Você está na página 1de 6

Pigmentações e Calcificações

Anatomia Patológica

Paulo Henrique da Silva Barbosa


Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Medicina Veterinária

Macroscopia

- coloração amarelada na gordura

- fígado amarelado pelo depósito de vitamina A

Essa coloração amarelada indica que a dieta do animal não está sendo balanceada, está
ingerindo muita vitamina A. Tem que diferenciar esse amarelado da insuficiência hepática.

Importante diferenciar da icterícia.

Em microscopia esse pigmento amarelado não é visto, diferente da Ecterícia.

Medicamentos

Tetraciclina

Desenvolvimento fetal ou durante o desenvolvimento dentário. Levam ao amarelamento do


esmalte dentário. Diferenciar de outras doenças como por exemplo a cinomose que também
deixa os dentes amarelados.

Inseridos na Pele: Tatuagem

Pigmento livre na pele, não causa problema. Geralmente utilizada para a marcação do animal.
O pigmento de tinta não é digerido.

Pigmentos Endógenos:

- Relacionados com Melanina

Proteção contra raios UV (núcleo) – Essencial

Pigmento negro. Quanto maior a quantidade de grânulos, mais negro o tecido.


Na deficiência de cobra tem despigmentação do pelo, acromotepia(?) comum em bovinos e
ovinos.

 Melanose
Ectopia congênitas dos melanócitos. Estão em locais que não são normais mas não
causam problema, são uma “mancha”. Deve-se acompanhar porque pode se tornar
um tumor. Pleura, meninge, peritônio, pericárdio, íntima da aorta, língua.
Macroscopia: Áreas pretas de tamanhos e formas irregulares.
Microscopia: Melanócitos misturados aos fibroblastos. Muito mais comum na
superfície do órgão.

 Melanoma

Tumor de melanoblastos e melanócitos. Prognóstico muito desfavorável em alguns


lugares específicos na clínica de pequenos em locais como dígitos e bocas. Mais
frequente na pele. Comum também em cavalo tordilho com massa na região peri anal
e base da cauda.

Melanoma melanóticos: Contém melanina e são facilmente diagnosticados, tanto


macro quanto micro.

O tumor pode ser amelanótico, ou seja, não produzir a melanina e, portanto, o tumor
não terá pigmentos. Dessa forma será difícil o diagnóstico. O tumor será “pobremente
diferenciado” pois não lembrará a célula de origem, dificultando o diagnóstico.

As vezes o tecido com o melanoma é tão pigmentado que deve-se tratar com água
oxigenada antes para que seja possível visualizar as células na microscopia.

 Albinismo

Ausência completa de melanina e o animal fica muito suscetível a UV. Animais com
baixar chances de viver bem, principalmente em áreas de muito sol. Efeito na enzima
tirosinase.

Derivados dos Lipídios

Os pigmentos dependem da oxidação e polimerização dos lipídios não saturados, o


que faz que sejam bem variados.

 Ceróide

Lesão tecidual e/ou hemorragia. Causa injúria às células.

Ocorrência: desnutrição severa, baixa de vitamina E (pouco anti oxidante, a vitamina E


protege as células contra o acúmulo de lipofuscinas, inibindo reações de peroxidação),
lipofuscinose intestinal de cão (baixa de vitamina E na dieta), paniculite nutricional de
suínos e gatos.

Ocorrência: Células de Kupffer, hepatócitos, miócitos e neurônios.

Pigmento marrom granular.

 Lipofuscina

Mostra que a célula está velha. São denominados pigmentos de desgaste. É como se
fosse um lixo celular, restos de metabolismo. Normal em animais idoses. Não indica
desbalanço nutricional nem patologia, e sim o tempo de vida da célula, mais
relacionada com a velhice.

Animais velhos tem mais radicais livres e menos anti oxidantes, o que estimula o
acúmulo destes pigmentos.

Derivados da Hemoglobina

1. Hemossiderina
2. Bilirrubina
3. Icterícia
4. Pigmentos musculares

A hemoglobina confere cor vermelha às hemácias. Catabolismo normal: ferro e globina


reaproveitados e a porfirina descartada.

Muita quantidade de hemoglobina excretada que ultrapassa a capacidade do túbulo


contorcido proximal de reabsorver: hemoglobinúria.

Macroscopia: Rim fica muito escuro, pode ficar até muito preto em intoxicação por
cobre.

Microscopia: aparece nos túbulos renais, normalmente na cor vermelh-alaranjada.

 Hematina

Resulta da ação de ácidos ou bases sobre a hemoglobina.

Pigmento extracelular, varia de marrom a preto.

Ocorre em duas situações principalmente: Em formalina não tamponada: Quando usa-


se formol não tamponado na coleta de material. O ácido e base reage com o tecido
formando pigmentos.
Alguns parasitos: Pigmentos marrons macroscopicamente visíveis em locais de
passagem de parasito

 Hemossiderina

Ocorre aumento na oferta de ferro, miscelas de hidroxifosfato férrico agregam-se,


formando a hemossiderina.

Hemossiderose: Excesso de hemossiderina.


Excesso de ferro absorvido ou liberados das hemácias (hemólise)

Localização: Nos macrófagos, células epiteliais do rim, baço e linfonodos. Nos


hepatócitos e na medula óssea.

Exemplos de hemossiderose:

a) Insuficiencia cardíaca crônica esquerda: Hemácias extravasam por diapedese pra


dentro dos alvéolos devido a congestão passiva e são fagocitados por macrófagos
alveolares que gradualmente assumem coloração marrom. Ce´lulas da falha
cardíaca.
b) Hemorragia prévia: aumento da oferta de ferro, macrófagos digerem.
c) Placas siderofibróticas = nódulo de gama. Geralmente no baço de cães velhos. São
formados por hipertensão com consequente hemorragia. Lesões granulares
marrons salientes nos bordos do baço e contêm Fe, ceróide e hemossiderina.
d) Anemia infecciosa equina: No fígado, no baço. Tá suspeitando dessa doença,
verifica-se o fígado deste animal e se tiver o pigmento, é muito característico da
doença.

2. Bilirrubina

Acúmulo da bilirrubina não conjugada, da conjugada ou das duas, o que ajuda a identificar o
problema.

Não conjugada: antes de passar pelo fígado

Conjugada: passou pelo fígado.

Nos equinos tem níveis maiores de bilirrubnina porque não tem vesícula, não tem onde
armazenar.

 Icterícia

Acúmulo de bilirrubina caracteriza a icterícia. Os tecidos ficam pigmentados de amarelo.


Lugares específicos onde o beta caroteno não vai conferir coloração amarelada como esclera
ocular (onde é primeiramente reconhecida), íntima dos vasos, cápsula articular, válvula
cardíaca.
Tipos de icterícia:

Pré Hepática – muita bilirrubina chegando ao fígado, mais do que pode ser processada.
Acumula-se a bilirrubina não conjugada pois não consegue passar pelo fígado. Acumula-se no
sangue, fezes e urina. Comum em casos de muita hemólise.

Exemplos: Hematozoário, bactérias hemolíticas, vírus AIE, anemia hemolítica do rescém


nascido, envenenamento crônico de cobre e selênio.

Hepática: Lesão direta no parênquima renal, alteração das células hepáticas.

Aumento da bilirrubina conjugada e não conjugada. Vai ter bilirrubina chegando que
não vai conseguir ser metabolizada e outras que conseguirão em algumas porções do
fígado.

Exemplos: Leptospirose, Hepatite viral, agressões químicas e tóxicas.

Pós hepática: Alteração, aumento de bilirrubina conjugada. O fígado conjugou mas não
consegue liberar porque terá alguma alteração a nível dos colédocos.

Causas: Obstrução dos ductos biliares por parasitos como a fascíola hepática.
Inflamação primária do colédoco.

Para diferenciar as icterícias:

- Ver cor das fezes. Fezes pálidas

- Teste de Van den Bergh

Adipoxantose x Icterícia

A adipoxantose a cor amarela não ocorre: na íntima dos vasos e cápsulas articulares.

Macroscopia: coloração amarelada nos tecidos

Microscopia: grânulos amarelo esverdeados.

Pigmentos musculares (mioglobina)

Pigmento muscular semelhante a Hb do sangue.

Mioglobinúria – Esforço muscular excessivo (mal da segunda feira) em equinos.

Causa nefrose mioglobinúrica.


Calcificação Patológica

É melhor usar o termo mineralização porque outras substâncias se acumulam além do


cálcio.

O cálcio pode se acumular em tecidos mortos, que estão morrendo ou normais.

Calcificação distrófica: secundária a lesão prévia. Depois da lesão há o acúmulo de


minerais. Tende a ser inofensiva. As células não conseguem controlar o fluxo de cálcio
que se acumula no citosol. Miocárdio, musculatura esquelética, granulomas e acúmulo
de parasitos mortos que mineralizam.

Calcinose: Pode ser cutânea ou circunscrita. Calcificação na pele ou abaixo dela.

Cutânea: hiperadrenocorticismo (glicocorticoides) leva a mineralização do colágeno da


derme e das membranas basais epidérmicas e foliculares.

Circunscrita: Traumatismos repetitivos. (áreas como o cotovelo, por exemplo.)

Macro: áreas esbranquiçadas, ao corte material “arenoso”

Micro: grânulos amorfos basofílicos.

Calcificação Metastática: Ocorre sem lesão prévia. Excesso de cálcio no sangue,


hipercalemia. Algumas condições levam a esse quadro de hipercalemia, como
insuficiência renal. Plantas tóxicas, intoxicação por vitamina D. Destruição óssea.

Doença renal crônica -> Acúmulo de fósforo. O sangue sempre tenta fazer balanço
cálcio/fósforo e, como o fósforo está alto, ele pensa que deve aumentar o cálcio. Desta
forma, aumenta o paratormônio. Tenta tirar o cálcio do osso e tudo que é tecido ósseo
fica mais flexível porque tira o osso e substitui por tecido fibroso. Tudo na tentativa de
aumentar o cálcio. Vai ter uma hora que o fosfato normaliza e o cálcio fica alto. Então
o organismo começa depositar cálcio em tecidos moles como pleura, rim, pulmão. É
complicado conseguir deixar esse balanço cálcio/fósforo constante em animais renais.

Muita vitamina D (intoxicação por plantas tóxicas) – Aumento da reabsorção de cálcio.


Muito cálcio – diminui paratormônio. Calcifica tecidos moles. Casos crônicos
interrompe reabsorção óssea. Casos agudos, armazena em tecidos moles.

Você também pode gostar