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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB

Departamento de Geografia- DG

Disciplina: Fundamentos de Geologia

Docente: Prof. Dr. Eduardo Silveira Bernardes

Discente: Wallas Ribeiro Santos

Resumo – Para entender a Terra

Vitória da Conquista- BA Abril 2022

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

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Resumo – Para entender a Terra

As Rochas metamórficas são formadas por mudanças mineralógicas ou físicas


de rochas preexistentes (ígneas, sedimentares ou mesmo metamórficas),
provocadas por aumento de pressão e temperatura. Metamorfismo pode envolver
recristalização de minerais preexistentes, mudança na textura (tamanho e arranjo
dos grãos) da rocha e cristalização de novos minerais por recombinação de
elementos químicos. O metamorfismo ocorre devido a uma necessidade de ajuste
da rocha a novas condições de pressão e temperatura, em geral, resultado de
soterramento profundo, que coloca a rocha em condições físicas diferentes de sua
formação e também das condições físicas que ocorrem na superfície da terra. O
processo também pode envolver alterações na composição química da rocha.
Processos metamórficos são comuns em regiões de colisão continental e subducção
de placas tectônicas, que envolvem formação de cadeias de montanhas
(orogênese), onde rochas sofrem esforços de compressão e aumento de
temperatura.

O metamorfismo ocorre em condições de temperatura superiores às da diagênese


(entre 150 – 200 ºC e 3 Kbar), processo sedimentar, e inferiores a da fusão (700 –
1000 ºC), processo ígneo. As rochas originais (protólitos) devem ser soterradas
profundamente para estarem sujeitas a estas altas condições de pressão e
temperatura. Os agentes do metamorfismo são: calor, pressão e fluidos
(catalisadores de reações). O tempo também é um importante componente no
processo de metamorfismo, já que este está intimamente associado à dinâmica da
tectônica de placas que demanda longos períodos de tempo (milhões de anos). As
condições de pressão e temperatura determinam se um mineral é ou não estável, e
quais minerais instáveis serão substituídos por novos minerais estáveis em resposta
as mudanças nas condições às quais estão sujeitas.

A temperatura é o agente mais importante do metamorfismo, e seu aumento


promove: a agitação térmica dos átomos no retículo cristalino ao ponto de quebrar
as ligações químicas e promover as reações metamórficas; a recristalização dos
minerais, que resulta na formação de (novos) minerais estáveis; reações
metamórficas, pois modifica os campos de estabilidade mineral, onde fases em
desequilíbrio são consumidas, e novas fases em equilíbrio são produzidas. As
principais fontes de calor na litosfera são: calor do residual do manto e núcleo; fluxo
de calor do manto para a base da crosta (convecção + condução); calor gerado por
decaimento radioativo; calor fornecido por intrusões magmáticas e fluídos
hidrotermais (fluido aquoso quentes combinado com outras fases fluidas).

Gradiente Geotérmico é a variação da temperatura com a profundidade, que é em


média de 25-30 ºC por km de profundidade. Já o aumento da pressão promove
deformação e a diminuição do espaço disponível para crescimento de minerais. Os

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minerais metamórficos tendem a ser mais densos. Existem dois tipos de pressão
atuantes na crosta: pressão litostática (confinante): não apresenta direção
preferencial; é decorrente do peso da coluna de rochas suprajacente; atua
semelhante à pressão hidrostática. pressão dirigida (tensão ou esforço): é causada
por esforços tectônicos; promove a deformação nas rochas e orientação de minerais
segundo direção perpendicular à de máxima pressão; atua de forma vetorial.

A pressão, como a temperatura, muda a textura da rocha, como também a sua


mineralogia. A rocha sólida é submetida a dois tipos básicos de pressão, também
chamada de tensão.

1. A pressão confinante é uma força geral aplicada igualmente em todas as


direções, como a pressão que o nadador sente quando submerge numa piscina. Do
mesmo modo que um nadador que mergulha até profundidades maiores da piscina,
uma rocha descendo para profundidades maiores da crosta será submetida a uma
pressão confinante progressivamente maior.

2. A pressão dirigida é a força exercida em uma direção particular, como quando


uma bola de argila é apertada entre o polegar e o indicador. A pressão dirigida ou
tensão diferencial é geralmente concentrada em algumas zonas ou ao longo de
planos discretos. A força compressiva que ocorre quando as placas convergem é
uma forma de pressão dirigida e resulta na deformação das rochas próximas aos
limites de placas. O calor reduz a resistência da rocha e, dessa forma, a pressão
dirigida provavelmente causa dobramento intenso e deformação das rochas
metamórficas em cinturões de montanhas, onde as temperaturas são altas. As
rochas submetidas à tensão diferencial podem ser intensamente deformadas,
tomando-se achatadas na direção em que a força é aplicada e alongadas na direção
perpendicular à força.

Os minerais metamórficos podem ser comprimidos, alongados ou rotados para


alinhar-se em uma direção particular, dependendo do tipo de tensão aplicado às
rochas. Assim, a pressão dirigida determina a forma e a orientação dos novos
cristais metamórficos, que se originam à medida que os minerais recristalizam-se
sob a influência do calor e da pressão. Durante a recristalização das micas, por
exemplo, os cristais crescem com os planos das suas estruturas de filossilicatos
alinhados perpendicularmente à direção da tensão.

Os principais tipos de metamorfismo são:

 Metamorfismo de contato, ou termal: ocorre como resultado de altas


temperaturas, com transferência de calor, nas proximidades de intrusões
ígneas;
 Metamorfismo dinâmico, ou cataclástico: é resultado de tensões dirigidas em
zonas de falhas transformantes, zonas de cisalhamento; onde o atrito ao
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longo da falha tende a pulverizar os grãos da rocha e recristalizá-los em grãos
menores;
 Metamorfismo regional, ou dinamotermal: abrange áreas extensas, é
resultado de altas pressões, acompanhada de temperaturas moderadas a
altas; ocorre em zonas de subducção, resultando em deformação e formação
de cadeias de montanhas;
 Metamorfismo de soterramento: ocorre pela sobreposição (soterramento) de
estratos sedimentares em uma bacia sedimentar, onde os estratos da base
podem atingir condições metamórficas de baixo grau, porém sem deformação
apreciável.
 Metamorfismo hidrotermal: ocorre onde enormes quantidades de gases e
fluidos (elementos voláteis) viajam por longas distâncias através das rochas e
são quimicamente ativos reagindo com os minerais que encontram pelo
caminho, modificando-os e promovendo mudanças químicas ou
recristalizações.
 Metamorfismo de impacto ou de choque: ocorre quando meteoritos atingem a
superfície da Terra, provocando condições extremas que transformam e até
mesmo fundem as rochas na região do impacto.

Rochas de mais baixo grau metamórfico exibirão estruturas similares as da rocha


original (protólito), preservando, por vezes, estruturas primárias desenvolvidas antes
do metamorfismo, como por exemplo, a estratificação das rochas sedimentares,
conhecidas também como estruturas reliquiares. A estrutura metamórfica é de
origem secundária e pode ser classificada como foliada (rocha orientada) e não
foliada (rocha maciça). A foliação resulta da orientação preferencial dos minerais
devido à recristalização de minerais na presença de tensão diferencial (pressão
dirigida).

A textura da rocha metamórfica é definida pelo tamanho, forma, distribuição e


orientação dos novos minerais cristalizados ou dos minerais recristalizados. A
textura muda de acordo com o grau metamórfico, ou seja, com as condições
relativas de pressão e temperatura. As principais texturas desenvolvidas pelas
rochas metamórficas são:

 Lepidoblástica – orientação de minerais placoides (por exemplo, micas,


cloritas) ao longo de planos paralelos desenvolvendo uma foliação;
 Nematoblástica – orientação linear de minerais prismáticos (por exemplo,
anfibólio) ao longo de uma direção preferencial, desenvolvendo uma foliação;
 Granoblástica – com minerais equidimensionais não orientados, de morfologia
poligonal, com junções triplas de 120 graus entre os grãos;

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 Cataclástica ou milonítica – com minerais moídos e recristalizados em
tamanhos menores, em geral, orientados ao longo de planos paralelos,
desenvolvendo uma fina foliação;
 Porfiroblástica – apresenta grande cristais (porfiroblastos) em matriz de
granulação mais fina, orientada ou não.

Grau metamórfico é um termo geral utilizado para descrever as condições


relativas de temperatura e pressão sob as quais as rochas metamórficas se formam.

O metamorfismo de baixo grau ocorre em temperaturas entre cerca de 200 a 320


ºC e pressão relativamente baixa. Rochas metamórficas de baixo grau são
geralmente caracterizadas por uma abundância de minerais hidratados, como a
muscovita e clorita, produtos do metamorfismo de argilominerais comuns em
protólitos sedimentares pelíticos. A ardósia e o filito são típicas rochas metamórficas
de baixo grau.

O metamorfismo de médio grau ocorre aproximadamente a 320–450 ºC e a


pressões moderadas. Minerais hidratados de baixo grau, como muscovita e clorita,
são então substituídos por outros menos hidratados, como a biotita, e minerais não
hidratados, como a granada. Essas transformações ocorrem especial quando o
protólito é uma rocha sedimentar argilosa. O xisto e o gnaisse são típicas rochas de
grau metamórfico médio.

O metamorfismo de alto grau ocorre em temperaturas superiores a 450 ºC e


pressão relativamente alta. À medida que o grau de metamorfismo aumenta, os
minerais hidratados, como biotita, tendem a quebrar, ou seja, abrem a sua estrutura,
perdem H2O para o meio, e transformam-se em outros minerais, como por exemplo,
o anfibólio, que mesmo sendo hidratado, é mais estável a temperaturas mais altas.
No entanto, à medida que o grau metamórfico aumenta para um grau ainda mais
alto, todos os minerais hidratados, que incluem o anfibólio, quebram e são
substituídos por outros minerais não hidratados de temperatura mais alta, como o
piroxênio e a granada. O granulito é uma rocha típica de alto grau metamórfico.

Em geral, com o aumento do grau metamórfico ocorre uma tendência de


aumento da granulometria, em especial, quando o protólito é uma rocha sedimentar
de granulometria fina.

Todas as transformações metamórficas ocorrem no estado sólido, por meio das


reações químicas entre os minerais. Essas reações ocorrem devido à difusão dos
átomos nas estruturas dos minerais, em resposta ao aumento da temperatura, que
proporciona o intercâmbio de átomos entre as fases minerais, promovendo suas
transformações.

Se as condições metamórficas forem extremas, ou seja, alcançarem altas


temperaturas, a rocha pode sofrer fusão parcial (anatexia), transformando-se em

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uma rocha híbrida (parte metamórfica e parte ígnea, ou mesmo sofrer fusão total,
transformando-se em uma nova rocha ígnea).

Migmatito é uma rocha híbrida, produto de anatexia, geralmente um gnaisse


(porção mais escura) permeado por rocha granítica (porção mais clara). Nesse caso,
o granito é produto da fusão parcial do gnaisse. O migmatito representa um dos
mais altos graus de metamorfismo, seu limite superior, já que o campo da fusão é o
das rochas ígneas.

REFERÊNCIAS

PRESS, F.; GROTZINGER, J.; SIEVER, R.; JORDAN, T. H. Para Entender a Terra.
Tradução: MENEGAT, R. (coord.). 4a edição.

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