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PETROLOGIA METAMÓRFICA

1. CONCEITO
2. ROCHAS METAMÓRFICAS E TIPOS DE METAMORFISMO
3. AS VARIÁVEIS DO METAMORFISMO
4. GRAU DE METAMORFISMO E ZONEOGRAFIA DE TERRENOS
METAMÓRFICOS
4.1. Isógradas e as zonas de Barrow
4.2. Fácies metamórficas
4.3. Séries de fácies metamórficas

1. CONCEITO

A petrologia metamórfica é a parte da geologia que tem por objetivo estudar


as rochas transformadas textural, estrutural, química e/ou mineralogicamente e
estabelecer a relação de causa e efeito entre as transformações observadas e
processos geológicos, buscando-se definir temporalmente, química e
termodinamicamente a natureza dos eventos associados. Por definição, o
escopo do estudo do metamorfismo limita-se às transformações das rochas
realizadas no estado sólido ou predominantemente sólido e excluídas as
transformações por anatexia (fusão ou refusão de rochas) nas condições mais
severas, por um lado, e por diagênese e intemperismo, nas condições
superficiais da crosta terrestre, por outro lado.
A petrologia metamórfica objetiva, assim, determinar, a partir do estudo dos
minerais, química, textura e estrutura atuais, qual a rocha original (protólito),
qual o seu ambiente gerador e quais os processos geológicos envolvidos em
sua origem e transformação, hierarquizando-os no tempo e no espaço para
correlações locais e regionais.
A crosta da Terra, incluindo as áreas oceânicas, apresenta, em sua parte
superficial, rochas metamórficas predominantes o que demonstra a importância
desta disciplina que versa sobre a transformação das rochas.

2. ROCHAS METAMÓRFICAS E TIPOS DE METAMORFISMO

As rochas metamórficas (grego: meta=mudança; morfos=forma)


correspondem a transformações predominantemente no estado sólido de
rochas pré-existentes ou PROTÓLITOS (grego: proto=primeiro/anterior;
lithos=rocha). Os protólitos podem ser ígneos, sedimentares ou, mesmo,
metamórficos. Em casos mais raros e nem sempre fáceis de serem
determinados, podem, ainda, corresponder a produtos de alteração intempérica
(solos, paleossolos, lateritas,..) ou hidrotermal/metassomática (greisen,
skarnitos, pegmatitos caulinizados,..). Em locais privilegiados, como antigas
suturas crustais, pode ocorrer fragmento mantélico como protólito.

Apesar de, por definição ou para efeito pedagógico, tratarmos o


metamorfismo como um processo geológico isoquímico, ou seja a rocha
original não sofre mudança química, na realidade as transformações
metamórficas implicam, sempre, em modificações químicas, desde mínimas ou
em escala limitada, até muito importantes quando deixamos de designar a
rocha como metamorfito e passamos a designá-la como metassomatito
(meta= mudança; soma= substância/matéria).

Como visto atrás, por definição, os estudos de PETROLOGIA


METAMÓRFICA não se envolvem diretamente com os processos superficiais
de intemperismo e diagênese (áreas da pedologia e da sedimentologia), nem
com os processos profundos de anatexia ou refusão das rochas (área da
petrologia ígnea), distinguindo-se os seguintes tipos ou processos
metamórficos principais cuja caracterização é fundamental para a classificação
correta da rocha em estudo:

 fundo oceânico (junto às ridges meso-oceânicas);


 orogênico, dínamotermal ou regional (nas regiões de confronto de
placas);
 soterramento (nas fossas oceânicas);
 contato ou termal (nas encaixantes junto a corpos fortemente aquecidos
intrusivos);
 dinâmico ou cataclástico (nas zonas de falha);
 de impacto (nas zonas afetadas por impactos meteoríticos).

A evolução geotectônica de uma área continental geralmente é complexa,


com superposição de tipos de metamorfismo diferentes e, inclusive, com
superposição de ciclos geológicos do mesmo tipo de metamorfismo,
caracterizando-se o polimetamorfismo dessas rochas. Assim, uma rocha
metamorfizada por metamorfismo regional em baixo grau pode ter sido,
posteriormente, intrudida por um corpo magmático cujo calor produziu auréolas
metamórficas, registrando-se dois tipos diferentes de metamorfismo. O registro
destas transformações em paragêneses, texturas e estruturas, e a elucidação
da sequência em que se realizaram, permite estabelecer parte da história
geológica local.

Cada ambiente geológico/geotectônico apresenta associações de rochas


que lhe são típicas ou mais comuns e, em certos casos, características. O
metamorfismo dessas rochas associadas pode, assim, levar a um padrão de
rochas metamórficas associadas. Por exemplo, as rochas de uma crosta
oceânica onde predominam basaltos e gabros, com níveis de radiolaritos e
outros sedimentos pelágicos, metamorfizada junto a ridge com muita pressão
de água e depois tomada em ambiente orogênico ou de arco de ilha
apresentará uma associação provável de xistos verdes (básicos) e anfibolitos
com finas camadas de chert. Uma sequência de camadas de bacia de margem
continental passiva apresenta associações relativamente espessas de rochas
clásticas maduras associadas com niveis carbonatados; ao ser envolvida
esta(s) bacia em um processo orogênico, como o de colisão continental, a
sequência rochosa será transformada em quartzitos, xistos aluminosos e
mármores ou calcários metamórficos.

Caracteriza-se, desta forma, a importância do estudo regional da geologia de


regiões metamórficas para ser estabelecida a associação rochosa
metamorfizada e, com isto, se ter suporte para determinar o ambiente
geológico primordial e os ambientes transicionais da região.

3. AS VARIÁVEIS DO METAMORFISMO

Modificações significativas das condições termodinâmicas ou das condições


geoquímicas originais da rocha levam a sua transformação. As variáveis ou
fatores fundamentais do metamorfismo são:

 temperatura
 pressão de carga ou litostática
 pressão dirigida
 pressão de fluidos
 composição da rocha
 composição da fase fluida

A velocidade com que se realiza esta transformação (cinética) depende


ainda de outros fatores intrínsecos e extrínsecos, tais como:

 textura e cristalinidade da rocha


 gradiente de modificação das condições
 tempo geológico em que persistem as novas condições.

Assim, uma intrusão magmática com temperatura muito elevada, mas


aplicada em breve espaço de tempo (como um sill pouco espesso de basalto
por exemplo) poderá resultar em menos transformações metamórficas do
que uma intrusão de temperatura menor mas realizada por longo tempo
geológico (como um batólito granítico por exemplo) porque o calor transferido
para a rocha encaixante não foi suficiente para desestabilizar a paragênese
mineral na mesma intensidade. Já uma rocha com textura fina é mais
suscetível a transformações metamórficas do que uma de mesma composição
química mas com minerais bem desenvolvidos, porque ela apresenta uma
maior superfície entre cristais, ou seja, com mais energia iônica livre e, por
isso, mais reativa do que a rocha com minerais graúdos que estão solidamente
estruturados com sua rede cristalina organizada (menor entropia).

4. GRAU DE METAMORFISMO E ZONEOGRAFIA DE TERRENOS


METAMÓRFICOS

4.1. Isógradas e as zonas de Barrow

Qualquer tipo de metamorfismo, seja cataclástico, de contato, regional, pode


ser classificado pela sua intensidade verificada nas rochas em grau fraco,
médio e forte. Alguns tipos de metamorfismo podem ter variações rápidas
desse grau, como, por exemplo, o de falhas e o de impacto meteorítico; outros,
como o de contato e o regional apresentam uma variação gradual que permite
o mapeamento do grau de metamorfismo. Destacam-se as auréolas de
metamorfismo de contato e, principalmente, as variações de grau em cinturões
metamórficos orogênicos em zonas de mesmo metamorfismo. Barrow
(1893,1912, in Spear,1993), estudando o cinturão Dalradiano nas terras altas
da Escócia, verificou a existência de zonas de metamorfismo progressivo
identificadas pelo aparecimento de minerais-índices de grau metamórfico em
rochas aluminosas, meta-pelíticas, a saber:
clorita=>biotita=>granada=>estaurolita=>cianita=>sillimanita. Estas zonas
(zonas de Barrow) são caracterizadas pelo aparecimento do mineral índice
que, entretanto, pode se manter em associação em zonas metamórficas de
mais alto grau. Por exemplo, o aparecimento da biotita metamórfica indica a
passagem da zona da clorita para a da biotita e o aparecimento da granada
indica a passagem da zona da biotita para a da granada, mas a clorita pode
ocorrer nas tres zonas e a biotita pode continuar aparecendo até a zona da
cianita e parte da zona da sillimanita. A superfície do limite zoneográfico
determinado pelo aparecimento do mineral índice foi designada de isógrada
por Tilley (1924,1925, in Spear,1993) que realizou estudos na mesma região da
Escócia que Barrow.

4.2. Fácies metamórficas

O conceito de fácies metamórfica corresponde a uma ampliação do conceito


de zonas metamórficas. Foi proposto por Eskola (1914,1915, in Spear,1993)
que, ao comparar auréolas metamórficas de duas intrusões distintas da
Finlândia e da Noruega, verificou que diversas rochas apresentavam
associações minerais típicas iguais em zonas metamórficas correlatas.
Eskola atribuiu às fácies assim determinadas o nome de rochas típicas para
caracterizar cada fácies, tais como como fácies albita epidoto hornfels, fácies
honblenda hornfels, fácies anfibolito... De acordo com Turner (1981), "Fácies
metamórfica é um conjunto de associações minerais, repetidamente associado
no espaço e no tempo, de tal maneira que há uma relação constante e
previsível entre composição mineral e composição química total da rocha."
O conceito de fácies metamórficos relaciona-se, assim, a determinadas
condições de metamorfismo realizadas dentro de faixas de P e T próprias de
determinados ambientes geotectônicos e que propiciam a cristalização de
minerais metamórficos em várias paragêneses que são características de cada
tipo de rocha original metamorfizada.

4.3. Séries de fácies metamórficas

Miyashiro (1961) verificou a existência, no Japão, de associação de


cinturões de rochas metamórficas em pares, apresentando distintas
associações litológicas e, associadamente, distintas paragêneses próprias de
gradientes geotérmicos bem distintos para cada tipo de cinturão do par:
enquanto um cinturão apresenta minerais que retratam alta P com relação a T,
como glaucofano e jadeita, o outro apresenta minerais de alto gradiente
geotérmico com andalusita e cordierita. O primeiro tipo, de alta pressão,
designado de Sanbagawa, tem associaçãoes litológicas como xistos azuis e
eclogitos que indicam rochas de crosta oceânica (meta-basaltos, meta-gabros,
meta-radiolaritos e porções de peridotitos mantélicos); já o segundo, de alta
T/P, apelidado de Abukuma, apresenta associações de xistos de origem
pelítica, quartzitos, gnaisses, migmatitos e granitos predominantes, mais
característicos de crosta continental. Cada um desses cinturões apresenta uma
zoneografia metamórfica própria com fácies e minerais índice também próprios,
o que levou Miyashiro a propor o conceito de Séries de fácies uma de baixo
gradiente geotérmico ou de alta pressão (>8 e < 25o/km) e outra de alto
gradiente geotérmico ou baixa pressão (>25o/km). O cinturão Dalradiano,
estudado por Barrow e muitos outros, corresponde, a uma série intermediária,
batizada de Barroviana.

5. REAÇÕES METAMÓRFICAS

Uma rocha submetida a condições termodinâmicas diversas das em que se


constituíram os seus componentes, pode apresentar reações entre os seus
minerais, originando novos minerais estáveis a essas novas condições. Estas
reações, realizadas no estado sólido, seguem as regras químicas do balanço
estequiométrico tendo de um lado da equação os minerais reagentes e de
outro os minerais produto. Adicionalmente as fases sólidas, um componente
crucial na maior parte destas reações é a fase fluida que permeia os grãos
minerais e suas clivagens e fissuras, estabelecendo-se como uma ponte nas
trocas catiônicas, simplesmente como catalisador, como reagente e/ou como
produto da reação. H2O e CO2 são as duas fases fluidas mais comuns nas
reações metamórficas e acima de condições supercríticas a atividade química
desses fluidos é muito elevada.

CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA DAS ROCHAS METAMÓRFICAS

1. BASES PARA A CLASSIFICAÇÃO


2. CLASSIFICAÇÃO OU DESIGNAÇÃO COM CRITÉRIO COMPOSICIONAL
IMPORTANTE
2.1. Termos-base
2.2. Uso de nomes de minerais metamórficos antes do termo base
2.3. Uso de nomes após o termo base, adjetivando-o.
3. CLASSIFICAÇÃO COM CRITÉRIO "TIPO DE METAMORFISMO"
IMPORTANTE
3.1. Rochas que sofreram metamorfismo dinâmico
3.2. Rochas que sofreram metamorfismo de contato predominante
3.3. Rochas que sofreram metamorfismo meteorítico ou de impacto
predominante
3.4.Rochas que sofreram metamorfismo regional predominante
4. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ORIGEM
4.1. Uso do prefixo META (indicação do protólito)
4.2. Uso do nome do protólito com sufixo indicativo da rocha metamórfica
4.3. Uso dos prefixos ORTO e PARA

1. BASES PARA A CLASSIFICAÇÃO

As rochas metamórficas são designadas, em geral, por um termo base ao


qual podem, e em certos casos devem, ser agregados outros termos antes
e/ou após este termo base.
Na bibliografia é rara a indicação de regras para a designação das rochas
metamórficas havendo, inclusive, controvérsias a respeito de certos termos.
Isto é compreensível pois a designação/determinação das rochas metamórficas
envolve conceitos poligenéticos, não só os da rocha original, com química,
texturas e estruturas variavelmente preservados, como os da evolução
transformacional propiciada pelos vários eventos metamórficos.

Essa complexidade evolutiva pode levar mesmo a formação de rochas


semelhantes a partir de protólitos completamente distintos - Ex.g. gnaisse
originado de um pelito e gnaisse derivado de um granito, enquanto que, por
outro lado, rochas muito diferentes podem ser formadas a partir do mesmo
protólito, desentendendo dos fatores de metamorfismo envolvidos,
notadamente T, P litostática, P stress ou dirigida, P fluidos (e sua química).. -
Ex.g. xisto azul, xisto verde, anfibolito, eclogito.. derivados de basalto.

As rochas metamórficas são classificadas e designadas de acordo com


vários critérios, notadamente os que envolvem a rocha de origem, a
composição - química ou mineral - da rocha, o tipo e grau de metamorfismo
e aspectos texturais/estruturais metamórficos.

Deve se ter em mente que as rochas metamórficas ocorrem sempre com


variações laterais e verticais que podem ser bastante bruscas - seja devido as
variações originais da composição do protólito seja devido a variabilidade de
tensões, fluidos, etc.. relacionados aos processos metamórficos impostos e
superimpostos as rochas transformadas.

Cabe destacar que o ato de aportuguesar-se nomes de rochas e de


minerais que tem por radical um nome próprio (pessoa, localidade, país..) é
injustificável por criar, desnecessariamente, novos termos os quais, ainda por
cima, não têm nenhum significado, como, por exemplo: kimberlito para
quimberlito, scheelita para xilita,...

2. CLASSIFICAÇÃO OU DESIGNAÇÃO COM CRITÉRIO COMPOSICIONAL


IMPORTANTE

2.1. Termos-base

A seguir são relacionadas várias rochas metamórficas em que o critério


composicional é importante na sua designação, mas não necessariamente o
único:

ANFIBOLITO - derivado de rochas básicas ou de rochas sedimentares como


calcários impuros; tem a hornblenda e o plagioclásio como paragênese
característica de grau metamórfico médio a alto. Pode se apresentar maciço,
bandado ou mais comumente com lineação.
ARDÓSIA - grau metamórfico muito baixo; granulação muito fina, pouco brilho,
cristalinidade baixa, clivagem ardosiana, ausente ou muito subordinada a
segregação metamórfica de quartzo ou carbonatos em charneiras ou em
bandas. O protólito geralmente é pelítico e paragênese a base de quartzo,
sericita/fengita, clorita, pirofilita, Com aumento de metamorfismo regional
transforma-se em filito e xisto.

ECLOGITO - rocha básica, basalto ou gabro, que sofreu metamorfismo da


fácies eclogito, típica de duplicação crustal com pressões maiores do que 10
kbar (>30 km de crosta sobrejacente) e temperaturas variáveis que podem
chegar aos 1.000o C, transformando-se em uma rocha, geralmente
granoblástica, cujos componentes são as fases minerais estáveis às altas
pressões e temperaturas: piroxênio sódico, onfacítico, e granada magnesisna,
piropo.

ESTEATITO ou PEDRA-SABÃO - rocha composta essencialmente por talco


ao qual podem se agregar magnesita e quartzo. É derivada principalmente de
rochas ígneas ultramáficas.

FILITO - rocha intermediária entre ardósia e xisto na evolução metamórfica de


pelitos. Diferentemente da ardósia, o plano de xistosidade é bem definido e
brilhante determinado pela disposição de mica muscovítica

GNAISSE - rocha cujos componentes mineralógicos essenciais são quartzo e


feldspato metamórficos e com estrutura foliada maciça com achatamento dos
grãos ou em bandas quartzo-feldspáricas alternadas com bandas mais máficas

GONDITO - rocha metamórfica cujos componentes principais são a granada


manganesífera (espessartita) e o quartzo; deriva fundamentalmente de
camadas de chert associado com vulcanismo.

ITABIRITO - descrita em Itabira, MG, o itabirito é uma rocha bandada,


alternando níveis milimétrico/centimétricos de hematita (magnetita) com níveis
silicáticos, geralmente de quartzo.

MÁRMORE - calcário recristalizado metamórficamente tendo como constituinte


importante (>50%) um carbonato, geralmente calcítico ou dolomítico. Ocorre
em várias fácies: maciço, bandado, brechóide...

QUARTZITO - metamorfito cujo componente principal é o quartzo (>75% como


ordem de grandeza). Pode derivar de arenitos quartzosos, riolitos silicosos,
chert, pods ou veios de quartzo.

ROCHA CÁLCIO-SILICATADA - rocha maciça ou bandada composta por


minerais cálcio-silicáticos metamórficos como epidoto, diopsídio, grossulária,
escapolita... derivada de mármores impuros e/ou metassomatizados.

SERPENTINITO - rocha composta por serpentina predominante, pode ser


maciça ou xistosa caso em que pode ser chamada de serpentina xisto
À semelhança do serpentinito ocorrem várias rochas metamórficas maciças
com tendência monominerálica em que o mineral predominante, metamórfico,
dá o nome a rocha, como:

CLORITITO, ACTINOLITITO, TREMOLITITO, EPIDOSITO...

Observação: alguns termos como HORNBLENDITO, PIROXENITO,


PERIDOTITO entre outros são reservados para rochas ígneas.

TACTITO ou SKARNITO - rocha cálcio-silicática que sofreu metamorfismo


e/ou metassomatismo de contato.

XISTO - termo geral para qualquer rocha que apresenta xistosidade. Como
acontece com muitas outras rochas metamórficas, a este termo devem ser
agregados termos antecedentes e/ou termos sucedentes que caracterizem,
composicionalmente, o metamorfito. Ex.g. granada biotita xisto grafitoso. O
xisto micáceo deriva, frequentemente, de pelitos (podem derivar de plutonitos e
vulcanitos ácidos e aluminosos também) representando um grau mais elevado
de metamorfismo do que a ardósia e o filito; muito brilhante devido ao
crescimento de micas metamórficas, muscovita e biotita principalmente,
xistosidade bem desenvolvida, muitas vezes crenulada por deformações
superimpostas, segrega quartzo (ou carbonatos nos xistos calcíticos) em
bandas ou concentrado em charneiras de dobras isoclinais, formando barras ou
lentes centi-decimétricas no meio da massa micácea.

XISTO VERDE - termo especial para designar xisto derivado de rocha máfica,
em condições de baixo grau formando minerais verdes como: actinolita,
epidoto, clorita.. junto com albita e algum quartzo.

XISTO AZUL - termo especial para designar xisto derivado de rocha máfica,
em condições de baixa temperatura e alta pressão, caracterizando crosta
oceânica colisionada com minerais azuis como o anfibólio sódico glaucofano
além de lawsonita, epidoto, clorita,..

2.2. Uso de nomes de minerais metamórficos antes do termo base

A classificação de uma rocha metamórfica exige, muitas vezes, a utilização


de nomes de minerais para a sua perfeita caracterização. Esta necessidade
se dá tanto para definir composicionalmente quanto metamorficamente a rocha.
Assim, por exemplo, uma rocha pode ter somente 1% de sillimanita, mas a
importância do mineral como indicador de condições metamórficas exige o seu
nome antes do termo base (Ex.g. sillimanita gnaisse).

Vários nomes de minerais podem anteceder, assim, o nome da rocha para a


sua perfeita classificação, seguindo-se como regra que os nomes dos minerais
mais próximos do nome da rocha correspondem às fases que ocorrem em
maior abundância. Por exemplo: uma rocha classificada como cordierita
granada biotita muscovita xisto contem mais muscovita que biotita, mais biotita
que granada e mais granada do que cordierita.
Naturalmente que não são usados nomes de minerais em rochas que já os
tem como característicos de sua composição. Por exemplo: hornblenda e
plagioclásio em anfibolito; quartzo, até 40 %, em xistos micáceos,..

2.3. Uso de nomes após o termo base, adjetivando-o.

Não há regra rígida no uso destes termos que sucedem o nome principal da
rocha. Entretanto, o seu uso retrata, muitas vezes, teores menores, mas que
devem ser realçados tanto para a caracterização mineralógico-petrográfica
quanto química e que podem ter implicações genéticas. Veja os exemplos que
seguem:

Metachert manganesífero
Gnaisse granodiorítico
Xisto máfico
Xisto feldspático
Micaxisto granatífero
Xisto calcítico
Xisto grafitoso

3. CLASSIFICAÇÃO COM CRITÉRIO "TIPO DE METAMORFISMO"


IMPORTANTE

3.1. Rochas que sofreram metamorfismo dinâmico

CATACLASITO - rocha de metamorfismo dinâmico ou cataclástico em que os


componentes minerais tiveram comportamento (reologia) predominantemente
rúptil ou quebradiço durante a ação metamórfica, favorecendo a geração de
textura com grãos minerais quebrados em grãos menores (sub-grãos),
rotacionados, encurvados,.. e com crescimento metamórfico muito limitado ou
inexistente.

FILONITO - filonito é um milonito estrutural e mineralogicamente semelhante a


filito do metamorfismo regional

MILONITO - (to mill= moer) - rocha com grãos triturados (ver Fotomicrografia)
mas, diferentemente do cataclasito, ocorrem componentes minerais como
clorita, sericita.. que sofreram deformação dúctil, ficando estirados e achatados
muitas vezes definindo uma foliação milonítica. A formação de cataclasito ou
milonito é comandada pelas propriedades reológicas da rocha que varia,
também, com a menor ou maior pressão de H2O (A rocha anidra é geralmente
mais quebradiça)..

BLASTOMILONITO -rocha polimetamórfica que já foi um milonito mas que


hoje encontra-se, em grande parte, recristalizada, seja por metamorfismo de
contato, seja por metamorfismo regional.
Os prefixos PROTO E ULTRA para os termos CATACLASITO e MILONITO
referem-se, respectivamente, a percentagem menor (10-50%) e maior (>90%)
de matriz quebrada/triturada da rocha.

3.2. Rochas que sofreram metamorfismo de contato predominante

HORNFELS ou CORNUBIANITO - rocha com aspecto/textura de chifre, sem


orientação preferencial, textura fina e de grãos engranzados, muitas vezes
poiquiloblástica e que ocorre nos contatos metamorfizados por intrusões que
ascenderam muito quentes.

TACTITO ou SKARNITO - rocha cálcio-silicática que sofreu metamorfismo


e/ou metassomatismo de contato.

3.3. Rochas que sofreram metamorfismo meteorítico ou de impacto


predominante

IMPACTITO - rocha formada pelo metamorfismo de impacto de meteoros com


texturas e estruturas típicas e com mineralogia característica de muito alta
temperatura como coesita, stishovita, mullita e vidro..

3.4.Rochas que sofreram metamorfismo regional predominante

Em termos de extensão, como o próprio nome diz, as rochas de


metamorfismo regional são as mais importantes nas áreas continentais. Muitas
das rochas citadas atrás são de metamorfismo regional ou dínamo-termal. Uma
série típica de evolução de graus mais baixos para mais altos neste tipo de
metamorfismo é a das rochas pelíticas conforme indicada abaixo:

ardósia =>filito => xisto => ganisse =>migmatito ou granulito ácido

GRANULITO - rocha de alto grau metamórfico cuja designação é a mesma da


fácies metamórfica regional de alta temperatura, elevado grau geotérmico (T/P)
e condições anidras (Pcarga>>>PH2O). A classificação da rocha exige a sua
caracterização composicional (Ex.g.: granulito ácido; granulito diorítico,
granulito ultramáfico.. Existem termos específicos (ver glossário) para algumas
fácies, como leptinito, charnockito, enderbito, São rochas granoblásticas,
maciças a foliadas, granulação variável de muito fina (leptinitos, por exemplo)
até muito grossa (alguns charnockitos, por exemplo)

4. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ORIGEM

4.1. Uso do prefixo META (indicação do protólito)

Quando se tem certeza da rocha de origem, pode-se usar o prefixo META


para designar a rocha metamórfica. Exemplos:

 metabasalto;
 metagranito;
 metassedimento;
 metavulcanito;
 meta-arenito;
 metassiltito;
 metachert;
 metapelito..

Observar que o uso do prefixo meta não caracteriza o grau nem a textura e
estrutura metamórficos da rocha. Este critério de designação é muito comum
em terrenos anquimetamórficos ou de baixo grau onde as rochas originais
estão mais bem preservadas.

4.2. Uso do nome do protólito com sufixo indicativo da rocha metamórfica

Alem do prefixo meta, usa-se indicar o nome da rocha original sucedido por
termos que indicam a rocha metamórfica atual. Ex: granito gnaisseficado;
gabro anfibolitizado.. Estas designações implicam em reconhecimento seguro
do protólito, muitas vezes devido ao fato de que o metamorfismo não foi
pervasivo ou foi parcial na rocha.

4.3. Uso dos prefixos ORTO e PARA

Os prefixos ORTO e PARA antecedem o termo base que identifica a rocha


metamórfica (Ex.g. orto-anfibolito, para-gnaisse..) e o uso deles implica em
uma identificação genética segura da rocha de origem com o seguinte critério:

 orto - a rocha original é ígnea, plutônica, hipabissal ou vulcânica


 para - a rocha original é sedimentar

PETROGRAFIA DE ROCHAS METAMÓRFICAS

DESCRIÇÃO DE AMOSTRAS

A descrição de amostras, assim como a descrição de afloramentos, deve ser


simples e clara, evitando-se termos rebuscados.

O uso de frases curtas facilita a tarefa de descrição de amostras.


É frequente nas descrições de lâminas delgadas ou de seções polidas a
utilização de abreviaturas ou de frases "telegráficas", diminuindo o esforço de
escrita e o espaço usado para a descrição. Em contrapartida, a descrição pode
se tornar incompreensível para outros e até para o próprio autor passados
alguns anos. Para superar este problema, é interessante que se tenha uma
mesma lista de abreviaturas para toda a equipe do projeto de pesquisa ou, de
preferência, uma lista de uso mais universal.
Desenhos esquemáticos -sempre com escala (mesmo que aproximada)-
facilitam a visualização do que está sendo descrito.
Reporte-se ao formulário sugerido para descrição de amostras e lâminas
delgadas de rochas metamórficas:

DADOS DE LOCALIZAÇÃO EM AFLORAMENTO E MACROSCOPIA

Elementos de informação de campo, como relações com outros litofácies no


mesmo afloramento ou próximo, posição estrutural/estratigráfica... da amostra
coletada podem se revelar muito úteis para o próprio estudo petrológico e para
quem for utilizar a análise petrográfica posteriormente. (Não se faz geologia de
campo sem petrografia e vice versa).

Normalmente, poucas palavras situando a amostra são suficientes (Ex.


amostra de banda quartzo-feldspática de migmatito flebítico coletada em
charneira de antiforme decimétrica,..)

Na descrição macroscópica das amostras devem ser, enfatizadas as


estruturas e texturas visíveis a olho nu e a lupa de bolso e como ocorrem,
principalmente, se definirem o relacionamento cronológico entre elas o que
deve ser descrito/desenhado já neste tópico em termos de macroscopia.
Caracterizar as descontinuidades (S e L), penetrativas e não-penetrativas
estabelecendo a cronologia em S1, S2, S3.. e L1, L2, L3.. e seu significado
físico como xistosidade, clivagem, bandas, lineação mineralógica, lineação de
estiramento.. Associadamente, devem ser caracterizados os minerais e sua
distribuição na amostra; a cor da rocha fresca e de porções alteradas; a
granulação dos minerais ou de agregados minerais, as dimensões de
elementos estruturais como bandas, lentes, boudins,.. e, se couber, dureza,
brilho, densidade.. anômalos que possam ser identificados.

Exemplos de descrição:

a-Xisto de coloração prateada com excelente xistosidade microcrenulada.


Bandas milimétricas de quartzo/muscovita (segregação metamórfica?;
estratificação S0?) alternam-se com bandas mais micáceas a stilpnomelano
(microssonda), clorita com xistosidade Sn paralela às bandas.

b-Rocha maciça de granulação fina. Anfibólios milimétricos levemente


orientados concentram-se segundo lineação mal definida dentro de massa
diopsídio- anfibólio-plagioclásica verde clara a creme que apresenta
bandamento milimétrico a centimétrico inconspícuo

COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA COM PERCENTAGEM ESTIMADA

Devem ser relacionados todos os minerais identificados, sempre com uma


estimativa de percentagem volumétrica, mesmo que grosseira, visto que esta
percentagem dá uma idéia da composição da rocha e da importância relativa
de cada mineral.
Quando não se consegue identificar um ou mais minerais pode ser atribuído
um apelido temporário (mineral x, y,z..) até a sua identificação e as sua
localização na lâmina, suas propriedades óticas e outras informações
relevantes devem ser fornecidas na ficha de análise petrográfica.

A sensibilidade apreciativa de um petrógrafo aumenta com a prática. As


figuras abaixo representam variações percentuais de contraste entre minerais
escuros e claros. Em casos especiais deve ser feita contagem de pontos ou
outra mais precisa.
Quando um mineral é alterado em outro(s), convém relacionar o mineral
alterado e sua alteração juntos, conforme os exemplos a seguir:

Plagioclásio saussuritizado = 10%


Plagioclásio fresco (andesina) = 30%
Cordierita (?) totalmente pinitizada = 8%

TEXTURA (DESCRIÇÃO GERAL) E VARIAÇÕES TEXTURAIS

A textura e as variações texturais da rocha conforme identificadas na lâmina


(por vezes com apoio da macroscopia) devem ser registradas de forma
sintética e, no verso, desenhadas de forma esquemática, com idéia de escala,
para permitir uma imediata visualização do arranjo dos grãos minerais da
amostra. Detalhes texturais próprios de uma ou outra espécie mineral e que
não tenham alcance ou significado geral são melhor descritas junto as
Observações microscópicas descrevendo os diversos minerais (a seguir).

Exemplos de descrição textural:

a-Textura granoblástica média bimodal submilimétrica (diopsídio) a milimétrica


(plagioclásio). Contatos retilíneos com junções poliedrais tríplices em 120o e
localmente serrilhados.

b-Textura nematoblástica fina a média. Anfibólios levemente poiquiloblásticos


c-Bandas micáceas lepidoblásticas submilimétricas alternadas com bandas
quartzofeldspáticas granoblásticas milimétricas em conjunto crenulado.
Porfiroblastos poiquiloblásticos milimétricos de granada e estaurolita dispersos
e cortando a foliação

OBSERVAÇÕES MICROSCÓPICAS DESCREVENDO OS DIVERSOS


MINERAIS

Sob este ítem devem ser descritos detalhadamente os diversos minerais que
apresentam importância para o estudo petrológico da rocha. Aspectos
mineralógico-texturais inter e intragranulares e a inter-relação entre os diversos
minerais são detalhados e desenhados neste tópico. Evitar a mera relação das
propriedades óticas normais e esperadas do mineral em descrição ("quartzo
apresenta-se uniaxial", por exemplo).

Entre outros aspectos, descrever neste item:

-a distribuição do mineral na rocha com as suas variações dimensionais (em


bandas, em gradações, envolvendo grãos maiores...); a maior ou menor
euedria do mineral; as zonações; as estruturas intragranulares e suas relações
com outros minerais (simplectíticas; poiquiloblásticas; de alteração.)

-Propriedades óticas anômalas que o mineral porventura apresenta;

-Processos de alteração e de reação, com ou sem pseudomorfose, indicando-


se os minerais reactantes e os minerais produtos;

-Relações texturais de grãos do mesmo mineral (como junções tríplices de


recristalização -"recuperação"- de subgrãos cataclásticos do mesmo cristal) e
com grãos de outros minerais. Indicar qual mineral engloba qual e se os
contatos são serrilhados, em baía, retilíneos..

-Veios, vênulas,..

-Fase ou fases de cristalização a qual se relaciona o mineral e aspectos


inerentes (pré, sin ou pós-tectônico).

Note-se que é a partir destas observações detalhadas é que poderão ser


estabelecidas as sequências de cristalização ou as paragêneses minerais
"congeladas" na rocha e, consequentemente, a evolução petrogenética da
rocha em estudo
SEQUÊNCIA CRONOLÓGICA DE EVENTOS

Já como uma conclusão dos estudos das feições macro e microscópicas da


amostra (inclusive as registradas em afloramento), bem como a relação delas
com eventos geológicos, essas feições devem ser listadas sinteticamente da
mais antiga para a mais jovem, de maneira a fornecer um quadro sumário da
petrogênese.

Exemplo de descrição sintética da sequência de eventos:

1-bandas e xistosidade paralelas à estratificação: S1//S0 (?)

2-crenulação e clivagem (S2): lineação L2 (muscovita estirada)

3-granada pós-tectônica (Si=Se crenuladas com a mesma intensidade) em


porfiroblastos; crescimento estático

4-biotita pós-granada (bordas e fraturas) e mimética sobre clorita (?) da S1 e


também em porfiroblastos

5-cloritização localizada (clorita II) sobre granada e biotita (clorita com agulhas
de rutilo)

PROTÓLITO

Nem sempre é possível identificar a rocha original que foi metamorfizada


(geralmente por falta de elementos de campo). Entretanto, a associação de
rochas no campo e a associação mineral identificada em lâmina permitem,
muitas vezes, indicar possíveis ou mais prováveis protólitos, como por
exemplo:

-Rocha original: ultramáfica? - calcário dolomítico silicoso?

-Rocha original: grauvaca? - tufo andesítico?

FÁCIES METAMÓRFICO

Indicar o grau metamórfico maior e o tipo de metamorfismo sofrido pela


rocha. Em caso de polimetamorfismo, retratá-lo de maneira sintética com
relevância para os eventos que mais afetaram a amostra, lembrando que na
lista de eventos já deveriam ter sido detalhadas todas as fases de
metamorfismo. Exemplos:
-Fácies metamórfico: epidoto anfibolito de baixa pressão
-Fácies metamórfico: granulito com parcial retrometamorfismo: (1) para
anfibolito e (2) para xisto verde
-Fácies metamórfico: anfibolito totalmente retrometamorfizado para xisto verde
(filonitização em zona de falha)

CLASSIFICAÇÃO

Indicar o nome mais indicado que classifique a rocha. Entre parênteses,


pode-se apresentar classificação complementar. Exemplos:

-Biotita quartzo anfibolito (meta-andesito)


-Granada-estaurolita micaxisto grafitoso(meta-pelito)
-Meta-basalto (basalto com uralitização total e saussuritização parcial)

TEXTURAS E ESTRUTURAS DE
ROCHAS METAMÓRFICAS

1. CONCEITOS
2. CLASSIFICAÇÃO DE TEXTURAS E ESTRUTURAS COM RELAÇÃO AO
EVENTO METAMÓRFICO
3. TEXTURAS E ESTRUTURAS METAMÓRFICAS E A REOLOGIA DAS
ROCHAS
4. ABRANGÊNCIA/EXTENSÃO DAS TEXTURAS E ESTRUTURAS
METAMÓRFICAS
5. TEXTURAS E ESTRUTURAS METAMÓRFICAS E ORIENTAÇÃO
PREFERENCIAL
6. TIPOS DE ESTRUTURAS
7. TIPOS DE TEXTURAS
8. ANÁLISE DE ESTRUTURAS/TEXTURAS METAMÓRFICAS

1. CONCEITOS

A TEXTURA de uma rocha é determinada pelo tamanho, forma, disposição,


contatos e arranjo ou organização de seus componentes minerais. A escala de
estudo das texturas é, preferencialmente, microscópica. O estudo e
interpretação da textura de uma rocha envolve níveis de abordagem distintos,
mas inter-relacionados: elementos texturais intra-granulares e inter-granulares,
ou seja, feições texturais internas de um grão ou cristal, como zonação,
inclusões, exsoluções,.. e feições texturais entre grãos ou cristais, como tipos
de contatos entre grãos e padrões, em tamanhos e formas, de organização dos
compontentes minerais associados.
A ESTRUTURA de uma rocha é determinada pela organização de
homogeneidades e de heterogeneidades texturais e/ou composicionais
definidas na escala de estudos.

A escala de estudos das estruturas é, principalmente, macroscópica (desde


escala de amostra de mão, também chamada escala mesoscópica, até a
escala de afloramento).

Estes conceitos têm limites variáveis e, como será visto, texturas e


estruturas da rocha são feições interdependentes.

Muitas regiões do globo terrestre são polimetamorfizadas, ou seja, sofreram


mais de um metamorfismo. Cada processo metamórfico tende a modificar e até
destruir ou apagar as texturas e estruturas de etapas anteriores. O estudo
destes vestígios pode permitir se determinar, em certos casos com bastante
segurança, qual foi a rocha original, quais foram os eventos que transformaram
esta rocha e, com base em estudos sistematizados, quais foram as condições
de pressão e temperatura, a entrada ou saída de H2O, CO2 e outros
componentes químicos no sistema rocha/minerais ao longo desta sucessão de
eventos.

A base ou alicerce de tais pesquisas de evolução da rocha metamórfica é,


sempre, um cuidadoso estudo petrográfico de texturas e estruturas com
desenhos esquemáticos e anotações precisas das relações entre os diferentes
minerais, o que terá como consequência imediata a decifração da evolução da
Terra na região de estudo.

Observação: tem sido muito utilizado o termo FÁBRICA para designar


textura ou estrutura... Trata-se, porém, de um anglicismo mal traduzido
(FABRIC =TECIDO; ESTRUTURA; ARRANJO.) que deve ser abandonado. (c/
agradecimentos ao Prof. Ariplínio A. Nilson).

2. CLASSIFICAÇÃO DE TEXTURAS E ESTRUTURAS COM RELAÇÃO AO


EVENTO METAMÓRFICO

Com relação a um evento metamórfico, as feições texturais e estruturais de


uma rocha metamórfica podem ser classificadas em:

 RELIQUIARES, herdadas, remanescentes, relicta ou palimpsetos: são


próprias da rocha original, ou seja, anteriores ao metamorfismo, como,
por exemplo: acamamento ígneo ou sedimentar, textura ofítica, textura
porfirítica e que ficaram preservadas na rocha apesar das
transformações metamórficas.
 TIPOMORFAS: são geradas com o evento de metamorfismo que está
sendo analisado;
 SUPERIMPOSTAS: são todas aquelas feições geradas após o evento
de metamorfismo que está sendo considerado como, por exemplo, uma
segunda xistosidade, veios de quartzo cortando a rocha, alterações
minerais diversas, moagem de grãos próximos a falhas e desenvolvida
em etapas posteriores ao evento de metamorfismo .
 MIMÉTICAS: um tipo especial de textura ou estrutura superimposta,
muito importante na análise da evolução metamórfica, é a MIMÉTICA
que corresponde a uma copia ou pseudomorfose de estrutura ou de
textura pré-existente. Por exemplo, biotita crescendo sobre um suporte
de clorita orientada em uma xistosidade, pode copiar ou imitar essa
xistosidade mesmo crescendo em ambiente estático, de fase pós-
tectônica.
 PÓS-METAMÓRFICAS: são as estruturas ou texturas
SUPERIMPOSTAS, posteriores as fases e eventos de metamorfismo, e
decorrentes de processos não-metamórficos.

3. TEXTURAS E ESTRUTURAS METAMÓRFICAS E A REOLOGIA DAS


ROCHAS

Na dependência da intensidade e do tempo de atuação de cada um dos


fatores de metamorfismo (P_litostática, P_dirigida, P_fluidos, T), da
composição da rocha, de seus componentes minerais e dos fluidos
metamórficos inter e intragranulares, a evolução das texturas e estruturas
metamórficas ocorre segundo DUAS TENDÊNCIAS PRINCIPAIS
(CATACLASE e BLASTESE) que se contrapõem:

 trituração, moagem, quebramentos.., levando à CATACLASE COM


DIMINUIÇÃO E DEFORMAÇÃO dos grãos minerais. Ver fotomicrografia
 cristalizações e recristalizações metamórficas levando ao
CRESCIMENTO ou BLASTESE (grego: blasto=brotar) dos minerais
metamórficos.

Desta forma, pode acontecer, por um lado, que uma rocha originalmente
muito fina como um pelito, por exemplo, dê origem a um gnaisse ou a um
granulito grosso com minerais que podem atingir a escala centimétrica com o
metamorfismo regional, enquanto que, por outro lado, uma rocha muito grossa
como um granito facoidal, com cristais centimétricos, dê origem a um
cataclasito, bem fino, aplitóide, devido à cominuição (moagem) dos grãos sob
forte pressão dirigida do metamorfismo dinâmico "a seco".

Na realidade, grãos minerais ao quebrarem sofrem recristalizações em grau


variável para fases minerais estáveis nessas novas condições de P, T e stress,
apresentando-se, então, como um agregado de sub-grãos do mineral original
com contatos geralmente serrilhados entre si.

A rocha, como um todo, reage às tensões aplicadas segundo duas


tendências de deformação: de RÚPTIL a DÚCTIL com todas as gradações
intermediárias. O comportamento rúptil é aquele em que a rocha apresenta-se
rígida ou quebradiça e o comportamento dúctil é caracterizado por
estiramentos e deformações plásticas (ductilidade=refere-se a propriedade do
material ser estirado em fios sem romper). Este comportamento varia, também,
entre os componentes minerais ou litológicos da mesma rocha que apresentam
graus diferentes de ductilidade, influenciando o desenvolvimento de texturas
diversas nas mesmas condições de P e T conforme os minerais que sofreram o
esforço de deformação. Por exemplo, em um minério a base de pirita e galena,
esta última pode se apresentar deformada em fitas ou foliada (mais dútil) ao
lado da pirita em cristais com pouca deformação ou mostrando quebramentos
por ter reologia distinta (mais rúptil) da galena nas mesmas condições
termodinâmicas.

4. ABRANGÊNCIA/EXTENSÃO DAS TEXTURAS E ESTRUTURAS


METAMÓRFICAS

As estruturas metamórficas, quanto à EXTENSÃO atingida, são classificadas


em PENETRATIVAS e NÃO-PENETRATIVAS:

 PENETRATIVAS, PERVASIVAS ou NÃO-DISCRETAS, quando


ocorrem em todas as partes da rocha; como, por exemplo, xistosidade,
clivagem ardosiana..
 NÃO-PENETRATIVAS, NÃO-PERVASIVAS ou DISCRETAS, partes da
rocha não apresenta a estrutura, como, por exemplo, clivagem de
crenulação que ocorre espaçada milimétrica a centimetricamente entre
porções da rocha (microlitons) que não a contem. (Ver foto).

Este conceito, além de apresentar um certo grau de subjetividade, depende


da escala de análise da estrutura. Por exemplo: uma clivagem com
espaçamento milimétrico pode ser entendida como penetrativa na escala de
afloramento mas não na da lâmina delgada.

5. TEXTURAS E ESTRUTURAS METAMÓRFICAS E ORIENTAÇÃO


PREFERENCIAL

As estruturas metamórficas, quanto à DISPOSIÇÃO GEOMÉTRICA, são


classificadas em:

 SEM ORIENTAÇÃO PREFERENCIAL OU ISÓTROPA


 COM ORIENTAÇÃO PREFERENCIAL e que pode ser:
o PLANAR (Ex: clivagem, xistosidade, bandamento)
o LINEAR (Ex: lineação mineral, eixos de crenulação, estiramento
de seixos, minerais..)

As estruturas metamórficas com orientação preferencial são de dois tipos


principais:

 Foliação metamórfica: é um termo genérico que indica estrutura


metamórfica planar em "folhas" como: planos paralelos de fissilidade;
arranjo preferencial de minerais tabulares ou prismáticos dispostos
segundo planos paralelos; orientação preferencial de componentes
originais da rocha como oólitos, "pellets", concreções, bombas e outros
fragmentos vulcânicos, seixos.., comprimidos e achatados
paralelamente; variações composicionais e/ou granulométricas em
bandas paralelas originadas ou modificadas por processos de
deformação metamórfica.
 Lineação metamórfica: corresponde a uma estrutura metamórfica que
se caracteriza por apresentar orientação preferencial segundo "linhas"
paralelas como: eixos de microdobras; minerais metamórficos,
prismáticos ou aciculares, dispostos sub-paralelamente, seixos ou outros
componentes litológicos reliquiares ou pré-tectônicos estirados segundo
uma direção linear preferencial.

Foliações e lineações metamórficas podem coexistir em uma mesma


amostra.
Tanto a foliação quanto a lineação metamórfica são consequência de
pressões dirigidas que atuaram durante o metamorfismo, seja o metamorfismo
ligado ao dobramento de cadeias de montanha (metamorfismo regional ou
dínamo termal), seja durante o metamorfismo relacionado aos falhamentos e
quebramento de rochas ao longo de zonas de falha (metamorfismo cataclástico
ou dinâmico).

Assim, a maior parte das rochas transformadas por metamorfismo regional


ou cataclástico, apresenta foliação e/ou lineação metamórfica. Esta orientação
preferencial relaciona-se diretamente. com as deformações plásticas: a foliação
tende a ser paralela ao plano axial (contém os eixos b e c de média e de
mínima deformação do elipsóide de deformação), ou seja, tende a ser
perpendicular ao eixo a de máxima deformação e a lineação tende a ser
paralela às charneiras das dobras que se formaram sob o mesmo esforço
metamórfico (paralelamente ao eixo "b" do elipsóide de deformação).

Entretanto, granulitos, eclogitos, metaultramáficas entre outras rochas de


metamorfismo regional podem, excepcionalmente, se apresentar sem
orientação preferencial.
Já as rochas de metamorfismo de contato (termal), como os hornfelses, são
geralmente isótropas, raramente apresentando orientação preferencial.
Deve ser observado que muitas rochas metamórficas granoblásticas, sem
orientação preferencial visível macroscopicamente (grãos equidimensionais),
podem revelar, à luz polarizada do microscópio entretanto, componentes
minerais (quartzo, por exemplo) com orientação preferencial definida pelos
seus eixos cristalográficos.

6. TIPOS DE ESTRUTURAS

Xistosidade - corresponde a estrutura penetrativa de minerais recristalizados


segundo orientação preferencial em planos e/ou linhas (xistosidade planar e/ou
linear). O têrmo xistosidade é mais usado para xistosidade planar.
Obs.: quando a xistosidade torna-se mal definida devido a inexistência ou
pequena ocorrência de minerais filitosos ou prismáticos, sobressaindo a
ocorrência de minerais que tendem a ser equidimensionais como feldspatos,
quartzo, piroxênio, o têrmo foliação (uso genérico) é mais aplicável.

Clivagem ardosiana: corresponde a uma "protoxistosidade" decorrente de


fraca recristalização metamórfica acompanhada de rotação e quebramento de
minerais pré-metamórficos segundo planos penetrativos; relaciona-se com
metamorfismo de baixo grau de rochas pelíticas ou tufáceas principalmente

Clivagem de crenulação ("Strain Slip Cleavage"): estrutura metamórfica,


planar, não penetrativa, que se desenvolve em rochas incompetentes ou pouco
plásticas ao esforço deformatório na forma de planos de descontinuidade física
(físseis) e/ou de recristalização preferencial de minerais metamórficos e que se
espaçam entre si em até 2cm no máximo paralela ou subparalelamente aos
planos axiais de dobras micro (Ver Foto) a mesoscópicas de crenulação.

O distanciamento dos planos de clivagem a mais de 2 cm leva a classificar-los


de fraturas ou sistema de fraturas. Por outro lado, se os planos apresentam-se
muito cerrados, em uma estrutura penetrativa e com pouca recristalização, a
clivagem de crenulação passa a ardosiana ou, se houver intensa
recristalização, passa a ser uma xistosidade.

Bandamento ("layering"): é uma foliação em bandas, geralmente milimétricas


a centimétricas, de variação composicional e/ou granulométrica/textural da
rocha.
A sua origem pode ser:

1) reliquiar, ou seja, anterior ao metamorfismo como estratificação sedimentar


ou estratificação ígnea e

2) metamórfica por processo de segregação metamórfica. A segregação ou


diferenciação metamórfica é um processo comum na formação de gnaisses
dando origem ao conhecido bandamento gnáissico ("gnaissosidade"), mas
ocorre também em diversas outras rochas metamórficas (xistos, eclogitos,
anfibolitos, etc...).

Lineação mineralógica - é a estrutura definida pela orientação preferencial de


minerais metamórficos (exemplo: anfibólios) ou de concentrações minerais
(exemplo: biotita...) segundo "linhas".

Componentes pré-metamórficos estirados: seixos, oólitos, xenólitos,... são ,


frequentemente, estirados segundo o eixo "b"das dobras originando-se uma
lineação metamórfica de deformação

Barras ("rods"): são elementos lineares milimétricos a decimétricos de


material diferenciado por segregação metamórfica (principalmente quartzo) em
charneiras de dobras. São comuns em xistos onde se confundem, muitas
vezes, com seixos de quartzo estirado. Indicam também o eixo "b" das dobras
da deformação metamórfica sob a qual se formaram.

Colunas ("mullions"): são elementos lineares decimétricos a métricos


formados nas charneiras de dobras por corrugação dos estratos ou bandas e
geralmente acompanhados por segregação metamórfica produzindo barras
associadas. Dispõem-se, também,paralelamente ao "b" de deformação,
representando fisicamente a direção de estiramento dos componentes
mineralógicos ou litológicos

Intersecão de planos: a interseção de planos de clivagem entre si, de plano


de clivagem com xistosidade, de xistosidades entre si ou de xistosidade com
acamadamento etc.., produz líneação(ões) de interseção. Caso o plano mais
antigo for deformado para uma superfície curva, a lineação decorrente da
interseção será curva ao invés de veta.

Eixos de crenulação: charneiras de microdobras milimétricas a centimétricas


constituem lineações marcantes em rochas xistosas. (Ver foto: xistosidade
crenulada em Xisto do Grupo Cachoeirinha, sul de Patos,PB)

Kinks ou Knicks: são crenulações que apresentam limbos em ângulos ou em


joelho (sem arredondamento nas charneiras), simétricos ("chevron") ou
assimétricos. Um pacote de xistos crenulados em "Kinks", além das lineações
bem evidentes, podem apresentar planos de justaposição dos flancos
formando bandas (kink bands) que são subparalelas aos planos axiais dos
"Kinks".

7. TIPOS DE TEXTURAS

7.1. Texturas reliquiares

As texturas originais, pré-metamórficas, quando puderem ser identificadas


nas rochas metamórficas, recebem o prefixo BLASTO, indicando estar
relacionado com rocha metamórfica. Assim, por exemplo:

-um metagabro com textura ofítica ainda reconhecível, mesmo que o


plagioclásio e o piroxênio estejam metamorifcamente alterados, será dito ter
textura BLASTO-OFÍTICA;
-um arenito metamorfizado no qual ainda se reconhecem os grãos detríticos,
terá uma textura BLASTO-PSAMÍTICA.

Ver fotomicrografias de blastomicrogabro com textura blasto-diabásica e de


blasto-microdiorito com textura blasto-porfirítica.

7.2. Texturas tipomorfas

As texturas relacionadas com cristalização ou recristalização metamórfica


recebem a terminação BLÁSTICA para significar que se originaram com o
metamorfismo estudado. As principais texturas associadas com a blastese
metamórfica são as seguintes:

GRANOBLÁSTICA: como o nome indica, trata-se de uma textura na qual o


arranjo dos minerais se dá na forma de grãos que tendem a ser
equidimensionais. Rocha que frequentemente apresenta textura granoblástica
é o gnaisse, cujos componentes principais são o quartzo e feldspatos que
mostram esta tendência equidimensional.(Fotomicrografia)
LEPIDOBLÁSTICA: textura definida por minerais lamelares como as micas e
as cloritas dispondo-se sub-paralelamente. Os micaxistos são rochas com
textura geralmente lepidoblástica.(Ver foto1 e foto2)

NEMATOBLÁSTICA (nemato=vermes): os minerais que definem esta textura


são os que apresentam hábito alongado, prismático ou acicular, como os
anfibólios, a sillimanita, etc. dispondo-se sub-paralelamente. Anfibolitos e
anfibólioxistos são rochas que apresentam frequentemente textura
nematoblástica.

DIABLÁSTICA (di=duplicidade): textura sem orientação preferencial, diferente


da granoblástica porque os minerais placosos ou aciculares (micas, anfibólios,
epidotos ou outros) que definem esta textura não formam grãos, não são
equidimensionais

PORFIROBLÁSTICA: quando uma ou mais espécies cristalinas tendem a se


desenvolver por crescimento metamórfico com dimensões significativamente
maiores do que às da matriz, a textura recebe o nome de porfiroblástica em
analogia com a matriz porfirítica das rochas ígneas.(foto 1, foto2).

7.3. Texturas cataclásticas

As texturas com indicios de quebramentos e deformações dos grãos


recebem a designação de CATACLÁSTICAS ou de MILONÍTICAS:

CATACLÁSTICA: o comportamento rúptil ou quebradiço dos minerais ao


metamorfismo dinâmico é proeminente e, por isto, a rocha tende , muitas
vezes, a mostrar pouca orientação. Rochas essencialmente quartzo-
feldspáticas com poucos minerais micaceos ou filitosos comumente
desenvolvem texturas cataclásticas.

MILONÍTICA: textura decorrente de metamorfismo dinâmico ou de falha em


rocha que apresenta, significativamente, minerais com comportamento dúctil ou
plástico, orientando-se em planos ou linhas.

PORFIROCLÁSTICA: quando alguns minerais que resistem mais as


deformações ficam em destaque entre a massa cataclástica mais finamente
moida ou milonitica fina, a textura recebe o nome de porfiroclástica e esses
minerais em destaque são designados de PORFIROCLASTOS.

MORTAR TEXTURE ou EM ARGAMASSA é uma textura cataclástica que se


desenvolve, geralmente, em graus menores de cataclase: os grãos minerais,
com comportamento rúptil, tensionados uns contra os outros, quebram e
trituram-se preferencialmente em suas bordas resultando em subgrãos, muito
pequenos, dinamicamente recristalizados, rodeando os grãos maiores
remanescentes do quebramento (lembra uma mistura concretada de
argamassa). A evolução desta textura pode vir a ser uma textura porfiroclástica
a medida em que a matriz triturada aumenta percentualmente deixando em
destaque grãos maiores, porfiroclastos.
As texturas CATACLÁSTICAS e MILONÍTICAS (ver Fotomicrografia) são
designadas, tambem, pelo grau de quebramento e/ou moagem de seus
componentes, consistentemente com o nome que é atribuido a rocha,
recebendo o prefixo PROTO e ULTRA, respectivamente, para percentagem
menor (10-50%) e maior (>90%) de matriz quebrada/triturada da rocha. Assim,
por exemplo, uma textura ultracataclástica mostra mais de 90% de seus
componentes finamente quebrados e triturados.

8. ANÁLISE DE ESTRUTURAS/TEXTURAS METAMÓRFICAS

Introdução

O estudo de uma lâmina delgada de rocha metamórfica pode nos permitir


estabelecer uma sucessão de eventos da história geológica local.
Entretanto, analisar e interpretar as texturas e estruturas das rochas
metamórficas, sejam herdadas, tipomorfas ou pós-metamórficas, é tarefa que,
geralmente, envolve mais do que o estudo de uma amostra e sua lâmina
delgada ou seção polida e, mesmo, mais do que o estudo de um afloramento,
ou seja, para termos segurança de nossos estudos, temos que ter uma boa
base de cartografia geológica e correlação de estruturas e texturas observadas,
analisadas e interpretadas na região.

A análise e interpretação de texturas e estruturas metamórficas, além desta


abrangência geográfica, exige conhecimento e entendimento multidisciplinar
porque não se estudam texturas e estruturas de rochas metamórficas sem se
conhecer, entre outras:

(1) quais texturas primordiais, ígneas ou sedimentares, que possam ter sido
deixadas como vestígios ou que possam ter influenciado no desenvolvimento
das texturas transformadas;

(2) qual a mais provável composição inicial, química e mineralógica, que auxilie
na interpretação do protólito;

(3) qual a geologia estrutural da região, analisada desde o nível macro até
micro, e quais os fatores tectônico/estruturais envolvidos;

(4) quais os processos de reações químico/mineralógicos envolvidos,


considerando-se fatores composicionais da rocha e dos fluidos durante os
processos de transformação,..

Assim, tal tipo de estudos é um quebra-cabeças onde as peças que vão se


encaixando durante a pesquisa correspondem a eventos que devem ser
correlacionados, na medida do possível, em níveis locais, regionais a
continentais e em um tempo geocronológico, procurando-se determinar a rocha
original e sua provável ambiência geotectônica e as etapas transformantes,
cada uma dessas etapas caracterizada pelos fatores físicos (P, Pdirigida,
Pfluidos, T), químicos (processos metassomáticos) e sua correlação com
processos e ambiente geológico.

Metodologia

Vários aspectos metodológicos são abordados no capítulo de


PETROGRAFIA - DESCRIÇÃO DE AMOSTRAS. Alguns aspectos e etapas
referentes ao assunto serão apresentadas a seguir:

1- Estudo e análise preliminar da mineralogia e das estruturas

Já em afloramento a amostra deve ser selecionada por mostrar mineralogia


interessante e/ou estruturas típicas ou especiais devendo ser examinada com
um entendimento "tridimensional", isto porque é comum ocorrer mais de uma
estrutura metamórfica (planar e/ou linear), podendo gerar figuras tipicas de
interferencia.
A partir desta análise preliminar é que se tem condições de definir a (s)
posição (ões) de corte para a confecção de lâminas delgadas. Assim, por
exemplo a escolha de corte perpendicular a xistosidade e aos eixos de
crenulações permite analisar o padrão das estruturas dobradas.

2- Definição das superfícies e lineações metamórficas

Macroscopicamente são definidas as estruturas de superficies metamórficas


(S) e lineações (L) metamórficas. Desenhos esquemáticos são importantes
para definir a sucessão

.......a continuar.............

BIBLIOGRAFIA
(a ser complementada)

Barrow,G. 1893. On an intrusion of muscovite-biotite gneiss in the southeastern


Highlands of Scotland and its accompanying metamorphism. Quarterly Journal
of the Geological Society of London, 49:330-358.

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Border. Proc. Geol. Assoc., 23:274-290.

Best,M.G. 1982. Igneous and metamorphic petrology. W.H.Freeman Co.

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