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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – UNIVASF

CAMPUS SERRA DA CAPIVARA


COLEGIADO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA – CCINAT

Rochas Metamórficas
Sumário
• Metamorfismo;
– Tipos de metamorfismo;
• Minerais índices e zonas de metamorfismo;
– Grau de metamorfismo;
• Rocha metamórfica;
• Classificação das rochas metamórficas;
– Textura, Estrutura e Nomenclatura;
Leitura indicada
Capítulo 18 – Decifrando a Terra Capítulo 6 – Para Entender a Terra
• O que é metamorfismo?

• O que são rochas metamórficas?

• Qual a importância no estudo deste tipo de rochas?


Metamorfismo
• As rochas, após formadas, estão sujeitas a
Granito
grandes temperaturas e pressões capazes de Gnaisse
provocarem transformações nestas;

• Essas transformações podem ocorrer em


profundidades variadas na crosta terrestre;

• Vale ressaltar que este processo necessita de um


tempo mínimo para que as mudanças ocorram
na rocha e suas condições se equilibrem com
àquelas do ambiente que a transformou;
• Em geologia, o tempo mínimo (curto) seria
em torno de pouco mais de um milhão de
anos;

(Meta = mudança e Morfo = forma)

• Metamorfismo  é o conjunto de processos, que


ocorrem no estado sólido, pelos quais uma
determinada rocha é submetida e que ao final
apresenta características distintas daquelas antes
do processo de metamorfismo;

• As rochas originais anterior ao metamorfismo são


chamadas de protólitos. Estas podem ser tanto
ígneas quanto sedimentares e até mesmo
metamórficas;
• As mudanças ocorridas no protólito dão origem a uma rocha metamórfica
que pode ser definida como:

Rochas que se originam de outras preexistentes, como resposta as


mudanças nas condições de temperatura e pressão no interior da crosta
terrestre.

As mudanças ocorridas no calcário da


imagem ao lado, sofreu recristalização
(transformação dos cristais de calcita)
alterando a textura inicial da rocha;

Neste caso, o mármore possui as mesmas


composições químicas e mineralógicas do
protólito (calcário).
• Outro exemplo pode ser dado de um arenito submetido a temperatura e
pressão de grau intermediário (T entre 400°C e 600°C e P 4 e 6 kbar);

Arenito
Xisto
Fatores que controlam o metamorfismo

• Natureza do protólito (tipo de rocha anterior – sedimentar, ígnea ou


metamórfica);
• Temperatura (°C);
• Pressão (medida em bar = 1 bar ~ 1kg/cm²);
• Presença de fluidos (H2O e CO2);
• Tempo de exposição ao processo;

OBS: Os processos metamórficos limitam-se por um lado pelos processos


diagenéticos, que ocorrem a baixas temperaturas, até ~250°C, e por outro lado,
pelo início de fusão das rochas, que ocorre a altas temperaturas (~1.200°C);
Limites do Campo Metamórfico

Refere-se aos limites das condições de


formação de rochas metamórficas;

A região amarela refere-se às


condições para a diagênese
(condições para a formação de rochas
sedimentares);

A região alaranjada para as condições,


a partir de experimentos, para a
formação de rochas metamórficas;

A zona avermelhada indica o limite de


fusão da rocha quando estas passam
a ser magma.
Grau Metamórfico da Rocha
• Indica as condições de pressão e
temperatura que a rocha foi
submetida durante o
metamorfismo;

• Conforme a figura, quanto


maior o grau metamórfico
maior a profundidade e as
condições extremas;

• À medida em que o grau muda,


a textura e a composição
mineralógica também mudam;
Tipos de Metamorfismo
• Para entender as condições metamórficas (pressão, temperatura, profundidade,
composição do protólito) é importante conhecer as regiões da crosta terrestre onde são
produzidas essas características;
Ocorrem principalmente nas margens
continentais convergentes e nos arcos de
ilhas, formados pelo efeito da colisão de
placas tectônicas;

Nas faixas centrais dessas grandes


estruturas da crosta ocorrem zonas de
formação de rochas metamórficas
(cinturões metamórficos);
Metamorfismo Regional (ou Dinamotermal)

• Ocorre em regiões de tectonismo intenso, compressões e dobramentos


com vigência de pressões orientadas (cisalhamento) e altas temperaturas;

• Regiões de convergência entre placas (na formação de cadeias


montanhosas), produz grandes quantidades de rochas metamorfizadas;
Metamorfismo de Contato (ou Termal)
• Ocorre ao redor de corpos ígneos intrusivos (batólitos) onde parte do calor é
transferido às rochas adjacentes em forma de auréola;

• As rochas são livres de deformação;


Intrusão

Mármore
Calcário

Calcário Mármore
Metamorfismo de contato – observar auréolas formadas pela alteração
das rochas vizinhas pelo calor

http://www.geol.umd.edu/~jmerck/geol100/lectures/16.html
Metamorfismo Cataclástico (ou Dinâmico)

• Ocorre em faixas longas e estreitas em adjacências de falhas ou zonas de


cisalhamento;

• As pressões dirigidas causam movimentação e ruptura (a energia mecânica


produz cominuição* dos minerais na zona de maior deformação);

• Modifica textura e estrutura das rochas (microbandamento e laminações),


provoca cominuição mecânica de grãos com recristalização e/ou
cristalização, encurvamento e quebras;

* Moagem dos grãos


http://www.geol.umd.edu/~jmerck/geol100/lectures/16.html
Milonitos

Em regiões superficiais ocorre deformação rúptil, em regiões profundas da


crosta ocorre a deformação dúctil dos minerais
produtos: milonitos, cataclasito
Metamorfismo de Soterramento
• Ocorre durante a subsidência de bacias sedimentares, em regiões onde a crosta terrestre se adelgaça
(“afinamento”), originando gradientes geotérmicos;

• Resulta do empilhamento das rochas sedimentares e vulcânicas onde a T pode chegar a 300 °C ou mais,
devido ao fluxo do calor interno da Terra;

• Ocorre recristalização de minerais sob influência de fluidos intergranulares dos sedimentos preservando a
textura e estrutura das rochas originais;

• Minerais típicos desse tipo de metamorfismo são as Zeólitas, Prehnita e Pumpellyita;


Metamorfismo Hidrotermal
• Resulta da percolação de águas quentes ao longo de fraturas e espaços intergranulares
das rochas;

• Ocorre troca iônica entre a água quente circulante e as paredes das fraturas;
• Minerais desestabilizam-se e recristalizam em novas associações mineralógicas (entre 100
a 370 °C);
• Ocorre também em áreas de vulcanismo submarino (cadeias meso-oceânicas) e em
campos geotérmicos, constituindo um importante processo formador de depósitos
minerais;

Greenstone – rocha
hidrotermalisada que apresenta
minerais de cor esverdeada
(clorita, epidoto ou actinolita) Campo geotérmico – Exemplo com Geisers
• Metamorfismo de fundo oceânico, caso particular de metamorfismo hidrotermal;
• Crosta recém-formada e quente interage com a água fria do mar ;
• Água aquecida carregada com íons percola as fendas e fraturas (riftes) removendo ou
precipitando elementos provocando mudanças químicas;
Metamorfismo de Impacto
• Desenvolve-se em locais submetidos ao impacto de grandes meteoritos;
• A energia do impacto é dissipada em forma de ondas de choque, que fraturam e deslocam as rochas
formando a cratera de impacto, e de calor (pode alcançar até 5000 °C), que vaporiza meteoritos e funde
rochas;

Cratera do Arizona (EUA) – Diâmetro de 1,2 km e profundidade


de 200 m
• Ondas de choque são transmitidas pelas rochas (frações de segundo) produzindo
pressões elevadas (até 1000 kbar*);
• Ondas reequilibram os minerais quase instantaneamente. Ex:
• Quartzo transforma-se em seus polimorfos de alta pressão – Stishovita e Coesita;

http://rst.gsfc.nasa.gov/Sect18/Sect18_3.html

*Bar unidade de medida de pressão. 1bar = 1,02 kg/cm²; 1kbar = 1,02 x 10³ kg/cm²
Stishovita sintetizada em laboratorio
http://www.hppi.troitsk.ru/products/stishovite1.htm

Mineral de coesita (em C) em grãos de quarzo.


http://vsites.unb.br/ig/glossario/fig/Coesita.htm
Minerais-índice e zonas metamórficas
• Paragênese – processo no qual um determinado conjunto de minerais
(rocha ígnea ou metamórfica) desenvolvem-se associados em condições
de equilíbrio geoquímico e termodinâmico;

• As rochas metamórficas são produzidas por uma combinação de fatores


geológicos;

• Alguns tipos de rochas são mais frequentes na crosta e o metamorfismo


se desenvolve repetitivo, desse modo é possível comparar rochas de
composição similar de terrenos distintos;
• George Barrow definiu os minerais-
índices na ordem de aparecimento
definida pela linha (isógrada) do
primeiro aparecimento;

• As linhas definem as zonas


metamórficas que recebem o nome
da isógrada;

• A sequência de minerais, a partir da


zona de cisalhamento, é: clorita –
biotita – granada – estaurolita –
cianita – sillimanita;
Granada Estaurolita

Clorita Sillimanita

Cianita
Grau Metamórfico
• É a intensidade do metamorfismo no qual a rocha ficou
exposta;

• Alto grau – altas temperaturas;


• Médio grau – temperaturas intermediárias;
• Baixo grau – condições brandas, de temperaturas baixas;
Fácies Metamórficas

• Uma mesma rocha apresenta associações minerais distintas quando


submetidas a diferentes condições de T e P;

• Rochas com paragênese desenvolvida sob mesmas condições


pertencem a uma mesma fácies metamórficas;
GRAU DE ZONA
METAMORFISMO
FÁCIES METAMÓRFICA

CLORITA

BAIXO XISTO VERDE BIOTITA

GRANADA

ESTAUROLITA

MÉDIO ANFIBOLITO CIANITA

SILLIMANITA

K-FELDSPATO+
SILLIMANITA
ALTO GRANULITO
ORTOPIROXÊNIO
Rocha Metamórfica
• Conceito - São rochas que se
originam de outras rochas
preexistentes, como resposta a
mudanças nas condições de
temperatura e pressão no interior da
crosta terrestre;

• Ao contrário das rochas ígneas e


sedimentares, as rochas
metamórficas desenvolvem-se em
ambientes inacessíveis à observação
direta;
• O conhecimento sobre este tipo de rocha se deve pela observação das
feições daquelas expostas à superfície terrestre e aos estudos em
laboratório que reproduzem as condições do interior da crosta;

• Distribuem-se principalmente em regiões montanhosas;


• A rocha metamórfica mais antiga é o Gnaisse Acasta, encontrada no Canadá,
tem idade de 3,96 Ga;

Zircão do Gnaisse Acasta - http://www.asi-


pl.com/Productsservices/ShrimpII/shrimpapplications.aspx
Classificação das Rochas Metamórficas

• Gênese: Rochas Paraderivadas e


Ortoderivadas:

1) Rochas Ortoderivadas: quando as rochas ígneas são


protólitos;

2) Rochas Paraderivadas: quando as rochas


sedimentares são protólitos;
Exemplos de rochas ortoderivadas e paraderivadas

(Ígnea) (Sedimentar)
Textura
• A textura em rochas metamórficas se desenvolve por blastese, que implica na nucleação
mais o crescimento mineral em estado sólido;
• Tipos de textura:
1. Granoblástica: sem predomínio de uma ou outra dimensão nos minerais e orientação
(grãos com mesma dimensão);

Interfaces retas poligonizadas com


junções tríplices de 120°
2. Lepidoblástica: predomínio de minerais
micáceos orientados (muscovita , biotita e
clorita);

3. Nematoblástica: minerais orientados


prismáticos (anfibólios e piroxênios);
4. Porfiroblástica: algumas espécies minerais podem se destacar no tamanho por
uma ordem de grandeza envolvidos numa matriz;

– Matriz: conjunto de granulação fina que cerca os porfiroblastos;


Granada xisto

Granada Xisto - Rocha metamórfica com textura porfiroblástica (cristais de granadas) em matriz xistosa (muscovita)
Estrutura
• A estrutura dá informações sobre o processo metamórfico;
• Tipos:
1. Maciça: Sem atuação de pressão dirigida ou preservação da estrutura do protólito;

Com pressão dirigida:

1. Xistosa (foliação): Orientação de minerais placosos e prismáticos por


descontinuidades planares. Típico de rochas que sofrem pressão orientada;
2. Gnáissica: Orientação de feldspatos e quartzo. Típico de granitos;
3. Migmatítico: Estruturas gnáissicas e bandadas com aspecto caótico, em escala
variada com material granítico em veios ou bolsões;
4. Clivagem Ardosiana: orientação incipiente formada pela orientação de minerais
micáceos finos e que apresentam certa fissilidade (desplacamento);

5. Bandamento: presença de faixas de coloração alternada (clara mais escura);

Bandamento em Gnaisse
À esquerda, amostra de rocha ígnea (granito) e, à direita, granito sob metamorfismo (rocha metamórfica).
Veja que há uma estrutura foliada nos minerais constituintes da rocha metamórfica. Isto se dá pela presença
de minerais placosos (biotita, muscovita) que sofreram pressão e se reorientam;
Nomenclatura de Rochas Metamórficas

• Prefixos - Orto, Meta e Para;


– Orto: Identificação genética da rocha. Ex: Orto-anfibolito;

– Para: Identificação genética da rocha. Ex: Para-gnaisse;

– Meta: Quando se tem certeza da origem do protólito.


Ex: Metabasalto; metagranito; metassiltito , etc..
Nomenclatura baseada na composição mineralógica e estrutural:
Rochas foliadas

• Ardósia: rocha de baixo grau


metamórfico, granulação muito
fina e composta por muscovita-
clorita-quartzo; pouco brilho;
clivagem ardosiana;

• Protólito: argilitos e folhelhos;


http://www.altivopedras.com/mineracao.html
• Filito: rocha formada em relativo aumento do grau metamórfico apresentando granulação
fina (maior que ardósia), com plano de xistosidade mais definido e com um brilho também
maior;
• Composição:
Muscovita-cloria-quartzo;
• Protólito: folhelhos e argilitos;

http://skywalker.cochise.edu/wellerr/rocks/mtrx/phylliteL.htm http://www.gccaz.edu/earthsci/imagearchive/phyllite.htm
• Xisto: rocha de grau intermediário metamórfico, possui granulação fina-média, composta
de feldspatos (<20%), quartzo, muscovita-clorita e/ou biotita. Estrutura planar e/ou linear
boa (xistosidade);
• Rocha brilhosa (micas metamórficas);

http://www.gccaz.edu/earthsci/imagearchive/schist.htm http://skywalker.cochise.edu/wellerr/rocks/mtrx/schistL.htm
• Gnaisse: rocha metamórfica composta essencialmente por feldspato e quartzo (poucos
minerais micáceos) apresentando estrutura de grãos estirados e/ou achatados de forma
foliada (bandada) alternada;
• Forma-se em ambiente de alto grau metamórfico sendo seus protólitos tanto rochas
sedimentares (paraderivados) ou ígneas (ortoderivados);

http://skywalker.cochise.edu/wellerr/rocks/mtrx/gneissL.htm
Rochas Monominerálicas
• Mármore: rocha resultante do metamorfismo sobre calcários, apresentam-se em
estruturas bandadas ou maciças, essencialmente constituída de carbonatos e alguns
minerais acessórios;
• Apresenta vário tipos estruturais: bandado, foliado, maciço;
Mármore dolomítico

http://skywalker.cochise.edu/wellerr/rocks/mtrx/marbleL.htm
• Quartzito: rocha resultante do metamorfismo de contato em arenitos (rocha
sedimentar) ou riolitos silicosos, sendo composta essencialmente de quartzo;

http://csmres.jmu.edu/geollab/fichter/MetaRx/Rocks/quartzite1.html
• Anfibolito: resulta do metamorfismo em rochas ígneas básicas (basaltos e
gabros), apresentando-se maciças ou foliadas com textura granoblástica a
grano-nematoblástica e compõe-se de hornblenda e plagioclásio (grau médio
a alto);

http://www.nvcc.edu/home/cbentley/gol_135/billy_goat/readings.htm
• Milonito: termo textural para rochas de metamorfismo cataclástico, ou seja,
são rochas que sofreram fragmentação e recristalização;

http://geomaps.wr.usgs.gov/archive/scamp/html/sc
g_sgm_sesg.html
Relação entre o grau de metamorfismo e seus produtos

• O metamorfismo imprime
novas texturas nas rochas;

• Em geral, quanto maior o grau


metamórfico, maior será o
tamanho dos cristais;
Grau de Metamorfismo e Textura

Baixo Grau Grau Intermediário Alto Grau


Ardósia Filito Xisto (Minerais micáceos Gnaisse (poucos minerais Migmatito
abundantes) micáceos)

Clivagem ardosiana Clivagem ardosiana Xistosidade Bandado Bandado


Importância Econômica
• Usadas como rochas ornamentais, usadas para revestimento na construção
civil:

– Ex: Mármore e Ardósia.

• Recursos minerais – algumas zonas de metamorfismos de contato são ricas


em minerais de interesse econômico.

– Ex: Schelita (CaWO4) – Importante fonte de Tungstênio para a indústria;


Recapitulando
• O que é metamorfismo?

• O que são rochas metamórficas?

• Qual a importância no estudo deste tipo de rochas?

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