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ATUALIZAÇÃO EM OFTALMOLOGIA

Coordenador: Dr. Harley E. A. Bicas


Prof Titular de Oftalmologia
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

o Autor: Conjuntivites
Ora. Denise de Freitas
Dra. Denise de Freitas e Prof. Dr. Rubens Beflort Jr.
Médica graduada pela Faculdade de
Medicina do ABC, em 1983.
Residência em Oftalmologia pela Escola
Paulista de Medicina, no período de 1984 a
1985.
Subespecialiwção em Doenças Externas e
Córnea, pelo Departamento de Oftalmologia
da Escola Paulista de Medicina, de 1986 a
1989.
Mesire em Oftalmologia pela Escola Paulista vites bacterianas agudas são, geral­
de Medicina, em 1989. INTRODUÇÃO
Pesquisadora associada do Departamento
mente, bilaterais (com o segundo olho
de Imunologia, Unidade de Virologia, do acometido mais tardiamente 2 ou 3-

.. Eye Research Institute of Retina Conjuntivite é um processo de in­ dias) e manifestam-se como sensação
Foundation lO, "Harvard Medical School", flamação da conjuntiva, caracteriza­ vaga de corpo estranho, secreção mu­
de julho de 1989 até dezembro de 1991. do por dilatação vascular, infiltração
Estagiária do Serviço de Córnea do copurulenta, hiperemia conjuntival
"Massachussets Eye and Ear Infirmary w,
celular e exsudação. Sinais como hi­ difusa e, em alguns casos (H. influen­
" Harvar d Medical School w, dejulho de 1989 peremia, edema e papilas são inespe­
za e S. pneumoniae), hemorragia sub­
até dezembro de 1991. cíficos, enquanto folículos, papilas gi­
Aluna do Curso de Pós-graduação em conjuntival. Linfoadenopatia pré-au­
Oftalmologia, nível doutorado; Escola
gantes e membranas são mais especí­ ricular, em geral, não é observada em
Paulista de Medicina. ficos, podendo ajudar no diagnóstico infecções bacterianas da conjuntiva
diferencial. A conjuntivite pode ser a em virtude do caráter não invasivo dos
manifestação de um processo infec­ microrganismos (exceção para as in­
o Tema: cioso local ou o sinal de uma doença fecções causadas por Neisseria sp).
"Conjuntivites" sistêmica. Além disso, a conjuntiva Cultura e esfregaço conjuntival são
pode ser alvo de infecções oportunis­ necessários somente nas conjuntivites
Desde as mais simples até as
tas, principalmente nos casos de pa­ agudas severas e do recém-nascido.
mais complexas, as conjuntivites
cientes imunodeprimidos. Em relação à terapêutica, o uso tópico
são um achado freqüente nos
de antimicrobianos de amplo espectro
consultórios, ambulatórios e CONJUNTIVITES BACTERIANAS ou combinação de drogas (neomicina,
pronto-socorros. O
bacitracina e polimixina e, mais re­
desenvolvimento de resistência
A conjuntiva é normalmente colo­ centemente lançada, a combinação do
bacteriana e o aparecimento de
nizada por uma flora bacteriana, em sulfato de trimetoprim [com ação so­
novas afecções, como a Febre
equilíbrio dinâmico com as defesas do bre bactérias gram-positivas aeróbi­
Purpúrica Brasileira, mostram a
organismo humano. Quando este cas], com o sulfato de polimixina B
importância e a necessidade
equilíbrio é perturbado por aumento ração sobre várias bactérias gram-ne­
desta revisão. Ainda, a
na proliferação da flora normal , pre­ gativasD são apropriados para o trata­
manifestação da conjuntivite
sença de organismo mais virulento ou mento das conjuntivites agudas que
como primeíro sinal de uma
alteração nos mecanismos de defesa não apresentam cura espontânea(3l. Os
doença sistêmica coloca o
do hospedeiro, a conjuntivite ocorre. aminoglicosídeos (gentamicina e a
oftalmologista no importante
Muitos fatores, tais como diferenças tobramicina) e novos antibacterianos
papel de reconhecimento e
regionais, populacionais e sanitárias como as quinolonas (ciprofloxacina),
tratamento precoce de tais
podem influenciar na incidência dos devem ser reservados para casos mais
doenças. São aqui discutidos os
agentes etiológicos das conjuntivites severos de ceratites e de resistência
mais comuns e os novos agentes
bacterianas. bacteriana(4l. É importante lembrar
etiológicos conhecidos das
que o cloranfenicol, mesmo quando
conjuntivites, assim como as suas
1. Conjuntivites bacterianas agu­ usado topicamente, pode causar ane­
diferentes formas de
das « 4 semanas) : são mais freqüen­ mia aplástica<Sl.
apresentação clínica. Também
temente causadas pelo Staphylococ­
apresenta-se uma revisão no
cus aureus, Streptococcus pneumo­ 1.1. Staphylococcus aureus: conti­
diagnóstico e tratamento.
niae e Haemophylus Sp(l,2l. Conjunti- nua sendo um dos agentes etiológicos

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Conjuntivites

mais comuns das conjuntivites bacte­ quiais da pele, sangue e conjuntiva de bacterianos negativos, com exce­
rianas, afetando todos os grupos po­ algumas destas crianças(8). ção do H. aegyptius;
pulacionais. Este coco aeróbico gram­ A FPB se inicia, em 90% dos ca­ c. hemocultura negativa para qual­
positivo também produz toxinas e en­ SOS(9,1O), com conjuntivite purulenta quer outra bactéria, com exceção
zimas, que podem causar complica­ causada por H. influenzae, do biogru­ do H. aegyptius;
ções corneanas, como infiltrados peri­ po aegyptius(lI), que seria uma cepa d. estudos sorológicos negativos para
f�ricos estéreis, flictênulas, nódulos bacteriana, com caráter invasivo, es­ outros possíveis patógenos, com
limbares, úlceras infecciosas e endof-' pecialmente relacionada a FPB. O in­ exceção do H. aegyptius.
talmites(6). A conjuntivite aguda por S. tervalo médio entre o ataque de con­ A FPB é uma doença de notifica­
aureus pode apresentar cura espontâ­ juntivite e a febre é de 7 a 16 dias ção compulsória.
nea ou evoluir para um estado crônico (variando de 1 a 60 dias)(9, I O). Exames Em relação à terapêutica, o uso de
de infecção, quase sempre associado à laboratoriais são geralmente inespecí­ antibiótico tópico para o tratamento
blefarite ou dacriocistite. ficos(9), mas podem revelar tromboci­ da conjuntivite parece não prevenir a
topenia e contagem de glóbulos bran­ FPB(l2). No entanto, o uso de antibió­
1.2. Streptococcus pneumoniae: é cos e tempo de protrombina aumenta­ ticos sistêmicos, principalmente antes
um diplococo aeróbico gram-positivo dos. O único teste específico para a do aparecimento das lesões hemorrá­
que ocorre mais freqüentemente em FPB é a hemocultura(I O). Se não trata­ gicas de pele, parece ser efetivo na
crianças, e que pode ser isolado do dos, alguns pacientes podem desen­ redução da mortalidade(l2). Todas as
trato respiratório superior de crianças volver petéquia, púrpura e morte por cepas de H. aegyptius isoladas de pa­
saudáveis. A infecção conjuntival é, toxemia e choque. E importante res­ cientes com a FPB são sensíveis, in
geralmente, autolimitada(6). saltar que, clinicamente, a FPB é simi­ vitro, tanto à ampicilina quanto ao
lar à meningococcemia, fazendo-se cloranfenicol(ll), assim como à amo­
1.3. Haemophylus influenzae: tam­ necessário o diagnóstico diferencial xacilina, rifampicina, tetraciclina e
bém é um agente etiológico comum desta infecção. ceftriaxona. A maioria dos isolados é
em conjuntivite de crianças. Este mi­ Caracterização da FPB(8): resistente ao sulfametoxasol-trimeto­
crorganismo pleomórfico aeróbico A. quadro febril em criança e subse­ pri m(13).
gram-negativo causa infecção con­ qüente isolamento do H. aegyptius no
juntival autolimitada que, em alguns sangue, líquor ou qualquer outro local 2. Conjuntivites bacterianas hipe­
casos evolui para celulite orbitária e estéril do organismo; ou ragudas: A Neisseria gonorrhoeae é
bacteremia. De fundamental impor­ B. 1. desenvolvimento de doença a causa mais freqüente de conjuntivite
tância é a possibilidade de crianças aguda, em criança de faixa etária de 3 bacteriana hiperaguda. O quadro clí­
com conjuntivite por H. influenzae meses a 10 anos, identificada por: nico é em geral bilateral, com rápida
desenvolverem febre purpúrica brasi­ a. febre � a 3 8 . 5°C; evolução para inflamação severa, in­
leira e óbito. b. dor abdominal e/ou vômito; tensa exsudação purulenta, quemose,
c. presença de petéquia e/ou púrpura; edema bipalpebral e linfoadenopatia
1.3.1.Febre purpurlca brasileira d. ausência de sinais meníngeos. pré-auricular . A N. gonorrhoeae pode
(FPB): foi descrita pela primeira vez B. 2. história de conjuntivite em até atravessar o epitélio corneano íntegro
na literatura mundial em 1985(7), após 30 dias antes do aparecimento da fe­ e progredir para úlcera de córnea e
um surto epidêmico na cidade de Pro­ bre; perfuração. Todos os casos de conjun­
missão, no Estado de São Paulo. Dez B. 3. pelo menos um dos seguintes tivite hiperaguda devem ser submeti­
crianças desenvolveram febre alta, testes, negativo para pesquisa de Neis­ dos a raspado conjuntival e análise do
dor abdominal, vômitos, lesões he­ seria meningitidis: esfregaço por Giemsa e Gram. A peni­
morrágicas de pele, colapso vascular e a. hemocultura, previamente a qual­ cilina G é o antibiótico de primeira
morte, em média 30 horas após a apte­ quer antibiótico; linha para o tratamento das conjunti­
sentação dos sinais agudos da doença. b. antígenos de N. meningitidis no vites gonocócicas. A associação da
Investigações epidemiológicas reve­ soro e urina. penicilina G com a probenecida, quan­
laram que estas crianças apresenta­ B. 4. Outros dados laboratoriais, quan­ do indicada, deve ser utilizada somen­
ram conjuntivite purulenta em um do possíveis, como: te nos casos de conjuntivite gonocóci­
período de até 30 dias anteriores aos a. líquor contendo no máximo 100 ca do adulto. A Ceftriaxona(l4) (Roce­
sintomas sistê micos. Haemophylus leucócitos/mm3; fm®) e cefotaxima(IS) (Claforan®) são
influenzae foi isoladodas lesões pete- b. cultura ou detecção de antígenos utilizados nos casos de resistência à

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Conjuntivites

penicilina. O tratamento tópico pode (PCR)(\9). Anticorpos têm sido produ­ 3. Tracoma: o quadro inicial é de
ficar reduzido a freqüente irrigação zidos em primatas, através da imuni­ conjuntivite folicular crônica (mais
ocular com solução salina, tomando­ zação com proteínas extraídas das cla­ importante no tarso superior), que
se o cuidado de não danificar o epité­ mídias, o que possibilitará, talvez, o evolui para cicatrização conjuntival,
lio corneano ou irrigação com penici­ desenvolvimento de uma vacina con­ levando a formação de entrópio e
lina G (loo.DOOU/ml) quando há com­ tra esta infecção(20). triquíase. Devido às alterações cica­
prometimento corneano. Nos casos de triciais, conjuntivais e palpebrais, es­
resistência à penicilina, indica-se o 1. Conjuntivite de inclusão do re­ tes pacientes tendem a desenvolver
uso tópico de bacitracina, eritromici­ cém-nascido: apresenta-se como um ceratites, úlceras de córnea, neOvas­
na ou gentamicina. Muito menos fre­ case de conjuntivite purulenta aguda, cularização e leucomas. A Organiza­
qüente é a incidência de conjuntivite geralmente 5- 12 dias após o nasci­ ção Mundial de Saúde classifica o
bacteriana hiperaguda por N. menin­ mento. Lembrar que o recém-nascido tracoma baseado na apresentação clí­
gitidis. Cuidado especial deve ser to­ não apresenta reação conjuntival foli­ nica da doença(21) como se descreve
mado em relação à disseminação da cular. O teste diagnóstico mais utiliza­ abaixo:
infecção com meningite. O tratamen­ do é o raspado conjuntival, corado - Inflamação tracomatosa folicular
to tópico isolado da conjuntivite cau­ pelo Giemsa, para identificação de (TF): presença de cinco ou mais folí­
sada por N. meningitidis não previne a corpos de inclusão citoplasmática. É culos na conjuntiva tarsal superior.
disseminação sistêmica da infec­ importante o diagnóstico diferencial - Inflamação tracomatosa intensa
ção(\6). entre clamídia e Neisseria gonorrhoe­ (TI): inflamação severa que não per­
ae, que pode ser feito através da reali­ mite a visualização de mais da metade
zação do Gram no raspado conjunti­ dos vasos profundos normais da con­
juntiva tarsal e presença de folículos.
3. Conjuntivites bacterianas crôni­
vaI. O tratamento é a base de antibió­
cas : o agente etiológico infeccioso
tico sistêmico (eritromicina) e tópico - Cicatrização tracomatosa (TS):
mais comum continua sendo o S. au­
(eritromicina)(\). presença de cicatrização da conjunti­
reus(2). O tratamento é baseado na
va tarsal superior.
cultura do microrganismo e exame de - Triquíase tracomatosa (T1): pelo
2.· Conj u ntiv i te de inclusão do
antibiograma. É importante lembrar menos um cílio raspando o globo ocu­
adulto: com freqüência é uma doença
que o piscar inadequado e a deficiên­ lar.
sexualmente transmitida, que se apre­
cia de lágrima(l7), bem como a presen­ - Opacidade corneana (CO): opaci­
senta como uma conjuntivite folicular
ça de lagoftalmo noturno(18) podem dade corneana facilmente identifica­
aguda, algumas vezes com reação pa­
causar inflamação crônica não infec­ da sobre a área pupilar.
pilar e com secreção mucopurulenta.
ciosa da conjuntiva. O método diagnóstico mais utiliza­
A infecção freqüentemente cronifica.
A doença ocular manifesta-se 1 a 2 do é o teste de imunofluorescência
CONJUNTIVITES POR CLAMÍDIA semanas após o contato com o agente direta do raspado conjuntivaI. O trata­
infeccioso. Ceratite epitelial, assim mento das fases ativas do tracoma
Clamídias são microrganismos in­ como infiltrados corneanos, pode consiste n.o uso de antibiótico tópico
tracelulares que podem produzir do­ também ser observada. O teste diag­ (tetraciclina, eritromicina) em áreas
ença inflamatória folicular aguda ou nóstico indicado é a imunofluorescên­ epidêmicas e sistêmico (tetraciclina,
crônica da conjuntiva, com diferente cia direta do raspado conjuntival (Gi­ doxaciclina ou eritromicina) em casos
apresentação e evolução clínica em emsa tem uma alta incidência de fal­ isolados.
adultos e crianças. O diagnóstico pode so-negativo). Corpos de inclusão cito­
ser feito através da [1] identificação plasmática são raramente encontra­ CONJUNTIVITES VIRAIS
dos corpos de inclusão citoplasmática dos, exceto nos casos de infecção agu­
em raspados conjuntivais corados da. O tratamento é feito com o uso de Os adenovírus são agentes etioló­
pelo Giemsa, [2] cultura da Chla­ antibióticos sistêmicos (tetraciclina, gicos freqüentes de conjuntivite virai
mydia trachomatis, [3] sorologia doxaciclina ou eritromicina). O uso folicular aguda. Existem 41 espécies
(ELISA e imunofluorescência indire­ tópico de antibióticos (tetraciclina, de adenovírus humanos até hoje des­
ta), [4] teste de imunofluorescência eritromicina) é indicado nos casos de critos(22,23), divididos em 6 diferentes
direta do raspado conjuntival e, mais intensa secreção(\). Ressalta-se que subgêneros (A-F), de acordo com a
recentemente, através do uso da o(a) parceiro(a) sexual também deve homologia do DNA. Estes vírus apre­
Reação em Cadeia da Polimerase ser tratado. sentam similaridades morfológicas,

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Conjuntivites

mas diferem sorologicamente. De im­ nas e simbléfaros) e ceratites. �elhora e piora. Prurido é o primeiro
portância foi o recente desenvolvi­ smtoma mais importante desta condi­
mento de um modelo experimental, 2. Febre faringoconjuntival: adeno­ ção. Ainda, em alguns casos, os sinto­
em coelhos, de infecção conjuntival vírus espécies 3 e 7 são os principais �as e sinais apresentados pelo pa­
por adenovírus(24), que abre um campo causadores de febre faringoconjunti­ ciente não se relacionam aos quadros
vaI, que se manifesta com febre' farin- clássicos de alergia ocular. Nestes úl­
de pesquisa em relação à patogênese e .
tratamento desta infecção. Duas for­ glte, conjuntivite folicular bilateral e ti�os, talvez seja necessária a aplica­
mas clínicas de doença ocular causa­ inflamação do gânglio pré-auricular. çao do teste de provocação conjunti-
Como na ceratoconjuntivite epidêmi­ .
das por adenovírus são mais comu­ val(2s.30), em que determmados ai'erge-
mente encontradas: ceratoconjuntivi­ ca, os pacientes também desenvolvem nos são colocados em contato com a
te epidêmica e febre faringoconjunti­ ceratite epitelial difusa e infiltrados c�njuntiva para a eventual comprova­
vaI. Ambas são altamente contagiosas s�bepiteliais que podem persistir por çao do processo alérgico. O teste de
.
por um período de até 12 dias após a varlOS meses. Não existe nenhum tra­ provocação conjuntival é utilizado
tame�to para este tipo de infecção e
apresentação do quadro agudo da in­ também como um "modelo humano"
fecção. tera'p�a de suporte, do tipo repouso, para o estudo da patogenia e tratamen­
aspmna, compressas geladas e ads­ to das doenças alérgicas oculares.
tringentes tópicos, pode ser emprega­
1. Ceratoconjuntivite epidêmica: os
da.
adenovírus espécies 8, 19 e 37 são os 1. Conjuntivite alérgica aguda (fe­
principais envolvidos nesta forma de bre do feno) : ocorre em resposta ao
conjuntivite(25). O paciente desenvol­
3. C?njuntivite hemorrágica agu­
contato com o alérgeno, resultando na
da: e causada pelos picornavírus e
ve conjuntivite folicular unilateral que form�ç�o do complexo alérgeno-IgE­
c�racterizada por adenopatia pré-au­
pode ou não envolver o olho contrala­ mastoclt�, 9ue leva a degranulação
rlcular, conjuntivite folicular e hemor­
teral que, geralmente, apresenta um dos mastocltos e, conseqüentemente'
ra�i� s�bconjun�ival. É uma infecção
quadro clínico mais moderado. Mui­ liberação de mediadores químicos(3I)
eptdemtca e pertódica. O tratamento
tas vezes, torna-se difícil identificar Ma�ifesta-se por quadro agudo d�
consiste e.m terapia de suporte.
os folículos, principalmene na fase prurldo, ar�or, edema palpebral, hipe­
Conjuntivite folicular crônica pode . .
aguda da doença, devido ao intenso remia conJunttval, quemose e secre­
ainda ser causada pela presença do
processo inflamatório. Nos casos . ção mucóide, com concomitante rini­
Vlrus do molusco contagioso. Este ví­
mais severos, os pacientes podem de­ te e/ou sinusite. A conjuntivite carac­
rus DNA pertence à família dos pox­
senvolver pseudo ou verdadeiras teriza-se por prurido, ardor, secreção
vírus que têm uma afinidade primária
membranas e simbléfaros(26). A con­ aqu?sa, edema conjuntival e reação
pela pele(26). As lesões (umbilicadas
juntivite tem um curso de 7-14 dias p�pllar, sem a presença de papilas
em formato arredondado) podem lo�
quando infiltrados subepiteliais co� gigantes. Otratamento consiste de uso
calizar-se ao redor do olho e bordo
meçam a ser notados. A ceratite pode tópic? �e inibidores da granulação dos
paI pebral, causando a deposição cons­
levar à baixa da acuidade visual e os mast�l�os (c�o� oglicato dissódico)
tante do vírus na lágrima. Olratamen­
i�filtrados subepiteliais podem per­ e antt-hlstammlcos sistêmicos. Não
to consiste na retirada completa da
sistir por vários meses. Geralmente os há casos relatados no Brasil.
lesão (exérese, cauterização ou crio­
pacientes não apresentam sinais de
terapia).
infecção sistêmica, exceto pelo de­ 2. Ce�atoconjuntivite primaveril: é
se�vol�imento da linfoadenopatia
É ainda importante lembrar que in­
uma mflamação crônica bilateral da
fecção sistêmica pelo vírus Epstein­
pre-aurlcular. Experimentos in vitro conjuntiva. Ocorre em crianças e adu­
demonstram que o adenovírus é sus­ �arr (mononucleose infecciosa), as­ tos jovens (mais freqüente no sexo
sim como a infecção por Herpes sim­
cetível ao idoxuridine, mas estudos masculino) e é caracterizada pela pre­
ples e Heres zoster, pode causar con­
clínicos mostram que não existe qual­ sença de prurido constante e severo
juntivite folicular(27).
quer antiviral comprovadamene efi­ blefaroespasmo, fotofobia e secreçã�
caz no combate desta infecção e o mucosa, que, geralmente, piora du­
tratamento resume-se em compressas CON}UNTIVITES ALÉRGICAS
rante os meses mais quentes e secos. A
geladas e adstringentes tópicos. Este­ patogenia desta conjuntivite perma­
róides tópicos devem ser utilizados As doenças alérgicas oculares são nece desconhecida, mas parece ser
.
somente nos casos mais �everos da caracterizadas pelo quadro de infla­ mediada por anticorpos IgE IgG e
conjuntivite (formaçã9 de membra- mação recorrente com períodos de pela imunidade celular<31). Papilas gi-

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Conjuntivites

gantes ("cobblestones") são os acha­ mento das alergias oculares(3I). os pequenos resultados obtidos com o
dos mais freqüentes, principalmente uso tópico de anti-histamínicos e ini­
na conjuhtiva tarsal superior, e resulta 3. Ceratoconj untivite atópica : é bidores da degranulação dos mastóci­
do aumento e coalescência das papilas uma conjuntivite crônica caracteriza­ toS(46). O tratamento da conjuntivite
conjuntivais. Hipertrofia papilar pode da por prurido, edema e associação atópica é semelhante ao da conjuntivi­
ainda estar presente no limbo, o qual com dermatite atópica (principalmen­ te primaveril. Anti-histamínicos sis­
se toma de aspecto gelatinoso. Pontos te o eczema palpebral). Este processo têmicos têm também sido utilizados.
de Horner-Trantas (acúmulo de eosi­ inflamatório é mediado por IgE(3I) e Levocabastina é um novo anti-hista­
nófilos) podem também ser observa­ pacientes com conjuntivites atópicas mínico (H antagonista) em avaliação
1
dos no limbo, sobre as papilas conjun­ apresentam maiores valores de IgE no para o tratamento das ceratoconjunti­
tivais. A córnea pode apresentar cera­ soro(43). Os achados oculares são simi­ vites alérgicas(47). Plasmaferese já foi
tite puntata localizada ou difusa (cera­ lares aos da conjuntivite primaveril empregada em pacientes com quadro
tite de Tobgy) e úlcera em escudo com a exceção de que a ceratoconjun­ severo de atopia e altos níveis de
("shield"), oval ou pentagonal, geral­ tivite atópica pode ocorrer em faixas IgE(44) e, principalmente, em casos de
mente na parte superior da córnea. O etárias mais avançadas, não apresenta atopia na síndrome de hipergamaglo­
tratamento da conjuntivite primaveril variação no quadro clínico em relação bulinemia E(48).
inclui o uso tópico de inibidores da às estações climáticas e as papilas
degranulação dos mastócitos, vaso­ são, geralmente, menores e distribuí­ 4. Conjuntivite papilar gigante: é
constritores e corticosteróides. O uso das igualmente entre o tarso superior e uma reação inflamatória da conjunti­
sistêmico da aspirina tem mostrado inferior. Os pacientes com ceratoçon­ va tarsal superior a "corpos estranhos"
bons resultados em alguns casos seve­ juntivite atópica podem desenvolver na superfície ocular. A conjuntivite
ros de ceratoconjuntivite primave­ cicatrização subconjuntival e simblé­ papilar gigante é relacionada a lentes
ril(32,33). A aspirina agiria inibindo a faro propiciando, nas fases mais crô­ de contato (mais freqüente)(49), próte­
ciclooxigenase com conseqüente blo­ nicas da doença, um falso diagnóstico se ocularCSO), sutura exposta(Sl), corpo
queio da produção de prostaglandina de penfigóide ocular(43,44). Como na estranho corneano(S2), tecido adesivo
D ' liberada durante a degranulação síndrome da hipergamaglobulinemia tecidual-cianoacrilato(S3) etc.). Clini­
2 E (dermatite atópica crônica, infecção camente, apesar do nome, papilas de
dos mastócitos(34). O uso tópico da
ciclosporina (2 %) tem também mos­ piogênica recorrente da pele e elevado tamanho pequeno e médio « 1 mm)
trado bons resultados(3S-37). É interes­ nível de IgE(4S», pacientes com cera­ são normalmente observadas(S4). Em
sante lembrar que a ciclosporina inibe toconjuntivite atópica apresentam, contraste com a ceratoconjuntivite
várias funções dos linfócitos T e tem a com freqüência, infecção palpebral primaveril, os sintomas são mais mo­
habilidade única de inibir a produção estafilocócica(43). Estudos imunopato­ derados e consistem de queixa de irri­
da interleucina 2(38). E, mais, a ciclos­ lógicos revelam que o processo infla­ tação, secreção e prurido. A etiologia
porina parece influenciar a produção matório do epitélio conjuntival na ce­ desta conjuntivite continua desconhe­
de IgE pelas células B por ação indire­ ratoconjuntivite atópica é complexo, cida. Processo alérgico (reação de hi­
ta nas células "T_helper"(39,40). Pacien­ envolvendo um aumento no número persensibilidade do tipo I e IV(3l»,
tes com conjuntivite primaveril ativa de células T ativadas e macrófagos assim como irritativo(S4), foi implica­
têm um aumento significante nos (principalmente células T-CD3+, do na patogenia da doença. Recente­
mastócitos-dependen tes-do-l infóci to CD5, células T-"helper"-CD4+, ma­ mente foi proposto que conjuntivite
1'<41) e é cogitado que uma das ações da crófagos-Mac-l, CDI4+ e células de papilar gigante seria o resultado do
ciclosporina seria a nível destes mas­ Langerhans-CD 1 +), além do aumento trauma mecânico com subseqüente
tócitos. Da mesma forma, a aplicação da expressão dos antígenos da classe apresentação de um antígeno (depósi­
tópica de inibidores da síntese de pros­ HLA II no epitélio conjuntival e do tos na lente de contato)(SS). O trata­
taglandinas (indometacina) foi utili­ aumento HLA-DR nos fibroblas­ mento da conjuntivite papilar gigante
zada em 25 pacientes portadores de toS(44,46). Também foi encontrado que consiste, basicamente, na retirada do
ceratoconjuntivite primaveril severa 53 % dos linfócitos T presentes no fator irritante desencadeante. No caso
mostrando bons resultados em mais infiltrado inflamatório possuem a pro­ das lentes de contato, foi proposto que
de 80% dos casos(42). Novas drogas teína do receptor para a interleucina-2 melhor limpeza e cuidado, assim
inibidoras da lipoxigenase (REV (CD25+)(46). Esta complexidade no como a troca da lente de contato (após
590 1 , MK-57 1 , MK-886) continuam processo inflamatório envolvido na um período de descanso de quatro
sendo investigadas para o uso no trata- ceratoconjuntivite atópica justificaria meses), pode proporcionar a melhora

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ATUAUZAÇtio EM OFTALMOLOGIA
Conjuntivites

de sintomas em 80% das conjuntivites (hialurodinase, quimotripsina, anti­ Escandinávia, China, Japão e Austrá­
papilares gigantes(56). A prescrição de bióticos, corticosteróides, cromogli­ lia(66,67). A doença de Lyme é uma
inibidores da degranulação dos mas­ cato de sódio, nitrato de prata etc.), as­ desordem multissistêmica, com aco­
tócitos e anti-histamínicos tópicos, sim como ressecção cirúrgica e criote­ metimento dermatológico (eritema
concomitante ao uso da lente de con­ rapia, resultam em recidiva das lesões. migrans), neurológico, cardíaco, reu­
tato, tem, igualmente, mostrado bons Mais recentemente, o uso de ciclospo­ matológico e ocular<67). A doença pode
resultados(56). São preferidas soluções rina tópica após a ressecção cirúrgica ser didivida em fase aguda (localizada
sem preservativos no uso das lentes tem levado a remissão da doença, com e sistêmica) e crônica. No Brasil ainda
por estes pacientes. resultados promissores(61,62). não há descrição de nenhum caso de
doença de Lyme. A baixa prevalência
CONJUNTIVITE LENHOSA ACNE ROSÁCEA da doença em nosso meio leva a um
valor preditivo baixo dos testes soro­
Esta rara conjuntivite crônica É uma doença dermatológica idio­ lógicos no Brasil. É interessante citar
membranosa bilateral de etiologia pática que pode causar blefaroconjun­ que, na fase aguda da doença, conjun­
desconhecida(57) apresenta-se, geral­ tivite e ceratite. É caracterizada por tivite foticular bilateral é a manifesta­
mente, na infância, mas pode ser en­ eritema persistente, teleangectasias, ção ocular mais comumente observa­
contrada em adultos e idosos(58). In­ pápulas e pústulas na face e no pesco­ da(68.73). O diagnóstico da doença de
fecções, toxinas, alergia e trauma(57), ço. A clássica rinofima (hipertrofia Lyme é baseado na epidemiologia,
assim como hereditariedade(59), têm das glândulas sebáceas do nariz) é um história e quadro clínico e nas reações
sido cogitados como fatores precipi­ achado típico e traduz um estágio mais sorológicas do tipo ELISA e de imu­
tantes. Existem duas fases da doença: avançado da doença. O olho pode ser nofluorescência indireta. O tratamen­
uma aguda, onde manifestações sistê­ acometido em até 58 % dos casos(63). A to consiste em antibioticoterapia sis­
micas do tipo febre, otite média, sinu­ patogênese da doença continua des­ têmica, na dependência do estágio e
site, vulvovaginite, cervicites e infec­ conhecida. Alguns acreditam que as severidade da doença.
ções do trato respiratório superior e lesões de pele, incluindo as palpe­
urinário ocorrem em conjunto com a brais, são devido à resposta imunoló­ CONJUNTIVITE EM AIDS
doença ocular; e uma fase crônica, gica mediada por células contra o
onde há a recorrência da inflamação Demodex folliculorum ou à infecção A síndrome da imunodeficiência
conjuntival acompanhada ou não da estafilocócica crônica da pele(64). Por adquirida (AIDS) tem sido relaciona­
recorrência de inflamação envolven- ' outro lado, as lesões conjuntivais pa­ da com uma série de infecções devido
do membranas mucosas de outras par­ recem estar relacionadas, predomi­ a patógenos oportunistas ou que se
tes do corpo (boca, nasofaringe, tra­ nantemente, a uma reação de hiper­ encontram em uma forma latente no
quéia e vagina). A doença ocular con­ sensibilidade do tipo IV(65). O trata­ hospedeiro. Recentemente, protozoá­
siste no acometimento da conjuntiva mento ocular da acne rosácea consiste rios pertencentes ao filo Microspora
bulbar e/ou tarsal (superior mais fre­ de intensa higiene das margens palpe­ têm sido responsáveis pelo desenca­
qüentemente envolvida) por uma brais (com a utilização de pomada deamento de ceratoconjuntivite em
massa membranosa esbranquiçada. antibiótica tópica, à noite) e adminis­ pacientes aidéticos(74.76). Clinicamen-
Estudos histológicos(57,60) revelam que tração, por via oral, de tetraciclina te, os pacientes apresentam moderada
esta massa é composta de [1] material (estômago vazio) ou doxaciclina(6). inflamação e edema da conjuntiva tar­
hialino, PAS-positivo, eosinofílico e sal inferior (sem reação folicular ou
acelular, [2] áreas de tecido de granu­ papilar) e ceratopatia epitelial, nas
lação e [3] áreas de infiltração celular CONJUNTIVITE EM formas de ceratite "puntata" localiza­
(principalmente células plasmáticas e DOENÇA DE LYME da ou difusa e opacificação epitelial,
eosinófilos). Estudos imunohistológi­ que cora ou não com fluoresceína.
cos mostram a presença de novos va­ Borrelia burgdorferi, uma espiro­ Raspado e biópsia conjuntival têm
sos sangüíneos e linfócitos T ativos(61). queta, é o agente etiológico da doença demonstrado a presença do parasi­
Técnicas de imunofluorescência de Lyme, uma infecção transmitida ta(74). Estes microrganismos são pro­
demonstraram que IgG é um compo­ pelo carrapato do gênero lxodes. A tozoários intracelulares obrigatórios,
nente proeminente do material hialino doença tem sido descrita com maior de tamanho pequeno (1. 5 a 2.5Jlm por
amorfo(61). Todas as formas de trata­ incidência nos Estados Unidos, mas 4Jlm), ovóides, que não coram bem
mento tópico até hoje empregadas casos têm sido relatados na Europa, com a maioria dos corantes utilizados

ARQ, BRAS. OFTAL. 55, (5), 1 992 203


ATUAUZAÇÃO EM OFTALMOLOGIA
Conjuntivites

em histologia e que desencadeiam ric fever among children-Brazi l . MMWR,


SÍNDROME DE REITER
pouca reação inflamatória. A micros­
34:217, 1 985.
8. CDC: Brazilian purpuric fever: Haemophylus
copia eletrônica é requerida para clas­ É caracterizada pela tríade clássica aegyptius bacteremia complicating purulent
sificação e, muitas vezes, para diag­
conjunctivitis. MMWR, 35:553, 1 986.
de artrite, uretrite e conjuntivite, ocor­ 9. Brazilian Purpuric Fever Study Group: Brazilian
nóstico desta infecção(77). Não há tra­ rendo mais freqüentemente no sexo
purpuric fever: epidemic purpura fulminans as- .

tamento efetivo comprovado para a


sociated with antecedent purillent conjunctivi­
masculino e apresentando predisposi­ tis. LanceI, 757, 1 987.
microsporidia. ção genética em relação ao HLA-B27.
1 0. Brazilian Purpuric'Fever Study Group: Haemo­

Ademais, estudos têm demonstra­


phylus aegyplius bacteraemia in brazilian pur­
A patogenia desta síndrome continua puric fever. Lancet, 2 :7 6 1 , 1 987.
do que pacientes portadores do vírus
desconhecida, mas Chlamydia tra­
1 1 . BRENNER D., MAYER L., CARLONE G. :

da imunodeficiência humana (HIV)


Biochemicha, genetic, and epidemiologic cha­
chomatiS<S3) e bactérias Gram-negati­ racterization of Haelllophylus influenzae bio­
desenvolvem ceratoconjuntivite seca vas(84) (Klebsiella sp, Salmonela sp,
grup aegyplius (Haelllophylus aegyplius) strains
associated with Brazil ian purpuric fever. J cnn
numa porcentagem significantemente Microbiol, 2 6 : 1 524, 1 988.
Shigella sp, Yersinia enterocolitica e
maior que os controles(7S). Também, a Campylobacter jejum) são cogitadas
12. CDC: Brazilian Purpuric Fever-Mato Grosso,
incidência de conjuntivite e rinite alér­ como possíveis agentes etiológicos. O
Brazil. MMWR, 39:903, 1990.
1 3 . HARRISON L., SILVA G., VRANJAC A.,
gica parece estar aumentada em paci­ diagnóstico é baseado no quadro clí­ BROOME C., BRAZILIAN p. f. g.: Brazilian
ente portadores do HIV(79). nico da doença, raios X das articula­
purpuric fever: an epidemiologic and c1inical
summary. Pedialr Infecl Dis J, 8:239, 1 989.
ções e presença de HLA-B27 positi­
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culite sistêmica aguda, de etiologia Basicamente decorre de reações 1 6. BARQUET N.; GASSER 1., DOMINGO P. ,
MORAGA F., MACAYA A., ELCUAZ R. : Pri­
desconhecida, aparecendo em recém­ alérgicas, em especial contra drogas mary meningococcal conjunctivitis: repol1 of21

nascidos e crianças(SO). É uma doença do tipo atropina, antibióticos (polimi­ patients andreview. Revlnfec Dis, 12:838, 199O.

xina B, neomicina e gentamicina),


1 7 . SMOLIN G.; The role of tears in the prevention
autolimitada, mas que, sem tratamen­ of infections. 1m Ophlhalmol Clin, 2 7:25, 1987.

to adequado, pode resultar em aneu­ agentes antivirais e preservativos e, 1 8. FRANCIS 1., LOUGHHEAD J.: Bell's pheno­

também, de reações tóxicas, observa­


menon. A study of 508 patients. Aust J Ophthal-
rismas e trombose das artérias coroná­ 111 01, 12:15, 1 984.
rias e artrite(SI). Conjuntivite e uveíte das, principalmente, com o uso tópico 19. DEAN D., STEPHENS R.: A rapid technique for

de epinefrina(SS), atropina, anestési­


evaluating the molecular epidemiology of tra­
anterior bilaterais, acompanhadas por choma in endemic regions by automated sequen­

febre, são comuns nas fases mais pre­ cos, antivirais, mióticos e apraclonidi­ cing. Invesl Ophlhallllol VIS Sci, 32:985, 1991.

na(S6). Clinicamente, observa-se hipe­


20. CAMPOS M., DOL S., O'BRIEN T., PREN­
coces da doença(S2). A conjuntivite ca­ DERGOST R., TAYLOR H., WHITTUN-HU­

racteriza-se por injeção bilateral, mais remia, secreção mucopurulenta e rea­ DSON J.: OGP-MOMP as a vaccine against
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proeminente na conjuntiva bulbar, ção papilar, naquelas de caráter alér­ 249, 1 99 1 .

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