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Digitalizado Por: Pregador Jovem

Jair José Rodrigues

A PESSOA DE JESUS
NO
ANTIGO TESTAMENTO
ÍNDICE

Dedicatória.

Prefácio.

Introdução.

1. A divindade de Jesus.

2. A santidade de Jesus.

3. A eternidade de Jesus.

4. A onipotência de Jesus.

5. O senhorio de Jesus.

6. A encarnação de Jesus.

7. A humanidade de Jesus.

8. A submissão de Jesus.

9. Os sofrimentos de Jesus.

10. A morte de Jesus.

Conclusão.
Dedicatória
À minha querida e abnegada esposa, Lenira Lopes Rodrigues, que soube
compreender as muitas horas subtraídas do nosso convívio, e sempre me
estimulou a escrever, dedico este livro.
"Porque com grande veemência convencia publicamente os judeus,
provando por meio das Escrituras que o Cristo [O Messias] é Jesus".

At 18.28.
Prefácio

Li, com toda a atenção e agrado, a pequena, mas substanciosa obra A


pessoa de Jesus no Antigo Testamento. É assunto sempre atual, e muito
pertinente aos tempos de agora, quando a teologia tradicional do
Cristianismo se colore de fortes e dominadoras tonalidades humanísticas. E
quando, ao invés da revelação, é o filosofismo intelectual que comanda
tantas interpretações do fato cristão.

Não Jesus, o homem, mas Jesus Cristo, o Verbo de Deus, um com o Pai de
quem falam e para quem apontam todas as escrituras do Antigo como do
Novo Testamento - é, e precisa continuar sendo, a pedra fundamental de
nossa fé e de nossa esperança. Judas fala, em sua carta, a respeito daqueles
que negam "o único dominador e Senhor nosso Jesus Cristo”. João, em sua
primeira epístola, põe, como primeira pedra de toque para aferir a
genuinidade de nossa fé e vida no Evangelho, e aceitação da divindade do
Verbo feito carne.

Espero que este seu livro possa reconfirmar a fé em muitos, aprofundando


reais experiências com o bendito Salvador, assim como despertar maior
interesse pela leitura e meditação das Escrituras, sempre boas para
ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para quê o
homem de Deus seja perfeito, e plenamente preparado para toda a boa
obra: 2 Tm 3.16,17.

M. Porto Filho
INTRODUÇÃO

Conhecer as profecias messiânicas e verificar que elas se cumprem


fielmente à luz do Novo Testamento é, deveras, um estudo bíblico dos mais
agradáveis e compensadores. Enamoramo-nos deste assunto quando
estudávamos teologia bíblica do Antigo Testamento, no Seminário
Teológico Congregacional do Rio de Janeiro, e, desde então, começamos a
alimentar o ideal de escrever algo a respeito. Depois de vasculhar o Antigo
Testamento à procura de textos messiânicos, descobrimos que a matéria é
vastíssima. Resolvemos, então, dividi-la em quatro partes, das quais a
primeira foi publicada sob o título: A divindade de Jesus no Antigo
Testamento.

A segunda parte, Humilhação de Jesus no Antigo Testamento, é, agora,


adicionada à primeira, formando este livro que o leitor tem em suas mãos.

Partindo sempre do texto vétero-testamentário, faremos uma exposição


sucinta sobre as profecias bíblicas alusivas à pessoa de Jesus. Tentaremos
demonstrar, com a máxima clareza possível, que essas profecias se
cumprem com toda a exatidão, na pessoa de nosso amorável Salvador.
Fazendo assim, forneceremos subsídios a tantos quantos se interessam pelo
estudo cristológico no Antigo Testamento, e apresentaremos evidências
claras e convincentes de que o Messias, centenas de vezes referido na
literatura profética, e tão ansiosamente esperado pelo povo judeu, é,
realmente, Jesus, o Nazareno.

Myer Pearlman, biografado por Lawrence Olson, recordava que nos seus
dias de estudante, na Escola Hebraica, os alunos compravam a Bíblia,
como nós a temos, e arrancavam o Novo Testamento do livro, pois não lhes
era permitido lê-lo, por ser considerado espúrio. Todavia, alguém já disse, e
com muita razão, que o Novo Testamento está para o Antigo Testamento
assim como a flor está para o seu botão. O Novo Testamento é uma linda
rosa, cujas pétalas estão engastadas na corola do Antigo Testamento.
Portanto, se esses alunos israelitas tivessem tido a curiosidade de ler o
Novo Testamento, comparando-o com as profecias messiânicas, chegariam,
inevitavelmente, à conclusão de que o Messias prometido, é, de fato, Jesus
de Nazaré. Ele mesmo censurou a incredulidade dos judeus a seu respeito,
dizendo: "Examinais as Escrituras porque cuidais ter nelas a vida eterna e
são elas mesmas que testificam de mim", Jo 5.39. E, nas páginas que
seguem, o leitor israelita ou não-israelita vai constatar que esta declaração
de Jesus é uma pura realidade. Se isto acontecer, nós nos sentiremos
recompensado.

Jair José Rodrigues


1
A DIVINDADE DE JESUS

"Dizei aos desalentados de coração: Sede fortes e não temais. Eis o vosso
Deus. A vingança vem, a retribuição de Deus", Is 35.4.

O profeta está conclamando os desalentados israelitas a que sejam fortes e


não temam, porque o Messias que eles aguardam é divino. Ele virá
trazendo vingança contra todos os inimigos de Israel, e retribuindo os
sofrimentos causados a esse povo por muitas nações através da história. Na
sua vinda, Ele salvará os israelitas do poder do Anticristo, encerrando o
"período da Grande Tribulação". No Novo Testamento, Jesus se ferindo-se
a esse período fez o seguinte aviso solene: "Quando começarem a acontecer
estas coisas, erguei as vossas cabeças, porque a vossa redenção está
próxima".

Entretanto, quando diz: "Ele vem e vos salvará" está implícita a salvação
eterna da alma, garantida aos que crerem nele como seu Salvador. Ele diz:
"... portanto não há Salvador senão eu", Os 13.4.

Em Isaías 25.9, encontramos uma profecia messiânica das mais


significativas para Israel, e para nós, a Igreja: "Naquele dia se dirá: Eis que
este é o nosso Deus em quem esperávamos, e ele nos salvará; este é o
Senhor a quem aguardávamos: na sua salvação exultaremos e nos
alegraremos".

O DEUS SALVADOR

A expressão "naquele dia" indica o reino milenar do Messias Jesus, aqui na


terra. Ele é, portanto, "o Deus e o Senhor" a quem os judeus aguardam, e
nós os crentes também aguardamos, mas na sua segunda vinda.

Quando diz: "ele vos salvará", é mais uma alusão à restauração nacional de
Israel, se bem que pode referir-se à salvação espiritual de todos quantos o
aceitarem como seu Messias e Salvador.

O salmista Davi, augurando a chegada dessa maravilhosa salvação trazida


pelo Messias, exclama: "Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso
fardo. Deus é a nossa salvação. O nosso Deus é o Deus libertador", SI
68.19. Em Isaías 43.3 lemos: "Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de
Israel, o teu Salvador".

A expressão "Santo de Israel", encontrada dezenas de vezes nos escritos


proféticos, sempre se aplica ao Messias. (Compare Sl 16.10 com At 2.25-
27 e Jo 6.69). Já que o Santo de Israel é Jesus, Ele é, por conseguinte, "o
Senhor teu Deus..." e o "teu Salvador". Ele mesmo ainda diz: "Eu, eu sou o
Senhor, e fora de mim não há Salvador. Eu anunciei salvação, realizei-a e a
fiz ouvir...", Is 43.11,12.

"Anunciai, e chegai-vos, e tomai conselhos todos juntos: quem fez ouvir


isto desde a antiguidade? quem desde então o anunciou? porventura não
sou eu, o Senhor? e não há Deus senão eu. Deus justo e Salvador não há
fora de mim", Is 45.21.

Quando o israelita mordido por serpente olhava para a serpente de metal


que Moisés levantara no deserto, ficava livre da morte. Jesus aplicou o
significado tipológico desta figura, dizendo a Nicodemos: "E, como Moisés
levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja
levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna", Jo 3.14,15.

Esta condição de Salvador foi revelada pelo próprio Senhor Jesus, 730 anos
antes de sua encarnação, quando disse: "Olhai para mim e sereis salvos,
vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus e não há outro", Is 45.22.

O DEUS ÚNICO

"Porque assim diz o Senhor que criou os céus, o único Deus, que formou a
terra, que a fez e a estabeleceu; que não a fez para ser um caos, mas para
ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro", Is 45.18.

Aqui, a pessoa divina que se expressa nesses termos é, indubitavelmente, o


Messias. Para se saber que isto é verdade, basta prosseguir na leitura do
texto até o versículo 23, onde Ele próprio declara: "Diante de mim se
dobrará todo o joelho, e toda a língua jurará". E o apóstolo Paulo,
escrevendo aos Filipenses, informa que esse ser divino, diante de j quem
todo joelho se dobrará, e ao qual toda língua I confessará, é Jesus: Fp
2.10,11. Visto que o Messias ' Jesus é quem está falando no texto acima,
Ele é, ' por conseguinte, o único Deus.
Nos versículos 21 e 22, diz Ele ainda a respeito de si mesmo: "...Deus justo
e Salvador não há além de mim... porque eu sou Deus e não -há outro".

Em Isaías 44.6 lemos: "Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o
Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim
não há Deus".

Mais uma vez o Messias identifica-se perfeitamente. Quando Jesus


apareceu triunfante ao apóstolo João, na ilha chamada Pátmos, apresentou-
se a si mesmo com as seguintes palavras: "Eu sou o primeiro e o último",
Ap 1.17. Portanto, o Jesus do Novo Testamento é o mesmo "Senhor dos
Exerci- J tos" do Antigo Testamento.

O DEUS ADORÁVEL

"Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos


criou. Ele é o nosso Deus..,", SI 95.6,7.

Que estas palavras se referem ao Messias não há dúvida alguma. O escritor


da epístola aos Hebreus, { falando da superioridade de Cristo sobre Moisés,
j cita, em referência a Cristo, as palavras contidas nos versos 8-11 desse
salmo: Hb 3.6-11.

Daí se deduz que o personagem divino que os israelitas tentaram no deserto


é o Messias. Portanto, j no texto transcrito acima, Ele é "O Senhor que nos
criou" e o "nosso Deus" a quem devemos reverência e adoração. "Diante de
mim se dobrará todo o joelho e toda a língua jurará", Is 45.23.

Já tivemos oportunidade de ver essas palavras aplicadas ao Messias.

O apóstolo Paulo falando a respeito dele escreveu a seguinte afirmação


esclarecedora: "... para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho nos
céus, e na terra e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo
é Senhor, para glória de Deus Pai", Fp 2.10,11. "Todas as nações que
fizeste virão, prostrar-se-ão diante de ti, Senhor, e glorificarão o teu nome.
Pois tu és grande e operas maravilhas: só tu és Deus", SI 86.9,10.

Aqui se refere ao Messias como o "Senhor" que as nações adorarão, e "o


Deus" que opera maravilhas. O apóstolo João, na Ilha de Pátmos, ao
mencionar o cântico do Cordeiro, aplica estas palavras a Cristo, dizendo:
"quem não temerá e não glorificará o teu nome ó Senhor? Pois só tu és
Santo; por isso todas nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus
atos de justiça se fizeram manifestos", Ap 15.4.

O DEUS QUE VIRA

"Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor; endireitai no


ermo vereda ao nosso Deus", Is 40.3.

João Batista, cônscio de sua missão, e conhecedor desta profecia, ao ser


interpelado pelos sacerdotes e levitas: "Quem és tu?" - respondeu: "Eu sou
a voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor; endireitai no
ermo vereda ao nosso Deus", Jo 1.23 e Mt 3.3.

Dizendo isso, informava-lhes que era o profetizado precursor do Messias.


Este, por conseguinte, é mencionado na profecia como "o Senhor" cujo
caminho seria preparado, e "o Deus" cuja vereda seria endireitada.

"Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu braço dominará; eis que o
seu galardão está com ele, e diante dele a sua recompensa", Is 40.10.

Galardão (ou recompensa), independentemente da salvação, é uma


retribuição que Deus promete dar aos crentes que desempenharem,
movidos pelo amor, relevantes serviços na sua santa Seara.

No Novo Testamento, somos informados, pelo apóstolo João, que é Jesus


quem tem o galardão, o qual Ele mesmo trará na sua vinda, para retribuir a
cada um segundo as suas obras, Ap 22.13. Diante disto, não há como deixar
de perceber que o Messias Jesus é, inconfundivelmente, "o Senhor Deus
que virá com poder", conforme afirma o profeta.

O Messias divino, na primeira fase da sua segunda vinda, recompensará os


crentes fiéis com o seu galardão, e, na segunda fase, salvará os judeus da
opressão dos inimigos, e restaurará o reino de Davi. Esta glória futura de
Israel e da Igreja foi predita pelo profeta Isaías quando escreveu o seguinte:
"Eis que o Senhor fez ouvir até as extremidades da terra estas palavras:
Dizei à filha de Sião: Eis que vem o teu Salvador; vem com ele a sua
recompensa, e diante dele o seu galardão", Is 62.11.

O DEUS QUE REINARA

O salmo 45, escrito por um dos filhos de Core, parece homenagear o rei
Salomão pelo seu colóquio nupcial com a filha de Faraó. Isto se depreende
das seguintes expressões: "Ao rei consagro o que compus... Ouve, filha; vê,
dá atenção; esquece o teu povo e a casa de teu pai. Então o rei cobiçará a
tua formosura", SI 45.1,10,11.

Há, porém, expressões de adoração e louvor, que ficariam sem sentido se


fossem aplicadas a um rei meramente humano, como por exemplo: "O teu
nome eu farei celebrado de geração em geração, e assim os povos te
louvarão para todo o sempre" SI 45.17.

Um rei que será louvado para todo o sempre não pode ser mero homem.
Daí deduzimos que o salmista, enquanto exaltava o rei Salomão, estava
sendo divinamente inspirado para se referir ao Messias, nosso Rei Jesus.

"As roupagens bordadas" do versículo 14, lembram as vestiduras brancas


mencionadas no Apocalipse, e simbolizam a pureza da Igreja. As virgens
que acompanham a noiva, correspondem ao coro de donzelas do livro de
Cantares, bem como, às dez virgens da parábola que Jesus contou
ilustrando sua vinda gloriosa ao encontro de sua noiva querida, a Igreja.

No versículo 6 lemos o seguinte: "O teu trono, ó Deus, é para todo o


sempre; o centro do teu reino, é o cetro da equidade".

Estas palavras deixam fora de qualquer dúvida que o rei aqui referido é
realmente divino. E no Novo Testamento, somos informados de que esse
Rei divino é o Messias Jesus: "Mas, acerca do Filho diz: o teu trono, ó
Deus, é para todo o sempre; o cetro do teu reino é o cetro da equidade", Hb
1.8.
2
A SANTIDADE DE JESUS

"Ele foi oprimido, mas não abriu a sua boca: como cordeiro foi levado ao
matadouro, e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não
abriu a sua boca", Is 53.7.

Na estrada que desce de Jerusalém para Gaza, o evangelista Filipe,


sabiamente orientado pelo Espírito Santo, teve oportunidade de explicar
este texto ao eunuco etíope, dizendo-lhe que se tratava da pessoa de Jesus:
"E Filipe, começando por esta escritura, anunciou-lhe a Jesus", At 8.32.

À semelhança de uma ovelha quando está sendo tosquiada, o Messias Jesus


sofreu em silêncio as afrontas de seus algozes. Realmente, Ele não abriu a
sua boca para murmurar ou blasfemar. Isto demonstra claramente a sua
santidade e, conseqüentemente, a sua divindade.

O CORDEIRO IMACULADO

O cordeiro, sendo um animal dócil e maleável, serve perfeitamente para


representar a humildade e a mansidão do Messias Jesus, conforme Ele
próprio declarou: "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que
sou manso e humilde de coração", Mt 11.29.

O profeta Jeremias, referindo-se à sua inocência em face das maquinações


de seus patrícios que procuravam matá-lo, ainda que inconscientemente,
mas inspirado pelo Espírito Santo, faz alusão ao Messias nos seguintes
termos: "Eu era como manso cordeiro, que é levado ao matadouro", Jr
11.19.

Na instituição da Páscoa, Deus determinou que o cordeiro fosse fisicamente


perfeito: não poderia ser coxo, cego, aleijado, ou ter qualquer outro defeito,
pois deveria ter todas as condições físicas para tipificar a perfeição moral
daquele que mais tarde seria apresentado como "o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo", Jo 1.29.

O fermento, símbolo da corrupção, era terminantemente proibido durante a


festa da Páscoa. À noite, o cordeiro deveria ser comido com pães asmos,
isto é, sem fermento. Esta é a razão por que o apóstolo Paulo, exortando os
crentes de Corinto a uma vida de santidade, faz a seguinte observação:
"Lançai fora o velho fermento para que sejais nova massa, como de fato
sois sem fermento. Pois também Cristo [o Messias], nosso cordeiro pascal,
já foi imolado por nós", 1 Co 5.7.

MEU SERVO, O JUSTO

Há, no capítulo 53 de Isaías, uma seqüência de expressões referentes a uma


mesma pessoa. Já vimos que o cordeiro mencionado no versículo 7 é o
Messias. Daí chegamos à conclusão de que todo esse capítulo fala a
respeito do Messias.

Assim sendo, Ele é apresentado pelo profeta, nos seguintes termos: "Ele
verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito; o meu
servo, o justo, com o seu conhecimento justificará a muitos, porque as
iniqüidades deles levará sobre si", Is 53.11.

O apóstolo João, na sua primeira epístola, informa-nos que o justo, aqui


referido pelo profeta, é Jesus: "Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo
para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto
ao Pai, Jesus Cristo, o Justo", 1 Jo 2.1.

O artigo definido masculino singular "o" aqui anteposto à palavra "justo",


indica claramente que o Messias Jesus foi o único justo que pisou na face
da terra, em todos os tempos. Isto prova a sua absoluta santidade. Portanto,
quando aqui viveu, não era meramente homem, e sim, Deus humanizado.

"E puseram a sua sepultura com os ímpios e com o rico esteve na sua
morte; porquanto nunca fez injustiça, nem engano houve em sua boca", Is
53.9.

Aqui, mais uma vez, é afirmada a santidade do Messias. E o apóstolo


Pedro, na sua primeira epístola universal, encarrega-se de explicar que essa
pessoa santa, aqui referida, é o Messias Jesus: "O qual não cometeu pecado,
nem na sua boca se achou engano", 1 Pe 2.22.

Jamais houve, nem há de haver em toda a história da raça humana, uma


pessoa que tivesse moral tão elevada, a ponto de se dizer a seu respeito:
"Nunca fez injustiça"'. Somente o Messias Jesus teve caráter e conduta
perfeitos. Claro está, portanto, que Ele é realmente o Deus que se fez carne.
O SANTO DE ISRAEL

"Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu santo
veja a corrupção", SI 16.10.

É possível que Davi, ao escrever estas palavras, estivesse pensando ser ele
mesmo a pessoa aqui referida. Entretanto, elas não se cumpriram nele,
porque, na realidade, sua alma foi deixada na morte até o dia de hoje, e ele
viu a corrupção, no sentido de ter sido pecador como qualquer um de nós.
Quem é, pois, essa pessoa? O apóstolo Pedro em seu célebre sermão
proferido no dia de Pentecoste, falando sobre isso disse: "Porque a respeito
dele diz Davi... não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o
teu santo veja a corrupção", At 2.25-28.

Daí concluímos que Davi, ao escrever estas palavras inspirado pelo Espírito
Santo, previu a ressurreição e a santidade do Messias Jesus, cuja alma
realmente não foi deixada na morte, nem Ele viu a corrupção, visto que
nunca pecou.

Certa feita, Jesus, provando a sinceridade dos seus discípulos, perguntou-


lhes: "E vós também quereis vos retirar?". Isto provocou uma contundente
resposta do apóstolo Pedro: "Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as
palavras da vida eterna. Nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de
Deus". Jo 6.66-68.

A expressão "Santo de Israel" aparece dezenas de vezes nos escritos


proféticos, e sempre se refere ao Messias. 0 Santo de Israel é o nosso Rei, o
Senhor Deus, e o Salvador do seu povo: SI 89.18; Is 10.20; 43.3; 48.17.

Ele é para Israel: o Senhor, o Criador, o Santo, o Rei, o Redentor: Is 41.14;


43.14,15; 47.4; 48.7; 54.5. O Santo de Israel é aquele que habitará no meio
de Sião, em quem os homens se alegrarão: Is 12.6 e 29.19. Por intermédio
do Santo de Israel, os príncipes inclinar-se-ão a Israel: Is 49.7. Ele é o
Senhor dos Exércitos e o Deus de toda a Terra: Is 6.3; 47.4 e 54.5.

O Messias Jesus, falando através do profeta Ezequiel, a respeito de sua


própria santidade, faz a seguinte declaração:

"Farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo Israel, e nunca
mais deixarei profanar o meu santo nome; e as nações saberão que eu sou o
Senhor, o Santo de Israel", Ez 39.7. Veja ainda os seguintes textos: Jó 6.10;
SI 71.22; SI 78.41; Is 1.4; 5.19; 30.11; 60.9; 60.14; Jr 51.5 e He 3.3.
3
A ETERNIDADE DE JESUS

"Beijai o Filho, para que não se irrite, e não pereçais no caminho; porque
dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados os que nele se
refugiam", SI 2.12.

No terceiro versículo deste salmo, o Filho aparece como o Ungido do


Senhor: "Os reis da terra se levantam, os príncipes conspiram contra o
Senhor e contra o seu Ungido..." A palavra "ungido", em português,
corresponde à palavra "Messias" no hebraico. Não há dúvida alguma,
portanto, de que o Filho aqui mencionado é o Messias.

O FILHO ETERNO

A expressão "beijai o Filho" sugere uma atitude de reverência para com o


Filho de Deus. As pessoas que lhe negam a adoração devida expõem-se
voluntariamente ao iminente perigo de perecerem no caminho para a
eternidade. A razão dessa advertência é que, brevemente, Ele virá para
julgar as nações e reinar sobre a Terra: Jl 3.12-17.

Aqueles, porém, que se refugiam nele, aceitando-o como seu Rei e


Salvador, serão bem-aventurados.

No sétimo versículo do mesmo salmo, lemos o seguinte: "Proclamarei o


decreto do Senhor: Ele mel disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei", Sl
2.7.1

O apóstolo Paulo, profundo conhecedor das profecias messiânicas, citando


estas palavras em referência a Jesus, confirma o fato de ser Ele o Messias:;
"Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como
Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como
está escrito no salmo segundo: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei", At
13.32,33. O escritor da carta aos hebreus, depois de fazer a mesma menção,
estabelece a eternidade do Messias, apresentando-o como o eterno Filho de
Deus: "... mas, acerca do Filho, diz: o teu trono, ó Deus, é para todo o
sempre", Hb 1.5-8.
O SACERDOTE ETERNO

O salmo 110, atribuído a Davi pelo próprio Messias, apresenta-o como o


sacerdote eterno, dizendo:

"O Senhor jurou, e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre,


segundo a ordem de Melquisedeque", SI 110.4 e Mt 22.44.

Esse sacerdote eterno é Jesus Cristo, pois, o autor da epístola aos hebreus,
falando a respeito dele, declara: "Assim também Cristo a si mesmo não se
glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és
meu Filho, eu hoje te gerei; como em outro lugar também diz: tu és
sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque", Hb 5.5,6;
6.20; 7.17 e 21.

Melquisedeque, embora tenha sido um personagem histórico, nada se sabe


a respeito de sua origem, nem de sua morte. Tudo que sabemos a seu
respeito é que era de Salém, e sacerdote do Deus Altíssimo: "Ele saiu ao
encontro de Abraão quando este regressava da matança dos reis, e o
abençoou; a quem também Abraão [naturalmente, reconhecendo a sua
autoridade real e sacerdotal] deu o dízimo de tudo", Gn 14.18-20; Hb 7.1.

Em Hebreus 7.3, ele é descrito do seguinte modo: "... sem pai, sem mãe,
sem genealogia, que não teve princípio de dias, nem fim de existência".

Estas características de Melquisedeque fazem-no tipificar o Messias Jesus,


o qual, sendo Deus é eterno c não tem, portanto, ancestrais, nem princípio e
nem fim. Cremos ter sido esta a intenção do Espírito Santo quando inspirou
o autor para registrar essas palavras.

O PRIMEIRO E O ÚLTIMO

"Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos Exércitos:
Eu sou o primeiro, e eu sou o último, além de mim não há Deus", Is 44.6.

O "Senhor dos Exércitos", que está falando neste texto, é o Messias.


Quando estudamos sobre o "Santo de Israel", verificamos que todas estas
expressões lhe são atribuídas por Ele mesmo. Isto posto, fica evidente, mais
uma vez, a eternidade do Messias Jesus, pois, quando Ele apareceu ao
apóstolo João na Ilha de Patmos, identificou-se dizendo: "Eu sou o
primeiro e o último", Ap 1.8 e 22.12. Ele é o primeiro e o último, no
sentido de não ter princípio nem fim. Isto significa que Ele é eterno.
"Quem fez e executou tudo isso? Aquele que desde o princípio tem
chamado as gerações à existência, eu, o Senhor, o primeiro, com os últimos
eu mesmo", Is 41.4.

Já vimos que a expressão "primeiro e último", aplica-se ao Messias. Logo,


Ele é quem tem chamado as gerações à existência, desde o princípio. A
palavra princípio refere-se a uma era antes da contagem do tempo, ou antes
da existência de todas as coisas. Ainda nesse período o Messias já existia.

No versículo 25 deste capítulo, o Messias prometido é apresentado nos


seguintes termos: "Do norte suscito a um, e ele vem, a um desde o
nascimento do sol...". Em Isaías 48.12, o Messias declara a sua eternidade,
dizendo: "Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o
mesmo, sou o primeiro, e também o último".

No primeiro capítulo da epístola aos Hebreus, o escritor divinamente


inspirado, falando da superioridade do Filho sobre os anjos, revela que foi a
respeito dele, que o salmista escreveu as seguintes palavras: "Em tempos
remotos lançaste os fundamentos da terra; e os céus são obras das tuas
mãos. Eles perecerão, mas tu permaneces. Todos envelhecerão como um
vestido, como roupa os mudarás , e serão mudados. Tu, porém, és sempre o
mesmo, e os teus anos jamais terão fim", SI 102.25-27.

Estas palavras transcritas na íntegra em Hebreus 1.10-12 referem-se ao


Messias Jesus, pois Ele é o Filho mencionado no salmo segundo, e citado
aqui pelo escritor desta epístola.

O PAI DA ETERNIDADE

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre
os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte,
Pai da Eternidade, Príncipe da Paz", Is 9.6.

O profeta, falando por inspiração divina, prevê um evento que se daria 730
anos mais tarde, e descreve-o como se já fosse realizado. Diz ele: "um
menino nos nasceu, um filho se nos deu".

A esperança messiânica para os judeus consiste basicamente no advento do


Messias, descendente de Davi, o qual reinará em Israel e dominará todas as
nações da terra: SI 22.27,28. Esse rei universal é aqui apresentado como
"um menino nascido, em cujos ombros está o governo".
No Novo Testamento, somos informados que esse Menino-Rei, é Jesus. O
anjo Gabriel, dirigindo-se à virgem Maria, proferiu as seguintes palavras:
"Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de
Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor,
lhe dará o trono de Davi seu pai; ele reinará para sempre na casa de Jacó, e
o seu reinado não terá fim", Lc 1.31-33.

Conforme o texto que estamos considerando, Ele é "Pai da eternidade". A


palavra eternidade, aqui, pode referir-se ao período que medeia entre a
eternidade passada e a eternidade futura, abrangendo desde a criação até o
fim da história humana. Se tomarmos a palavra neste sentido, a expressão
"pai da eternidade" significaria que esse rei nascido é anterior à existência
de todas as coisas. Moisés, em seu salmo (90.2), parece favorecer tal
interpretação quando diz: "Antes que os montes nascessem e se formassem
a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus". Entretanto, se
tomarmos a palavra no sentido absoluto, a expressão significa que o
Messias é a origem ou a causa da eternidade; que a eternidade existe,
porque Ele sempre existiu; que ninguém há mais eterno do que Ele, porque
Ele é "Pai da eternidade". Cremos que esta segunda interpretação é mais
aceitável. Seja como for, fica provada mais uma vez, a eternidade do
Messias.

O profeta Miquéias, contemporâneo de Isaías, apresenta uma eloqüente


confirmação desta verdade, dizendo: "E tu Belém Efrata, pequena demais
para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de
reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias
da eternidade", Mq 5.2.
4
A ONIPOTÊNCIA DE JESUS

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre
seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai
da eternidade, Príncipe da paz", Is 9.6.

O DEUS FORTE

Quando falamos a respeito da expressão "Pai da Eternidade", verificamos


que esse menino nascido, em cujos ombros está o governo, é o Messias.
Portanto, Ele é também o Deus Forte.

Segundo o arianismo do século XX, o Filho seria apenas um "deus" menor


ou secundário. Todavia, a expressão "Deus Forte" refuta cabalmente essa
teoria, pois o Deus Filho, assim como o Deus Pai e o Deus Espírito Santo,
possui toda a plenitude do poder.

Ele não é um "deus" fictício como Baal, impotente para operar. Os quatro
evangelhos revelam que o Messias Jesus através dos seus incontáveis
milagres realizados demonstrou de maneira insofismável ser realmente o
Deus Forte.

Em Isaías 10.21, O Messias é o Deus Forte, ao qual se converterão os


restantes de Jacó. O salmista Davi, aspirando à chegada do Messias, o Rei
da Glória, apresenta-o como "O Senhor Forte e Poderoso", SI 24.8. O
apóstolo João, na Ilha de Pátmos, viu os quatro seres viventes os quais
louvam o Messias Jesus, de dia e de noite, proclamando: "Santo, Santo, é o
Senhor Deus, o todo-poderoso, o que era, que é, e que há de vir", Ap 4.8.

O PODEROSO DE JACÓ

"Mamarás o leite das nações, e te alimentarás ao peito dos reis; saberás que
eu sou o Senhor, o teu Redentor, o teu Salvador, o poderoso de Jacó", Is
60.16.

O objetivo destas palavras é ressaltar a vitória do povo judeu sobre as


nações gentílicas, quando o Messias aqui reinar.
As nações que oprimiram Israel serão subjugadas nessa ocasião, e trarão
suas riquezas minerais, como ouro, prata, bronze, ferro, para adornarem o
santuário, no qual os pés do Messias tocarão no reino milenar.

As expressões "o teu Redentor" e "o teu Salvador" significam que o


Messias, na segunda fase da sua segunda vinda, resgatará os judeus das
nações pelas quais andam espalhados, e salva-los-á das perseguições e
sofrimentos pelos quais têm passado através dos séculos.

Estas expressões podem significar também, que o Messias Jesus está pronto
para resgatar do cativeiro do pecado e salvar da condenação eterna, todo
israelita ou não-israelita que o aceitar como o seu Messias e Salvador.

Quanto à expressão "o poderoso de Jacó", temos a considerar o seguinte:


sabemos que o sufixo "oso", em português, significa "cheio de". Daí, a
palavra poderoso formada de poder + oso, quer dizer, literalmente: cheio
de poder ou pleno de poder. Portanto, se o Messias Jesus é o poderoso de
Jacó, ele é onipotente, ou seja, possui todo o poder. A preposição "de" aqui
empregada, indica procedência. Por conseguinte, o poderoso aqui
mencionado, é da procedência de Jacó. O Messias, segundo a carne, é da
descendência de Jacó.

O profeta Balaão, confirmando esta verdade, refere-se ao Messias dizendo:


"Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela
procederá de Jacó; de Israel subirá um cetro", Nm 24.17. Em Isaías 28.2, o
Messias é apresentado como "um homem valente e poderoso".
5
O SENHORIO DE JESUS

A forma original é "JEHOVAH SABOATH" e significa que Jeová tem


poder que se manifesta através de suas hostes celestiais. "E clamavam uns
para os outros dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos; toda a
terra está cheia da sua glória", Is 6.3.

O SENHOR DOS EXÉRCITOS

Há muita semelhança entre a visão do profeta Isaías no capítulo 6, e a do


apóstolo João no capítulo 4 de Apocalipse. Isaías viu "o Senhor assentado
no seu alto e sublime trono"; João viu o Cordeiro, que se assentava no seu
trono. Isaías viu que cada um dos serafins tinha seis asas; João viu que cada
um dos seres viventes também tinha seis asas.

O profeta declara: "os meus olhos viram o Rei".

O apóstolo viu o Cordeiro glorificado, que virá para reinar. O profeta


evangélico viu que a glória do Rei encheu toda a Terra; o vidente da era
cristã viu que os vinte e quatro anciãos, diante do trono, louvavam o
Cordeiro dizendo: "Tu és digno Senhor, Deus nosso, de receber a glória, a
honra e o poder...", Ap 4.11.

Em face destas considerações, chegamos à conclusão de que a pessoa


divina da visão de Isaías, é a mesma que João viu na Ilha de Pátmos.
Conseqüentemente, "O Senhor dos exércitos", referido em nosso texto, é
sem dúvida alguma, o Messias. Esta verdade torna-se tanto mais evidente,
ao observarmos que os quatro seres viventes que estão diante do trono,
adoram o Messias de dia e de noite, proclamando: "Santo, Santo, Santo, é o
Senhor Deus, o Todo-poderoso, o que era, que é, e que há de vir", Ap 4.8.

Em Isaías 8.13, o Messias é o "Senhor dos exércitos" cuja santidade deve


inspirar o nosso temor. Isto é confirmado pelo apóstolo Pedro quando diz:
"Não vos amedronteis, portanto, com as suas a ameaças, nem fiqueis
alarmados; antes santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações...", 1
Pe 3.14,15.
Já sabemos que a expressão "o Primeiro e o Último" refere-se ao Messias.
Portanto, Ele mesmo afirma o seu senhorio, dizendo: "Assim diz o Senhor,
Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e
eu sou o último, e além de mim não há Deus", Is 44-6-

Em Isaías 28.5, o Messias aparece como "o Senhor dos exércitos", que no
dia milenal, será a coroa de glória e o formoso diadema para o
remanescente do seu povo.

"A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor
dos exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o "Senhor dos exércitos", Ag
2.9.

É verdade que "a última casa" aqui referida, é o segundo templo, construído
sob a liderança de Zorobabel, segundo o decreto do rei Ciro da Pérsia em
536 a.C. A "primeira casa" foi o templo de Salomão destruído em 587 a.C,
por ordem de Nabucodonosor. Entretanto, quando diz: "... e neste lugar
darei a paz", refere-se àquela paz tão suspirada pelos judeus, a qual será
dada pelo Messias, o Príncipe da Paz. Logo, Ele é o "Senhor dos exércitos",
aqui mencionado.

O salmista Davi, referindo-se à vinda gloriosa do Messias, da qual seria


símbolo a entrada triunfante em Jerusalém, pergunta: "Quem é esse Rei da
Glória?" E ele mesmo responde dizendo: "O Senhor dos Exércitos, ele é o
Rei da glória", SI 24.10.

O profeta Zacarias descreve o reinado do Messias no milênio com as


seguintes palavras:

"Todos os que restarem de todas as nações que vierem contra Jerusalém,


subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos", Zc
14.16.

O SENHOR DEUS DE ISRAEL

"Sabereis que estou no meio de Israel, e que Eu sou o Senhor vosso Deus; e
não há outro", Jl 2.27.

Os versículos anteriores descrevem as bênçãos temporais advindas a Israel


nesta fase de sua restauração nacional. Essa época teve início em maio de
1948 quando, pela vontade de Deus, foi solenemente instalado o Estado de
Israel.
A reorganização do estado israelense e o progresso material experimentado
por esse povo, nos últimos anos, constituem indicações seguras de que
brevemente o Messias voltará para reinar pessoalmente no meio de Israel.
Daí se deduz que Ele mesmo (o Messias) é quem está dizendo: "Eu sou o
Senhor vosso Deus".

O mesmo profeta, referindo-se ainda ao reinado pessoal do Messias na


Terra, usa expressões semelhantes: "Sabeis que Eu sou o Senhor vosso
Deus, que habito em Sião, meu santo monte", Jl 3.17.

0 profeta Sofonias, antevendo a glória futura de Jerusalém no reino milenal,


alude ao Messias nos seguintes termos: "0 Senhor teu Deus está no meio de
ti, poderoso para salvar-te", Sf 3.17.

Em Ezequiel 39.7, lemos: "Farei conhecido o meu santo nome no meio do


meu povo Israel, e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome; e as
nações saberão que Eu sou o Senhor, o Santo de Israel".

Conforme ficou claramente demonstrado em capítulo anterior, a expressão


"Santo de Israel" é uma alusão ao Messias. Uma vez que o Senhor
mencionado neste texto apresenta-se a si mesmo como o "Santo de Israel",
Ele é, evidentemente, o Messias.

Vejamos o que mais diz Ele a respeito de si mesmo: "As nações saberão
que Eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando o meu santuário estiver
para sempre no meio deles", Jr 37.28.

Em Jeremias 7.11, encontramos uma série de advertências do Messias:


"Será esta casa que se chama pelo meu nome um covil de salteadores aos
vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo vi isto, diz o Senhor".

Certa feita, Jesus entrou no templo, expulsou os vendedores, derrubou as


mesas dos cambistas, dizendo-lhes: "Está escrito: a minha casa será
chamada casa de oração; vós porém, a transformais em covil de
salteadores", Mt 21.13. Cremos ter sido esta cena que o profeta Ezequiel
previu quando escreveu: "Eis que eu, eu mesmo vi isto, diz o Senhor".

O SENHOR JUSTIÇA NOSSA

"Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um renovo justo;
e, rei que é, reinará e agirá sabiamente, e executará juízo e justiça sobre a
terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro. Será este o
nome como que será chamado: Senhor justiça nossa", Jr 23.5,6.

A palavra renovo aqui empregada, é mais uma referência ao Messias.


Existem quatro profecias no Antigo Testamento que apresentam o Messias
como renovo, sob quatro aspectos diferentes, corpondendo exatamente aos
quatro evangelhos.

Esta profecia que estamos considerando aqui em Jeremias 23.5, apresenta o


Renovo como rei, e corresponde ao evangelho de Mateus. Zacarias 3.8
apresenta o Renovo como servo, e corresponde ao evangelho de Marcos.
Zacarias 6.12 apresenta o Renovo como homem, e corresponde ao
evangelho de Lucas. Isaías 4.12 apresenta o Renovo como Deus, e
corresponde ao evangelho de João.

E, assim, chegamos à conclusão de que o mesmo Jesus, cuja vida e obra


são descritas passo a passo pelos evangelistas do Novo Testamento, é aqui
mencionado como "Jehovah Tsidkenu", a saber: O Senhor justiça nossa.

O SENHOR ESPERADO

"Esperarei no Senhor que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele


aguardarei", Is 8.17.

Temos aqui uma declaração profética das mais alentadoras para o povo
judeu, porque revela a profunda esperança na vinda do Messias. Realmente,
Deus tem escondido o seu rosto da casa de Israel, pois há quase dois mil
anos Israel não recebe nenhuma comunicação profética, nem jamais
receberá qualquer revelação dessa natureza enquanto estiver em
desobediência. Apesar disso, o povo judeu tem sido ensinado, através de
sucessivas gerações, a esperar pelo seu Messias. Ele é, portanto, no texto
acima, o "Senhor", que esconde o seu rosto da casa de Jacó.

Em Isaías 25.9, encontramos mais uma profecia messiânica muito


significativa: "Naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus em quem
esperávamos, e ele nos salvará; este é o Senhor a quem aguardávamos. Na
sua salvação exultaremos e nos alegraremos".

A expressão "naquele dia" refere-se ao dia milenal, quando o Messias


estará reinando pessoalmente na Terra.
Quando diz: "e ele vos salvará" aponta para a restauração nacional do povo
judeu. Mas isto pode significar a salvação individual e espiritual para tantos
quantos o aceitarem como o seu Messias e Salvador, Ele é o "nosso Deus",
e o "Senhor" acima mencionado.

O SENHOR QUE VIRÁ

"Eis que envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim;
de repente virá ao seu templo o Senhor a quem vós buscais, o anjo da
aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem diz o Senhor dos Exércitos",
Ml 3.1. "O meu mensageiro", aqui referido, é João Batista, o precursor do
Messias, conforme ele mesmo declarou: "Eu sou a voz do que clama no
deserto: endireitai o caminho do Senhor...", Jo 1.23.

A expressão "o Anjo da Aliança", bem como "o Anjo de Jeová", tem sido
freqüentemente entendida pelos teólogos como uma referência ao Messias.
Daí se conclui que Ele é o aludido Senhor que repentinamente virá ao seu
templo. O próprio Messias confirmando a promessa da sua vinda para
reinar em Jerusalém, faz a seguinte proclamação: "Canta e exulta, ó filha de
Sião, porque eis que venho e habitarei no meio de ti, diz o Senhor", Zc
2.10.

"...regozijem-se todas as árvores do bosque, na presença do Senhor, porque


vem; vem para julgar o mundo com justiça e os povos consoante a sua
fidelidade", SI 96.12,13. O apóstolo Paulo, no seu famoso discurso
proferido aos filósofos de Atenas, referiu-se ao Messias Jesus, dizendo:
"...porquanto estabeleceu [Deus] um dia em que há de julgar o mundo com
justiça por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos,
ressuscitando-o dentre os mortos", At 17.31.

Já que este varão que há de julgar o mundo com justiça é o Messias, Ele é
mencionado acima como o "Senhor que vem".

O profeta Zacarias previu o advento do Messias acompanhado da sua Igreja


arrebatada, para reinar em Jerusalém: "Então virá o Senhor meu Deus, e
todos os santos com ele", Zc 14.5.

O SENHOR QUE REINARÁ

"O Senhor será rei sobre a terra, e naquele dia um só será o Senhor, e um só
será o seu nome", Zc 14.9. A expressão "naquele dia", encontrada
abundantemente na literatura profética, indica o dia milenal quando o
Messias reinará pessoalmente na Terra. Além disso, existem numerosas
passagens no Antigo Testamento que se referem ao Messias, apresentando-
o como o rei de Israel, conforme já vimos que o Renovo é rei, Jr 23.5.

Assim sendo, o Messias é "o Senhor que será Rei sobre toda a terra". Tanto
é assim, que a linguagem desse capítulo adapta-se perfeitamente ao fato de
o Messias Jesus ser a única pessoa da Santíssima Trindade que possui
forma corpórea. "Naquele dia" estarão os seus pés sobre o monte das
Oliveiras, que está defronte a Jerusalém, para o Oriente, Zc 14.4.

O profeta Miquéias, descrevendo a proeminência de Jerusalém como a


capital do reino messiânico, confirma o senhorio do Messias, dizendo: "... e
o Senhor reinará sobre eles no monte Sião, desde agora e para sempre", Mq
4.7.; "Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu
resplendor a lua te alumiará, mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu
Deus a tua glória", Is 60.19.

No versículo 16 encontramos as expressões "o teu Salvador" e o "teu


Redentor", que se aplicam perfeitamente ao Messias. Logo Ele é "o
Senhor" e o "Deus" acima mencionados.

O profeta Jeremias assim se refere ao reinado do Messias: "Naquele tempo


chamarão a Jerusalém o trono do Senhor", Jr 3.17.

Nessa ocasião, devido à presença do Messias na Terra, Jerusalém será


chamada: "Jehová Shammah", isto é, "o Senhor está ali", Ez 48.35.
6
A ENCARNAÇÃO DE JESUS

"O Senhor vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um
filho que chamará Emanuel", Is 7.14.

Estas palavras, proferidas sob inspiração divina, cumpriram-se com a mais


rigorosa exatidão. 0 evangelista Mateus, referindo-se ao fato, assim se
expressou: "Ora, tudo isto aconteceu para se cumprir o que fora dito pelo
Senhor, por intermédio do profeta: eis que a virgem conceberá e dará à luz
um filho, e Ele será chamado pelo nome de Emanuel", Mt 1.22,23.

O FILHO DA VIRGEM

A virgem aqui referida é Maria e o filho que deu à luz é o Messias. Quando
o anjo Gabriel anunciou-lhe tal acontecimento, ela manifestou sua
perplexidade, dizendo: "Como será isto, pois não tenho relação com
homem algum?" Lc 1.34.

Esta mesma dúvida ainda se faz ouvir atual-mente através de pessoas que
não aceitam os fatos que contrariam as leis naturais. Acontece, porém, que
essas leis constituem eloqüente testemunho da existência de um sábio
legislador, que é Deus. Portanto, a Ele compete suspender, modificar ou até
mesmo anular uma lei natural. Além disso, a lei natural também tem suas
exceções que muitas vezes contrariam a regra geral, e nenhum cientista
sabe explicar o porquê.

"Vejamos, por exemplo, a lei dos satélites: Todos os satélites avançam de


Leste para Oeste, em torno de suas bases primárias. O planeta Urano,
entretanto, possui quatro luas e todas elas violam a referida lei, operando
movimento inverso. Ao invés de avançarem de Leste para Oeste, as quatro
luas giram de Oeste a Leste, desrespeitando, destarte, a lei estabelecida.
Ninguém sabe explicar a razão disso. Prova isso que o Deus criador,
legislador e executor, determina a engrenagem direta ou inversa, conforme
sua autoridade e poder divino" (*).
Assim também, embora não saibamos explicar, cientificamente, como se
realizou a fecundação da virgem Maria, nada impede aceitarmos que esse
fenômeno realmente aconteceu.

O DEUS CONOSCO

"Ele será chamado pelo nome de Emanuel", Mt 1.23.

Com a queda de nossos primeiros pais, o homem ficou alienado de Deus


tornando-se escravo do pecado e totalmente impossibilitado de se libertar a
si mesmo.

Necessário se fazia, portanto, o aparecimento de um Redentor poderoso


que tivesse condições de pagar o preço da libertação. Esse redentor teria de
ser homem, porque o representante de qualquer classe tem de ser da mesma
espécie daqueles que são representados. Logo, somente um homem poderia
representar, judicialmente, a raça humana diante da justiça divina. Além
disso, somente um homem poderia compreender as reais necessidades da
raça decaída, e a profundidade do mal a que o pecado a levou.

Por outro lado, o redentor teria de ser Deus, porque somente Deus tem
poder para resgatar o homem do pecado; somente Deus, que é santo,
poderia substituir o pecador e dar plena satisfação pelas ofensas cometidas
contra Ele próprio. Portanto, a fim de satisfazer ambos os lados - o divino e
o humano - Deus humanizou-se na pessoa do seu Filho, o Messias Jesus.

A palavra Emanuel, aqui aplicada ao Messias, significa literalmente Deus


conosco (Mt 1.23), isto quer dizer que Jesus, quando esteve na Terra, ainda
que na forma humana, não era simplesmente um grande mestre como
erroneamente pensam alguns, mas sim, o próprio Deus encarnado.

A expressão "Deus conosco", sugere a idéia de que Deus identificou-se


conosco de tal maneira, que se tornou um semelhante a nós. Assim como os
israelitas armavam suas tendas no deserto, durante o tempo da sua
peregrinação, Deus também tabernaculou conosco, isto é, armou a sua
tenda entre nós. As duas naturezas do Messias Jesus, harmonizaram-se
perfeitamente. Ele não foi ora Deus, ora homem, mas em todos os
momentos de sua vida terrena, Ele foi Deus-homem, ou seja, Deus
conosco. Ele era tanto Deus como se não fosse homem, e tanto homem
como se não fosse Deus.
A LUZ RESPLANDECENTE

"O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e aos que habitavam na
região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz", Is 9.2. O profeta
Isaías explicando a razão de ser destas palavras relaciona-os com a pessoa
do Messias, dizendo: "Porque uni menino nos nasceu, um filho se nos deu,
Is 9.6. O evangelista Mateus, referindo-se a Jesus, aplica-lhes as palavras
contidas nos versículos 1 e 2 deste capítulo: Mt 4.12-16.

Não há dúvida, portanto, de que "essa grande luz" que resplandeceu nas
trevas é o Messias, Jesus de Nazaré. Seu nascimento foi previsto pelo
profeta como uma grande luz que resplandeceria na escuridão do pecado,
iluminando as nações gentílicas, que jaziam imersas nas densas trevas
espirituais. Deus, falando através de Isaías, declara: "Eu o Senhor te chamei
em justiça, tomar-te-ei pela mão, e te guardarei, e te farei Mediador da
aliança com o povo, e luz para os gentios", Is 42.6.

Aqui se refere ao Messias como o Mediador da aliança com o povo. Somos


informados através da epístola aos hebreus que o Mediador da nova aliança
é Jesus. Daí, concluímos que Ele é o Messias acima mencionado, e,
conseqüentemente, a luz para os gentios. "Também Te dei como luz para os
gentios, para seres a minha salvação até as extremidades da terra", Is 49.6.
Mais uma vez, aparece a expressão: "luz para os gentios". Deus promete
salvação, que viria através da mesma pessoa. 0 Messias Jesus. 0 velho
Simeão, no templo, ao tomar o menino Jesus em suas mãos, louvou a Deus
com as seguintes palavras: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo,
segundo a tua palavra, pois os meus olhos já viram a tua salvação, a qual
preparaste perante a face de todos os povos; luz para alumiar os gentios e
glória de teu povo Israel", Lc 2.29-32.

O MENINO SEM IGUAL

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre
os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte,
Pai da eternidade, Príncipe da paz", Is 9.6.

A esperança messiânica para os judeus consiste basicamente no advento do


Messias, que restaurará o reino de Davi, e governará sobre as nações da
terra. Daí se conclui que esse menino incomparável, acima referido pelo
profeta, é o Messias.
Seu nascimento foi anunciado em Nazaré, pequena vila da Galileia, através
do anjo Gabriel, que disse à virgem Maria as seguintes palavras: "Eis que
conceberás, e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus.
Este será grande, e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe
dará o trono de Davi, seu pai, e Ele reinará para sempre na casa de Jacó, e o
seu reinado não terá fim", Lc 1.31-33. Claro está, portanto, que esse
incomparável menino-rei, descendente de Davi, é o Messias Jesus, o
Nazareno.

Seu nome é maravilhoso, porque o nome "Jesus" significa Salvador. Ele


veio ao mundo para salvar e em nenhum outro nome há salvação. Ele
salvou Zaqueu, a mulher samaritana, a mulher pecadora, o ladrão penitente,
e está pronto a salvar o mais vil pecador.

Seu nome é conselheiro porque seus ensinamentos estão repletos de


conselhos da mais alta importância para os homens. Certa feita, as
autoridades judaicas mandaram uma escolta para prendê-lo, mas os
soldados voltaram sem Ele. Então os principais sacerdotes perguntaram-
lhes: "Por que não o trouxestes?" Eles responderam: "Nunca homem algum
falou assim como este homem", Jo 7.46.

Seu nome é Deus forte porque o seu poder não tem limites. Na medida da
sua soberana vontade, todos os males cessam e todos os problemas são
solucionados. Durante sua vida terrena, Ele expulsou demônios, acalmou a
tempestade, multiplicou os pães, curou toda a espécie de enfermidades,
ressuscitou mortos. E, atualmente, milhares de mortos espirituais estão
sendo ressuscitados pelo poder do seu Evangelho.

Seu nome é Pai da eternidade porque sua existência é anterior a todas as


coisas. Na sua cronologia divina, o passado e o futuro, simplesmente não
existem, pois Ele é o eterno presente.

"Naqueles dias um regente que governava, sábia e justamente, era descrito


como um pai para seu povo. Por isso o Senhor, falando por meio de Isaías,
diz acerca de um oficial: 'E será como pai para os moradores de Jerusalém,
e para a casa de Judá. E porei a chave da casa de Davi sobre os seus
ombros', Is 22.21,22. O pai Davi era homem e morreu; seu reino foi terreal
e com o tempo se desintegrou. Mas, de acordo com Isaías 9.6,7. o
descendente de Davi, o rei Messias, seria divino, e seu reino seria eterno.
Davi foi 'pai' temporário para o seu povo; o Messias será um 'Pai' eterno."
(**)

Seu nome é Príncipe da paz porque somente Ele trará paz verdadeira para
Israel e para o mundo. Embora o lema da ONU (Organização das Nações
Unidas) seja "Paz" e "Segurança", as nações vivem constantemente em
guerra.

Nenhum pacto firmado, nem qualquer organização humana, pode produzir


paz duradoura, porque a maioria dos homens que lançam mãos desses
recursos não tem em seu coração o Príncipe da Paz.

* Oliveira, Antenor Santos de - Fé e Ciência, p. 44.

**Pearlman, Myer - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, P. 162.


7
A humanidade de Jesus

"Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as
nuvens do céu, um como o Filho do homem...", Dn 7.13.

Neste capítulo sete, o profeta Daniel está relatando várias de suas visões
noturnas. Inicialmente, ele viu os quatro animais que representavam quatro
grandes impérios do mundo, a saber: o babilônico, o medo-persa, o greco-
macedônico e o romano. Daniel olhou outra vez e viu que, depois da queda
desses impérios, "um como o Filho do homem" vinha sobre as nuvens do
céu. Foi-lhe dado domínio sobre os povos, nações e línguas; o seu domínio
é eterno e o seu reino jamais será destruído; visto que se trata de um reino
eterno, este não é outro senão o messiânico. Logo, o Messias está
mencionado no texto acima, como "o Filho do homem". Esta expressão é
aplicada ao profeta Ezequiel, em seu livro, aproximadamente oitenta vezes.
Ao profeta Daniel, porém, coube empregá-la pela primeira vez, em alusão
ao Messias.

O FILHO DO HOMEM

No Novo Testamento, os evangelistas registraram oitenta e quatro


referências, nas quais o Senhor Jesus aplicou a si mesmo a expressão
"Filho do homem". Por exemplo: quando Ele foi preso e levado à casa do
sumo sacerdote Caifás. Este insistiu dizendo: "Conjuro-te pelo Deus vivo,
que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Disse-lhe Jesus: Tu o
disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem
assentado à direita do poder, e vindo sobre as nuvens do céu", Mt 26.63,64.

O salmista Davi referiu-se ao Messias, dizendo: "Quem é o homem para


que dele te lembres? E o filho do homem que o visites? Fizeste-o, por um
pouco, menor do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste", SI 8.4,5.

O autor da epístola aos hebreus transcreve integralmente estas palavras,


declarando ser a respeito do Senhor Jesus que Davi nelas se referiu:
"Vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os
anjos por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra,
para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos os homens", Hb
2.5-9.

"Aplicado a Cristo, 'Filho do homem', o designa como participante da


natureza e das qualidades humanas, e como sujeito às mesmas fraquezas
humanas. Entretanto, ao mesmo tempo, esse título implica em sua deidade,
porque, se uma pessoa enfaticamente declarasse: 'sou filho de homem' a ele
dir-se-ia: 'todos sabem disso. ' Porém, a expressão nos lábios de Jesus
significa uma pessoa celestial que se havia identificado definitivamente
com a humanidade como seu representante e Salvador. Ele, o Filho de
Deus, se fez filho do homem, para que os filhos dos homens pudessem ser
feitos filhos de Deus" (***).

O HOMEM RENOVO

"Assim diz o Senhor: eis aqui o homem cujo nome é Renovo: ele brotará
do seu lugar, e edificará o templo do Senhor", Zc 6.12.

Existem, no Antigo Testamento, quatro profecias que apresentam o


Messias como Renovo, sobre quatro aspectos diferentes, correspondendo
exatamente aos quatro evangelhos.

"Mateus, o evangelho dos judeus, corresponde à profecia: 'Levantarei a


Davi um renovo justo; e, sendo Rei, reinará' (Jr 23.5 e 33.15); Marcos, o
evangelho do servo, corresponde à profecia: 'Eis que eu farei vir o servo, o
renovo' (te 3.8); Lucas, que apresenta Cristo como o verdadeiro homem,
corresponde às palavras: 'Eis aqui o homem cujo nome é renovo' (Zc 6.12);
João, que se preocupa especialmente da pessoa e da obra divina de Cristo, é
apropriadamente relacionado com as palavras: 'O renovo do Senhor será
um ornamento e uma glória', Is 4.2. Há, ainda, quatro passagens no Novo
Testamento que começam com a palavra 'eis' e que correspondem também
a esses vários aspectos da pessoa de Cristo nos quatro evangelhos: 'Eis que
o teu rei virá a ti' (Zc 9.9); 'Eis aqui o meu servo' (Is 42.1); 'Eis aqui o
homem' (Zc 6.12); 'Eis aqui está o vosso Deus' (Is 40.9)" (****).

O apóstolo João, na ilha de Pátmos, viu o Cordeiro glorificado que estava


sentado num trono e rodeado por quatro seres viventes, que foram
identificados do seguinte modo: "O primeiro ser vivente é semelhante a
leão; o segundo semelhante a novilho; o terceiro tinha rosto de homem, e o
quarto é semelhante à águia quando está voando", Ap 4.7.
O leão, considerado rei da selva, representa o Evangelho de Mateus, escrito
para os judeus, com o propósito de lhes apresentar Jesus como Rei, ou seja,
o leão da Tribo de Judá; o novilho, animal típico do trabalho, representa o
evangelho de Marcos, dirigido aos romanos, para lhes apresentar Jesus
como o servo; o animal que tinha rosto de homem corresponde ao
evangelho de Lucas, que foi escrito aos gregos, para apresentar Jesus como
o homem "perfeito"; a águia, animal das maiores alturas, indica o
evangelho de João endereçado aos cristãos, com o objetivo de lhes
apresentar Jesus como Deus.

Portanto, como se vê, os quatro evangelhos, representados pelos quatro


animais e maravilhosamente preditos na profecia bíblica, focalizam os
quatro aspectos do Renovo, o Messias Jesus.. Conseqüentemente, as
palavras proféticas acima transcritas, cumprem-se fielmente em Jesus de
Nazaré, como representante da raça humana, sobre a qual futuramente
reinará.

*** Pearlman Myer - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, pp. 150-153

**** Thomas, W.H. Griffith - Como Estudar os Quatro Evangelhos, p.14.


8
A SUBMISSÃO DE JESUS

"Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem minha
alma se compraz", Is 42.1.

O SERVO DO SENHOR

Certa vez, Jesus advertiu as pessoas que eram curadas por Ele, de que não o
expusessem à publicidade, fazendo propaganda de seus milagres. O motivo
dessa observação era o cumprimento do que fora predito pelo profeta Isaías
nos quatro primeiros versículos desse capítulo 42, cujas palavras vêm
transcritas integralmente por Mateus, das quais ressaltamos-as seguintes:
"Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz",
Mt 12.15-21.

Sendo Jesus batizado por João Batista no rio Jordão, o Espírito Santo
desceu como pomba sobre Ele, e ouviu-se uma voz do Céu que dizia: "Este
é o meu Filho amado em quem me comprazo", Mt 3.16,17. Ele é, portanto,
o referido servo do Senhor em quem sua alma se compraz.

Quando falamos a respeito do homem Renovo, verificamos que existem, no


Antigo Testamento, quatro profecias apresentando o Messias como o
Renovo, sob quatro aspectos diferentes. Entre elas destaca-se aqui a do
profeta Zacarias que, inspirado pelo Espírito Santo, previu o primeiro
advento daquele que veio para servir, apresentando-o nos seguintes termos:
"Eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo", Zc 3.8.

Esta servilidade do Messias não implica, absolutamente em que, durante


sua vida terrena, Ele tenha deixado de ser Deus ou que a condição humana
tenha diminuído a sua divindade. Pelo contrário, conforme diz o apóstolo
Paulo aos Filipenses: "Ele a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de
servo". Submeteu-se, voluntariamente, à orientação do Pai, e, embora não
deixasse de ser Deus por um só momento, considerou-se apenas como
servo.

Sua futura exaltação será a recompensa dos seus sofrimentos, os quais Ele,
prudentemente, suportou: "Olhando firmemente para Jesus, o autor e
consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a
cruz", Hb 2.12. Tal procedimento do Messias Jesus foi assim predito pelo
profeta: "Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado e
elevado, e será mui sublime", Is 52.13.

SUBMISSO AO PAI

"Então eu disse: Eis aqui estou no rolo do livro está escrito a meu respeito;
agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu", SI 40.6-8.

A expressão" rolo do livro", aqui, refere-se, provavelmente, ao Pentateuco,


visto que o versículo anterior faz alusão aos holocaustos e ofertas pelo
pecado, coisas que se ofereciam segundo a Lei. Esses sacrifícios, embora
válidos e eficazes para os judeus daquele tempo, representavam realidades
espirituais que estavam por vir, através do Messias.

Neste salmo, o autor, falando por inspiração divina, está prevendo a


cessação desses sacrifícios, porque não seriam aceitáveis diante de Deus,
quando houvessem alcançado o seu total cumprimento na pessoa do
Messias Jesus.

Ele é apresentado como alguém que, ao entrar no mundo diz: "Sacrifícios e


ofertas não quiseste, antes corpo me formaste; não te deleitaste com
holocaustos e ofertas pelo pecado. Então eu disse: eis aqui estou (no rolo
do livro está escrito ao meu respeito) para fazer, ó Deus, a tua vontade", Hb
10.5-7.

Já nos tempos eternos, quando a santíssima Trindade resolveu criar o


homem, o Deus Filho ofereceu-se espontaneamente para ser o Redentor da
raça humana. O autor da epístola aos hebreus declara: "Muito mais o
sangue de Cristo que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem
mácula a Deus", Hb 9.14.

UNGIDO COM O ESPÍRITO

"O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu
para pregar boas-novas aos contritos, enviou-me a curar os quebrantados de
coração, e proclamar libertação aos cativos, e a pôr em liberdade os
algemados; a pregar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do
nosso Deus", Is 61.1,2.
A pessoa que se expressa nesses termos, e, por intermédio do profeta.,
declara sua unção com o Espírito Santo para o exercício do ministério
profético, é o Messias.

O evangelista Lucas informa que, certa vez, Jesus chegou a Nazaré, onde
fora criado, e entrou na Sinagoga num dia de sábado. Segundo seu
costume, levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías, e
Ele, abrindo-o, leu exatamente o texto acima, até onde se encontra a
expressão: "e apregoar o ano aceitável do Senhor". Terminada a leitura,
devolveu o livro ao chefe da Sinagoga e declarou o seguinte: "Hoje se
cumpriu esta escritura que acabais de ouvir", Lc 4.16-21.

É muito significativo que Jesus não tenha lido a segunda metade do


versículo 2 que menciona: "o dia da vingança do nosso Deus", pois esta
parte da profecia ainda se cumprirá futuramente.

Jesus afirmou que naquele dia esta escritura se cumpriu e realmente isso
aconteceu, porque Ele estava iniciando o seu ministério profético, para o
qual fora ungido. Ele curou física e espiritualmente os quebrantados de
coração, proclamou libertação aos escravos do pecado, libertou os
oprimidos pelo Diabo, e apregoou a tempo de perdão e de salvação.

Portanto, face ao cumprimento literal dessa profecia na pessoa de Jesus,


fica evidente, mais uma vez, a sua messianidade, ou seja, Ele é realmente o
Messias que havia de vir. Conseqüentemente, podemos esperar, com a mais
absoluta certeza, que a outra parte da profecia também se cumprirá da
mesma maneira. Num futuro próximo, Ele voltará e consumará "o dia da
vingança do nosso Deus".

Quando aprouve ao trino Deus tornar a obra redentora uma realidade no


tempo e no espaço, Deus, o Filho, encarnou. Ao entrar no mundo,
reafirmou sua disposição de morrer em favor da humanidade e, para tanto,
submeteu-se voluntária e incondicionalmente à vontade do Pai, declarando:
"Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade". Muitas vezes Satanás
procurou dissuadi-lo de cumprir a sua missão, mas Ele se manteve firme no
propósito de fazer a vontade daquele que o enviara, e realizar a sua obra.
9
OS SOFRIMENTOS DE JESUS

No salmo 41, Davi, lamentando sua situação, invoca o socorro de Deus


para protegê-lo de seus inimigos, que eram maledicentes, maldosos e
murmuradores. Essa adversidade chega ao clímax quando percebe que o
seu amigo íntimo também estava contra ele. Pelo que externou sua
profunda decepção, dizendo: "Até o meu amigo íntimo, em quem eu tanto
confiava, e que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar",
Sl 41.9.

TRAÍDO PELO AMIGO

Davi, inspirado pelo Espírito Santo, registrou essas palavras proféticas, que
se cumpriram com toda a exatidão na pessoa do Messias Jesus, que se
declara traído, sendo o seu traidor Judas Iscariotes.

O próprio Jesus deixou transparecer claramente que a escolha de Judas para


o apostolado foi para se cumprir a Escritura que diz: "Aquele que come do
meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar", Jo 13.18.

Ao citar essas palavras, Cristo não identificou aquele que o havia de trair,
mas apenas ressaltou a gravidade do seu erro, porque comendo do mesmo
pão, traiu o seu Senhor e Mestre. Entretanto, Jesus asseverou: "Em
verdade, em verdade vos digo, que um dentre vós me trairá", Jo 13.21.

0 discípulo a quem Jesus amava, reclinando-se ao seu peito, perguntou-lhe:


"Senhor, quem é?" Então Jesus identificou o traidor dizendo: "É aquele a
quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e,
tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes", Jo 13.26.

O salmista Davi acrescentou: "Os seus dias sejam poucos, e tome outro o
seu encargo", Sl 109.8. Estas palavras predizem a morte prematura de
Judas, e a sua substituição no apostolado. Foi a conclusão a que chegou o
apóstolo Pedro, falando à igreja reunida no Cenáculo, por ocasião da
escolha de Matias, quando declarou: "Irmãos, convinha que se cumprisse a
Escritura que o Espírito Santo proferiu anteriormente por boca de Davi,
acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus. Porque
está escrito no livro dos salmos: fique deserta a sua morada; e não haja
quem nela habite; e tome outro o seu cargo", At 1.16 e 20.

AVALIADO EM MOEDAS

"Eu lhe disse: se vos parece bem, dai-me o meu salário; e, se não, deixai-o.
Pesaram, pois, por meu salário, trinta moedas de prata. O Senhor me disse:
arroja isso ao oleiro, esse magnífico salário em que fui avaliado por eles.
Tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor",
Zc 11.12,13.

No Novo Testamento, esta profecia de Zacarias é citada por Mateus como


sendo de Jeremias: Mt 27.9,10. Como se pode explicar isso? O teólogo
Lightfoot, citado por Stewart, dá a seguinte explicação:

"A Bíblia hebraica se dividia em três volumes: a Lei. os Agiógrafos e os


Profetas. Ora. assim como os agiógrafos eram também chamados salmos
(Lc 24.44), pelo fato de Salmos ser o primeiro livro daquela coleção, assim
também Mateus, citando um trecho do livro de Zacarias, o indica como
tirado de Jeremias, pois que os escritos daquele profeta eram os primeiros
do volume dos profetas. Lightfoot estabelece indisputavelmente por meio
de citações do rabino, doutor Davi Chinchi, que o volume dos profetas
tomou o nome de Jeremias" *****.

Nos versículos acima transcritos, o profeta, falando em nome de Deus,


assemelha-se a um pastor que, angustiado pelo mau procedimento do seu
rebanho, resolve não mais apascentá-lo, e, como que pedindo exoneração,
diz: "Se vos parece bem, dai-me o meu salário! As ovelhas, por sua vez,
trataram o pastor com tanto descaso que, por seu salário, pesaram trinta
moedas de prata.

Através dessa parábola, o profeta previu que Jesus, o supremo pastor, seria
tratado tão desprezivelmente pelas autoridades judaicas, a ponto de
pagarem por Ele a insignificante importância de trinta moedas de prata. O
suicídio de Judas Iscariotes aconteceu também como estava predito:

"Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi


enforcar-se", Mt 27.5. Os sacerdotes, alegando ser preço de sangue,
deliberaram não colocar as moedas no cofre das ofertas, e compraram com
elas o campo do Oleiro. Quando se diz: "E as arrojei ao oleiro na casa do
Senhor", observa-se, nesta linguagem, uma inversão na ordem dos
acontecimentos, mas isto significa apenas que, primeiramente, as moedas
foram arrojadas para o templo, e, posteriormente, passaram às mãos do
oleiro.

A PEDRA REJEITADA

Em demanda da terra prometida, os israelitas chegaram a Refidim, e não


havia água ali. O povo murmurou contra Moisés, e este clamou ao Senhor.
A solução de Deus foi dada com as seguintes palavras: "Ferirás a rocha,
dela sairá água, e o povo beberá".

Quinze séculos mais tarde, o apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes de


Corinto, lembrou-se dos seus patrícios, e, desejando ajudá-los para que não
caíssem nos mesmos erros de seus antepassados, declarou: "Todos eles
comeram de um só manjar espiritual; e beberam da mesma fonte espiritual;
porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo",
1 Co 10.3,4.

No Novo Testamento, Jesus contou três parábolas, com o propósito de


ilustrar a rejeição e o desprezo com que Ele seria tratado pelo seu povo. Na
primeira, os judeus são representados pelo primeiro filho, que prometeu ao
pai ir trabalhar na vinha, e não foi. Na segunda, os judeus são os próprios
lavradores maus, que se recusaram a entregar o fruto da vinha, ao seu dono,
no devido tempo. Na terceira, os judeus são os primeiros convidados, que
simplesmente rejeitaram o convite.

Na conclusão da segunda parábola, Jesus dirigiu-se aos principais


sacerdotes, e, deixando claro que era a respeito deles que falava, fez-lhes a
seguinte interrogação: "Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os
construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra angular; isto
procede do Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos?", Mt 21.42; Mc
12.10; Lc 20.17.

Estas palavras, transcritas do salmo 118, versículo 22, predisseram a


rejeição do Messias pelos seus compatriotas, embora Ele se tornasse a
principal Pedra Angular. Esta dedução é confirmada pelo apóstolo Pedro,
quando, no seu famoso discurso proferido diante do Sinédrio, assim se
expressou: "Este Jesus é a pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se
tornou a principal pedra angular", At 4.11.
ODIADO SEM CAUSA

"O salmo 35 é constituído por uma fervorosa oração de Davi, através da


qual ele suplica a intervenção divina em seu favor, para lhe fazer justiça
contra os seus adversários. Estes eram impiedosos e ingratos, pois, embora
beneficiados por esse servo de Deus, viviam sempre tramando contra ele, e
buscando oportunidade para lhe tirar a vida. Daí porque ele orava, dizendo:
“Não se alegrem de mim os meus inimigos gratuitos; não pisquem os olhos
que sem causa, me odeiam”, Sl 35.19. Expressões idênticas são
encontradas em outros salmos do mesmo autor, como por exemplo:
"Cercam-me com palavras odiosas, e sem causa me fazem guerra", Sl
109.3.

"São mais que os cabelos de minha cabeça os que sem razão me odeiam",
Sl 69.4. Conquanto essas palavras expressam realmente a experiência de
Davi, elas encontraram o seu sentido mais elevado e o seu total
cumprimento na pessoa do Messias Jesus. Ele mesmo, referindo-se à
incredulidade de seus patrícios, declarou: "Isto, porém, é para que se
cumpra a palavra escrita na sua Lei: "Odiaram-me sem motivo", Jo 15.2.

O cumprimento exato desta profecia demonstra mais uma vez que o nosso
Deus não está sujeito a improvisações. O plano de redenção para a
humanidade por intermédio do Messias, perfeitamente traçado e registrado
nas Santas Escrituras, realizou-se rigorosamente como estava predito.
Cumpriu-se, igualmente, o que o Espírito Santo falou por boca de Davi no
salmo segundo: "Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam
coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o
Senhor e contra o seu ungido", SI 2.1,2.

A igreja em Jerusalém proferiu uma oração das mais lindas e poderosas,


que depois de mencionar estas palavras do salmo 2, alusivas ao Messias,
deixou para nós a seguinte explicação esclarecedora: "Porque
verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo servo Jesus, o
qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com os gentios e povos de Israel,
para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram", At
4.27,28.
DEFORMADO NA APARÊNCIA

"Porque foi subindo perante ele, e, como raiz duma terra seca, não tinha
aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos
agradasse", Is 53.2.

No primeiro versículo do capítulo 53, o profeta Isaías, tendo falado


bastante ao seu povo a respeito do Messias, está predizendo que suas
mensagens proféticas não seriam aceitas nem cridas pelos seus patrícios:
"Quem creu em nossa pregação? e a quem foi revelado o braço do
Senhor?"

A expressão "braço do Senhor" significa o poder de Deus revelado na


pessoa do Messias. Essa revelação foi feita inicialmente aos judeus, e, mais
tarde, a todas as nações. "O Senhor desnudou o seu santo braço à vista de
todas as nações e todos os confins da terra verão a salvação do nosso
Deus", Is 52.10. No Novo Testamento, a frase salvação do nosso Deus é
aplicada a Cristo pelo velho Simeão, quando disse: "Agora, Senhor,
despedes em paz o teu servo segundo a tua palavra; porque os meus olhos
já viram a tua salvação", Lc 2.29,30.

Quando se diz: "foi subindo como renovo perante ele", indica o


crescimento natural e normal do Messias Jesus, como informa o
evangelista: "Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria, e
a graça de Deus estava sobre Ele", Lc 2.40. Conforme vimos em capítulo
anterior várias vezes Ele é referido como "renovo". Isto quer dizer que,
através dele o reino de Israel será completamente restaurado, fazendo com
que sua glória exceda os tempos áureos dos reinados de Davi e Salomão:
Am 9.11-16. Seu aparecimento no cenário da história aconteceu numa
época em que a nação judaica, desprovida totalmente de espiritualidade, era
semelhante a uma terra seca.

Sua falta de aparência e formosura refere-se à maneira simples e modesta


como Ele chegou a nós. Os judeus esperavam um Messias nascido no
palácio, filho de uma família nobre, deitado num berço de ouro, adornado
com jóias e roupas finíssimas, cujo evento fosse anunciado com alarde e
aplausos das multidões. Pensavam que o Messias se apresentaria
publicamente como um soberano, trajado com vestes reais, pronto para
convocar os soldados para a guerra, a fim de libertar o povo do domínio
romano. Todavia, Ele nasceu numa estrebaria, na rude manjedoura de
Belém. Sua mãe, jovem, pobre e humilde, residia num casebre de Nazaré,
na Galileia. "Não teve por usurpação ser igual a Deus", mas se apresentou
humildemente, como homem de trabalho, rodeado de simples pescadores.
Foi este o motivo por que eles o desprezaram e o rejeitaram, cumprindo-se
assim, fielmente o que vaticinara o profeta: "Olhamo-lo, mas nenhuma
beleza havia que nos agradasse".

JULGADO INJUSTAMENTE

"Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou?
porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do
meu povo, foi ele ferido", Is 53.8. A expressão juízo opressor é uma
referência a Pôncio Pilatos que, nessa época, era o governador da Judéia.
Ele é denominado "juízo" porque realmente sua palavra foi decisiva a
respeito de Jesus, entregando-o às autoridades judaicas: "Tomai vós outros
e julgai-o segundo a vossa lei", Jo 18.31. Era também opressor, porque
representava o Império Romano que, de fato, escravizava e oprimia o povo
judeu naquela ocasião.

A palavra "arrebatado" aqui, segundo o original hebraico, significa


literalmente: "tirado com violência" ou "levado às pressas". Isto indica a
maneira ilegal com que se processou o julgamento do servo de Jeová. Eis
algumas das ilegalidades que aconteceram: a) o julgamento realizou-se à
noite; b) o acusado foi insultado e açoitado; c) as autoridades coagiram o
acusado; d) a defesa não foi ouvida.

Magistrados da atualidade afirmaram que a condenação de Jesus à morte


foi a maior injustiça cometida no direito penal, em todos os tempos. Essa
monstruosa injustiça também foi predita pelo salmista Davi, ao escrever o
seguinte: "Quando o julgarem, seja condenado; e tida como pecado a sua
oração", Sl 109.7.

No Novo Testamento, temos duas diferentes genealogias da mesma pessoa.


A de Mateus apresenta Jesus como filho de Davi e de Abraão, ao passo que
a de Lucas apresenta-o como descendente de Adão. O quarto evangelho
não menciona os seus ancestrais, porque o propósito é apresentá-lo como
Deus.

O evangelho de Marcos também não tem genealogia, porque foi


endereçado aos romanos, e estes não se interessariam em conhecer os
antepassados de um servo. Cremos.ter sido este fato que o profeta Isaías
predisse quando escreveu o seguinte: "... e de sua linhagem, quem dela
cogitou?" A seguir declara ainda o profeta que essa falta de cogitação de
sua linhagem foi, humanamente falando, a causa de sua condenação à
morte. "Porquanto foi cortado da terra dos viventes".

Se tivessem cogitado de sua linhagem e constatassem que Ele era de fato,


filho de Davi, certamente não o teriam condenado injustamente à morte de
cruz: "Porém, quando crucificado entre os dois malfeitores, um deles
blasfemava contra Ele dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a
nós também", Lc 23.39. O salmista anteviu esta cena e a descreveu com as
seguintes palavras: "Suscita contra ele um ímpio, e à direita esteja um
acusador", Sl 109.6.

O SERVO HUMILHADO

"Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro, foi
levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores,
ele não abriu a sua boca", Is 53.7. Na estrada que desce de Jerusalém para
Gaza, o evangelista Filipe, sabiamente orientado pelo Espírito Santo,
explicou este texto ao eunuco etíope, dizendo-lhe que se tratava da pessoa
de Jesus: At 8.32.

À semelhança da ovelha quando está sendo tosquiada, o Messias Jesus


sofreu em silêncio as afrontas de seus algozes. Realmente, Ele não abriu a
sua boca. Tudo suportou por amor à vontade do Pai, conforme previu o
salmista: "Pois tenho suportado afrontas por amor de ti, e o rosto se me
encobre de vexame", SI 69.7. "Era coisa comum, naqueles tempos, ouvir-se
uma pessoa acusada gritar veementemente alegando sua inocência; ou
insultar seus acusadores, ou implorar justiça. De fato, era tão comum, que
Pilatos estranhou que Cristo se conservasse calado" ******.

"A palavra 'oprimido', apresenta o resumo das afrontas e dos ultrajes que
Cristo sofreu dos seus contemporâneos, em conseqüência do julgamento
falso que formaram a respeito da sua pessoa e da sua obra. O termo
significa o tratamento cruel que os escravos recebiam dos senhores"
*******.

Quando diz: "Ele foi oprimido e humilhado" refere-se ao conjunto das


ofensas físicas e morais que os homens lhe causaram. As autoridades
judaicas, fazendo acusações falsas, apresentaram-no a Pilatos. Este, depois
de interrogá-lo, entregou-o para ser açoitado e crucificado. Os soldados
açoitaram-no; teceram uma coroa de espinhos e lha puseram na cabeça;
deram-lhe bofetadas; cuspiram no seu rosto.

Todas essas humilhações aconteceram para se cumprir também o que fora


predito pelo próprio Senhor Jesus, por intermédio do profeta: "Ofereci as
costas aos que me feriam, e as faces aos que me arrancavam os cabelos;
não escondi o meu rosto dos que me afrontavam e me cuspiam", Is 50.6.

***** Gióia, Egídio - Notas e Comentários à Harmonia dos Evangelhos, p.


356.

****** Olson, N. Lawrence - O Servo de Jeová, p. 55.

******* Crabtree, A. R. - A Profecia de Isaías, p. 232.


10
A MORTE DE JESUS

O capítulo doze de Êxodo descreve os fatos relacionados com a instituição


da Páscoa. Face à resistência de Faraó, não deixando ir os filhos de Israel,
Deus ordenou a Moisés que preparasse o povo para a saída, e, como
memorial desse evento, instituiu a Páscoa.

No décimo dia do primeiro mês (abibe ou nisã), cada família escolheria um


cordeiro, conforme o número de pessoas da casa. O cordeiro, animal dócil e
maleável, serve perfeitamente para representar a humildade e a mansidão
do Messias Jesus, como Ele mesmo afirmou: "Tomai sobre vós o meu jugo,
e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração", Mt 11.29.

O CORDEIRO IMOLADO

Deus determinou também, que o cordeiro fosse fisicamente perfeito. Não


poderia ser coxo, aleijado, cego, ou ter qualquer outro defeito, pois deveria
ter todas as condições físicas para tipificar a perfeição moral daquele, que,
mais tarde, seria apresentado como "o Cordeiro de Deus que tira o pecado
do mundo", Jo 1.29.

No dia catorze de abibe (ou nisã), o cordeiro deveria ser imolado no


crepúsculo da tarde. Este horário corresponde ao período que vai das 15 às
18 horas. Os evangelhos sinóticos informam que foi precisamente por essa
hora que o Senhor Jesus expirou: Mt 27.46; Mc 15.34; Lc 23.44.

A carne do cordeiro, depois de assada no fogo, seria comida durante, à


noite, com pães asmos e ervas amargas. Jesus mesmo explicou o
significado tipológico desta figura, dizendo: "Porque a minha carne
verdadeiramente é comida", Jo 6.55. Sabemos que o alimento, antes de ser
ingerido, passa pela mastigação. Foi exatamente isso que o profeta Isaías
predisse a respeito de Jesus ao dizer: "Mas ele foi traspassado pelas nossas
transgressões, e moído [triturado] pelas nossas iniqüidades", Is 53.5.
Depois de triturado, o alimento passa pela deglutição, e, assim, é
consumido. O próprio Jesus, falando por intermédio do salmista Davi,
declarou: "Pois o zelo da tua casa me consumiu", Sl 69.9;
O fermento, símbolo da corrupção, era terminantemente proibido durante a
Páscoa. Os pães asmos (ou pães sem fermento), representavam a pureza de
vida que deveria caracterizar todos aqueles que, pela fé, participariam do
Cordeiro de Deus imolado no madeiro do Calvário. Tanto assim, que o
apóstolo Paulo, concitando os crentes de Corinto a uma vida de santidade,
faz a seguinte exortação:

"Lançai fora o velho fermento para que sejais nova massa, como de fato
sois sem fermento, pois Cristo [o Messias], nosso cordeiro pascal, já foi
imolado por nós", 1 Co 5.7.

As ervas amargas tipificavam as amarguras pelas quais passariam os


israelitas no deserto, embora também representassem as adversidades da
vida cristã, conforme Jesus mesmo previu: "No mundo tereis aflições", Jo
16.13.

O cordeiro tinha de ser comido totalmente, mas não se poderia quebrar


nenhum de seus ossos. O evangelista João informa que os soldados
quebraram as pernas dos outros crucificados e, chegando-se a Jesus, como
já estivesse morto, não lhe quebraram as pernas: "E isto aconteceu para se
cumprir a escritura: nenhum dos seus ossos será quebrado", Jo 19.36.

O salmista Davi, falando por divina inspiração, também previu este fato,
dizendo: "Preserva-lhe todos os ossos; nenhum deles sequer será
quebrado", SI 34.20.

O sangue do cordeiro seria posto nas ombreiras das portas das casas em que
o comessem. Este era o sinal de que os primogênitos israelitas seriam
poupados da morte, naquela noite em que Deus feriu a terra do Egito.
Assim também, o sangue do Cordeiro de Deus, derramado na cruz, é o
sinal de que muitos serão livres da morte eterna.

FERIDO MORTALMENTE

"Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu


descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar", Gn 3.15.

Os teólogos chamam este versículo de "proto-evangelho" e com muita


razão, porque, realmente, temos aqui o anúncio do primeiro Evangelho, ou
a primeira promessa da vinda do Redentor. Satanás, representado pela
serpente, seria o ferrenho inimigo de Jesus Cristo, o descendente da
mulher, e lhe causaria o ferimento no calcanhar, o que se cumpriu na cruz
do Calvário. Porém, Ele ressuscitou ao terceiro dia, e, assim, Satanás, o
causador de sua morte, ficou derrotado para sempre, cumprindo-se
claramente a profecia: "Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar".

O profeta Zacarias faz alusão a um certo pastor que seria tratado tão
desprezivelmente pelas ovelhas, a ponto de pagarem por ele, apenas trinta
moedas de prata: Zc 11.12,13. O mesmo profeta ainda se refere a esse
pastor dizendo: "Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o homem
que é meu companheiro, diz o Senhor dos exércitos; fere o pastor, e as
ovelhas ficarão dispersas, mas volverei a minha mão para os pequeninos",
Zc 13.7.

A expressão "o homem que é meu companheiro" está em perfeita


consonância com a narrativa de João, quando afirma: "Ele estava no
princípio com Deus" (Jo 1.2), daí, concluímos que esse pastor ferido, acima
mencionado, é, indiscutivelmente, o Messias Jesus. "Esta noite todos vós
vos escandalizareis comigo; porque está escrito: "Ferirei o pastor, e as
ovelhas do rebanho ficarão dispersas", Mt 26.31.

O profeta supracitado continua falando a respeito do Messias, com as


seguintes palavras: "E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de
Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim
a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito,
e chorarão por ele como quem chora amargamente pelo primogênito", Zc
12.10. Esta profecia refere-se a tempos futuros, quando Jesus aparecer
pessoal e visivelmente aos judeus, os quais chorarão e prantearão por
reconhecerem que Ele é realmente o Messias, o Salvador.

Sabemos perfeitamente que Jesus é o Filho Unigênito de Deus, o


primogênito da virgem Maria. Fica evidente, portanto, que Ele mesmo é
quem está falando através do profeta, quando diz: "Olharão para mim a
quem traspassaram", Zc 12.10.

O capítulo 53 de Isaías descreve, pormenorizadamente, a humilhação de


Jesus, desde o seu nascimento na manjedoura de Belém, até o momento
quando expirou no madeiro do Calvário. Quando Ele estava sofrendo na
cruz, os judeus pensavam que os seus sofrimentos eram em conseqüência
de pecados que tivesse cometido. E o profeta previu esse fato, dizendo: "e
nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido...", Is 53.4.
Os judeus, atualmente, ainda pensam da mesma maneira. Mas futuramente,
quando eles receberem Jesus como o seu Messias, reconhecerão que 1 Ele
era inocente, e eles, sim, é que são culpados. Então eles confessarão os seus
pecados, dizendo: "Certamente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades,
e as nossas dores levou sobre si", Is 53.4.

Conforme escreveu Moisés, no capítulo 16 de Levítico, a oferta pelo


pecado era feita do seguinte modo. O povo trazia dois bodes à presença do
sacerdote, e o sacerdote lançava sorte sobre eles. O que fosse escolhido
para sei o bode expiatório era imolado, e seu sangue era espargido sobre o
altar, em favor dos filhos de Israel. Em seguida, o sacerdote punha ambas
as mãos sobre a cabeça do outro bode, "o emissário", e confessava as
iniqüidades dos israelitas, para depois enviá-lo ao deserto, levando sobre si
os pecados do povo.

Esses dois bodes representavam dois aspectos da única obra expiatória que
Cristo realizou no Calvário. Quando diz: "tomou sobre si" deixa claro que
Ele assumiu a responsabilidade de pagar a nossa dívida ou que Ele se
tornou o nosso fiador. Isso corresponde ao sacrifício do bode expiatório,
mas quando diz: "levou sobre si" indica que o perdão de Deus para os
nossos pecados (representados pelo bode emissário), jamais serão
lembrados.

O MESSIAS CLAMANDO

"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?", Sl 22.1.

Estas palavras de Davi, proferidas por divina inspiração, cumpriram-se na


pessoa do Messias Jesus: quando Ele agonizava na cruz, bradou em alta
voz, dizendo: "Eli, Eli, lama sabactâni, que quer dizer: Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste?" Mt 27.46.

Os opositores da divindade de Jesus valem-se de textos como estes para


objetarem em que, se Ele fosse Deus, não teria falado desta maneira.
Entretanto, eles se esquecem de que Jesus não era somente Deus, nem
somente homem, mais Deus-homem, por isso, quando Ele clamou: "Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste?", estava falando apenas como
homem e representante legal da raça humana. Ele se sentiu desamparado
pelo Pai, porque Deus, sendo santo não poderia contemplar seu Filho
naquele momento cruciante, em que Ele se fazia culpado, ao tomar sobre si
os pecados de toda a humanidade.

Alguns homens que estavam ali perto da cruz ouviram Jesus clamando; um
deles, tomando uma esponja, embebeu-a de vinagre e deu-lhe a beber,
cumprindo-se, deste modo, o que Ele mesmo falara por intermédio de Davi,
dizendo: "Por alimento me deram fel, e na minha sede me deram a beber
vinagre", Sl 69.21.

Os transeuntes zombavam dele, meneando os cabeças, como predisse Davi:


"Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a
cabeça", Sl 22.7; 109.25; Mt 27.39. Os principais sacerdotes também
escarneciam dele, e, ainda que inconscientemente, pronunciavam palavras
que foram preditas por Davi, com referência ao Messias: "Confiou no
Senhor! livre-o ele, salve-o, se nele tem prazer", SI 22.8; Mt 27.43.

O profeta Jeremias, quando em profunda tristeza pelas ruínas de Jerusalém


e pelos sofrimentos de seus compatriotas que estavam no exílio, descreveu,
inspiradamente, o clamor do Messias, no Calvário, com as seguintes
palavras: "Não vos comove isto, a todos vós que passais pelo caminho?
Considerai, e vede se há dor igual à minha...", Lm 1.12. Essas palavras
proféticas serviram de inspiração ao poeta sacro, quando escreveu:

"O vós que passais pela cruz do Calvário, Podeis contemplar sem tristeza,
sem dor, Que, pra livrar-nos do grande adversário, Seu sangue inocente
derrama o Senhor?" (R.H.Moreton).

MORTO O UNGIDO

"Depois das sessenta e duas semanas será morto o ungido, e já não


estará...", Dn 9.26.

As sessenta e duas semanas, aqui mencionadas, fazem parte integrante das


setenta semanas determinadas sobre o povo judeu e sobre Jerusalém, a
santa cidade. São setenta semanas de anos, nos quais os judeus seriam
punidos por Deus por causa dos seus pecados. O propósito dessa punição
vem descrito pelas seguintes expressões: fazer cessar a transgressão; pôr
fim aos pecados; expiar a iniqüidade; trazer a justiça eterna; selar a visão e
a profecia; ungir o Santo dos Santos: Dn 9.24.
Considerando que estes objetivos ainda não foram alcançados, temos de
concluir que as setenta semanas também ainda não se cumpriram
totalmente. Elas deveriam ser contadas a partir da ordem para restaurar e
para edificar Jerusalém que, segundo entendemos, foi o decreto do rei Ciro
da Pérsia, em 536 a.C: 2 Cr 36.22,23; Ed 1.1,2; Is 44. 28; 45.13.

Partindo dessa data, até ao ungido, ao Príncipe, foram decorridas sete


semanas e sessenta e duas semanas. As sessenta e duas adicionadas às sete
primeiras totalizam sessenta e nove semanas. Portanto, conforme vaticinou
o anjo Gabriel, depois das sessenta e nove semanas, seria morto o Messias
Jesus, o que de fato aconteceu no Calvário.

O evangelista Lucas informa que, da hora sexta até a hora nona, houve
trevas sobre toda a Terra. Em seguida, o véu do templo rasgou-se pele meio
de alto a baixo, e Jesus clamou em alta voz: "Pai, nas tuas mãos entrego o
meu espírito! E, dito isto, expirou", SI 31.5; Lc 23.46.
CONCLUSÃO

Conforme temos demonstrado sobejamente nestas páginas, as profecias


messiânicas referentes ao primeiro advento do Messias cumpriram-se
rigorosamente na pessoa de Jesus. Diante disso, somos levados
naturalmente a concluir que Ele é, de fato, o Messias que havia de vir ao
mundo.

Quando os dois discípulos, tristes e aparentemente derrotados, caminhavam


juntos em direção à aldeia chamada Emaús, iam confabulando a respeito
dos últimos acontecimentos. De repente, Jesus apareceu ao lado deles e
perguntou-lhes: "Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à
medida que caminhais?" Um deles, surpreso com a suposta falta de
informação de seu interlocutor, respondeu: "És o único, porventura, que,
tendo estado em Jerusalém, ignoras as últimas ocorrências?" E Jesus,
provocando maior suspense, indagou: "Quais?" E eles explicaram: "O que
aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e
palavras, e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o
entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, nós
esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas depois de
tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam", Lc
24.19-21. Então lhes disse Jesus: "0 néscios e tardos de coração para crer
tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo [O
Messias] padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés,
discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito
constava em todas as Escrituras", Lc 24.25-27.

Portanto, leitor amigo, ao terminar a leitura deste livro, seja você diligente
para crer tudo que os profetas disseram a respeito de Jesus. Creia que Ele é
o Messias e aceite-o como seu único Salvador e Senhor! Amém.

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