determinados homens que os constituem, representam e dirigem, não são mais reconhecidos
como expressão própria da sua classe ou fração de classe. Fala-se de “crise de autoridade”, mas,
na realidade, o que se verifica é crise de hegemonia, ou crise do estado no seu conjunto. Esta crise
cria situações imediatas e perigosas, pois as diversas camadas da população não possuem a
mesma capacidade de orientar-se rapidamente e de se reorganizar com o mesmo ritmo.
Esta ordem de fenômenos está ligada a uma das questões mais importantes, concernentes
ao partido político; isto é, à capacidade de reação do partido contra o espírito consuetudinário,
contra ás tendências mumificadoras e anacronísticas.
Na análise do terceiro grau ou momento do sistema das relações de forças existentes numa
determinada situação, pode-se recorrer proveitosamente ao conceito que na ciência militar é
conhecido por “conjuntura estratégica”. O grau de preparação estratégica pode dar vitória as forças
“aparentemente” inferiores às do adversário.
O cesarismo.
Pode-se afirmar que o cesarismo exprime uma situação em que as forças em luta se
equilibram de modo catastrófico, isto é, equilibram-se de tal forma que a continuação da luta só
pode levar à destruição recíproca.
Mas o cesarismo não tem sempre o mesmo significado histórico. Pode haver um cesarismo
progressista e um cesarismo reacionário; mas em última análise, o significado exato de cada forma
de cesarismo só pode ser reconstruído pela história concreta, e não por um esquema sociológico. O
cesarismo é uma fórmula polêmico-ideológica e não um cânone de interpretação histórica.
A fase catastrófica pode emergir em virtude de uma deficiência política “momentânea” da
força dominante tradicional, e não agora em virtude de uma deficiência orgânica necessariamente
insuperável.
No mundo moderno, o equilíbrio com perspectivas catastróficas não se verifica entre forças,
que última análise, poderiam fundir-se e unificar-se, mesmo depois de um processo fatigante e
sangrento, mas entre forças cujo contraste é insanável historicamente e que se aprofunda com o
advento de formas de cesarismo.
Seria um erro de método considerar que, nos fenômenos de cesarismo qualquer novo
fenômeno histórico derive do equilíbrio entre as forças “fundamentais”; também é necessário
examinar as relações supervenientes entre os grupos principais das classes fundamentais e as
forças auxiliares guiadas ou submetidas à influência hegemônica.
Na luta política, além das guerras de movimento, de cerco ou de posição, existem outras
formas.O verdadeiro arditismo, o arditismo moderno, é próprio da guerra de posição, como se viu
em 1914-18. Além disso, outro elemento a se levar em conta é o seguinte: na luta política não é
necessário imitar os métodos de luta das classes dominantes, sem cair em emboscadas fáceis.
De tudo que se disse, resulta que no fenômeno do arditismo militar é necessário distinguir
entre função técnica e função político militar,
A verdade é que não se pode escolher a forma de guerra que se quer, a menos que se
tenha uma superioridade esmagadora sobre o inimigo.O próprios técnicos militares que se fixaram
definitivamente na guerra de posição, como antes se fixavam na guerra de manobra, de modo
algum sustentam que o tipo precedente deva ser riscado da ciência: mas que, nas guerras entre
Estados mais avançados civil e industrialmente, ele deve-se reduzir a funções táticas mais do que
estratégicas, deve ser considerado na mesma posição que a guerra de cerco e relação à guerra de
manobra.
A mesma redução deve-se verificar na arte e na ciência política, pelo menos no que se
refere aos Estados mais avançados, onde a “sociedade civil” transformou-se numa estrutura muito
complexa e resistente às irrupções catastróficas do elemento econômico imediato.Portanto, é
necessário estudar com “profundidade” quais são os elementos da sociedade civil que
correspondem aos sistemas de defesa na guerra de posição.
Parece-me que Ilich compreendeu que se verificara uma modificação da guerra manobrada,
aplicada vitoriosamente no Oriente em 1917, para a guerra de posição, que era a única possível no
Ocidente. Só que Ilich não teve tempo de aprofundar a sua fórmula.
A teoria de Bronstein pode ser comparada à teoria de certos sindicalistas franceses sobre a
greve geral e à teoria de Rosa no opúsculo traduzido por Alessandri: os opúsculos de Rosa e
Bronstein, além do mais, influenciaram os sindicalistas franceses.
Sobre a burocracia
1) O fato de que no desenvolvimento histórico das formas políticas e econômicas viessem
formando o tipo de funcionário “de carreira”, tecnicamente preparado para o trabalho burocrático,
tem um significado primordial na ciência política e na história das formas estatais; 2) Vinculada à
da questão burocracia e da sua organização “ótima”, está a discursão sobre os chamados
“centralismo orgânico” e “centralismo democrático”.
A questão relaciona-se com o Estado moderno e deve ser estudada num tratado de ciência
política.