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EXERGIA:

UMA MEDIDA DE POTENCIAL


DE TRABALHO
EXERGIA: INTRODUÇÃO

A crescente conscientização de que os recursos energéticos do mundo são limitados levou muitos países
a reexaminar suas políticas energéticas e a tomar medidas drásticas na eliminação de resíduos. Também
despertou interesse na comunidade científica para examinar mais de perto os dispositivos de conversão
de energia e desenvolver novas técnicas para melhor utilizar os recursos limitados existentes.

A primeira lei da termodinâmica lida com a quantidade de energia e afirma que a energia não pode ser
criada ou destruída. Essa lei serve apenas como uma ferramenta necessária para a contabilidade da
energia durante um processo e não oferece desafios ao engenheiro.

A segunda lei, no entanto, trata da qualidade da energia. Mais especificamente, preocupa-se com a
degradação da energia durante um processo, a geração de entropia e as oportunidades perdidas para
realizar trabalho.

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EXERGIA: INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

Neste capítulo tem interesse a discussão dos seguintes tópicos:

 EXERGIA

 TRABALHO REVERSÍVEL

 IRREVERSIBILIDADE

 EFICIÊNCIA DA SEGUNDA LEI.

 BALANÇO DE EXERGIA

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EXERGIA: INTRODUÇÃO

Consideremos a Figura1a que mostra um sistema isolado que consiste inicialmente em um pequeno
recipiente de combustível cercado pelo ar em abundância. Suponha que o combustível queime (Fig. 1b),
para que finalmente haja uma mistura ligeiramente quente de produtos de combustão e ar, como
mostrado na Fig. 1c.

A quantidade total de energia associada ao sistema é constante porque nenhuma transferência de


energia ocorre através dos limites de um sistema isolado. Ainda assim, a combinação inicial
combustível-ar é intrinsecamente mais útil que a mistura quente final. Por exemplo, o combustível pode
ser usado em alguns dispositivos para gerar eletricidade ou produzir vapor superaquecido, enquanto os
usos da mistura final levemente quente são muito mais limitados. Podemos dizer que o sistema tem um
potencial maior de uso inicialmente do que finalmente. Como nada além de uma mistura quente final é
alcançada no processo, esse potencial é amplamente desperdiçado. Mais precisamente, o potencial
inicial é amplamente destruído devido à natureza irreversível do processo.

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EXERGIA: INTRODUÇÃO

Fig. 1 – Ilustração usada para introduzir exergia.


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EXERGIA: CARACTERÍSTICAS

• Exergia é a propriedade que quantifica o potencial de uso


• Diferentemente da energia, a exergia não é conservada, mas, é destruída por irreversibilidades.
• É uma propriedade extensiva
• O valor da exergia não pode ser negativa
• Exprime-se na mesma unidade de energia
• Exergia pode ser transferida de e para sistemas. A exergia transferida de um sistema para a
vizinhança sem uso normalmente representa uma perda (destruição de exergia).

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EXERGIA: CONCEITO

A Fig. 2 mostra que, se a transferência de calor Q durante o arrefecimento for passada para o ciclo de
energia, o trabalho Wc poderá ser realizado, enquanto 𝑄0 será descarregado na atmosfera. Estas são as
únicas transferências de energia. O trabalho Wc está totalmente disponível para levantar um peso ou, de
forma equivalente, como trabalho de rotação de um eixo ou trabalho elétrico. Por fim, o corpo arrefece
para 𝑇0 , e não sera realizado mais nenhum trabalho. No equilíbrio, o corpo e a atmosfera possuem
energia, mas não há mais potencial dos dois para a realização de trabalho, porque nenhuma interação
adicional pode ocorrer entre eles.

Observe que o trabalho Wc também poderia ser desenvolvido pelo sistema da Fig. 2 se a temperatura
inicial do corpo fosse menor que a da atmosfera. Nesse caso, as direções das transferências de calor Q e
𝑄0 mostradas na Fig. 2 seriam inversas. O trabalho poderia ser desenvolvido à medida que o corpo se
aquece para se equilibrar com a atmosfera.

Como não há variação líquida de estado para o ciclo de energia da Fig. 2, concluímos que o trabalho Wc é
realizado apenas porque o estado inicial do corpo difere do da atmosfera. Exergia é o valor teórico
máximo desse trabalho.

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EXERGIA: CONCEITO

Fig. 2 – Sistema, ciclo de energia e atmosfera usados para conceituar


exergia

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EXERGIA: POTENCIAL DE TRABALHO DA ENERGIA

Quando uma nova fonte de energia, como um poço geotérmico, é descoberta, a primeira coisa que os
exploradores fazem é estimar a quantidade de energia contida na fonte. Porém, somente essa
informação tem pouco valor na decisão de construir uma central naquele local.

• O que realmente precisamos saber é o potencial do trabalho da fonte, ou seja, a quantidade de


energia que podemos extrair como trabalho útil. O restante da energia é eventualmente descartado
como energia desperdiçada.

Assim, seria desejável ter uma PROPRIEDADE que nos permita determinar o POTENCIAL DE
TRABALHO ÚTIL de uma determinada quantidade de energia em algum estado especificado. Essa
propriedade é EXERGIA, que também é chamada de ENERGIA DISPONÍVEL.

O POTENCIAL DE TRABALHO DA ENERGIA contida em um sistema em um estado


especificado é o TRABALHO ÚTIL MÁXIMO que pode ser obtido a partir de um
sistema à medida que este entra em equilíbrio com o ambiente.

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EXERGIA: POTENCIAL DE TRABALHO DA ENERGIA

Recorda-se que o trabalho realizado durante um processo depende do estado inicial, do estado final e do
caminho do processo. Isso é,

𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 = 𝑓(𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙, 𝑐𝑎𝑚𝑖𝑛ℎ𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜, 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙)

Em uma análise de exergia, o estado inicial é especificado e, portanto, não é uma variável. O trabalho do
sistema é maximizado quando o processo entre dois estados especificados é executado de maneira
reversível. Portanto, todas as irreversibilidades são desconsideradas na determinação do potencial de
trabalho. Finalmente, o sistema deve estar no “estado morto” no final do processo para maximizar a
produção do trabalho.

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EXERGIA: MEIO AMBIENTE E “ESTADO MORTO”

Para análises termodinâmicas envolvendo o conceito de exergia, é necessário modelar a atmosfera usada na
discussão anterior. O modelo resultante é chamado de ambiente de referência de exergia, ou simplesmente
meio ambiente.

O ambiente é considerado como um sistema compressível simples, grande em extensão e uniforme em


temperatura, 𝑇0 e pressão, 𝑝0 . De acordo com a ideia de que o ambiente representa uma parte do mundo
físico, os valores de 𝑝0 e 𝑇0 usados ​em uma determinada análise são normalmente tomados como condições
ambientais típicas, como 1 atm e 25 0C (77 0F).

Quando um sistema de interesse está em 𝑇0 e 𝑝0 e em repouso em relação ao ambiente, dizemos que o


sistema está no “ESTADO MORTO”. No estado morto, não pode haver interação entre sistema e ambiente
e, portanto, não há potencial para o desenvolvimento do trabalho.

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EXERGIA: MEIO AMBIENTE E “ESTADO MORTO”

Diz-se que um sistema está no estado morto quando está em equilíbrio termodinâmico com o ambiente
em que se encontra (Fig. 3). No estado morto, um sistema está à temperatura e pressão de seu ambiente
(em equilíbrio térmico e mecânico); não possui energia cinética ou potencial em relação ao ambiente
(velocidade zero e elevação zero acima de um nível de referência); e não reage com o meio ambiente
(quimicamente inerte). Além disso, não há desequilíbrio dos efeitos de tensão magnética, elétrica e de
superfície entre o sistema e a vizinhança, se forem relevantes para a situação em questão.

As propriedades de um sistema no estado morto


são indicadas pelo subscrito zero, por exemplo, 𝑃0 ,
𝑇0 , ℎ0 , 𝑢0 e 𝑠0 . Um sistema tem EXERGIA ZERO no
estado morto (Fig. 3).

Fig. 3 – Diz-se que um sistema que está em


equilíbrio com seu ambiente está no estado
morto. 12
EXERGIA: MEIO AMBIENTE E “ESTADO MORTO”

A noção de que um sistema deve ir para o estado morto no final do processo para maximizar a produção
do trabalho pode ser explicada da seguinte forma: Se a temperatura do sistema no estado final for maior
que (ou menor que) a temperatura do ambiente, sempre podemos produzir trabalho adicional,
executando um motor térmico entre esses dois níveis de temperatura. Se a pressão final for maior que
(ou menor que) a pressão do ambiente, podemos obter trabalho, permitindo que o sistema se expanda à
pressão do ambiente. Se a velocidade final do sistema não for zero, podemos capturar essa energia
cinética extra por uma turbina e convertê-la em trabalho de rotação de um eixo, e assim por diante.
Nenhum trabalho pode ser produzido a partir de um sistema que está inicialmente no estado morto. A
atmosfera ao nosso redor contém uma tremenda quantidade de energia. Sendo assim, a atmosfera está
no estado morto e a energia que ela contém não tem potencial de trabalho.

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EXERGIA: DEFINIÇÃO

EXERGIA É O TRABALHO TEÓRICO MÁXIMO QUE PODE SER OBTIDO DE UM SISTEMA GERAL QUE
CONSISTE EM UM SISTEMA E O MEIO AMBIENTE, À MEDIDA QUE O SISTEMA ENTRA EM EQUILÍBRIO
COM O MEIO AMBIENTE (PASSA PARA O ESTADO MORTO).

As interações entre o sistema e o ambiente podem envolver dispositivos auxiliares, como o ciclo de
energia da Fig. 2, que pelo menos em princípio permite a realização do trabalho.

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EXERGIA (POTENCIAL DE TRABALHO) ASSOCIADA À ENERGIA CINÉTICA E POTENCIAL

A energia cinética é uma forma de energia mecânica e, portanto, pode ser convertida inteiramente em
trabalho. Portanto, o potencial de trabalho ou exergia da energia cinética de um sistema é igual à própria
energia cinética, independentemente da temperatura e pressão do ambiente. Isso é,

𝑉2
Exergia de energia cinética: χ𝑘𝑒 = 𝑘𝑒 = (kJ/kg (01)
2

onde V é a velocidade do sistema em relação ao ambiente.


A energia potencial também é uma forma de energia mecânica e,
portanto, pode ser convertida inteiramente em trabalho. Portanto,
a exergia da energia potencial de um sistema é igual à própria
energia potencial, independentemente da temperatura e pressão
do ambiente (Fig. 4). Isso é,

Exergia de energia potencial: χ𝑝𝑒 = 𝑝𝑒 = 𝑔𝑧 (kJ/kg) (02) Fig. 4 – O potencial de trabalho ou


exergia da energia potencial é igual
à própria enerrgia potencial
onde g é a aceleração gravitacional e z é a elevação do sistema em
relação a um nível de referência no ambiente. 15
TRABALHO REVERSÍVEL E IRREVERSIBILIDADE

A propriedade exergia serve como uma ferramenta valiosa para determinar a qualidade da energia e
comparar os potenciais de trabalho de diferentes fontes ou sistemas de energia.

A avaliação da exergia sozinha, no entanto, não é suficiente para o estudo de dispositivos de engenharia
que operam entre dois estados fixos. Isso ocorre porque, ao avaliar a exergia, sempre se supõe que o
estado final seja o estado morto, o que quase nunca ocorre nos sistemas de engenharia reais.

As eficiências isentrópicas anteriormente discutidas também são de uso limitado porque o estado de
saída do processo do modelo (isentrópico) não é o mesmo que o estado de saída real e é limitado a
processos adiabáticos.

Nesta secção, descrevemos duas quantidades relacionadas aos estados inicial e final reais dos processos
e servem como ferramentas valiosas na análise termodinâmica de componentes ou sistemas. Essas duas
quantidades são o trabalho reversível e a irreversibilidade (ou destruição da exergia). Mas primeiro
examinamos o trabalho da vizinhança, que é o trabalho realizado por ou contra a vizinhança durante um
processo.

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TRABALHO REVERSÍVEL E IRREVERSIBILIDADE

O trabalho realizado pelos dispositivos de produção de trabalho nem sempre se encontra na forma
totalmente utilizável. Por exemplo, quando um gás em um dispositivo cilindro-pistão se expande, parte
do trabalho realizado pelo gás é usado para empurrar o ar atmosférico para fora (Fig. 5). O trabalho, que
não pode ser recuperado e utilizado para qualquer finalidade útil, é igual à pressão atmosférica 𝑃0 vezes
a variação de volume do sistema,

𝑊𝑠𝑢𝑟𝑟 = 𝑃0 (𝑉2 − 𝑉1 ) (03)

A diferença entre o trabalho atual W e o trabalho da vizinhança


Wsurr é chamada de trabalho útil Wu:

𝑊𝑢 = 𝑊 − 𝑊𝑠𝑢𝑟𝑟 = 𝑊 − 𝑃0 (𝑉2 − 𝑉1 ) (04)

Quando um sistema está expandindo e realizando trabalho, parte do Fig. 5 – À medida que um sistema
trabalho realizado é usado para superar a pressão atmosférica e, fechado se expande, é necessário
portanto, Wsurr representa uma perda. Quando um sistema é realizar algum trabalho para
comprimido, no entanto, a pressão atmosférica ajuda o processo de empurrar o ar atmosférico para fora
(Wsurr).
compressão e, portanto, Wsurr representa um ganho. 17
TRABALHO REVERSÍVEL E IRREVERSIBILIDADE

Nota: O trabalho realizado por ou contra a pressão atmosférica tem significado apenas para sistemas
cujo volume muda durante o processo (ou seja, sistemas que envolvem o trabalho de fronteira ). Não tem
significado para dispositivos e sistemas cíclicos cujas fronteiras permanecem fixos durante um processo,
como tanques rígidos e dispositivos de fluxo estacionário (turbinas, compressores, bocais,
permutadores de calor, etc.).

 TRABALHO REVERSÍVEL

Trabalho reversível (Wrev) é definido como a quantidade máxima de trabalho útil que pode ser
produzido (ou o trabalho mínimo que precisa ser fornecido) à medida que um sistema passa por um
processo entre os estados inicial e final especificados. Esta é a saída útil de trabalho (ou entrada) obtido
(ou gasto) quando o processo entre os estados inicial e final é executado de maneira totalmente
reversível.

 QUANDO O ESTADO FINAL É O ESTADO MORTO, O TRABALHO REVERSÍVEL É IGUAL A EXERGIA.

 Para processos que exigem trabalho, o trabalho reversível representa a quantidade mínima de
trabalho necessária para executar esse processo.
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TRABALHO REVERSÍVEL E IRREVERSIBILIDADE

Qualquer diferença entre o trabalho reversível Wrev e o trabalho útil Wu é devido às irreversibilidades
presentes durante o processo, e essa diferença é chamada irreversibilidade (I). É expressa como (Fig. 6):
𝐼 = 𝑊𝑟𝑒𝑣, 𝑜𝑢𝑡 − 𝑊𝑢, 𝑜𝑢𝑡

ou (05)

𝐼 = 𝑊𝑢, 𝑖𝑛 − 𝑊𝑟𝑒𝑣, 𝑖𝑛

A irreversibilidade é equivalente à exergia destruída.

Para um processo totalmente reversível, os termos de trabalho real e


reversível são idênticos e, portanto, a irreversibilidade é zero. Isso é
esperado, já que processos totalmente reversíveis não geram entropia.

A irreversibilidade é uma quantidade positiva para todos os processos Fig. 6 – A diferença entre
reais (irreversíveis) desde que Wrev ≥ Wu para dispositivos de trabalho reversível e trabalho
produção de trabalho e Wrev ≤ Wu para dispositivos que consomem útil real é a irreversibilidade.
trabalho. 19
TRABALHO REVERSÍVEL E IRREVERSIBILIDADE

A irreversibilidade pode ser vista como o potencial de trabalho desperdiçado ou a oportunidade perdida
de realizar trabalho. Representa a energia que poderia ter sido convertida em trabalho, mas não foi.
Quanto menor a irreversibilidade associada a um processo, maior o trabalho produzido (ou menor o
trabalho consumido). O desempenho de um sistema pode ser aprimorado minimizando a
irreversibilidade associada a ele.

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EFICIÊNCIA DA SEGUNDA LEI, 𝜼𝑰𝑰

Definiu-se anteriormente a eficiência térmica e o coeficiente de desempenho para dispositivos como


uma medida de seu desempenho. Essas definições basearam-se apenas na primeira lei e, às vezes, são
chamadas de eficiências da primeira lei. A eficiência da primeira lei, no entanto, não faz referência ao
melhor desempenho possível e, portanto, pode ser enganosa.
Considere dois motores térmicos, ambos com uma eficiência térmica
baseada na primeira lei de 30% (eficiência da primeira lei), como
mostrado na Fig. 7. A um dos motores (motor A) é fornecido calor de
uma fonte a 600 K e o outro (motor B) de uma fonte a 1000 K. Ambos
os motores rejeitam o calor para um meio a 300 K. À primeira vista,
ambos os motores parecem trabalhar convertendo a mesma fração de
calor que recebem. Mas, à luz da segunda lei da termodinâmica esses
dois motores, no entanto, têm desmpenhos diferentes. Esses motores,
na melhor das hipóteses, podem funcionar como motores reversíveis.
Nesse caso, suas eficiências seriam:

Fig. 7 – Dois motores térmicos com a


mesma eficiência térmica, mas com
eficiência térmica máxima diferente.
21
EFICIÊNCIA DA SEGUNDA LEI, 𝜼𝑰𝑰

Torna-se aparente que o motor B tem um maior potencial de trabalho disponível (70% do calor
fornecido em comparação com 50% do motor A) e, portanto, deve se sair muito melhor que o motor A.
Portanto, pode-se dizer que o motor B está com um desempenho mau em relação ao motor A, embora
ambos tenham a mesma eficiência térmica.

É óbvio, neste exemplo, que a eficiência da primeira lei por si só não é uma medida realista do
desempenho dos dispositivos de engenharia. Para superar essa deficiência, define-se uma EFICIÊNCIA
DE SEGUNDA LEI 𝜼𝑰𝑰 como a razão entre a eficiência térmica real e a eficiência térmica máxima possível
(reversível) nas mesmas condições (Fig. 8):
𝜼𝑡ℎ
𝜼𝑰𝑰 = (motores de calor) (06)
𝜼𝑡ℎ, 𝑟𝑒𝑣

Com base nessa definição, as eficiências da segunda lei dos


dois motores térmicos discutidas acima são:

0,30 0,30
𝜼𝑰𝑰,𝑨 = = 0,60 e 𝜼𝑰𝑰,𝑩 = = 0,43
0,50 0,70

Fig. 8 – A eficiência da segunda lei é uma medida


Ou seja, o motor A está convertendo 60% do potencial de do desempenho de um dispositivo em relação ao
trabalho disponível em trabalho útil e o motor B apenas 43% seu desempenho em condições reversíveis.
22
EFICIÊNCIA DA SEGUNDA LEI, 𝜼𝑰𝑰

A eficiência da segunda lei também pode ser expressa como a razão entre a produção útil e a produção
máxima possível (reversível) de trabalho:

𝑊𝑢 (07)
𝜂𝐼𝐼 = (dispositivos produtores de trabalho)
𝑊𝑟𝑒𝑣

Nota: a eficiência da segunda lei não pode exceder 100% (Fig. 9).
Também podemos definir eficiência de segunda lei para dispositivos que
consomem trabalho como a razão entre a entrada mínima de trabalho
(reversível) e a entrada útil de trabalho:

𝑊𝑟𝑒𝑣 Fig. 9 – A eficiência da segunda


𝜂𝐼𝐼 = (dispositivos que consomem trabalho) (08) lei de todos os dispositivos
𝑊𝑢 reversíveis é de 100%.

Para dispositivos cíclicos, como refrigeradores e bombas de calor, a eficiência da segunda lei também
pode ser expressa em termos de coeficientes de desempenho, como:

𝐶𝑂𝑃
𝜂𝐼𝐼 = (Refrigeradores e bombas de calor) (09)
𝐶𝑂𝑃𝑟𝑒𝑣
23
EFICIÊNCIA DA SEGUNDA LEI, 𝜼𝑰𝑰

As definições anteriores para a eficiência da segunda lei não se aplicam a dispositivos que não se
destinam a produzir ou consumir trabalho. Portanto, precisa-se de uma definição mais geral.

A eficiência da segunda lei visa servir como uma medida de aproximação à operação reversível e,
portanto, seu valor deve variar de zero (0) no pior caso (destruição completa da exergia) a um (1) no
melhor caso (sem destruição da exergia). Com isso em mente, definimos a eficiência da segunda lei de um
sistema durante um processo como (Fig. 10):

𝐸𝑥𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑢𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 𝐸𝑥𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎


𝜂𝐼𝐼 = =1− (10)
𝐸𝑥𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎 𝐸𝑥𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎

Portanto, ao determinar a eficiência da segunda lei, a primeira coisa


que precisamos fazer é determinar quanta exergia ou potencial de
trabalho é consumido durante um processo. Em uma operação
Fig. 10 – A eficiência da segunda
reversível, poderemos recuperar totalmente a exergia fornecida lei dos processos que ocorrem
durante o processo, e a irreversibilidade nesse caso deve ser zero. A naturalmente é zero se nenhum
potencial de trabalho for
eficiência da segunda lei é zero quando não recuperamos a exergia recuperado.
fornecida ao sistema.
24
EFICIÊNCIA DA SEGUNDA LEI, 𝜼𝑰𝑰

Observe que a exergia pode ser fornecida ou recuperada em várias quantidades de várias formas, como
calor, trabalho, energia cinética, energia potencial, energia interna e entalpia. Às vezes, existem opiniões
divergentes (embora válidas) sobre o que constitui exergia fornecida, e isso causa definições diferentes
para a eficiência da segunda lei. Em todos os momentos, no entanto, a exergia recuperada e a exergia
destruída (a irreversibilidade) devem corresponder à exergia fornecida. Além disso, precisamos definir
o sistema precisamente para identificar corretamente quaisquer interações entre o sistema e seus
arredores.
 Para um motor térmico, a exergia fornecida é a diminuição da exergia do calor transferido para o
motor, que é a diferença entre a exergia do calor fornecido e a exergia do calor rejeitado. (A exergia
do calor rejeitado à temperatura ambiente é nula.) A produção líquida de trabalho é a exergia
recuperada.
 Para um refrigerador ou bomba de calor, a exergia fornecida é a entrada de trabalho, pois o trabalho
fornecido a um dispositivo cíclico está totalmente disponível. A exergia recuperada é a exergia do
calor transferido para o meio de alta temperatura (que é o trabalho reversível) para uma bomba de
calor, e a exergia do calor transferido do meio de baixa temperatura para um refrigerador.
 Para um permutador de calor com duas correntes de fluido não misturadas, normalmente a exergia
fornecida é a diminuição da exergia da corrente de fluido com temperatura mais alta e a exergia
recuperada é o aumento da exergia da corrente de fluido de baixa temperatura.
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VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA

A propriedade exergia é o potencial de trabalho de um sistema em um ambiente especificado e


representa a quantidade máxima de trabalho útil que pode ser obtido quando o sistema entra em
equilibrado com o meio ambiente.

Ao contrário da energia, o valor da exergia depende do estado do meio ambiente e do estado do sistema.
Portanto, a exergia é uma propriedade combinada. A exergia de um sistema que está em equilíbrio com o
meio ambiente é zero. O estado do meio ambiente é chamado de "estado morto", pois o sistema está
praticamente "morto" (não pode fazer nenhum trabalho) do ponto de vista termodinâmico quando
atinge esse estado.

Nesta secção, limita-se a discussão à exergia termomecânica e, portanto, não se considera quaisquer
misturas e reações químicas. Portanto, um sistema nesse "estado morto restrito" está à temperatura e
pressão do ambiente e não possui energias cinética ou potencial em relação ao ambiente. No entanto,
pode ter uma composição química diferente do ambiente. A exergia associada a diferentes composições
químicas e reações químicas é discutida nos próximos capítulos.

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VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA

 Exergia de uma massa fixa: Exergia sem fluxo (ou sistema fechado)

Vamos considerar um sistema fechado imóvel em um estado


especificado que passa por um processo reversível ao estado do
ambiente (ou seja, a temperatura e a pressão finais do sistema
devem ser 𝑇0 e 𝑃0 , respectivamente). O trabalho útil fornecido
durante esse processo é a exergia do sistema no seu estado inicial
(Fig. 11).

Considere um dispositivo cilindro-pistão que contenha um fluido de


massa m à temperatura T e pressão P. O sistema (a massa dentro do
cilindro) possui um volume V, energia interna U e entropia S. O
sistema pode sofrer uma variação diferencial de estado durante a
Fig. 11 – A exergia de uma
qual o volume varia em uma quantidade diferencial dV e o calor é massa especificada em um
transferido na quantidade diferencial de dQ. Tomando a direção das estado especificado é o trabalho
transferências de calor e trabalho do sistema (saídas de calor e útil que pode ser produzido à
medida que a massa passa por
trabalho), o balanço energético do sistema durante esse processo um processo reversível ao
27
diferencial pode ser expresso como: estado do ambiente.
VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA
 Exergia de uma massa fixa: Exergia sem fluxo (ou sistema fechado)

𝛿𝐸𝑖𝑛 − 𝛿𝐸𝑜𝑢𝑡 = 𝑑𝐸𝑠𝑦𝑠𝑡𝑒𝑚 (11)


Transferência líquida de energia por Variação de energia interna,
calor, trabalho e massa cinética, potencial, etc.

−𝛿𝑄 − 𝛿𝑊 = 𝑑𝑈

desde que a única forma de energia que o sistema contém é energia interna, e as únicas formas de
transferência de energia que podem envolver uma massa fixa são calor e trabalho.

Além disso, a única forma de trabalho que um sistema compressível simples pode envolver durante um
processo reversível é o trabalho de fronteira, que é dado por: dW = P dV quando a direção do trabalho é
considerada do sistema (caso contrário, seria − P dV).
A pressão P na expressão P dV é a pressão absoluta, medida a partir do zero absoluto. Qualquer trabalho
realizado por um dispositivo pistão-cilindro é devido à pressão acima do nível atmosférico. Portanto,

𝛿𝑊 = 𝑃 𝑑𝑉 = 𝑃 − 𝑃0 𝑑𝑉 + 𝑃0 𝑑𝑉 = 𝛿𝑊𝑏,ú𝑡𝑖𝑙 + 𝑃0 𝑑𝑉 (12)
28
VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA
 Exergia de uma massa fixa: Exergia sem fluxo (ou sistema fechado)
Um processo reversível não pode envolver nenhuma transferência de calor através de uma diferença
finita de temperatura e, portanto, qualquer transferência de calor entre o sistema à temperatura T e a
vizinhança à 𝑇0 deve ocorrer através de um motor de calor reversível.

Nota que dS = dQ/T para um processo reversível e a eficiência térmica de um motor térmico reversível
que opera entre as temperaturas de T e 𝑇0 é 𝜂𝑡ℎ = 1 - 𝑇0 /T, o trabalho diferencial produzido pelo motor
como resultado dessa transferência de calor é:

𝑇0 𝑇0
𝛿𝑊𝐻𝐸 = 1− 𝛿𝑄 = 𝛿𝑄 − 𝛿𝑄 = 𝛿𝑄 − (−𝑇0 𝑑𝑆) ⟶
𝑇 𝑇

𝛿𝑄 = 𝛿𝑊𝐻𝐸 − 𝑇0 𝑑𝑆
(13)
Substituindo as expressões dW e dQ das Eqs.12 e 13 na relação de balanço de energia (Eq. 11), após uma
reorganização, obtem-se:

𝛿𝑊𝐻𝐸 − 𝑇0 𝑑𝑆 + 𝛿𝑊𝑏,ú𝑡𝑖𝑙 + 𝑃0 𝑑𝑉 = −𝑑𝑈 ou


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VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA
 Exergia de uma massa fixa: Exergia sem fluxo (ou sistema fechado)

𝛿𝑊𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙, ú𝑡𝑖𝑙 = 𝛿𝑊𝐻𝐸 + 𝛿𝑊𝑏,ú𝑡𝑖𝑙 = − 𝑑𝑈 − 𝑃0 𝑑𝑉 + 𝑇0 𝑑𝑆


Ou
𝛿𝑊𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙,ú𝑡𝑖𝑙 = 𝑈 − 𝑈0 + 𝑃0 𝑉 − 𝑉0 − 𝑇0 (𝑆 − 𝑆0 ) (14)

onde Wtotal, útil é o trabalho útil total realizado à medida que o sistema passa por um processo reversível
do estado especificado para o estado morto, que é exergia por definição.

Um sistema fechado, em geral, pode possuir energias cinética e potencial, e a energia total de um sistema
fechado é igual à soma de suas energias interna, cinética e potencial. Observando que as próprias
energias cinética e potencial são formas de exergia, a exergia de um sistema fechado de massa m é:
𝑉2
𝑋 = 𝑈 − 𝑈0 + 𝑃0 𝑉 − 𝑉0 − 𝑇0 𝑆 − 𝑆0 + 𝑚 + 𝑚𝑔𝑧 (15)
2
Em uma base de massa unitária, a exergia ϕ do sistema fechado (ou sem fluxo) é expressa como:
𝑉2
ϕ = 𝑢 − 𝑢0 + 𝑃0 𝑣 − 𝑣0 − 𝑇0 𝑠 − 𝑠0 + + 𝑔𝑧 (16)
2
= 𝑒 − 𝑒0 + 𝑃0 𝑣 − 𝑣0 − 𝑇0 𝑠 − 𝑠0
30
VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA
 Exergia de uma massa fixa: Exergia sem fluxo (ou sistema fechado)
onde 𝑢0 , 𝑣0 e 𝑠0 são as propriedades do sistema avaliadas no estado morto. Observe que a exergia de um
sistema é zero no estado morto desde que 𝑒 = 𝑒0 , 𝑣 = 𝑣0 e 𝑠 = 𝑠0 nesse estado.

A VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA FECHADO DURANTE UM PROCESSO É SIMPLESMENTE A


DIFERENÇA ENTRE AS EXERGIAS FINAL E INICIAL DO SISTEMA.

Δ𝑋 = 𝑋2 − 𝑋1 = 𝑚 𝜙2 − 𝜙1 = (𝐸2 − 𝐸1 ) + 𝑃0 𝑉2 − 𝑉1 − 𝑇0 𝑆2 − 𝑆1 (17)
𝑉22 − 𝑉12
= 𝑈2 − 𝑈1 + 𝑃0 𝑉2 − 𝑉1 − 𝑇0 𝑆2 − 𝑆1 + 𝑚 + 𝑚𝑔 𝑧2 − 𝑧1
2
ou, em unidade de massa,
𝑉22 − 𝑉12
Δϕ = 𝜙2 − 𝜙1 = 𝑢2 − 𝑢1 + 𝑃0 𝑣2 − 𝑣1 − 𝑇0 𝑠2 − 𝑠1 + + 𝑔 𝑧2 − 𝑧1
2

= 𝑒2 − 𝑒1 + 𝑃0 𝑣2 − 𝑣1 − 𝑇0 𝑠2 − 𝑠1 (18)

Nota: Para sistemas fechados estacionários (imóveis), os termos de energia cinética e potencial
desaparecem. 31
VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA
 Exergia de uma massa fixa: Exergia sem fluxo (ou sistema fechado)

 Quando as propriedades de um sistema não são uniformes, a exergia do sistema pode ser
determinada pela integração de

𝑋𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = න ϕ 𝛿𝑚 = න ϕ 𝜌𝛿𝑚 (19)


𝑉

onde V é o volume do sistema e 𝜌 é densidade.

32
VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA
 Exergia de uma massa fixa: Exergia sem fluxo (ou sistema fechado)

Nota:

 A exergia é uma propriedade e o valor de uma propriedade não


muda, a menos que o estado mude. Portanto, a variação de exergia
de um sistema é zero se o estado do sistema ou do ambiente não
mudar durante o processo. Por exemplo, a variação de exérgica de
dispositivos de fluxo estacionário, como bocais, compressores,
turbinas, bombas e permutadores de calor em um determinado
ambiente, é zero durante a operação estacionária.

 A exergia de um sistema fechado é positiva ou zero. Nunca é


negativa. Mesmo um meio à baixa temperatura (T < 𝑇0 ) e/ou baixa
pressão (P < 𝑃0 ) contém exergia, pois um meio frio pode servir como Fig. 12 – A exergia de um meio
dissipador de calor para um motor térmico que absorve o calor do frio também é uma quantidade
positiva, pois o trabalho pode ser
ambiente a 𝑇0 e um espaço com vácuo possibilita que a pressão produzido transferindo calor
atmosférica mova um pistão e realize um trabalho útil (Fig. 12). para ele.

33
VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA
 Exergia de fluxo

Foi mostrado anteriormente que um fluido que flui tem uma forma adicional de energia, chamada
energia de fluxo, que é a energia necessária para manter o fluxo em um tubo, por exemplo. E, foi
expressa como 𝑤𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 = 𝑃𝑣, em que v é o volume específico do fluido que é equivalente à variação de
volume de uma unidade de massa do fluido que é deslocada durante o fluxo.

O trabalho de fluxo é essencialmente o trabalho de fronteira realizado


por um fluido sobre o fluido a jusante e, portanto, a exergia associada ao
trabalho de fluxo é equivalente à exergia associada ao trabalho de
fronteira que é o trabalho de fronteira que excede o trabalho realizado
contra o ar atmosférico à 𝑃0 para deslocá-lo por um volume v (Fig. 13).

Nota que que o trabalho de fluxo é Pv e o trabalho feito contra a


atmosfera é 𝑃0 𝑣. A EXERGIA ASSOCIADA À ENERGIA DE FLUXO PODE
SER EXPRESSA COMO:
Fig. 13 – A exergia associada à energia de
𝑥𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 = 𝑃𝑣 − 𝑃0 𝑣 = 𝑃 − 𝑃0 𝑣 (20) fluxo é o trabalho útil que seria entregue
por um pistão imaginário na seção de fluxo.

34
VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA
 Exergia de fluxo

Portanto, a exergia associada à energia de fluxo é obtida substituindo a pressão P na relação de trabalho
de fluxo pela pressão acima da pressão atmosférica, (𝑃 − 𝑃0 ).

Então a EXERGIA DO FLUXO DE UM FLUÍDO é determinada simplesmente adicionando a relação de


exergia de fluxo à relação de exergia na Eq.16 para um fluido sem fluxo,

𝑥𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑙𝑢í𝑑𝑜 = 𝑥𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑚 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 + 𝑥𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 (21)

𝑉2
= 𝑢 − 𝑢0 + 𝑃0 𝑣 − 𝑣0 − 𝑇0 𝑠 − 𝑠0 + + 𝑔𝑧 + 𝑃 − 𝑃0 𝑣
2

𝑉2
= 𝑢 + 𝑃𝑣) − (𝑢0 + 𝑃0 𝑣0 − 𝑇0 𝑠 − 𝑠0 + + 𝑔𝑧
2

𝑉2
= ℎ − ℎ0 − 𝑇0 𝑠 − 𝑠0 + + 𝑔𝑧
2

35
VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA
 Exergia de fluxo

A expressão final é chamada EXERGIA DE FLUXO (ou corrente) e é representada por ψ .

𝑉2
ψ= ℎ − ℎ0 − 𝑇0 𝑠 − 𝑠0 + + 𝑔𝑧 (22)
2

Então, a variação de exergia de uma corrente de fluido à medida que passa por um processo do
estado 1 para o estado 2 torna-se:

𝑉22 − 𝑉12 (23)


Δψ = ψ2 − ψ1 = ℎ2 − ℎ1 + 𝑇0 𝑠2 − 𝑠1 + + 𝑔 𝑧2 − 𝑧1
2
Para fluxos de fluidos com energia cinética e potencial desprezíveis, os termos de energia
cinética e potencial desaparecem.

36
VARIAÇÃO DE EXERGIA DE UM SISTEMA

 Exergia de fluxo

Nota:

 A variação de exergia de um sistema fechado ou de um fluxo de fluido representa a quantidade


máxima de trabalho útil que pode ser realizado (ou a quantidade mínima de trabalho útil que
precisa ser fornecido) à medida que o sistema muda do estado 1 para o estado 2 em um ambiente
especificado e representa o trabalho reversível Wrev.

 A variação de exergia é independente do tipo de processo executado, do tipo de sistema usado e da


natureza das interações de energia com o ambiente.

 A exergia de um sistema fechado não pode ser negativa, mas a exergia de uma corrente de fluxo
pode a pressões abaixo da pressão ambiente 𝑃0 .

37
TRANSFERÊNCIA DE EXERGIA POR CALOR, TRABALHO E MASSA

A exergia, como a energia, pode ser transferida de ou para um sistema de três formas: calor, trabalho e
fluxo de massa. A transferência de exergia é reconhecida nas fronteiras do sistema à medida que a
exergia a atravessa e representa a exergia adquirida ou perdida por um sistema durante um processo. As
únicas duas formas de interações de exergia associadas a uma massa fixa ou sistema fechado são a
transferência de calor e o trabalho.

38
TRANSFERÊNCIA DE EXERGIA POR CALOR, TRABALHO E MASSA
 Transferência de Exergia por Calor, Q

Lembre-se que o potencial de trabalho da energia transferida de uma fonte de calor à temperatura T é o
trabalho máximo que pode ser obtido dessa energia em um ambiente à temperatura 𝑇0 e é equivalente
ao trabalho produzido por um motor térmico de Carnot operando entre a fonte e o ambiente. Portanto, a
eficiência de Carnot 𝜂𝐶 = 1 – 𝑇0 /T representa a fração de energia de uma fonte de calor à temperatura T
que pode ser convertida em trabalho. Por exemplo, apenas 70% da energia transferida de uma fonte de
calor em T =1000 K pode ser convertida em trabalhar em um ambiente à 𝑇0 = 300 K.

Sempre podemos produzir trabalho a partir de calor a uma temperatura acima da temperatura
ambiente, transferindo-o para um motor térmico que rejeita o calor residual no ambiente. Portanto, a
transferência de calor é sempre acompanhada de transferência de exergia. A transferência de calor Q em
um local à temperatura termodinâmica T é sempre acompanhada pela transferência de exergia 𝑋𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 na
quantidade de:

𝑇0
Transferência de exergia pelo calor: 𝑋𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 = 1 − 𝑄 (kJ) (24)
𝑇

39
TRANSFERÊNCIA DE EXERGIA POR CALOR, TRABALHO E MASSA

 Transferência de Exergia por Calor, Q

A relação anterior fornece a transferência de exergia que acompanha a transferência de calor Q, se T é


maior ou menor que 𝑇0 . Quando T > 𝑇0 , a transferência de calor para um sistema aumenta a exergia
desse sistema e a transferência de calor de um sistema diminui. Mas o oposto é verdadeiro quando T <
𝑇0 . Nesse caso, a transferência de calor Q é o calor rejeitado no meio frio (o calor residual) e não deve ser
confundido com o calor fornecido pelo ambiente em 𝑇0 . A exergia transferida com calor é zero quando
T= 𝑇0 no ponto de transferência.

Quando T > 𝑇0 , a exergia e a transferência de calor estão na mesma direção. Ou seja, o conteúdo de
exergia e energia do meio para o qual o calor é transferido aumenta. Quando T < 𝑇0 (meio frio), no
entanto, a exergia e a transferência de calor estão em direções opostas. Ou seja, a energia do meio frio
aumenta como resultado da transferência de calor, mas sua exergia diminui. A exergia do meio frio
eventualmente se torna zero quando a temperatura atinge 𝑇0 .

40
TRANSFERÊNCIA DE EXERGIA POR CALOR, TRABALHO E MASSA

 Transferência de Exergia por Calor, Q

A equação 24 também pode ser vista como a exergia associada à


energia térmica Q na temperatura T.

Quando a temperatura T no local onde ocorre a transferência de calor


não é constante, a transferência de exergia que acompanha a
transferência de calor é determinada pela integração, ou seja:

𝑇0
𝑋𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 = න 1 − 𝛿𝑄 (25)
𝑇

Observe que a transferência de calor através de uma diferença finita


de temperatura é irreversível e, como resultado, é gerada alguma
entropia. A geração de entropia é sempre acompanhada de destruição
de exergia, conforme ilustrado na Fig. 14. Observe também que a
transferência de calor Q em um local à temperatura T é sempre
acompanhada de transferência de entropia na quantidade Q/T e
Fig. 14 - A transferência e destruição de exergia
transferência de exergia na quantidade (1 – T0/T)Q. durante um processo de transferência de calor
41 através de uma diferença finita de temperatura.
TRANSFERÊNCIA DE EXERGIA POR CALOR, TRABALHO E MASSA

 Transferência de Exergia por Trabalho, W

Exergia é o potencial útil do trabalho, e a transferência de exergia pelo trabalho pode ser simplesmente
expressa como:

𝑊 − 𝑊𝑣𝑖𝑧𝑖𝑛ℎ𝑎𝑛ç𝑎 (𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡𝑒𝑡𝑒𝑖𝑟𝑎)


𝑋𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 =൝ (26)
𝑊 (𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑎𝑠 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜)

onde 𝑊𝑣𝑖𝑧𝑖𝑛 = 𝑃0 𝑉2 − 𝑉1 , 𝑃0 é a pressão atmosférica e 𝑉1 e 𝑉2 são os volumes inicial e final do sistema.

A transferência de exergia com trabalho como trabalho de um eixo e trabalho elétrico é igual ao trabalho
W em si. No caso de um sistema que envolva trabalho de fronteira, como um dispositivo de cilindro-
pistão, o trabalho realizado para empurrar o ar atmosférico para fora durante a expansão não pode ser
transferido e, portanto, deve ser subtraído. Além disso, durante um processo de compressão, parte do
trabalho é realizada pelo ar atmosférico e, portanto, precisamos fornecer menos trabalho útil a partir de
uma fonte externa.
42
TRANSFERÊNCIA DE EXERGIA POR CALOR, TRABALHO E MASSA

 Transferência de exergia por massa, m

A massa contém exergia, além de energia e entropia, e o conteúdo de exergia, energia e entropia de um
sistema é proporcional à massa. Além disso, as taxas de transporte de exergia, entropia e energia para
dentro ou para fora de um sistema são proporcionais à taxa de fluxo de massa. O fluxo de massa é um
mecanismo para transportar exergia, entropia e energia para dentro ou para fora de um sistema. Quando
a massa na quantidade m entra ou sai de um sistema, a exergia na quantidade mψ, onde ψ= ℎ − ℎ0 −
𝑉2
𝑇0 𝑠 − 𝑠0 + + 𝑔𝑧, a acompanha.
2

Transferência de exergia por massa: 𝑋𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 = 𝑚𝜓 (27)

Portanto, a exergia de um sistema aumenta em 𝑚𝜓 quando a


massa na quantidade m entra e diminui na mesma quantidade Fig. 15 - A massa contém energia,
entropia e exergia e, portanto, o fluxo de
quando a mesma quantidade de massa no mesmo estado sai do massa para dentro ou para fora de um
sistema (Fig. 15). sistema é acompanhado por transferência
de energia, entropia e exergia.
43
TRANSFERÊNCIA DE EXERGIA POR CALOR, TRABALHO E MASSA

 Transferência de exergia por massa, m

O fluxo de exergia associado a uma corrente de fluido quando as propriedades do fluido são variáveis
pode ser determinado pela integração de:
𝑋ሶ 𝑚𝑎𝑠 = න 𝜓ρ𝑉𝑛 𝑑𝐴𝑐
e 𝐴𝑐 (28)
𝑋𝑚𝑎𝑠 = න 𝜓𝛿𝑚 = න 𝑋ሶ 𝑚𝑎𝑠 𝑑𝑡
∆𝑡

onde Ac é a área da seção transversal do fluxo e Vn é a velocidade local normal ao dAc.

Nota: A transferência de exergia por calor 𝑋𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 é zero para sistemas adiabáticos e a transferência de
exergia por massa 𝑋𝑚𝑎𝑠 é zero para sistemas que não envolvem fluxo de massa através de suas fronteiras
(ou seja, sistemas fechados). A transferência total de exergia é zero para sistemas isolados, pois não
envolvem transferência de calor, trabalho ou massa.

44
PRINCÍPIO DA DIMINUIÇÃO E DESTRUIÇÃO DA EXERGIA

Nos capítulos anteriores foram estabelecidos os seguintes princípios:

• Princípio de conservação de energia segundo o qual a energia não pode ser criada ou destruída
durante um processo.
• Princípio do aumento da entropia que pode ser considerado um dos enunciados da segunda lei
segundo o qual a entropia pode ser criada, mas não pode ser destruída. Ou seja, a geração de
entropia Sgen deve ser positiva (processos reais) ou zero (processos reversíveis), mas não pode
ser negativa.

Agora, um novo enunciado vai ser estabelecido em alternativa à segunda lei


da termodinâmica, chamado princípio da diminuição da exergia, que é a
contrapartida do princípio do aumento da entropia.

Considere um sistema isolado mostrado na Fig. 16. Por definição, nenhum


calor, trabalho ou massa pode cruzar as fronteiras de um sistema isolado e,
portanto, não há transferência de energia e entropia. Em seguida, os
balanços de energia e entropia para um sistema isolado podem ser expressos Fig. 16 - Sistema isolado considerado
no desenvolvimento do princípio da
como: 45 diminuição da exergia.
PRINCÍPIO DA DIMINUIÇÃO E DESTRUIÇÃO DA EXERGIA

Balanço de energia:

Balanço de entropia:
Multiplicando a segunda relação por 𝑇0 e subtraindo-a da primeira, obtemos:

(29)
Da Eq. 17 temos:

(30)

desde que 𝑉2 = 𝑉1 para um sistema isolado (não envolve nenhum movimento de fronteira, portanto,
nenhumr trabalho de fronteira). Combinando Eqs. 29 e 30 dá:

(31)
já que 𝑇0 é a temperatura termodinâmica do ambiente e, portanto, uma quantidade positiva, Sgen ≥ 0 e,
portanto, 𝑇0 𝑆𝑔𝑒𝑛 ≥ 0. Então concluímos que:

46
Δ𝑋𝑖𝑠𝑜𝑙𝑎𝑑𝑜 = (𝑋2 − 𝑋1 )𝑖𝑠𝑜𝑙𝑎𝑑𝑜 ≤ 0 (32)
PRINCÍPIO DA DIMINUIÇÃO E DESTRUIÇÃO DA EXERGIA

Essa equação pode ser expressa como A EXERGIA DE UM SISTEMA ISOLADO DURANTE UM PROCESSO
SEMPRE DIMINUI ou, no caso limite de um processo reversível, permanece constante. Em outras
palavras, nunca aumenta e a exergia é destruída durante um processo real. Isso é conhecido como
PRINCÍPIO DA DIMINUIÇÃO DA EXERGIA. Para um sistema isolado, a diminuição da exergia é igual à
exergia destruída.

47
DESTRUIÇÃO DE EXERGIA

Irreversibilidades como atrito, mistura, reações químicas, transferência de calor através de uma
diferença finita de temperatura, expansão irrestrita, compressão ou expansão sem quase-equilíbrio
sempre geram entropia e qualquer coisa que gera entropia sempre destrói a exergia. A EXERGIA
DESTRUÍDA é proporcional à entropia gerada, como pode ser visto na Eq. 31 e é expresso como:

𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = 𝑇0 𝑆𝑔𝑒𝑛 ≥ 0 (33)

Observe que a exergia destruída é uma quantidade positiva para qualquer processo real e se torna zero
para um processo reversível. A exergia destruída representa o potencial de trabalho perdido e também é
chamada de irreversibilidade ou trabalho perdido.

As equações 32 e 33 para a diminuição da exergia e a destruição da exergia são aplicáveis ​a qualquer


tipo de sistema em qualquer tipo de processo, uma vez que qualquer sistema e sua vizinhança podem
ser delimitados por uma fronteira arbitrária suficientemente grande através da qual não há
transferência de calor, trabalho e de massa e, portanto, qualquer sistema e sua vizinhança constituem
um sistema isolado.

48
DESTRUIÇÃO DE EXERGIA

Nenhum processo real é verdadeiramente reversível e, portanto, alguma exergia é destruída durante um
processo. Portanto, a exergia do universo, que pode ser considerada um sistema isolado, está
diminuindo continuamente. Quanto mais irreversível é um processo, maior a destruição da exergia
durante esse processo. Nenhuma exergia é destruída durante um processo reversível (𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 , rev =
0).

O princípio da diminuição da exergia não implica que a exergia de um sistema não possa aumentar. A
variação de exergia de um sistema pode ser positiva ou negativa durante um processo, mas a exergia
destruída não pode ser negativa.

O princípio da diminuição do exergia pode ser resumido da seguinte forma:

>0 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑖𝑟𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠í𝑣𝑒𝑙


𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 ቐ = 0 𝑃𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑠í𝑣𝑒𝑙 (34)
<0 𝑃𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑖𝑚𝑝𝑜𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙

49
BALANÇO DE EXERGIA: SISTEMAS FECHADOS

A natureza da exergia é oposta à da entropia, na medida em que a exergia pode ser destruída, mas não
pode ser criada. Portanto, a variação de exergia de um sistema durante um processo é menor que a
transferência de exergia em uma quantidade igual à exergia destruída durante o processo dentro dos
limites da fronteira. Então, o princípio da diminuição da exergia pode ser expresso como (Fig. 17)

𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑆𝑎í𝑑𝑎 𝐸𝑥𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑎


𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 − 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 − 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑒𝑥𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑒𝑥𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑒𝑥𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎

(35)
Fig. 17 – Mecanismos de
transferência de exergia

Essa relação é conhecida como balanço de exergia e pode ser enunciada como a variação de exergia de
um sistema durante um processo é igual à diferença entre a transferência líquida de exergia através das
fronteiras do sistema e a exergia destruída dentro das fronteiras do sistema como resultado de
irreversibilidades .
50
BALANÇO DE EXERGIA: SISTEMAS FECHADOS

Mencionamos anteriormente que a exergia pode ser transferida de ou para um sistema por transferência
de calor, trabalho e massa. Então, o balanço de exergia para qualquer sistema passando por um processo
pode ser expresso mais explicitamente como:

𝑋𝑖𝑛 −𝑋𝑜𝑢𝑡 − 𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = ∆𝑋𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 (kJ) (36)

Transferência líquida Destruição de Variação na


de exergia por calor, exergia exergia
trabalho e massa

ou, na forma de taxa, como:

𝑋ሶ 𝑖𝑛 − 𝑋ሶ 𝑜𝑢𝑡 − 𝑋ሶ 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑜 = 𝑑𝑋𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 /𝑑𝑡 (kW) (37)

Taxa de transferência líquida Taxa de destruição Taxa de variação


de exergia por calor, trabalho de exergia na exergia
e massa

onde as taxas de transferência de exergia por calor, trabalho e massa são expressas em 𝑋ሶ 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 =
𝑇
1 − 0 𝑄,ሶ 𝑋ሶ 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 = 𝑊ሶ ú𝑡𝑖𝑙 e 𝑋ሶ 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 = 𝑚𝜓,
ሶ respetivamente.
𝑇 51
BALANÇO DE EXERGIA: SISTEMAS FECHADOS

O balanço de exergia também pode ser expresso por unidade de massa


como:
(𝑥𝑖𝑛 −𝑥𝑜𝑢𝑡 ) − 𝑥𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = ∆𝑥𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 (kJ/kg) (38)

onde todas as quantidades são expressas por unidade de massa do


sistema. Observe que, para um processo reversível, o termo de destruição
de exergia 𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 desaparece de todas as relações acima. Além disso,
geralmente é mais conveniente encontrar primeiro a geração de entropia
Sgen e depois avaliar a exergia destruída diretamente da Eq. 33. Isso é,

𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = 𝑇0 𝑆𝑔𝑒𝑛 ou ሶ
𝑋ሶ 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = 𝑇0 𝑆𝑔𝑒𝑛 (39)

Um sistema fechado não envolve nenhum fluxo de massa e, portanto, Fig. 18 - Balanço de exergia
para um sistema fechado
qualquer transferência de exergia associada ao fluxo de massa. Tomando a quando a direção da
direção positiva da transferência de calor para o sistema e a direção transferência de calor é
considerada para o sistema e
positiva de transferência de trabalho para o sistema, o balanço de exergia a direção do trabalho, do
para um sistema fechado pode ser expresso de forma mais explícita como sistema.
(Fig. 18):
52
BALANÇO DE EXERGIA: SISTEMAS FECHADOS

𝑋𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 − 𝑋𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 − 𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = ∆𝑋𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 (40)


ou
𝑇0
෍ 1− 𝑄 − 𝑊 − 𝑃0 𝑉2 − 𝑉1 − 𝑇0 𝑆𝑔𝑒𝑛 = 𝑋2 − 𝑋1 (41)
𝑇𝑘 𝑘
onde 𝑄𝑘 é a transferência de calor através da fronteira à temperatura 𝑇𝑘 no local k. Dividindo a equação
anterior pelo intervalo de tempo ∆𝑡 e assumindo o limite qunado ∆𝑡 → 0, obtém-se a forma da taxa do
balanço de exergia para um sistema fechado,

𝑇0 𝑑𝑉𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚 𝑑𝑋𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚 (42)


෍ 1− ሶ ሶ
𝑄𝑘 − 𝑊 − 𝑃0 ሶ
− 𝑇0 𝑆𝑔𝑒𝑛 =
𝑇𝑘 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Nota: As relações acima para um sistema fechado são desenvolvidas considerando a transferência de
calor para o sistema e o trabalho realizado pelo sistema em quantidades positivas. Portanto, a
transferência de calor do sistema e o trabalho realizado sobre o sistema devem ser considerados como
quantidades negativas ao usar essas relações.
As relações de balanço de exergia apresentadas acima podem ser usadas para determinar o
trabalho reversível Wrev, definindo o termo de destruição de exergia igual a zero. O trabalho W, nesse
caso, torna-se o trabalho reversível. Ou seja, W = Wrev quando 𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = 𝑇0 𝑆𝑔𝑒𝑛 = 0.
53
BALANÇO DE EXERGIA: VOLUMES DE CONTROLE

As relações de balanço de exergia para volumes de controle diferem


daquelas para sistemas fechados, pois, envolvem mais um mecanismo de
transferência de exergia: fluxo de massa através das fronteiras. Como
mencionado anteriormente, a massa possui exergia, energia e entropia, e
as quantidades dessas três propriedades extensivas são proporcionais à
quantidade de massa (Fig. 19).

Novamente, tomando a direção positiva da transferência de calor para o


Fig. 19 - Exergia é transferida para
sistema e a direção positiva da transferência de trabalho para o sistema, as dentro ou para fora de um volume de
relações gerais de balanço de exergia (Eqs. 36 e 37) podem ser expressas controle por massa, bem como
transferência de calor e trabalho.
para um volume de controle mais explicitamente como:

𝑋𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 −𝑋𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 + 𝑋𝑚𝑎𝑠𝑠, 𝑖𝑛 − 𝑋𝑚𝑎𝑠𝑠, 𝑜𝑢𝑡 − 𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = (𝑋2 −𝑋1 )𝑉𝐶 (43)
ou,
𝑇0
෍ 1− 𝑄𝑘 − 𝑊 − 𝑃0 𝑉2 − 𝑉1 + ෍ 𝑚𝜓 − ෍ 𝑚𝜓 −𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = (𝑋2 −𝑋1 )𝑉𝐶 (44)
𝑇𝑘
𝑖𝑛 𝑜𝑢𝑡

ou na forma de taxa como: 54


BALANÇO DE EXERGIA: VOLUMES DE CONTROLE

𝑇0 𝑑𝑉𝑉𝐶 𝑑𝑋𝑉𝐶
෍ 1− 𝑄𝑘ሶ − 𝑊ሶ − 𝑃0 + ෍ 𝑚𝜓 ሶ −𝑋ሶ 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 =
ሶ − ෍ 𝑚𝜓 (45)
𝑇𝑘 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑖𝑛 𝑜𝑢𝑡

Esta relação de balanço de exergia pode ser enunciada como:

A taxa de variação de exergia dentro do volume de controle durante um processo é igual à taxa de
exergia líquida transferida através das fronteiras do volume de controle por calor, trabalho e fluxo de
massa menos a taxa de exergia destruída dentro das fronteirsas do volume de controle.

Quando os estados inicial e final do volume de controlo são especificados, a variação de exergia do
volime de controle é:

𝑋2 − 𝑋1 = 𝑚2 𝜙2 − 𝑚1 𝜙1

55
BALANÇO DE EXERGIA PARA UM SISTEMA DE FLUXO ESTACIONÁRIO

A maioria dos volumes de controle encontrados na prática, como turbinas, compressores, bocais,
difusores, permutadores de calor e tubulações, operam em regime estacionário e, portanto, não
experimentam variações nos conteúdos de massa, energia, entropia e exergia, bem como em seus
𝑑𝑉 𝑑𝑋
volumes. Portanto, 𝑉𝐶 = 0 e 𝑉𝐶 = 0 para esses sistemas, e a quantidade de exergia que entra no
𝑑𝑡 𝑑𝑡
sistema de fluxo estacionário em todas as formas (calor, trabalho, transferência de massa) deve ser igual
à quantidade de exergia que sai do sistema mais a exergia destruída . Então, a forma de taxa do balanço
geral de exergia (Eq. 45) reduz para um processo de fluxo estacionário a (Fig. 20):

𝑇0
෍ 1− 𝑄𝑘ሶ − 𝑊ሶ + ෍ 𝑚𝜓 ሶ −𝑋ሶ 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = 0
ሶ − ෍ 𝑚𝜓 (47)
𝑇𝑘
𝑖𝑛 𝑜𝑢𝑡
Para um dispositivo de fluxo estacionário único (uma entrada, uma saída), a
relação acima reduz a:

𝑇0
෍ 1− 𝑄𝑘ሶ − 𝑊ሶ + 𝑚(𝜓
ሶ 1 − 𝜓2 ) − 𝑋ሶ 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = 0 (48) Fig. 20 – A exergia transferida para um
𝑇𝑘 sistema de fluxo estacionário é igual à
Em que os índices 1 e 2 representam os estados de entrada e saída, mሶ é a taxa exergia transferida do sistema mais a
exergia destruída no interior do sistema.
de fluxo de massa e a variação do fluxo de exergia 𝜓1 − 𝜓2 é dada pela
equação 23, como: 56
BALANÇO DE EXERGIA PARA UM SISTEMA DE FLUXO ESTACIONÁRIO

𝑉12 − 𝑉22
ψ1 − ψ2 = ℎ1 − ℎ2 − 𝑇0 𝑠1 − 𝑠2 + + 𝑔 𝑧1 − 𝑧2
2

Dividindo a Eq. 48 por mሶ obtem-se o balanço de exergia em unidade de massa como:

𝑇0
෍ 1− 𝑞 − 𝑤 + ψ1 − ψ2 − 𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = 0 (49)
𝑇𝑘 𝑘

onde 𝑞 = 𝑄/ ሶ 𝑚ሶ e 𝑤 = 𝑊/
ሶ 𝑚.ሶ são a transferência de calor e o trabalho realizado por unidade de massa do
fluido de trabalho, respectivamente.

No caso de um dispositivo de fluxo único adiabático sem interações de trabalho, a relação de balanço de
exergia simplifica ainda mais para 𝑋ሶ 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = 𝑚(𝜓
ሶ 1 − 𝜓2 ), que indica que a exergia específica do fluido
deve diminuir à medida que este flui através de um dispositivo adiabático livre de trabalho ou
permanece a mesma (𝜓1 = 𝜓2 ) no caso limite de um processo reversível, independentemente das
alterações em outras propriedades do fluido.

57
TRABALHO REVERSÍVEL, 𝑾𝒓𝒆𝒗

As relações de balanço de exergia apresentadas anteriormente podem ser usadas para determinar
trabalho reversível 𝑊𝑟𝑒𝑣 fazendo exergia destruída igual a zero. O trabalho W neste caso torna-se
trabalho reversível, isto é:

𝑊 = 𝑊𝑟𝑒𝑣 quando 𝑋𝑑𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢í𝑑𝑎 = 0 (50)

Por exemplo, a potência reversível para um dispositivo de fluxo estacionário de corrente única é, da
equação 48,
𝑇0

𝑊𝑟𝑒𝑣 = 𝑚ሶ ψ1 − ψ2 + ෍ 1 − 𝑄𝑘ሶ (kW) (51)
𝑇𝑘
o que reduz para um dispositivo adiabático a:

𝑊ሶ 𝑟𝑒𝑣 = 𝑚(ψ
ሶ 1 − ψ2 ) (52)

Observe que a exergia destruída é zero apenas para um processo reversível, e o trabalho reversível
representa a saída máxima de trabalho para dispositivos produtores de trabalho, como turbinas, e a
entrada mínima de trabalho para dispositivos consumidores de trabalho, como compressores.
58
EFICIÊNCIA DA SEGUNDA LEI DE DISPOSITIVOS DE FLUXO ESTACIONÁRIO, 𝜼𝑰𝑰

A eficiência da segunda lei de vários dispositivos de fluxo estacionário pode ser determinada a partir de
𝐸𝑥𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑢𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎
sua definição geral, 𝜂𝐼𝐼 = . Quando as variações nas energias cinética e potencial são
𝐸𝑥𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎
insignificantes, a eficiência da segunda lei de uma TURBINA adiabática pode ser determinada a partir de:

𝑤 ℎ1 − ℎ2 𝑇0 𝑠𝑔𝑒𝑛
𝜂𝐼𝐼,𝑡𝑢𝑟𝑏 = = ou 𝜂𝐼𝐼,𝑡𝑢𝑟𝑏 =1− (53)
𝑤𝑟𝑒𝑣 ψ1 − ψ2 ψ1 − ψ2

onde 𝑠𝑔𝑒𝑛 = 𝑠2 − 𝑠1 .

Para um COMPRESSOR com energia cinética e potencial desprezável, a eficiência da segunda lei torna-se:

𝑤𝑟𝑒𝑣, 𝑖𝑛 ψ2 − ψ1 𝑇0 𝑠𝑔𝑒𝑛
𝜂𝐼𝐼,𝑐𝑜𝑚𝑝 = = ou 𝜂𝐼𝐼, 𝑐𝑜𝑚𝑝 =1− (54)
𝑊𝑖𝑛 ℎ2 − ℎ1 ℎ2 − ℎ1

onde 𝑠𝑔𝑒𝑛 = 𝑠2 − 𝑠1 .
59
EFICIÊNCIA DA SEGUNDA LEI DE DISPOSITIVOS DE FLUXO ESTACIONÁRIO, 𝜼𝑰𝑰
Para um PERMUTADOR DE CALOR adiabático com duas correntes de fluido não misturadas (Fig. 21), a
exergia fornecida é a diminuição da exergia da corrente quente e a exergia recuperada é o aumento da
exergia da corrente fria, desde que a corrente fria não esteja à temperatura mais baixa que a vizinhança.
Então, a eficiência da segunda lei do permutador de calor torna-se:

ou (55)

com

Para uma CÂMARA DE MISTURA adiabática em que uma corrente quente


1 é misturada com uma corrente fria 2, formando uma mistura 3, a Fig. 21 - Um permutador de
exergia fornecida é a soma das exergias das correntes quente e fria, e a calor com duas correntes de
fluido não misturadas.
exergia recuperada é a exergia da mistura. Então a eficiência da segunda
lei da câmara de mistura se torna:

ou (56)

onde, e
60

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