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RESUMO: O presente artigo oferece uma visada sobre a ação da Federação Única dos
Petroleiros (FUP) durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT). Com base
no recente debate sobre o comportamento do sindicalismo ao longo desses anos, e a
observação do posicionamento político dos petroleiros na política de desenvolvimento
econômico-social dos governos dos dois presidentes do PT, pretendemos ampliar a
compreensão acerca do elo entre os governos petistas e trabalhadores nos anos 2000.
PALAVRAS-CHAVE: Sindicalismo; Petroleiros; Partido dos Trabalhadores.
ABSTRACT: This essay offers a panorama about the action of the Unique Federation of
Oil Workers (Federação Única dos Petroleiros, FUP) during the Workers’ Party (Partido
dos Trabalhadores, PT) presidential mandates. By focusing on the recent debate about
the trade unionism and on the political position of oil workers regarding social-economic
development during PT government, this essay aims at expanding the comprehension
about the bonds between that party and the oil workers in 2000 first decade.
KEYWORDS: Trade Unionism; Oil Workers; Workers’ Party.
1
Doutorando associado ao Laboratório de Estudos sobre Trabalho, Profissões e Mobilidade
(LEST-M) do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São
Carlos (PPGS-UFSCar). Contato: danilolcnmnds@gmail.com
226 Danilo Lucena Mendes
INTRODUÇÃO
SINDICALISMO E GOVERNOS DO PT
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Hoje a FUP é composta por dirigentes oriundos de 13 sindicatos: 1. Sindipetro-Rio Grande
do Norte, 2. Sindipetro Bahia, 3. Sindipetro Minas Gerais, 4. Sindipetro Duque de Caxias, 5.
Sindipetro Norte Fluminense, 6. Sindepetro São Paulo, 7. Sindipetro Paraná / Santa Catarina,
8. Sindipetro Espírito Santo, 9. Sindipetro Pernambuco / Paraíba, 10. Sindipetro-Rio Grande
do Sul, 11. Sindipetro Amazonas, 12. Sindipetro Ceará e 13. Sindiquímica Paraná (Sindicatos
dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas do Estado do Paraná). Os seus dirigentes são
eleitos em congressos trienais por delegados de cada um dos 13 sindicatos. De acordo com
informações de seu site, a Federação “representa atualmente mais de 100 mil trabalhadores
do setor petróleo, entre ativos, aposentados e pensionistas do Sistema Petrobrás, além de
petroleiros de empresas privadas.”
se destacam como uma das três principais categorias dessa central, junto
aos metalúrgicos e aos bancários. Cada uma dessas três categorias tem
atuações sindicais específicas graças às suas inserções setoriais particulares.
Se algumas lideranças dos bancários se destacaram pela administração
dos fundos de pensão dos trabalhadores, e os dirigentes metalúrgicos
pela atuação no desenvolvimento de políticas de incentivo à produção de
automóveis, os petroleiros se destacaram pelo projeto de desenvolvimento
da indústria de petróleo e gás. Eles tinham como objetivo principal
restabelecer o monopólio da Petrobras sobre os processos de exploração
e produção de petróleo, com vistas a tornar a empresa o motor do
desenvolvimento autônomo da nação.
Os efeitos políticos e econômicos da atuação dos petroleiros nos
governos do PT não foram considerados até agora. Contudo, há indícios
relevantes de que os petroleiros: 1) forjaram apoio a Lula antes que este
chegasse ao poder; 2) prontificaram-se como base de apoio ao governo
instalado em 2003; e 3) depositaram, nesse mandato, os anseios de terem
seu objetivo principal atendido. A influência dessa categoria nos rumos
da administração petista deixa-se notar já em 2003. Na composição do
governo de Lula, o primeiro presidente da Petrobras foi o ex-petroleiro
José Eduardo Dutra.
A análise dos congressos dos petroleiros nos permite afirmar que
essa categoria tem uma forte identidade coletiva cujo núcleo é a defesa do
papel da Petrobras como motor do desenvolvimento autônomo da nação.
Este é o projeto de desenvolvimento da categoria exposto, por exemplo, no
6º Congresso da Federação Única dos Petroleiros (CONFUP), realizado
no ano 2000.
Portanto, Faria nos oferece uma visão geral dos impactos da política
de investimentos da estatal sobre a economia e o mercado de trabalho.
Entendemos que o desenvolvimento dessa política tem estreita relação
com o projeto dos petroleiros organizados no interior da FUP.
Desse modo, o PROMINP funcionou como uma justificativa para a terceirização. Isso confirma
o movimento geral de flexibilização das relações de trabalho durante os governos trabalhistas,
também observados por Colombi (2014); Krein e Teixeira (2016); e Malerba (2017).
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“Artigo 47. É criado o Fundo Social – FS, de natureza contábil e financeira, vinculado
à Presidência da República, com a finalidade de constituir fonte de recursos para o
desenvolvimento social e regional, na forma de programas e projetos nas áreas de combate à
pobreza e de desenvolvimento: I – da educação; II – da cultura; III – do esporte; IV – da saúde
pública; V – da ciência e tecnologia; VI – do meio ambiente; e VII – de mitigação e adaptação
às mudanças climáticas”. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2010/Lei/L12351.htm>. Acesso em: 25 ago. 2018.
À GUISA DE CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS